Repórter do Marão

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repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste

Prémio GAZETA 2009

Nº 1243 | 26 ago-30 setembro | Ano 27 | Mensal |Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico | 30.000 ex.

s e t e m b r o ’ 10

p. 6,7

Calor adiantou vindimas

Produção no Douro cresce 40 por cento

p. 16,17

Filarmónicas rejuvenesc

idas

Crise não dança nas festas populares

p. 4, 28 l? Acidente na A25 evitáve

GNR quer redução de velocidade na estrada

Jorge Pelicano um arauto de causas

De câmara na mão, Jorge Pelicano procura realidades do Portugal profundo, as mesmas que não chegam ao espaço mediático e ficam na indiferença da opinião pública. Por isso, ele luta para lhes dar voz, captando as idiossincrasias das gentes que ficam esquecidas no meio do progresso. Ganhou notoriedade com os documentários de intervenção “Ainda há pastores” (2006) e “Pare, Escute, Olhe”, em 2009. O último trabalho relança a questão da ameaça de encerramento da Linha do Tua, em Trás-os-Montes. p. 2,3


Documentários sobre a extinção dos pastores e o despovoamento

A militância de Jorge Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos DR

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e câmara na mão, Jorge Pelicano procura realidades do Portugal profundo, as mesmas que não chegam ao espaço mediático e ficam na indiferença da opinião pública. Por isso, ele luta para lhes dar voz, captando as idiossincrasias das gentes que ficam esquecidas no meio do progresso. Aos 33 anos, Jorge Pelicano, repórter de imagem, tem ganho notoriedade com os documentários de intervenção que tem assinado. “Pare, Escute, Olhe”, o último trabalho, chegou às salas de cinema em abril último, relançando a questão da ameaça de encerramento da Linha do Tua, em Trás-os-Montes. Tendo Fontela [Figueira da Foz] como berço e sem ligações familiares ou profissionais à região de Trás-os-Montes, estranha-se a motivação de Jorge Pelicano em abraçar a causa do Tua. “Nasci à beira mar e por ter sempre o mar ao lado, o interior sempre me fascinou. O facto de ter estudado na Guarda aumentou esse sentimento.” A desativação das linhas férreas no nordeste transmontano, entendida como um indício de que “não há pessoas e as terras ficam abandonadas”, despertou o interesse do jovem realizador. “Ao aprofundar as razões, soube que em 1992 retiraram as automotoras de Bragança pela calada da noite, alegando que era para manutenção. Até hoje nunca mais voltaram.” E assim começou o guião do documentário que mostra o isolamento causado pelo encerramento da ferrovia. “Para muitas pessoas, esta realidade passava ao lado e agradecem o alerta. Outras perguntam o que podem fazer”, revela Jorge Pelicano. “Pare, Escute, Olhe” levou ao cinema cerca de 400 mil pessoas e fora desse circuito terá sido visualizado por cerca de 5 mil. “O filme estreou em duas salas em Lisboa e numa do Porto. Apesar de toda a cobertura mediática, demorou

mais de um mês a chegar a outras salas do país.” Jorge recorda ainda que em Coimbra o documentário chegou a estar nas sessões das 13:00, 19:30 e meia-noite, por isso, considera que, em Portugal, o que é nacional “não é tratado da mesma forma, sobretudo os documentários, que ainda não têm visibilidade”. O trabalho de divulgação não é deixado em mãos alheias, ao ponto de chegar mesmo a colar cartazes na altura da estreia. “A nossa produtora disse que só afixava em Lisboa. Não percebemos porquê e percorremos universidades, locais de cultura, quer em Lisboa e Porto, para afixar os cartazes.” Também as apresentações em cineclubes e cineteatros ficam a seu cargo. “Não faz sentido fazer um trabalho se não chegar às pessoas. Já tínhamos desenvolvido uma rede de contactos com o “Ainda há pastores?” [outro dos seus documentários] e regressamos a esses locais. Sempre que possível estamos presentes para uma conversa/debate no final da exibição.” Jorge Pelicano gostava de acreditar que ainda é possível exercer cidadania tendo como arma uma câmara de filmar. Contudo, na questão do Tua, “quatro dos autarcas dos municípios afetados são do partido do Governo e um da oposição, curiosamente, esse é o único contra a construção”. “O autarca de Vila Flor, tal como aparece no filme, em 1995 era contra e agora a favor”, lembra.

| Transmissão televisiva poderá estar para breve | Após a entrada do documentário no circuito comercial, Jorge notou alguma mobilização por parte da sociedade civil, mas “não tanto” como esperava. A sua intenção inicial era obrigar o poder político a refletir, mas apenas o Partido Ecologista “Os Verdes”, o Partido Comunista Português e as associações ambientalistas continuam a defender o tema. “Estamos na expectativa da exibição televisiva, que chega a milhões de pessoas…”, acrescenta. A transmissão na SIC poderá acontecer já no final do ano. “Quando atingirmos esse grau de mediatização do assunto, os políticos deviam refletir, mas o nosso país não é dado a grandes reflexões… Por isso, compete a cada um de nós questionar e reivindicar pelo nosso património e identidade única e lutar por uma sociedade mais justa e equilibrada.” Jorge não tem dúvidas de que falta à classe política “visão estratégica a longo prazo” e um conhecimento das potencialidades do país para aplicar medidas “realmente eficazes para estas populações”. “O interior está muito distante do litoral, a desertificação aumenta a olhos vistos. Certamente que as pessoas não virão


do interior agitam consciências

Pelicano

para o Tua para andar de barco ou ver uma barragem, para isso vão para o Alqueva.” A motivação primária para realizar um documentário na região era retratar o despovoamento, um flagelo que pode ser travado de forma “muito simples”. No caso da linha do Tua era suficiente uma aposta na manutenção e algum investimento como “colocar uma carruagem aberta, outra para canoas, tornar os apeadeiros vivos, com restaurantes e produtos regionais”. “Numa lógica das regiões organizadas, seriam muitas as pessoas a visitar o Tua. Até os turistas que vão ao Douro tiravam mais dois dias para visitar aquela região”, sustenta o realizador.

| Uma luta entre “David e Golias” | Inaugurada em setembro de 1887, a linha do Tua só é transitável entre Mirandela e o Cachão desde o último acidente, em agosto de 2008, que causou uma vítima mortal. Desde então aguarda-se pela decisão do Governo, que poderá determinar que parte da via-férrea fica submersa pela barragem de Foz Tua. Recentemente o Partido Ecologista “Os Verdes” garantiu, em Bragança, que as condicionantes impostas pela Declaração de Impacto Ambiental ao projeto de construção da barragem não estão a ser cumpridas pela EDP, ameaçando até a classificação da UNESCO no Alto Douro Vinhateiro. E Jorge Pelicano não pode deixar de se sentir desiludido e revoltado. “Vivemos num país da impunidade, má informação, falta de ativismo das pessoas. O próprio Governo devia fiscalizar essa situação.” No último mês, um projeto de Daniel Conde, membro do Movimento Cívico pela Linha do Tua, para a dinamização turística do Vale do Tua a partir da linha ferroviária arrecadou o 3º prémio no concurso “Acredita Portugal”. Daí que, com mais propriedade, Jorge Pelicano defenda a aplicação de um modelo de desenvolvimento ferroviário. “Fui à Suíça, uma terra de comboios, unida entre regiões em prol da comunidade e do turismo, e por ter presenciado esse modelo de desenvolvimento, consigo vislumbrar esse cenário. Porém, se não houver vontade e esforço político ou se não entregarem isto a empresas privadas com essa visão, é difícil.” A ferrovia transmontana poderá vir a ser classificada como monumento nacional, mas a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, responsável pela decisão final, anunciou que isso não vai interferir com a barragem. “Por mais que os movimentos se esforcem e unam, parece uma batalha entre David e Golias”, considera Pelicano, depois de sublinhar que o mais importante era assegurar as necessidades básicas das populações. No seguimento do “Pare, Escute, Olhe”, houve um manifesto pela requalificação e preservação do património do Vale do Tua que tem cerca de cinco mil assinaturas e, recentemente, um grupo de cidadãos de Codeçais [Carrazeda de Ansiães] está no terreno a recolher assinaturas para pedir a reabertura da linha até Bragança.

| Laços para a vida | Licenciado em Comunicação e Relações Públicas pelo Instituto Politécnico da Guarda, Jorge Pelicano realizou, em 2006, o documentário “Ainda há pastores”, que lhe valeu 13 prémios, e “Pare, escute, olhe” (2009), arrecadando 6 prémios. De cada trabalho fica uma ligação vitalícia com os protagonistas. “São como uma família de quem sentimos saudades e que visitamos pelo Natal e nas férias. Ainda agora, fomos visitar os pastores da Serra da Estrela e estivemos dois dias na Ribeirinha e em Vilarinho.” O tempo passado nos locais que retratou serve também para “recarregar energias”. “Estas pessoas abriram-nos as portas, criaram-se laços de amizade e não podemos ficar muito tempo sem os ver”, confessa o realizador. Nesses contactos, existe uma natural curiosidade em saber como está a correr a exibição do documentário pelo país. “Perguntam sempre em que ponto está a linha do Tua, se a barragem avança, essas curiosidades.” Desde as filmagens, Jorge Pelicano e Rosa Silva, argumentista e assistente de realização, continuam a notar muita resignação. Afinal, passaram dois anos desde o último acidente e “nada foi feito”. “O táxi, que substitui o comboio, só passa de manhã e à noite pelas aldeias. Para as poucas pessoas que trabalhavam em Mirandela, a vida ficou mais complicada e a população idosa ficou mais isolada, tem de viver uma ‘vida de favor’, pedindo boleia, pois não têm dinheiro para andar sempre de táxi.” Com “Pare, Escute, Olhe” Jorge tem participado em festivais internacionais, tendo marcado presença na Coreia e foi selecionado para a cidade do México. “A nossa produtora perspetiva fazer distribuição internacional e até já recebemos contactos nesse sentido”, avança. Quanto a futuros trabalhos, para já, “só temas em vista”. “Estamos numa fase de ressaca, foram três anos intensos. Vamos começar a trabalhar nos extras do DVD”, refere.


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atualidade

A A25 não tem painéis de informação para avisar os condutores do nevoeiro?  GNR confirma que os condutores circulavam em velocidade excessiva para as condições de visibilidade naquele local

O

s dois acidentes em cadeia ocorridos há dias na A25, que substituiu o fatídico IP5, já foram analisados de diversos ângulos, por especialistas das mais diversas áreas. O Ministério Público e as polícias desenvolvem as necessárias averiguações, mas não restam dúvidas que houve ali velocidade excessiva relativamente às condições climatéricas que afetavam aquela zona do país e particularmente aquela área da autoestrada. Porém, pouco ou nada se debateu acerca da falta de sinalização fornecida aos condutores relativamente à aproximação/ocorrência de um 'banco de nevoeiro' ou acerca das baixíssimas condições de visibilidade. É a própria concessionária que informa, em comunicado, que a via está dotada da mais moderna tecnologia. Existe ou não essa tecnologia naquele troço da A25? Estavam desligados os pórticos? As câmaras de vigilância não funcionaram ou os seus operadores não detetaram a aproximação do nevoeiro?

O que ninguém tem dúvida é que se tratou de um dos piores acidentes rodoviários nas estradas portuguesas e só não teve consequências mais graves porque a operação de socorro funcionou eficazmente e o número de viaturas incendiadas ficou aquém do que acontece em acidentes deste tipo. O importante, agora, é tirar lições do que aconteceu e melhorar a capacidade de prever este tipo de sinistralidade, usando para isso a tecnologia disponível. Comum em muitas autoestradas do país, os pórticos de sinalização não devem servir apenas para informar a temperatura ambiente ou a distância até um ponto de chegada. A sua função é mais vasta e será porventura a forma mais eficaz de evitar acidentes como aquele que ocorreu na A25 e que enlutou o país – seis mortos até ao momento. É a concessionária Ascendi que o revela num comunicado, no mesmo documento em que rejeita responsabilidades do acidente naquela via e garante que é cedo para tirar conclusões sobre as eventuais penalizações relativamente à sinistralidade. "Foi instalada [na A25] uma rede de telemática rodoviária, associada a um centro de controlo de tráfego, com sistemas de videovigilância, painéis de mensagem variável, contagem automática de veículos e estações meteorológicas”. Com esta panóplia de meios não foi possível avisar os condutores da aproximação do nevoeiro [nos pórticos], aconselhando-os a reduzir a velocidade? Ou in-

formar as patrulhas de trânsito da GNR da acentuada degradação da visibilidade, que, por sua vez, avisariam os automobilistas que ali circulavam? Admite-se que uma grande parte deles conduzia em velocidade excessiva para as condições meteorológicas do momento, mas uma das primeiras funções de todos os operadores de trânsito é a prevenção da sinistralidade. E isso parece que não foi levado a sério... Ainda relativamente ao acidente na A25, é a própria unidade de investigação da GNR que não iliba os condutores acidentados. Na opinião “pessoal” e “numa primeira análise”, o comandante da equipa de investigação crê que os [dois] acidentes [na A25] terão resultado da conjugação das condições atmosféricas adversas – marcadas por chuva e denso nevoeiro – com o comportamento dos condutores, “que continuam a circular à mesma velocidade independentemente das condições meteorológicas ou da visibilidade”. Ou seja, tem assim pleno cabimento que o responsável pela nova unidade rodoviária da GNR defenda uma redução dos limites de velocidade, uma das medidas mais eficazes para diminuir a mortalidade nas estradas [ver notícia na página 28]. Com menos velocidade nas estradas, vias rápidas e nas autoestradas haverá naturalmente menos despistes, colisões menos mortíferas, menos atropelamentos. Os resultados não tardarão a surgir. J.S.


09 a 22 jun’10

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repórterdomarão


Aveleda arrancou na região de Basto mas o Douro

Calor de agosto a N

a região do Tâmega e Sousa as vindimas já começaram e se não houver surpresas nas condições climatéricas deverá confirmar-se a previsão de um aumento de produção e a manutenção da boa qualidade das uvas. A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) espera uma produção ligeiramente superior à do ano passado, em cerca de 10 por cento.

