Repórter do Marão

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repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste

Prémio GAZETA

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M A I O ’ 11

Nº 1251 | maio '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Tiragem: 28.000 ex.

FLORESTA PODE FICAR AO ABANDONO Associação Florestal do Vale do Sousa em COLAPSO por falta de apoios do estado

GERAÇÃO DESENRASCADA Jovens de Bragança procuram futuro em...

FAFE RESPIRA CULTURA

Concertos Íntimos trazem Salgueiro em junho

PARLAMENTO JOVEM Marco prepara os políticos do futuro


VALE DO SOUSA | Ministério da Agricultura acusado

Associação Florestal à Mónica Ferreira * | monikiferreira@gmail.com | Fotos DR e Lusa

A

s florestas do Vale do Sousa estão em risco de abandono se o Governo, quer através do PRODER ou do Fundo Florestal Permanente (FFP), não criar mecanismos de apoio às associações florestais regionais. A criação das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) só têm financiamento durante dois anos, não tendo sido previstas fórmulas de financiamento a médio prazo, situação que está a asfixiar aquelas entidades. A Associação Florestal do Vale do Sousa (AFVS), sedeada em Penafiel, é a entidade gestora dos espaços florestais da região e é ela que garante que os proprietários se organizam e tratam da manutenção do seu espaço florestal. À associação compete igualmente o acompanhamento técnico aos proprietários, trabalho que começa a estar comprometido pela dificuldade na aprovação de projetos que tragam financiamentos para o desenvolvimento dos trabalhos de limpeza, manutenção e reflorestação. Constituída há 16 anos, a Associação Florestal do Vale do Sousa tem quatro Zonas de Intervenção Florestal criadas: Entre Douro e Sousa, Paivae Seixoso (Felgueiras). Esta última foi constituída há quatro anos e engloba os concelhos de Paredes, Penafiel, Paços de Ferreira, Lousada, Felgueiras e Castelo de Paiva. Com cerca de 700 associados no seu total, que representam cerca de 12 mil hectares cobertos, a Associação Florestal do Vale do Sousa é, segundo Amália Neto, técnica da Associação, quem em conjunto com o proprietário, desenvolve um conjunto de ações que permitam preservar o espaço florestal da região. A AFVS dispõe de seis técnicos florestais e de quatro equipas de sapadores, constituídas por cinco elementos cada, incumbidos das tarefas de vigilância, limpeza, primeira intervenção em caso de incêndio e de operações de rescaldo dos fogos.

Estrangulamento A tarefa de proteger a área florestal da região está atualmente a ser posta em causa devido ao não financiamento dos projetos, principalmente nesta região. “Os projetos normalmente não têm financiamento e são os proprietários que acarretam com as despesas. Grande parte da execução do PRODER é na zona sul do país porque a proprie-

dade é de maior dimensão”, lamentou Amália Neto. “Desde o início da criação da Associação que reivindicamos uma diminuição do nível de procedimentos para projetos mais pequenos, mas o Governo e o Ministério da Agricultura não têm tido o mínimo de atenção com o pequeno proprietário e tudo o que tem sido feito na região é feito à conta da entidade gestora e dos proprietários”, salientou. Apesar de referir que “existe uma política clara de apoio ao setor florestal”, esta “não chega a todos de igual forma nem de forma contínua e em montante suficiente que permita trabalhar de forma eficaz”, levando que os custos tenham de ser suportados quase integralmente pelos associados.

Recolha de resíduos Sendo o Vale do Sousa uma região caracterizada pelo elevado número de ignições, embora em áreas de pequena dimensão, o trabalho dos proprietários e da associação florestal é essencial na preservação da mancha verde. Apesar de executada por alguns proprietários, a limpeza dos espaços florestais não consegue ser rentabilizada por falta de aproveitamento dos resíduos. “Não estamos ainda a fazer a recolha dos resíduos pois não temos nenhuma central de biomassa aqui perto para onde os possamos levar e se o proprietário florestal quiser vender os seus resíduos, o custo da recolha e do transporte não são suportados pela venda desses mesmos resíduos”, afirmou Amália Neto. “Esse sistema já está pensado, estruturado e orçamentado, mas a central mais perto que temos é em Oliveira de Azeméis e em grande parte das situações não compensa. E depois existe ainda outro problema: é que elas [as centrais] não consomem aquilo a que vulgarmente chamamos de mato, que constitui o maior problema em termos de risco de incêndio”, acrescentou. Apostar na compostagem poderia ser uma solução para aqueles resíduos “mas também não há aqui mercado para aceitar resíduos para compostagem”, frisou a engenheira da Associação. “Atualmente a resposta parcial a este problema tem sido dada por uma fábrica de pellets de Lustosa, em Lousada, mas mesmo ali só conseguimos colocar os resíduos de madeira que tenham mais de sete centímetros de diâmetro”, acrescentou.

Este valor de diâmetro mínimo é, aliás, uma exigência comum a outras entidades fabris, o que dificulta o aproveitamento de uma grande parte dos resíduos gerados pela floresta.

Proprietários desanimados “Os proprietários florestais investem a pensar na rentabilidade enquanto atividade económica, mas a floresta tem um grave problema associado – o grande risco de incêndio e de todos os produtos que ela nos dá, praticamente só a madeira é que tem mercado”, refere aquela responsável. A técnica reclama, portanto, que o Estado deve intervir, compensando os proprietários, ajudando-os na gestão das propriedades, com financiamentos, aprovando projetos, e ao mesmo tempo financiando estruturas como estas associações que lhes dão apoio. O “Fundo Florestal Permanente”, gerido pelo Ministério da Agricultura e que dispõe anualmente de 30 milhões de euros de dotação, apoia a criação das zonas de intervenção florestal apenas nos dois primeiros anos, ou seja, desde 2010 que a Associação Florestal do Vale do Sousa não teve mais nenhum financiamento. Fonte da direção da AFVS confirmou ao RM que dois projetos apresentados ao PRODER, relativos às ZIFs de Paiva e Vale do Sousa – cada um deles abrangendo 400 hectares de floresta, num plano de defesa preventiva – foram recusados e uma candidatura ao FFP teve o mesmo destino.

Dinheiro do FFP desviado Segundo Amália Neto, este ano a situação será em tudo semelhante ao ano anterior pois apesar das ZIF’s de Lousada (já requerida mas ainda por criar oficialmente) e Seixoso ainda se poderem candidatar àquele fundo, pois são “muito jovens”, o FFP está sem dinheiro, uma vez que tem sido aplicado “em tudo e mais alguma coisa”. O último “desvio” conhecido de dinheiros do fundo florestal (que tem na sua origem uma percentagem dos impostos sobre os combustíveis) – cerca de dois milhões de euros – é a sua utilização no aluguer de meios aéreos, medida que o partido “Os Verdes” contestou no início de abril. Face a todas estas dificuldades de financiamento, a


de ter abandonado as ZIFs

beira da rutura sustentabilidade da Associação Florestal do Vale do Sousa está em causa. “A Associação tem uma estratégia para a floresta da nossa zona mas não tem dinheiro para a pôr em prática”, sintetizou Amália Neto. Como os proprietários começam a ficar sem capacidade financeira para gerir o espaço florestal, o sacrificado será o território. “Da parte do proprietário florestal a força e a paciência estão a esgotar-se e admito que se este tipo de projetos não tiver continuidade, o proprietário vai voltar as costas aos seus espaços. Vai ser caótico e vamos ter problemas, sobretudo ao nível dos incêndios”, lamentou Amália Neto. Os zigue-zagues políticos, que gera indefinição no setor, também são criticados. “Não podemos estar dependente da mudança de um secretário de Estado para mudarmos o nosso rumo e isso tem acontecido nos últimos anos”. Amália Neto critica também a “má utilização” do Fundo Florestal Permanente que está praticamente a ser consumido pelo dispositivo nacional do Estado e pelas autarquias, apesar de ter sido criado com o objetivo de apoiar a floresta privada.

Modelo replicado na agricultura? O modelo criado para a gestão das florestas, através da criação das ZIF’s é, na opinião de Amália Neto, um modelo de sucesso que poderia ser replicado a outros setores, nomeadamente ao da agricultura e aqui o processo seria ainda mais fácil. Organizar e reunir os produtores e proprietários, em torno de uma estrutura organizada que os ajude na gestão dos seus espaços poderá ser a fórmula de sucesso para os setores primários. Na agricultura, a organização dos produtores seria “um processo mais fácil de trabalhar do que o das florestas”. “Na agricultura o cadastro já está identificado, tem rendimento imediato e ainda consegue, em termos de rentabilidade, pagar os serviços. Acho que só falta a dimensão. Os proprietários devem trabalhar em conjunto, de modo a aumentar a competitividade do setor da agricultura”, defendeu a técnica da AFVS. “Falta-nos a garra e a força de vontade. Desleixámo-nos nos últimos anos, fruto de pequenos ‘rebuçados’ que foram dados às pessoas para não produzirem e tornámo-nos num setor passivo. Falta gente jovem com espírito empreendedor”, rematou Amália Neto. * Com J.S.

Colapso pode estar iminente

MCOUTINHO DOURO

O presidente da AFVS, Américo Mendes, reconhece que a associação florestal está à beira da rutura. “Temos uma situação de grave estrangulamento. A atual situação é gravíssima e não temos meios que nos permitam continuar o trabalho que fizemos até agora, trabalho este que está à beira do colapso se o Governo não olhar para nós”, referiu ao RM. Américo Mendes salvaguarda que tudo está a ser feito para ultrapassar a delicada fase do organismo, que já regista nomeadamente dificuldades de tesouraria, culpando o Estado de não ter acautelado a sustentabilidade das zonas de intervenção florestal no médio prazo e cuja existência só se justifica se tiverem entidades gestoras dotadas de capacidade técnica. Na opinião deste responsável, deveriam ter sido criados instrumentos financeiros para um período mínimo de cinco anos – atualmente as ZIFs só beneficiam de apoios nos primeiros dois, além de que o Fundo Florestal Permanente (FFP) não abre candidaturas há mais de um ano. A AFVS voltou recentemente a ser marginalizada na contratualização do trabalho do cadastro das terras, ao não ter sido convidada para trabalhar no projeto-piloto, dos três a executar no país, que vai avançar em Paredes e Penafiel. Sem recurso a fundos públicos, a tábua de salvação da AFVS parece estar na contratualização de serviços com entidades privadas ligadas às celuloses, nomeadamente com o grupo Portucel-Soporcel e a Altri, que têm propriedades florestais na região. As negociações prosseguem e Américo Mendes acredita que podem chegar a bom termo. Estão igualmente a ser estabelecidos contactos do mesmo género (para o aproveitamento da capacidade técnica da AFVS) com outra entidade proprietária na região – a Floresta Atlântica, uma sociedade gestora de fundos de investimento imobiliário na área florestal. Américo Mendes reconhece que a situação da associação é desesperada – “estamos numa situação de estrangulamento” –, registando-se já atrasos no pagamento de salários aos técnicos florestais, embora os vencimentos dos sapadores estejam em dia. Na sua opinião, se a AFVS não conseguir, em dois ou três meses, gerar receitas próprias através da prestação de serviços aos parceiros florestais privados (ou eventualmente obter receitas ou ajudas extraordinárias junto de alguns associados) não restará alternativa ao despedimento do corpo técnico, medida que poderá levar, no limite, à extinção do próprio organismo. M.F./J.S.

