repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
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S E T E M B R O ’ 11
A ( boa ) moda das ecovias e ciclovias Nº 1255 | setembro '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem: 25.500 ex.
INTERIOR NORTE tem 70 km de vias em funcionamento, mas muitos mais quilómetros estão em construção ou em projeto. Um hino à saúde e ao ambiente.
Temporal e míldio provocam perdas de 50 por cento a produtores de vinho de Amarante
Olivicultores defendem que Douro deve produzir azeite para compensar as perdas no vinho
VIDA AO AR LIVRE
Ecovias são sau Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos D.R., Manuel Teles e GAB/CM
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oncebidas para a circulação exclusiva de bicicletas, as ciclovias têm vindo a germinar pelo Norte do País como espaços de lazer, de turismo e de promoção da saúde. Em alguns casos, estas vias de comunicação acompanham traçados rodoviários, linhas de água ou conferem uma nova utilidade às linhas ferroviárias que têm vindo a ser desativadas nas últimas décadas. Foi na capital do distrito brigantino que nasceu a mais recente ciclovia da região, com quatro quilómetros destinados aos amantes do pedal. Inaugurada em junho deste ano, a infraestrutura liga o campus do Instituto Politécnico de Bragança ao centro da cidade e envolveu um investimento de cerca de 2,8 milhões de euros (uma verba comparticipada por fundos comunitários). Perspetiva-se ainda o prolongamento desta via bidirecional com um pequeno troço que contornará o Centro de Ciência Viva. Em março último, a autarquia adjudicou
outro troço ciclável que será implementado no bairro da Mãe d’Água. Com uma extensão de 1,5 quilómetros, a ciclovia da Mãe d’Água vai aproveitar a antiga linha de caminho de ferro e, numa fase posterior, poderá convergir para a Avenida Abade de Baçal, coincidindo o traçado com a construção da circular rodoviária externa da cidade. A ciclovia e parque de lazer do bairro representam um investimento de 900 mil euros, um montante comparticipado em 70% por fundos comunitários. No concelho de Macedo de Cavaleiros, a ciclovia do Azibo distingue-se por proporcionar aos seus utilizadores um contacto privilegiado com a Natureza. Com início na Praia da Ribeira e término nas proximidades do Núcleo Central da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, a ciclovia tem uma extensão superior a 15 quilómetros e contorna a albufeira pelo lado oeste. Ao percorrê-la, o ciclista pode fruir a paisagem, com vista para a Serra de Bornes, observar belos exemplares de sobreiros, freixos, carvalhos, azinheiras, vislumbrar aves de rapina como o milhafre negro, a águia-de-asa-redonda ou até mesmo o anfitrião da área protegida, o mergulhão-de-crista. Esta ciclovia é par-
CICLOVIAS, ECOVIAS E ECOPISTAS (Em funcionamento)
FAFE: 5,9 km PAREDES: 20 km AMARANTE: 9,3 km VILA POUCA DE AGUIAR: 6,6 km MACEDO DE CAVALEIROS (AZIBO): 15,6 km TORRE DE MONCORVO (SABOR): 9,7 km BRAGANÇA: 1,5 km
Não passa um fim de semana sem que Fernando Tomé, 53 anos, pegue na bicicleta e percorra a ciclovia do Fervença, em Bragança. “Fazia muita falta na cidade. Só é pena não ser maior, mas já é bom para o pessoal se começar a habituar a andar de bicicleta”, refere. Em funcionamento há três meses, a ciclovia brigantina tem
Ciclovia do Fervença, em Bragança
to Um pretex para (também) sair de casa
vindo a conquistar cada vez mais utilizadores. “Tem bastantes utilizadores e penso que o número tem vindo a aumentar. Veem-se muitas famílias com crianças, grupos e pessoas com uma certa idade que antes não andavam em lado nenhum”, revela Fernando Tomé, que prefere “dar umas voltas” sozinho ou com amigos.
dáveis e estão na moda ticularmente indicada para os adeptos de BTT, uma vez que o piso é de terra batida. O projeto desta infraestrutura data de 2006, altura em que se procedeu à sinalização do trajeto e à criação de percursos pedestres. Com um investimento de 500 mil euros, a ecopista da Linha do Sabor nasceu do aproveitamento da antiga linha férrea do Sabor, que ligava o Pocinho (em Vila Nova de Foz Coa) a Duas Igrejas (em Miranda do Douro), passando por Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro. Em funcionamento desde julho de 2006, esta infraestrutura foi a primeira ecopista do distrito de Bragança. Os ciclistas são desafiados a percorrer 9,7 quilómetros de terra batida, desde Torre de Moncorvo até ao lugar do Carvalhal, contornando o sopé da serra de Reboredo. Em julho de 2008 foi lançado o concurso para a construção do troço entre o Carvalhal e Carviçais, prevendo-se a sua conclusão em novembro do ano seguinte. A câmara de Torre de Moncorvo anunciava que o projeto de 1.5 milhões de euros já tinha sido aprovado e seria financiado em 50% pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Contudo, volvidos dois anos, ainda não é pos-
sível pedalar esses 12 quilómetros. Numa terceira fase, está prevista a recuperação da dezena de quilómetros que ligam Moncorvo ao Pocinho. O objetivo da Refer passa pela reconversão total dos 104 quilómetros da linha, portanto, até ao planalto mirandês. Em agosto de 2008, a Refer manifestou a intenção de construir uma rede de ecopistas em Trás-os-Montes, aproveitando as linhas do Corgo, Sabor e Tua, com o intuito de reabilitar o património ferroviário e fomentar o turismo de Natureza. Contudo, o projeto de uma ecopista no Tua poderá não ser viável, atendendo ao facto de ter avançado já a construção da barragem de Foz Tua, que deixará vários troços submersos. Já a Ecopista do Corgo, no distrito de Vila Real, tem o troço que liga Vila Pouca de Aguiar à vila termal de Pedras Salgadas operacional desde o verão de 2008. Os 6,6 quilómetros que unem as duas localidades, passando pelas aldeias de Nuzedo, Sampaio e Vila Meã, podem ser percorridos a pé, em patins ou de bicicleta. Desativada na década de 90, a linha ferroviária do Corgo viu-se, assim convertida em ecopista, possibilitando
O percurso “bastante suave e sem dificuldades” nem sempre é convenientemente utilizado: “via-se muita gente a andar a pé na ciclovia e tínhamos que mandar desviar, mas agora [os pedrestes] já começam a estar mentalizados que têm de andar ao lado, no passeio”. Fernando Tomé destaca as mais-valias da nova infraestrutura na promoção de uma vida saudável e, sobretudo, como um motivo para os mais idosos saírem de
aos seus utilizadores uma forma alternativa de visitar e apreciar o vale do Corgo, nomeadamente as lides das suas aldeias, os animais, as estações e os apeadeiros. No início deste ano, foram adjudicados os 17 quilómetros que vão completar o traçado da antiga linha de comboio no concelho aguiarense. O valor da empreitada é de 577 mil euros e tem um prazo de execução de, aproximadamente, 10 meses. O troço a Norte estende-se de Pedras Salgadas ao limite de Sabroso de Aguiar e o troço a Sul vai de Vila Pouca de Aguiar ao limite de Telões. No futuro, a Ecopista do Corgo será mais extensa, com um total de 33 quilómetros para ligar Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Chaves e Laza, na Galiza. O investimento deste projeto ronda os 2.5 milhões de euros, um montante que será comparticipado também por fundos comunitários.
casa. “As pessoas com mais idade, na casa dos 70, que estavam fechadas em casa, agora têm um pretexto para pegar na bicicleta.” Para este comerciante brigantino, cujo ramo de negócio está ligado ao ciclismo, a ciclovia do Fervença tem gerado algumas oportunidades: “aumenta sempre um bocadinho, mas nota-se que as pessoas vêm pôr pneus nas bicicletas para ir para a ciclovia”. P. P.
VALE DO SOUSA | Orografia da região pouco propícia às ecovias
Paredes quer chegar às 400 bicicletas, Penafiel terá rede ciclável em 2012 Mónica Ferreira | monikiferreira@gmail.com | Fotos D.R.