Na Aveleda – Sociedade Agrícola e Comercial da Quinta da Aveleda, SA, com sede em Penafiel, a vindima começou a 24 de agosto, numa vinha com cerca de 40 hectares, localizada no concelho de Celorico de Basto, onde foram colhidas uvas das castas Fernão Pires e Alvarinho. O facto de se tratar de uma zona mais quente e de castas mais precoces levou a que a vindima se tenha iniciado nessa vinha cujos terrenos foram alugados pela Aveleda e que está a produzir pelo segundo ano, explicou ao Repórter do Marão Manuel Soares, enólogo da Aveleda. Nos primeiros dias de setembro a azáfama da vindima é diária na zona do Vale do Sousa onde a Aveleda tem duas quintas, em Penafiel e Lousada. No final de agosto, o controle de maturação das uvas estava a ser feito duas vezes por semana. Mediante a evolução da maturação foi determinada uma data de vindima para cada casta. A Aveleda tem uma máquina de vindimar que pode colher até 10 hectares por dia e trabalhar à noite inclusive. Se as condições climatéricas se mantiverem estáveis, haverá um aumento da quantidade e “uvas de muito boa qualidade”, antevê o enólogo da Aveleda, salientando que se trata de uma perspetiva e não de uma certeza. “De repente pode vir uma chuva que estraga tudo”, acentua Manuel Soares. As previsões da meteorologia são informação relevante e indicam condições favoráveis até ao final de setembro. Se assim for, os níveis de qualidade das uvas vão ser idênticos aos do ano passado. “2009 foi um grande ano em termos de qualidade”, lembra o enólogo que prevê para este ano um aumento de produção entre 10 a 15 por cento na produção própria e entre cinco a 10 por cento na dos fornecedores. A produção própria da Aveleda representa cerca de 15 por cento da produção total. A Aveleda compra uvas em toda a região dos vinhos verdes, desde Baião, Marco de Canaveses e Castelo de Paiva até ao Alto Minho (Ponte de Lima, Monção, Melgaço). Muitos produtores da região vendem as suas uvas à Aveleda. O preço pago por quilo depende de vários fatores: da casta, do grau e da data em que as uvas foram colhidas. Sempre que uma carga de uvas chega à adega da Aveleda é identificada a casta, as uvas são pesadas e é medido o grau de maturação. É elaborada uma tabela de preços e até dezembro os fornecedores recebem o dinheiro. No ano passado a Aveleda pagou por quilo entre 0,30 cêntimos e 1,05 euros (pelas uvas Alvarinho, uma casta mais rara e nobre). O vinho Alvarinho produzido pela Aveleda é “quase todo” para exportação. No ano passado 80 por cento da produção foi para os Estados Unidos. Em 2009 a Aveleda, que é a maior empresa exportadora de vinho verde, produziu 14 milhões de garrafas de vinho. Cerca de 54 por cento da produção foi exportada. Dos 185 hectares de vinha, 160 localizam-se na região dos vinhos verdes e os restantes na Bairrada. Em declarações ao RM, Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, adiantou que “a evolução do clima e os dados de maturação”permitem “apontar para uma vindima

de boa qualidade, dependendo apenas do clima nas próximas semanas”. Na região o auge das vindimas será na primeira quinzena de setembro, mas cabe a cada produtor “determinar a sua data de vindima de acordo com os dados técnicos de maturação das suas vinhas”.

| Favaios abriu campanha | A Adega Cooperativa de Favaios, no concelho de Alijó, Região Demarcada do Douro, prevê começar a vindima com uma semana de atraso em relação à vindima de 2009, “um ano em que a vindima começou muito, muito cedo”. Miguel Ferreira, enólogo da Adega de Favaios diz que “este será um ano normal na maturação”. Feitos diariamente, os controles de maturação fazem prever que a vindima começa entre 1 e 8 de setembro. O enólogo da Adega Cooperativa de Favaios adiantou ao RM estar “a contar com uma maturação mais equilibrada que no ano anterior” o que dará origem “a uvas melhores. Nesse sentido estou a contar com uma vindima de uma qualidade acima da média” no planalto onde se produzem as uvas Moscatel. No entanto, “não se pode extrapolar para outras zonas do Douro porque se trata de um local muito específico, com grande altitude e com uma casta muito particular que corresponde a mais de 50 por cento” da produção da Adega de Favaios que em média produz 3,5 milhões de litros de Moscatel. Em termos de quantidade, Miguel Ferreira prevê que ela seja “bem superior à do ano anterior. Talvez mais 20 a 30 por cento. Temos essa estimativa, se não houver nenhuma surpresa até à colheita, em termos de condições climatéricas desfavoráveis”, referiu. Aludindo ao Moscatel, que é o “maior negócio” da Adega de Favaios o enólogo diz contar com mais qualidade que no ano anterior. Apesar de se prever mais quantidade. “Acho mesmo que vamos ter mais qualidade, uvas mais aromáticas, o que em parte se deve à maturação muito equilibrada. Ao contrário do que aconteceu em 2009, um ano muito estranho, muito seco na altura da maturação, com temperaturas muito elevadas que precipitaram um bocado as coisas. Este ano parece haver muito mais equilíbrio portanto acho que as uvas vão ser de facto melhores mesmo com esse acréscimo de 30 por cento de produtividade”. Os cerca de 550 associados, maioritariamente de Favaios, são responsáveis pela produção e entrega das uvas em bom estado na Adega. Ao longo do ano fazem todas as operações na vinha, incluindo os tratamentos, e depois colhem as uvas manualmente e entregam-nas na Adega. É feita uma triagem à chegada e as uvas são avaliadas. A partir daí são trabalhadas e transformadas em vinho Moscatel. Os associados recebem de acordo com a quantidade e qualidade das uvas que entregam. Em 2009 as uvas foram pagas a 0,93 euros o quilo, valor que não é “muito normal na região”. Trata-se de um preço que é exceção, salienta Miguel Ferreira. O preço pago pelas restantes uvas varia com a qualidade, mas em média foram pagas a cerca de 0,24 euros o quilo. Além do Moscatel, a Adega de Favaios produz vinho de consumo, branco e tinto, feito com as castas tradicionais do Douro, vinho do Porto, espumante e algum rosé do Douro. O número de associados tem-se mantido estável e nos últimos anos houve um aumento “significativo” da área produtiva porque muitos associados foram reestruturando e comprando outras vinhas que ocupam uma área que a Adega calcula em cerca de 800 hectares. “Dentro do panorama geral do Douro até podemos dizer que temos algumas parcelas bastante grandes. Temos associados com minifúndio, mas temos associados com parcelas acima dos 10 hectares, o que foge um bocado à realidade do Douro”, disse o enólogo. Paula Costa


também já iniciou o corte das uvas

ntecipa vindimas A Festa do Douro A festa das vindimas já começou na mais antiga região demarcado do mundo, o Douro, com as vinhas a serem invadidas aos poucos por muitas mulheres e homens que vão cortar e carregar as uvas para as adegas e lagares. O Douro fervilha. As vindimas representam o culminar de um ano inteiro de trabalho que dará origem aos vinhos DOC ou ao famoso Vinho do Porto. A Quinta do Vallado, junto ao Peso da Régua, foi das primeiras a cortar as uvas brancas mas daqui a mais ou menos duas semanas toda a região demarcada estará em plena vindima. Aos muitos trabalhadores juntar-se-ão os turistas que vêm observar ou até participar no corte das uvas ou na pisa a pé nos lagares. No Vallado, o trabalho começa às 07:30 da manhã e prolonga-se até às 17:00 com pausas para o pequeno almoço e almoço. A equipa de cerca de 20 vindimadores será depois reforçada quando se começarem a cortar as uvas tintas. Neste grupo juntam-se os que trabalham no campo durante o ano inteiro mas também estudantes, donas de casa ou outros que aproveitam as férias para ganhar mais “uns trocos”. É precisamente isso que está a fazer Hugo Ferreira, de 33 anos e que trabalha numa firma de produtos para agricultura. Apesar de achar que o trabalho se torna “duro” por causa do intenso calor que se faz

sentir, diz também que está acostumado até porque começou a fazer vindimas aos 12 anos. Mais nova era Luísa da Conceição quando começou, aos nove, mas para quem as vindimas “são divertidas”. “Gosto e adoro”, disparou com um sorriso estampado no rosto protegido com um chapéu de palha. Mas, lembrou, antigamente era muito melhor porque todos cantavam e sabiam as canções de cor. Agora, referiu, “esta mocidade não presta, é mais para descanso e para praia, os antigos são mais para trabalho”. “É o meu trabalho, menina, tenho que gostar. Custa um pouco andar aqui amarrada todo o dia a cortar as uvas, mas este ainda é o trabalho que mais gosto de fazer na agricultura”, salientou Maria Lucília. Francisco Ferreira, a quem cabe a gestão agrícola e administrativa da propriedade, está com boas expetativas em relação à vindima deste ano, mas está também muito atento às condições meteorológicas que poderão condicionar a qualidade dos vinhos. É que, até ao corte das uvas, “está tudo dependente do tempo que se fizer sentir”. "Se tivermos chuva pode ser problemático porque as uvas estão bastante cheias e podem rebentar, se continuarmos com muito calor também podemos ter problemas de stress hídrico e de maturações muito rápidas e alguns desequilíbrios”, explicou. Depois de cortadas, as uvas são transportadas para a nova adega da Quinta do Vallado, que entra em pleno funcionamento nesta vindima. Aqui o fruto é despejado num tapete rolante onde os cachos são escolhidos praticamente à mão e depois esmagados, sendo que depois o líquido cai por gravidade nas cubas de inox. A adega representa um investimento de cinco milhões de euros e é composta por dois edifícios, cada um com cerca de 1000 metros quadrados, onde ficarão instalados o armazém de fermentação e a cave de barricas (envelhecimento). Lusa/Texto e fotos

Aumento da produção pode chegar aos 40%

A Região Demarcada do Douro estima um aumento da colheita para as cerca de 300 mil pipas nesta vindima, mas as atenções estão muito concentradas nas condições meteorológicas que poderão condicionar a produção. Já se vindima no Douro. Algumas propriedades começaram a cortar as uvas brancas, enquanto as tintas estão um pouco mais atrasadas em termos de amadurecimento. Dentro de duas semanas a região demarcada estará em plena vindima. Segundo dados da Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), a expetativa de colheita para esta vindima possui um intervalo entre as 303 e as 366 mil pipas. O responsável pela ADVID, Fernando Alves, disse à agência Lusa que se prevê uma “boa” colheita no Douro, mas “não extraordinária”. A confirmarem-se as previsões, o aumento da produção será de cerca de 40 por cento comparativamente com a declarada no ano passado (211 mil pipas) e cerca de 20 a 25 por cento superior à média de produção do Douro (265 mil pipas). Fernando Alves referiu ainda que a colheita deverá rondar o intervalo inferior porque o intenso calor que se fez sentir neste verão “limitou um pouco o crescimento do bago para grandes volumes”. Quanto à qualidade, o responsável espera um “resultado final muito bom”. Isto porque, explicou, verificou-se um "bom abastecimento de água durante o inverno e primavera que ajudaram a planta durante o verão". Já não chove no Douro desde 10 de junho. “Medições feitas há dias revelam que ainda existe uma razoável disponibilidade hídrica para as plantas e se a temperatura não for excessivamente alta a videira vai trabalhar mais depressa e melhor”, salientou. Do ponto de vista sanitário, a doença que mais afetou a vinha este ano foi o oídio, obrigando os produtores a estarem muito atentos e a fazerem vários tratamentos. No Douro Superior, Francisco Olazabal, da Quinta do Vale Meão, estima um aumento da produção em mais cerca de 40 por cento comparativamente com o ano passado. “Choveu muito no inverno e as videiras têm muita água disponível no subsolo e estão a aguentar bem este mês muito quente e seco. A qualidade depende muito dos últimos dias antes da vindima”, salientou. Olazabal referiu que as vindimas no Vale Meão arrancam esta semana com algumas castas mais precoces.


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ANTÓNIO DO LAGO CERQUEIRA | AMARANTE TESTEMUNHOS

CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE GESTÃO Dado que nenhuma turma deste curso, nesta escola, concluiu ainda o ciclo de formação, não se consegue quantificar a taxa de empregabilidade. Contudo pode-se afirmar que tem sido muito fácil o enquadramento destes alunos nas empresas, aquando da realização dos seus estágios, e que alguns deles já receberam propostas de emprego, que embora aliciantes, foram recusadas porque os alunos ambicionam, em primeiro lugar, a conclusão do seu curso. Convido e desafio, desde já, qualquer jovem que queira vir a desenvolver um futuro profissional nesta área a integrar-se nesta escola, porque com toda a certeza terá o acolhimento que nos é típico e reconhecido, uma fácil integração na escola que, como deverá ser da concordância da maioria das pessoas, são factores essenciais num arranque de um ano lectivo, e principalmente naquela que é uma fase de transição, em que o futuro começa, de facto, a decidir-se. A Directora de Curso, Sílvia Ribeiro.

O Curso Profissional de Técnico de Gestão surgiu na Escola Profissional António do Lago Cerqueira no ano lectivo de 2008/2009, tendo neste momento duas turmas a frequentar o curso. O mundo muda, as empresas vêm-se obrigadas a adaptar-se a essas mudanças, e a maioria das escolas, sendo que esta não é excepção, tendem a fazer os possíveis para ir ao encontro das necessidades das empresas, no que diz respeito à formação de técnicos de qualificação profissional, porque se entende a vantagem competitiva será, no futuro, um imperativo de sobrevivência. No amanhã, as empresas/organizações excelentes serão aquelas que o fizerem de forma mais eficiente. Cada vez menos as empresas procuram recursos humanos com formação de grau superior, porque isso significa, à partida, salários mais altos a pagar, optando por técnicos de qualificação profissional, o que desde já poderá garantir uma elevada taxa de empregabilidade destes alunos, visto que estes terão competências no âmbito da gestão das organizações.

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Da esquerda para a direita: Catarina e Elisabete, 2.º Ano do Curso Profissional Técnico de Gestão Chamo-me Catarina, tenho 17 anos e sou do Marco de Canaveses. Estou na Escola Profissional António do Lago Cerqueira a frequentar o curso Técnico de Gestão. Escolhi esta escola porque já tinha pessoas amigas cá a estudar e falaram-me bem dela, que tinha muitas vantagens para a nossa formação e para o nosso futuro a nível profissional. Decidi escolher o curso de Gestão porque é o que se torna mais vantajoso a nível de trabalho, e também porque tem a ver com o que eu quero seguir. É uma área bastante interessante, que estou a gostar bastante de estudar e aprender mais. Estou cá há 2 anos e nesta altura já posso dizer que não me arrependo de ter tomado a decisão de ter escolhido esta escola para apostar no meu futuro. A forma de ensino é diferente da escola onde andava, e desengane-se quem pensa que é mais fácil, porque o ensino é exigente na mesma, temos é mais probabilidades de ter um emprego e um futuro melhor. Quem tira um curso profissional também tem a possibilidade de seguir a universidade. Em relação aos funcionários são todos muito simpáticos e os professores também. Quanto à direcção não tenho nada a apontar. Em relação aos estágios, já estagiei duas vezes e não tenho razões para me queixar, as professoras foram sempre muito atenciosas e sempre prontas para nos ajudar tal como a direcção. Para terminar, acho que quem se inscrever nesta escola, tal como eu, não se vai arrepender. Catarina – TG01

Chamo-me Elisabete Patrícia Carvalho Ferreira, tenho 17 anos e sou de Baião, estudo na Escola Profissional António do Lago Cerqueira desde Setembro de 2008. Escolhi esta escola porque na minha região não havia nada que fosse de encontro aos meus objectivos. No começo das aulas, a integração não foi fácil por razões particulares, porque optei em ficar a dormir aqui no internato, visto que a viagem todos os dias se iria tornar muito cansativa, e durante o primeiro ano confesso que estive mesmo para desistir devido à distância da minha família. Hoje posso dizer que acabei o primeiro ano do curso com muito esforço, graças aos meus professores que sempre me apoiaram, tendo sempre sido exemplares comigo. Em temos de funcionários, são muito simpáticos e prestáveis. Um facto que esta Escola tem de benéfico, é que não precisamos adquirir os livros para as disciplinas, são cedidos pela Escola. Em termos de estágios, acho que estes são uma maisvalia para a nossa vida profissional futura, uma vez que vamos ganhando experiência. Hoje sinto-me orgulhosa por estar a terminar já o segundo ano do curso e agradeço aos professores por não me terem deixado desistir. Elisabete – TG01


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Cineclube de Amarante procura público

O Cineclube de Amarante, o único que mantém atividade regular no interior do distrito do Porto, está a recorrer às redes sociais na Internet e a um blog para tentar conquistar público. “A afluência média por sessão anda atualmente nas 30 pessoas, mas estamos a promover algumas estratégias para captar mais público. Criámos um blog, listas de endereços de correio eletrónico para onde enviamos a nossa programação e aderimos ao Facebook, que é uma ferramenta fácil de usar”, explicou o presidente do clube, Manuel Carvalho, citado pela Lusa. “Já temos registadas mais de 200 pessoas. Acredito que presentemente o Facebook, onde oferecemos alguns bilhetes, será a forma mais eficaz de divulgar a nossa atividade e esperamos que isso traga mais gente às sessões, mas ainda é cedo para fazermos um balanço”, acrescentou. O Cineclube de Amarante tem 15 anos de existência e vai longe o período em que a sala do Cinema Teixeira de Pascoaes, no centro da cidade, era pequena para receber todos os espectadores que pretendiam assistir aos filmes programados pelo clube.

Politécnico do Porto apoia empresários de Paços O Instituto Politécnico do Porto (IPP) vai instalar em Paços de Ferreira o Centro de Transferência de Tecnologia, que funciona atualmente no Porto, para apoiar os empresários no desenvolvimento de novos produtos, anunciou fonte da autarquia local. “Paços de Ferreira poderá acolher os investigadores que são patrocinados pelo Instituto Politécnico do Porto, estabelecendo uma ligação forte com o Centro de Incubação de Empresas que já existe na Cidade Tecnológica”, lê-se num comunicado do município. Segundo a fonte, cumpre-se assim um objetivo do presidente Pedro Pinto, “que sempre pretendeu ver associado o ensino superior ao desenvolvimento de mecanismos que tornem possível e promovam a participação em atividades de caráter técnico, científico e de investigação”. O acordo com o IPP foi celebrado a 1 de setembro, nos paços do concelho, e nele está ainda previsto que no concelho passem a ser ministrados cursos superiores. A formação, nos níveis de licenciatura, pós-graduação e mestrado, vai realizar-se na futura Cidade Tecnológica, que a autarquia descreve como “uma plataforma de ensino global onde, para além da formação profissional já assegurada pela Profisousa, poderão ser lecionados cursos superiores em diversas áreas relacionadas com as necessidades e características do concelho e da região". Em setembro, vai iniciar-se também em Paços de Ferreira uma pós-graduação em Integração de Sistemas de Gestão (Especialização em Serviço Social).

