Repórter do Marão

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repórterdomarão

Acessos difíceis, estacionamento afastado e pouca divulgação conseguiram preservar este paraíso natural

J U L H O ’ 11

do Tâmega e Sousa ao Nordeste

Prémio GAZETA

Nº 1253 | julho '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Tiragem: 27.500

Alvão CONSERVA o seu oásis

Julho é mês de anho assado em Baião Bracalândia atrai a Penafiel 145 mil visitas/ano

OM Norte: 'Estamos a formar médicos a mais'


LAZER & BOA VIDA

O paraíso quase secreto Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Foto P.P.

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or capricho da Natureza, o rio Olo precipita-se num desnível de cerca de 300 metros, originando as admiráveis quedas de água das Fisgas de Ermelo, em pleno Parque Natural do Alvão. As lagoas de límpidas águas completam um cenário que tem tanto de recato como de paradisíaco para os veraneantes que ali acabam por ancorar. Os números do Posto de Turismo de Mondim de Basto revelam que 75% dos visitantes são portugueses. Dos 25% de turistas estrangeiros, a maioria é proveniente de França e Holanda. É “ínfima” a percentagem de visitantes que não manifesta a intenção de visitar as Fisgas de Ermelo, classificadas como “o primeiro motivo de visita ao concelho” e uma das 77 pré-finalistas às 7 Maravilhas da Natureza de Portugal. Depois da caminhada de 25 minutos, o vila-realense Fábio Carvalho chega a este local “calmo e paradisíaco” com o grupo de amigos. “Não há assim muita informação e conhecimento do que são os poços das Fisgas, de modo que não há muita confusão e, por isso, é sossegado e agradável”, explica o jovem. Enquanto os pés percorrem as fragas aquecidas pelo sol à procura do melhor sítio para estender a toalha, ecoa o balir das cabras. O rebanho de Sérgio Alves percorre as encostas onde as Fisgas estão encaixadas. “Vem bastante gente todos os dias. Dizem que gostam muito de ver as cabras e que quando vêm cá e não as veem, já não vão satisfeitos”, garante o pastor de Varzigueto. As escarpas das Fisgas de Ermelo são ideais para a nidificação de algumas espécies faunísticas ameaçadas, nomeadamente o Falcãoperegrino, a Andorinha-das-rochas e o Melro-das-rochas. Paula Carvalho, 40 anos, conhece as Fisgas há já alguns anos, mas só agora decidiu acampar por ali com a família. “Venho porque gosto da Natureza, pela necessidade de isolamento e de tranquilidade.” João, o filho de 14 anos, admite a preferência pela praia, mas contrapõe que o sítio é “bom para descansar”. A socióloga de Cabeceiras de Basto dispensa a vigilância: “não precisamos para nos sentirmos seguros num lugar destes”.

Contudo, o Parque Natural do Alvão destaca duas equipas de dois vigilantes da Natureza para as Fisgas. Com a água a dar-lhe pelos joelhos, Luís Manuel Nogueira procura pedras com as duas mãos. “Gosto mais de vir para aqui do que para a praia, porque posso fazer muitas coisas, como fazer barragens”, explica o petiz. O progenitor costuma trazer a família “duas a três vezes no tempo quente” às Fisgas de Ermelo. “Vimos de Penafiel só para passar a tarde. Conheço este lugar, já há mais de dez anos e gosto sobretudo das montanhas e do verde”, confidencia Rodrigo Bessa. Refúgio para os mais jovens Com as férias à porta, muitos jovens escolhem as Fisgas de Ermelo para aproveitar os dias soalheiros. Vânia Gonçalves, 18 anos, veio de Mondim de Basto para ganhar um bronze e ir a banhos: “é um sítio diferente e acho engraçado o facto de ter estas pias”. “Há muita gente que vem para aqui e é uma maneira de conhecer pessoas”, acrescenta. O conterrâneo Manuel Ramada, 22 anos, destaca a qualidade da água: “já há alguns anos que venho, porque gosto desta paisagem e do rio limpo”. “Tem umas boas piscinas naturais para mergulhos e para estar com o pessoal”, diz. O olhar de Mariana Fraga, 13 anos, perscruta o lugar pela primeira vez. “Vim com um amigo que me disse que isto era muito bonito para quem gostasse de Natureza e surpreendeu-me a paisagem”, conta a jovem de Celorico de Basto. Ao lado, o amigo Salvador Machado confessa que as Fisgas são o lugar da sua eleição, porque “é lindo, algo do outro mundo”. “Só valia a pena melhorar a estrada, pôr mais pedras e deixar estacionar mais perto daqui”, reclama. A câmara de Mondim de Basto assegura que tem em curso um projeto “ainda em fase embrionária”, em parceria com o Parque Natural do Alvão e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. “Pretendemos valorizar o vastíssimo património natural, seja por via da intervenção ao nível das acessibilidades com intenção de ordenar, facilitar e oferecer conteúdo a quem o visita; seja através da criação de infraestruturas de apoio, de informação e alojamento, que permitam uma vasta oferta de serviços e condições para a dinamização de atividades lúdicas, desportivas e científicas”, avança o autarca Humberto Cerqueira.

O anho assado é a maior referência Intimamente ligado a tradições culturais e religiosas, o anho assado no forno é o verdadeiro ex-líbris gastronómico de uma região onde a preparação deste prato é fruto do trabalho desenvolvido ao longo de várias gerações na busca da receita perfeita. Para os apreciadores da degustação desta carne de sabor singular, as coordenadas a seguir neste verão apontam para a vila de Baião, onde no último fim de semana de julho, o prato vai estar no centro de todas as atenções, durante o Festival do Anho Assado e do Arroz de Forno.

Festival do Anho Assado e do Arroz no Forno entre 29 e 31 de julho

“Não há um casamento, batizado ou comunhão nesta região onde não se sirva um prato de anho assado no forno”, explicou ao RM António Pinto, gerente da Residencial Borges, em Baião. “O anho faz parte dos costumes locais ao Baixo Tâmega, com laços fortes à religião católica e a sua confeção é mais uma tradição do que um segredo. A diferença está na preparação e na forma como se cozinha, que difere de área para área e que confere ao prato o sabor característico da região”, sublinhou o gerente. Localizada no centro da sede do concelho há um pouco mais de 50 anos, a residencial opera um restaurante onde aos domingos, feriados e dias de feira, o prato do dia é anho assado, uma especialidade da casa cozinhada em fornos de lenha após um laborioso processo de preparação. O método de confeção começa pela seleção do animal, que terá de ser jovem e tenro para evitar o sabor a carneiro de “que muitas pessoas não gostam”. Após uma limpeza que elimina todas as gorduras e partes desnecessárias, a carne é “besuntada” 24 horas antes de ir ao forno, com uma mistura à base de banha de porco, alho, salsa e colorau. No dia seguinte, o anho vai ao forno de lenha durante duas horas, assado em cima de alguidares de barro, onde se coze o “arroz pingado” numa calda que integra presunto, galinha, ossos de vitela e vários outros condimentos. “Uma das vantagens deste método é que o anho fica com um sabor diferente ao assar fora de um tabuleiro. Nestes fornos ocorre um processo simultâneo de assadura e cozedura em que os sumos da carne pingam para o arroz, ficando ambos os pratos com um sabor muito característico”,


do Alvão

CO M O CH EG A R À S FI SG A S D O ER M ELO ?

pode ser feito pelas O acesso para as Fisgas de Ermelo d’ Olo à localidade de estradas florestais que ligam Lamas to e Vila Real através Ermelo ou a partir de Mondim de Bas eia de Ermelo e à ponda Estrada Nacional 304, junto à ald te sobre o rio Olo.

MCOUTINHO DOURO

GPS: N 41° 22' 39.05" W 7° 51' 52.51"

Sol, sombra, água e lazer Mais sugestões para os dias quentes de verão:

BRAGANÇA: Parque Natural do Montesinho; Parque Biológico de Vinhais (inclui campismo); Corredor Verde do rio Fervença (Polis) e Parque de Campismo do Cepo Verde, em Bragança; Praia do Azibo, em Macedo de Cavaleiros; Parque do Tua (parque de merendas e praia fluvial), em Mirandela; Praia Fluvial da Congida, em Freixo de Espada-à-Cinta; Parque de Campismo na albufeira do Peneireiro, em Vila Flor. VILA REAL: Parque de Lazer de Bragadas e Pena Aventura Park, em Ribeira de Pena; Parque Corgo e Praia Fluvial de Codeçais, em Vila Real; Praia Fluvial de Fornelos, em Santa Marta de Penaguião; Parque das Caldas de Moledo e Parque de Merendas de Loureiro, na Régua; Parque de campismo da Quinta do Rebentão e Parque de Merendas de N. Sª da Aparecida, Parque Termal e praias fluviais no rio Tâmega e de Segirei (no Montesinho), em Chaves; Parque Arqueológico de Tresminas, parque de merendas de Cidadelha e Parque Termal de Pedras Salgadas, em Vila Pouca de Aguiar; Praias fluviais do Rio Teixeira e da Rede (rio Douro), em Mesão Frio. TÂMEGA E SOUSA: Bracalândia, Parque da Cidade e Parque Termal de S. Vicente, em Penafiel; Parque Florestal, Parque de Campismo e Parque Aquático, em Amarante; Parque Fluvial de SobreTâmega, Parques do Castelinho e de Montedeiras e Praia Fluvial de Bitetos, em Marco de Canaveses; Praia Fluvial do Ovil e serra da Aboboreira, em Baião; Parque de Fiães de Cima, em Codessoso, Celorico de Basto; Ilha do Castelo, na foz do Paiva, em Castelo de Paiva; Santa Quitéria e Parque de Campismo Rural de Vila Fria, em Felgueiras; Parque Urbano de Paços de Ferreira; Praia Fluvial do Amial, no rio Sousa, em Lousada; Parque da Cidade, em Paredes; Praias fluviais nos rios Bestança e Ardena, em Cinfães; Parque Termal das Caldas de Aregos e Praia Fluvial de Porto de Rei, em Resende. OUTROS: Parque Biológico Serra das Meadas, em Lamego; Praia Fluvial de Agrela, em Fafe.

gastronómica de Baião explicou António Pinto. O restaurante serve ainda, como aperitivo, o verde ou “bazulaque”, um petisco confecionado à base das entranhas do anho (fígado, coração e pulmões), variadas carnes e enchidos misturados com pão de Padronelo e um pouco de sangue do anho para formar uma espécie de açorda. Dita a tradição que este prato era servido como um “reforço” de energias para as longas caminhadas que se faziam antigamente, quando um convite para um casamento ou um batizado significava percorrer a pé dezenas de quilómetros até à igreja ou ao centro da vila. O setor do turismo é um dos pilares “base” das economias locais como a dos concelhos do Baixo Tâmega, onde uma mistura de tradições religiosas, culturais e gastronómicas atraem anualmente milhares de visitantes, nacionais e estrangeiros, à região. Na edição anterior do Festival do Anho Assado e de Arroz de Forno de Baião, em 2010, passaram pela Feira do Tijelinho 6 mil visitantes que, em três dias, degustaram 5 mil refeições, 3 mil garrafas de vi-

 Segundo dados disponibilizados pela C. M. de Baião, as anteriores cinco edições do Festival do Anho Assado e do Arroz de Forno, realizadas entre 2006 e 2010, atraíram um total de 26 mil visitantes ao concelho.

nho e ainda uma tonelada de doçaria regional. Por detrás destes eventos movimenta-se toda uma economia local onde se produzem bens e produtos através de práticas tradicionais que fomentam a empregabilidade da população e a preservação da paisagem. “Para além da boa mesa, há um aspeto que nos motiva a realizar este tipo de iniciativas: aquilo que pomos na mesa é o resultado de um trabalho a montante, de pessoas que vivem de atividades da agricultura tradicional”, explica José Luís Carneiro, presidente da Câmara Municipal de Baião. “A gastronomia é uma oportunidade para melhorar as condições de vida das populações, que teimam em manter a biodiversidade e a valorização da paisagem que está na nossa memória coletiva”, conclui. A sexta edição do Festival de Anho Assado e do Arroz de Forno de Baião realiza-se nos próximos dias 29, 30 e 31 de julho, na feira do Tijelinho, na entrada poente da vila.