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cidade de Paredes é atualmente o único centro urbano na região do Vale do Sousa que possui uma ciclovia em funcionamento, que inclui uma Rede de Bicicletas de Uso Partilhado, mas também Penafiel promete criar a curto prazo uma rede ciclável, no âmbito do Plano Estratégico de Mobilidade. Embora em Paredes seja possível circular de bicicleta em qualquer local da cidade, o Município tem disponível uma pista ciclável que está em fase de inscrição na Rede de Ciclovias de Portugal e que conta com cerca de 20 quilómetros. Segundo a autarquia, estes projetos da ciclovia e da Rede de Bicicletas de Uso Partilhado surgiram como uma forma de dar um contributo para o meio ambiente, propondo à população em geral um meio alternativo de transporte rápido, eficiente, limpo e saudável, numa altura em que Portugal é o segundo país da União Europeia com o maior peso do automóvel no transporte de pessoas. Para além de entender que este sistema tem benefícios para o ambiente, económicos e energéticos, com estes projetos a autarquia pretende ainda reforçar o conceito de mobilidade urbana, estimulando a prática desportiva e hábitos de vida saudável. Com a criação da ciclovia foram colocadas à disposição da população, numa iniciativa pioneira na região, 80 bicicletas que estão distribuídas por cinco locais de aparcamento – no Parque José Guilherme, na Avenida Francisco Sá Carneiro, na Rua Padre Marcelino (Parque da Cidade), no Largo da Feira e na Rua Campo das Laranjeiras (junto às escolas) – e que podem ser utilizadas mediante a aquisição de um cartão no Balcão Único do Município de Paredes que tem um custo anual de cinco euros. As BIP (abreviatura de Bicicletas de Paredes) afirmam-se assim como um meio de transporte amigo do ambiente e o projeto da autarquia paredense passa pelo aumento da rede. “Numa primeira fase, o sistema vai funcionar com um total de 80 bicicletas distribuídas por cinco postos de aparcamento, embora seja possível a qualquer momento aumentar o número de postos e de bicicletas a circular, até um máximo de 400”, refere fonte da autarquia. Volvidos escassos meses, a Rede de Bicicletas de Uso Partilhado de Paredes conta com 659 utilizadores e regista uma média de 50 utilizações diárias durante a semana e mais do dobro aos fins de semana e feriados. Segundo a autarquia, “o primeiro balanço é francamente positivo". No centro urbano de Felgueiras, apesar de a autarquia entender o projeto levado a cabo em Paredes como algo “positivo e relevante para o lazer, juventude, desporto, saúde e qualidade de vida”, não existe nenhum espaço dedicado a esse fim. Mas existem algumas ideias e estão a ser “desenvolvidos projetos que passam pela construção de um ciclovia ou de uma eco-via”, referiu o vereador João Sousa. Dedicado aos ciclistas, o concelho de Felgueiras tem uma via que vai da Alameda de S. Domingos e vai desembocar no Monte de Stª Quitéria “e que é um espaço de lazer aprazível”. Quanto à
utilização da bicicleta em pequenos percursos para o trabalho, João Sousa defende que não seria funcional em Felgueiras. “A concentração de indústrias do concelho fica situada ao longo da via Sendim, Lagares, Torrados, Revinhade, Idães, o que representa um enorme declive a vencer e haveria sempre uma viagem que levaria o condutor à exaustão”, explicou João Sousa. Em Lousada, apesar de não haver nenhum espaço dedicado a bicicletas, o concelho dispõe de um conjunto de equipamentos na área do Complexo Desportivo onde é possível não só circular de bicicleta mas também fazer caminhadas. Desde o centro da vila até ao Complexo Desportivo, a autarquia está a proceder à conclusão de um circuito pedonal com cerca de quatro quilómetros e meio e que terá possibilidade de ser utilizado como ciclovia. Segundo vereador Pedro Machado, a vertente de lazer e desporto será predominante.“Devido às características do solo penso que não será muito viável a utilização da bicicleta como meio de transporte para o local de trabalho”, referiu. O concelho de Penafiel é aquele que, no Vale do Sousa, atendendo à sua orografia, apresenta maiores dificuldades no uso de bicicletas ou na criação de ciclovias. Contudo, o executivo municipal tem tentado solucionar este problema, estudando a criação de alternativas nos espaços de menor declive. Neste contexto, o executivo liderado por Alberto Santos vai incluir uma rede ciclável no Plano Estratégico de Mobilidade para a cidade, que está já em desenvolvimento – vai ser apresentado a 14 de setembro – e que contempla um investimento de 10 milhões de euros. Segundo Paula Teles, vereadora com o pelouro da Mobilidade na autarquia penafidelense, “estamos a começar a nossa rede ciclável e no projeto que estamos a desenvolver na cidade e em algumas freguesias já tem esta via considerada”. A vereadora acrescenta que esta rede vai nascer essencialmente “nas pontas da cidade, nas zonas mais planas”, concretamente na zona do Sameiro em direção ao Parque da Cidade, à zona do Hospital e na entrada da cidade, junto da Rotunda das Pedras. Também o Parque da Cidade apresenta-se como a solução para a prática de ciclismo. Aqui existe uma via que serve os peões e que pode ser utilizada para circulação de bicicletas. Entretanto, Paula Teles promete que até ao final de 2012 a rede ciclável estará a funcionar em Penafiel e ainda nascerão muitos outros espaços dedicados ao lazer e ao desporto para os penafidelenses. Paços de Ferreira é outro dos concelhos do Vale do Sousa onde não existem espaços unicamente dedicados a este fim, mas o programa do mandato liderado por Pedro Pinto prevê criar ciclovias nos núcleos urbanos e na ligação de Paços de Ferreira e Freamunde , projetos que “estão em estudo”, segundo o vereador António Coelho. Em alternativa às ciclovias, Paços de Ferreira tem diversos espaços no concelho, nas diversas freguesias dedicados ao recreio e ao lazer e nesses espaços as pessoas podem utilizar a bicicleta. Exemplo disso são os Parques de Lazer que permitem o uso livre de bicicletas. Segundo António Coelho, a questão do lazer é a que mais surge associada às bicicletas em Paços de Ferreira. “O uso da bicicleta é hoje associado muito mais ao lazer e não tanto como meio de transporte. Contudo, é importante que a mobilidade nas zonas urbanas assuma uma maior diversidade e alternativa, tanto ao nível da agilidade como ao nível dos custos, quer económicos, quer ambientais. O favorecimento de uma mobilidade urbana alternativa é sempre possível”, concluiu.
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rep贸rterdomar茫o
TÂMEGA | Projeto prevê mais dois troços em Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto
Ecopista na antiga linha férrea já permite fruir os primeiros 10 km a montante de Amarante Paulo Alexandre Teixeira | pauloteixeira.tamegapress@gmail.com | Foto P.A.T.
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maior parte da linha ferroviária do Tâmega, desativada nos anos 80 a montante de Amarante, vai acolher uma das mais longas ecopistas da região, com cerca de 42 km, quando se concluírem as obras de reconversão do canal da antiga via-férrea entre Amarante e Arco de Baúlhe, em Cabeceiras de Basto. Atualmente já se encontra em funcionamento a primeira fase deste projeto, que resultou numa ecopista com cerca de 10 km de extensão entre Amarante e a Chapa, na fronteira com o Município de Celorico de Basto. De acordo com fontes dos gabinetes de comunicação das duas autarquias de Basto, as obras de adaptação e expansão da ecopista, que arrancaram no início do ano, decorrem “a bom ritmo” numa operação que é cofinanciada por fundos comunitários e que se insere na Rede Nacional de Ecopistas promovida pela REFER. Em Celorico de Basto, o projeto de três milhões de euros vai adaptar 25 km do canal da antiga linha férrea para usos desportivos e lúdicos, através de uma intervenção que irá regularizar e pavimentar a via e recuperar o património natural e arquitetónico que a rodeia. Fonte do Município avançou ao RM que uma primeira intervenção ao longo de 20 km da via estará concluída em finais do corrente ano, entre a estação de Lourido e a fronteira com Cabeceiras de Basto. Quanto aos restantes 5 km, que ligam Lourido à ecopista de Amarante, a autarquia celoricense comunicou que a execução da obra só se realizará depois de conhecidos mais pormenores sobre a construção da barragem de Fridão, no rio Tâmega. No projeto consta também a recuperação da estação de Celorico de Basto, onde será instalado um núcleo interpretativo da história da linha férrea do Tâmega, adiando-se para uma segunda fase a recuperação das restantes estações e apeadeiros.
No concelho vizinho de Cabeceiras de Basto, o troço final, com cerca de 6 km de extensão, será recuperado de forma similar através de um projeto avaliado em 650 mil euros, valor base do concurso lançado em julho.
Ecopista de Amarante em funcionamento desde abril Inaugurada oficialmente em finais de abril, a ecopista de Amarante rapidamente se converteu num dos pontos de interesse mais procurados do concelho, onde residentes e visitantes se cruzam, diariamente, na prática de atividades lúdicas e desportivas. O trajeto desenrola-se ao longo de uma via de 3,5 metros de largura que atravessa algumas das paisagens mais emblemáticas da região, tendo como pano de fundo a serra do Marão e, já perto do seu final, a presença de um rio Tâmega ainda em estado selvagem. “Gosto de parar aqui e apreciar este quase-silêncio, onde só se escuta o rio e os sons da floresta”, disse Victor Costa, empresário de Amarante e utilizador assíduo da ecopista recentemente concluída. Ávido desportista desde jovem, o empresário explica que encontrou na pista o lugar ideal para a prática de atletismo, em particular para se preparar para provas de longa distância em que participa regularmente. Por seu lado, Sérgio Magalhães e a esposa, Alice, utilizadores quase diários da via, afirmam que o que mais lhes agrada é o sistema de iluminação instalado entre as estações de Amarante e Gatão, que lhes permite realizar passeios a pé e, ocasionalmente, de bicicleta, à noite, longe do perigo das estradas. “Antes de a pista abrir, íamos de vez em quando para a N210, entre Amarante e o Marco, mas é uma estrada perigosa, especialmente à noite, porque tem pouca iluminação e muitas curvas sem visibilidade”, explicam.
Aquele troço da estrada nacional 210 era o circuito de eleição para ciclistas e atletas de ambos os concelhos, cujo percurso, com cerca de 10 km de extensão, serpenteia a margem esquerda do rio Tâmega. Apesar do perigo inerente à presença de veículos motorizados naquela via, com muitas curvas e contracurvas, o itinerário é ainda utilizado por atletas amadores e de competição, em particular aos fins de semana, quando a quantidade de tráfego é menor.