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PARLAMENTO JOVEM | Iniciativa anual da Assembleia Municipal

Marco prepara jovens para a política Paulo Alexandre Teixeira | pauloteixeira.tamegapress@gmail.com | Fotos P.A.T. Alunos do secundário e do ensino profissional debateram, nos Paços do Concelho, estudos e propostas para resolver problemas do Marco. Os idosos, a floresta, uma ecopista e a linha do Douro estiverem entre os diversos temas que foram a debate e os trabalhos podem acabar por ser apresentados em reunião da assembleia municipal. Dezenas de estudantes oriundos de várias escolas do ensino secundário e profissional do Marco de Canaveses reuniram-se nos Paços do Concelho para realizar a Assembleia Municipal dos Jovens de 2011, iniciativa que anualmente assinala o aniversário da revolução de abril de 1974. Durante esta sessão, que se realiza com a mesma formalidade de uma normal assembleia municipal – presidida por António Coutinho e na presença do executivo municipal –, os alunos tiveram a oportunidade de viver por dentro a realidade do funcionamento de um órgão autárquico e do mecanismo, por vezes complexo, da atividade política local. Oito grupos de estudantes, organizados em bancadas parlamentares, apresentaram à presidência de assembleia e ao executivo autárquico uma série de estudos e de propostas que demonstram que a próxima geração “está atenta” aos problemas e desafios que o concelho e o país enfrentam. “É sinal que estão atentos e que sabem fazer o trabalho”, referiu o presidente da câmara, Manuel Moreira, realçando que esta iniciativa é um reflexo da política de mudança encetada em 2006. “Estes estudantes são o nosso presente e o futuro e já se notou hoje, aqui”, sublinhou o autarca.

Jovens atentos ao concelho A discussão dos projetos fez-se ao longo de várias apresentações que se debruçaram sobre temas tão variados como o voluntariado jovem, a situação dos idosos do concelho e a relação entre a floresta e a juventude, entre outros. No que se revelou o tema “quente” do dia, as estudantes Ana Pinto (16 anos) e Francisca Vieira (17), da Escola Secundária do Marco de Canaveses, apresentaram um estudo elaborado sobre a pobreza no concelho que suscitou reações de diversa natureza por parte das outras “bancadas parlamentares”. A capacidade de resposta das duas alunas foi posta à prova durante um duelo verbal repleto com troca de picardias entre os vários campos, numa cópia quase perfei-

ta da realidade. “Queríamos consciencializar as pessoas para o tema e acho que a sessão de perguntas e respostas, que foi difícil, mostra que conseguimos o nosso objetivo”, explicou Ana Pinto. Uma outra moção, apresentada por alunos do Centro de Estudos da Pedra, defendeu a implementação de sistemas para o aproveitamento de energias renováveis nas escolas do concelho, de forma a reduzir a despesa de eletricidade. Em período de resposta, o vice-presidente José Mota aplaudiu o projeto mas sublinhou que a autarquia não tem a capacidade financeira para instalar sistemas de energias renováveis nas cem escolas do concelho. Outros estudos apresentados abordaram ainda a temática sobre a eletrificação da linha do Douro entre as estações de Caíde e o Marco de Canaveses e apontaram para a necessidade da educação rodoviária. Foi também apresentada uma proposta para uma ciclovia na freguesia de Rosém, fruto de uma parceria entre alunos da Escola Profissional de Agricultura (EPAMAC) e a Escola Profissional de Arqueologia (EPA).

Ideias são para levar a sério No final do longo dia de trabalho, a maioria dos jovens concordou que a experiência foi “positiva” e entre eles prevaleceu a ideia de que as mudanças, em particular num concelho com as dificuldades que tem o Marco de Canaveses, são para fazer de uma forma gradual. “Sabemos que somos parte da solução e que estamos numa altura em que temos que lutar pelo nosso país”, explicou Francisca Vieira, que acrescentou que apesar da sua vontade de ajudar o país a mudar, está consciente da probabilidade de emigrar após a conclusão dos estudos. “Hoje, estes jovens tiveram uma sorte que eu não tive, com a mesma idade”, explicou o deputado municipal Luís Pinto (PSD). “Puderam dizer, cara a cara com os responsáveis pelo concelho, aquilo que pensam sobre o Marco de Canaveses. Adorava ter tido a oportunidade de dizer, quando tinha 16 anos, ao então presidente da Câmara Municipal, o que eu pensava que devia ser o Marco de Canaveses”, sublinhou. O deputado municipal prometeu que todos os estudos apresentados naquele dia serão levados a reunião do grupo parlamentar social-democrata para apreciação e eventual discussão numa assembleia municipal a realizar no futuro.




CRISE | Espanha e Suíça são opções de trabalho para jovens de Bragança

Geração desenrascada Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos D.R.

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artem em busca de melhores perspetivas de vida como fizeram um dia os nossos antepassados. São filhos de um tempo que lhes rejeita dignas condições de vida que lhes permitam a independência da ajuda paternal. Num País onde chovem os protestos contra a precariedade e a falta de emprego e numa região marcada pela desertificação e pelo envelhecimento populacional, há cada vez mais jovens que procuram além-fronteiras o ‘el Dourado’. Anualmente, saem do País 90 a 100 mil portugueses, segundo as estimativas da Pastoral das Comunidades de Língua Portuguesa da Europa. Já os dados de 2009 da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas revelam que 22 726 pessoas emigraram entre 2007 e 2008. A região de Trás-osMontes sempre foi flagelada pela emigração, porém, a nova vaga distingue-se daquela que ocorreu em meados do século XX: são jovens, com formação académica, técnica e profissional. De acordo com o Eurostat, a taxa de desemprego jovem era de 21,3% em março último, o que significa que 1 em cada 5 jovens estão sem trabalho.

O futuro está em... Há 32 anos, Bragança serviu de berço a Marco Fernandes, mas o que a terra tem para lhe oferecer não evitou a partida para a Suíça. “Decidi emigrar porque em Portugal não tenho para onde me expandir na minha área e, obviamente, pelo dinheiro.” Depois de trabalhar como barman em Zurique, espera-o um novo desafio profissional na cidade suíça de Davos. As condições oferecidas são “muito boas” e as expectativas não só foram concretizadas como “aumentam todos os dias”. Venceu as barreiras linguísticas através de um curso intensivo de alemão, ainda que fale fluentemente a língua inglesa. A integração social acabou por ser favorecida porque “as pessoas têm uma mente mais aberta, devido às diversas culturas que lá existem”. Para Marco, emigrar foi a decisão “mais acertada” e só lamenta “ter ido tão tarde”. “O ordenado mínimo é cinco vezes superior ao de Portugal e as condições que oferecem são muito boas”, justifica. Além da compensação monetária, a experiência profissional torna-se vantajosa e o que mais custa é mesmo a distância da família e dos amigos. A perspetiva é regressar em definitivo à cidade que o viu nascer, mas mais tarde. “Penso lá ficar entre 10 a 15 anos e depois voltar, visto ter cá a minha família e adorar Bragança.” O verbo “emigrar” conjugou-se no presente para Flávio Lopes, 25 anos, em setembro de 2010. “Decidi refazer a minha vida noutro país, viver uma experiên-

cia nova e conhecer outras culturas.” Graças à influência e apoio da companheira, também ela emigrada, rumou até Benavente [Espanha] com o desejo de trabalhar na área de hotelaria e conseguiu vingar: “a experiência está a correr muito bem, melhor do que esperava”. “Tive algumas dificuldades a nível linguístico e ainda não me integrei totalmente na sociedade”, reconhece. Pela proximidade geográfica, não passam duas semanas sem que este empregado de mesa volte a Bragança. “Sentem-se muitas saudades das origens, dos amigos e da família”, confidencia. Olhando para o estado do País, Flávio assegura que, mesmo com uma difícil conjuntura económica, Espanha “está melhor do que Portugal e se fosse agora, teria feito a mesma escolha”. “Não penso regressar. Talvez um dia mais tarde, para gozar a idade”, conclui.

O sonho de regressar Equacionar os dias vindouros é tarefa incerta, por isso, Filipa Afonso vai semeando em terreno que se possa revelar fértil. Aos 23 anos, as esperanças desta estudante de enfermagem moram no país vizinho, onde frequenta um estágio de seis meses. “Uma vez que fica

para currículo, depois será mais fácil arranjar emprego por cá, já que em Portugal a nossa profissão está «pela hora da morte».” A experiência em Zamora tem sido partilhada com mais dois colegas e, embora se “ganhem oportunidades”, Filipa salienta também que se “perde o nosso país e tudo o que tem de bom e que só faz falta quando não se tem”. A jovem destaca o facto de os espanhóis se terem revelado “bastante acolhedores”, contudo, a nível profissional, as expectativas que levava na bagagem não se concretizaram. “Desiludiu-me um pouco a maneira como se pratica enfermagem aqui, em termos de técnicas, rigor no trabalho, profissionalismo. Em Portugal, é melhor executado.” Ainda assim, voltaria a repetir a escolha por causa “do triste estado em que está o País e do miserável salário que se recebe em relação ao trabalho que se faz”. “Estou a tentar arranjar solução por outro lado. Mesmo que quisesse ficar em Portugal, não há lugar para mim e nem que me sujeite ao salário, só as cunhas funcionam e já não são todas”, sustenta. Todavia, como qualquer jovem com o sonho na algibeira, Filipa está confiante de que “um dia” vai poder exercer a profissão em solo luso.