 No mesmo período, foram servidas cerca de 20.500 refeições, acompanhadas por 17 mil garrafas de vinho. Foram vendidas 8,2 toneladas de laranja da Pala e 1,7 toneladas de broa de milho.

Paulo Alexandre Teixeira (Texto e Fotos)

 Só no evento que decorreu em 2010, a autarquia calcula que no total de refeições servidas nos restaurantes da vila de Baião, dentro e fora do festival, o consumo de anho atingiu as 2,3 toneladas.

PROMOÇÃO VÁLIDA ATÉ 31 DE JULHO

MCOUTINHO DOURO Av Futebol Clube do Porto, 411 4630-276 Marco de Canaveses Tel.: 255 539 018 - Fax: 255 539 015 E-mail: kia.marco@mcoutinho.pt www.mcoutinho.pt

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CRISE

Orçamento de Estado corta 2 milhões ao Município de Lamego

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Autarca

Francisco Lopes preocupado

Iolanda Vilar | iolandavilar.tamegapress@gmail.com | Foto C.M.L.

A

pertar o cinto é a palavra de ordem desde o início de 2011 na Câmara de Lamego. Nesta autarquia, “o controlo rigoroso dos gastos internos, a diminuição das despesas com transporte escolar e a redução dos apoios concedidos às associações locais e às juntas de freguesia” são algumas das medidas que estão a ser tomadas. O edil lamecense acredita que estas medidas gerem uma poupança total de 770 mil euros, o mesmo valor que a câmara vai deixar de receber das transferências do Orçamento do Estado para 2011, sem contar com o corte de 330 mil euros imposto pelo PEC1, bem como a redução de receitas próprias estimada em 500 mil euros. Com entrada em cena das medidas ditadas pela 'troika' (FMI, UE e BCE), a contenção terá de ser ainda maior. Segundo Francisco Lopes, “com o acordo da 'troika' irá haver novo corte em 2012 e 2013”. O autarca assinala que Lamego sofreu um corte de 330.000€ em 2010, mais 770.000€ em 2011, e que se prevê uma redução de 450.000€ nos anos de 2012 e 2013. No total, "o município de Lamego receberá menos 2 milhões de euros do que recebeu em 2009”. O edil assegurou ao RM que as restrições vão abranger a diminuição do investimento com as deslocações e formação dos funcionários da autarquia, respeitando contudo o mínimo legal, e uma forte poupança nos gastos internos de energia, água, telefone, combustível, economato e fornecimento de bens e serviços externos. Também será implementada uma política de redução dos gastos com a aquisição de água à empresa Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro, bem como na recolha e deposição de resíduos. Francisco Lopes antevê que algumas áreas estarão imunes a cortes, nomeadamente as despesas com pessoal, os encargos com a dívida proveniente de créditos bancários e as despesas básicas que garantem o funcionamento dos equipamentos municipais, em particular aqueles que estão adstritos à área da Educação, como é o caso dos novos centros escolares. Não obstante, a Câmara Municipal de Lamego vai demitir-se da gestão das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC´s) que reportam 175 mil euros de défice e optimizar a rede de transportes escolares que custa 1,5 milhões por ano. Segundo o autarca, estes condicionalismos financeiros vão ser mais sentidos na obtenção de crédito junto das instituições bancárias. Por isso, a Câmara Municipal de Lamego também prevê a redução nos investimentos nos próximos anos, uma decisão que vai acarretar a perda de alguns fundos comunitários disponíveis ao abrigo do QREN.

Dívidas em bom caminho Apesar da crise, Francisco Lopes assume que a sua equipa mantém “um extenso e ambicioso programa de investimentos, mas que se encontra restringido a obras beneficiárias de fundos comunitários”.

As obras do pavilhão Multiusos decorrem em bom ritmo.

Apesar da grave crise económica e financeira que o país e a generalidade do poder local enfrentam, agravada pelas recentes medidas impostas pela 'troika' em troca de ajuda externa, nomeadamente a redução das transferências do Estado, Francisco Lopes, acredita que vão ser concretizados importantes investimentos no concelho e dá como exemplo a construção do primeiro troço da futura Circular Externa e a transformação da Escola Nº 2 num moderno centro escolar. Garante, também, que até ao fim do ano será ainda inaugurado mais um centro escolar em Lamego, enquanto o pavilhão multiusos está em fase adiantada de construção.

Municípios vão ajudar o país a sair da crise Francisco Lopes, que cumpre o segundo mandato – foi eleito em 2005 pela primeira vez – definese como "homem de desafios, mas sempre com os pés bem assentes na terra". Perante esta fase do país, onde a palavra crise reina, mas é imperiosa a necessidade de combatê-la e de investir em Portugal e nos portugueses, o autarca lamecense diz-se “com a consciência do dever cumprido". ”Tenho grande confiança na nossa capacidade para ultrapassar este momento difícil para Portugal e tenho a certeza que os Municípios, apesar dos cortes financeiros, serão os principais elementos de combate à crise e de resolução dos problemas das populações, pois são os únicos que têm políticas de proximidade”, salienta Francisco Lopes.




VILA REAL | Primeiras impressões de um novato no Parlamento

Interior precisa de gerar emprego para conseguir fixar população Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Texto e Foto

Desenvolvimento regional e sustentabilidade são eixos nucleares na ótica do agora deputado da nação, Luís Ramos. “Sempre pensei a política como um complemento a uma atividade profissional, académica, cívica”, sustenta. Aos 49 anos, Luís Ramos afasta-se da docência universitária na UTAD para abraçar um novo desafio, firme na convicção de que é necessário aproveitar, em toda a linha, o potencial dos recursos da região para vencer as fragilidades de afirmação no panorama nacional.

nas opções que foram feitas em matéria de obra pública”. “Um dos problemas cruciais do País para o desenvolvimento e para a sua sustentabilidade ambiental e financeira tem a ver com estas questões. Temos um sistema de serviços públicos (abastecimento de água, recolha de resíduos, equipamentos coletivos) que é marcado por uma irracionalidade total. Temos infraestruturas de último grito, mas que custam fortunas e que não vamos ser capazes de pagar nos próximos anos”, defende o deputado.

Militante do Partido Social-Democrata desde 1984, Luís Ramos assume uma atividade política “irregular” e sem qualquer “implicação direta nas estruturas partidárias”. Por isso, o convite para integrar a lista de deputados por Vila Real foi recebido com “alguma surpresa” e aceite com uma dupla motivação. “Face à situação do País e aos momentos difíceis que aí vinham, tinha a obrigação de dar o meu contributo naquilo que sei. Em segundo lugar, entendi que face ao que tenho feito nos últimos anos, com preocupações académicas voltadas para as questões do desenvolvimento regional e dos problemas das regiões de baixa densidade, poderia dar um contributo positivo nesses domínios.” Apesar de considerar o trabalho parlamentar “um pouco caricaturado pela opinião pública”, o deputado entende que o Parlamento deve “suscitar um conjunto de debates, desenvolver e aprofundar matérias fundamentais”. O desenvolvimento regional é um ponto incontornável na matriz de Luís Ramos, já que é imperativo que se combatam “as assimetrias crescentes entre o pequeno retângulo que vai de Braga a Setúbal, que corresponde a 1/3 do território e onde vivem 2/3 da população, e o resto do País”. “É importante que o Parlamento tenha uma maior influência na procura de soluções para minimizar e, sobretudo, alterar esta tendência”, frisa. Desde 1999 que Luís Ramos desenvolve investigação nas áreas do planeamento e ordenamento do território e dos sistemas de informação geográfica. Daí que a concentração de aglomerados populacionais em áreas urbanas lhe suscite também algumas preocupações, principalmente pela “ineficiência e falta de racionalidade

“Nestes últimos anos, o grande problema do Interior tem sido a ideia de que depois das infraestruturas básicas, escolas e estradas, o desenvolvimento viria por si”, afirma Luís Ramos. Mas o “problema de sempre” mantém-se: não existe atividade económica que crie emprego, logo não há capacidade de fixação da população, principalmente dos jovens mais qualificados. “A atividade económica geradora de emprego e de trabalho é fundamental”, salienta. Preconiza que os incentivos e apoios à instalação de empresas na região devem ser direcionados para aproveitar o conjunto de potencialidades existentes. “Não há razão nenhuma para que uma fileira como a do vinho não desenvolva um conjunto de atividades complementares àquilo que é a produção e transformação, no sentido de criar emprego e riqueza nesse domínio”, exemplifica. As medidas políticas, que até agora destinam um envelope financeiro para as regiões, devem passar a ter “uma orientação concreta relativamente aos setores que são prioritários”. “A região produz riqueza, mas ela sai toda daqui. É uma espécie de drenagem de recursos. Isso acontece no vinho, na energia, nos recursos minerais, nos produtos agrícolas como a amêndoa, a castanha ou o azeite.” Por isso, Luís Ramos é perentório na necessidade de existir “um retorno daquilo que o Interior dá ao País para criar o seu próprio desenvolvimento”. “Por exemplo, o facto de as barragens deixarem praticamente zero nestas regiões depois da obra feita. Alguma coisa tem de ser feita em matéria legislativa, nomeadamente quanto ao pagamento das derramas, por parte das empresas, que tem de ser feito nos municípios afetados.”

Luís Manuel Morais Leite Ramos Amarante, 29 de outubro de 1961 Casado, três filhos  Habilitações académicas: Licenciatura em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Pós-Graduação em Estudos Eu-

Um olhar voltado para dentro

ropeus pela Universidade Católica Portuguesa, em Políticas e Administração do Desenvolvimento pelo Instituto Agronómico de Montpellier e em Sociologia Rural pela Universidade de Paris X – Nanterre, onde concluiu o Doutoramento em Letras e Ciências Humanas  Cargos públicos: Quadro superior da Comissão de Coordenação da Região Norte, entre 1984 e 1999;

Vereador da Câmara Municipal de Amarante (2005-2007)  Livro de eleição: “À procura do tempo perdido”, Marcel Proust  Preferências musicais: Mozart, Zeca Afonso, Jean Ferrat, Mercedes Sosa  Película inesquecível: “A vida é bela”


MARCO DE CANAVESES | José Pedro Reis

Associações Empresariais podem ser a chave para ultrapassar a crise Paulo Alexandre Teixeira | pauloteixeira.tamegapress@gmail.com | Texto e Foto de uma forma mais tradicional”, sublinhou o presidente da AEMarco.