Reabilitar as antigas estações Armindo Abreu, presidente de município de Amarante, considera que a obra da ecopista só ficará concluída com a recuperação da estação de Gatão, praticamente em ruínas, que tem o projeto em execução. Após a intervenção, a antiga estação irá albergar uma série de serviços e valências orientados para os utilizadores da pista, nomeadamente casas de banho e um pequeno balneário. “A estação da Chapa também vai ser alvo de uma restauração similar mas como se encontra ainda habitada, o Município terá que esperar até se concluir o processo de negociação com o atual residente”, explicou o autarca. O presidente da Câmara Municipal de Amarante avançou ainda que pretende recuperar, para o mesmo efeito, os edifícios que constituem a estação de Amarante mas explicou que esse processo está ainda nas mãos da REFER e de um inquilino comercial que ocupa aquele espaço. As autarquias de Baião e Marco de Canaveses indicaram que não existe, atualmente, qualquer plano para a construção de ecopistas. A orografia de ambos os concelhos não é propícia a ciclovias mas apela à prática de BTT e de caminhadas nos inúmeros trilhos florestais existentes nos dois municípios.
Ecopista de Amarante, na antiga linha do Tâmega
AGRICULTURA | Seguros cobrem pouco
Alguns produtores perdem 50 % da colh Paulo Alexandre Teixeira | pauloteixeira.tamegapress@gmail.com | Foto P.A.T.
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Produção de vinho verde aumenta apesar do míldio e do mau tempo Apesar dos prejuízos causados na sub-região de Amarante pelo míldio e pelo temporal, a produção de vinho verde deverá subir este ano “cinco por cento” face a 2010, segundo o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Nas restantes regiões vitivinícolas esperam-se reduções. “As condições climatéricas são as principais razões para a redução prevista, devido aos níveis elevados de humidade e de calor registados entre abril e junho que propiciaram o desenvolvimento de focos de míldio em todas as regiões produtoras, prejudicando a sanidade e o desenvolvimento vegetativo das videiras”, salienta o IVV. Estão previstas quebras de 25 por cento nos vinhos do Douro e Porto, de 18 por cento nos do Alentejo e de 30 por cento na Beira Interior. O IVV nota que “nas áreas mais litorais e também na sub-região de Monção e Melgaço, a incidência de míldio foi menor e o controlo mais eficaz, verificando-se um aumento de produção”.
Boa colheita de Loureiro e Alvarinho Por seu turno, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) espera para este ano “uma excelente produção”, sobretudo nas castas Loureiro e Alvarinho. A região dos vinhos verdes produziu 86 milhões de litros em 2010. Fonte da CVRVV adiantou que a exportação de vinho verde branco continua em alta, tendo atingido um crescimento de 12 por cento no primeiro semestre. O mercado norte-americano é aquele que regista maior crescimento, razão por que está a ser lançada uma nova campanha promocional dos vinhos verde dirigida aos Estados Unidos, com particular enfoque nas cidades de Nova Iorque e S. Francisco.
ais de meia centena de viticultores de Amarante vão registar perdas na produção de vinho verde até aos 50 por cento, após as vinhas situadas em várias freguesias do concelho terem sido danificadas por uma súbita tempestade que se abateu na região, em meados de agosto. O mau tempo veio agravar os estragos anteriores com as pragas do míldio e do oídio. O temporal, que se manifestou numa faixa marginal ao rio Tâmega e chegou a derrubar árvores centenárias, provocou milhares de euros de prejuízo numa das zonas mais conceituadas de produção de vinho verde tinto – a freguesia de Gatão. “Não gosto mesmo nada do que vejo aqui”, disse Fernando Brandão, produtor desta freguesia de Amarante que, num ano “normal”, consegue vinificar cerca de 20 pipas de vinho verde. “Isto aconteceu na pior altura possível, quando as uvas estão em plena maturação e quando já devíamos estar a medir um grau de álcool de 12 por cento. Neste momento, está com cerca de dez e parece-me que não vai melhorar”, explicou. A cerca de uma centena de metros mais adian-
te, o vizinho António Sampaio registou perdas similares, embora os estragos tenham sido mais intensos numas vinhas e menos noutras. “Mas acabou por atingir uma das nossas melhores áreas, situada junto ao rio, onde perdemos metade das uvas”, lamentou o produtor que, à semelhança de outros viticultores, teve que encurtar o seu período de férias para avaliar os estragos nas suas explorações. Os agricultores enfrentam ainda a possibilidade de perdas adicionais, induzidas pelas condições meteorológicas “anómalas” nas semanas que antecedem a época das vindimas. Períodos de chuva e elevados níveis de humidade intensificam os ataques de doenças nas uvas, nomeadamente a “podridão cinzenta”. “O conselho que estamos a dar a muitos dos produtores é que antecipem a vindima para que evitem perder toda a produção”, avisou António Maria Teixeira, um dos dois especialistas que avaliaram, para uma seguradora, os danos causados pelo temporal. Os peritos avançaram que embora a tempestade tenha causado grandes prejuízos no que consideram ser o “coração” da produção de vinho verde tinto de Amarante, o impacto a nível da sub-região
mais que o custo dos tratamentos
de vinho verde h eita em Amarante é “mínimo” quando comparado com os estragos que o míldio causou.
Míldio pior que o temporal “No total, este temporal vai afetar a produção de vinho verde no concelho de Amarante em cerca de cinco por cento enquanto o míldio comprometeu muito perto de 30 por cento”, explicou Fernando Guia. Para muitos dos produtores, o início da campanha até prometia uma boa colheita para este ano, graças às chuvas do inverno e da primavera que encheram os solos de água e garantiram o desenvolvimento inicial da uva nas melhores condições. Contudo, o excesso de humidade e as elevadas temperaturas de maio e junho acabaram por promover a manifestação de focos de míldio um pouco por todo o país mas com particular intensidade na sub-região de vinho verde de Amarante, numa altura do ciclo produtivo em que a cultura é particularmente sensível a estes ataques. “Está a ser um ano difícil para muitos dos produtores, com custos acrescidos devido ao número elevado de tratamentos que tiveram de efetuar. A produção de muitos deles está, no mínimo, com-
prometida”, explicou Lurdes Cardoso, da Associação de Agricultores de Ribadouro, que tem sede em Amarante. Até ao momento, cerca de seis dezenas de viticultores da região formalizaram através desta associação pedidos de indemnização ao seguro de vinhas comparticipado pelo Estado. O serviço cobre, de forma gratuita ao produtor, os danos causados por temporais como o que se abateu em Amarante, até ao valor de 16 cêntimos por quilo de uva. Adicionalmente, o produtor pode, no início da campanha, reforçar a cobertura de acordo com as suas previsões de produção, pagando os custos adicionais da apólice. Todavia, os peritos abordados pelo RM calculam que 95 por cento dos viticultores desta região não foram além da cobertura genérica e gratuita. Por isso, haverá casos em que as receitas não chegarão para cobrir os custos de produção. “Há aqui vários fatores que contribuíram para essa atitude. No início da implementação deste seguro, alguns produtores ainda reforçavam o valor da indemnização mas com o crescente abandono da agricultura em Portugal e o chegar desta crise financeira, as pessoas deixaram de investir no serviço”, concluiu Fernando Guia.
ENTREVISTA | Arqueólogo JOEL CLETO
'Património e História são o cimento da comunidade' Liliana Leandro | lleandro.tamegapress@gmail.com | Fotos D.R.
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ara uns as histórias começam por ‘Era uma vez’ mas para o arqueólogo Joel Cleto, a História começou quando, em pequenino, decidiu esgravatar a terra do quintal em busca de vestígios, cacos e pedras, imaginando que poderiam ter tido mil e uma utilizações. Anos mais tarde percebeu que não passavam de simples seixos do rio mas a paixão pela arqueologia já lá tinha ficado sulcada.
pelo liberalismo” e é no Porto que se assiste à “primeira grande tentativa de implantação da república em Portugal”. O Porto tem assim “esta característica muito própria de uma cidade que luta pela sua autonomia, que não é por um regionalismo bacoco mas para tentar ver-se livre dos poderosos que condicionam a liberdade”.
Hoje gosta de se apresentar como arqueólogo, “divulgador das coisas ligadas à história e ao património”, que não é apenas um “vestígio do passado” mas tem mesmo uma “função social”. É um elo de ligação, é uma história que se partilha, uma identidade “tão importante para uma comunidade” como ter acesso à água, eletricidade e saneamento. É, em si, fundamental para que as pessoas “não se sintam anónimas no território” e é por isso que Joel Cleto diz mesmo que património e a história “são como que o cimento das comunidades”.
Porto e Norte sempre demonstraram ter uma dinâmica económica importante para o desenvolvimento do país. “Basta ver a cidade do Porto nos últimos anos onde o turismo tem estado a crescer exponencialmente”, lembra Joel Cleto. Mas, este não é um turismo de praia ou religioso. “É fundamentalmente um turismo cultural”, salienta. E como “hoje a atividade cultural é crucial em termos de PIB europeu e mesmo em Portugal”, numa época de crise “não é despiciendo falar dessas coisas da arqueologia, do património e da história também como uma saída para a crise, enquanto motivadores de um turismo cultural que está a crescer”. Por isso mesmo, o arqueólogo defende a importância do património “não só como vestígio do passado” mas como algo que “importa valorizar pela sua componente turística”. É, pois, necessário olhar para a história, património e arqueologia, “não apenas como salvaguarda de uma memória mas como uma forte componente económica”.