FAFE | Programação do Teatro-Cinema propõe 'Concertos Íntimos'

Privilegiar a qualidade e a diversidade Artur Coimbra * | artur_coimbra@iol.pt | Fotos D.R.

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Teatro-Cinema de Fafe reabriu há dois anos, exactamente em 25 de Abril de 2009. Trata-se de uma mítica sala de espectáculos, construída em 1923 e na qual passaram grandes nomes do teatro português, dos anos 20 e 30 do século passado. Durante mais de quatro décadas, todavia, a casa foi sobretudo sala de cinema, na qual foram visionados milhares de filmes. Encerrou no início dos anos 80 e esteve durante cerca de 30 anos encerrada ao público. Em 2001, o Teatro-Cinema foi adquirido pela autarquia, que o recuperou, reabilitou e ampliou com novos espaços, incluindo uma sala de cinema (Sala Manoel de Oliveira), recolocando-o ao serviço da cultura local e nacional.

Honrando os pergaminhos de décadas, a Câmara de Fafe idealizou uma estratégia cultural que privilegia a qualidade, a diversidade e a regularidade dos eventos. Foi assim que, nos primeiros dois anos de abertura da sala, apesar de um orçamento limitado, se conseguiram concretizar mais de uma centena de espectáculos, não apenas na área da música, mas de diversas outras áreas artísticas, como o teatro, a comédia e a dança, para referir os mais significativos. Por aqui passaram, neste escasso período, nomes como Rodrigo Leão, Jacinta, Lena D’Água, Trabalhadores do Comércio, UHF, Teatro da Trindade, Seiva Trupe, Companhia de Dança de Aveiro e outros projectos de dimensão nacional e regional, além de outros eventos com companhias e artistas menos conhecidos. Naturalmente que, sendo um teatro municipal, as potencialidades e os valores locais também têm o seu lugar indeclinável neste espaço, nas áreas da música (Academia José Atalaya, bandas filarmónicas), Bailado (Escola Bailado de Fafe) e teatro (Vitrine), entre outros que garantam padrões adequados de qualidade. Para 2011, a autarquia apostou num novo conceito, designado Fafe em Concertos Íntimos. O objectivo do conceito Fafe em Concertos Íntimos, constituídos por cinco espectáculos, é colocar Fafe na

- O concerto acústico também ele com características íntimas, revisitando as músicas mais significativas e os principais temas que mais inspiraram a carreira do artista. Dentro deste conceito, já se realizaram os espectáculos com os artistas Tim e os Companheiros de Aventura, em Fevereiro e Sérgio Godinho, no passado dia 16 de Abril. O próximo concerto acústico acontece em 18 de Junho, com a voz melodiosa de Tereza Salgueiro, mais conhecida como rosto dos Madredeus. Após o Verão, o projecto Fafe em Concertos Íntimos continua. Em 8 de Outubro será a vez de Rita Redshoes e em 10 de Dezembro a fadista Carminho.

Tereza Salgueiro A eterna voz dos Madredeus canta em Fafe a 18 de Junho

rota da programação musical de qualidade do nosso país, criando uma ligação íntima entre grandes nomes do panorama musical nacional e o público da cidade. Cada edição é preenchida por esta energia, por este encontro entre os que criam e os que fruem, saindo desse instante algo de muito peculiar e que faz do Teatro-Cinema a mais íntima das salas portuguesas ao longo das suas tardes e noites de conversa e de concerto. A estrutura dos concertos íntimos subdivide-se em três momentos: - A recepção ao artista pelas autoridades locais e a apresentação dos lugares de maior interesse, acompanhados por órgãos de comunicação social que estão autorizados a produzir entrevistas e reportagens sobre a visita do artista a Fafe. - Uma conversa de natureza mais íntima entre o artista e um grupo de cidadãos que previamente já estruturaram o encontro a ter lugar na Sala Manoel de Oliveira, sendo este grupo preferencialmente estudante, no dia anterior ao espectáculo.

Animação de Verão ao ar livre A programação cultural não se esgota naquele conceito, embora constituam a âncora para o corrente ano, estando previstos espectáculos diversificados no TeatroCinema ao longo do ano. Nos meses de Julho e Agosto, as actividades no Teatro-Cinema encerram, transferindo-se a animação para o centro da cidade. São as tradicionais noites de Verão, programa que já tem mais de duas décadas de existência e que inclui o cinema ao ar livre, a meio da semana e espectáculos musicais ao sábado, dando visibilidade a projectos locais que de outra forma a população não conheceria. Terra de emigração por excelência, Fafe proporciona aos visitantes que regressam ao rincão natal noites de diversão que, naturalmente, são também aproveitadas pelos residentes e eventuais turistas, que usufruem de um programa variado de todo o género de música para aquecer as noites estivais. * Programador cultural do Teatro-Cinema | Coordenador do Departamento de Cultura, Desporto e Juventude da CM Fafe



FAFE | Preocupações ambientais e económicas

Misericórdia aposta nas energias renováveis Armindo Mendes | armindomendes1@sapo.pt | Fotos A.M. A Santa Casa da Misericórdia de Fafe está a investir em equipamentos de aproveitamento da luz solar para aquecimento de água e para produção de energia elétrica. Recentemente, a instituição concluiu a instalação de um conjunto de 118 painéis térmicos solares, em três dos seus lares, o que poderá traduzir-se numa poupança de 30 por cento de custos energéticos. Nesta fase, está em curso um estudo para instalação de painéis fotovoltaicos em dois lares. Em simultâneo, avançou-se com outras medidas de poupança energética, que incluíram a substituição de lâmpadas convencionais por lâmpadas economizadoras, a instalação de torneiras com temporizadores e a criação de redes de recolha de resíduos.

Preocupações ambientais A instalação dos painéis solares térmicos foi um grande investimento, de cerca de 160 mil euros, 75 mil dos quais suportados diretamente pela instituição. Segundo a empresa instaladora, citada pela Misericórdia de Fafe, este será o segundo maior investimento do género realizado em Portugal por uma IPSS (instituição particular de solidariedade social). Os equipamentos foram instalados nos últimos meses e já se encontram em funcionamento no Lar Cónego Leite Araújo, na cidade, no Lar Joaquina Leite Lage, na freguesia de Cepães e no Lar Alzira Oliveira Sampaio, em Quinchães. Acresce que também serão instalados painéis térmicos no Lar de Santo António, conhecido na cidade como o antigo grémio, no âmbito do projeto de remodelação que vai avançar, no próximo verão, neste

equipamento. A provedora Maria das Dores Ribeiro João sublinha ao Repórter do Marão a importância deste investimento, sobretudo porque se espera diminuir o consumo de gás, que no ano passado foi de 140 toneladas. Dados disponibilizados por esta IPSS revelam que só de 2009 para 2010 foram consumidas mais cerca de 14 toneladas de gás, com um custo superior a 42 mil euros. “Esperamos, obviamente, inverter esta tendência de subida”, afirmou a responsável, admitindo o caráter ambicioso do investimento.

Produzir e vender energia Ainda no âmbito das preocupações ambientais, a Santa Casa da Misericórdia vai avançar com a instalação de painéis solares para a produção de energia elétrica. Nesta fase, já há um estudo concluído, prevendo-se que o investimento possa avançar, numa primeira fase, na sede da instituição e no lar de Quinchães. A IPSS fafense espera ser autossuficiente em termos de energia elétrica e poder colocar uma parte na rede de distribuição da EDP, constituindo uma fonte de receita. Ainda não está determinado o valor do que será necessário investir para pôr em marcha este equipamento, mas a instituição tem a expetativa que o retorno será vantajoso no plano económico, para além das evidentes vantagens ambientais. Ainda no âmbito das preocupações ambientais, a Santa Casa da Misericórdia criou uma rede interna de recolha de resíduos, como metal, papel, plástico e vidro, a cargo de uma empresa da especialidade. Os eletrodomésticos e outro equipamento eletróni-

co usados são recolhidos regularmente por uma empresa, o que também acontece com a denominada sucata. Este conjunto de resíduos acaba por significar uma receita para a IPSS de alguns milhares de euros anuais. O óleo alimentar usado nas cozinhas também é recolhido regularmente por uma empresa da especialidade.

Investimentos estruturais Este conjunto de investimentos no domínio das preocupações ambientais complementa outros, mais estruturais, em curso ou programados, nomeadamente os que têm a ver com a melhoria dos serviços prestados nas várias valências. Nesta fase, a SCMF tem em curso dois projetos, orçados em mais de três milhões de euros. O primeiro, num investimento de 1,4 milhões de euros, prevê a remodelação completa do Lar de Santo António, conhecido na cidade como o antigo grémio. Todo o imóvel, no âmbito de uma parceria com a câmara municipal, vai sofrer obras de remodelação, mantendo, no entanto, a sua traça original de palacete brasileiro. A candidatura aos fundos da União Europeia (EU) já foi aprovada, decorrendo o processo do concurso público. A obra deverá arrancar no próximo verão. O segundo projeto passa pela construção de um novo lar para 40 idosos em Quinchães, contíguo ao atual. O novo equipamento vai custar 1,7 milhões de euros e a obra deverá arrancar também este ano. Neste investimento, a IPSS fafense vai assumir um investimento de um milhão de euros, só possível graças à sua boa saúde financeira. A candidatura foi aprovada e está em preparação o respetivo concurso público.



