Repórter do Marão

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repórterdomarão Prémio GAZETA

do Tâmega e Sousa ao Nordeste

O U T U B R O ’ 11

Nº 1256 | outubro '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem: 26.500 ex.

‘ Inspira-me o sofrimento que pressinto nas pessoas ’ VALTER HUGO MÃE – em entrevista ao RM – fala do seu quinto romance "O filho de mil homens" e critica o laxismo típico dos portugueses, que também explica uma parte da crise que o país atravessa. " Não resolvemos problemas nem fazemos justiça. Toleramos tudo. É uma pena. "

Bispo de Bragança promete reestruturar a Diocese, diálogo com jovens e tempos novos

Fundação Eça de Queiroz cria restaurante em Tormes para reforçar receitas próprias


ENTREVISTA | VALTER HUGO MÃE

Texto Lúcia Pereira | mzp.lucia@gmail.com Fotos Walter Craveiro (capa) e Z

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humanidade é a fonte de inspiração de Valter Hugo Mãe, um dos escritores portugueses com maior destaque na atualidade. “O que mais me inspira são as pessoas, pensar nas pessoas, o sofrimento que pressinto nas pessoas. Com os livros invento que as salvo. Nem sempre, mas quase sempre”, afirma o escritor, cuja obra se distingue pela criatividade e pela sensibilidade. “Escrevo para alguém que não sou eu nem outra pessoa qualquer. Será um leitor imaginário, muito cruel, que não me esconde nada e que me obriga a corrigir e a pensar muitas vezes sobre cada decisão”, refere Valter Hugo Mãe. No entanto, o escritor confessa-se incapaz de caracterizar a sua obra literária na globalidade – “não consigo fazer tal coisa. Não seria imparcial. Quero acreditar que escrevo bons livros, diferentes uns dos outros e bons. Mas cabe aos leitores julgar isso. Pode ser apenas uma ilusão minha e desse leitor imaginário para quem escrevo”.


O filho de mil homens

Quinto romance do autor já chegou às livrarias de todo o país

' Escrevo para um leitor imaginário, muito cruel ' Valter Hugo Mãe conquistou definitivamente os leitores de língua portuguesa. O escritor prepara-se agora para a internacionalização, cujo caminho implica encontrar tradutores capazes de superar as vicissitudes de traduzir o Português para outras línguas.

Contente e grato “Nunca se espera algo de muito concreto quando se é um escritor”, afirma Valter Hugo Mãe, quando confrontado com a estrondosa adesão do público aos seus romances, não só em Portugal, mas também no Brasil. “Creio que fico sempre disponível para que as coisas aconteçam, mas não há como forçar. Não esperava, mas também não acho que seja uma surpresa absoluta. Estou a publicar o meu romance, tenho muito trabalho, o suficiente para que o grande público me possa conhecer. Estou muito contente que isso suceda agora. Muito contente e muito grato”, assume o escritor. Quanto à aplicação do acordo ortográfico, Valter Hugo Mãe concorda e discorda. “Não me custa deixar de escrever letras mudas, mas tenho dúvidas de que isso, por si só, sirva para manter os países de expressão portuguesa unidos de algum modo”, adverte.

Saramago, em 2007. A sua obra poética está revista e reunida na antologia «contabilidade», editada pela Objectiva/Alfaguara, a mesma editora que publicou os seus romances. Em 2009, o escritor recebeu o prémio Figura do Futuro, atribuído pelo Correio da Manhã. No ano seguinte, foi galardoado com a Medalha de Mérito Singular de Vila do Conde.

Toleramos tudo No futuro, o escritor sonha “ter condições de conhecer todas as ilhas dos Açores para escrever uma história acerca daqueles incríveis portugueses”. Já no que diz respeito à atual situação socioeconómica de Portugal, Valter Hugo Mãe considera que é “frustrante, no mínimo, e profundamente reveladora”. “Creio que quem nos enganou se deu sempre bem e continua a dar. Não resolvemos problemas nem fazemos justiça. Toleramos tudo. É uma pena”, lamenta. No que se refere mais concretamente à política cultural, a opinião do escritor também não é muito favorável. “Pouquinha. Penso que me parece pouquinha desde há uns anos”, conclui.

O mais terno romance «O filho de mil homens», lançado em setembro, é a mais recente obra do escritor, que neste livro interrompe “o uso obstinado das minúsculas”. O romance relata a “aventura afetiva” de Crisóstomo e Isaura. “Sou suspeito para definir o meu próprio trabalho, mas vejo este romance como o mais terno de todos quanto escrevi. É uma busca de felicidade, como a aprender a partir das dificuldades o modo como podemos afinal ser felizes”, revela Valter Hugo Mãe, que, tal como o personagem principal do novo romance, assumiu já a tristeza por não ter tido um filho, ao atingir os 40 anos de idade. «O filho de mil homens» é o quinto romance de Valter Hugo Mãe, que também já escreveu «a máquina de fazer espanhóis», «o apocalipse dos trabalhadores», «o nosso reino» e «o remorso de baltazar serapião», com o qual venceu o Prémio José

Valter Hugo Mãe é o nome artístico de Valter Hugo Lemos, nascido a 25 de setembro de 1971, em Saurimo, Angola. Valter Hugo passou a infância em Paços de Ferreira e, em 1980, mudou-se para Vila do Conde, onde ainda vive. Licenciado em Direito e com uma pós-graduação em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, dedica-se ainda à literatura infantil, às artes plásticas, sobretudo ao desenho, e à música. Fundou a banda Governo, onde é vocalista, sendo também letrista, entre outros, dos projetos musicais de Paulo Praça e dos Mundo Cão.