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Arte da tanoaria sem seguidores no Marco Durante décadas Júlio Moreira foi tanoeiro no Marco de Canaveses. Tem “pena” de não ter tido aprendizes e de não ter chegado a ensinar a arte da tanoaria. O aparecimento das cubas em inox levou-o a virarse para o artesanato e hoje, aos 72 anos, o ofício de trabalhar a madeira ficou também definitivamente para trás. “O meu pai era lavrador e aos 18 anos deixou a lavoura e foi aprender a arte para uma tanoaria que havia na Livração, ao pé da estação [do caminho de ferro]”, conta no início da conversa Júlio Moreira que lembra o pai como “um grande artista”. “Aos 21 anos estava a trabalhar por conta dele. Aprendeu lá e depois estabeleceu-se aqui no Marco. O meu pai teve quatro rapazes e exigiu que todos fossem tanoeiros”. Júlio era o mais novo e acabou por seguir a vontade do pai. Trabalhou com um irmão até se estabelecer por conta própria na freguesia de Rio de Galinhas em 1977. Na arte da fazer barris e pipas, Júlio Moreira trabalhou “até há 15 anos quando começaram a aparecer as cubas em inox e o trabalho começou a faltar. As cubas não dão tanto trabalho, mas a verdade é uma: a madeira conserva melhor o vinho verde do que a cuba. Tinha os meus fregueses que tinham sete e oito pipas e nunca quiseram as cubas de inox e o vinho deles era sempre o primeiro a vender-se. A melhor madeira para o vinho verde é o eucalipto porque não é uma madeira ácida, é doce. Porque é que as abelhas estão sempre enfarinhadas na flor do eucalipto? Porque é doce”, responde de imediato. Júlio Moreira trabalhou para "fregueses" do Marco, Amarante e Baião, “para casas onde havia grandes tonéis”. O filho rapaz trabalhou na oficina até ir à tropa, aos 20 anos. “Ia dar um bom artista. Na altura fiquei com um bocado de mágoa e de pena por ele ter saído da arte do pai” mas não é possí-

vel “andar a trabalhar contra vontade”, considera o tanoeiro. Quando o trabalho começou a faltar optou por “recordar aquilo que fazia em novo”e dedicou-se ao artesanato. A primeira exposição que fez foi em Valongo. Expunha e trabalhava ao vivo. No artesanato fez muitas das peças que eram comuns na sua infância e juventude: pipas, barris, canecos, baldes de dar de comer aos porcos, selhas de lavar a loiça. Venceu o prémio de melhor artesão de tanoaria do distrito do Porto e da Câmara do Marco recebeu a medalha de ouro de mérito profissional. Diz que representou “bem” o concelho em feiras nacionais e internacionais. Acabou por deixar de participar nas feiras de artesanato. E miniaturas já poucas faz. Tomou a decisão de deixar de vez o artesanato. Os anos pesam e agora o tempo é para cultivar o quintal e para descansar. “Foi o meu modo de vida. Nunca tive empregados, nunca me apareceu aqui ninguém para aprender a arte. Agora já é tarde”, disse ao RM recordando ter sido uma vez abordado pela Cooperativa Dolmen para dar formação, ideia que acabou por não se concretizar. No espaço que foi oficina de tanoaria, ao lado da casa onde mora, restam algumas máquinas e ferramentas como “a máquina de emparelhar a madeira e dar o torno. Uma juntava e a outra dava o torno. Esta aqui era de chanfrar os arcos, a queda que o arco tem: em cima é mais estreito e por baixo é mais largo”, explica Júlio Moreira. A um canto está a pedra que Júlio Moreira usava para fazer as peças de artesanato. Pequenas peças, como os barris de dois e três litros (para guardar aguardente), barris de 150 litros ou vasilhas maiores com capacidade para 500 litros (uma pipa) passaram pelas mãos e pelo engenho do tanoeiro. “Fazer as pipas e barris era uma arte pesada, o artesanato era mais à base de habilidade”, resume Júlio Moreira. E aquele pipo? “Era novo mas o dono deixoulhe a borra dentro e estragou-o. Agora vou destampá-lo, queimá-lo e voltar a parafiná-lo que é para ele voltar a levar vinho em condições”, contou o tanoeiro sobre a vasilha ali deixada por um amigo. Junto à entrada, um pipo em miniatura aguarda que Júlio Moreira o recomponha. “Chegou-me aqui um freguês com ele escangalhado e eu disse-lhe: bebeste a aguardente e como nunca mais lhe botaste nada, ele escangalhou-se”, disse Júlio Moreira em jeito de explicação. Paula Costa



Reaberta loja em Baião

Dolmen relança a comercialização dos produtos locais Próximas aberturas em Amarante e Marco de Canaveses Na reabertura da loja de produtos locais da Cooperativa Dolmen, em Baião, o presidente da Direção da Cooperativa anunciou que vão ser abertos dois centros idênticos em Amarante e no Marco de Canaveses. Produtos alimentares, vinhos e artesanato dos seis municípios da área de abrangência da Dolmen (Amarante, Baião, Marco de Canaveses, Cinfães, Resende e Penafiel) vão ser comercializados na loja situada na rua de Camões, junto à sede da cooperativa, em Baião. O espaço vai funcionar em permanência, inclusive ao fimde-semana, pelo menos até outubro, e nos períodos festivos de Natal e Páscoa. Os produtos são colocados à consignação

e a Cooperativa Dolmen ganha uma percentagem sobre as vendas que varia entre os 10 e 15 por cento. Os produtos da loja são certificados e são fornecidos à Dolmen em condições de poderem ser comercializados. Na reabertura oficial da casa de produtos tradicionais, a 19 de agosto, o presidente da Direção da Cooperativa, José Luís Carneiro (na foto), afirmou tratar-se de um compromisso que tinha sido assumido. “Temos vindo a cumprir, pouco a pouco, no quadro das nossas possibilidades, os compromissos que assumimos com os nossos associados mas também com o território que olha para a Dolmen e procura que ela seja um parceiro ativo de dinamização do desenvolvimento regional”, referiu.


Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

José Luís Carneiro recordou que o problema do “escoamento dos produtos locais foi um dos motivos por que muitas pessoas ligadas à produção dos produtos tradicionais abandonaram essas atividades”. Desistiram “muitas vezes por falta de transporte, de articulação, de trabalho em rede, de fazer chegar uma imagem, uma marca, um produto ao mercado”, salientou. O dirigente reafirmou o “objetivo de continuar a dar passos para afirmar” o Centro de Estudos do Mundo Rural, recentemente criado e “que vai sistematizar um conjunto de indicadores relativos à produção das carnes, vinhos, ou artesanato. Será uma base de dados que sistematiza tudo o que existe no território ligado aos produtos locais disponível para os atores públicos e privados”. “Queremos avançar com dois outros centros desta natureza, um no Marco de Canaveses e outro em Amarante”, prometeu o responsável da Dolmen. Em simultâneo, a Cooperativa tenciona “estar presente nas feiras nacionais e internacionais de promoção e de valorização dos produtos regionais”, promovendo dessa forma o seu escoamento e a economia local. José Luís Carneiro lembrou que a Dolmen “tem um conjunto de técnicos preparados não apenas para dar apoio na elaboração de candidaturas que depois visam ajudar à incorporação de valor nesses produtos tradicionais mas também vocacionados para se relacionarem com a região que quer ser um eixo na relação desses produtores tradicionais com os mercados que hoje procuram os produtos genuínos, ligados à identidade e à nossa memória colectiva”. A Dolmen vai organizar em breve uma cerimónia pública de assinatura dos contratos aprovados no âmbito do Programa Leader nas áreas do turismo, da inovação em microempresas e de equipamentos sociais de proximidade, projetos que no total representam um investimento no território de 3,5 milhões de euros e a criação de cerca de 90 postos de trabalho, anunciou José Luís Carneiro.

Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL

AMARANTE - BAIÃO - MARCO DE CANAVESES RESENDE - CINFÃES - PENAFIEL Telef. 255 521 004 - Fax 255 521 678

dolmen@sapo.pt


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Cercimarante celebra 30 anos com dois novos investimentos  Lar residencial para 12 deficientes e um lar para 30 idosos vão arrancar em breve No ano em que comemora 30 anos, a Cercimarante – Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas do Concelho de Amarante, tenciona lançar o concurso para a construção de um lar residencial para 12 deficientes e de um lar para 30 idosos. As futuras instalações do fórum sócio-ocupacional, projeto apresentado via Cooperativa Dolmen, têm assegurado um financiamento de 75%. O lar residencial e o lar para idosos, que têm um custo de 1 milhão e 390 mil euros, têm parte do financiamento assegurado pelo Governo e pelo Fundo Social Europeu (FSE). António Pinto Monteiro, presidente da Direção da Cercimarante, pensa que primeiro deverá entrar em funcionamento o lar residencial que é uma obra de 390 mil euros, sendo que cerca de 70 por cento desse valor será financiado pelo Estado e pelo FSE. No caso do lar de idosos, que vai custar um milhão de euros, a comparticipação das duas entidades é de cerca de 60 por cento desse valor. A Câmara de Amarante “prometeu ajudar” e deverá financiar parte do lar residencial para 12 deficientes, que vai ficar na Bouça de Pombal, junto à sede, na freguesia de S. Gonçalo, e do lar para 30 idosos que vai ser construído em Gatão, junto ao setor profissional da Cercimarante. Nesse local estão a ser recuperadas as futuras instalações do fórum sócio-ocupacional, um serviço para pessoas com doenças mentais menos graves cujo projeto foi apresentado através da Dolmen tendo garantido um financiamento de 75%. Na quinta de Vinhais, em Gatão, essas pessoas poderão desenvolver atividades orientadas por técnicos e por monitores. Os terrenos da quinta pertencem à Câmara de Amarante que os comprou propositadamente há 22 anos. Nos vários setores, a Cercimarante dá apoio a cerca de 180 utentes, “com variadíssimas deficiências”, desde crianças (acompanhadas no Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental), a adultos na casa dos 40 anos, que residem nos concelhos de Amarante, Baião, Marco de Canaveses, Lousada, Felgueiras, Cinfães e Resende. No setor profissional os jovens tem diferentes níveis de

escolaridade, mas podem aprender uma profissão em áreas como a construção civil, informática, mecânica auto, carpintaria ou hortofloricultura.

| Começo foi difícil | “As coisas são sempre mais delicadas quando é o começo de qualquer instituição”, avalia hoje Pinto Monteiro. O início, em 1980, “foi um momento um bocado delicado porque estávamos todos a aprender. Neste país praticamente nada se fazia em termos de deficiência. Tivemos de fazer um esforço tremendo para pôr os profissionais da Cercimarante a correr o mundo, a aprender”. Por iniciativa da Direção da Cercimarante, os técnicos deslocaram-se a Espanha, à Noruega e Holanda. “Estavam 15 dias a um mês a lidar com os melhores técnicos desses países na área da deficiência” porque “em teoria sabiam, mas na prática praticamente nada sabiam”, lembra António Pinto Monteiro. “Quando estivemos para perder o setor profissional, há cerca de 21 anos”, foi outro momento complicado na vida da Cercimarante. “Havia dificuldade em arranjar um terreno grande, mas graças ao entusiasmo e ao falecido presidente da Câmara, dr. Macedo Teixeira, foi possível no espaço de cinco ou seis dias arranjar um terreno que serve razoavelmente os interesses da Cercimarante”. Atualmente com 52 funcionários efetivos, mais cerca de uma dezena a tempo parcial, a Cercimarante dispõe de um edifício dos maiores do país ao nível das Cercis. O presidente da Direção salienta as “boas relações com todas as câmaras de todos os partidos. Todas, dentro das suas possibilidades, nos têm ajudado, mas é indiscutível que quem mais tem ajudado, em todos os aspetos, é a Câmara de Amarante”. Numa altura de “graves dificuldades”, Pinto Monteiro apela à responsabilidade social das autarquias e das populações da região para que apoiem com donativos a Cercimarante.

| Em processo de certificação | A “qualidade do trabalho realizado, as razoáveis instalações e a preparação dos técnicos”, que procuram manter-se atualizados, são destacados por António Pinto Monteiro que não hesita na auto-atribuição de uma classificação: “neste momento estamos no bom”. O processo de certificação que está a de-

correr há um ano é disso exemplo, diz, na expectativa de que a Cercimarante vai ser, no país, “das primeiras Cercis a ter a certificação de qualidade”. “Os nossos portões estão sempre abertos para eles entrarem e saírem e nunca nos fugiu daqui nenhum miúdo. É porque eles se sentem muito bem e isso para nós é uma alegria tremenda. Tratar deles e ajudar as famílias é a base da alegria que temos. Toda a gente nos procura é porque a Cerci tem alguma categoria, naturalmente. Se não tivesse as pessoas não nos procuravam tanto. Alguma razão há-de haver para que a Cercimarante esteja no pensamento dos pais”. Fundar a Cercimarante “foi uma mera casualidade”. António Pinto Monteiro, que então trabalhava na Construtora do Tâmega, ia de férias para S. Pedro de Moel e parou em Aveiro. “Reparei num letreiro a dizer CerciAv, pensando que era um museu. Quando cheguei lá vi uns miúdos a brincar e vi que eram deficientes. Explicaram-me que era uma cooperativa de educação especial, apoiada pelo Ministério da Educação, que tratava de jovens deficientes e eu fiquei entusiasmado com aquilo, vim para o carro a pensar e comentei com a minha mulher”, contou ao Repórter do Marão. Durante essas férias aproveitou uma ida a Lisboa e foi ao Ministério da Educação informar-se “de como eventualmente poderia formar uma instituição daquelas. Deram-me uma série de dados e disseram-me que aqui perto havia uma instituição do género, a CerciGui, que estava a funcionar há dois anos”. Passados alguns dias de ter regressado de férias foi propositadamente a Guimarães. “Começou tudo assim… fiquei entusiasmado. Comecei a mandar cartas para as juntas de freguesia e salvo erro tive resposta de 16 ou 17 juntas. O que dava uma média de 10 deficientes por freguesia, número que ainda hoje praticamente se mantém. A partir daí isso foi tão rápido e evoluiu de tal maneira na minha mente que a primeira coisa que fiz foi contactar com alguns amigos para lhes explicar que poderíamos fazer isso com alguma facilidade. O arranque foi assim. Tínhamos então um presidente da Câmara, o dr. Amadeu Cerqueira da Silva, que era um homem amigo. Numa bela noite fomos falar com ele. Prometeu-nos que em três ou quatro meses teríamos uma sede onde iríamos ter os primeiros 25 a 30 alunos. E assim foi…”. Em setembro de 1980 a Cercimarante iniciava a atividade com 25 alunos. Paula Costa



Bandas filarmónicas vão ganhando

Crise não dança nas Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos Banda de Mateus e P.P.

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ão há par mais acertado do que o verão e a diversão, sobretudo nas festas populares que por estes dias têm animado a região. Os emigrantes regressam à terra e as aldeias engalanadas honram os santos padroeiros. Será que a crise também dança nestes bailes?