SENIORES | Perfil social da família em mudança

Cuidar dos seniores Cláudia Moura * | claudiamoura@portugalmail.pt | Foto D.R. Para atingir a compreensão e actuação junto da população idosa, é decisivo promover a prática gerontológica, garantindo a construção de boas práticas de intervenção. DEIXO-VOS A PENSAR … O envelhecimento é um fenómeno conhecido por todos e que consiste num processo gradual a que todos os seres humanos estão sujeitos. Caracteriza-se por um conjunto de factores de ordem fisiológica, psicológica e social inerentes ao indivíduo, pelo que assume uma forma diferente de pessoa para pessoa. Sendo o envelhecimento um fenómeno complexo e multidimensional, não existe uma teoria explicativa consensual e universal, contudo, é crucial trabalhar os factores que eventualmente podem contribuir para melhor perceber esta fase da vida do ser humano. Compreender o idoso e estabelecer com ele uma prática eficaz exige conhecimento e disponibilidade. Portanto, é fundamental a família assumir um importante papel em qualquer estádio de vida, particularmente nos dois períodos polares: no período educativo propriamente dito, ou seja, infância e na velhice. Sendo a população idosa proveniente de uma época com marcados valores culturais, nos quais a família ampliada exercia um importante papel na convivência, é importante referir que assistimos à mudança de perfil social da família, com a passagem da família alargada para família nuclear, diminuindo as possibilidades desta ser um elemento terapêutico e emergindo, por vezes, a necessidade da institucionalização do idoso. A família tornou-se núcleo de um tipo de sociedade fechada, centro de uma vida social muito densa, onde predomina um novo papel designado por estigma social. Perante a falta de disponibilidade de apoio familiar é crucial a adopção de estilos de vida saudáveis e a participação activa no cuidado da própria saúde em todos os estádios da vida. Assim, o envelhecimento da população para além de representar um dos maiores êxitos da humanidade, também interpreta um dos maiores desafios. Superar esses desafios requer um planeamento inovador e reformas políticas substanciais tanto em países desenvolvidos como em países em transição. Os países em desenvolvimento enfrentam os maiores desafios e a maioria deles ainda não possui políticas abrangentes para o envelhecimento. Foi em 1995 que a Organização Mundial de Saúde (OMS) ao renomear o “Programa de Saúde do Idoso” para “Envelhecimento e Saúde”, sinalizou uma importante mudança de orientação. A meta do Programa de Envelhecimento e Saúde foi desenvolver políticas que assegurem “a obtenção da melhor qualidade de vida possível, pelo maior tempo possível e para o maior número de pessoas possível”. Para alcançar essa meta, a OMS precisa de promover as bases de conhecimento sobre gerontologia através de iniciativas que fundamentem o conhecimento, valorizando a intervenção e a criação de boas práticas gerontológicas. É perante esta óptica demográfica que saliento o facto de cuidar envolver muito mais do que simplesmente tratar pessoas. Cuidar engloba um processo de relação com o outro. Daí a insistência em fundamentar a prática gerontológica, garantindo o bom desempenho profissional e familiar junto dos que prestam cuidados ao idoso. A ideia da família como refúgio e porto de abrigo apresenta-se no imaginário de todos nós e aparece de forma apelante ao longo do tempo… No entanto, é de distinguir a importância que a família tem no processo de prestação de cuidados. À medida que aumenta o grau de complexidade dos cuidados, a insegurança instala-se no núcleo familiar, conduzindo à procura da necessidade da figura de cuidador formal. A prática gerontológica é um processo sério que mergulha profundamente na pessoa humana, permitindo projectar aos cuidadores, mais do que construir e partilhar. Sendo o envelhecimento demográfico um fenómeno social actual, característico dos países industrializados, muito particularmente da Europa, em que Portugal não é

excepção. O número de idosos vai continuar a aumentar em valor absoluto e em importância relativa, antevendo-se que ultrapassem os jovens entre os anos 2010 e 2015. Aliás, e segundo dados do INE, das pessoas com mais de 65 anos, 41% tem mais de 75 anos e 20,9% tem mais de 80. Estes dados permitem confirmar e predizer o progressivo envelhecimento da população portuguesa. O disparar demográfico do envelhecimento em Portugal, cooperou para a pertinência da abordagem das correntes que têm ocupado a área da gerontologia educativa, quer enquanto campo de estudo, quer como prática educativa em relação aos adultos idosos. Facultando a instrução, inevitavelmente irá projectar-se uma dignidade evidente ao idoso, melhorando a qualidade dos cuidados, tornando-os mais individualizados, personalizados e humanizados. O ser humano, ao envelhecer de forma saudável, apresenta não somente um bom estado de saúde física e mental, mas também se sente seguro, respeitado, independente, reconhecido e integrado na sociedade. Neste contexto, gerontologia educativa, globalmente encarada como acção educativa, tem como finalidade desenvolver e dotar o cuidador de capacidades que lhe permitam prestar melhores cuidados. Ao acto de cuidar é de realçar a importância de o comunicar, uma vez que a comunicação (nas suas diferentes formas) serve para legitimar discursos, comportamentos e acções. Comunicar é um processo dinâmico, verbal ou não verbal, permitindo que duas pessoas se tornem acessíveis uma à outra, que consigam pôr em comum pareceres, experiências e informações. É importante reflectir que, para atingir um mínimo de compreensão e actuação junto do processo de envelhecimento, torna-se necessário caracterizar os seres humanos de forma individualizada. E é através da prática gerontológica que se desenvolvem ferramentas e estratégias para o desenvolvimento de competências que permitam ao cuidador um melhor relacionamento com os idosos. Pretende-se proporcionar ao cuidador saber que lhe possibilite desfazer zonas de conflito que impeçam o cuidar. Frente ao panorama da educação profissional, é importante ressaltar que, além das mudanças administrativas e pedagógicas, tornam-se necessárias mudanças nos padrões culturais das instituições. Também as transformações sociais acontecem por inúmeros factores que influenciam o comportamento e a estrutura dessas sociedades. Daí ser usual referir que as boas práticas gerontológicas representam uma oportunidade de reflectir sobre as experiências e sobre as competências adquiridas ao longo da vida, em contextos formais e informais. A reflexão, enquanto fonte de conhecimento, surge como um momento privilegiado de integração de competências, como a oportunidade de apreciar a própria capacidade de agir. Assim, aprender a pensar é o grande passo para a requalificação da aprendizagem, que se projectará na melhoria da qualidade dos cuidados, tornando-os mais individualizados, mais personalizados, ou seja, mais humanizados, junto da população idosa. * Professora Universitária. Investigadora na área da Gerontologia, FCT do MCTES; Membro do Júri Prémio Inovação no envelhecimento 2012; Membro da Direcção do Núcleo Norte da Associação Portuguesa de Psicogerontologia – APP; Autora do Livro Século XXI – Século do Envelhecimento; Coordenadora do Programa Cláudia Moura À conversa com… Rádio Paivense 99.5 fm; Fundadora do Gabinete de Congressos – CMStatus  Cláudia Moura inicia com este artigo uma colaboração regular no Repórter do Marão


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EPAMAC NOVOS CURSOS

Encontro Equestre EPAMAC

A EPAMAC, numa dinâmica de diversificação da sua oferta formativa que corresponda às necessidades do tecido económico-social Concelhio e Regional, sem o esgotar, vai lançar dois novos cursos profissionais para o ano lectivo 2011/2012. Estes cursos, muito específicos e virados para a Natureza e para o Mundo Rural são o Curso Técnico de Gestão Equina e o Curso Técnico de Gestão Cinegética (ordenamento da caça e da pesca). O primeiro deles (Técnico de Gestão Equina) é uma oferta inovadora no Concelho e na Região e pretende dar a oportunidade aos nossos Jovens de terem uma formação muito prática ligada ao mundo equestre. O técnico de gestão equina é o profissional qualificado que, mercê de uma formação polivalente, integrada e pluridisciplinar, está apto a orientar, organizar e executar as tarefas necessárias à gestão das mais diversificadas estruturas equestres existentes no País. É um técnico com aptidão didáctica e conhecimentos suficientes para o ensino do cavalo e do cavaleiro em todas as suas vertentes. O segundo destes cursos (Técnico de Gestão Cinegética) é um curso que foi criado por esta escola e que, após alguns anos de interregno, se pretende reeditar. O técnico de Gestão Cinegética é o profissional qualificado para coordenar, organizar e executar as actividades ine-

No próximo dia 15 de Maio, durante todo o dia, vai realizar-se na EPAMAC uma actividade inovadora e que pretende lançar uma nova dinâmica no seio da própria escola. Trata-se do I Encontro Equestre EPAMAC. Este encontro, que nasce da vontade da Escola e dos seus professores e alunos de corresponder às rentes a um plano de ordenamento e exploração cinegética, zelando pela conservação do património cinegético e piscícola e dos ecossistemas naturais que o suportam, no respeito pelas normas de segurança e saúde no trabalho e preservação do meio ambiente. Estes cursos exigem como habilitação de entrada o 9º ano de escolaridade e, após a sua conclusão, atribuem um diploma de 12º ano e uma certificação profissional de nível III. Os Jovens da Região vão ter no ano lectivo 2011/2012 mais duas áreas de formação à sua disposição para completarem o 12º ano de escolaridade, através de cursos muito práticos, ligados à Natureza e ao Mundo rural e com financiamento do FSE (POPH). Os alunos que os frequentarem não terão despesas com os seus estudos. As inscrições já estão abertas.

Entrevista no âmbito da disciplina de

RELAÇÕES INTERPESSOAIS No âmbito da disciplina de Relações Interpessoais, foi-nos pedido a realização de um trabalho de grupo que consistia na realização de uma entrevista, para um órgão de comunicação social, para dar a conhecer o nosso curso, quais os seus objectivos e quais as nossas expectativas futuras. 1-Qual o nome do curso? O nome do curso é CET-GATER (curso de especialização tecnológica em gestão da animação turística em espaço rural). 2-O que é um CET? É um curso de especialização tecnológica, sendo uma formação pós ensino secundário, que visa obter uma qualificação de nível 4. 3-Em que consiste o curso? O curso tem a duração de um ano e está dividido em quatro semestres em que três são de formação em âmbito escolar, aulas te-

óricas e praticas e um semestre de formação em contexto de trabalho, ou seja, estágio. 4- O curso contempla um estágio em contexto de trabalho. Pensam que o estágio é positivo? Sim, porque a possibilita uma melhor concretização dos estudos, confrontando os alunos com algumas das exigências empresariais. Os alunos têm a possibilidade de viver a realidade do mercado de trabalho. Neste curso ainda há a possibilidade de serem os alunos a escolher o local de estágio. 5- Quais os objectivos do curso? O CET em gestão da animação turística em espaço rural pretende qualificar, os alunos, de capacidade de intervenção no sector da animação turística, através da identificação e aproveitamento de recursos existentes, da implementação de novos recursos ou ainda pela participação na definição de novas estratégias nas actividades de

animação turística. 6- O que esperam obter após o termino do curso? Esperamos que este curso seja uma porta aberta para novas experiências profissionais, e que, depois de concluído o curso e o estágio, possamos trabalhar neste meio e por em prática todos os conhecimentos adquiridos. 7- Acham que as autarquias e a população estão receptíveis ao turismo rural? Nós pensamos que sim, porque o turismo traz desenvolvimento económico para a localidade e eles estão receptivos para acolher quem os queira visitar. Apesar de vermos que muita da população local não concorda com o turismo rural porque pensam que os turistas estão a invadir o seu espaço. Grupo de alunos do Curso CET-GATER, Edição 2010/2011, constituído por: Miriam Santos e Tiago Leitão

necessidades e dinâmicas socioculturais do seu território de intervenção, vai permitir o encontro entre os aficionados dos Cavalos e as muitas empresas do Concelho e Região que trabalham nesta área. Vai permitir, ainda, que os curiosos possam ter acesso directo a uma realidade que normalmente passa despercebida no nosso dia-a-dia, mas que é muito forte na Região. A Escola cumpre, assim, com mais esta actividade, uma função de ser local de dinamização de encontros entre a Comunidade Local e as suas Empresas e Instituições, num ambiente descontraído, em que os seus alunos, sob coordenação dos professores, organizam eventos, desenvolvendo as suas competências técnicas, profissionais e cívicas. O I Encontro Equestre EPAMAC vai realizarse num Domingo (15 de Maio) e o programa será o seguinte: 8.30h – Recepção/Inscrições; 9.00h – Taco (pequeno-almoço); 10.00h – Passeio Equestre; 13.00h Almoço/convívio – porco no espeto e Caldo Verde; 15.00h – Demonstração Equestre e Gincana de Cavalos; 17.00h – Corrida de cavalos para amadores. Durante todo o dia haverá exposições a decorrer: cavalos (compra/venda); acessórios para cavalos; equipamentos para cavalos. Todos quantos queiram participar nas actividades deste encontro ou apenas assistir ao encontro, serão muito Bem-vindos à Escola em Rosém.


Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC


No Marco de Canaveses, de 27 a 29 de Maio

Feira das Colectividades e Festival do Anho Assado A Cooperativa Dolmen e a Câmara Municipal do Marco de Canaveses organizam no final de Maio – no fim de semana de 27 a 29 – mais uma edição da Feira das Colectividades e Festival do Anho Assado, evento que conta com a adesão de quatro restaurantes locais. Os espectáculos culturais e o festival de gastronomia terão lugar no Largo da Feira, na

cidade marcuense. O evento é co-financiado pela Dolmen, através do programa PRODER, e pela autarquia. O programa cultural e recreativo privilegia os grupos locais, tendo sido convidados grupos de bombos, tunas, ranchos folclóricos e outros agrupamentos populares das freguesias do concelho, nomeadamente de concertinas e de cavaquinhos.

O programa integra a Feira das Colectividades, com a presença de dezenas de associações culturais e recreativas, em cujos stands serão apresentadas as actividades desenvolvidas. No Festival do Anho Assado, iguaria que constitui um ícone da gastronomia marcuense, participam os restaurantes Albufeira, Plátano, Penhadouro e Castelinho.

Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL

AMARANTE - BAIÃO - MARCO DE CANAVESES RESENDE - CINFÃES - PENAFIEL Telef. 255 521 004 - Fax 255 521 678

dolmen@sapo.pt


Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Venha vi sitar o s Meses Te mático s do Centro de Pro mo ção de Pro duto s

C en tro de Pr om o çã o d e P ro du to s Lo c ai s

Rua de Camões, n.º 294 । 4640-147 Baião | Tel. +351 255 542 154 | www.dolmen.co.pt | |dolmen@sa po.pt Horário de Funcionamento: Seg. a Sexta das 9h-12h30m | 14h- 17h30m Sáb., Domingos e Feriados: 12h – 17h

Lo cais em B a ião

Exposição e Venda * Provas * Animação

Abril: Mês dos licores

Maio : Mês da cereja

Junho: Mês da bengala

Julho: Mês do biscoito Teixeira

Agosto: Mês do espumante

Setembro : Mês do barro negro

Outubro : Mês do vinho verde

Novembro: Mês de S. Martinho

Dezembro : Mês das compotas PAC A: Pl ano de Aquisição de Competências e Animação


18 maio'11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

opinião

Os portugueses têm que voltar a ter esperança Há uns dias atrás, celebramos os 37 anos do 25 de Abril. Comemoramos a luta e o sentido patriótico de milhares de Portugueses que combateram para derrubar um regime opressivo e ditatorial. Comemoramos porque os heróis de Abril nos legaram o futuro, nos legaram Portugal! Mas o futuro do nosso Pais será, inegavelmente, difícil! Afirmar Abril, é afirmar a verdade como princípio democrático, por isso, é um acto de humildade, de rigor e de seriedade, reconhecer perante os Portugueses que vivemos numa situação de emergência social, gerada por estratégias políticas erradas do Governo, e agudizada pela crise económica e financeira de 2008. Assim, é uma realidade insofismável que entre 1990 e 2000 Portugal cresceu cerca de 3,5% ao ano, o que significou um crescimento superior à média europeia. Contudo, a última década foi uma década perdida, com a nossa economia a crescer a uma taxa média anual de 0,7%, o que fez com que Portugal deixasse de convergir com os restantes países da União Europeia. Com este marasmo, os Portugueses também sofreram na pele uma diminuição do nível de vida, pois o Rendimento Nacional Bruto per capita, cresceu apenas 0,1% ao ano. Em 2010, o nosso défice foi de 9,1% do PIB, o 4.º maior da zona euro, e apenas superado pela Irlanda, Grécia e Espanha. Por sua vez, o Fundo Monetário Internacional prevê que neste ano de 2011, o défice externo de Portugal seja de 8,7% do nosso Produto Interno Bruto. Só a economia do Chipre apresentará pior resultado, com o défice externo a subir de 7 para 8,9%. Esta conjuntura resulta, também, do facto de em Portugal, as importações terem aumentado desmesuradamente, ao longo dos últimos anos, ao passo que as exportações não cresceram na mesma proporção; os Portugueses aumentaram o seu consumo interno ajudados pela baixa taxa de juros e pela quebra na inflação.

As eleições de Junho Nas diversas eleições, numa forma que depois desenvolvi profissionalmente, fiz quadros de previsibilidade que, normalmente, coincidiram com a realidade, tarefa que então não era difícil. Mas para as de Junho próximo, a um mês de distância, ainda estou como o tolo no meio da ponte. Habituei-me a prospectar os imensos dados disponíveis, para depois, perspectivando-os, fazer a previsão do que se passaria. Hoje os dados estão, embora claros para mim, num limbo que não consigo adivinhar sobre os efeitos e as reacções do eleitorado. Estando este cada vez mais informado, e mesmo descontando as fidelidades ou reacções impulsivas, o peso do que poderá acontecer, embora se saiba que seja qual for o resultado o futuro está traçado, é difícil pulsar a reacção ao muito que se sabe, ou julga saber, e se tem disponível para decidir. Também é preciso aquilatar as reacções dos que, analisando só o que lhes dá jeito ou o que lhes interessa, interpretam, relatam e adaptam às suas conveniências. O que para uns é um desastre, desatino ou caso grave, para outros é coisa sem importância, coerência com a realidade, ou facto de somenos, sendo a inversa também verdadeira. A imprevisibilidade está no facto de, além do meu menor contacto com a “rua” e de leitura social, ter os indicadores de maior dúvida no abstencionismo. Foi este que ditou, nas presidenciais, um presidente eleito por menos de ¼ dos eleitores. Se fosse um referendo nem sequer seria válido.

Mas as entradas de “dinheiro barato” terminaram e, por consequência, do pagamento de juros ao exterior, o saldo da nossa balança de rendimentos tem um défice anual, de cerca de 10 mil milhões de euros. Acresce a isto, uma diminuição da taxa de poupança nacional, que passou de cerca de 20% do produto em 1999 para menos de 10% nos últimos 2 anos. Um País que consome mais Manuel Moreira do que aquilo que produz, um Presidente CM Marco Canaveses País que tem grande dependência externa e um País que não poupa o suficiente, é um País que precisa de ajuda. Em tempos de crise temos que ajudar quem mais precisa. Portugal é hoje um País em estado de emergência social. De acordo com os dados publicados, em 2009, pelo Eurostat, e que indicam que em Portugal a “Taxa de Risco de Pobreza ou Exclusão Social” afecta 2 milhões

e 648 mil pessoas. Assim, em Portugal no ano de 2009, a “Taxa de Risco de Pobreza ou Exclusão Social” afectou cerca de 25% dos Portugueses. Uma economia que não cresce é uma economia que não cria emprego. Por consequência, no ano de 2010 o desemprego afectou mais de 600 mil pessoas, enquanto no ano de 2001 tínhamos 215 mil Portugueses a lutar contra com este flagelo social. Em dez anos, a taxa de desemprego subiu de 4 para 11%. O desemprego é dos problemas mais graves que Portugal enfrenta, pelo que significa de quebra de coesão social, de privação, de angústia e de incerteza quanto ao futuro dos que se encontram nesta situação. Assim, o próximo Governo de Portugal deverá ser um Governo que prestará especial cuidado aos mais pobres, aos mais necessitados, e a todos aqueles que mais precisam do Estado Social. Espero, por isso, que a Campanha Eleitoral para as Eleições Legislativas do próximo dia 5 de Junho, seja feita por parte de todos os políticos, com verdade, elevação e grande sentido de responsabilidade perante a realidade grave do País, e que permita uma escolha clara dos Portugueses, que proporcione a construção de uma solução governativa maioritária e estável, permitindo assim encarar o futuro com esperança. Tenho a sincera convicção que Portugal tem solução e os Portugueses têm de voltar a ter esperança. Há outros caminhos, diferentes dos actuais, capazes de nos conduzirem à recuperação e ao sucesso. Não serão certamente caminhos fáceis, mas são seguramente caminhos sólidos e sustentáveis. Portugal e os Portugueses merecem todo o nosso empenho e sacrifício para, juntos, construirmos um futuro diferente, um futuro melhor! No próximo dia 5 de Junho, eu aposto na mudança e essa mudança faz-se com o Partido Social Democrata a liderar o futuro Governo de Portugal, tendo como Primeiro Ministro o Dr. Pedro Passos Coelho a dirigir um Governo forte e de confiança que regenere o País!