IGREJA DE BRAGANÇA-MIRANDA | D. José Cordeiro promete reestruturar a Diocese

Jovens pedem santos que joguem à bola, seniores acreditam na juventude do bispo Helena Fidalgo | hfidalgo.tamegapress@gmail.com | Fotos Manuel Teles

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envelhecida Diocese de Bragança-Miranda ganhou o mais jovem bispo de Portugal, José Cordeiro, um dos poucos nomeados para a diocese de origem. Se não for chamado para outros funções, o bispo de 44 anos poderá ter um dos episcopados mais longos, de mais de 30 anos. Como será a Diocese nessa altura, não sabe dizer, apenas tem consciência de que nesta “velha Europa, seremos cada vez mais um pequeno rebanho”. É por isso que considera que “as estatísticas são a nossa ruína”, porém entende que “a fé não se mede em números, nem pela quantidade de padres ou fiéis, mas pela sua qualidade”. E contra todos os diagnósticos, acredita que é possível reverter a tendência de despovoamento do interior, apesar de a realidade reclamar reestruturações que também ele vai fazer na Diocese, sem falar em extinguir paróquias. A sessão de boas vindas que lhe foi feita, antes da ordenação, em frente ao Seminário de São José, fez o novo bispo duvidar dos que dizem que o Distrito de Bragança é um território envelhecido. Saudaram-no seniores, jovens, motards e os amigos da bola num ambiente de festa com a alegria da música e cânticos dos escuteiros. José Cordeiro ouviu a pequena multidão reclamar que “precisamos de santos modernos do século XXI com a espiritualidade inserida no nosso tempo, precisamos de santos que bebam “coca cola”, gostem de “hot-dogs”, usem “jeans”, que gostem de jogar à bola”. O jovem prelado – ordenado no primeiro domingo de outubro – aceitou todos os desafios e diz que quer ficar conhecido como “o bispo que escuta, como um servidor do evangelho da esperança”. E a esperança é quem tem a última palavra para o bispo que quer combater a “tendência para o pessimismo e para o sublinhar demasiado o negativo e problemas”, pois acredita que “juntos havemos de encontrar as soluções”. É certo e sabido que vivemos tempos difíceis, tempos de crise, mas José Cordeiro vê na crise uma oportunidade de mudança “que exige uma decisão, um compromisso, a reafirmação dos valores, sobretudo os valores humanos e cristãos”, já que a maior parte dos economistas diz que é uma crise de valores, antes de ser uma crise financeira e económica. “Nós não podemos viver na crise, se bem que a crise faz bem, até no próprio crescimento e desenvolvimento de uma pessoa as crises são saudáveis e podem ser saudáveis nesse sentido de ajudar a reequacionar a vida e a problemática da própria existência e a convergir para o essencial”, defende. Os mais velhos demonstraram, nas boas vindas, que acreditam na

juventude de José Cordeiro e que a região precisa de juventude e de quem puxe por ela. Depositam todas as expetativas na “pessoa jovial, muito alegre”, características que consideram importantes para facilitar a comunicação. José Cordeiro quer falar com todos e já anunciou que pretende promover encontros com empresas, movimentos leigos e cristãos e os vários organismos e instituições para juntos encontrarem soluções para ultrapassar os problemas.

Um padre para cada cinco paróquias É com os padres que quer primeiro falar para reorganizar a diocese, porque, numa altura em que a crise obriga a repensar os modelos institucionais, o novo bispo reconhece que também a Igreja tem de fazer adaptações. “Certamente que sim. Nós, ultimamente falamos muito de nova evangelização e ela tem que ser nova na linguagem, nos métodos, no ardor que vai exigir de nós aquilo que chamamos uma conversão pastoral, isto é, uma mudança de mentalidade, de postura, de ação”. A realidade pede isso mesmo, sublinha o prelado, apontando as “326 paróquias, 67 párocos, 136 mil pessoas". Embora a Diocese tenha uma área muito extensa, “tudo isto está a reclamar uma conversão de todos, a começar pelo bispo”. José Cordeiro acredita que melhores dias virão e que é possível reverter o despovoamento do interior. “Eu acredito que sim porque em tantos outros países da Europa e do mundo está a acontecer uma repovoação do interior e, ao longo da história, nós vemos esses movimentos para a cidade e depois para as aldeias e, portanto, não é de agora e nós até vivemos tempos muito melhores do que viveram os nossos antepassados”, considerou. Os jovens são uma das apostas do novo bispo que foi capelão do Instituto Politécnico de Bragança antes de ir para Roma, onde esteve nos último doze anos até ser nomeado. Ganhar vocações não faz parte das preocupações do novo bispo porque perante a realidade “não se pode esperar mais a não ser que façamos mais”. Garante que também não está preocupado com a fatura de cinco milhões de euros que herda da inacabada catedral de Bragança. Que haja dívidas “não é de espantar” para o novo bispo que sublinha que quando aceitou as funções aceitou “o pacote completo: as coisas boas e as coisas más, o positivo e o negativo” e assume tudo isso com confiança. Aquilo que mais o tem surpreendido é o acolhimento e a amizade das pessoas.