Andam na estrada pelo gosto que têm pela música, mas também pelo dinheiro “que dá jeito”. De terra em terra, animam as noites de quem, de bengala na mão, se limita a apreciar ou dos mais frenéticos que rodopiam ao ritmo da música popular que oferecem. Este ano, os agrupamentos musicais têm menos espetáculos, mas a quebra não é significativa nem desculpada com a crise económica. “Temos menos três ou quatro relativamente ao ano passado, mas não há grande diferença”, confirma Zé Ferreira, responsável e vocalista do Sindikato (de Bragança). Até ao fim do mês, terão contabilizado 36 atuações durante o verão. “Dizem que a crise existe, mas nós ainda não sentimos isso. Embora haja a concorrência dos preços mais baixos, de bandas que diminuíram o caché, nós não o fizemos e estamos a ter as mesmas festas”, acrescenta. Também a agenda do Renovação 3 (de Figueira de Castelo Rodrigo) foi “mais ou menos igual” à de outros anos. “Não tivemos mais trabalhos, porque há menos dinheiro e as pessoas, às vezes, não podem gastar e limitam-se a contratar outros grupos mais acessíveis”, diz o responsável, Alfredo Almeida. Desde o início do ano somam 80 espetáculos. “Vamos no-

tando que podemos vir a sofrer com a crise, mas para já não.” Em Deilão, aldeia a 20 quilómetros de Bragança, os dois grupos abrilhantaram a noite de 15 de agosto, uma data muito solicitada. “Já tenho vários dias vendidos para o ano, mas o 15 não o queria vender já, porque é aquele em que há mais festas”, admite Zé Ferreira. E como aquilo que “o povo quer é bater o sapato”, mais de meio milhar de pessoas dançou madrugada dentro.

| Efeitos colaterais | A opção de manter os cachés do ano anterior foi tomada em função da conjuntura económica que se vive. “Foi umas formas que encontrámos (e se calhar este ano vai manter-se igual) de tentar fazer com que as pessoas ultrapassem a crise, sem ter que abdicar da animação. Ao mantermos os preços, estamos a prejudicar-nos, mas preferimos isso a ficar em casa sem fazer nada”, refere Albino Falcão, um dos fundadores do Sindikato. Para Alfredo Almeida, subir estava “fora de questão”, mas “outros colegas tiveram mesmo que baixar o caché porque não há mercado”. Em agosto, contratar o seu grupo pode chegar aos 4 000 euros, dependendo das distâncias que têm que percorrer. Albino Falcão considera que as festas populares pouco se ressentem da crise. “A época não foi má, tanto que já temos muitas festas de 2011 agendadas. As pessoas tiveram muito medo. Pensaram na crise e nem sequer fizeram peditórios. Houve alguns que decidiram isso muito tarde e que ainda conseguiram fazer uma festa.” Aníbal Fernandes, o presidente da comissão de festas, admite que “se fosse noutros anos” não teria grande dificuldade em arranjar patrocínios e até em maior número. “A crise pode não ser acentuada em todas as pessoas, mas o boato espalhou-se e a par-

tir daí não há mais nada para ninguém.” No peditório à volta do povo, não houve quebras, porque “nas aldeias, as pessoas trabalham, tem os seus rendimentos e não notaram ainda a crise”. Também o consumo de álcool não parece ser indiciador de crise. “Há festas onde chegam a gastar 12 a 15 barris de cerveja por noite, em que esgota. Quando vimos embora, vemos os copos que ficam no recinto. Nem nisso se ressente a crise.” A afluência do público varia em função das localidades, mas Zé Ferreira é perentório: “estamos sempre habituados a ter casa cheia”. “Há festas que agora têm menos, porque a população vai ficando mais envelhecida e não sai tanto, mas não atribuo isso à crise. Basta ver que se continua a beber e a consumir.” Na roulotte de diversões de Nuno Alexandre, 28 anos, o cenário é um pouco diferente, porque “as pessoas ao não terem dinheiro não podem gastar”. “As festas estão fracas e o negócio está bastante pior. Os emigrantes ainda gastam menos que os portugueses”, relata o macedense. O preçário não sofreu alterações: 1 tiro = 1 euro; 6 tiros = 5 euros para levar para casa porta-chaves, peluches e outras bugigangas. A mãe de Nuno, do outro lado da rua, vende balões e brinquedos, despertando a atenção dos garotos que a rodeiam e se afastam de mãos vazias.

| O lar & o palco | No intervalo das músicas, a vocalista dos Renovação 3 lá vai apregoando: “por 10 euros, é baratinho, podem levar um CD para casa.” Porém, o responsável pela mesa de som, Vítor Almeida, nota uma diminuição na venda dos trabalhos discográficos. “No ano passado vendemos bastante, mas este ano, apesar de vendermos, não é igual.” Em agosto, período em que mais se anda na estrada, os elementos dos grupos musicais têm manifestas dificuldades em conciliar a vida pessoal e fami-


novo fulgor

festas populares liar com a artística. Há quem tire férias, mas também quem desconte nas horas de sono. É o caso de Vítor Almeida, 27 anos, que trabalha numa gráfica em Pinhel e acompanha há mais de uma década o grupo Renovação 3, que já foi do pai, agora do tio. “Às vezes durmo duas horas, porque às 9h tenho que estar no trabalho. Em agosto, tiro alguns dias e quando há bailes durante a semana, peço o dia. Os meus patrões são compreensivos e não tenho grandes problemas.” O descanso também é sacrificado para alimentar o convívio familiar. “Hoje, eram 8 da manhã quando cheguei a casa. Levei o pão para tomarmos o pequeno-almoço”, conta Albino Falcão. Em média, dorme 5 a 6 horas por dia e a expectativa é sempre de conseguir uma noite sem espetáculo para “dormir até tarde, fazer uma sesta e à noite ir tomar café a uma esplanada”. Aos 42 anos, este professor de português justifica com simplicidade tanta abdicação. “Podíamos ser caçadores, mas gostamos da música e, acima de tudo, do que fazemos.” Por volta das 17:00, o camião-palco chega ao recinto. Os técnicos instalam as colunas e alguns habitantes acompanham de perto as operações. As bailarinas e os músicos chegam mais tarde para o check sound. “Há aqui um trabalho de formiga. Estamos a amealhar no verão para os encargos que depois vamos ter que suportar durante o inverno”, refere Albino Falcão. À meia-noite faz-se silêncio e o fogo de artifício rouba os sorrisos. Depois, retoma-se o baile ao som do Sindikato: “Canto a Trás-os-Montes onde o povo é feliz… canto a alma transmontana…”

| Bandas filarmónicas, uma presença obrigatória | Tradicionalmente, as festas arrancam com uma arruada feita por uma banda filarmónica, que tam-

bém sente as implicações da crise. Em Vila Real, a Banda de Mateus conta já 200 anos de vida e um historial infindável de atuações. A agenda está sempre preenchida “porque é a banda de Mateus”, mas notase que “já não é o que era”. “A nível de orçamentos, por uma pequena diferença trocam logo de banda e às vezes a qualidade não é a mesma coisa”, explica o diretor Marco Eiriz, 32 anos. É frequente as festas ficarem “de um ano para o outro” pelo mesmo preço. “Subir é muito complicado. Não só pela dita crise, mas a concorrência também obriga a controlar os valores. Há muitas bandas na nossa zona, só 4 existem no concelho.” Um serviço completo compreende arruada, missa cantada, procissão e concerto, podendo chegar aos 4 000 euros se a deslocação não implicar sair do distrito vila-realense. “A crise ressente-se sempre, porque também está na música. As reparações de instrumentos aumentam e o transporte está mais caro”, afirma Marco Eiriz. Com 64 elementos, a Banda toca duas a três vezes por fim de semana nesta época, perfazendo um total de 20 a 25 serviços por ano.

| Novos tempos | As bandas filarmónicas continuam a ter boa aceitação e começam “a encontrar novos espaços”, podendo até recuperar o domínio de antigamente. “Em conversa, as comissões de festa queixam-se que não há dinheiro e que os conjuntos são muito caros. Se calhar vai haver motivos para que as bandas comecem a fazer os concertos até mais tarde”, avança Marco Eiriz. Como o orçamento é mais baixo, as comissões de festa poderão optar por deixar a cargo das bandas filarmónicas a animação das festas. Devidamente fardados, os músicos alinham-se respeitando uma ordem, dos instrumentos graves para os agudos e a percussão vai no meio para mar-

car a cadência. “Tocar na rua nem sempre é fácil, porque nem sempre encontramos estradas de alcatrão, onde possamos ir concentrados naquilo que estamos a fazer e temos que ver onde vamos pôr um pé”, relata o maestro, Carlos Pereira, 38 anos. O reportório procura ser “atraente para quem toca, isto é, musical e tecnicamente interessante, e que resulte bem para quem ouve”. “Tenho a perceção de que os músicos gostam mais de fazer procissões embora seja uma cadência mais lenta e num horário com mais calor”, revela o maestro. A recetividade é até mais do que positiva. “Público há sempre e até começa a haver um pouco mais neste tipo de romarias”, atesta Marco Eiriz.

| Herança geracional | A maioria dos elementos da Banda é constituída por jovens entre os 14 e os 18 anos, cuja motivação maior passa pelo espírito de grupo. “É a amizade que se cria, a ligação à música e vem das famílias também. Foi um pouco a tradição das gerações que levou o filho e o neto a seguir a música”, sustenta o diretor. Luís Santos, 31 anos, começou a tocar na Banda ainda em miúdo. Hoje, é clarinetista e reconhece a importância desses primeiros passos. “Foi uma escola de vida muito importante para a minha formação.” A ligação à Banda reveste-se agora de “uma responsabilidade acrescida” para com as gerações mais novas. “Há um aspeto sociológico da Banda muito importante que nos ajuda, desde novos, a ter esta noção de compromisso que é fundamental e ajuda-nos depois a assumir esse conceito numa outra dimensão, quer familiar, quer profissional.”


A aventura de um jovem que quis atra

Férias ‘low cost’ so Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos | P.P.

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ntre umas férias tranquilas, à beira mar, e umas férias de aventura por essas estradas fora, Cláudio Costa, 25 anos, não hesitou. Pegou na sua bicicleta e, durante três semanas, desafiou-se a percorrer Portugal. O trajeto foi delineado com o objetivo de arrancar do Porto e acabar em Lisboa, atravessando o Douro, o Interior e o Alentejo. “Eram as regiões que queria descobrir, com passagem também por cidades e vilas históricas com património edificado ou natural que valessem a pena visitar, ou ainda que tivessem festas e romarias às quais pudesse ir”, explica o engenheiro informático. Pedalar pelo Nordeste Transmontano marcou-o, principalmente, pela autenticidade e “espírito verdadeiramente generoso” das suas “simpáticas e genuínas” gentes, algo que “já se vê pouco nas cidades de média ou grande dimensão”. Mas na bagagem leva também outras impressões: a gastronomia é “fantástica, variada e farta”, as festas e romarias “bastante tradicionais, com música, farturas, locais e emigrados, e todo o folclore característico” e as paisagens “belíssimas, na maior parte das zonas com pouco impacto da intervenção humana”. “Além disso, não senti receio ou insegurança nas ruas. Muitas vezes, deixava a bicicleta encostada a qualquer lado sem receio de que quando lá chegasse, ela tivesse desaparecido”, acrescenta. Por outro lado, arrecadou ainda a sensação desta região ser, em grande parte, “verdadeiramente esquecida, onde as pessoas são forçadas a sair em busca de oportunidades”. “É triste ver o abandono a que alguns locais são votados e o desleixo e desinteresse que há em algumas terras e populações”, considera. Na rota de Cláudio inscreve-se a vontade de experimentar as cores, os sons e os sabores que vestem a geografia portuguesa. “Quero divertir-me, conhecer o modo de viver em diferentes zonas, as pessoas, a cultura, a gastronomia, a história e as tradições.” Ao longo do trajeto, há também preocupações ambientais que não se descuram. “Procuro reduzir ao mínimo indispensável o impacto no ambiente, ou seja, tenho sempre o cuidado de deixar os sítios por onde passo como os encontrei.” Natural de Vila Nova de Famalicão, Cláudio começou a viajar pela Europa em 2006, tendo conhecido já mais de 20 países. Porém, quando o questionavam sobre o que visitar no seu país de origem, as respostas não fugiam aos lugares comuns. Sugeria Porto, Lisboa, Costa Alentejana, Algarve e ilhas, mas “algumas só conhecia de ver e ouvir falar”. Foi assim que percebeu a necessidade de conhecer Portugal “antes de conhecer ainda mais do mundo” e eis que nasce a razão principal desta proeza.

Já o gosto pela bicicleta começou em miúdo e sedimentou-se com o acompanhar da Volta a Portugal em Bicicleta. O interesse viria a ganhar maiores proporções no 12º ano e na Universidade, quando fez da bicicleta o seu meio de transporte diário. “O auge deu-se quando fui de Erasmus para Gent (Bélgica), onde as bicicletas são rainhas e senhoras. Fiz a minha primeira grande viagem de bicicleta entre Amesterdão e Essen, 200 km em dois dias.”

| Viagem “low cost” e saudável | Andar pelo território de bicicleta dá a Cláudio mais liberdade para conhecer os lugares e contactar com as suas populações. A isso acresce o baixo custo da jornada, uma vez que opta por acampar e/ ou ficar alojado em casa de amigos. “Também não gasto muito dinheiro em refeições, uma vez que nestas regiões, menos turísticas, os preços não estão tão inflacionados. De vez em quando ainda cozinho.” Esta viagem serve-lhe como um teste às suas capacidades físicas e psicológicas. “Às vezes, é preciso ir buscar motivação para continuar a pedalar sabe-se lá onde”, confessa. E entre o humor e a seriedade, Cláudio diz ter seguido o conselho do Presidente da República para fazer férias dentro do país. Cláudio correu a última meia maratona de Lisboa tendo em mente o desejo de “fazer algo fisicamente desafiante no verão” e duas a três vezes por mês fazia passeios de bicicleta de 30 a 60 km. “No entanto, na altura chave da preparação, isto é, um mês antes da viagem, a atividade física foi zero, o que depois se notou nos primeiros dias.” As subidas íngremes e/ou extensas, o vento frontal e o calor intenso são os seus “principais inimigos”, obrigando-o a empurrar em vez de pedalar. A tarefa torna-se mais complicada ainda com pisos em mau estado e com o peso da bicicleta que “além de exigir maior esforço, às vezes torna-a mais difícil de conduzir”. E não será para menos, tendo em conta que nela transporta roupa e calçado, um estojo de higiene pessoal, tenda, um kit de cozinha, um livro e um computador, que perfazem um total de 40 kg. Os primeiros dias foram a verdadeira prova de fogo, não só pelo percurso “acidentado e fisicamente exigente”, mas sobretudo pela falta de treino e habituação do corpo. “Ainda não tive percalços de maior. O pior foi talvez ter-me perdido durante 10 km, ter lesionado um dedo e ter feito algumas bolhas nos pés”, conta.

| Rotina disciplinada | Depois de o sol raiar, Cláudio desmonta a tenda e arruma tudo antes de tomar o pequeno-almoço num café (caso não exista algum nas proximidades, ingere “aquelas papas de bebé, que são autênticas


vessar Portugal pelo interior

bre duas rodas bombas de energia”). “Aproveito para fazer a higiene básica e reabastecer de água na casa de banho. Faço-me à estrada, com uma paragem a meio da manhã para descansar e comer.”

| Descanso nas horas de maior calor | Ao almoço, procura alimentar-se “bem e em quantidade” num restaurante recomendado por alguma pessoa da localidade, aproveitando a hora de maior calor para descansar e aceder à Internet, nomeadamente para atualizar o blog. “Serve para manter os amigos e interessados a par, poderá funcionar como motivação para que mais pessoas venham conhecer os locais por onde passo e talvez me possa vir a ser útil como portfólio para projetos futuros.” Logo que o calor começa a diminuir, volta à estrada e pedala até à hora de jantar ou quando anoitece, com uma paragem a meio da tarde para descansar e comer. “Durante o percurso vou procurando visi-

tar sítios que me pareçam importantes e tirar fotografias”, relata. No declinar do dia, basta uma refeição mais ligeira, seguida do relato escrito da viagem. “Depois vou para o bailarico se o houver ou vou diretamente dormir.” Só que nem só de alegrias se ruma ao objetivo final. “Às vezes, penso que não vale a pena estar a ‘matar-me’ no pedal, podendo fazer a mesma viagem de forma mais cómoda ou até mesmo usar as férias para relaxar e apreciar o ‘dolce far niente’. Nessas alturas encontro motivação no caminho que já deixei para trás, nas paisagens incríveis e nas aventuras que já vivi e, claro, nas palavras de incentivo de conhecidos e desconhecidos.” Apenas em dois pontos do percurso (Bragança e Atenor – Miranda do Douro), o jovem teve uma motivação diferente. “Fui ao encontro de dois amigos, mas daqui para a frente não tenho mais nenhum «rendez-vous» marcado”, frisou. E Cláudio mantém a pedalada nestas férias que prometem ser inolvidáveis. “Sou eu, a bicicleta e a tralha que nela consigo levar.”