de futebol, quando estes têm de mostrar serviços em defesas ou golos e aqueles, para que tenham direito a prémios e benesses, basta-lhes que o prejuízo do que “gerem” não aumente demasiado. Não Que resposta ou pensamento terão dos políticos e sobre a sendo o horizonte ideia que estes terão deles próprios no cotejo, por se permitirem nacional propriamente um espelho da ganhar tão pouco, como se afirma, e os nomeados serem tratanossa região, a análise desta já nos dá alguns indicadores dos como se fossem incomparavelmente melhores, autênticos que suportam e sustentam as minhas dúvidas. prémios Nobel, visto o salário do mês e do ano, e o prémio do Qual será o efeito do pagar portagem nas exercício e da reintegração. auto-estradas (AE)? Prevalece o aparente sentido E na Justiça, os casos cíclicos dos períodos de justiça de quem obrigou a que fossem “todas”, eleitorais apagarão os outros intencionalmente ou as isenções que se propunham? E que contraou não esquecidos que sentimos ou sentiremos balanço terá a alternativa gratuita que seria o IP4 ainda mais forte nos esvaziar dos bolsos, sejam até à fronteira de Bragança quando este desapasucatas, sobreiros, submarinos ou bancos? rece com a A4 que se lhe sobrepõe? E mais para todos que sentido darão ao sloE que dizer da A24, com iguais idiossincragan do BE de que “com o FMI nós é que pagasias, onde o suposto diminuir de distâncias em mos?" E sem o FMI quem é que paga? E à maior AE aumenta mais de 3 Km.s entre Vila Real e Vila produção e melhores salários da CDU? Produzir, Pouca? Na velha EN2 pouco subíamos e na AE e quê, para vender a quem? subimos aos 1047 metros para descer acentuaE que efeito terá a encíclica presidencial EaArmando Miro damente até à enorme Ponte e voltar logo a sunes/Soares/Sampaio/Cavaco na procura do sigJornalista bir. E o ir mais para Norte quando se quer ir para nificado, objectivo e fio condutor, em receitas Poente? E aquela ponte para os lobos quando que agora partilham mas nem seguiram e até dum lado e do outro, no mesmo local, há para quem queira (loabominaram? Será apenas uma reposição do D´Artagnan e os bos também) mais de 100 m.s de cada lado debaixo dos viadutos? três Mosqueteiros, ou o bem prega Frei Tomás a prevalecer? Já deram GPS aos lobos? Será que ali se aplicou a velha teoria dos E... decerto o tudo e muito mais que o leitor induziu e intuiu “yes” que se atribuía aos engenheiros ingleses que com mais um ao longo da leitura, com tudo isto, só peço que não apareça um “S” aumentavam os quilómetros a receber? “salvador da Pátria”. O que me parece mais certo, é que o “SilencioTerá algum reflexo, este menos partidário pois há de tudo so” vai ter de chamar a formar governo o líder da abstenção. Seria em todos, desde autarquias à Administração Central, a transforo tal “salvador”? Embora tal não seja uma maioria unida, coerenmação de gabinetes técnicos e funcionais em gabinetes polítite e com um sentido, ela será talvez a única maioria clara, evidencos que se dedicam não à política das áreas em causa mas à pote e sem precisar de negociações e acordos pré ou pós eleitorais... lítica dos partidos? Costuma dizer-se que o Povo Português é justo e sábio. E que pensarão dos gestores, tão bem pagos como craques Oxalá seja.

[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]



20 maio'11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

A.M.PIRES CABRAL

ACHAS Arde e crepita fragorosamente a fogueira da crise em Portugal. Ora bem: preconizam a prudência e a sabedoria das nações que as fogueiras se apaguem com água. Contudo, é gasolina o líquido escolhido pelos nossos políticos para tentar apagar o fogo — que está já tão próximo das nossas barbas que não sabemos se amanhã não nos terá feito em torresmos. Das duas, uma: ou os senhores políticos estão equivocados quanto aos meios a usar neste tipo de sinistros, ou na verdade não chegam a ser políticos: serão apenas arremedos de políticos, pessoas investidas de cargos ou responsabilidades políticas sem que para isso tenham preparação ou, pelo menos, a sensibilidade, a intuição, o bom-senso e outros tantos predicados dos verdadeiramente grandes políticos. Dizem-me que tudo isto é consequência de ter chegado a hora de as jotas assumirem o poder. E todos sabemos que as jotas, com excepções honrosíssimas, não passam de escolas de carreirismo político, em que se aprende de cor e salteado a vulgata dos respectivos partidos mas não se ministra uma ideia sobre o lastro humano que é preciso ter e cultivar para ascender a posições de mando e exercê-las com eficiência. Não sei se é esse o problema. Sei é que a inabilidade política campeia, acolitada pela intransigência e pela picardia. Num momento de extremo perigo, em que era necessário esquecer divergências secundárias e estabelecer uma plataforma mínima de entendimento, o que vemos é cada dia seu político, ora dum campo ora do outro, subir a uma qualquer tribuna dos media e debitar anátemas e recriminações sobre o adversário. Ou seja, voltando à imagem que usei acima: deitar gasolina sobre as chamas que levam o país consumido. Lembram-me esses senhores galos encristados, cegos de ódio partidário, a trocar bicadas rancorosas — e a deteriorar cada vez mais um clima que se desejaria de cooperação e concórdia. Vem-me este amargo rol de reflexões à ideia ao ler hoje (30 de Abril), na primeira página do

Expresso, palavras que tenho de considerar insensatas do Dr. Eduardo Catroga, aliás um político da velha guarda que deveria cuidar um pouco melhor da sua imagem de homem cordato. Diz ele (e repete na televisão): «O governo de José Sócrates devia ir a tribunal. O fartar vilanagem foi uma tragédia nacional.» É possível que tenha razão. Mas será que não haveria uma altura mais oportuna para o afirmar? Um homem experiente como o Dr. Eduardo Catroga não percebe que dizer coisas assim nas severas barbas da Troika é dar um sinal de crispação e incomunicabilidade que não deixará de ser tomado em conta? Depois, pode-se perguntar até que ponto o partido do Dr. Eduardo Catroga tem legitimidade para atirar a primeira pedra. Não faltará quem pense que não. Negociatas, favorecimentos — que sei eu? E mesmo, já fora da esfera da governação, quando penso que foi gente próxima do seu partido (alguma dela tendo exercido cargos em governos do PSD) que criou aquele monstro do caso BPN, responsável por uma boa fatia do défice que nos consome, parece-me que o Dr. Eduardo Catroga poderia ter sido mais cauteloso com aquela coisa do ‘fartar vilanagem’. Já quanto a tribunais, valha a verdade que alguma dessa gente está a braços com a justiça. Os governos umas vezes erram, outras acertam. Não erram sempre nem acertam sempre. A questão dos desacertos está pois nisto: foram dolosos? Se o governo de José Sócrates está no caso do Parvo do Auto da Barca do Inferno, a quem o Anjo diz ‘por malícia não erraste’, paciência: foram azares da governação, da conjuntura internacional, da fúria dos mercados. Agora, se o Dr. Eduardo Catroga tem provas de que houve intenções reservadas, dolos e embustes, tem todo o direito de fazer aquele desabafo. Só que — neste momento não, caramba. Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico. pirescabral@oniduo.pt

crónica | nordeste

Apoiar idosos e crianças também é missão para a GNR de Bragança A repressão das multas é a imagem que predomina da GNR, mas todos os dias há guardas que vão para a estrada, não à procura de automobilistas transgressores, mas para levar apoio aos mais vulneráveis. Cláudia Costa entrou para a GNR há dez anos sem nunca pensar que iria trabalhar com crianças e contribuir para o lema do policiamento de proximidade,“uma força humana, próxima e de confiança”, com que a Guarda Nacional Republicana comemorou recentemente cem anos. “O trabalho mais conhecido é o da estrada, o das multas, mas vai muito para além da repressão”, assegura o comandante distrital de Bragança. António Fernandes destaca “o acompanhamento dos que mais necessitam" entre o conjunto alargado de competências da GNR, desde a criminalidade, aos incêndios, ambiente e até recolha de amostras para garantir a qualidade da água. A professora Helena Subtil conhece bem este trabalho junto dos seus pequenos alunos do jardim de infância de Santa Comba de Rossas, tal como a “Ti” Arminda de Gimonde ou o senhor Celidónio, que decidiu viver sozinho num ermo. São quatro equipas dos programas especiais que existem no Distrito de Bragança e que se dedicam essencialmente à segurança de idosos e crianças, embora sejam também chamados a resolver outras situações. Na primeira tarefa da manhã, que a Lusa acompanhou, a equipa ajudou os mais de 20 alunos de Rossas, que se viram no meio do trânsito desviado para a aldeia

pelas obras na autoestrada Transmontana, a apanharem o autocarro escolar para Bragança. A GNR tem 18 postos espalhados por aquele que é um dos maiores distritos do país em termos de área, sem criminalidade violenta, mas com uma população dispersa e envelhecida que constituiu uma das principais preocupações. “Fizemos uma identificação dos casos mais complicados para os irmos acompanhando. Vamos passando a ver as dificuldades, para alertarmos outras entidades para as necessidades dessas pessoas”, contou o comandante. A presença dos agentes só por si já é um alento: conversam, deixam o contacto, criam laços e dão dicas que ajudam a alertar para possíveis perigos, como os furtos ou burlas a que podem estar expostos pelo isolamento e solidão.

Aldeia de Rossas aflita com trânsito do IP4

A população de Santa Comba de Rossas, em Bragança, reclama medidas urgentes para fazer abrandar o trânsito que as obras da autoestrada Transmontana

desviaram para a aldeia dividida por uma estrada intransponível há vários dias para alguns. “É tanto carro, tanto carro a passar” que “a gente está às meias horas à espera” contou à Lusa Maria das Mercês, que vive mesmo junto à estrada nacional 15 que atravessa e divide a aldeia e é por lá que passa agora todo o trânsito do IP4. O itinerário que liga a fronteira, em Bragança, ao Porto, está a ser transformado na autoestrada Transmontana e o desvio no nó de Rossas é apenas um dos vários previstos ao longo da obra. “Ou passadeiras com lombas grandes ou bandas sonoras”, para o autarca de Rossas algo terá que ser feito pela segurança das pessoas enquanto durar o desvio que se prevê venha a prolongar-se “por seis meses, se tudo correr bem”.

Vandalismo em Vila Real preocupa autarquia

Cidades de Chaves e Verín cada vez mais próximas

A Câmara de Vila Real anunciou ter contabilizado “avultados prejuízos que envolvem atos de vandalismo sobre o património público municipal”, adiantando ter já denunciado a situação à PSP. A autarquia afirma que “tais ocorrências têm resultado na destruição total ou parcial de material urbano diverso, um pouco por toda a cidade”, mas em particular “em zonas verdes de estadia e lazer e outros espaços públicos”. Os mais recentes incidentes registaram-se na zona da Vila Velha, onde “além da capela de santo Antoninho dos Esquecidos, que sofreu danos consideráveis, foram completamente destruídos postes, candeeiros de iluminação pública, bancos e mesas de jardim, muros de suporte, entre outros”.