José Manuel Garcia Cordeiro nasceu em Angola em 1967. Ainda criança, regressou com a família à aldeia natal de Parada, em Alfândega da Fé, no Nordeste Transmontano. Estudou nos seminários de Bragança, Vinhais e Porto e foi ordenado padre aos 24 anos. Durante oito anos foi capelão do Instituto Politécnico de Bragança e formador no seminário de São José, em Bragança. Há doze anos viajou para Roma para estudar e doutorouse em Liturgia. Foi vice-reitor do Pontifício Colégio Português de Roma, entre 2001 e 2005, ano em que foi nomeado reitor, cargo que ocupou até ser nomeado bispo, em julho, pelo papa Bento XVI.


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VILA REAL | Investigador da UTAD aponta um caminho para salvar esta arte secular

Modelo cooperativo poderá salvar barro preto Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos P.P.

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idade avançada dos artesãos e a inexistência de discípulos hipotecam o futuro da arte olárica que, ao longo dos séculos, tem resistido em Bisalhães. A solução poderá estar num modelo associativo/cooperativo que olhe o mercado turístico como estratégico para o escoamento das peças. Têm entre 75 e 83 anos, mãos desgastadas pelo barro a que deram forma e uma sabedoria por transmitir. Os oleiros de Bisalhães são apenas cinco, o que ameaça a continuidade do ciclo produtivo. “Isto é como o doente que entra na urgência do hospital no estado limite de sobrevivência, ou acudimos ou não. Estes oleiros consideraram que com eles o ciclo de produção de loiça chegaria ao fim, porque direcionaram os seus descendentes para outras atividades consideradas mais nobres e socialmente mais reconhecidas. Perante um cenário de ausência de prolongamento da atividade, temos que pensar noutras formas”, alerta o investigador Alberto Tapada. Por isso, a tese que vai apresentar até ao fim do ano na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro propõe a criação de um modelo associativo/cooperativo que funcionará como “uma organização onde caberão jovens, desempregados de longa-duração, homens e mulheres que pretendam desenvolver a atividade de uma forma integrada”. Estas pessoas receberiam formação “muito específica” no Instituto de Emprego e Formação Profissional e, depois de aprenderem a trabalhar numa roda elétrica com ceramistas, teriam um estágio com os atuais oleiros para perceber como se produz com a roda manual. “Com este modelo, cria-se emprego, relança-se a atividade e dá-se um salto qualitativo”, acrescenta. A cooperativa podia prestar serviços aos seus membros e aos oleiros que já existem, nomeadamente na aquisição e transporte dos barros oriundos de Nantes [Chaves], na produção e distribuição das pastas. “Teria a vantagem de poder aliviar o seu esforço, o das mulheres e colmatar o problema que é ter pastas disponíveis a tempo e horas”, refere Alberto Tapada. A própria comercialização deverá acontecer noutros moldes, aproveitando os fluxos turísti-

cos gerados pela Região Demarcada do Douro através da distribuição nos barcos, nos postos turísticos, nos espaços associativos e nas casas de turismo. Em 2006, houve um processo de certificação das peças de Bisalhães, desenvolvido pela NERVIR, mas que não foi concluído. “Ficamos um pouco no limbo e é indispensável completar esse trabalho”, frisa. Isso poderia evitar que já sejam comercializadas “falsas peças”: “não é tão residual como parece. Algumas, se se partirem, são vermelhas por dentro e vê-se no brilho e na textura do barro”. Alberto Tapada, 53 anos, defende ainda “alguma modernização” para os modelos, solicitando a “designers conhecidos que criem algumas peças”. “Isso acrescenta maior valor económico à tradição”, frisa. Contudo, este modelo cooperativo pode enfrentar uma fraca recetividade junto dos atuais artífices. “Os oleiros de Bisalhães sempre foram muito competitivos entre eles, avessos à cooperação e associação. Está-lhes na massa do sangue. Não creio que estejam abertos a esta modalidade. Vi algumas resistências”, confidencia o investigador. “Mais decisivo” é o papel das mulheres de Bisalhães na perpetuação da arte, pois são elas que dominam todas as fases do processo produtivo, desde a cozedura à decoração. “Isso nunca foi ressaltado e, com este modelo, era uma forma de evidenciarem esse know-how”, acrescenta Alberto Tapada. A vida de Noémia Monteiro, 66 anos, é de plena dedicação a esta “arte muito trabalhosa”. “Já picava o barro quando ia para a escola, porque os meus pais eram oleiros. Depois, casei com um oleiro. Fui uma desgraçada do trabalho.” Na memória avivam-se os muitos quilómetros calcorreados por “esses povos”. “Vendia-se sempre muito, porque se cozinhava nesta loiça, levava-se o comer para as vinhas nestas panelas, lavava-se a loiça nos alguidares redondos.” Hoje, o volume de vendas não justifica uma grande produção e as tentativas para perpetuar a olaria de Bisalhães não a convencem: “já lá fizeram vários cursos e ninguém aprendeu nada. Querem pôr uma escola, mas não há canalha que queira isto”.