Passado “Cada comunidade tem a sua identidade. O Porto, Amarante, Vila Real, Lisboa têm as suas próprias idiossincrasias. Há muita coisa que nos une, a começar pela língua, mas depois há coisas próprias, monumentos, lendas, tradições que nos tornam únicos e diversos. É essa a riqueza do nosso país”, conta Joel Cleto, chefe da divisão da cultura e museus da Câmara Municipal de Matosinhos e formador de professores nas áreas de Arqueologia e História. Começando pela própria forma de falar, a região do Porto tem “uma cultura muito própria”, marcada por “uma comunidade que ao longo dos séculos sempre se bateu muito pela autonomia e liberdade”. A invicta cidade, lembra Joel Cleto, desde sempre que se bate contra os ditos “poderosos”, pela liberdade, por uma sociedade melhor. Porquê? “Tem a ver com esta predisposição muito antiga do Porto para ser uma cidade comercial, uma cidade voltada para o mundo desde muito cedo”. As escavações arqueológicas, diz o historiador que dirigiu escavações arqueológicas em diversos monumentos megalíticos dos concelhos de Baião e do Marco de Canaveses, e no Centro Histórico do Porto, “vêm revelando que o Porto tem origem na idade do bronze, há mais de 2500 anos e é há milhares de anos uma sociedade muito virada para o comércio e portanto lida mal com constrangimentos à sua livre iniciativa”. Esta é uma cidade burguesa, de homens de negócios, que se atiram para o mar, “que tem um papel crucial no arranque das descobertas”, é um Porto que “vemos com grande protagonismo no século XIX, batendo-se pela liberdade,
Nome: Joel Alves Cerqueira Cleto Data de nascimento: 01 de Fevereiro de 1965 Localde Nascimento: Freguesia da Vitória, Porto Habilitações literárias: Mestrado em Arqueologia
Presente
Futuro E como cultura e história se mostram cada vez mais importantes enquanto produto passível de ser exportado, Joel Cleto admite a sua preocupação face à nova política do executivo de Pedro Passos Coelho que extinguiu o ministério da cultura para criar uma secretaria de estado. Para o arqueólogo esta foi uma atitude “simbólica” mas “perniciosa” porque “não é a diferença do salário de um ministro para um secretário de estado que salva o país e para a cultura é muito mau”. É que “o secretário de estado não está presente no conselho de ministros e no momento em que o bolo for dividido, não vai estar lá ninguém para defender a cultura”, lamenta. Joel Cleto teme mesmo que “a cultura seja secundarizada” numa altura em que “o setor cultural, um dos de maior crescimento, poderá seguramente concorrer para uma retoma”. Por esse motivo considera “perigoso e errado não estar presente nas grandes decisões”. Talvez por isso, o arqueólogo garante que irá continuar a lutar pela divulgação da História e do património porque estes só fazem sentido se partilhados. Essa é mesmo a sua maior missão: “fazer chegar a importância da História e do património a um número cada vez maior de pessoas”.
Livro: Trilogia de João de Aguiar – ‘A Voz dos Deuses’, ‘A Hora de Sertório’ e ‘O Trono do Altíssimo’ Filme: Cinema Paraíso Música: Tchaikovsky
14 setembro'11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
opinião
O recorde da 'desdita'
Arrepiar caminho
Até me apetecer outra forma, em vez salários e no subsídio de Natal. Depois, de massacrar o leitor com um tema, opto como em alternativa a isto apresentaram por umas notas, mesmo sabendo sem as mudanças no IVA, e sem definir a políefeito algum pois não espero milagres, tica e as novas tabelas, subiram só 17% na como seja o de neste país algo começar à factura da luz e do gás, sem esquecer as hora marcada. taxas moderadoras e tudo aquilo em que Sou um felizardo pois, além de escrepobre mexe. ver o que quero, é um exercício que me Cortes? Sim é preciso pois o Estado tem Miro dá prazer. Se bem que no geral são coi- Armando “gordura” a mais. E como fazem o lifting? Jornalista sas que me deviam preocupar, comecei a Usam quem já está treinado para tal e gaprocurar-lhes o outro lado e, à mistura com uma certa rante o sucesso da operação. É como se o obeso, tamrevolta, transformo-lhes o cinismo na candura que os bém endinheirado, contratasse um magro para lhe protagonistas julgam imprimir, resultando numa sa- fazer os exercícios, deleitando-se com a imagem e o borosa gargalhada. sucesso como se visse ao espelho. Um alto responsável da Igreja afirma que a “Clesia” Na saúde? Pois claro. Atira-se um número para cornão faz política, embora deva doutrinar o “rebanho”. tar em geral sem cuidar de saber quem gere bem ou Com que então “limpar” metade do natalício subsídio mal, sem contemplações da previsibilidade dos efeié «justo pois tira mais a quem tem mais e deixa incólu- tos. Parece que adivinham que doenças vai haver ou me os mais necessitados»? Bem sei que acima do mí- não, que necessidades vão existir, que cuidados vão sero mínimo ninguém escapa, chegando até aos que ser necessários. É matemática pura e dura pois assim têm chalet na Coelha, contas secretas no BPN e BPP acertam com toda a certeza. Outro sector que dá gae no off shore da Madeira, embora aqui só incida no rantias é o Ensino. Fecha-se, acumula-se, despede-se. transparente deixando de fora o opaco. Quem não tem lugar decerto tem formação e destreQuem remendou o IP4 entre Aboadela e Amaran- za – a escola ensina-nos muito – para se desenrascar a te, com reposições entre os 20/30 metros, não conse- dar explicações, guiar um táxi, atender telefones ou ir guiu acertar no nível do piso velho. É pecha nacional para caixa dum supermercado. pois qualquer emenda no ”soalho” ou fica acima ou O terceiro dos grandes cortes anunciados é o “Soabaixo, nunca a condizer. Tem pelo menos a virtude cial”, a demonstrar a afirmação da grande preocupade aqueles saltinhos e o som que provocam matar as ção e atenção que lhes merece. É preciso acabar com saudades dos comboios que desapareceram a norte baixas fraudulentas, gente que não quer trabalhar, do Douro Transmontano. malandragem que foge às contribuições e aliviar a O cimento (diria betão ciclópico?) do muro do par- carteira dos patrões. Afinal, eles também “empregaque infantil do Corgo está podre e a cair. Quem fez, fis- dos”, como o rei da cortiça na TSU, pois não lhes comcalizou e aceitou a obra? Estará à espera de um gesso pete contribuir para a corja de malandros que se agarpara a Angelika pintar um fresco como os do merca- ram às leis que não os deixam despedir. do municipal? Depois, e cabe no rol da “candura”, a forma como Por que razão, além do atraso na exibição dos fil- nos distraem e entretêm com coisas que a generalidames – mais ou menos 15 minutos de publicidade co- de sabe discutir como treinadores de bancada ou termercial e exibições futuras – o som nos abala os tím- túlia de café. Taxar ou não taxar? Quem e o quê? Papanos e nos obriga a tapar os ouvidos? Será acordo trimónio, mais valias, fortunas, heranças? Um dia um com as casas de aparelhos auditivos que têm prolife- responsável (?) opina isto, vem logo outro dizer aquilo, rado como cogumelos? e mais outro aquele outro. Vá lá que aqui ainda se desE agora o campeonato para saber quem bate o re- cortina, às vezes, a razão da opinião, que é o mesmo corde da “desdita”. Nas comunicações dos políticos, que dizer aquilo que não os afecta e vai fazer incidir. além da candura com que parecem que nos estão a Mas uma das últimas “boutades” tem mesmo piaanunciar as torrentes de leite e mel, como se tivessem da. Pôr na Constituição o limite à dívida.... Para além do descoberto a pólvora, logo exercito a gramática apon- engraçado que é ver a luta de galos dos que querem do-lhe a negativa pois quando dizem que não fazem é agradar à Ângela ou estão furiosamente contra ela, ninmais que certo que vão fazer. Há uma excepção: quan- guém terá a coragem de dizer que, além da não opordo se trata de mexer em quem tem muito, é certo e tunidade do tema, pois não estamos em fase de revisão, sabido que se dizem não é não mesmo, e já nem pre- o estar preto no branco constitucional de nada adianta? cisam de justificar com a ameaça de fuga de capitais Não está lá tanta coisa que não se faz ou cumpre? E não pois sabem que o pagode logo aí procura a desculpa. teriam os constitucionalistas formas de “plasmar” (que Tem uma certa piada também que, a primeira me- termo giro) no texto formas de fuga e não cumprimendida mal se sentaram na cadeira, foi precisamente o to? Não arranjariam formas de excepção ou, como na contrário do que mais badalaram não fazer. Mexer nos saúde, um tendencial para lhe afagar o ímpeto?