Formação: Academia PME foi um sucesso imediato entre as empresas locais

Associação Empresarial do Marco inscreve 200 novos associados em apenas quatro meses, muito acima dos números registados no ano passado

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ntre os meses de janeiro e abril deste ano, a AEMarco recebeu mais do dobro das propostas de associados do que no ano anterior, registando a adesão de 200 novos sócios em contraste com os 80 que angariou em 2010. “É fruto de uma campanha de angariação mais objetiva mas o que é certo, e evidente, é que os empresários olham para os serviços da associação como uma forma de ultrapassar a crise económica e financeira em que estamos mergulhados”, explicou o presidente da direção, José Pedro Reis.

A concentração de serviços de apoio e suporte às empresas é um dos vetores de atuação em que as associações empresariais da região têm apostado nos últimos anos e que, em altura de crise, merecem cada vez mais a atenção por parte das pequenas e médias empresas, que representam cerca de 95 por cento dos seus associados. Apoio jurídico, assessoria e contabilidade fazem parte de um universo de serviços que, em conjunto com os poderes negocial e de reivindicação das associações, se tem tornado numa fórmula difícil de resistir para os empresários. “É praticamente um serviço chave na mão. Noventa e nove por cento dos nossos sócios são micro e pequenas empresas que, por força das circunstâncias, não têm a possibilidade para aceder a este tipo de serviços

O papel das associações empresariais na área da formação tem vindo a crescer nos últimos anos, em particular em ações orientadas para o setor de gestão de “topo”, onde se registam, em muitos casos, baixos níveis de instrução. Neste campo, a AEMarco destacou-se por ser a nível nacional a única associação do seu género a implementar um projeto de formação de empresários durante 2009 e 2010, graças a uma candidatura ao programa “Academia PME” do IAPMEI. O projeto, que se revelou um sucesso imediato entre as empresas do Marco de Canaveses, retorna neste e no próximo ano, graças à aprovação da nova candidatura e ao trabalho de uma equipa de consultores especializados que vão acompanhar e instruir dezenas de empresários marcuenses em diversas áreas. “É um dos vários projetos que temos assegurado até 2012”, referiu José Reis, que sublinhou ter em carteira várias formações próprias da AEMarco. “A qualificação é algo que tem cada vez maior importância na vida das empresas e das pessoas. Formar é um papel que tem crescido de importância na nossa associação, que aposta na acreditação e nas parcerias com instituições acreditadas.”

FAEMarco: “Já não é preciso pedir às empresas para participarem” O início do segundo semestre do ano é altura mais atarefada na vida duma associação empresarial, quando se desdobra em eventos públicos para promover os produtos e empresas da região nos mercados locais e regionais. Neste concelho, as atenções centram-se na nona edição da FAEMarco, a feira de atividades empresariais que se realiza entre 4 e 7 de agosto, no Estádio Municipal. Com uma aposta reforçada na área da animação (Tony e Mickael Carreira são os cabeças de cartaz deste ano), a associação quer transpor os números do ano anterior, que já por si foram um recorde, a ultrapassar os 30 mil. “Já não é preciso pedir às nossas empresas para participarem neste evento. Um bom cartaz cultural atrai muitas pessoas e os empresários sentem que têm um retorno no seu investimento”, disse o presidente da direção. Para além deste certame, a associação abriu um novo capítulo este ano com a realização do Motorshow (em junho), um evento específico para o setor automóvel e a quarta edição do Festival da Francesinha (no final de Agosto). “No ano passado serviu-se 10 mil francesinhas em quatro dias, entre oito restaurantes. Este número, por si só, contraria quaisquer críticas a um festival de um prato que não é típico do concelho. E os empresários da restauração, esses, batem palmas e pedem que se realize mais vezes”, concluiu o presidente da AEMarco.

SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE O envelhecimento não compromete necessariamente a sexualidade. O envelhecimento tem sido associado à dependência, e a sexualidade nesta faixa etária é relacionada à perda. DEIXO-VOS A PENSAR … a pirâmide das idades mostra um envelhecimento progressivo da população. Não exclusivamente os seres humanos vivem mais tempo, mas também as condições de saúde e o potencial de integração social são prolongados. Entretanto, os estereótipos ligados à degradação biológica, a qual serviu durante séculos para caracterizar o processo do envelhecimento, continuam a impregnar o imaginário cultural. E as repercussões do processo de envelhecimento sobre a sexualidade constituem um assunto particularmente contaminado por preconceitos. Com uma visão demarcada, tanto em relação à sexualidade como à velhice, a sociedade qualifica este período da vida como um período assexuado. Esta visão assexuada do idoso admite compreender que ser idoso continua a ser entendido como um período em que não se sente, não se deseja, e não se quer. Daí a urgência em realçar a necessidade de reformular tais crenças e tabus perante a sexualidade no processo do envelhecimento. Contudo, certamente sem ignorar que à idade estão associadas várias mudanças físicas que em determinados casos, podem conduzir a doenças e outras dificuldades que interferem na sexualidade. Envelhecer é um processo fisiológico que começa na concepção e acarreta mudanças, características de cada espécie durante todo o ciclo vital. Portanto, a progressão do envelhecimento não pode ser evitada, mas sim melhorada, sendo necessário distinguir as alterações produzidas pelas diversas doenças no idoso, das mudanças que ocorrem no organismo apenas pela passagem dos anos, correspondentes aos efeitos naturais do processo de envelhecimento. Desta forma, não devemos relacionar a terceira idade apenas a processos patológicos, mas também a idosos saudáveis, à procura de orientações que melhorem a sua expectativa e qualidade de vida. O facto de o idoso apresentar uma diminuição das actividades sexuais, não significa portanto, a decadência da capacidade de amar, desejar, dar e receber prazer. Afinal a diminuição da frequência das actividades sexuais, não significa, fim da expressão ou do desejo sexual. Os problemas sexuais que afectam os casais idosos não podem ser analisados como incapacidade para a vida sexual, mas antes, como disfunções sexuais inerentes à idade, que podem e devem ser tratadas para que as pessoas idosas continuem a vivenciar a sua sexualidade. Recentemente alguns estudos demonstraram não existir razões fisiológicas que impeçam as pessoas idosas de apresentarem uma vida sexual activa. Na medida em que tanto a mulher como o homem, são muito mais do que um corpo. Afinal a sexualidade humana não se reduz à genitalidade. O sexo é uma linguagem de profundo sentido humano, com códigos e signos próprios, é uma comunicação e uma forma máxima de expressão através do corpo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os indivíduos que chegam à terceira idade com disposição emocional para manter uma vida sexual activa vivem mais e melhor, isto porque a sexualidade na terceira idade reafirma a identidade de cada parceiro. A afectividade é desta forma explicada como uma excelente resposta para solidão e abandono, sendo este um dos mais sérios problemas enfrentados pelos idosos. Por isso, envelhecer não significa necessariamente redução de capacidade e diminuição afectiva, mas deve significar vida aprazível. «O idoso agarrar-se-á tanto mais à vida quanto mais ela for gratificante». Desta forma, há que relembrar que o peso dos anos depende do significado que cada um lhe atribuir: se para uns ser idoso pode ser sinónimo de sabedoria e experiência a todos os níveis, nomeadamente o exemplo das sociedades africanas em que o idoso é muito respeitado, por ser considerado aquele que detém um conhecimento profundo sobre vários assuntos, o mesmo não acontece, nas sociedades ocidentais, em que à ideia de idoso se coligam conceitos como a inactividade, doença e demência, que naturalmente, leva à categorização de assexuados. A vida sexual transforma-se constantemente ao longo de toda a evolução individual, porém só desaparece com a morte. claudiamoura@portugalmail.pt (*) Professora Universitária. Investigadora na área da Gerontologia.



ENTREVISTA | Ana Paula Vale obteve o prémio Seeds of Science 2011

Investigadora da UTAD dedica-se ao estudo da dislexia Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com | Foto P.L.

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na Paula Vale abriu em 2005 a unidade de dislexia na UTAD. Este ano, foi premiada pelo primeiro estudo sobre a prevalência desta síndrome em Portugal e tem aproveitado para alertar para a falta de “legislação” nesta área e de apoios nas escolas para estas crianças e jovens.

Tudo começou porque queria compreender melhor a dislexia e dar resposta aos vários pedidos de avaliação de crianças que recebia. Ana Paula Vale, professora do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com 53 anos e 24 na academia transmontana, tem dedicado os últimos anos ao estudo desta perturbação que afeta uma em cada 25 crianças em Portugal. “As solicitações começaram a crescer de tal maneira que eu achei que devíamos criar uma situação mais formal e foi aí que comecei a investigar e foi criada a unidade de dislexia”. Foi em 2005 e ainda hoje a UTAD é a única universidade portuguesa com uma unidade do género. Aqui, três psicólogos coordenados por Ana Paula Vale, fazem o diagnóstico e a intervenção com crianças e jovens com dislexia mas não só, também outras perturbações associadas como o deficit de atenção, dificuldades de memória ou discalculia (desordem neurológica relacionada com números). “Quanto mais cedo começar a intervenção melhor. Mais fácil e mais rápido é resolver a situação”, afirmou a responsável ao Repórter do Marão. Os programas de tratamento são feitos especificamente para cada caso, sendo que na unidade foram criados jogos didáticos que vão ser publicados. “A intervenção que resulta melhor é aquela que é mais sistemática. Como as famílias não têm dinheiro para pagar uma intervenção diária o que nós fazemos é o mínimo de duas sessões por semana, o que estende o tempo de tratamento”, acrescentou. Como, segundo a investigadora, se trata de um trabalho que se faz “essencialmente com a linguagem, não pode ser feito com períodos longos de intervalo”.

Seeds of Science 2011 Ana Paula Vale recebeu em maio, na Figueira da Foz, o Prémio Seeds of Science, na categoria das Ciências Sociais e Humanas, atribuído pelo Jornal “Ciência Hoje”. Uma distinção atribuída pelo primeiro estudo sobre a prevalência desta síndrome em crianças portuguesas e as perturbações que gera no seu desenvolvimento. Os Seeds of Science distinguem os cientistas que mais se destacam junto da comunidade científica nas suas áreas de intervenção. Neste primeiro estudo, Ana Paula Vale concluiu que 5,4 por cento dos 1460 avaliados nos concelhos de Vila Real e Braga possuem dificuldades na área da leitura ou escrita. A investigadora avaliou 1460 crianças dos 2º, 3º e 4º anos de escolaridade dos concelhos de Vila Real e de Braga, num total de 23 escolas e 81 turmas. Segundo explicou, por se tratar do primeiro estudo realizado em Portugal foram adotados limites muito conservadores no delineamento dos critérios usados para classificar uma criança como tendo dislexia. As crianças foram testadas coletivamente nos testes de rastreio e individualmente nos testes de capacidade cognitiva e de consciência fonológica. Os resultados revelaram uma taxa de 5,4 por cen-

to de crianças com dislexia, valor que se enquadra nos intervalos de prevalência divulgados noutros países. Este estudo foi realizado com crianças de todos os estatutos sociais, sendo que a maioria era oriunda de meios com estatuto sócio cultural intermédio.