Olaria de Bisalhães conseguirá sobreviver após esta geração?

Albano Carvalho, 77 anos, oleiro «Enquanto ganharam o ordenado mínimo, trabalharam durante três ou quatro meses. Depois, meteram o dinheiro ao bolso e não quiseram saber disto para nada. As minhas peças dão muito trabalho e, agora, as vendas estão mais baixas. Se fosse a viver disto, morria de fome.»

Manuel Martins, 79 anos, oleiro «Sou o mais velho e quando morrermos os quatro, isto ardeu porque não há quem aprenda. Devia haver uma aprendizagem de olaria nas escolas, que é onde nasce tudo, mas até hoje ainda não houve nada. A juventude não quer saber disto.»



VOLUNTARIADO | Estudante de Medi c

Jovem brigantina por voluntariado Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos D.R..

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escanso e diversão fazem parte do ideal de férias de qualquer jovem, mas Daniela Silva, 21 anos, preferiu abdicar de tudo isso e viajar até ao continente africano para fazer voluntariado. Com quatro colegas do curso de medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, a jovem de Bragança partiu para uma experiência ímpar. “Achei que não seria apropriado fazê-lo antes do 3º ano do curso, visto que só nesse ano é que começámos a treinar as nossas competências clínicas”, explica. Por isso, quando as aulas começaram, procurou uma forma de ir para África fazer voluntariado nas férias de verão. “Tentei com a AMI, Médicos do Mundo, etc., mas é complicado conseguir ir para o terreno com essas associações enquanto estudante. Outro dos obstáculos era o tempo: algumas associações exigiam períodos mínimos de 3, 6 ou 9 meses, disponibilidade que não tinha.” À beira de desistir da ideia, Daniela ouviu falar de “Benguela Minha”, um projeto que a associação de estudantes da sua faculdade estava a desenvolver. O objetivo era que os estudantes a partir do 3º ano fossem para Benguela como voluntários, para realizar ações junto da comunidade e para acompanhar os colegas da Faculdade de Medicina de Benguela. “Nunca tinha estado em terras africanas e saber que ia estar lá um mês sem a certeza que me ia adaptar foi

um pouco intimidante”, recorda. Se, inicialmente, o espírito era de voluntariado, a permanência em solo africano acabaria por se transformar num estágio clínico (não remunerado) na Clínica da Sagrada Esperança, situada em Luanda. “Ajudávamos no que podíamos, inclusive com conhecimentos teóricos, porque as falhas na formação dos médicos de lá são muito grandes e qualquer coisa que disséssemos, eles valorizavam imenso.” Na clínica, a jornada começava às 8h30. Daniela passou pelos serviços de Puerpério e Neonatologia, Radiologia, Unidade de Cuidados Intensivos, Atendimento Permanente e Sala de Trauma (equivalente ao Serviço de Urgência) e Bloco Operatório. “Em Benguela, a clínica era mais pequena e não tinha todas estas valências, pelo que acompanhámos o médico na sua rotina diária”, conta. Já em Caxito, Daniela conheceu a realidade dos centros de saúde locais, onde não existem médicos. “As consultas são dadas pelos colegas angolanos, estudantes de Medicina do 6º ano.” Em todas as instituições, a jovem brigantina constatou a falta de recursos humanos e materiais. “Para além da falta de médicos e de outros profissionais de saúde, existe uma grande falha em termos de meios complementares de diagnóstico, como exames imagiológicos (Radiografia, Ressonância Magnética, TAC, Ecografia), laboratoriais, entre outros.” Perante estas limitações,


cina passou um mês em Angola

troca férias em África aos médicos “é-lhes exigido que pratiquem boa medicina sem os mesmos recursos, o que torna o desafio ainda maior”. Daniela acabou por lidar com doentes atingidos pela malária, pela tuberculose e por outras doenças infeciosas. No entanto, o que mais a surpreendeu foi observar três pessoas com tétano, internadas na mesma unidade de Cuidados Intensivos. “Esta é uma doença que está erradicada em Portugal pela vacinação e, como tal, nunca tinha tido contato com ela”, ressalva. Da experiência em África, Daniela colecionou várias aprendizagens, sobretudo a nível pessoal. “Aprendi a relativizar os problemas do dia a dia, visto que até as pessoas que vivem em condições miseráveis levam a vida a sorrir. Aprendi a valorizar, de outra forma, os recursos a que temos acesso como estudantes e ainda os serviços de saúde que são prestados em Portugal, pois têm uma qualidade que a maioria dos portugueses não reconhece.”