O projeto de dinamização Eurocidade Chaves - Verín (foto) poderá ter um serviço de transporte público transfronteiriço a ligar as duas cidades até ao final deste ano, anunciou o presidente da Câmara de Chaves, João Batista. O projeto de criação deste serviço de transporte público é, para o autarca, “um passo importante e fundamental para a comunicação e mobilidade dos cidadãos dos dois países”. Para saber a viabilidade do projeto foi realizado um estudo de transportes da Eurocidade para perceber quantas pessoas poderão vir a utilizar o serviço e o seu horário, tendo sido anunciado que o preço da viagem entre Chaves - Verín e vice-versa “será de dois euros”. O projeto de cooperação conta com dois anos de existência. A Eurocidade Chaves - Verín partilha uma agenda cultural mensal e tem vários projetos na área da saúde, nomeadamente, a construção de um Centro de Formação Turístico-Termal e de Investigação da Água nos dois países.


diversos

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Lamego exige internamento no novo hospital A Assembleia Municipal de Lamego aprovou a realização de uma petição em defesa da criação do serviço de internamento no Hospital de Proximidade de Lamego, uma reivindicação que conta com o apoio do PSD, BE, CDU e CDS. O novo hospital aposta no reforço da prestação de serviços predominantemente em ambulatório e, em vez do internamento tradicional, terá uma unidade de cuidados continuados de convalescença, com capacidade para 30 camas. E é precisamente este facto que está a gerar descontentamento. Foi aprovada a criação de uma comissão técnica independente que irá trabalhar num projeto de readaptação do hospital, sem haver necessidade de parar a obra. O presidente da Câmara de Lamego, Francisco Lopes, acredita que é possível adaptar o piso que está a ser

construído “só para a administração” para albergar uma “área de internamento”. À qual, acrescentou, se poderá juntar a área de convalescença. “Nunca permitiremos que os nossos pacientes sejam transferidos para Vila Real”, salientou.

Amarante sem comboio mas com ecopista

Centro hípico de Baião relançado

Amarante perdeu o comboio para os lados de Basto mas ganhou uma pista para bicicletas e peões, construída no corredor da antiga linha do Tâmega. O novo equipamento estende-se entre as antigas estações de Amarante e da Chapa, na partilha com o vizinho concelho de Celorico de Basto, um percurso com cerca de 10 quilómetros. A pista atravessa várias freguesias de Amarante, passando junto dos edifícios que outrora foram apeadeiros da CP, alguns próximos do rio Tâmega. Construída pela Câmara de Amarante, a “ecopista” é utilizada diariamente por muitas pessoas para fazerem caminhadas ou para andarem de bicicleta. O troço entre Amarante e a Livração, igualmente desactivado pela REFER – é improvável que voltem a circular comboios naquela linha, tal como nas restantes de via reduzida no norte do país – poderá ser aproveitado no futuro para o mesmo fim – servir de percurso de lazer a ciclistas e peões.

O centro hípico de Baião, na serra da Aboboreira, vai passar a ser gerido por uma sociedade com capitais municipais e de um empresário do setor, com o objetivo de dinamizar o equipamento, anunciou a autarquia. A empresa “Baião Vida Natural” é detida em 62,5 por cento pelo município e o restante capital pelo investidor Pedro Monteiro Castro, que assegura as funções relacionadas com a equitação. A sociedade propõe-se trabalhar no desenvolvimento da prática da equitação desportiva, nos passeios a cavalo pela serra da Aboboreira e na hipoterapia, variante do hipismo com fins terapêuticos destinada a cidadãos portadores de deficiência. O espaço permite também a prática do desporto motorizado, estando já previstas algumas provas de caráter oficial organizadas pelo Motor Clube de Baião. O centro hípico, inaugurado em 2005, tem dois picadeiros, distribuídos por uma área de 33 mil metros.

Voluntários da CESPU apoiam peregrinos Mais de 150 voluntários da CESPU - Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, sedeada em Paredes, vão prestar apoio aos milhares de peregrinos que caminham até Fátima para as cerimónias do 13 de maio. Com vários postos fixos de atendimento junto às estradas do norte do país, o objetivo é “minimizar as lesões e agressões nos pés que, muitas vezes, impedem os peregrinos de levar as suas promessas até ao fim”, explicou fonte da CESPU. Nesta ação vão ser montados postos fixos de atendimento podológico em vários locais, onde normalmente os peregrinos pernoitam, mas também será prestado apoio em locais de paragem para descanso, durante o dia.

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repórterdomarão INFORMAÇÃO COMERCIAL

Ford Focus quer recuperar quota de mercado

A Ford lançou em abril o novo Focus, essencial para a sua estratégia de vendas para 2011 por ser um dos modelos da marca mais vendidos no mercado nacional. A marca norte-americana espera vir a recuperar quota de mercado com o novo Ford Focus, apesar de uma Grupo MCoutinho conjuntura adversa em termos económicos, refere a porta-voz da Ford Lusitana, Anabela Correia. apresentou Com o mercado nacional a retrair-se, a Ford, segundo Anabela Correia, tem como objetivo “supeo modelo em a melhor quota de mercado de sempre do Ford várias capitais de rar Focus que foi de quase 14 por cento em Portugal”. Para a responsável, “o Ford Focus pertence a Distrito: Porto, um dos mais relevantes segmentos em termos de Aveiro, Vila Real e vendas juntamente com o Fiesta, pelo que esperamos que o novo modelo seja impulsionador da Bragança marca em Portugal”. A terceira geração do modelo Focus, construído na Alemanha, na fábrica da Ford de Colónia, apresentou-se na carroçaria de cinco portas, à qual se juntarão mais tarde a de quatro portas e a carrinha (provavelmente ainda no mês de maio). O novo Focus contará com três motores aos quais corresponderão seis níveis de potência e duas caixas de velocidade. Segundo a marca, a aposta no lançamento volta a incidir nas versões First Edition que tendo por base o nível Titanium, apresenta preços competitivos com equipamento de série recheado. A versão de entrada de gama, o Ford Focus 1.6TDCi Trend, de 95 cv, terá um preço de 24.110 euros, enquanto que para a mesma versão equipada com o motor de 115 cv haverá um diferencial de mil euros. A versão mais cara custa 35.460 euros, o Focus 2.0TDCi Titanium de 163 cv e caixa automática.

Nestes espaços, serão prestados cuidados diferenciados e gratuitos. O apoio aos peregrinos vai decorrer entre as 09:00 e as 20:00 e vai contar com a parceria da Associação Portuguesa de Podologia que vai disponibilizar a sua Unidade Móvel.

Vitivinicultores do Douro recusam abandonar a terra apesar da crise Os rendimentos dos vitivinicultores do Douro diminuem de ano para ano por causa dos cortes no benefício e no preço do vinho, mas muitos recusam abandonar as terras porque dizem já nasceram “debaixo de uma videira”. Pelos degraus de socalcos que serpenteiam a mais antiga região demarcada do mundo, espalham-me milhares de pequenos e médios vitivinicultores que, segundo dados da Casa do Douro, sofreram uma redução de rendimentos na ordem dos “60 por cento” na última década. Agostinha Glória e Abraão Santos são irmãos e possuem vinhas em Alvações do Corgo, concelho de Santa Marta de Penaguião.

Aos poucos Agostinha e o marido foram comprando, através de empréstimos, terrenos até juntar 22 hectares onde colhem cerca de 150 pipas de vinho. Aqui já tiveram direito a 82 pipas de benefício (quantidade de mosto que pode ser transformado em vinho do Porto), que chegaram a vender a 1150 euros por pipa (550 litros). Na última vindima, esta vitivinicultora pode colher apenas 60 pipas de benefício. “Entregamos as uvas na última colheita sem preço e ainda não recebemos, nem sabemos quando ou quanto vamos receber”, afirmou à Agência Lusa. Segundo a Associação de Vitivinicultores Independentes do

Douro (AVIDOURO), a média por pipa de vinho do Porto não ultrapassou os 800 euros. Agostinha Glória ainda não recebeu pelo “generoso”, mas teve que pagar aos trabalhadores que contratou para a vindima e tem que pagar aos que chama periodicamente para outros trabalhos que é preciso fazer na vinha ao longo do ano. “O que nos valeu foram as uvas que vendemos para fazer vinho de mesa e pelas quais já recebemos alguma coisa”, salientou. O que vale também é que muito do trabalho é feito apenas pelo casal com a ajuda dos filhos e das receitas do café que explora em Alvações do Corgo e onde Agostinha passa muitos dos seus dias.


22 maio'11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

Artes do espetáculo em Lousada até 14 maio O Folia – Festival de Artes do Espetáculo de Lousada apresenta até dia 14 de maio diversos espetáculos de música, teatro, dança. As artes plásticas têm também um lugar de destaque neste Festival, com a exposição de pintura de Silvina Isabel, patente na Biblioteca de Lousada. No sábado, dia 7, a Companhia do Chapitô apresenta o espetáculo “Cemitério dos prazeres”, enquanto no domingo, 8, o programa contempla Cellowood – temas de filmes. Na fase final desta edição do Folia os Corvos visitam U2, na quarta feira, dia 11, e nos dias seguintes os espetáculos contam com a prestação do Teatro Montemuro, com o espectáculo “Remendos”, dia 12, e “As peúgas de Einstein”, levado a cena pelo teatro A Barraca, no dia 13. No encerramento do Folia é apresentado “As encalhadas”, um espetáculo da companhia Sola do Sapato, com a prestação das atrizes Maria João Abreu, Helena Isabel e Rita Salema.

Feira dos doces em Amarante Os claustros do Mosteiro de S. Gonçalo acolhem, entre 13 e 15 de maio, a 6ª edição da Feira dos Doces Conventuais de Amarante. O evento é organizado pela associação empresarial. A doçaria conventual de Amarante é produzida por cerca de uma dezena de confeitarias. Está em curso um processo de certificação da doçaria "para salvaguardar a tradição e os receituários tradicionais".

Teatros Municipais Teatro Municipal de Bragança

- XIII FITAB - Festival Internacional de Tunas Académicas de Bragança. 21 maio, 21:30.

Teatro Ribeiro Conceição – Lamego

- “Riso Com Siso, Festival Internacional de Humor”, até 15 de maio.