Falta de apoios nas escolas Por causa do prémio, a investigadora tem sido solicitada para falar em vários eventos e para dar entrevistas nos mais diversos órgãos de comunicação social. É um “palco” que tem aproveitado para “chamar a atenção” para esta perturbação e para uma questão que classifica como “muito importante”. “Esta condição de ter dislexia não está devidamente contemplada na legislação, nomeadamente no que diz respeito aos apoios que as crianças deveriam ter nas escolas”, sublinhou. Ana Paula Vale explicou que a legislação atualmente está dirigida ao ensino especial ou apoio educativo, para casos relacionados com deficits cognitivos acentuados ou com dificuldades que têm a ver com a surdez ou cegueira. “Para estes casos em que as crianças aparentemente não têm nada, que são inteligentes e que falam normalmente. Só não leem nem escrevem normalmente mas isso influência todo o seu percurso de aprendizagem. Nestes casos, os meninos raramente têm apoios nas escolas o que é gravíssimo”, afirmou. Tanto mais que, acrescentou, a investigação “mostra claramente que, sem intervenção, os meninos vão mantendo a distância dos seus colegas”.

Novas investigações Recentemente, a docente terminou outra investigação que apresentou em Praga. Durante dois anos seguiu a evolução de grupos de cerca de 30 crianças com dislexia e outras tantas com desenvolvimento típico. As avaliações foram feitas no segundo e quarto anos. “O estudo mostrou que as crianças se distanciam dos seus colegas em vários aspetos, como na leitura, escrita, velocidade de processamento, na memória verbal, na capacidade para analisar a fala”, salientou. E, segundo Ana Paula Vale, “a distância que eles tinham no segundo ano é a mesma que mantêm no quarto”. Ou seja, acrescentou, “as crianças com dislexia que não são apoiadas continuam a não conseguir ultrapassar os problemas que têm. Nunca apanham os colegas”, sublinhou. E a consequência é que as crianças e jovens, sem tratamento, vão fazendo “a escolaridade precária e normalmente depois acabam a escolher cursos que não gostam, apenas porque é mais fácil”. “Também sabemos que estas pessoas, mais tarde, têm trabalhos menos especializados e menos remunerados”, frisou. Ana Paula Vale conclui que a intervenção ajuda a que estas crianças “consigam aproximar ou mesmo igualar os seus colegas com desenvolvimento típico”. Neste momento, a equipa da investigadora está a recolher dados para dois projetos. Um deles vai estudar a diferença da memória verbal entre crianças com dislexia e desenvolvimento típico e outro as competências de discriminação da fala. “Ou seja, de as crianças serem capazes de reparar que sons muito semelhantes afinal são diferentes. Vamos por os meninos a ouvir sons, numa espécie de linguagem inventada, com sílabas a seguir umas às outras e eles depois têm que detetar sons específicos”, concluiu.



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Bracalândia atrai 145 mil visitantes ao ano Mónica Ferreira | monikiferreira@gmail.com | Foto J.S.

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erca de um ano depois de ter sido inaugurada, a Bracalândia, em Penafiel, apresenta, segundo os responsáveis, um balanço “bastante positivo”, tendo em conta os 145 mil visitantes que passaram pelo parque temático em 2010, durante os meses de março a outubro. Aberta em Penafiel desde março de 2010, depois de um percurso de 20 anos em Braga, a Bracalândia apresenta-se como o único parque temático do género no país e nem a mudança de espaço “beliscou” o nome e a reputação que construiu em Braga. Instalado junto ao Parque da Cidade de Penafiel, este espaço, com um investimento de cerca de 10 milhões de euros, reúne sete zonas temáticas (África, Paris, Bosque Encantado, Aldeia Medieval, Arábia, Faroeste e Piratas), equipadas com 18 atracções que fazem da Bracalândia “um Mundo Encantado em Penafiel” para os miúdos e graúdos. Segundo Sandra de Almeida, assessora da direção da Bracalândia, esta passagem para Penafiel foi um passo “bem dado”, e tem balanço“positivo". "O ano de 2010 foi o nosso primeiro ano em Penafiel e foi bastante positivo tendo em conta que houve uma mudança de localização e não fizemos grande campanha quando viemos para cá”, afirmou ao RM. Numa altura em que tinha terminado a concessão existente em Braga e havia a necessidade de mudar de localização – tornava-se insuportável em termos financeiros para o parque continuar em Braga –, a administração do parque temático recebeu diversas propostas para a sua instalação mas a escolha recaiu em Penafiel pelas condições oferecidas. “Quando tivemos que mudar de sítio, fomos contactados por 13 câmaras municipais com proposta para instalarmos o parque nos seus concelhos mas a de Penafiel foi a que nos apresentou melhores condições", salientou. Segundo Sandra de Almeida, "o terreno que ocupamos atualmente por si só é uma mais valia pelas condições que oferece aos visitantes, assim como os restantes hecta-

res que adquirimos para que possamos de futuro expandir o parque”, acrescentou, referindo-se às duas áreas temáticas que estão previstas criar futuramente na Bracalândia. “Iniciamos com 7,5 hectares de terreno mas vamos chegar aos 12,5 hectares. De futuro, embora ainda sem data definida, vamos criar duas novas áreas, a área da China, numa segunda fase e a área da Índia, numa terceira”, frisou. Salientando a necessidade de renovar o parque e criar novas atrações, a responsável da Bracalândia adianta que “de tempos a tempos temos que mudar uma atração para que as coisas não percam o interesse. Mesmo que as próximas fases não arranquem em breve, iremos renovar uma ou outra atração do parque para que as pessoas voltem para ver as novidades”.

Primeiro ano com saldo "muito positivo" No seu primeiro ano, entre os meses de março e outubro, o parque temático Bracalândia em Penafiel recebeu 145 mil visitantes, uma média de 1000 visitantes por dia. Cerca de 45 mil daqueles são alunos de escolas da região do Tâmega e Sousa mas também de outras zonas Norte e Centro. Este projeto que desenvolvem com as escolas, permitelhes acolher alunos durante o período letivo e é resultado de um esforço que o parque faz para chegar até eles. “Todos os anos mandamos um e-mail para as escolas a apresentar o nosso parque e as condições que temos para as escolas”, frisou Sandra de Almeida. “Mas existem outras escolas que nos procuram e ligam para saber o que temos para oferecer aos grupos de alunos”. Além dos alunos, que representam uma terça parte dos visitantes do parque, este acolhe essencialmente famílias, muitas delas vindas de Espanha, principalmente da Galiza. “Temos muitos espanhóis cá, essencialmente aos fins-de-semana e nas férias da Páscoa. Estes são de dois tipos: alguns vêm em família, outros vêm em grupos, em viagens organizadas por agências”, referiu a assessora.

De Portugal, temos visitantes que estão “fidelizados e que pelo menos uma vez por ano nos vêm visitar e temos outros que só nos vêm visitar se tivermos novidades”. São oriundos do Norte e Centro. “Temos clientes até Lisboa”, acrescentou.

Crise também se sente na Bracalândia A crise que se tem feito sentir no país também chegou à Bracalândia e “este ano há um decréscimo em termos de número de visitantes, assim como se nota menor consumo dentro do parque”, salientou Sandra de Almeida. A assessora crê que isto não significa que terão um ano mau. “Também tivemos anos críticos em Braga, que tinham um início fraco, mas com [a afluência dos meses de] julho e agosto tornaram-se nos melhores”, sustentou. Apesar de ter consciência de que o investimento que foi feito em Penafiel “foi apanhado pela crise”, Sandra de Almeida acredita que têm conseguido atingir os objetivos e que o futuro passará por superá-los. “Falamos com proprietários de outros parques que acharam ótimo o nosso número de visitantes e como tal estou otimista. Espero chegar ao final do ano e superar as visitas do ano passado”, declarou, salientando que o projeto é “sustentável” se mantiver as 145 mil visitas/ano. Pensando no “emagrecimento” das possibilidades financeiras dos visitantes, e para inverter a tendência que se tem feito sentir no parque, a Bracalândia baixou os preços. Durante os meses de julho e agosto lançou uma promoção no preço dos bilhetes. Os bilhetes para criança (dos 5 aos 12 anos) passou de 14€ para 10€ e os bilhetes de adulto (com idades compreendidas entre os 13 e os 64 anos) passou de 18€ para 15€. "Achamos que as pessoas este ano não vão fazer férias fora de Portugal e a ficarem no país terão de gerir muito bem o dinheiro que têm. Nesta fase, pensamos que em termos de visitas familiares tornava-se dispendioso o valor de bilheteira que tínhamos e por isso fizemos esta redução”, justificou a assessora da Bracalândia.


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ENTREVISTA | Miguel Guimarães, presidente do Conselho Regional Norte da 19/05/11 OM

15:22:29

'Médicos da periferia devem ganhar mais' Lúcia Pereira | mzp.lucia@gmail.com | te não querem concorrer”, o dirigente lamenta “uma má distribuição pelo Ministério da Saúde, que nunca soube ter uma estratégia de reorganização de serviços”. O presidente do CRNOM admite que nas regiões periféricas haja falta de médicos. “Os médicos que se deslocam para a periferia devem ter um vencimento melhor do que os que trabalham nos grandes centros. Já existe um subsídio para isso mas devia ser maior. Se o Estado quer médicos em Mirandela ou em Bragança tem que abrir vagas apenas lá”.

Política do medicamento

A

formação de médicos em excesso, a política do medicamento e a definição do Ato Médico são as três grandes prioridades do presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM), Miguel Guimarães. Eleito para o triénio 20112013, pretende melhorar a qualidade da formação dos médicos e lançar um projeto de solidariedade social para os apoiar no final da sua vida. Crítico relativamente à atuação dos anteriores ministérios da Saúde, Miguel Guimarães, manifesta “esperança” no novo ministro, Paulo Macedo. “Vejo-o como um homem de rigor”, diz, considerando mais relevante a sua “experiência como gestor” do que o facto de não ser médico.