Momento inesquecível “Cada uma das localidades marcou-me pelas suas particularidades. Luanda pela vida, Benguela pela beleza, Caxito pelas pessoas”, confidencia Daniela. As populações locais souberam acarinhar o grupo de estudantes universitários, ainda que, por vezes, sentisse “uma atitude um pouco reticente ao primeiro contacto”. “O povo angola-

no é muito afável, divertido e nota-se um pouco por todo lado uma atitude positiva e despreocupada em relação aos problemas e à vida em geral”, conta a jovem. As crianças tinham as reações mais curiosas, principalmente em localidades do Interior. “Observavam-nos com curiosidade, chamandonos «mulatos», talvez por nunca terem visto ninguém com uma cor tão diferente da sua.” A aproximação acaba por ser ”fácil e desinibida”, sublinha Daniela. “Aceitavam de braços abertos a nossa atenção e carinho”, enfatiza. E foi justamente o contacto com um menino de três anos, no centro de saúde de Caxito, que marcou Daniela. Enquanto fazia inquéritos sobre doenças diarreicas agudas em crianças, sorriu-lhe e fez-lhe cócegas. Foram gestos inocentes que, mais tarde, se revelaram significativos. “Quando entraram no consultório, a mãe contoume que ele ficou o tempo todo a dizer «aquela mulata», o que me surpreendeu, porque significa que ficou marcado pela atenção que lhe dei.” Quando a consulta terminou, a criança não queria deixá-la. “Deixei-o dar-me um beijinho e tocar-me no braço. Perguntei-lhe se nunca tinha visto ninguém com a minha cor e, envergonhado, acenou afirmativamente. Não só não me rejeitou por ter uma cor diferente da sua, como ainda queria ficar ao pé de mim. É uma lição para qualquer adulto com ‘problemas’ em relação a pessoas de cor diferente.”


ENTREVISTA | Fundação Eça de Queiroz vai instalar restaurante em Tormes

FEQ sem preocupações com o futuro pois 'não depende de subsídios públicos' Paulo Alexandre Teixeira | pauloteixeira.tamegapress@gmail.com | Foto P.A.T.

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a freguesia de Santa Cruz do Douro, em Baião, a memória de Eça de Queiroz é preservada ao detalhe na Quinta de Vila Nova (Tormes), um dos locais da região que o escritor, jornalista e diplomata de finais do século XIX, imortalizou numa das suas mais conceituadas obras, “A Cidade e as Serras”. O local, onde a Fundação Eça de Queiroz preserva os vários edifícios da quinta e dos diversos pertences do autor, é o centro de uma verdadeira romagem de apreciadores e estudiosos da obra de Eça, onde o número de visitantes já ronda os 10 mil por ano. Num dia de actividade frenética, centrada à volta da produção do famoso vinho de Tormes, o Repórter do Marão ficou à conversa com Maria da Graça de Castro (MGC), fundadora e presidente vitalícia do conselho administrativo e Anabela Cardoso (AC), directora executiva, para tomar o pulso à vitalidade de uma instituição que detém o estatuto e uma responsabilidade cultural únicas em Baião. RM: A Fundação celebrou, em agosto, 21 anos de existência. Acha que a instituição se encontra hoje onde devia estar? MGC: Na altura em que decidimos constituir a Fundação Eça de Queiroz sabíamos que a queríamos como uma instituição independente, que não dependesse de subsídios. Mas exactamente saber o que fazer com ela, isso é que não sabíamos. Tanto mais que me lembro que, quando o processo de legalização foi concluído, voltei-me para uma das minhas colegas e perguntei: E agora? RM: Obviamente que a fundação tem um objectivo específico: a preservação da obra e memória de Eça de Queiroz… MGC: Pois, mas é preciso saber como manter essa memória aberta. E acabamos por conseguir fazê-lo de várias formas. Quero dizer com isto que as coisas vão evoluindo e nós vamo-nos adaptando. RM: Que tipos de atividades promovem? AC: Desde 1997 que realizamos anualmente um Seminário Queirosiano – Curso Internacional de Verão, com o apoio do Instituto Camões e do Ministério das Ciências. Este

ano teve como tema o Realismo, que também dá mote a um colóquio internacional que vamos organizar com a Universidade de Coimbra, em novembro (10 a 13). Temos também o museu, que está aberto todo o ano, com especial destaque para a altura do verão, quando recebemos muitos turistas. Neste momento, contamos com uma média de 10.000 visitantes por ano, o que é um número considerável para um museu que está localizado longe dos grandes centros urbanos. RM: Conseguem avaliar o nível de expectativas das pessoas que visitam o museu, em particular daqueles mais entusiastas da obra de Eça de Queiroz? AC: Em termos gerais, saem daqui satisfeitos. A maioria não imagina que vai encontrar o que é na realidade, uma casa viva. Estão à espera de um museu mas acabam por se aperceber que há vida nesta casa. RM: A D. Maria da Graça recebe os visitantes… MGC: Sim, embora menos vezes, hoje em dia. Tenho sempre grandes conversas com as visitas, o que é muito agradável. AC: Aliás, há pessoas que se emocionam quando se deparam com a possibilidade de ver e tocar algumas das coisas do escritor. Em particular os brasileiros, que têm demonstrado uma maneira particular de vivenciar a experiência. Por vezes, até choram… RM: Não é uma visita como em qualquer museu… AC: De forma alguma. RM: Têm mais visitantes nacionais ou internacionais? AC: A grande maioria é nacional. Este ano notamos que temos muitos oriundos do Sul, em particular de Lisboa e do Alentejo, que penso ser um sinal do aumento da procura interna de turismo. Contudo, algo interessante se passou em agosto, quando aparecerem turistas nórdicos somente interessados em provar e comprar vinho, o que indica que um outro tipo de turismo está a aparecer na região. RM: Toda esta atividade tem os seus custos. Como é que se financia uma instituição com estas caraterísticas? AC: Para subsistir, a fundação gera receitas próprias atra-