O executivo de Passos Coelho, com pouco mais de dois meses no exercício de funções, enfrenta neste mês de Setembro o primeiro teste sério à sua credibilidade e às suas opções. Ultrapassado o período para estudar os dossiers e proceder às inevitáveis nomeações para gabinetes e cargos públicos, com as férias de permeio, é chegada a altura de responder aos compromissos assumidos perante a troika e de delinear a política orçamental para o ano de 2012 e seguintes. O que temos visto até aqui, contudo, tem sido decepcionante. Os partidos que constituem o Governo fizeram tábua rasa das promessas e dos compromissos pré-eleitorais e prosseguiram com a receita habitual de sobrecarregar os portugueses com impostos e mais impostos. Quem se lembra já hoje da reiterada afirmação de que a consolidação das contas públicas seria alcançada em 2/3 do lado da despesa e em 1/3 do lado da receita? Chega a ser confrangedor ler hoje as proclamações de Passos Coelho e de vários dirigentes do PSD e do CDS antes das eleições de Junho, motivadas por falta de realismo ou simples leviandade. Aliás, o desconforto é hoje visível em muitos responsáveis de ambos os partidos, conscientes de que a actuação do Governo põe em cheque todo o argumentário que serviu de mote à campanha eleitoral. O que os portugueses têm sentido nestes dois meses é que o Governo levou a peito a ideia de ser mais ousado do que a própria troika, sem cuidar de saber se a receita que segue não acabará por matar o doente antes da cura. O mais simples é, de facto, actuar sobre os rendimentos dos particulares, seja com a sobretaxa extraordinária que levará, pelo menos, metade do subsídio de Natal, seja com as alterações em sede de IRS e de IVA, neste caso com enorme impacto na factura mensal da energia e do gás, por exemplo. Mas estas medidas terão reflexos em toda a actividade José Carlos Pereira económica. Diminuindo o rendimento disponível, reduzirá drasGestor ticamente o consumo, com o consequente agravamento da situação em que se encontra o comércio e muitas indústrias nacionais, numa altura em que a economia precisa de crescer para que Portugal saia do estado em que se encontra. Perante esta realidade, faz sentido interrogarmo-nos onde está, afinal, o prometido ataque à gordura e ao despesismo do Estado? Quando veremos essas medidas em concreto, com calendário de aplicação e monitorização dos resultados? Até hoje temos visto apenas enunciar “pequenas” medidas, como a diminuição do número de funcionários públicos ou o congelamento de salários até 2013. Quanto ao mais, sucedem-se os anúncios de objectivos sem o estabelecimento de metas concretas. O Governo pretende reorganizar a máquina do Estado, diminuir o número de institutos, fundações e empresas participadas, rever a legislação autárquica e reduzir o número de eleitos locais. Princípios gerais com que quase todos concordam, mas que carecem de maior explicitação, de um plano rigoroso de implementação e de um compromisso com a oposição. Requer-se rigor, parcimónia e boa gestão dos meios públicos, mas a matriz liberal do Governo não pode levar a um esvaziamento cego de funções essenciais do Estado ou à eliminação de direitos sociais consagrados pelo nosso regime democrático. Os exemplos que já pudemos ver na saúde, com o ministro a admitir recentemente a redução do número de transplantes por razões económicas, e na área social, seja nas condições de acesso aos descontos nos passes sociais, na distribuição de medicamentos em fim de prazo ou no relaxamento dos requisitos para creches e lares, não são prometedores. É certo que dois meses é pouco tempo, mas as primeiras impressões são fundamentais para um governo conquistar a confiança dos cidadãos. Passos Coelho e a sua equipa já viram que os problemas em Portugal não se esgotavam em José Sócrates e que a Europa, por seu lado, continua sem encontrar o rumo requerido pela União Económica e Monetária. Exige-se-lhes, contudo, que compreendam o contexto em que vivem os portugueses e que as políticas a adoptar levem em conta a necessidade de redimensionar o Estado e estimular o crescimento, mas sem deixar de atender aos mais necessitados.
Da FNAT à INATEL (1935-2010): a singularidade de uma instituição de tempos livres “Para a história dos tempos livres em Portugal, da FNAT à INATEL (1935 - 2010)”, por José Carlos Valente, Edições Colibri, 2011, é um rigoroso registo da história de uma instituição que tem tido um papel preponderante nos tempos livres dos trabalhadores e cujos 75 anos recentemente se comemoraram. A sua leitura favorece um melhor conhecimento dos desafios que se puseram à cultura popular nacionalista, entre os anos 30 e os anos 50 do século passado. Com efeito, a FNAT sofreu todas as influências dos organismos de lazer autoritários e totalitários do seu tempo, seguiu fielmente a orientação de uma linha radical e populista do regime de Salazar, assegurou ao regime a integração dos trabalhadores no regime corporativo e na política do Estado Novo. A FNAT do regime de Salazar, diga-se o que se disser, foi uma fonte caudalosa de cultura e recreio cujo papel não pode ser subestimado e muito menos ignorado. O regime tinha a censura, a polícia política, o partido único, um órgão de propaganda, a organização corporativa, a inculcação ideológica na escola, na mocidade e através da Legião Portuguesa. Era indispensável intervir na esfera dos lazeres, enquadrar certas actividades sindicais e propor-lhes colónias de férias, passeios, excursões, ginástica e educação física, espectáculos de música e teatro, visitas de estudo, instalação de bibliotecas populares, cursos de cultura profissional em geral, música e canto coral. Competia ao Estado, de colaboração com o patronato (corporações), gerir todo este largo espectro de tempos livres através da FNAT- Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho. Atente-se no espírito da revolução nacional, na tensão permanente entre o nacionalismo e comunismo, e nas propostas que o regime entendeu serem as mais eficazes para ocupar as massas: refeitórios económi[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]
cos, serões recreativos para operários, iniciativas de folclore e etnografia, etc. A FNAT e os seus mentores chegaram mesmo a idealizar serem a grande entidade de propaganda. Basta pensar que o Centro de Cultura Popular, de onde saíram importantes dirigentes da FNAT acaba por ser, durante alguns anos, a matriz ideológica que pretendia exercer um papel determinante na formação das classes trabalhadoras contra o comunismo, orientando-os para o “redil do bom nacionalismo”. A Legião Portuguesa andou igualmente próximo da FNAT e houve iniciativas conjuntas com grupos das juventudes católicas e até publicações sindicais já controladas pelo regime. José Carlos Valente, com utilidade, começa por explanar o conceito de lazeres na industrialização e o papel dos tempos livres entre as duas guerras, tornando claro que o regime de Salazar não podia prescindir sobretudo nos grandes centros populacionais, num certo controlo dos tempos livres e combater no terreno as oposições ideológicas fomentando um uso atento da rádio, da instrução, dos festivais de ginástica e das festas populares, bandas de música e até cursos nocturnos. Dá-nos uma imagem acertada da gestão dos lazeres por fascistas italianos, nazis e soviéticos. Torna claro que todo este projecto totalizante iria entrar em colisão com as colectividades populares de cultura e recreio que, quando resistiram, foram discriminadas. Mas o patronato não foi particularmente receptivo a desembolsar para estes lazeres, o que tornou a vida da instituição sempre incerta. Nas grandes empresas lançou-se uma rede de influência, os Centros de Alegria no Trabalho. Em meio citadino, a FNAT apresentou bons resultados. Em meio rural, era a Junta Central das Casas do Povo quem pontificava nos lazeres.
Com o arrefecimento ideológico do regime, a FNAT enveredou por novos caminhos a partir dos anos 50, época em que o folclore, as regatas e o gimnodesportivo se impuseram e com uma grande procura natural, os trabalhadores disputaram as suas idas para as colónias de férias, manifestaram com agrado o uso destes equipamentos. Dos anos 50 para os anos 60, a música (incluindo os coros), a ópera no Teatro da Trindade, os serões para trabalhadores, continuam a registar uma grande procura. A FNAT tem o seu próprio estádio, promove concertos de música sinfónica, apoia o teatro amador, tudo numa atmosfera em que a ideologia corporativa emudece. E assim se chega ao 25 de Abril e a ruptura de mentalidades. Surgem novos planos, como a recolha musical dirigida por Michel Giacometti, o apoio ao teatro de intervenção, mas também se mantiveram os estímulos ao teatro amador, aos espectáculos de variedades e aos concertos por bandas. De reforma em reforma, a FNAT dá origem ao INATEL e aposta no turismo para a terceira idade, à construção de novas unidades hoteleiras, a iniciativas de turismo educativo júnior, entre outras manifestações. O autor ressalta as características ímpares da hoje fundação INATEL e o seu entrosamento com o serviço público, a economia social e inúmeras manifestações da cultura erudita e da cultura popular. Os mercados presentes e futuros desta instituição única parecem apostar no turismo, na cultura e no desporto. Uma leitura agradabilíssima e que abre as portas à história dos tempos livres dos trabalhadores nos últimos 75 anos em Portugal. Beja Santos
nordeste
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repórterdomarão
Em causa os suplementos remuneratórios nos dois centros hospitalares transmontanos
Enfermeiros queixam-se de "discriminação" Três centenas de enfermeiros transmontanos queixam-se de "discriminação" por não estarem a receber os suplementos remuneratórios previstos na lei e ameaçam avançar para tribunal contra as administrações dos centros hospitalares de Vila Real e de Bragança. Segundo o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), os enfermeiros subscreveram um abaixo-assinado para denunciar uma situação que classificam como “ilegal” e “injusta” e que dizem que se está a passar nos centros hospitalares do Nordeste (CHN), em Bragança e de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), em Vila Real. A falta de pagamento do suplemento remuneratório referente ao trabalho noturno, fins-de-semana e feriados, corres-
ponde, segundo o sindicato, a uma verba mensal na ordem dos “165 aos 300 euros” e está a afetar cerca de 300 profissionais na região transmontana. O sindicato salienta que os enfermeiros transmontanos “estão a ser discriminados” de “forma ilegal” pelas administrações dos centros hospitalares e promete recorrer aos tribunais para “resolver este problema”. “Estamos a exigir que as administrações harmonizem o pagamento que lhes é devido por lei e que o governo lhes garantiu”, sublinhou fonte sindical. Entretanto, a adminis-
Hospital de Lamego deverá abrir no início de 2012 O Hospital de Proximidade de Lamego, cujo funcionamento assentará nos serviços de ambulatório, deverá entrar em funcionamento em Janeiro de 2012, anunciou o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Trásos-Montes e Alto Douro (CHTMAD), Carlos Vaz. Aquele administrador afirmou que já foram abertos os concursos públicos internacionais para a aquisição dos equipamentos da nova unidade
hospitalar do Douro Sul, obra que representa um investimento global de 42 milhões de euros. Situado junto ao nó da auto-estrada A24, o hospital de Lamego vai dispor de três salas de cirurgia de ambulatório, consulta externa (14 gabinetes), urgência básica e hospital de dia. A unidade vai assegurar a prestação de cuidados à população dos dez concelhos do Douro Sul. No que respeita às áreas de cirurgia de ambulatório, dará resposta a toda a área de influência do CHTMAD. Segundo Carlos Vaz, as grandes áreas de desenvolvimento serão a “oftalmologia, ortopedia e cirurgia geral”. A falta de internamento desagrada à autarquia, que tem diálogado com o Ministério da Saúde para alterar a decisão.