Uma das principais preocupações de Miguel Guimarães, 49 anos, passa pela formação de médicos em excesso, cerca de 1.700 por ano, “quando todos os estudos sobre demografia médica para a população portuguesa apontam para uma formação de mil por ano”. O presidente do CRNOM teme, a muito curto prazo, uma situação idêntica à dos enfermeiros, onde ocorreu uma “barraca monumental”. Além do desperdício na formação de médicos que poderão nem exercer, alerta para o perigo de “uma diminuição da qualidade da medicina, à semelhança do que aconteceu noutros países”. Miguel Guimarães reconhece “uma falha na medicina geral e familiar”, conhecida como clínica geral, cuja responsabilidade atribui ao facto de “nenhum ministério da Saúde ter, até agora, percebido que especialidades eram necessárias em Portugal”. Mesmo tendo sido agravado pelas reformas antecipadas de muitos médicos, o problema da falta de clínicos gerais nos centros de saúde é “transitório”. Será resolvido quando os formandos terminarem a especialidade. Discordando da contratação de estrangeiros “para tapar buracos onde os médicos habitualmen-

No que respeita à polémica da prescrição por DCI [designação comum internacional ou nome genérico] em ambulatório, Miguel Guimarães é peremptório.“Não pode haver troca de medicamentos na farmácia”, sublinha, ressalvando que o problema não está nos genéricos em si, porque são testados, mas sim na bioequivalência entre genéricos que pode variar entre os 80 e os 120 por cento. “São medicamentos completamente diferentes. O doente nota imediatamente a diferença”, explica, defendendo que “os médicos devem receitar de preferência os medicamentos mais baratos, genéricos ou não, em que tenham confiança clínica”. Já a prescrição eletrónica de receitas médicas é considerada “uma mais-valia”, pois são mais fáceis de perceber e evitam confusões. Para Miguel Guimarães, falta resolver a questão da segurança informática, já que no atual sistema basta ter acesso a um login e a uma palavra-chave. “A segurança é praticamente zero nos dias de hoje”, alerta, considerando que o novo Governo terá que investir na introdução de códigos encriptados e da prescrição por cartão com chip. “A prescrição eletrónica permite combater a fraude nos medicamentos”, sublinha Miguel Guimarães. Numa alusão aos recentes casos de fraude com vinhetas denunciados pela Inspecção-Geral da Saúde, defende uma “punição severa” para os seus autores, sejam eles médicos, farmacêuticos ou outros profissionais. “Temos que moralizar o sistema”, sustenta. A publicação da legislação sobre o Ato Médico é outra das prioridades do presidente da Ordem no Norte. “É essencial que o Ato Médico seja publicado. Para proteção dos próprios doentes, é importante saber quem está apto ou não para fazer atos médicos. Tem que haver um largo consenso nesta matéria”, defende Miguel Guimarães, apontado o exemplo de técnicos de radiologia que fazem indevidamente ecografias ou de enfermeiros que querem prescrever medicamentos. Miguel Guimarães defende ainda reorganização das unidades de saúde. “As chefias intermédias dos hospitais devem terminar”, sustenta,

criticando a cadeia de desresponsabilização que começa no Ministério da Saúde e termina nos “institutos públicos com funções que deviam ser desempenhadas pela Direcção-Geral de Saúde, que não servem para nada e ficam muito caros ao Estado”. Aliás, para o dirigente da Ordem dos Médicos, a própria ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde, IP] “deveria terminar porque não faz sentido nenhum”.

Projeto Social “Devemos caminhar para a governação clínica. Os diretores de serviço é que a devem fazer, reportando à direção do hospital”, conclui, salientando que as grandes questões, como a poupança nos medicamentos e nos meios de diag-

nóstico, dependem dos médicos. Outra das prioridades de Miguel Guimarães é o apoio social. “No contexto atual, temos que dar uma importância muito grande à componente social. Na Ordem temos a obrigação de criar condições para que os médicos com necessidades possam ser apoiados. Já dispomos de um fundo de solidariedade nacional para apoiar os médicos que tenham necessidade”. Mas Miguel Guimarães pretende “ir um mais longe” e lançar um projeto semelhante à Casa do Artista, onde os médicos possam passar o fim da sua vida ou fases em que não sintam capacidade de viver sozinhos. Com residências, amplos espaços verdes, serviços de enfermagem e restauração, a estrutura será construída nos arredores do Grande Porto.


14 julho'11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

O Tempo e o Modo Com total liberdade de escrita, sem encomendas ou observações, e daquilo que vejo nos noutros, reforço a ideia de que Liberdade de Imprensa e Democracia, embora se possam aprender, são valores intrínsecos das pessoas. Mesmo assim há que ter cuidado. Pouco ou nada é absoluto nessa liberdade. Para além do respeito pelos outros, tem de haver preocupações na interpretação dos factos pelos outros. Falo disto pela Justiça. É a suprema soberania que nos dá o descanso de saber que, em última instância, temos garantia de recurso e reparo. Temos? Além dos óbices que lhe apontam, é servida por homens que, como os outros, também pensam e raciocinam. Mas, não como os outros, são eles que decidem em definitivo. Na sentença dum caso que pastou nos tribunais, de condenação a prescrição, vi uma outra que a anulava por que o número de pisos não é (?) o mesmo se for andar simples, duplex ou triplex. Noutro foi a interpretação dum testamento. O falecido destinou parte da herança para pagar dívidas. E frisou “nomeadamente” em relação a uma, especificada e quantificada. Entendeu a “douta” que o nomeadamente era apenas para aquela específica e não mais, como se o fosse exclusivamente. Acrescentou a entendida que, se o defunto queria referir-se a outras, também as teria “nomeado”... Ainda noutra vi a dicotomia interpretativa da liberdade de opinião que, em idênticas situações, deu, respectivamente, condenação, absolvição e suspensão de um direito de antena.... Ocorreu-me então, a propósito do acordo ortográfico, que se eu assistisse a um homicídio de arma branca, isto é que tivesse sido “espe(c)tador” da cena, no desenrolar do julgamento, numa leitura apressada em que me citavam como “espetador” em vez de testemunha ocular, não me caísse em cima a condenação por ter sido eu a espetar a faca... Vamos então a outras coisas. Deixemos a indignação germinar. O tempo certo decerto há-de chegar. Economia? É tema atractivo em que

qualquer pessoa, quando alguém pretodos somos especialistas. Também cisava por doença grave ou outra qualé «fácil» pois, não sendo ciência exacquer necessidade urgente, recorria-se ta, permite vários raciocínios, análises e aos senhores que tinham capital. De previsões. Permite até, tanto a especiachapéu na mão e com humildade, pelistas como a atrevidos, acertar nas coidia-se o preciso. 20 contos de réis? Muisas depois delas acontecerem. Como no tas desculpas e dificuldades. Se havia gafutebol, previsões, só depois do jogo. Só rantia real bem superior lá vinha a custo não consigo perceber porque é que, no o assentimento e as muitas condições. O início da adesão à Europa e na diarreia agiota, magnânimo, mandava comprar de fundos que vieram, nos disseram que a letra. Tinha de ser do mesmo valor se eles serviriam para nos desenvolvermos o empréstimo viesse para os 15 ou 16, e ficarmos iguais à Europa. Nunca vi por ou de 25 ou mais se fossem mesmo os esta questão aos responsáveis de então, 20. Garantias? Normalmente a casa pae repetidos agora, pois nunca crescemos trimónio de herança familiar. Não satisigual nem parecido e a massa derreteufeita a dívida, por atraso ou impossibilise... Para onde foi ou quem a tem? (Ah dade, de novo o favor comunicação social...) no pedido de aquisição Na constância da cri(renegociar como agora se que sempre ouvi fase diz). Valeria 40 ou 50 lar - já nem me lembro contos mas, o senhor, desde quando - o que que alegava não precise aponta é o valor do sar ou querer comprar, papel nas bolsas que depois de muitas volsobem ou descem para tas lá acedia, por grandefinir a sua “saúde”. Sede consideração e resguem-se as bênçãos peito à família. Queria e arrenegos de “agênajudar e por isso “sacricias” que, não se sabe ficava-se” a ficar com porquê ou por alma de Armando Miro ela. Normalmente pelo quem, assim decidem, Jornalista valor da dívida ou com cobrindo-se umas às algum retorno bem menor que o valor outras nos erros que nunca assumem, real. Voltava o reconhecimento humilde mas sempre partilham os despojos. O e agradecido, talvez o beija-mão da subvalor do que se cria, seja de intelecto ou serviência e gratidão até à eternidade cultivo, o que se tem, que outros explode quem pediu. Foi assim que, por esse ram ou nos deixam usar, as mais valias Portugal fora, muitos imóveis foram paque lhes podemos adendar, disso nem rar às mãos de poucos ricaços que assim se fala nem se sabe o valor. Seria interesengordaram o seu património. sante saber o que aconteceria se, os vaDesde sempre, cingindo-me ao solo lores contabilizados no “Deve e Haver” pátrio, sempre se pagou mais do que o mundial, a quem empresta ou recebe, devido ou a contrapartida. É a mais vana generalidade em aval ou papel, tiveslia ou o juro. Começou logo no fundase de aparecer a correspondente codor que, para ser reconhecido, pagou bertura pelos valores fiduciários reais. É ao Papa umas onças de ouro. Como se como quem diz: onde é que está a masvê a tal “ciência” não muda a não ser nos sa? Quem empresta tem mesmo a guita termos, mais modernos e sofisticados, ou trabalha a descoberto? Como é que e nas entidades. Os processos e objectitrabalha o BCE, o FMI, o.... que todos os vos são os mesmo. Explorar quem está dias ouvimos a propósito de mais uma na mó de baixo, fazendo-lhe crer que desgraça, um empréstimo, uma vítima, há justiça e que, para seu bem, lhe diuma pré falência ou bancarrota, etc.etc. zem o que fazer para não se voltar a etc. Dizem que o tal valor em rotação é perder. Só alguns “eleitos” é que sabem 10 vezes superior ao real... gerir e criar riqueza. Basta ver por onde Outra coisa interessante é a foranda o pecúlio que engrossou a nossa ma como referem os empréstimos dos dívida. Dizem também, apaziguando “agiotas” a Portugal (e aos outros que as crédulas almas, que a solidariedade não falta muito serão bem mais): “ajuda”. existe, e que Portugal voltou a ser um Que raio de ajuda é esta com os prazos, bom aluno (onde é que eu já ouvi isto?) juros e imposições estranguladoras que Cá por mim, muito obrigado pela parte sabemos? que me toca... Quando a banca não emprestava a

[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]