vés de uma aposta nas vertentes do turismo rural e na produção de vinhos. Neste momento comercializamos a marca Tormes e esperamos lançar em breve o Tormes Avesso, um Espumante Fundação Eça de Queiroz e, no mercado chinês, a marca Mandarim. Por outro lado, temos duas casas de turismo rural, embora no momento só tenhamos uma delas a funcionar. A oferta é de quatro quartos e uma casa de campo que já estão reservados para todos os fins de semana, até novembro. As atividades culturais são financiadas por acordos com outras instituições como, por exemplo, no caso do Curso de Verão, onde celebramos um protocolo com o Ministério da Ciência e o Instituto Camões. Ainda temos um protocolo com a Secretaria de Estado da Cultura, que nos atribui uma verba de 25 mil euros por ano para financiar outras ações. RM: Isso é suficiente para manter a fundação ou têm outras formas de financiamento? AC: É de sublinhar que as verbas próprias não são suficientes para suportar a despesa corrente da Fundação. Nesse aspecto, a Câmara Municipal de Baião tem-nos dado um apoio muito importante. Por outro lado, já submetemos à aprovação da autarquia um processo para a implementação de um restaurante em Tormes, em parceria com a Pensão Borges, com o objetivo de criarmos uma fonte de receita permanente. RM: O financiamento de fundações pelo Estado tem sido alvo de diversas críticas. Como se posiciona a Fundação Eça de Queiroz no meio deste processo? AC: Na realidade somos uma fundação especial, de cariz privado, e portanto não nos achamos nesse pacote de fundações públicas de que se fala. O valor do subsídio que recebemos é quase irrisório comparado com o que outras instituições recebem. Estamos a falar de 25 mil euros comparados com os milhões que muitas fundações arrecadam. MGC: Nesse aspecto há algo importante a sublinhar e que distingue a Fundação Eça de Queiroz: todas as pessoas que integram os nossos órgãos sociais trabalham de uma forma não renumerada, incluindo as deslocações. Doutra forma, não chegávamos lá. Por isso, estamos perfeitamente calmos quando ouvimos dizer que outras fundações vão acabar.






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repórterdomarão

Marco de Canaveses

Loja low coast conseguiu fidelizar a clientela

Em tempo de crise, o low cost virou moda mas Orlanda Vieira, natural de Vila Boa do Bispo, em Marco de Canaveses, notou que o conceito não estava a ser devidamente explorado no comércio do vestuário. Da ideia nasceu um plano que, com a intermediação da Caerus –CLDS Projeto Oportunidade, valeu à jovem empresária a aprovação de um projeto de criação de emprego próprio na freguesia de Favões, onde opera a Low Cost, uma loja de roupas e bijutarias em que o preço do produto mais caro não chega aos 30 euros. “Posso dar-me por feliz, neste momento. Ao fim de um ano, ainda cá estou”, explicou a empresária de 36 anos de ida-

de que, apesar do sucesso do seu projeto, admite que tudo o que ganha é para investir de volta na sua loja. Atraídos principalmente pelo nome sugestivo, os clientes não tardaram a surgir, lançando desafios à imaginação e ao lado empreendedor de Orlanda Vieira que está por conta própria pela primeira vez na sua vida, após uma carreira como encarregada de linha de produção numa empresa têxtil local. Inicialmente uma loja que vendia roupa para senhoras e crianças, a Low Cost rapidamente expandiu para vestuário masculino, após a empresária ter escutado, atentamente, as sugestões de alguns dos seus clientes.