Quem mandou fechar o hospital da Régua? Ninguém assume a paternidade pela decisão de encerramento do Hospital da Régua, prevista até dezembro, uma notícia que apanhou a população e a autarquia de surpresa. A crer nas notícias veiculadas, o Hospital D. Luís I, integrado no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) poderá encerrar até dezembro, estando prevista a abertura do novo edifício hospitalar de Lamego no início de 2012. A Câmara da Régua já anunciou ter ficado surpreendida pela decisão do Ministério da Saúde de encerrar a unidade
hospitalar, que diz servir “uma população de cerca de 50.000 utentes”. Liderada pelo social-democrata Nuno Gonçalves, a uatarquia lamentou ter tomado conhecimento do encerramento do hospital “apenas por terceiros e na altura em que a mesma foi comunicada em reunião aos funcionários do hospital”. Por seu turno, o Ministério da Saúde afirmou que a “decisão do encerramento do Hospital da Régua não foi da responsabilidade do atual ministro da Saúde”, remetendo mais esclarecimentos para a Administração Regional de Saúde do Norte.
tração do centro hospitalar de Vila Real negou a acusação dos enfermeiros, garantindo que os pagamentos estão a ser feitos de acordo com a lei. A agravar a situação dos enfermeiros
em Trás-os-Montes está, segundo o dirigente sindical, citado pela Lusa, o não pagamento de horas extraordinárias, uma situação que diz ser mais “grave” nos centros de saúde.
regiões
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Recebem uma bolsa de 200 euros durante oito meses
Fafe integra jovens que ficam temporariamente sem estudar A Câmara de Fafe arranca no mês de Outubro com a 11ª edição do programa “Ser Solidário”, uma iniciativa de trabalho temporário que pretende recuperar os jovens estudantes que ficam sem atividade lectiva durante o período escolar. Além de constituir um incentivo para o início de uma profissão, no caso daqueles que ainda não concluiram o ciclo de ensino, a autarquia atribui uma bolsa mensal de 200,00. Os jovens contemplados, cerca de metade do total de inscritos, fazem um turno de quatro horas diárias, cinco dias por semana, em escolas do primeiro ciclo do ensino básico, juntas de freguesia, instituições de solidariedade social ou equipamentos públicos. Fonte da autarquia especifica que este programa se destina “a jovens que não concluíram o 12º ano, deixando no máximo três disciplinas em atraso, ou para jovens que não tenham conseguido ingressar no Ensino Superior”. Os alunos provenientes de agregados familiares carenciados terão preferência, assinala a fonte. “O programa visa ocupar os jovens do Município de Fafe com atividades de caráter ocupacional e didático, possibilitando ainda um primeiro contacto com a realidade profissional, uma valorização da responsabilização e compromisso com a sociedade, e o fomento do espírito de equipa e organização”, segundo a definição do programa, que regista anualmente cerca de 300 inscritos. Os jovens desempenham as funções para as quais forem selecionados durante oito meses – o período equivalente ao ano letivo – , e vão receber uma bolsa mensal de 200,00. Os interessados em aderir ao programa “Ser Solidário” em 2011/2012 devem fazer a sua ins-
Feira Medieval em Chaves Pelo quinto ano consecutivo, a Câmara de Chaves organiza a 10 e 11 de setembro a Feira Medieval, tendo como palco, entre as 15:00 e 24:00 horas, a praça de Camões e da República e o Largo de Infantaria 19. O programa tem um “variado leque” de atividades como um cortejo medieval, tabernas e torneios medievais, artes circenses, danças tradicionais, mostra de armas e um espetáculo de cetraria. Este ano, o evento conta com o apoio da Associação para a Promoção do Centro Urbano de Chaves (ProCentro).
Maratona de BTT a 18 de setembro O BTT Clube de Chaves, em colaboração com a Eurocidade Chaves – Verín, vai levar a cabo a 18 de setembro a sétima edição da Maratona BTT – Rota do Presunto. Os participantes poderão escolher três percursos – maratona, meia maratona e mini maratona – com distâncias aproximadas de 90, 50 e 25 km. O percurso das provas irá desenrolar-se em território português e espanhol. Em 2010, a atividade juntou 1.072 pessoas provenientes dos dois lados da fronteira.
crição no Serviço Social do Município, até 15 de setembro, munidos de toda a documentação identificativa e o IRS do agregado familiar que integram. O prazo de candidatura para as instituições
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repórterdomarão
Cenários de Envelhecimento Cláudia Moura
O IDOSO E IDENTIDADE SOCIAL O envelhecimento é antes de mais uma questão demográfica, operada nas últimas décadas nas sociedades mais desenvolvidas, as quais conduziram a um progressivo aumento da esperança média de vida.
que querem receber os jovens decorre no mesmo período e aquelas devem requerer este apoio através de ofício dirigido ao presidente da câmara. Fonte da autarquia disse ao Repórter do Marão que nos anos anteriores têm sido colocados neste programa, anualmente, cerca de 130 a 150 jovens. O custo do programa “Ser Solidário” é integralmente suportado pelo Município de Fafe.
UTAD organiza em 2014 o Congresso Mundial de Historiografia Linguística A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vai acolher em agosto de 2014, em Vila Real, o "mais importante" congresso mundial na História das Ciências da Linguagem, que reúne especialistas de todo o mundo. A UTAD foi eleita em São Petersburgo para organizar o 13.º ICHoLS (International Conference on the History of the Language Sciences), que abrange a história das várias disciplinas relacionadas com o estudo das línguas, tais como a Linguística, Antropologia, Filosofia, Psicologia e outras, tanto teóricas como aplicadas, desde o princípio até à atualidade, incluindo as tradições não europeias. A organização caberá ao Departamento de Letras, Artes e Comunicação e o Centro de Estudos em Letras. Para a UTAD, esta eleição é o reconhecimento internacional do trabalho dos investigadores na Historiografia Linguística e representa uma grande honra para a academia transmontana.
DEIXO-VOS A PENSAR … O envelhecimento tem avocado maior atenção ao longo dos últimos anos, consequência do aumento percentual deste grupo etário. A realçar é o facto de tal veracidade se posicionar de forma tão negativa na sociedade, transferindo portanto, consequências adjacentes na rotina diária do idoso. Tal negatividade atribuída à pessoa idosa é consequência do desconhecimento na compreensão do envelhecimento, isto é, entende-se que envelhecer é algo funesto pela sua associação à perda de autonomia. Na actualidade ainda se assiste ao encarar do envelhecimento, como se, de uma fase de decadência se tratasse, rejeitando-o do sistema económico, social e cultural. Diante do panorama emerge a necessidade de esclarecer que durante o envelhecimento, os principais factores de influência da sociedade sobre o indivíduo incidem essencialmente na resposta social ao declínio, mudança de identidade social, desvalorização social e falta de definição sociocultural de actividades em que o idoso possa entender-se útil e alcançar reconhecimento social. Daí advém o importante papel exercido pelas Universidades da Terceira Idade que possuem acções voltadas às questões do envelhecimento, especificamente ao eminente papel de facultar ao idoso o conquistar novos espaços de convívio e relacionamento, promovendo a percepção e, consequentemente, a acção para uma nova identidade na velhice desenvolvendo novas potencialidades assimilando os seus limites como parte integrante do processo em que se encontram. Alerto para a necessidade de aprender a reconhecer o envelhecimento como um processo contínuo natural iniciado desde o primeiro momento de vida. Afinal a identidade é formada pelas características próprias adquiridas desde o momento do nascimento e durante todo o ciclo de vida. Cabe à educação englobar processos que permitam aos indivíduos o conhecimento da demografia actual. Neste contexto, a educação expõe um processo de humanização do indivíduo e de estímulo que contribui para a qualificação da velhice, através da selecção de elementos que transmitam sentido ao viver e conviver. Até porque, as alterações por que passa a identidade na velhice são resultado de outras tantas mudanças sentidas no processo de envelhecimento humano. Pois a satisfação pessoal está relacionada com a aptidão para seleccionar objectivos apropriados à realidade circundante e à sua possibilidade de concretização. E o idoso carece de fazer a adequação entre o que deseja e o que devido aos recursos individuais e colectivos acessíveis e disponíveis é possível alcançar. Sendo a capacidade de adaptação a todas as mudanças que ocorrem no processo de envelhecimento a principal meta a ser atingida para que o idoso possa ser feliz na velhice.
claudiamoura@portugalmail.pt Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.