EPAMAC CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA: UMA NOVA

 TESTEMUNHO DE UMA EX-ALUNA DA EPAMAC

"O CET ABRE-NOS HORIZONTES E PREPARA-NOS PARA SERMOS EMPRESÁRIOS"

OPORTUNIDADE DE FORMAÇÃO PARA OS JOVENS QUE CONCLUÍRAM OU FREQUENTARAM SEM CONCLUIR O 12º ANO A EPAMAC iniciou no ano lectivo 2009/2010 uma oferta formativa inovadora para alunos que concluíram o 12º ano ou que o frequentaram sem concluir: um Curso de Especialização Tecnológica (CET – Nível IV) na área da Gestão da Animação Turística em Espaço Rural. Este curso, organizado em conjunto com a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima – IPVC – é um veículo, quer para a especialização de alunos em determinadas áreas profissionais e posterior entrada no mercado de trabalho, quer para o prosseguimento de estudo no ensino superior. Esta é uma oferta formativa que traz mais oportunidades para os jovens do concelho e concelhos limítrofes que terminam o ensino secundário sem expectativas de emprego ou de ingresso no ensino superior. É também uma boa oportunidade para aqueles jovens que não conseguiram concluir o 12º ano, mas que o frequentaram. No próximo ano lectivo (2010/2011) a escola pretende reforçar esta dinâmica com a abertura de nova turma do CET em Gestão da Animação Turística em Espaço Rural e com a abertura de um outro CET de Cuidados Veterinários. As inscrições já estão abertas e os interessados podem solicitar mais informação através do telefone (255 534 049) ou do correio electrónico da escola (epamac@gmail. com). Podem ainda solicitar o envio do desdobrável informativo para a residência.

Chamo-me Joana Ferreira; tenho 19 anos; frequentei a escola primária de Piares Penha Longa (1º ao 4º ano) e a Escola E.B. 2/3 de Sande (5º ao 9º ano); sou natural da freguesia de Paços de Gaiolo, mas vivo desde pequenina na freguesia de Penha Longa, ambas em Marco de Canaveses; sou Técnica de Turismo Ambiental e Rural (Média de 18) e actualmente frequento o Curso de Especialização Tecnológica (CET) em Gestão de Animação Turística em Espaço Rural (GATER). Foto obtida no Zoo Santo Inácio, em Vila Nova de Gaia, local de estágio da aluna.

Em que circunstâncias ingressou na Escola Profissional do Marco de Canaveses?

JOANA FERREIRA: Acabei o 9º ano numa escola de ensino dito normal e tive que fazer uma grande escolha: "o que fazer daí para a frente?". O meu grande gosto por animais, pelo Ambiente em geral e pelas tradições de cada região, fizeram-me optar por um curso onde pudesse contactar de perto com estes. Assim, decidi ir para a Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses (EPAMAC), frequentar o Curso de Técnico(a) de Turismo Ambiental e Rural (nível III), pois este para além de um curso profissional onde a vertente prática está mais acentuada, também dá equivalência ao 12º ano. Uma grande influência, também, foi o facto de um dos objectivos da escola ser preparar os seus alunos para o mundo do trabalho que os espera posteriormente, apoiandoos na realização de actividades extracurriculares que enriqueçam o seu percurso escolar e lhes mostre o "Mundo Laboral", deixando-os aptos a enveredar pelo Mundo do Trabalho.

Razões da escolha do curso de animação turística?

JF: 12º ano concluído é tempo de pensar "mais a sério" no futuro! Continuar a estudar, tentar arranjar emprego eram algumas opções. Então surgiu a oportunidade de frequentar um CET (Curso de Especialização Tecnológica) em Gestão de Animação Turística em Espaço Rural, na EPAMAC - a minha "casa" dos últimos 3 anos - em parceria com a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. Decidida a aprofundar os meus conhecimentos na área que me fascina inscrevi-me e fui seleccionada. Eu vivo numa aldeia pequena, sempre estive habituada a ter animais e a brincar no campo, daí o meu grande gosto por animais, pela Natureza e pelas Tradições que sempre se fizeram cumprir. No entanto, hoje em dia estes hábitos estão a cair no esquecimento

de todos, por isso, ao realizar este curso eu ganho mais bases para criar/realizar actividades de animação englobando o Mundo Animal, protegendo e preservando o Ambiente e ainda dando a conhecer as Tradições de cada região, uma vez que vale a pena descobrir as "maravilhas" de cada aldeia.

Com a realização do estágio profissional, quais são as perspectivas de emprego que se lhe abrem?

JF: Uma das grandes vantagens deste CET é o facto de ter incluído um Estágio Profissional de 550 horas numa entidade que realize as actividades que o mesmo inclui. Este pode não ser o nosso emprego futuramente, mas é certo que nos abre novos horizontes e ensina-nos a ver o Mundo Laboral atentamente, mais de perto e, claro pode mesmo ser uma grande ajuda no impulso necessário para, quem sabe, nos tornarmos empresários no Mundo da Animação Turística nos Espaços Rurais que estão cada vez mais a ser esquecidos e abandonados, mas que têm um forte e inegualável potencial turístico.

Que recordações guarda da sua passagem pela EPAMAC?

JF: Ao olhar para trás vejo que a EPAMAC foi uma Casa que me acolheu a mim e a tantos outros jovens que queriam aprender e crescer. Esta Casa esteve e está sempre de braços abertos para nos apoiar, quer seja em situações escolares, quer em situações pessoais. Cada momento vivido nas suas instalações está agora testemunhado em fotos e documentos, mas as maiores recordações, estão na minha memória. Sei que foi aqui que aprendi muito daquilo que sei hoje, sei que devo muito a esta escola, sei que foi aqui que fiz muitos amigos mas sei, que acima de tudo, fui muito bem recebida, acolhida e acompanhada por esta grande família que é a EPAMAC.


Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC


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repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

tâmega

Tradição familiar nos Voluntários de Vila Meã

Uma emissão didática

 Autocarro NFM vai percorrer as escolas Espreitar um mundo de microfones, fios, auscultadores, computadores e perceber toda a dinâmica da rádio é um sonho ao alcance de todos aqueles que se cruzam com o autocarro da NFM. “O conceito de rádio ao vivo tem esta particularidade de as pessoas poderem olhar, ver, sentir e falar elas próprias para a rádio”, diz o diretor, João Vinhas. Com um autocarro de dois andares transformado em estúdio, a NFM vai ao encontro dos seus ouvintes, estreitando a proximidade. “Podemos estar a emitir para lugares diferentes ao mesmo tempo, podemos estar a gravar e a emitir, podemos andar lá fora com microfones sem fios e fazer reportagens exteriores. A ideia é transportar a rádio para junto das pessoas.” Este mês, o autocarro da NFM vai andar pelas escolas do país e os alunos do ensino básico vão ter a oportunidade de conhecer a rádio por dentro e de se estrearem aos microfones. “É sempre um sonho e nós podemos estar a emitir num estúdio e no outro a fazer testes com eles”, refere João Vinhas. Essa será uma forma de fazer serviço público com os mais pequenos. “Todas as crianças querem trabalhar em televisão, ser atores e, afinal, porque não trabalhar na rádio? Queremos que conheçam o meio rádio”, explica Mariana Couto, animadora do programa da manhã. O autocarro andou em digressão pela costa vicentina e pelo litoral alentejano, registando a visita de um milhar de pessoas só na primeira semana na estrada. “Os portugueses desconfiam sempre quando olham a primeira vez, mas a curiosidade leva-os a aproximarem-se para perceberem o que é isto. Como nunca viram nada semelhante, ficam espantados”, conta João Vinhas. O interesse em conhecer as vozes que estão do outro lado torna-se secundário. “Somos completamente abafados pela grandeza do autocarro. As pessoas ficam curiosas em saber quem fala, mas é uma coisa de dois segundos. Depois, querem ver a outra sala, os microfones, os computadores”, revela .

| Um trabalho prazeroso | À saída, as impressões fazem-se ouvir: “é mesmo bonito”; “é assim que é a rádio? Nunca imaginei…” E há também histórias que se propagam na memória destes profissionais. Mariana lembra que, em Portimão, um ouvinte entrou no autocarro, perguntou se podia sentar-se para ver a emissão e nunca mais se foi embora. “Teve que vir outro colega a pedir para se retirar, porque ele fazia perguntas de 5 em 5 minutos e nós tínhamos que estar mais concentrados.” Já em Armação de Pêra, onde decorria uma feira popular, um senhor viu o autocarro e entrou para oferecer fichas para os carrosséis. “Pusemolo a falar na rádio como se estivesse a falar nos microfones da feira a anunciar mais uma voltinha”, conta João. Percorrer milhares de quilómetros para fazer emis-

sões pressupõe uma grande capacidade de esforço e de resistência. “No Algarve, estávamos de manhã em Vila Nova de Milfontes, à tarde na Zambujeira do Mar. Exige deitarmo-nos à uma da manhã e levantar às 4, estarmos preparados para falar dos assuntos, conhecer as cidades, pesquisar sobre as suas realidades”, relata o diretor, que anima também o programa matinal. As emissões são devidamente planeadas, com convidados agendados e horários alinhados, mas o improviso serve para lidar com muitas situações. “Em Albufeira, o presidente só podia estar connosco até às 8h50, mas depois ficou até às 10h, porque estava a gostar muito”, exemplifica. Bem-disposta e sorridente, Mariana Couto, 30 anos, confessa que gosta muito de andar “com a mala às costas”. “Sempre gostei deste registo de falar com as pessoas que vão na rua, de sentir os sorrisos, as peles, aquela vergonha de não querer falar para a rádio. É quase um trabalho que não pode ser considerado como tal porque é um prazer.” Por isso, garante, não custa acordar todos os dias às 5 da manhã ou percorrer o país e estar semanas sem ir a casa. “O sentimento de missão cumprida é tão grande que compensa tudo isso”, conclui. A jovem portuense sente-se orgulhosa por integrar o “projeto atrevido” da NFM, porque todos os dias são um desafio. “Acordar num local diferente é fantástico e como começamos às 6 da manhã, temos a oportunidade de ver o dia nascer e a cidade a ficar em ebulição.”

| Uma rádio de palavra | Na era do digital, em que se perspetivam ameaças ao meio radiofónico, o advento da NFM está no contacto com as pessoas de viva voz. “Não sabemos fazer uma rádio de música. Esta é uma estação que tem de ter palavras. Precisamos de ter gente e conteúdos. Uma estação que tenha apenas música tem de estar mais preparada para ter como concorrência direta um simples iPod ou a Internet, em que cada um faz a sua playlist”, sublinha João Vinhas. Também Mariana Couto defende que a mística da rádio está “em alta e a recuperar”. “Quem pensa que a rádio é um meio pobre, sobretudo com a televisão, a Internet, os iPods e tanto acesso à informação, está enganado. Toda a gente gosta de sentir companhia e nós trazemos a magia da palavra.” A emitir para Norte, Oeste, Ribatejo, Alentejo e Algarve, na NFM privilegia-se a interação com os ouvintes, as suas histórias e os seus lugares. “Nenhuma estação com características nacionais, como nós aspiramos ter, vai falar com o presidente da câmara de Albufeira a menos que caia uma arriba. Nas estações nacionais ninguém ouve as temperaturas de Amarante ou Aljezur e devemos dar atenção a essa realidade”, sustenta o diretor. P.P.

A corporação de Bombeiros Voluntários de Vila Meã, em Amarante, detém um recorde no país – é o corpo de bombeiros com mais elementos da mesma família – 13 no total. São pais, filhos, irmãos, tios, sobrinhos, primos e cunhados. Este grupo de homens e mulheres com parentesco entre si já representa 10 por cento dos 122 elementos da corporação. O primeiro da família a chegar à corporação foi Albano Silva há já 29 anos. Barbeiro de profissão, bombeiro sempre que pode, confessa-se “orgulhoso e até vaidoso” por ter sido aquele que iniciou esta tradição familiar. Além da restante família, nos Bombeiros Voluntários de Vila Meã tem neste momento o seu filho mais novo, mas já teve também o mais velho – que agora está ausente “porque escolheu a farda da tropa” – e Albano, 48 anos, recorda à Lusa que na escola, quando lhe perguntavam o que ele queria ser, respondia sempre e sem hesitações: “quero ser bombeiro!”. “Nós somos todos uma família. Mas quando há família chegada há sempre mais vontade de aparecer aqui. Há mais harmonia, mais amizade e um convívio diferente”, evidencia o bombeiro. Mas se Albano foi o primeiro dos treze a integrar a corporação, o último foi o jovem João Marques, de apenas 15 anos, que conhece bem os bombeiros porque desde muito pequeno ia para o antigo quartel com a mãe, que era então centralista, para além de ver sempre o seu pai sair para ajudar os outros. Apesar de ainda não saber aquilo que quer fazer “quando for grande”, o jovem João – apenas há três meses na organização - garante que sempre soube que quereria ser bombeiro, opção que o pai aplaudiu mas que a mãe, de início, receou. Gerir o tempo para ir às aulas, trabalhar como auxiliar de ação médica no Hospital de S. João e ser bombeira é um verdadeiro puzzle para Marisa Sousa, de 27 anos, que apesar de conhecer desde sempre os voluntários de Vila Meã é bombeira há 16 anos. “Sou bombeira por paixão, que se calhar até já nasceu connosco, e sou-o também pelo incentivo dos tios e do resto dos familiares. Tinha que vir parar aos bombeiros, sem dúvida”, sublinhou.


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actualidade I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repĂłrterdomarĂŁo


Venda das atuais instalações permitará construir esp

Adega do Marco e Cooperati Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com | Fotos | AFEDT e RM

P

ara “juntar sinergias” está a ser preparada a fusão da Cooperativa Agrícola e da Adega Cooperativa do Marco de Canaveses. A Direção tenciona vender o imóvel da Adega, em Tuías, e construir um espaço comum para os serviços da Cooperativa, da Adega e da Associação Florestal de Entre Douro e Tâmega. A saída da Adega e da Cooperativa Agrícola dos espaços que ocupam atualmente e a construção de uma sede nova para a Associação Florestal de Entre Douro e Tâmega (AFEDT) é um assunto que “já foi discutido em assembleia e está para avançar”, disse ao Repórter do Marão o presidente da Direção das três entidades, Amadeu Marramaque Encarnação (à esq. na imagem). O objetivo é “juntar tudo o que diga respeito à atividade agrícola do concelho, ficar tudo no mesmo sítio, a parte da compra de produtos e a parte burocrática”. Um espaço novo vai permitir “criar condições novas de acesso, de parqueamento e de qualidade aos utentes” e, por outro lado, “juntar sinergias”, defende Marramaque Encarnação que deu ainda conta de que “os serviços de contabilidade e administrativos já trabalham em parceria. Com o mesmo pessoal e o mesmo equipamento ser-

vem-se as duas organizações. É muito mais fácil a pessoa ter um sítio único onde vai tratar de tudo. A Cooperativa está no meio da cidade, com problemas de espaço e de estacionamento”, lembra o presidente da Direção. A Adega Cooperativa do Marco é de 1954. “Na altura era o melhor que havia, hoje está desadequada”, diz o presidente da Direção. “Pretendemos aproveitar o armazém que temos em Tuías, com 600 m2 de área coberta” e instalar lá as três organizações representativas da agricultura e silvicultura. Os associados “já concordaram na generalidade com a ideia” e a decisão do que fazer ao património será tomada em assembleia geral pelos sócios. Neste momento a Direção está “à espera da avaliação do património” das duas cooperativas “para depois fazermos a fusão e a equivalência das ações. Fazendo-se a fusão efetiva, todos os sócios ficam donos de tudo. A Adega já teve cerca de 400 sócios. Atualmente tem cerca de 90. Neste momento na Cooperativa estamos reduzidos a 35 sócios. A nossa ideia é alienar a adega”. A Direção tem “um cálculo” de que conseguirá “resolver o problema com 750 mil euros”, aproveitando a parte de construção do edifício localizado na estrada para Avessadas e algum equipamento da Adega. Para Marramaque Encarnação, o imóvel da Adega (situado na zona industrial) “vale à vontade um milhão de euros. Agora, quanto é que vai dar? Depende muito. Já se perderam algumas oportunidades. Não podemos avançar sem a aprovação da assembleia. Prevemos vender aquilo por um preço razoável”, referiu afirmando pretender deixar as três organizações “em casa nova e, mais im-

portante que isso, deixar tudo equilibrado financeiramente”.