Agradecimento público Resido há alguns anos no Edifício Santa Helena – Lote C, em Amarante, mas há muito tempo e devido à degradação dos serviços do condomínio que não dava gosto viver. Eu e outros condóminos, há muito que mostrávamos o nosso descontentamento pela forma como o condomínio era administrado. Como devem compreender, passar todos os dias no espaço comum de um prédio com um aspecto daqueles de “Terceiro Mundo” e fazer passar por ali família e amigos é no mínimo degradante. Estamos num País onde todos os dias se ouve falar e dizer mal. Hoje venho agradecer publicamente à empresa PRED GEST – Gestão de Condomínios, que desde Junho de 2010 administra o condomínio deste prédio, a forma profissional e aplicada como executam o seu trabalho e souberam devolver a dignidade a quem neste edifício vive. À PRED GEST – Gestão de Condomínios, na pessoa do seu proprietário Sr. Antero Ferreira e a todos que lá trabalham, obrigado pela vossa postura e profissionalismo. Manuel João Esteves Pinto Amarante, Julho de 2011

opinião

112, como ligar? Em Portugal, a assistência pré-hospitalar é coordenada pelo SIEM (Sistema Integrado de Emergência Médica), que existe desde 1981. O INEM é o organismo do Ministério da Saúde que coordena o funcionamento, em Portugal Continental, do SIEM e a sua activação tem início quando alguém liga 112 - o Número Europeu de Emergência. Em determinadas alturas na vida, o impensável pode acontecer, o menos espectável surge…a doença súbita ou o acidente não escolhe idades, sexo, estatuto social…todos nós estamos vulneráveis a situações de morte iminente. Importa saber que o atendimento das chamadas 112 cabe à PSP, nas centrais de emergência, e sempre que o motivo da chamada tenha a ver com a saúde, a mesma é encaminhada para os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM. Existem 4 a nível nacional localizados no Porto, Coimbra, Lisboa e Faro. Antes de ligar para o 112 é muito importante estar preparado para fornecer algumas informações essenciais para que o socorro possa ser processado da forma mais eficaz possível. Apesar das campanhas de sensibilização que já existiram e de toda a informação que se tem veiculado, nunca é demais sensibilizar e esclarecer como deve ser feita a chamada para o 112. É importantíssimo que ao ligarem 112 as pessoas estejam preparadas para dar as seguintes informações:  Informar que é uma situação de emergência médica;  Informar o tipo de situação (doença, acidente…);  Número de telefone do qual está a ligar;  Localização exacta, se possível dar alguns pontos de referência;  Número de vítimas, sexo e idade aparente;  Condição em que se encontra(m) a(s) vítima(s) (consciente, inconsciente, a respirar ou não…);  Queixas principais e alterações que observa;  A existência de factores que exijam a deslocação de outros meios (incêndios, vítimas encarceradas…). É facilmente compreensível que numa situação de stress seja extremamente difícil ouvir e responder às perguntas que são feitas pelo operador do outro lado da linha 112, pois as perguntas feitas parecem uma perda de tempo, mas por exemplo, de que adianta a chegada de uma equipa médica se temos uma vítima encarcerada e a viatura de desencarceramento não foi activada para o local? Para que serve ter lá a equipa, se não consegue alcançar a vítima? Outro exemplo importante, um acidente numa auto-estrada, é vital informar qual o sentido, pois existe um separador central e a ambulância ou a viatura médica não pode simplesmente passar para o outro lado da estrada? São pormenores que demonstram a importância de fornecer as informações correctas. Os minutos que “se perdem” a falar com o operador, a dar as informações necessárias, podem ser cruciais para que o socorro prestado possa fazer toda a diferença, num minuto perdido podem ser ganhos anos de vida. Vânia Marques / Enfermeira

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Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial

'Vinho Verde e tradições de Amarante são um património a valorizar' “É chegado o momento de promovermos Amarante e os nossos produtos tradicionais, com o envolvimento de outras instituições locais e das freguesias de Amarante”

O

presidente da Associação Empresarial de Amarante fala sobre a ‘Mostra de Vinho Verde e Tradições de Amarante’ designada, outrora, por ‘FAGA’, a realizar entre os dias 7 e 10 de Julho, no Parque do Ribeirinho. Luís Miguel Ribeiro explica as razões para a alteração nos moldes deste evento e a sua organização conjunta com várias instituições amarantinas. Uma marca que, assegura, querer manter no futuro, uma vez que considera que “o envolvimento dum conjunto de instituições num evento de Amarante e dos seus recursos endógenos, é o melhor caminho para se construir um desenvolvimento sustentável” para o concelho. Que razões sustentam a alteração nos moldes da ‘FAGA-Feira de Artesanato e Gastronomia de Amarante’, que agora se vai denominar ‘Mostra de Vinho Verde e Tradições de Amarante’? Este evento continua a ter também a designação FAGA, porque há uma marca e tradição de todo um trabalho que fizemos, ao longo de muitos anos, em prol da promoção da gastronomia, do artesanato e dos vinhos verdes. No entanto, entendemos, juntamente com os nossos parceiros, que é chegado o momento de promovermos Amarante e os nossos produtos tradicionais, com o envolvimento de outras instituições locais e, em especial, as freguesias de Amarante. Há, por isso, aqui, desde logo, duas mensagens que temos vindo a afirmar e que quisemos aqui, neste evento, concretizar: Acreditamos nas instituições de Amarante e nos resultados do trabalho em cooperação; queremos olhar sempre para o desenvolvimento do concelho como um todo e,

Arquivo FAGA 2010

Arquivo FAGA 2010 por isso, tratar todas as freguesias por igual, no respeito pelas pessoas e pelo seu património, que no seu conjunto, é o património de Amarante. Começo por referir esta questão para enquadrar as alterações que vamos introduzir. Vamos destacar os produtos locais/tradicionais, através das freguesias onde estes produtos são mais característicos. O nosso vinho verde terá um destaque especial, e a Proviverde terá uma responsabilidade especial na sua promoção. Os doces conventuais estarão representados através da Confraria dos Doces Conventuais de Amarante. A Coopertâmega terá a responsabilidade de trazer os artesãos e o seu artesanato e as padarias com o trigo de cantos ou pão de Padronelo, e outros produtos. Estamos empenhados, juntamente com estas instituições e com a Associação de Municípios do Baixo Tâmega, na certificação dos doces conventuais e do pão de Padronelo. Assim sendo, esta feira terá como marca principal os nossos produtos e as nossas tradições gastronómicas. A ‘Mostra de Vinho Verde e Tradições de Amarante’ não irá contar com a participação dos habituais Restaurantes, mas apenas de Tasquinhas. Porquê? Na sequência do que referi, entendemos que esta promoção deverá ser feita com uma representação da gastronomia e tradições de Amarante, cuja responsabilidade é partilhada com as freguesias que têm vindo a desenvolver também este trabalho e colaborar na divulgação desse esforço que cada uma, individualmente, tem feito. Os restaurantes terão uma actividade de promoção no mês de Setembro, numa iniciativa que se vai designar “Amarante à Mesa”. Esta iniciativa decorrerá nos próprios restaurantes com um conjunto de animações e com a divulgação dos restaurantes aderentes e respectiva animação. Tudo o resto será divulgado, brevemente. Que outras características terá este certame? A organização do espaço será diferente, porque o espaço onde as pessoas se vão poder sentar para degustar (jantar) os produtos presentes e os vinhos, será sob a forma de uma praça da alimentação comum para todos, o que per-

mita que cada uma construa a sua ementa e faça a sua escolha entra as várias opções presentes. Será, certamente, mais fácil no mesmo dia e na mesma refeição conhecer vários pratos e produtos de várias partes diferentes do concelho. Ainda no espírito de promoção dos produtos que nos caracterizam, vai ser confeccionado na feira o doce fálico de S. Gonçalo, com cerca de 20 metros de comprimento, como forma de promoção e também de atrair a comunicação social a divulgar o evento e Amarante. Acontecerá este ano no dia da inauguração o desfile de moda “Amarante em Flor”, que se deveria ter realizado anteriormente, mas que teve de ser adiado para esta data. Será, certamente, um grande evento e muito diferente dos anos anteriores. Esperemos para melhor… A Associação Empresarial de Amarante (AEA) é a entidade coordenadora desta Mostra, mas estão também envolvidas na organização mais seis Instituições do concelho amarantino. De que importância se reveste, para o desenvolvimento da cidade de Amarante, este trabalho realizado em conjunto? Esta é, certamente, uma marca que gostaríamos que se continuasse a manter no futuro. O envolvimento dum conjunto de instituições num evento de promoção de Amarante e dos seus recursos endógenos é, claramente, o melhor caminho para se construir um desenvolvimento sustentável. Quero, aqui, destacar o apoio da Dolmen como promotora do evento e a parceria que temos vindo a manter com o município de Amarante. Mas também quero destacar, como comecei por referir, o envolvimento da Proviverde, da Confraria dos Doces Conventuais, da Coopertâmega e das freguesias. Acreditamos que o presente e o futuro exigirão este comportamento de todos nós, não só pelos resultados que é possível obter, mas sobretudo pela gestão dos recursos que serão cada vez mais escassos e que, por isso, será necessário cada vez mais usá-los com mais rigor enquadrados numa estratégia de desenvolvimento articulada e construída com a colaboração de cada uma, numa perspectiva do melhor para a afirmação e desenvolvimento de Amarante.


Produção editorial da responsabilidade da AEA - Associação Empresarial de Amarante


EPAMAC Foi aluno da primeira turma da Escola Profissional de Agricultura

Manuel Soares é Enólogo na Aveleda e responde pela produção de 14 milhões de garrafas de vinho Um estágio profissional no último ano do curso de Enologia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) marcou-lhe o destino e o futuro profissional. Quatro anos mais tarde, em 2001, já chefia o Departamento de Enologia de uma das principais empresas de vinho do país – a Aveleda. Manuel Soares é hoje o responsável pela produção e vinificação de 14 milhões de garrafas de vinho, assistindo duas adegas em duas regiões demarcadas – Vinhos Verdes e Bairrada. É mais um antigo aluno da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses (EPAMAC) com um percurso profissional de sucesso, por sinal oriundo do primeiro curso profissional daquela “escola agrícola”, como outrora era designada. “Fui aluno da primeira turma”, garante Manuel Soares, referindose ao já longínquo ano lectivo de 1990/91. Passaram-se 21 anos. O nosso ex-aluno tem 37 anos (nasceu três meses e meio antes do 25 de Abril), é natural de Santa Leocádia, em Baião e frequentou a escola do segundo ciclo antes de ingressar na EPAMAC. Posteriormente, fez a licenciatura na UTAD, em Vila Real. No seu ainda curto percurso profissional já foi galardoado com o prémio “Jovem Enólogo do Ano”. Numa breve entrevista, o enólogo da Aveleda, empresa que tem o seu principal centro de vinificação em Penafiel, reconhece que a passagem pela nossa Escola também o marcou: professores e colegas foram amigos “que ficaram para a vida”. Como se processou o ingresso na Aveleda? Manuel Soares - Comecei na Aveleda em 1997 a fazer um estágio profissional de Enólogo adjunto e técnico de laboratório. Funções que exerce na empresa? - Enólogo (Responsável de Departamento de Enologia). Desde quando? - Desde 2001. Qual a envergadura do trabalho que exerce? (p.e.: número de pipas vinificadas? apenas no vinho verde? quantas adegas dirige?) - Como responsável desta área, o meu trabalho abrange toda a planificação, controlo e acompanhamento da produção de vinho, desde a uva até à garrafa. Na totalidade são 14 milhões de garrafas por ano. Por vindima, vinificamos 10 milhões de litros de vinho por ano em duas adegas diferentes: nos Vinhos Verdes e na Bairrada.