“Mesmo assim, tivemos um problema logo de início. As pessoas ligam o conceito de low cost ao produto chinês e imediatamente à baixa qualidade. Tive mesmo algumas que verificaram, e ainda hoje verificam, a nacionalidade do produto na etiqueta”, explicou, sublinhando que, na realidade, 100 por cento do produto da loja era de origem chinesa, no início da sua atividade. A lição foi aprendida e hoje em dia a empresária tem um stock com 70 por cento dos produtos de origem nacional, adquiridos diretamente a várias empresas, incluindo algumas que ainda operam no concelho, em Vila Boa de Quires, outrora um dos grandes polos de produção têxtil da região. Para fidelizar a sua clientela, a empresa começou recentemente a tirar vantagem das redes sociais e do SMS como uma forma de marketing e onde tem registado sucesso. “É importante manter os custos de operação o mais low cost possível, e o Facebook, por exemplo, tem-se revelado uma ferramenta importante de publicidade. A receção tem sido muito boa, as pessoas publicam comentários e pedem novidades”, explicou Orlanda Vieira. Apesar da nova experiência como empresária, diz que o “bichinho” da máquina de costura ainda lhe continua no sangue, adquirido ao longo de quase 25 anos a trabalhar na indústria têxtil. É por isso que numa pequena divisão da loja ainda mantém um daqueles aparelhos, para o ajuste de peças a pedido dos clientes e como fonte de receita adicional. Contudo, é ali que nota uma nova tendência este ano, em que o“antigo”está de volta:“É bem possível que seja um efeito da crise mas cada vez vejo mais pessoas a trazer cá roupa que não vestem há anos. Pedem que lhes faça um arranjo aqui e acolá, para lhes poder durar mais algum tempo”, concluiu. Paulo Alexandre Teixeira



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Cidade mais acessível vai custar 10 milhões

Revolução urbana em Penafiel A cidade de Penafiel vai sofrer uma revolução urbanística nos próximos anos, beneficiando dos investimentos previstos no plano de regeneração urbana, avaliado em cerca de 10 milhões de euros. Para Alberto Santos, presidente da câmara municipal, este programa vem trazer "nova vida ao centro histórico". A requalificação das principais praças e ruas decorrerá nos próximos dois anos, mas algumas intervenções já arrancaram, nomeadamente a da zona envolvente ao centro de saúde e à escola António Ferreira Gomes. O autarca garante que este projeto manterá a identidade cultural e social de uma cidade com mais de 240 anos. "O que vamos fazer no centro é histórico", afirmou o autarca, um conceito que dá nome ao programa. "Queremos uma cidade mais inclusiva e amiga das pessoas", defendeu. A regeneração urbana vai requalificar uma área superior a 90 mil metros quadrados e está enquadrada por 12 projetos urbanísticos. Consiste sobretudo na requalificação

de espaços públicos de várias ruas e melhora a circulação pedonal. Dá prioridade aos espaços verdes e cria novas zonas de lazer. São criadas quase três dezenas de novas passadeiras para peões e os passeios serão alargados, intervenções que visam ajudar pessoas com mobilidade reduzida. O programa de regeneração urbana prevê ainda a instalação de um fórum sociocultural. Este plano é "a menina dos olhos" da vereadora da Mobilidade, Paula Teles, especialista neste setor com créditos firmados a nível nacional. Na apresentação, a vereadora insistiu na tónica "do encontro na cidade" e para isso insistiu que os centros urbanos têm de criar as condições e serem atrativos. "As novas tecnologias não susbstituem o encontro na cidade", enfatizou. Recentemente, a técnica defendeu que "o peão tem de voltar a ser a peça mais importante de uma cidade". Paula Teles insiste que as pessoas “têm de aprender a andar a pé e estiveram décadas a aprender a não andar a pé. Tudo era feito e desenhado para ninguém andar a pé”.

Workshop sobre paisagens milenares em Tongobriga No âmbito da Rede Regional de Paisagens Milenares, cerca de 40 professores, técnicos e alunos de arquitetura das universidades de Roma, Valladolid e Porto participam até 16 de outubro num debate sobre "a importância duma intervenção estratégica no setor do património construído da Paisagem Cultural do Douro Verde". O workshop vai decorrer no centro operativo de Tongobriga (Estação Arqueológica do Freixo). Segundo a organização, este primeiro encontro visa "promover um debate contemporâneo e plural sobre a paisagem cultural ocidental a partir de uma perspetiva integradora, partilhar experiências ao nível internacional, relativamente a intervenção em conjuntos arqueológicos, produzir soluções verosímeis sobre o conjunto arqueológico de Tongobriga e realizar uma aproximação projetual à visão, compreensão e interpretação dos vestígios arqueológicos no seu contexto cultural, social e paisagístico". A sessão de apresentação e debate das propostas terá lugar a 15 de outubro.

Escritaria celebra Mia Couto

O escritor moçambicano Mia Couto é o autor homenageado este ano no festival literário Escritaria, um evento organizado pela quarta vez. A 15 e 16 de outubro, em Penafiel. Segundo revelou a organização – a Câmara de Penafiel, em colaboração com as Edições Cão Menor – o festival literário incluirá conferências com vários convidados ligados a Mia Couto e à literatura lusófona. Nos dois dias do Escritaria 2011 são esperados, além do homenageado, o escritor angolano José Eduardo Agualusa, o músico João Afonso, o artista plástico Roberto Chichorro e ainda António Loja Neves (jornalista) e José Rui Martins (diretor artístico). A organização anunciou que também convidou para o evento os embaixadores de países lusófonos e personalidades ligadas à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Nas três edições anteriores, o Escritaria homenageou Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago e Agustina Bessa-Luís. Durante o evento, a população da cidade toma contacto com a vida e obra do escritor, sendo distribuído material promocional sobre a obra de Mia Couto nas ruas, fachadas dos edifícios e montras das lojas.