| Associação Florestal já tem 400 associados | Presidente da Direção da AFEDT desde a fundação (em 1996), Marramaque Encarnação diz que “o que está neste momento na calha é um projeto um bocado ambicioso, que dá muito trabalho” porque “os portugueses não têm espírito de associativismo desenvolvido, são individualistas, desconfiam uns dos outros. É um projeto que espero levar a cabo para [depois] me ir embora” da Direção, anunciou. A AFEDT começou numa sala cedida pela Adega do Marco (depois mudou para a sede da Junta de Tuías) e foi criada por proprietários que precisavam de apoio técnico para desenvolver as suas áreas florestais. A zona de atuação da AFEDT, que tem cerca de 400 associados efetivos, abrange os concelhos de Amarante, Baião, Marco de Canaveses, Cinfães e Resende. É através do contacto direto com os associados, a quem presta “vários serviços para os ajudar a defender, a gerir e obter melhores rendimentos da sua floresta” que a AFEDT promove o associativismo florestal, procurando “valorizar a floresta muito além da madeira em si”. E nesse aspeto, destaca o coordenador técnico, António Neto, “há um atraso que é de “décadas” comparando com alguns países nórdicos. A Associação tem quatro equipas de sapadores flores-


aço para acolher também a Associação Florestal

va Agrícola preparam fusão tais (uma por cada concelho, com exceção de Resende) e uma equipa de trabalhadores florestais criada através de um protocolo com o Centro de Emprego (que inclui 25 desempregados de longa duração) a que se juntam três técnicos e uma administrativa. “Temos diversos protocolos e com as câmaras municipais definimos as áreas prioritárias de intervenção. Através de silvicultura preventiva, os sapadores têm como trabalho criar condições para que a floresta fique mais resistente ao fogo. A atividade principal é a limpeza de mato e vegetação em faixas junto aos acessos principais a zonas de floresta”. Outros trabalhos das equipas de sapadores são as ações de sensibilização e de vigilância. “Há um ponto de vigia para onde os vigilantes vão quando o nível de alerta é amarelo ou superior, quando há risco elevado de ocorrer um incêndio. Havendo um incêndio num setor onde eles sejam responsáveis passam da vigilância à primeira intervenção. Também apoiam os bombeiros no combate aos incêndios”.

| Ampliar o número das ZIF | A equipa permanente de trabalhadores florestais presta apoio aos associados. Efetua “desde limpezas estratégicas, às plantações, podas e desbastes”. As Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) têm merecido “esforços continuados” da AFEDT. Criada em junho, a ZIF de Montedeiras é a primeira no concelho do Marco. Este ano foram criadas as ZIF de Aboim e de Gondar, em Amarante. “Estamos a trabalhar numa outra

que corresponde à margem direita do rio Tâmega, entre Freixo de Cima e Maureles, abrangendo parte dos concelhos de Amarante e do Marco de Canaveses”, adiantou António Neto. “As ZIF pretendem que uma determinada área florestal se desenvolva de uma forma organizada”, explica o técnico. “São criadas de maneira a tornar eficaz o ordenamento e a sustentabilidade dessas áreas florestais. Dentro daquele espaço existem centenas de proprietários, centenas ou milhares de parcelas. Em Montedeiras, verificámos que em 1 000 hectares existem qualquer coisa como 1 820 prédios rústicos, 726 proprietários. Mas estamos a falar de uma área só, a serra de Montedeiras. Se ela for organizada, tiver planos de gestão, de ordenamento, que dêem as pistas sobre como gerir melhor aquele espaço temos as condições ótimas para rentabilizar os investimentos e melhorar a produtividade dos povoamentos”. A AFEDT está “a investir nas ZIF” e vai continuar a fazê-lo. “É óbvio que este trabalho de organização de

base dos proprietários é um trabalho muito demorado, persistente, continuado. A criação destas ZIF´s é apenas o início. Daqui para a frente muito trabalho há para fazer”, antevê o técnico. Numa ZIF há várias valências que podem ser exploradas. É o caso da “produção de mel, o próprio turismo é perfeitamente possível, a biomassa, a produção de madeira de qualidade. Se o território estiver devidamente organizado esses investimentos são muito mais seguros. Muito mais do que se cada um andasse a investir por si próprio. Se, de uma forma organizada, planearmos melhor as atividades daquele espaço cada um per si tem melhores condições de estar precavido contra os incêndios, rentabilizar os investimento e ter mais proveitos no futuro”, defende António Neto. A AFEDT está a desenvolver a certificação florestal para os associados e nas ZIF, fazendo parte da Associação de Certificação Florestal do Tâmega, criada por várias entidades para fazer a certificação florestal na região.


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O teste do Orçamento do Estado Orçamento do Estado (OE) para 2011. A menos de dois meses da data para Ao lançar esta ameaça na rentrée de apresentação do Orçamento do Estado Quarteira, Passos Coelho olvidou que o na Assembleia da República, os dois princompromisso de limitar as deduções fiscais cipais partidos iniciam o ano político num em saúde e educação foi assumido perante clima de alguma tensão e trocam entre si a União Europeia aquando da aprovação do acusações que deixam os portugueses a PEC II, com o voto favorável do seu partipensar numa crise política a breve prazo. do. Por outro lado, o PSD recusa-se a aponTudo aquilo que o país não precisa. tar prioridades na redução da despesa púO líder do PSD, Pedro Passos Coelho, blica, mostrando-se desde logo incapaz de cinco meses depois da sua eleição, comedar o exemplo nas autarquias que lidera e ça a sentir a pressão de alguns dos apoianno Governo Regional da Madeira. Pelo contes mais próximos, ávidos da conquista do trário, está sempre na primeira linha dos poder. Passos Coelho começou bem, mereprotestos contra qualquer decisão do Govercendo elogios unânimes por viabilizar a segunda vaga do Programa de Estabilida- José Carlos Pereira no de racionalização dos serviços públicos. O primeiro-ministro e líder do PS, José de e Crescimento (PEC) e por dar sinais Gestor Sócrates, respondeu à letra ao enunciar as de entendimento com o primeiro-ministro fragilidades das posições do PSD, vincando que o PS não num momento em que era determinante Portugal surgir está disposto a trocar a viabilização do OE pela cedência aos olhos dos mercados financeiros e da comunidade interàs propostas do PSD em matéria de revisão constitucional. nacional com as principais forças políticas unidas no propóSócrates sabe que o tempo joga a seu favor e que não há sito de vencer a crise. qualquer hipótese de “fechar” a discussão orçamental até 9 Contudo, o PSD profundo, afastado do poder desde de Setembro, data a partir da qual Cavaco Silva fica impe2005, sentiu que devia tirar partido de alguns dossiers que dido de dissolver a Assembleia da República. desgastaram o primeiro-ministro e o Governo e começou a Creio no entanto que o PS, limitado pela impossibilidapreparar o assalto ao poder. Não contavam os sociais-dede de diálogo com os partidos à sua esquerda, o que não mocratas com o verdadeiro flop em que se transformou o deve alterar-se nos tempos mais próximos, acabará por priseu projecto de revisão constitucional, uma das peças em vilegiar um entendimento com o PSD para viabilizar o OE. que assentava a estratégia de criar rupturas com o PS. Os dois partidos centrais do nosso regime devem aos portuEsse projecto de revisão constitucional, que hoje anda gueses um OE rigoroso e exequível para 2011, que dê conem bolandas e sem paternidade assumida, acentuava uma fiança aos mercados e vá de encontro aos compromissos aspostura liberal e de enfraquecimento do sector público, seja sumidos perante a União Europeia. na educação, na saúde ou nas políticas sociais, e abria porSócrates e Passos Coelho têm aqui um teste à sua catas a uma menor rigidez nos despedimentos dos trabalhapacidade política e à sua condição de estadistas. A recupedores. Num momento de dificuldades como o que vivemos, ração da economia nacional em nada beneficiaria com um este foi um verdadeiro tiro no pé que o PSD tenta agora eventual chumbo do OE, a introdução do regime de duocorrigir ao levantar a voz contra as limitações das deduções décimos até pelo menos meados do próximo ano e um préfiscais em saúde e educação e em favor de mais cortes na anúncio de instabilidade política. despesa pública, fazendo depender disso a viabilização do

As touradas

à Humanidade. Pelo direito dos animais. Contra a tortura Falar de touradas é falar de um dos espectáculos mais e o sofrimento animal. degradantes que eu conheço. No meu entender, as touraA nossa querida RTP transmite muitas vezes este trisdas põem em evidência toda a nossa mediocridade, enquante espectáculo, julgando estar a prestar um serviço públito seres pensantes. co. É um espectáculo que a RTP leva para o ar, ignoranNão adianta chamar para aqui uma quantidade de addo estar a contribuir para o embrutecimento jectivos para qualificar a chamada "festa brada nossa sociedade. Não consigo entender os va". Era chover no molhado. E molhado por critérios usados pela televisão do Estado, ao molhado, prefiro o molhado da chuva, que o fazer a cobertura de uma coisa daquelas não molhado do sangue dos touros nas arenas. sei quantas vezes em cada verão (não esqueHá quem compare "aquilo" com o futecendo que o canal 2 tem ao domingo um probol ou com o cinema, sustentando que é um grama com o mesmo conteúdo) quando por espectáculo como outro qualquer. Há quem exemplo o teatro, a ópera, o bailado, os condiga que "aquilo" é arte, que "aquilo" é cultucertos, são ostensivamente esquecidos. Esra. Mas nós, os amigos dos animais, sabemos tamos a falar de uma estação televisiva que muito bem o que "aquilo" é. Os aficionados recebe milhões dos bolsos dos contribuinnão têm argumento para solidificar tamates e que devia ser uma âncora de desenvolnho mau gosto, tamanha selvajaria, tamavimento cultural e intelectual dos portuguenha aberração. Eles não sabem, não pensam, ses. Entre o conhecimento e a brutalidade, nem sonham, porque são pura e simplesa RTP não sabe o que é melhor para as pesmente destituídos de algo que é elementar soas. num ser humano: sensibilidade. Mas o mais impressionante é constatar É recorrente os amantes da barbárie vi- Fernando Beça Moreira que localidades que não têm qualquer tradirem com aquela conversa de que os anti-tou- Penafiel ção nestas coisas se dêem ao luxo de realizar radas são capazes de comer carne, ignorando esses hediondos espectáculos. Estou a falar concretamente que não é preciso ser vegetariano para defender os animais da minha terra, Penafiel, que foi há cinco ou seis anos, bafesejam eles quais forem e onde estiverem. O importante jada com esta sangrenta festa e de Baião, ainda há dias. São aqui, e eles continuam a não perceber, é não infligir seja em sociedades culturalmente atrasadas. São sociedades não de que circunstâncias forem, dor e sofrimento para nosso ditradições, mas de "tardições". vertimento. E é isso o que as touradas contêm. "Há quem goste", costumam ainda dizer, os amantes Aguardo ansiosamente pela proibição de touradas ou dessas histórias horripilantes. Eu pela minha parte, digo de qualquer tortura animal em Portugal, e que essa proibique não gosto de touradas, nem gosto de quem gosta delas. ção seja aprovada o mais rapidamente possível. Há já uma Felizmente que gosto de muita, muita gente. petição oficial a circular para recolher o número de assinaTiro o meu chapéu a Viana do Castelo, primeira cidade turas necessárias para levar à Assembleia da República anti tourada deste pobre, pimba e incendiário país. esse tema. Se todos assinarmos estamos a fazer um favor

opinião

O CMIN tem solução O Centro Materno-infantil do Norte é um problema que se arrasta há pelo menos duas décadas e que tem sido objecto de sobressaltos e contratempos que têm impedido a sua concretização. A história deste projecto é fértil em episódios e discussões que não abonam em nada o prestígio de políticos e instituições. Já chega de problemas de última hora e é mais do que tempo de colocar um ponto final nas duas estruturas ultrapassadas e até perigosas para os utentes que servem o Porto e a Região, o Hospital de D. Maria Pia e a Maternidade de Júlio Dinis. A sua substituição por um equipamento moderno, bem equipado, associado a um grande hospital central e capaz de responder às exigências dos nossos tempos (o CMIN) é uma emergência social e uma exigência de todos os que se preocupam com a qualidade de vida na Região. A actual divergência entre a Câmara Municipal do Porto e o Governo, que neste moMarco António Costa mento se traduz Vice-Presidente do PSD e da num impasse C.M. Vila Nova de Gaia regulamentar, mostra também que uma solução viável e definitiva pode passar por deslocar o projecto do centro da cidade e dos inevitáveis problemas de acessos e mobilidade, instalando-o noutro local. A proposta de construir o CMIN no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, além de ser um contributo decisivo para o desbloqueamento de um impasse político-administrativo sem fim à vista, impedindo mais um adiamento do início da concretização do hospital, responde a todos os requisitos esperados e apresenta vantagens importantes. Ficará junto a um grande e moderno centro hospitalar central, tem excelentes acessibilidades e acabará por estar no centro de uma concentração de mais de um milhão de pessoas a Norte e a Sul do Douro e complementando com todas as vantagens a acção do futuro hospital pediátrico do S. João (O “Joãozinho”). Não é, aliás, por acaso que muitos médicos e especialistas da área, desde a Ordem dos Médicos até pediatras e obstetras, têm elogiado e apoiado a proposta de Vila Nova de Gaia. Neste momento o que é preciso é ultrapassar o impasse. Como autarca espero que não seja a luta partidária ou uma eventual marcação de terreno por parte de uma proto-candidatura socialista à Câmara portuense a dificultar uma solução. Mães e crianças não têm culpa das divergências dos políticos ou de artificiais querelas entre instituições e é nossa obrigação encontrar as soluções mais adequadas e eficazes. O que é urgente é uma descomplexada decisão política por parte do Governo, que ponha de lado cores partidárias ou cálculos eleitorais futuros e seja capaz de escolher a solução que melhor sirva as populações da Região Norte. E as boas relações entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e o Ministério da Saúde podem ser a garantia de uma solução rápida e a contento dos interesses regionais. Haja vontade política!