Como chegou à obtenção do prémio de Jovem Enólogo do Ano? - O prémio de jovem Enólogo foi a eleição da revista Noticias Magazine na secção que comentava os vinhos na altura, da responsabilidade de Aníbal Coutinho. Segundo a informação da revista, deveu-se ao facto dos vinhos da Aveleda apresentarem muito boa qualidade e várias distinções internacionais. Claro que como Enólogo e responsável desta área da empresa fui o agraciado, mas o trabalho é de todos os colaboradores da empresa. Em que circunstâncias ingressou na Escola Profissional do Marco de Canaveses? - Na realidade inscrevi-me no curso Técnico Profissional de Agricultura na Escola Secundária de Marco de Canaveses. Mais tarde, fui informado que o Técnico Profissional iria acabar e iria começar a Escola Agrícola e perguntaram-me se estava interessado. Hoje posso dizer que felizmente disse que sim e acabei por ingressar num ensino completamente novo. Ou seja, faço parte da primeira fornada de alunos do ensino agrícola em Portugal. Em que curso ingressou e em que ano? - Penso que em 1990/1991, acho eu. Fui aluno da primeira turma, disso tenho

a certeza… Razões da escolha de um curso profissional ligado ao sector agrícola? - Na altura, no final do 9º ano, optei pelo técnico profissional de Agricultura, pois queria algo mais concreto e queria também ter novas experiências. Também sabia que esta área é uma do meu gosto pessoal e não pretendia ter uma vida muito urbana, pelo que escolher algo relacionado com a agricultura seria uma boa opção. Houve complemento da formação profissional? - Claramente nas disciplinas técnicas havia um grau de conhecimento bastante acima da média dos alunos. Cursou Enologia na UTAD. Em que ano ingressou e quando saiu com a licenciatura? - Entrei na UTAD em 1993/1994 e saí em 1997/1998. Por que escolheu a licenciatura em Enologia? - Entre Engª Agrícola, Engª Florestal e Enologia era uma das possibilidades pois não fiquei fã da parte animal, logo fiquei reduzido a 2 ou 3 opções. A Enologia foi uma opção que foi ganhando mais força até que optei por fazer a opção final. Que importância teve a EPAMAC na

sua formação escolar e/ou profissional? - Foi o melhor método de ensino que poderia ter. Na altura também tivemos grandes professores numa escola que foi a minha casa durante 3 anos. Que recordações guarda da sua passagem pela EPAMAC? - Foi a minha casa, os professores e colegas foram grandes amigos que ficaram para a vida. Este lado humano, de crescimento pessoal foi extraordinário. Do ponto de vista profissional, adquirimos competências profissionais muito importantes, quer para começar a vida activa, quer para continuar a estudar. Em termos profissionais, que percurso antevê para os próximos 5 anos? - Não sei… Uma carreira profissional exige hoje formação contínua. Até onde pretende chegar no seu percurso formativo, nomeadamente ao nível da evolução na profissão? - Qualquer profissional tem que se continuar a formar, quer nas áreas da sua formação, quer em áreas transversais ao cargo que ocupa. Eu tenho feito muita formação nas varias áreas e irei continuar a fazer. Pelo menos assim espero. Por exemplo, em 2006/2007 fiz uma pós Graduação em Enologia com professores estrangeiros.


Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC


Medida 3.1 do Proder recebeu 62 candidaturas e intenções de investimento de 13,5 milhões de euros

Aprovação de novos projectos vai privilegiar a criação de emprego Mais de 60 candidaturas, envolvendo cerca de 13,5 milhões de euros de investimento, foram apresentadas ao segundo concurso da Medida 3.1 do Proder, na área do Território Dolmen, que encerrou em Junho. Destinado a investimentos privados, este concurso terá um apoio disponível de 2,14 milhões de euros e contemplará entre 40 e 60 por cento do investimento elegível, consoante a majoração obtida pela criação de postos de trabalho. “Surgiram muitos projectos para o agro-turismo, para as micro-empresas e para o turismo em espaço rural. O número de candidaturas é claramente superior à capacidade financeira que existe”, afirma Telmo Pinto, presidente da Direcção da Dolmen (foto). As 62 candidaturas estão distribuídas pelos seis concelhos do território: Amarante (16, montante total de 3.118.817,77 euros), Baião (16 / 2.980.176,16), Cinfães (6 / 1.372.869,40), Marco de Canaveses (20 / 5.151.249,42), Penafiel (1 / 61.959,31) e Resende (3 / 857.750,72). Até 25 de Julho está aberto o segundo concurso para a Medida 3.2, destinado a entidades públicas e equiparadas, que terá um montante global de apoio financeiro de cerca de 1,9 milhões de euros. O responsável da Dolmen adianta “que depois destes concursos a oferta turística no espaço “Douro Verde”, muito rica e diversificada, vai transformar a atractividade deste territorio”. Telmo Pinto faz também um balanço positivo do programa Proder, que ainda terá mais um concurso em 2012 para todas as acções. - Que balanço já ser pode fazer do Proder no território da Dolmen? - Telmo Pinto: “Relativamente ao primeiro concurso não há desistências. Há projectos que estão terminados e outros que iniciaram agora, devido a alterações e aos licenciamentos. Haverá outros que ainda não arrancaram por dificuldades financeiras, pois a região sente as mesmas dificuldades de acesso ao crédito que o país. Temos consciência que as candidaturas foram apresentadas em Agosto e Setembro de 2009 e dois anos decorridos há grandes alterações no crédito. Os bancos estão mais selectivos e exigentes e acabam por criar algumas dificuldades aos promotores.

2012, para todas as acções, em que o apoio financeiro andará entre 4 e 5 milhões de euros. O montante de apoio disponível para o próximo ano ainda não está fechado e dependerá também dos valores que vierem a acrescer através da reserva de eficiência. O investimento total até ao fim de 2013 no Território Dolmen, no âmbito do Proder, situar-se-á entre 20 a 25 milhões de euros, a que corresponderá um apoio financeiro de 12 a 15 milhões”.

A informação que temos é que nenhum projecto fica pelo caminho, mas estão a pedir mais tempo para o executar. Os promotores têm dois anos depois de assinarem o contrato e já temos prorrogado alguns prazos desde que os promotores apresentem justificação”. - Como ficará a região após estes investimentos? - “Penso que a região está mais atractiva. A nossa visão para o território é criar uma oferta diversificada e de qualidade, para os vários públicos, nacionais e internacionais. A região também tira partido do potencial do Douro e ficará ainda mais rica e mais atractiva”. - Qual vai ser a prioridade na aprovação dos novos projectos? - “Temos de valorizar os projectos que criem emprego. É uma estratégia que para nós é muito forte. Os projectos que dinamizem o território e que promovam a criação de emprego serão aqueles que serão acarinhados e primeiramente apoiados. É a prioridade das prioridades e uma forma de nós podermos combater a crise que o país vive”. - Em 2012 também haverá concursos? - “Sim. Teremos um terceiro concurso em

- O que será feito para tornar este território da Dolmen mais divulgado? - “Uma das medidas a priorizar no próximo ano é a criação de uma rede, um circuito, um roteiro das nossas grandes potencialidades e dos projectos que existem na região. Será um roteiro para os seis concelhos. No fundo, queremos ter um roteiro da oferta turística, gastronómica e cultural que existe no nosso território. Um roteiro que pretende englobar toda a oferta, quer a que foi apoiada pelo Proder ou pelo antigo Leader quer a que teve apoio de outros programas. Alguma desta informação já existe mas está dispersa. Este roteiro terá suporte em papel, um pequeno livro, muito apelativo e de fácil leitura, com fotografias de qualidade, realçando as nossas paisagens e os nossos produtos. O roteiro terá também suporte digital. Envolverá os seis Municípios da região e terá uma distribuição abrangente. A divulgação da vertente cultural englobará os museus, outros espaços museológicos, igrejas, monumentos, espaços ambientais valiosos, nomeadamente os potenciados pelos rios Douro e Tâmega, etc. Também servirá para promover o território junto das agências de viagem nacionais e internacionais e junto dos operadores hoteleiros da região norte e sobretudo do Grande Porto. O que pretendemos é compilar toda a informação que existe e agregar a que é nova. Queremos apresentar tudo o que existe de qualidade e que valorize o nosso território. Somos, muitas vezes, confrontados com uma realidade: as pessoas de um concelho não conhecem as potencialidade do concelho ao lado. É isso que pretendemos corrigir”.


Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

De 15 a 17 de Julho em Cinfães

Feira de Artesanato, Gastronomia e Vinho Verde As vertentes que mais se destacam e que mais enriquecem o cartão de visitas de Cinfães são, sem dúvida, o artesanato e a gastronomia regional. Na gastronomia, o cabrito assado no forno de lenha, os torresmos, o arroz de lampreia e a posta arouquesa, são algumas das inúmeras ofertas que se regam com o famoso vinho verde de Cinfães. Já na doçaria tradicional, obrigatório provar os doces de manteiga (matulos), a sopa seca, os formigos, e as falachas de castanha pilada. No artesanato, destaque para a cestaria, os correeiros e tamancos em cabedal ou madeira e referência também para a latoaria, a tecelagem e a chapelaria. Tudo isto pode ser apreciado e aproveitado ao longo de todo o ano, mas especialmente no Verão, aquando da realização da Feira de Artesanato, Gastronomia e Vinho Verde, este ano, a 15, 16 e 17 de Julho. É precisamente sobre este tema que o Município tem vindo debruçar a sua aposta, apresentando como objectivo geral a afirmação do evento como um dos principais cartazes turísticos nas regiões do Baixo Tâmega e Douro Sul. Na animação, já uma marca regional, o Município volta a apostar fortemente nos melhores nomes nacionais, para captação de visitantes que possam fomentar o desenvolvimento económico por escoamento de produtos. Por tal, esta edição contará, entre outros de cariz local, com as músicas tradicionalmente portuguesas dos Oquestrada, na sexta-feira dia 15; o reconhecido fado de Ana Moura, no sábado 16; e as melodias culturais dos alentejanos Virgem Suta, no domingo 17. [Informação da CMC]


22 julho'11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

Cartoons de Santiagu A.M.PIRES CABRAL

crónica & artes [Pseudónimo de António Santos]

Barão de Forrester - 2011 [2º prémio no XlV salão luso galaico de caricatura]