Teatro de Vila Real

- Vip Manicure/A Crise, com Ana Bola e Maria Rueff. 12 maio, 22:00. - Les Corbeaux "Os Corvos" (França), com Josef Nadj e Akosh Szelevenyi, um diálogo entre dança e música; 13 maio, 22:00. - Clã - Disco Voador. 21 maio, 22:00. - Tó Trips - Guitarra 66. 28 maio, 22:00

CNIS debate solidariedade em Santarém O primeiro congresso temático da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), subordinado ao tema «Rumo Solidário para Portugal», decorrerá a 20 e 21 de maio, em Santarém. Segundo a CNIS, a Economia Social assegura 73,6% da ação social em Portugal, segundo dados da Carta Social, com o Setor Solidário a ser responsável por 65,8% dessa ação social. A CNIS apresenta uma série de propostas com o intuito de, “neste ambiente de crise que Portugal vive”, reforçar a posição de que a organização e as IPSS “fazem parte da solução e não do problema”. “Não falamos em comparticipação financeira, apesar das enormes dificuldades que hoje já levam algumas IPSS a fechar algumas valências e outras a estarem na iminência de fechar portas”, argumentou o padre Lino Maia. Neste particular as IPSS mais afetadas são as que oferecem respostas nas valências de acolhimento de crianças e jovens, apoio à deficiência e educação. “O encerramento de IPSS significa mais desemprego e mais pobreza”, alertou o presidente da CNIS, relembrando que o Setor Solidário é responsável por cerca de 200.000 postos de trabalho. Numa altura em que os analistas não colocam de lado a possibilidade de fortes convulsões sociais, o padre Lino Maia considera que “as IPSS são uma mola amortecedora do mal-estar social”. No dia 20, debater-se-á “A sociedade em crise, numa crise Global”, e “O setor solidário em Portugal”, este com os representantes do mundo social solidário: Padre Lino Maia, presidente da CNIS, Manuel Lemos, presidente da União da Misericórdias e Alberto Ramalheira, presidente da União das Mutualidades Portuguesas. No dia 21 de maio, pela manhã, debate-se o tema “Relações do setor solidário com o Estado” com Silva Peneda Presidente do CES.

Bragança, Salamanca e Zamora avançam com candidatura transfronteiriça a Reserva da Biosfera

artes & eventos

Cartoons de Santiagu

[Pseudónimo de António Santos]

Bin Laden - 2011

As regiões de Bragança, em Portugal, e de Salamanca e Zamora, em Espanha, estão a preparar uma candidatura conjunta a Reserva da Biosfera, um estatuto atribuído pelo UNESCO a territórios pelo uso e preservação da biodiversidade. O presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, disse à Lusa que nos próximos dois anos serão realizados os estudos para sustentar a pretensão à classificação deste território com um área total equivalente à região Norte de Portugal. O projeto denominado “Biosfera Transfronteiriça” tem em vista aquilo que o autarca considerou como “o reconhecimento pela entidade UNESCO da qualidade deste território sob o ponto de vista da biodiversidade, da identidade, da cultura, dos bens patrimoniais”. “É uma espécie de selo de qualidade para um território, o que permite abrir uma janela de oportunidades de promoção da qualidade dos produtos oriundos desta região, da promoção turística e da captação de novos e importantes fluxos turísticos”, na opinião do autarca de Bragança. A candidatura transfronteiriça está a ser desenvolvida pelo agrupamento europeu de cooperação territorial constituído pelas três províncias, o ZASNET – AECT, e foi contemplada por fundos europeus com 300 mil dos 400 mil euros necessários para o projeto. Os promotores gostariam de “nos próximos quatro a seis meses” lançar o concurso . Jorge Nunes espera que a equipa de peritos conclua os estudos e possa apresentar a candidatura à UNESCO no prazo de 18 meses.

O OLHAR1933-2009 DE... Eduardo Pinto

1933-2009 Sem título - Amarante - Anos 50

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

Fundado em 1984 | Jornal/Revista Mensal Registo ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89 Redação: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689) Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (T.P. 993>C.P.), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (T.P. 1377), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Manuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839).

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo. Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Marco, Baião Repórter/Marão Online

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repórterdomarão

Santiagu ganha mais um prémio em Sintra

António Santos, o cartunista “Santiagu” e colaborador de há muitos anos do Repórter do Marão, averbou mais um prémio, desta vez no World Press Cartoon 2011, que decorreu em Sintra, concurso em que o australiano David Rowe foi o vencedor do Grande Prémio com “Wikileaks and Uncle Sam”. O cartoon vencedor, que satiriza “um dos temas mais quentes de 2010”, foi publicado em dezembro de 2010 no jornal australiano The Sun-Herald, tendo conquistado o Grand Prix e o primeiro lugar na categoria de Cartoon Editorial do certame de humor gráfico de imprensa. Na mesma categoria, o polaco Pawel Kuczynski conquistou o segundo lugar, com o cartoon “Made in China”, e Alecus, cartoonista mexicano que trabalha em El Salvador, ficou na terceira posição, com o desenho “Chilean Miners”. João Vaz de Carvalho e Santiagu foram os portugueses mais em destaque nesta sétima edição do World Press Cartoon, premiados na categoria Caricatura, com os 1.º e 3.º prémios.

Madre Teresa foi publicado em dezembro O trabalho de João Vaz de Carvalho é um retrato do rei D. João I, publicado em abril do ano passado na revista Notícias Magazine, no âmbito de uma reportagem sobre os reis e as rainhas. Já o desenho de Santiagu é uma Madre Teresa de Calcutá desenhada para o Repórter do Marão e apresentada a concurso em Sintra no último mês de 2010. Na categoria Desenho de Humor, o vencedor foi o brasileiro Samuca, com o cartoon “Pedophilia” publicado no Diário de Pernambuco, do Recife. O júri internacional, presidido pelo cartoonista António e integrando o britânico Ralph Steadman, considerado um dos melhores cartoonistas do mundo, Anita Kunz, ilustradora e professora de artes plásticas do Canadá, Alessandro Gatto, pintor e artista gráfico italiano muito premiado, e a belga Cecile Bertrand, cartoonista do jornal La Libre Belgique, analisou um total de 822 desenhos, de 462 autores, publicados em jornais e revistas de cerca de 70 países. A exposição World Press Cartoon Sintra 2011, que apresenta 401 obras, está patente até 30 de junho, no Sintra Museu de Arte Moderna, de terça feira a domingo, entre as 10 e as 18 horas, com entrada livre.

Sobre a caricatura premiada "Estruturalmente, a ideia nasceu do desejo de desenhar esta figura de renome internacional dando grande relevo ao véu, assumindo por excelência a mancha gráfica, por um lado e, por outro, uma forma protetora para as pessoas mais carenciadas, ou não fosse ela a “santa das sarjetas”. A caricatura foi trabalhada confrontando o suporte de papel com a ajuda da eloquência de lápis e canetas, que assumiram a grande responsabilidade de representar plasticamente um dos mais belos e edificadores exemplos da Paz. Obter o terceiro Prémio a nível mundial no WorldPressCartoon of Sintra representa, para mim, uma grande satisfação pessoal e mais incentivo para a execução dos próximos projetos".

António Mota

Vasco e Bernardete Ouve o que te digo, Bernardete. Daqui a trinta, quarenta anos, a nossa casa terá o mesmo destino que a casota do cão que nos morreu: vai ficar deserta. Vai ficar sem o telhado e com as janelas fanadas de vidros. Os primeiros ninhos aparecerão na cozinha. E na sala as portas deixarão de funcionar. Os coelhos bravos correrão por estes corredores, os javalis virão atrás do cheiro dos coelhos, e aqui deixarão as suas marcas. Virão as chuvas de Dezembro, os ventos de Fevereiro, o gelo e o sol, e tudo há-de apodrecer. As silvas hão-de tomar conta do resto, como manda a natureza. Será esse o fim desta casa. Pode ser que neste quarto onde agora dormimos, e eu às vezes tenho vontade de te sonhar, cresçam meia dúzia de árvores, talvez eucaliptos, que são mais despachados a crescer que os carvalhos e os pinheiros. Tudo o que é estrangeiro cresce bem em Portugal, até os eucaliptos, que tudo secam à volta. Mas o mais certo é nascer um tufo de mimosas. E eu até nem desgosto da cor, tão amarela; e do cheiro, tão intenso, das flores das mimosas. Não te rias Bernardete, daqui a trinta, quarenta anos, mais ano, menos mês, a nossa casa pertencerá à bicharada. Lembras-te, Bernardete, do que penamos para fazer esta casa? E de que valeu tanto trabalho, tanta privação? A nossa aldeia está a ficar um deserto. Temos sorte, Bernardete, temos muita sorte em ter filhos que se interessam pelos pais. Mesmo com as consumições deles ainda têm o cuidado de nos ligarem todas as semanas, ao sábado à tarde. Coitados. Os nossos netos são bonitos, são sangue do nosso sangue, - e então o mais novinho, o Eduardo, é tão parecido comigo - , mas eu tenho muita dificuldade em percebê-los.

Eles vêm cá, mas não abrem a boca, não falam connosco nem falam com ninguém. Ficam sentados aí pela casa, cada um agarrado ao seu computador, muito concentrados, a picarem no teclado, com as pontas dos dedos como as galinhas a bicarem no milho. E falam e riem para o computador, como se ele fosse gente. Como se isso não chegasse, passam a vida a olhar para os telemóveis que trazem colados à palma das mãos. E têm pressa em partir. Bem se vê que este mundo não lhe pertence. A nossa terra é um estorvo nas vidas deles. A neta mais velha agora tem sempre muito que estudar e já não aparece. O mundo mudou tanto, Bernardete. Lembras-te da primeira televisão que tivemos, a preto e branco, enorme, que durou uma eternidade, e depois ainda serviu para poleiro de galinhas? Lembras-te da motorizada? Se as minhas pernas deixassem, ainda era homem para te levar a passear no raio da motoreta. Ai, Bernardete, o caruncho entra por nós adentro e come-nos o vigor dos músculos e dos ossos. Ri-te Bernardete, ri-te, mas vê lá se aprendes a controlar a dentadura, e não a deixes sair da boca. Ouve o que te digo, Bernardete. Daqui a trinta, quarenta anos a nossa casa terá o mesmo destino que a televisão a preto e branco e a casota do cão que nos morreu. A nossa casa e a nossa aldeia desaparecerão. Volta tudo a ser natureza. Ar puro. Bicharada e floresta. Já cá não estaremos para ver esse paraíso.

anttoniomotta@gmail.com



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