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opinião

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Novos desafios para os jovens Seria bom pensarmos e aprofundarmos Não posso deixar de anotar e acompaum maior envolvimento das populações com nhar, com curiosidade, a fantástica aventura as suas vivências tradicionais, expondo-as da Câmara Municipal de Amarante quando, mais aos contactos com os consumidores desem 12 de Março de 2010, formalizou a sua intes produtos sempre ávidos de experiências tegração no Projecto Rota do Românico do inovadoras e genuínas e, assim, refundar caVale do Sousa. A congregação de esforços, minhos que concretizem experiências enolódo Vale do Sousa e do Baixo Tâmega (1), segicas e gastronómicas únicas direccionadas, rão, no futuro, pólos catalisadores de desenainda subaproveitadas, onde o Município e volvimento sustentado, se os seus promotoparticulares poderão criar riqueza. res quiserem e souberem, e que, numa visão Têm sido importantes as iniciativas camais global, poderão aproveitar o potencial marárias de divulgação apelativa de produdo Douro Vinhateiro, com ligações a rotas tetos tradicionais mas, no entanto, a convivência máticas que se expandem pelo Minho. com a sua génese é imprescindível para criar Admiro e valorizo esta sensibilidade intedesenvolvimento sustentável (4) de iniciativa lectiva de visão prospectiva que pode qualifiprivada, com certeza impulsionado pelas enticar e requalificar recursos humanos, gerar ridades públicas. O próprio simbolismo cultural queza e garantir empregabilidade: trata-se, imaterial tornado visível a expensas públicas, efectivamente, de uma assunção sócio-ecoe bem, necessita de vivências e experiências nómica, de cariz vincadamente cultural, eslocais que, em conjunto com as escolas, posencial para a formação do homem e, particuderão ser criadores e irradiadores de cultura. larmente, constituir-se como um contributo Da atracção à irradiação vai um passo fundadecisivo para a culturização e formação de jomental, o de integrar e relacionar fluxos turísvens, transformados por esta via em verdaticos em rotas temáticas conexas com os grandeiros agentes culturais dinamizadores das des movimentos nacionais e internacionais: regiões. o turismo da natureza que aproveita as beleNa minha perspectiva, é necessário aprozas paisagísticas locais e as integra em rotas e veitar esta força, reconhecidamente meripercursos contíguos e circundantes; circuitos tória a nível político, que, aliada à formação em espaço rural que potenciam a conciliação especializada e colocada à mercê dos jovens entre o enológico único e o gastronómico; do nas escolas locais e regionais (2), será um património edificado e artístico material aliasustentáculo de desenvolvimento futuro. É do a vivências religiosas impares que, integraum mundo a despontar que se abre a todos, das nos grandes movimentos com certeza já com frutificaespirituais seculares, trariam ção noutros lugares, mas que mais visibilidade e riqueza ao necessita de verdadeiros innosso burgo. térpretes culturais predisposA consumação destas sentos para mobilizar saberes culsibilidades, e sempre por initurais de fruição estética e de ciativa dos poderes públicos elevada apreciação patrimoconciliados com os privados, nial no domínio do edificado e transformaria de forma radiartístico, a precisar de um emcal as potencialidades sóciopreendedorismo que se mova económicas da nossa localina área do turismo cultural e dade, contribuindo para o tal ambiental que se espelha nos desenvolvimento sustentável, monumentos e lugares, na cula médio e a longo prazo, intura contemporânea, no modo Sílvio Macedo de vida de um povo ou região: Professor Colég. S. Gonçalo terferindo positivamente na qualificação dos recursos hué a manifestação de pureza étmanos e melhoria da qualidade de vida das nica criadora no seu estado mais genuíno. É populações, onde as escolas, com a formação este reconhecimento, aberto ao outro, da sua de agentes culturais garantiriam um novo etnicidade, que contribui para expelir etnoempreendedorismo que a todos beneficiaria. centrismos e se aproxima de vivências de alteridade multiculturais. Na era da prevalência da economia so(1) Parece haver uma nova dinâmica nesta sub-região, como atesta a entrevista concedida por José Luís Carneiro, bre quase todas as actividades humanas, o presidente da Dólmen, ao jornal «Repórter do Marão» de produto «turismo cultural»(3), que se espraia Agosto de 2010. O objectivo é a captação de investimentos pelas rotas temáticas, no turismo do espaço para os repartir pelos sectores tradicionais e na dimensão rural e alojamentos locais, na implementaturística, contribuindo decisivamente para a criação de riqueza e para o desenvolvimento integrado do território. ção de circuitos, na vivência das actividades (2) A este propósito veja-se o Curso Tecnológico de Tude animação, no turismo de eventos e do parismo Cultural e Ambiental, do Colégio de S. Gonçalo e, na trimónio material e imaterial, entre outros, e escola Lago Cerqueira, o Curso de Técnico de Turismo, o potencia desenvolvimento durável com critéprimeiro mais abrangente do que o segundo, este de cariz mais técnico. Contudo, respostas e iniciativas formativas rios de qualidade de vida e da sua melhoria, quase gratuitas para os formandos. pode e deve convocar quase todas as pesso(3) No sentido de elucidar os leitores, veja-se o trabalho as de uma localidade ou região. Neste conde Xerardo Pereira Perez, «Turismo Cultural: Leituras de texto, Amarante possui um potencial endógeAntropologia, UTAD», que valoriza a definição de turismo cultural de Greg Richard(2000)assim: «o modo como os tuno próprio, fundamentado na sua localização ristas consomem a cultura, sendo esta o conjunto das crengeográfica privilegiada de atracção e irradiaças, ideias, valores e modos de vida de um grupo humano, ção de fluxos turísticos. O Município devermas também os artefactos, a tecnologia e os produtos de um se-á tornar, num futuro próximo, num pólo de grupo humano». (4) O conceito de «Desenvolvimento Sustentável» é, atracção centrífugo para usufruir também do normalmente, definido como o desenvolvimento que procupotencial de desenvolvimento turístico exóra satisfazer as necessidades da geração actual, sem comgeno que emerge consistentemente e aceleprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem radamente nas regiões circundantes. as suas próprias necessidades.

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A língua é a nossa P(M)átria? Haverá verdades ou regras absolutas?

Que não há verdades absolutas também o senti na profissão em que a “verdade” era a que eu eventualmente presenciara, ou o que ia sabendo nas variantes de quem a contava. Existia ainda o sagrado dever de a todos ouvir e por igual respeitar. Isto veio a propósito da nota do RM na minha última crónica que, preventivamente, dizia não estar escrita conforme ao recente acordo ortográfico que é, para mim, a forma de escrever o que se quer dizer de modo a que se entenda. Daí lembrar a Escola Primária onde, o professor Pena - “terror ortográfico”- não tolerava erros ou faltas, nas sabatinas e o que ele chamava de «breakfast`s» e «bolos» com que nos aterrorizava após o almoço. Assim lá fui cumprindo religiosamente até ao primeiro embate nos livros técnicos que, por escassos, eram mais acessíveis em traduções “brasileiras”. Depois foi a Redacção do JN, grande exemplo de correcção ortográfica e não só. Desde a preocupação de quem escrevia, na dúvida corrigida logo com colegas, até aos olhares atentos dos chefes, dos professores de português que à tarde vinham dos liceus da cidade “rever” as provas, e dos maquetistas e gráficos, todos garantiam a impoluta grafia. Armando Miro Passando ao largo tudo o mais até às recentes Jornalista manifestações pró e contra o “tal” acordo, dos sensatos aos vociferantes, baralho-me ainda mais nas posições de pensantes e intelectuais. Vá lá a gente saber o rumo a dar ao apoio ou desacordo. Chegou-me em férias aquela nota e, uma das coisas que me ocorreu, foi pensar o que levaria os nacionalistas espanhóis, que alguns nem sequer querem ser, a quererem impor a sua língua como primeira opção. Sem dúvida (?) que a nossa língua é a nossa Pátria, como disse Pessoa , ou Mátria com disse Natália Correia, e sem dúvida também que, em muitos casos, foi uma forma de afirmação de identidade de povos oprimidos, proibidos de usar a própria língua, que dela fizeram bandeira e símbolo de afirmação e luta. Pensei por que raio os espanhóis não querem falar o castelhano que todos deveriam entender. Mas se têm uma que é a deles desde o berço, a primeira com que se exprimiram e até aquela onde às vezes só nela encontram a forma do que querem exprimir não era uma verdade? Como é que se traduz uma palavra que, exprimindo um sentimento, só a entende cabalmente quem a sentiu e aprendeu por sentir. Será fácil descrever um sentimento? Respeitará a tradução para outras línguas o que disse Camões, Pessoa, Agostina, Saramago, Lobo Antunes ou tantos outros? Assisti várias vezes, em Mateus, às traduções de poesia de vários países de línguas que apenas sabia existirem. Quantas vezes, lidos os poemas - em português pelos tradutores e na materna língua pelos autores - não “entendi” melhor os segundos mesmo sem saber o que diziam... Sabemos que há línguas, variantes da língua, dialectos, regionalismos, localismos e outras coisas mais, nas mais variadas formas de verbalizar, vindo depois a posterior necessidade, ou não, de as escrever – a Ortografia. Só em Timor, onde apenas o Tetum tinha uma recente gramática e ortografia onde ainda mergulhei um pouco (1969/71), havia perto de 30 dialectos, sendo aquele quase comum a todos. Recordo tanmbém, a propósito, ter acompanhado na Galiza os primeiros passos do galego institucionalizado na pós democracia, e as universitárias guerras compostelanas que, alternadamente, justificavam a evolução deles a partir do nosso galaico ou do galês/francês. Tempos depois, numa estadia num hotel da Galiza, ao ver um filme supostamente legendado em galego já oficial, nada percebi. Julguei tratar-se de um engano e não adivinhei que língua era aquela que servia a legenda do filme. De manhã, na recepção, perguntei ao empregado (galego) o que teria acontecido. Ele, que também tinha visto o filme, disse-me logo: deixe lá que eu também não percebi nada. Há para aí uns intelectuais que fizeram um galego novo. Em que ficamos então? Apenas sei que, enquanto puder e me deixarem (e quem terá autoridade para mandar o contrário), usarei o português que balbuciei no colo, que depois usei e grafei para me exprimir e comunicar para ser entendido pelos meus e não só. Quero continuar a vestir um fato e não um terno, e a expor os factos, onde o “c” não cai por que não é mudo, a dizer e escrever tudo conforme o sei e o sinto. A diversidade também ajuda a entender-nos e fomenta o diálogo. Se o português fosse o mesmo em Portugal e no Brasil, nunca teria as tão saborosas e ricas conversas com aquele empregado que me serviu na praia e não entendeu o pedido. Se ele o fizesse à primeira teria ficado por ali a conversa e pronto. Mas o facto mais recente, catalizador deste escrito, foi quando em minha casa um dos operários disse a outro da mesma terra, uma aldeia do Douro Vinhateiro: o meu rapaz, que foi este ano para a primária de (e disse o nome da aldeia ao lado da deles), já fala à moda dos de lá...


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Mobiliário de Paços de Ferreira aguenta a crise

Jornadas do PSD Marco vão ser realizadas anualmente As jornadas de verão, organizadas pela Comissão Política Concelhia do PSD do Marco de Canaveses, “conseguiram ultrapassar as expectativas na adesão popular ” e vão realizar-se anualmente, anunciou Rui Cunha, líder da Concelhia do PSD. O evento social-democrata contou com a presença do vice-presidente do PSD, Marco António Costa, que afirmou que a iniciativa fará parte do calendário do PSD nacional. Durante as jornadas, que reuniram dezenas de militantes e simpatizantes, foram feitas visitas a Alpendorada, ao cais de Bitetos e à cidade romana de Tongobriga, em Freixo (foto), tendo “como principal objetivo a participação ativa junto da comunidade marcuense abrangendo transversalmente os setores económico, cultural e turístico”.

ÉDITO Faz-se público que, nos termos e para os efeitos do Art. 19º do Regulamento de Licenças para Instalações Eléctricas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26 852, de 30 de Julho de 1936, com redacção dada pela Portaria n.º 344/89, de 13 de Maio, estará patente na Secretaria de MUNICÍPIO DE AMARANTE e na DIRECÇÃO REGIONAL DA ECONOMIA DO NORTE, Rua Direita do Viso, 120, 4269-002 PORTO, todos os dias úteis, durante as horas de expediente, pelo prazo de quinze dias, a contar da publicação deste édito no “Diário da República”, o projecto apresentado pela EDP DISTRIBUIÇÃO - ENERGIA, SA, DIRECÇÃO DE REDE E CLIENTES NORTE, para o estabelecimento da LN Mista a 15 KV, LN AMARANTE - BAIÃO (1. Troço) - (modificação - substituição vão 16 - 17 de LN aérea para subterrânea), na(s) freguesia(s) de S. Gonçalo e Madalena, concelho(s) de Amarante, a que se refere o Processo nº. EPU / 11994. Todas as reclamações contra a aprovação deste projecto deverão ser presentes na Direcção Regional da Economia do Norte ou na Secretaria daquele Município, dentro do citado prazo. Direcção Regional da Economia do Norte, 05-05-2010

O DIRECTOR REGIONAL (Manuel Humberto Gonçalves Moura)

Reporter do Marão, N.1243 - set'2010

Jorge Manuel Costa Pinheiro

GNR defende redução de velocidade nas estradas

O responsável pela nova Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da GNR considera "imprescindível" que os condutores reduzam a velocidade com que circulam nas estradas, pois esta é a "grande causa" da sinistralidade em Portugal. Em declarações à agência Lusa, o tenente coronel Carlos Duarte referiu que o objetivo desta nova estrutura da GNR é "melhorar a coordenação em toda a área do trânsito" que envolve mais de 2 100 elementos da Guarda em todo o país. Segundo disse, a nova estrutura é um órgão técnico e funcional, destinado a coordenar todo o trânsito sob a alçada da GNR e que para já conta com 10 militares, todos experientes e "conhecedores dos problemas" rodoviários. Afastando a ideia de que a criação desta nova estrutura esteja relacionada com os trágicos acidentes na A25 em agosto ou com a extinção da Brigada de Trânsito na GNR, Carlos Duarte mostrou-se convicto de uma "fácil articulação" desta Divisão de Trânsito com as outras estruturas já existentes na GNR e apontou a ação preventiva e também coerciva contra o excesso de velocidade como uma prioridade. "É sabido que a primeira grande causa dos acidentes em Portugal é a velocidade", disse, sublinhando ser "imprescindível reduzir a velocidade" com que os portugueses circulam nas estradas, através de campanhas de sensibilização, de medidas coercivas e da fiscalização com os radares.

Incêndios fustigam norte mas espera-se nova acalmia A área ardida no ano de 2010 será a terceira maior dos últimos 10 anos, logo a seguir aos fatídicos anos de 2003 e 2005. As vozes críticas quanto ao atual modelo de combate e prevenção dos fogos florestais aumentam a cada dia que passa. Segundo números revelados por uma agência europeia que contabiliza os fogos florestais, em agosto arderam em Portugal mais de 94 mil hectares (um hectare é igual a um campo de futebol), o que é substancialmente mais do que as autoridades portuguesas têm divulgado. Segundo a AFN (Autoridade Florestal Nacional), 71 687 hectares de área ardida foram contabilizados desde o início do ano e até 15 de agosto, inferior aos dados europeus divulgados pelo Serviço Europeu de Fogos Florestais. Este serviço revela que a área ardida deste ano é muito superior a 100 mil hectares, com forte incidência sobre as áreas protegidas, locais que deveriam estar mais protegidos. Só os dois incêndios ocorridos no Gerês e na Estrela consumiram mais de 13 mil hectares. Os últimos dias voltaram a ser fustigados por grandes incêndios, sobretudo no norte, mas aguarda-se que a descida da temperatura volte a trazer alguma acalmia aos bombeiros.

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O secretário de Estado Adjunto, da Indústria e do Desenvolvimento, Fernando Medina, desafiou os industriais do mobiliário de Paços de Ferreira a aproveitarem os “significativos sinais de recuperação económica” em Portugal para investirem. “Portugal enfrentou em 2009 uma recessão severa, mas há hoje sinais de recuperação significativos que muitos, incluindo o próprio Governo, não esperavam”. Apelou ainda às empresas para “começarem a retomar a dinâmica de investimento para depois estarem em melhor posição face à concorrência”. O secretário de Estado inaugurou a 35.ª edição da feira de mobiliário e decoração Capital do Móvel, que encerra dia 5. A organização espera receber mais de 20 mil visitantes, que poderão avaliar a oferta de 250 marcas de mobiliário, distribuídas por 100 expositores, em 15 mil metros quadrados de área. O presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF), Helder Moura, admitiu que “o setor do mobiliário, tal como os outros setores, sente dificuldades”, mas considerou que “tem conseguido reagir de forma positiva à crise internacional”. O responsável associativo estima que se perderam cerca de 1 000 postos de trabalho nos últimos dois anos no concelho de Paços de Ferreira.

CD hip-hop 'Retratos' à venda este mês O CD de hip-hop "Retratos" do Poeta de Rua, nome artístico de Gustavo Carvalho, já apresentado em Amarante, deverá ser posto à venda durante este mês. Gustavo Carvalho, 23 anos, é de Amarante e conta fazer a divulgação do CD brevemente em Lisboa e Porto, mas ainda estão por definir as datas e locais onde vai atuar, adiantou ao RM. Na região, o CD vai ser apresentado em bares e discotecas. “Retratos” sucede ao CD “Arquivo da Alma”, ambos lançados em edição de autor.