A CULTURA DO ALARME - 2 O título desta crónica leva o algarismo 2 para significar que é a segunda que escrevo com o mesmo chamadoiro. É, de facto, a segunda. A primeira foi publicada nas páginas deste mesmo Repórter do Marão em Abril do longínquo ano de 1996. E como a situação então referida (a propósito, nessa altura, da histeria a respeito das vacas loucas, que estava no seu pico, amplificada até ao absurdo por jornais, rádios e televisões) não melhorou significativamente, antes pelo contrário, decido-me a dar aos Leitores segunda dose do mesmo fel que então derramei sobre a comunicação social. E começarei transcrevendo o último parágrafo dessa crónica: Vivemos, com efeito, imersos numa cultura de alarme. Convenhamos que não temos muitas razões para não viver alarmados, porque as ameaças multiplicamse, vindas de todos os quadrantes, e nunca como hoje o homem teve tanta consciência de que, tendo destruído sistematicamente e até limites incomportáveis os equilíbrios naturais, está à mercê de um deslize ínfimo, uma pequena contingência final e fatal. E alarma-se. O caso não é para menos. Mas, que diabo, alarmemo-nos com aquilo que é mesmo alarmante, que já não é pouco. Não inventemos motivos de alarme. Senhores jornalistas, não pintem de mais negro aquilo que já é negro bastante: a nossa vida à superfície do planeta. Com efeito, parece que a primeira e mais importante missão dos OCS (órgãos de comunicação social) não é informar, mas sim alarmar. Isto é: manter a população em permanente estado de stress. Bem sei que os tempos vão maus e notícias deprimentes são o pão-nosso de cada dia. Mas que diabo, senhores jornalistas, tenham piedade de nós. Não tornem as notícias ainda mais demolidoras. Um país deprimido não interessa a ninguém. Ou interessará? Exemplifico com uma notícia que ouvi há duas ou três semanas numa estação de rádio. Dizia o locutor no sumário de abertura que um qual-

quer guru da economia mundial previa a possibilidade de uma nova crise mundial em 2013. Quando porém, minutos depois, foi lida a notícia por inteiro, soube-se que o guru apontava apenas um terço de probabilidades de isso vir a verificar. Mas isso não o disse o jornalista no sumário, que é o que fica no ouvido e no sentido; disse-o de passagem, um pouco à maneira das letras pequeninas das apólices de seguros, que não são para ler. Porque o que era preciso era que o ouvinte ficasse assustado e deprimido. Os juros da dívida soberana subiram? Pois não subiram, não senhor. Dispararam. Nem que seja apenas 0,01 por cento. Porque o verbo disparar tem muito mais impacto psicológico do que simplesmente subir. Os mesmos juros atingiram números que nunca tinham atingido, isto é, valores máximos? Pois não atingiram valores máximos, não senhor. Atingiram máximos históricos. Porque a palavra históricos empresta à notícia nuances que a tornam muito mais acabrunhante. Poderia aduzir muitos mais exemplos deste esforços dos OCS para nos tornarem a vida mais negra, em vez de nos procurarem acender uma luzinha de esperança que nos anime e torne dispensável o Victan. Mas não vale a pena. A comunicação social está como está — leia-se: um factor implacável de depressão e desesperança —, e não há volta a dar-lhe. Precisávamos de novos jornalistas que encarassem de modo diferente a sua missão. Pode ser que um dia isso venha a acontecer. Enquanto e não, resta-me repetir a súplica com que rematava o artigo de 1996: Senhores jornalistas, não pintem de mais negro aquilo que já é negro bastante: a nossa vida à superfície do planeta.

Santiagu expõe no Dolce Vita Porto até 23 de julho O Centro Comercial Dolce Vita Porto tem patente uma exposição do cartoonista António Santos (Santiagu). Esta mostra integra o programa do PortoCartoon World Festival 2011, certame anual, que vai na sua 13.ª edição, que apresenta e premeia trabalhos desenvolvidos por autores nacionais e internacionais, que são dados a conhecer ao público em diversos espaços da cidade do Porto. António Santos, conhecido como Santiagu, foi distinguido na edição de 2010 do

PortoCartoon com o “Prémio do Público”, reunindo maior número de votos do público que visitou a exposição. O autor apresentou um cartoon do vocalista da banda norte-americana “Metallica”, James Heatfield. A mostra, que apresenta uma retrospetiva de trabalhos desenvolvidos pelo cartoonista português, vai estar patente até dia 23 de julho. Na edição de 2011, 13º PortoCartoon-World Festival, Santiagu obteve uma Menção Honrosa com a caricatura de Ghandi.

O OLHAR DE...

Eduardo Pinto 1933-2009 O Ensaio - Igreja de S. Gonçalo (Amarante) - Anos 70

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

pirescabral@oniduo.pt

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

Fundado em 1984 | Jornal/Revista Mensal Registo ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89 Redação: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689) Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Manuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958).

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo. Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Marco, Baião Repórter/Marão Online

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diversos | crónica

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repórterdomarão

FAFE | Entrevista a Pedro Frazão (BVF)

Bombeiros cobram serviços para enfrentarem a crise do o trabalho de qualidade do corpo ativo, com milhares de serviços por ano, como tem sido reconhecido pela população. O dirigente enaltece o carinho que a população do concelho dedica à associação humanitária, há muitas décadas uma das instituições mais prestigiadas do concelho, fazendo jus ao facto de ter sido fundada em 1890 por um grupo de destacados fafenses da época. A fanfarra, fundada em 1980, o Centro Cultural e Desportivo, o futsal e o grupo de cavaquinhos, criado em 2004, são atividades desta corporação que ajudam a consolidar o envolvimento da comunidade com o seu corpo de bombeiros voluntários. Pedro Frazão explica, por outro lado, que a quebra de receitas decorre do menor número de serviços de transporte de doentes, um problema que afeta a maioria dos corpos de bombeiros do país, após a entrada em vigor das novas regras impostas pelo Ministério da Saúde.

Presidente da Direção admite que época de incêndios pode ser "problemática"  Armindo Mendes (Texto e Fotos)

A

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fafe, uma corporação com 121 anos de existência, enfrenta nesta fase da sua história uma diminuição das receitas, o que tem obrigado à cobrança de taxas pelos serviços prestados e à contenção de despesas.

Para fazer face às dificuldades, vários serviços passaram a ser cobrados à população, incluindo a assistência à abertura de portas e a utilização do auditório. Também o transporte de água viu o seu preço ajustado, aproximando-o do praticado por corporações vizinhas. Complementarmente, no plano das despesas, a associação iniciou um programa de controlo e poupança com o objetivo de fazer face ao agravamento da crise. “Tomámos essas medidas a pensar no futuro. Felizmente, os nossos amigos mantêm o seu apoio, incluindo a Câmara Municipal de Fafe”, destacou ao Repórter do Marão Pedro Frazão, presidente da direção. Fundamental neste processo, vincou, é a campanha de angariação de novos associados que está a decorrer, intitulada “Eles param tudo para nos ajudar, agora é a nossa vez de parar e agradecer”. “Os bombeiros voluntários só podem existir se os cidadãos ajudarem”, disse o dirigente, destacan-

Única corporação de bombeiros para mais de 50 mil habitantes Com um corpo ativo de cerca de uma centena de elementos, comandando por José Matos, esta corporação, que assinalou em abril 121 anos de existência, serve os cerca de 52 mil habitantes do concelho. A corporação conta com um parque de 36 viaturas, o que se traduz num encargo anual de cerca de 80 mil euros em manutenção e combustível. Apesar das dificuldades, o presidente sublinha que a corporação tem conseguido manter-se estável no plano financeiro, dando como exemplo o facto de se manter a política de pagamento a fornecedores no prazo de 30 dias. A redução no dispositivo ao combate de incêndios florestais para 2011, em especial ao nível dos meios humanos, pode revelar-se “problemática”, alerta a corporação. “Pode ser muito problemático se tivermos um verão similar ao de 2010. A redução sente-se mais no número de homens disponíveis para as equipas de combate a incêndios. No ano passado, no turno do dia, tínhamos 15 bombeiros e este ano teremos 10”, explicou Pedro Frazão. Segundo adiantou, caso ocorra um incêndio de maiores proporções a corporação corre o risco de ficar sem pessoal para os serviços de saúde, situação que a atual direção considera “inaceitável”. Para precaver a situação, em especial durante a época mais crítica, os BVF criaram uma equipa de dois bombeiros para assegurar a resposta aos pedidos na área da saúde. “A associação não admite não ter uma resposta em caso de problemas de saúde. É uma medida preventiva para reforçar esta área muito importante da atividade da corporação, pelo menos durante a campanha de incêndios de verão”, explicou.

António Mota

Avelino e Maria Teresa Certo, senhora doutora, o meu nome é só Maria Teresa. Nome mais pequeno não pode haver. Senhora doutora, então eu vou começar pelo princípio. Ele levantou-se cedo, como fez a vida inteira, e eu dei-lhe a caneca da cevada com três colheres bem cheias de açúcar, e um pãozinho seco para ele fazer sopas. Ele bem gostava de café, mas não lhe podia tocar, por causa dos nervos. Às vezes, aos domingos à noitinha, aparecia-me em casa muito acelerado, muito quezilento, e eu já sabia que tinha andado a tomar café com os amigos. Ele achava que parecia mal não tomar um cafezinho e um bagaço, se entrasse num café. Eu bem lhe dizia para ele pedir uma sandes de marmelada, ou de queijo, ou uma garrafinha de água das pedras, que sempre limpa o estômago. Mas ele sempre foi teimoso como um jerico, e só me ouvia se eu estivesse ao pé dele, a senhora doutora se vive com um homem, sabe do que eu estou a falar, porque são todos feitos da mesma farinha. O meu Avelino sempre foi muito teimoso, estivemos casados cinquenta e três anos e eu sempre o conheci assim. No mês passado o meu Avelino fez setenta e cinco anos. Apareceram os filhos todos, e a casa encheu-se. Tenho sete rapazes, assim calhou, embora eu muito suspirasse por uma menina, porque uma coisa é uma filha e outra é uma nora; a filha cria-se dentro de nós, bebe o leite do nosso peito, por isso sempre tem mais obrigação de nos dar uma ajudinha quando dela precisarmos. Os filhos homens são sempre mais desajeitados, digo eu, que só tenho a terceira classe do antigamente. Mas se calhar estou a asneirar. O meu Avelino parecia uma criança a apagar as setenta e cinco velas. Para as acender e depois para as apagar foi uma trabalheira que nem lhe conto. Sim, foi uma festa bonita, mas, aqui entre nós, senhora doutora, que somos mulheres, muito trabalhosa. O que mais cansa é termos de tirar e voltar a pôr os pratos e os copos no guardalouça, no sítio onde queremos.

Pelos filhos somos capazes de comer orelhas de rato, como dizia o meu falecido pai, e é bem verdade. Eu sou mais nova, casei-me com vinte anos. Agora, ando nos setenta e três, mas parece que tenho mais. Custa-me a andar, tenho os ossos muito fracos e, por vezes, esqueço-me do nome das coisas. E o meu cabelo sumiu-se. Isso dá-me pena. A senhora doutora desculpe, mas eu preciso de contar como é que tudo aconteceu. Então o meu Avelino tomou a cevadinha, comeu as sopas e foi para o quintal arrancar as batatas. É um pedacinho de terra que lá temos atrás da casa, que sempre deu para os gastos. O meu Avelino, nesse pormenor, foi sempre muito caprichoso. No nosso quintal nunca faltou nada. Fazíamos as coisas para os filhos, que bem precisam, coitados. Lá na cidade, à beira das casas só há pedras, cimento e alcatrão, e tudo o que se come tem de se comprar. Não olhe para o relógio, senhora doutora. Tanto me custou a arranjar esta consulta; ainda agora me sentei e já me quer mandar embora? Do que me queixo? Estou um esfrangalho da cabeça aos pés. Não consigo dormir, dóime o peito, tenho varizes, dóime a coluna, tenho as tensões alteradas, não me apetece comer. Mas isso não é nada comparada com o espanto de ver o meu Avelino entrar na cozinha antes de eu o ter chamado para o almoço. Deitou-se na cama e ficou a olhar para mim, sem poder dizer uma palavra, sem pestanejar. Depois deixou de respirar. E assim ficou, com os olhos muito abertos. Senhora doutora, pela alma de quem mais estima, receiteme um remédio para eu deixar de ver todas as noites o meu Avelino a olhar para mim, sem dizer uma palavra, com aqueles olhos abertos, tão azuis, tão meigos, tão bonitos. É só isso que eu queria.

anttoniomotta@gmail.com



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