AGRICULTURA | Especialistas defendem reconversão
Douro deve trocar vinho por azeite O presidente da associação dos produtores de azeite de Trás-osMontes defende a reconversão da atividade agrícola na região duriense, privilegiando o cultivo de olival. Para aquele dirigente, o retorno à cultura do olival, abandonado há algumas décadas na zona do Douro, poderá compensar a perda de rendimento na produção do vinho.
compensar a perda de rendimentos e “é altura de esquecer um pouco a monocultura”. “É importante que a exploração agrícola viva da variedade”, defendeu, adiantando que “há já experiências em algumas quintas do Douro que estão a aumentar a exploração e a criar uma marca de azeite paralela à marca de vinho”. António Branco não tem dúvidas de que a aposta “é rentável” e aponta como exemplo os “dez euros” de preço de uma garrafa de meio liO presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto tro de azeite associada a uma marca de vinho comercializado por uma desDouro (AOTAD), citado pela Lusa, garantiu que o Douro “tem grande potentas quintas. cial olivícola”, mas o olival, que funcionava como complemento à produção de vinho, foi praticamente abandonado e os terrenos ocupados pela vinha. A associação tem outro argumento para aliciar os produtores do Douro já que prevê que, até ao final do ano, o azeite do Douro ganhe o selo de qualida“Está na altura de voltarmos a pensar em plantar olival na zona do Douro”, Azeite de com mais uma Denominação de Origem Protegida (DOP). disse António Branco, defendendo que se reflita sobre o assunto, numa altuA proposta para criação da DOP-Douro será entregue no Ministério da ra em que se multiplicam os alertas para a crise que se vive no Douro vinharende Agricultura “em setembro/outubro” e caberá à União Europeia a decisão fiteiro, face à perda de rendimento dos agricultores. Na última década, o benefício, ou seja, a quantidade de mosto que 27 milhões nal. Todo o azeite da região passará a ser certificado já que parte dele tem já a DOP - Trás-os-Montes. pode ser transformado em vinho do Porto, foi reduzido em 45 por cento, de por ano 145 mil pipas em 2001 para as 85 mil em 2011. O azeite movimenta 27 milhões de euros por ano em toda a região e A agravar a situação está também a quebra “acentuada” do preço médio na região continua a ser a segunda produção com mais peso económico em Trás-osMontes e Alto Douro, a seguir ao vinho. pago à produção que passou de 1.106 euros e, este ano, rondará os 930 euros A sua qualidade tem sido reconhecida e distinguida além-fronteiras com pré(menos 16 por cento), baixa de preços que é justificada pelo comércio devido a mios internacionais. Trás-os-Montes tem mais de 36 mil olivicultores com 80 mil hecuma quebra nas exportações. tares de olival que produzem uma média anual de 90 milhões de quilos de azeitona. Para o presidente da AOTAD, o azeite, que é a segunda produção que mais dinheiUm quarto da produção de azeite transmontano é exportado para Espanha. ro movimenta a seguir ao vinho, pode assumir-se como um complemento capaz de
TERRITÓRIO DO DOURO VERDE MARCO | Hotel Convento de Alpendorada O Hotel Convento de Alpendurada é a principal unidade hoteleira do concelho do Marco de Canaveses. Resultou do restauro de um convento beneditino do século XI, uma empreitada que durou cerca de duas décadas. O imóvel tem um notável valor histórico e cultural, além de a sua localização privilegiada lhe proporcionar uma soberba e inigualável vista sobre o rio Douro.
O empreendimento está dotado de 37 quartos, estando o alojamento distribuído pelo edifício principal e por duas dezenas e meia de casas localizadas na quinta do convento, com tipologias variadas. Dois dos alojamentos são suites. O empreendimento, que tem mais de dois quilómetros na margem direita do Douro, compreende capela, salões de conferências ou reuniões, piscinas, campos de ténis,
restaurantes, praia fluvial, cais e barcos e ainda cerca de 30 km de caminhos pedestres e de manutenção. Vocacionada sobretudo para eventos, esta unidade hoteleira concentra a sua actividade nos casamentos, ceias medievais, festas de aniversário, passagens de modelos e outras festas temáticas.
Telefone: 255 611 371 www.conventoalpendurada.com
de curta duração em associação ao balneário termal, proporcionando aos seus hóspedes não só a utilização da piscina e outros equipamentos do complexo como inclui um banho com massagem vichy. Os clientes do hotel podem ainda usufruir de um tour pedestre no Vale do Cabrum ou eventualmente velejar ou passear nas calmas águas do Douro, programa associado a uma empresa da especialidade. As águas minerais das Caldas de Arêgos têm características sulfúreas, bicarbonatadas, sódicas e fluoretadas, com um elevado PH (9,2). São captadas a 62ºC e as suas indicações terapêuticas recomendam-nas para a prevenção e cura das doenças ortopédicas, reumatismos, vias respiratórias, sinusites e doenças da pele.
Com uma marina para pequenas embarcações e um cais de acostagem com capacidade para atracagem dos barcos-hotéis, o Hotel Porto Antigo, em Cinfães, tem literalmente o rio Douro a seus pés. O hotel, antigamente conhecido por Estalagem Porto Antigo, foi instalado num edifício histórico recuperado – uma casa senhorial que pertenceu ao explorador africano Serpa Pinto – e tornou-se rapidamente na melhor unidade hoteleira deste concelho do Douro Sul e distrito de Viseu, embora toda a vida económica de Cinfães seja desenvolvida com os vizinhos da margem norte (distrito do Porto) – Baião, Marco de Canaveses, Penafiel, Porto, etc. A unidade dispõe de 23 quartos com banho privativo e uma vista magnífica para a albufeira (da barragem do Carrapatelo), restaurante, bar, esplanada, piscina, salas para congressos e banquetes e uma marina fluvial. Localizado na confluência do rio Bestança com o Douro, o hotel desde meados de 2006 que está associado a um centro de estágios de algumas modalidades da canoagem e outros desportos náuticos. É o habitual local de alojamento de selecções de vários países e continentes.
Telefone: 254 870 700 www.douroparkhotel.com
Telefone: 255 560 150 www.hotelportoantigo.com
RESENDE | Douro Park Hotel
Situado num dos melhores pólos de atracção turística do Douro Sul - em Caldas de Aregos, na margem esquerda do Douro – o Douro Park Hotel é uma unidade hoteleira reformulada, tendo beneficiado de um projecto de requalificação para quatro estrelas. Dotado de 34 quartos, o hotel tira partido da proximidade ao cais fluvial de Aregos e da estância termal. O Douro Park Hotel opera, por isso, com programas
CINFÃES | Hotel Porto Antigo
Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN
TEM HOTELARIA DE EXCELÊNCIA AMARANTE | Hotel Casa da Calçada O Hotel Casa da Calçada, em pleno centro histórico de Amarante e com vistas para o rio Tâmega, é a jóia da coroa do território Douro Verde no que respeita a unidades hoteleiras. Resultado de uma notável recuperação artitectónica de um imóvel do século XVI, associado ao plano de defesa da Ponte de Amarante, este hotel de charme é hoje considerado um dos mais emblemáticos de Portugal. A unidade, com 30 quartos, entrou no circuito hoteleiro no início do século e em 2003 tornou-se membro da conceituada cadeia de hotéis Relais & Châteaux. Tem associado um excelente campo de golfe de 18 buracos, que pertence ao mesmo grupo empresarial (Mota-Engil). Comporta ainda o restaurante Largo do Paço, um dos poucos restaurantes portugueses galardoados com 1 Estrela do famoso guia Michelin, considerado a bíblia da restauração. A excelente gastronomia da cozinha do Largo do Paço, por onde já passaram alguns dos maiores “chef” do país, grangeou-lhe a fama internacional. Segundo a própria definição do restaurante, “os menus mudam sazonalmente e primam pelo equilíbrio entre o tradicional e o contemporâneo, o simples e o sofisticado”. Contudo, a premiada cozinha desta unidade da rede Relais & Châteaux tem procurado evidenciar uma cozinha de raiz portuguesa.
Telefone: 255 410 830 www.casadacalcada.com
BAIÃO | Douro Palace Hotel Resort & Spa O Douro Palace Hotel Resort & Spa é uma das mais bonitas unidades hoteleiras do Vale do Douro. Situado em na encosta de Baião para o Douro, frente a Caldas de Aregos, este 4 estrelas – com 60 quartos – dispõe de piscina interior e exterior, juntamente com um spa termal. Com explêndidas vistas sobre o rio, o Douro Palace Hotel Resort & Spa está também rodeado por hectares de vinhas. Além do design elegante dos seus quartos, estes apresentam varandas privadas com vista para o rio. O hotel integra o Restaurante Eça, onde é servida requintada cozinha regional. Dispõe de três bares, um deles dotado de piano. O Spa do hotel – uma das atracções da unidade hoteleira – oferece jactos de água, sauna e banho turco. Os hóspedes podem também desfrutar de uma massagem profissional ou de um banho de vapor. O Douro Palace Hotel, na margem direita do Douro, (em Carrapatelo, Santa Cruz do Douro), está a 5 minutos de carro da estação ferroviária de Aregos. O hotel dispõe também de um cais fluvial privado, onde os hóspedes podem atracar os seus barcos.
Telefone: 254 880 000 www.douropalace.com
22 setembro'11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
crónica & artes
Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]
TAXEZ-NOUS!