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Instituto de Línguas Personal Teachers (m/f) part-time A – Requirements:  Native English Speakers;  Professional, communicative, dynamic, motivated, with team spirit and sense of responsability;  Vocation for teaching;  Degree and or TOEFL Diploma;  Teaching experience preferred; B – Requirements:  Excellent level of English and Portuguese;  Professional, communicative, dynamic, motivated, with team spirit and sense of responsability;  Vocation for teaching;  Degree and teaching experience preferred Please send CV as an attachment

amarante@lancastercollege.pt felgueiras@lancastercollege.pt

Abertas as INSCRIÇÕES para o ano lectivo 2010/2011


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tâmega / crónica I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarão

Sobrelotação da escola é o maior constrangimento  Três novos cursos profissionais neste ano letivo

A Escola Básica (EB) do 2.º e 3.º ciclos do Marco de Canaveses inicia o novo ano letivo (a 13 de setembro) com três novos cursos de educação e formação. Este ano a escola vai ter 43 turmas, num total de cerca de 1 100 alunos. A sobrelotação e a falta de espaço continuam a ser o constrangimento maior. Por razões de segurança os espaços polidesportivos exteriores precisam de melhoramentos urgentes. A EB 2,3 do Marco de Canaveses vai ter este ano quatro Cursos de Educação e Formação (CEF), que representam um aumento significativo da oferta formativa alternativa ao percurso regular. Os cursos de Carpintaria de Limpos, Instalação e Reparação de Computadores, Apoio familiar e à Comunidade e Logística e Armazenagem são de nível II e III e representam um reforço da via profissionalizante de que “o concelho precisa muito”, considera a direção da escola que espera a colaboração da autarquia na cedência de espaços. Das 43 turmas, 39 são do ensino regular e quatro de CEF. A sobrelotação é “um problema diário” e o constrangimento maior que resulta da “tendência de atração” pela única EB 2,3 da sede do concelho. “É muito complicado. Temos dias em que não há uma única sala livre”, disse ao Repórter do Marão o diretor da EB 2,3 de Marco de Canaveses. Na escola não há espaços próprios para atendimento aos pais ou para a associação de pais. Outro problema é a degradação dos dois polidesportivos exteriores. A direção já comunicou à Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) que é necessário intervir para pôr fim à “degradação avançada” daqueles espaços. É preciso fazer as marcações novas no piso e, por razões de segurança, substituir todas as estruturas fixas: tabelas e balizas. Outra preocupação, que é considerada o “calcanhar de Aquiles” da escola é a entrada e saída dos alunos nos autocarros, que é considerada “muito perigosa”. Para a direção seria muito mais seguro se os autocarros parassem frente à escola o que permitiria que os alunos entrassem directamente do recinto escolar para os autocarros,

evitando por um lado que ficassem expostos a “perigos reais” e, por outro lado, as reclamações dos pais. Em funções há um ano, Alberto Tavares diretor da EB 2,3 e do Agrupamento de Escolas do Marco, o maior do concelho, destaca as obras feitas este ano na escola sede que permitiram “criar espaços funcionais”. Além de gabinetes para a direção, a remodelação de espaços que foi feita permitiu criar quatro salas de aulas e uma sala para a educação especial. A cantina, onde havia fugas de gás e o piso estava degradado, foi remodelada. Foi instalado equipamento novo, lavabos e feita uma casa de banho nova. A sala dos professores passou a ter um espaço de trabalho e uma zona de convívio e nos serviços administrativos foi retirado o balcão, ficando um espaço aberto, com atendimento personalizado. As obras, pagas pela DREN, fizeramse porque existe “bom relacionamento institucional” com a Direcção Regional e com a sua equipa técnica. Ainda falta equipar os laboratórios e construir um auditório que “foi prometido. Aquando destas obras garantiram-me que iam fazer o auditório, mas agora [por causa da contenção orçamental] está em stand by”, contou Alberto Tavares. “A escola é a formação dos cidadãos e eu vim para aqui precisamente por causa disso. Quero criar uma escola de qualidade que forme cidadãos que quando saírem possam ter soluções para a sua vida. Estou a cumprir o Plano de Intervenção e, pela primeira vez, o Projeto Educativo, que é o documento base da escola, está a ser executado”, garantiu o diretor do Agrupamento. Em junho foi apresentada a rádio da escola que deverá começar a funcionar em breve e foi lançado o primeiro número do Folhas Soltas, o jornal do Agrupamento. Foi definido que “a primeira parceria é com os pais e está a funcionar plenamente”, referiu. “E depois também com a Câmara. É e será minha intenção, enquanto eu aqui estiver, mantermos boas relações”, disse Alberto Tavares mostrando-se muito crítico da “linha de incompetência” seguida por sucessivas gestões da escola e “que se refletiu a vários níveis: pedagógico, administrativo, de património e de gestão. Gerou facilitismo, comodismo e incompetência nos vários setores, desde o pessoal docente ao não docente”. Paula Costa

António Mota

Julieta e Romeu Às vezes demoro o olhar em todos os cantos desta casa imensa, que agora me amedronta, e bem depressa descubro, nesta solidão quebrada pelo tic-tac do relógio de parede, que, ao fim destes anos todos, tenho uma mão cheia de nada, e outra de coisa nenhuma, como escreveu a Irene Lisboa. Esta casa ficou muito maior, e insuportavelmente vazia, desde que a Lurdes resolveu abandonar o meu filho. A Lurdes tem, e sempre teve, um nariz muito empinado. Fartei-me de avisar o meu filho: Zezito, ouve o que diz a tua mãe, que é mais velha e sabe mais de mulheres do que tu. Zezito, a Lurdes vai fazer-te sofrer. Ela é muito arisca. Não gosto do olhar dela. O Zezito ria-se, e eu bem percebia que ele estava a pensar: a D. Julieta está a dizer parvoíces, o que é que ela sabe acerca da Lurdes? E, além disso, o que é que ela tem a ver com as minhas escolhas? Quem vai casar com ela sou eu. E o Zezito lá se casou com a Lurdes, que já estava grávida há seis meses da Ana, a minha neta, que é muito feminina, como a avó. Foi um casamento caríssimo, com centenas de convidados. Custou-me uma pipa de massa. Nesse dia fartei-me de dar beijinhos e abraços a primas e primos que eu não conhecia de lado nenhum. Mas nessa altura já eu estava divorciada do meu marido, que tinha um nome que fazia sorrir, ou sonhar. Ele chamava-se Romeu, eu era a Julieta, mas ele tinha olhos azuis, vestia bem, falava bem, era um galanteador, não gostava muito de trabalhar, e metia-se em negociatas que lhe rendiam fortunas. Ditas por ele, as palavras vulgares, ganhavam outro sentido, tinham encanto. Era um senhor, o meu Romeu. Às vezes era um senhor etilizado, que me entrava em casa de madrugada a trautear versos de um fado da Amália: Uma mulher /É como uma guitarra /Não é qualquer / Que a abraça e faz vibrar /Mas quem souber /Da forma como a agarra /Prende-lhe a alma/Nas mãos que a sabem tocar. E eu ria-me, e perdoava. Mas fartei-me de tanto açúcar, fartei-me de ter um homem que não era só meu. Como nun-

ca gostei de perfumes baratos, mandei embora o meu Romeu no primeiro dia de janeiro, mas não me perguntes o ano, que sou incapaz de recordar. Mandei à vida o Romeu no primeiro dia do ano, e nunca me arrependi. Fui o pai e a mãe do Zezito, pu-lo numa escola de música, andou lá uma semana e não voltou, andou no judo até ao dia em que partiu um dedo, depois nunca mais lá voltou, teve explicações desde o primeiro ano, entrou na faculdade de engenharia e andou lá oito anos, e não foi capaz de acabar o curso. O Zezito saiu ao pai. Muita conversa, muita pose, muito perfume. Desculpa, não era isso que eu queria contar. O que eu te queria dizer é que a minha neta, a Ana, durante sete anos, em vez de uma, teve duas mães. Mas a Lurdes nunca gostou de mim. Um dia, vê lá o topete dela, depois de lhe ter dado tanto, disse-me, aos gritos, que eu era insuportavelmente arrogante, egoísta e tremendamente possessiva, e que o Zezito era um triste boneco manipulado por mim. Foi-se embora, levou a Ana com ela, e pediu o divórcio. E o Zezito foi viver com uma médica, que já se divorciou três vezes. E agora aqui estou muito sozinha, esperando ansiosamente que o telefone toque. anttoniomotta@gmail.com

Ditas por ele, as palavras vulgares, ganhavam outro sentido, tinham encanto. Era um senhor, o meu Romeu. Às vezes era um senhor etilizado, que me entrava em casa de madrugada a trautear versos de um fado da Amália: Uma mulher /É como uma guitarra / Não é qualquer /Que a abraça e faz vibrar /Mas quem souber /Da forma como a agarra / Prende-lhe a alma/Nas mãos que a sabem tocar. E eu ria-me, e perdoava. Mas fartei-me de tanto açúcar, farteime de ter um homem que não era só meu. Como nunca gostei de perfumes baratos, mandei embora o meu Romeu.


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crónica|eventos

Hotelaria com programas para as vindimas A.M.PIRES CABRAL

Benemérito Pedrito de Portugal Por finais de Julho passado, o parlamento da Catalunha decidiu proibir as touradas naquela região, a partir de 2012. Sendo as touradas um tema fracturante (como está agora em moda dizer), já se adivinha o desencontro das reacções — júbilo ou reprovação, consoante uma pessoa é pró ou contra os touros de morte, ou ainda indiferença, da parte daqueles que tanto se lhes dá como se lhes deu. Pessoalmente, adianto desde já, sou contra. Respeitando embora quem é a favor, e reconhecendo que é necessária muita bravura para um homem enfrentar, em plena arena, uma bisarma daquelas, sou contra. Acho que a mesma bravura podia ser canalizada para causas bem mais nobres do que essa de massacrar deliberadamente um bicho que, sendo possante, está ali como o Pilatos no credo, isto é, contra a sua vontade. Repugna-me o espectáculo de ver o touro empastado em sangue, atormentado pelas bandarilhas que a cada momento lhe dilaceram um pouco mais a carne, a esbravejar inutilmente até sobrevir o lance supremo, e mais sanguinolento ainda, da estocada final. Tudo em nome de quê? De uma tradição que, como todas as tradições, é indubitavelmente um facto de cultura e de identidade — mas uma cultura e uma identidade fossilizadas, que se recusam a morrer mesmo quando os ventos do progresso a vão empurrando para o sótão das velharias. Porque — é bom que se saiba — cultura e identidade não são condições inamovíveis nem maldições inescapáveis, antes têm que acompanhar e se ajustar às conquistas éticas da Humanidade. Isto penso eu. Pedrito de Portugal, porém, pensa de maneira contrária et pour cause. Pedrito de Portugal é um matador lusitano que ganha a vida, ao que julgo saber, matando touros e colhendo olés em Espanha. Vê assim fechar-se-lhe uma fatia importante de mercado e reage, naturalmente, contra a proibição. Em entrevista dada ao Diá-

rio de Notícias de 29 de Julho, o matador espraia-se em considerações sobre o caso. Diz ele que esta proibição é um retrocesso cultural, económico e político. Peço desculpa para discordar: acho que, sendo porventura um retrocesso económico, é pelo contrário um progresso cultural e, por conseguinte, um progresso político. Mas o mais patético da entrevista vem na última resposta. Vale a pena transcrever: «[Ao executar a sorte suprema] sinto que estou a anular o sofrimento do touro e a dignificar a sua morte na arena.» Deixem-me ver se eu percebi bem. Pedrito de Portugal reconhece que, em plena tourada, há sofrimento no touro. Creio que reconhecerá também que esse sofrimento não é causado pelo polícia de giro ou pelo vendedor de bolacha americana, mas por ele mesmo, Pedrito de Portugal. Então — benemérito Pedrito, tão preocupado com o boizinho! — resolve anular o sofrimento que ele mesmo inflige ao touro. Como? Deitando fora a muleta e o estoque e mandando o bicho em paz? Não. Matando-o. Querem cinismo maior? O mesmo raciocínio para aquela coisa de ‘dignificar a morte na arena’. Primeiro retira a dignidade ao touro, fazendo dele gato-sapato (leia-se o conto “Miúra”, de Miguel Torga), e depois — benemérito Pedrito de Portugal! —, num assomo de consciência, restitui-lhe a dignidade. Matando-o, já se vê. Uma acham?

filosofia

catita,

não

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico. pirescabral@oniduo.pt

Viver as tradições do Douro, conhecer os segredos dos vinhos e usufruir de um spa com mais 2 000 m2 e tratamentos que permitem sentir as propriedades terapêuticas das uvas durienses, é a proposta do hotel Aquapura Douro Valley. O programa sugere um dia de vindimas, almoço e prova de vinhos (com a oferta de uma garrafa de vinho do Douro 2008) e inclui a participação na apanha e pisa de uva. O Aquapura Douro Valley, em Lamego, é a primeira propriedade do grupo Aquapura Hotels

Villas & Spa, um novo conceito inteiramente nacional que aposta em conceber hotéis em espaços de beleza paisagística e cultural única no mundo. São 50 quartos numa casa senhorial do século XIX, 21 villas, jardins e uma mata de cinco hectares classificada, entre as vinhas e o rio. Há ainda outras unidades hoteleiras e casas de turismo rural com programas especiais para a campanha de vindimas no Douro, programas que poderá consultar nas agências de viagem.

Festa do Avesso em Baião

Teatros Municipais

Primeira edição da Feira do Avesso, uma casta de vinho verde muito apreciada em Baião. Dias 1 a 3 de outubro, organização da câmara municipal. No Mosteiro de Ancede.

Teatro Municipal de Bragança

Jornadas sobre Folclore A 4 e 11 de setembro, realizam-se as tertúlias "Etno-Folclóricas", no concelho de Baião. A organização é da Câmara de Baião e da Federação Portuguesa de Folclore.

Museu de Amarante "Amar-te a vida inteira", exposição de pintura, fotografia e instalação, de Ana Pimentel, está patente ao público até 31 de outubro, no Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, em Amarante.

Museu de Penafiel

A peça escolhida para mostrar "Ao Domingo no Museu" é a Carta do Património do Município de Penafiel. Domingo, 26, entre as 15:00 e as 18:00, com entrada livre. No âmbito das comemorações das jornadas europeias do património, o atelier “À descoberta do Património” propõe jogos didáticos e atividades lúdicas sobre o património concelhio.

A fadista Ana Moura apresenta “Leva-me aos Fados”, 24 de setembro, 21:30. Bilhetes a 10 euros. Nos Colóquios da Lusofonia a Companhia Palavra & Ato, do Brasil, apresenta Eu, Pessoa e os outros Eus. 29 de setembro às 21h30. Cinco euros. Dias 29 e 30, às 10:30 e às 15:00, Lulu e LéLé, espetáculo dos Colóquios da Lusofonia para crianças que frequentam o ensino pré-escolar e o 1.º Ciclo. Entrada livre até ao limite de lotação da sala.

Teatro Ribeiro Conceição – Lamego

Dia 5 de setembro, às 21:30, na abertura do encontro internacional de cinema Douro Film Harvest Festival. Antestreia do filme “O Último Voo do Flamingo”, do realizador João Ribeiro, a partir do livro de Mia Couto (presente na sessão). 17 de setembro às 21:30, concerto que inaugura o sétimo festival internacional Douro Jazz. Bilhetes entre cinco e 24 euros.

Teatro de Vila Real

Em “Fado e outras Canções” Helena Sarmento, acompanhada ao piano por Alexandre Dahmen, propõe “uma visita ao melhor repertório de Amália Rodrigues”. Dia 9, no café-concerto, às 23:00. Entrada livre. “O Senhor é um Urso!”, pelo Urze Teatro, a partir das obras “O Urso” e “Os Malefícios do Tabaco” de Anton Tchèckhov. Dramaturgia, encenação e cenografia de Fábio Timor. Bilhetes a sete euros. Dias 10 e 11, às 22:00, no pequeno auditório.


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artes | nós

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Cartoons Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior. Fundado em 1984 Revista Mensal

de

Santiagu

Registo/Título: ERC 109 918 Depósito Legal: 26663/89 Redação:

[Pseudónimo de António Santos]

Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 - Fax: 255 523 202 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689) Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Paula Costa (C.P. 4670), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse, Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite. Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo. Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Marco, Baião Repórter/Marão Online Promoção Comercial, Relações Públicas e Publireportagem: Telef. 910 536 928 - Ana Pinto publicidade.tamegapress@gmail.com anapinto.tamegapress@gmail.com Propriedade e Edição: Tâmegapress - Comunicação e Multimédia, Lda. NIPC: 508920450 Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 - Apartado 4 4630-279 MARCO DE CANAVESES

José Miguel Júdice Advogado 2010

O OLHAR DE...

Eduardo Pinto

1933-2009

Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.

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Associado da APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Sócio nº 486

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"Sem título" - S. Gonçalo – Amarante – Anos 60

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