Eis que de um momento para o outro os multimilionários deste mundo parecem ter descoberto uma vocação filantrópica e desatam a reclamar que querem pagar mais impostos. Taxez-nous! — gritam impacientes os multimilionários franceses. Qualquer dia ainda vamos ver ruidosas manifestações destes senhores, com cartazes vigorosos e enérgicas palavras de ordem, a desfilar pela baixa das capitais de todo o mundo, protestando vivamente contra a brandura dos impostos que lhes cabe pagar. E também nos arriscamos a ouvir um brado universal, de norte a sul e de este a oeste: Multimilionários de todo o mundo, uni-vos! Quem, por já ter visto um porco a andar de bicicleta e um peixe a fumar cachimbo debaixo de água, pensava que já nada o podia surpreender, esteja pois preparado para coisas espantosas como estas. A ideia irrompeu na América, onde o senhor Warren Buffett deu o primeiro grito deste movimento. Logo os multimilionários franceses se associaram à luta, e é de crer que um pouco por todo o lado as adesões em massa continuem. Em Portugal, por acaso, a ideia parece não ter sido acolhida com especial entusiasmo pelos nossos multimilionários. De resto, a bem dizer, nós nem temos multimilionários; temos apenas dois ou três arremedos disso. Mas mesmo esses parecem dar à ideia uma resposta de ‘nim’ (nem sim nem não). Um deles aproveitou até para fazer blague com a coisa. “Eu não sou rico; sou trabalhador» — disse a maior fortuna de Portugal, e com isso conseguiu pôr meio país contra si. De facto, escusava talvez de ser provocador. Dizia se concordava ou não concordava com o imposto em perspectiva, mas deixava em paz os milhões de trabalhadores (como ele) que levam para casa quinhentos euros ao fim do mês (ao contrário dele). Mas adiante. Este surto de filantropia, cá para mim, está longe
A.M.PIRES CABRAL
de ser o que parece. O povo diz sabiamente que ninguém dá nada a ninguém. Se alguém (mormente quem se especializou antes em tirar) dá alguma coisa, é porque espera algum retorno desse gesto. Na verdade, este movimento dos senhores multimilionários parece-me ter muito de corporativo, isto é, de defesa dos seus interesses de classe. Assim como quem diz: é preciso ceder alguma coisa para que tudo continue na mesma. Eles não são estúpidos. Eles começam a perceber que os ventos da história, que impeliram velozmente os seus veleiros até aqui, podem mudar de direcção. Um pouco por toda a parte — e ultimamente isso viu-se na Espanha e na Inglaterra, e alguns meses antes tinha-se visto na Grécia —, sobretudo os jovens (o grande motor das mudanças) começam a questionar este selvagem, injusto e sujo sistema político-económico que dividiu o mundo em dois blocos: o dos que têm tudo ou quase tudo, e o dos que têm pouco, muito pouco ou mesmo nada, sendo que os primeiros não chegam a ser, longe disso, um por cento do total. Se nada mudar, é previsível que os ânimos se vão crescentemente inflamando, até se chegar a um ponto de rotura e de confronto. Não digo que seja já amanhã, mas a verdade é que hoje, em plena sociedade da informação, a contestação pode abrir em labaredas, ateadas pelo fósforo das redes sociais. E então, talvez os milhões não sejam baluarte bastante para proteger ninguém da maré. Então, pelo sim pelo não, é bom ir libertando umas migalhas que entretenham a fome de justiça social dos descamisados. Descamisados que, qualquer dia, seremos todos nós — com a evidente excepção dos senhores multimilionários.
Ecoturismo 2011
O OLHAR DE... Eduardo Pinto
1933-2009 Cena de Feira - Feira do Cavalinho - Amarante - Anos 60
Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.
pirescabral@oniduo.pt
Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.
Fundado em 1984 | Jornal/Revista Mensal Registo ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89 Redação: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689) Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Manuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958).
Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo. Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Marco, Baião Repórter/Marão Online
Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 Apartado 4 - 4630-279 MARCO DE CANAVESES Cap. Social: 80.000 Euros – Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa. Impressão: Multiponto SA - Baltar, Paredes Tiragem média: 27.000 a 30.000 ex. (Auditados) | Associado APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Nº 486
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diversos | crónica
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repórterdomarão
PROVE chega a Amarante A Dolmen, Cooperativa de Formação Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, inaugurou no início do mês, em Amarante, o terceiro núcleo do programa PROVE - Promover e Vender, uma iniciativa que valoriza a atividade dos pequenos produtores agrícolas. Para o alargamento do programa ao Município de Amarante (que surge após a sua criação em Baião e Marco de Canaveses), a Dolmen conta com a colaboração da Associação Viver Canadelo. “Do produtor para o consumidor” é o conceito do PROVE, iniciativa comunitária “que visa a promoção de novas formas de comercialização, nomeadamente de produtos agrícolas, entre pequenos produtores e consumidores, de modo a dar um contributo importante para o escoamento de produtos locais”. Para a Cooperativa Dolmen este projeto "insere-se na estratégia de desenvolvimento social e económico
da região, potenciando a produção agrícola de qualidade e favorecendo a criação de emprego e de riqueza local, criando condições para diminuir o défice no consumo de produção agrícola nacional". Na inauguração do núcleo de Amarante foram distribuídos 19 cabazes, dotados com uma dúzia de produtos agrícolas da época. Os preços variam entre os sete (cabaz entre 5 e os 7 kg) e os nove euros (cabaz entre 7 e os 9 kg). O cabaz – que requer encomenda prévia – estará disponível nas instalações da Junta de Freguesia da Madalena todas as sextas-feiras das 17h00 às 19h30. As encomendas podem ser feitas na página oficial do PROVE www.prove.com.pt , em www.dolmen.com. pt , através do e-mail vivercanadelo@hotmail.com ou pelos seguintes telefones: Dolmen: 255542154; Viver Canadelo: 911814055.
Parque de estacionamento em Baião para servir Escola e residentes A Câmara de Baião lança este mês o concurso público para a construção de um parque de estacionamento que vai servir a Escola EB 2,3/s de Baião e a população da vila, anunciou fonte da autarquia. O parque de estacionamento, que representa um investimento de 607 mil euros, terá capacidade para 70 lugares.
Segundo a câmara municipal, este novo parque vem juntar-se a outros três – o parque dos armazéns municipais, aberto ao público ao fim-de-semana, com 52 lugares e o parque de estacionamento de Campelo, atrás da Urbanização de Sá Carneiro, com 59 lugares gratuitos. Brevemente estará disponível o parque de estacionamento do Centro de Saúde, com mais 50 lugares. "Com a construção do parque da escola teremos Mais de 200 lugares na vila ao dispor do público 231 lugares de estacionamenA fonte anuncia ainda que após a concretização do to", assegura o presidente da Câmara Municipal de Plano de Circulação e Mobilidade, inserido no Plano de Baião, José Luís Carneiro, para quem estes equipaRegeneração Urbana de Campelo, a Rua Eng. Adelino mentos "são fundamentais para a qualificação e valorização do território." Amaro da Costa vai ter sentido único de circulação.
António Mota
Carlos e Celina A culpa é tua, que foste toda a vida um atadinho, cresceste agarrado à saia da tua mãe, e se não fosse eu tomar a iniciativa, ainda hoje estavas junto dela à espera que o mundo viesse ter contigo. Também julgava que eras mais inteligente. Mas como o amor é cego, o erro foi meu. Naquela altura eu só te via com os olhos do coração. A culpa é tua, que te acomodaste ao empregozinho de chacha. Quantas vezes eu te disse: assim que o velho Lopes morrer, a loja fecha, e tu ficas sem emprego e a ganir. Avisei-te um milhão de vezes: Carlos, larga esse emprego, que não nos leva a lado nenhum, e vai para fora do país, como fizerem os meus irmãos. Vai, Carlos, não tenhas medo, vai, que eu também vou contigo. A limpar o que os outros sujam, de certeza que arranjo trabalho, e ganho muito mais do que aqui. E, quem sabe, de repente pode surgir uma oportunidade e nós agarramo-la com as duas mãos. Vamos sair desta terra enquanto somos novos e temos força para enfrentar o mundo. Vamos arranjar dinheiro para termos uma casa decente, um carro como deve ser, uma vida boa, sem termos necessidade de andar a contar tostões e a incomodar a minha mãe sempre que mudámos de carro. Eu sonhava em voz alta, e tu ficavas calado, a olhar para as mãos, carregado de medo. Bem se via que a loja ia acabar logo que o velho Lopes morresse. Os filhos não moram cá, estão bem na vida, é claro não estiveram para se preocupar com a chafarica, e fizeram eles muito bem. Eu fazia o mesmo. E até foram muito simpáticos. Perguntaram-te se querias continuar com o negócio. E tu o que fizeste? Encolheste-te todo e disseste que ias pensar. Pensar em quê, Carlos? Nós não temos dinheiro nem para mandar cantar um cego. E agora, que tens cinquenta anos, uma neta de três anos para criar e uma filha divorciada e doida varrida, que não fez nada de jeito, parecidinha contigo, e uma mulher com a coluna toda torcida, dores por todo o corpo, com
insónia, hipertensão, diabetes e menopausa precoce, diz-me como é que vai ser a nossa vida quando acabar o subsídio. A culpa é tua, Carlos. Os meus irmãos estão muito bem. Vêm a Portugal de avião, não estão para se sujeitar a morrer nas estradas, isso era antigamente. Eu nunca andei de avião, e a culpa é tua. O meu irmão Tó pagavanos a viagem, há tantos anos que anda a dizer: Celina vem ver a minha casa, vem de avião, que é num instante. Traz o Carlos contigo e vem ver como se vive bem fora de Portugal. Eu sei que o Tó dizia o que sentia. Ele quer mostrar-me a casa que lá comprou. Pelas fotografias, dá para ver que é uma coisa em grande. E nós? Ainda não andei de avião por tua causa. Sim, por tua causa. Tu nunca quiseste ir, tinhas medo que o avião caísse. E eu achava que parecia mal aparecer em casa do meu irmão sozinha. Vontade não me faltava, mas fui-me abaixando aos teus caprichos. Fui muito burra. As mulheres sujeitam-se tanto. Agora, antes que seja tarde, vou aproveitar a oferta do Tó. Está decidido. O Tó mandou os bilhetes. O problema é a mala. Só posso levar uma malinha pequenininha, pouca coisa cabe lá dentro. Não sei como é que vou conseguir meter dentro da mala a minha roupa toda. Nem posso levar umas garrafinhas de tinto, que ele tanto adora. Nem durmo a pensar nisto tudo. Vou andar de avião sozinha, e sem medo. Tu ficas aqui a tomar conta da casa e da nossa netinha, a nossa princesinha. No próximo mês não contes comigo para nada. Vou conhecer outros mundos. E aproveito para alinhar as ideias e melhorar a saúde. Porque assim não pode ser. Ai, Carlos, Carlos, tu que nem para andar de avião serves, como é que conseguiste enganar-me?
anttoniomotta@gmail.com