Rita Redshoes apresenta em Fafe novo trabalho Lights & Darks O Teatro-Cinema de Fafe apresenta a 08 de outubro, pelas 21H30, um concerto de Rita Redshoes, no qual apresentará o novo trabalho Lights & Darks. É mais um espetáculo no âmbito do ciclo de concertos íntimos que já trouxe à cidade grandes nomes da música portuguesa. Conhecida no início da sua carreira pelos sapatos vermelhos, Rita Redshoes surpreendeu em 2008

com temas como "Dream On Girl", "The Beginning Song" ou "Choose Love". Neste segundo álbum de originais, são apresentados 14 temas e, segundo a crítica, Rita é hoje considerada uma artista "mais madura, desprendida e direta nas suas canções". “Captain Of My Soul”, “Bad Lila” ou “You Should Go”, entre outros temas, fazem parte do concerto que a cantora está a apresentar na digressão nacional.

Hospital da Régua pode encerrar O Ministério da Saúde pretende encerrar o hospital D. Luís I, na Régua, no âmbito da abertura do hospital de Lamego, prevista para o início de 2012, mas a Câmara da Régua continua determinada em travar este processo. A autarquia argumenta que há informações contraditórias dentro do ministério. "Esta situação [o eventual encerramento] configura um gravíssimo prejuízo para a população da

Régua, que jamais iremos permitir, assim como configura uma total falta de verdade e de palavra nos compromissos que foram assumidos pelos responsáveis do ministério da Saúde", refere um comunicado da autarquia duriense. O executivo municipal solicitou com carácter de urgência uma audiência ao primeiro-ministro, "no sentido de ver reposto o compromisso anteriormente assumido".

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repórterdomarão

Onde encontrar o Repórter do Marão PAREDES – Continente Modelo | Intermarché | Casa do Benfica | JCA | Câmara Municipal | Nosso Café | Bombeiros | Paredes Hotel Apartamento | JAP Renault | Mitsubishi - Mouriz | Galp (centro) | Hospital da Misericórdia | Lusodiesel | CTI Tractores | MCoutinho (Seat,Ford,Peugeot) | Esc. Secundária | Esc. Básica 2/3 | Pastelaria Cakes | Casa da Cultura | Padaria/Pastelaria Princezinha PENAFIEL – Pingo Doce | AKI | Intermarché | Hospital do Tâmega e Sousa | Câmara Municipal | Café Alvorada | Café Imperial | Mcdonalds | Café "O cantinho" | Pastelaria Nova Doce | Pastelaria Aliança | Pastelaria Aromas de Cafe - Sameiro (junto EB) | Pena Hotel | Real Francesinhas | Bracalândia | Esc. EB 2,3 - A. Ferreira Gomes | Esc. Secundária (Sameiro) | Esc. EB 2/3 Penafiel Sul | Esc. Secundária (Guilhufe) | Estação CP | Clinica Med. Arrifana de Sousa | Cafe Palla | Staples | PENAFIEL SUL: EcomarchéTermas de SãoVicente Penafiel | Hotel eTermas de S. Vicente | Inatel Entre-os-Rios | Restaurante Al-margem | Bombeiros | Restaurante Ponte da Pedra PAÇOS DE FERREIRA – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Câmara Municipal | Clínica Radelfe | Biblioteca | Esc. Secundária | Grupo Martins | FERRARA PLAZA: Continente Modelo | Lojas JCA+Freamunde | Loja IZI LOUSADA – Pingo Doce | Continente Modelo | Intermarché | Piscinas Municipais | Esc. Preparatória | Esc. Secundária | Bombeiros | Espaço Artes | Câmara Municipal | Confeitaria Cascata Rosa | Confeitaria Central | Café Paládio FELGUEIRAS – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Esc. SupTec. e Gestão | Central Camionagem | Hotel Horus | ISCE | Biblioteca | Galp | McDonalds; LIXA: Continente Modelo | Esc. Secundária | Esc. C+S | Staples | Bombeiros FAFE – Pingo Doce (Rotunda A7 e Montelongo) | Galp | Intermarché | Euronics | Continente Modelo | E.Leclerc | Hotel Confort Inn | Esc. EB 2,3 | Esc. Secundária | Central de Camionagem | Bombeiros | Hospital | Bar da Praça | Arcadia Café | Posto de Turismo | Sãozinha Café | Câmara Municipal | Esc. EB 2,3 - Montelongo | Biblioteca | Teatro Municipal | Pavilhão Desportivo Municipal | JAP Renualt | Posto BP (Saída Guimarães) | FafeDiesel AMARANTE – Pingo Doce | Intermarché | Continente Modelo | Câmara Municipal | Quiosque da Alameda | Café Bar | Museu Amadeo de Souza Cardozo | Hotel Casa da Calçada | Confeitaria da Ponte | José Rodrigues - Dentista | Esplanada Tílias | Casa da Juventude | Clínica e Café Cristal Center | Café da Manhã | Bombeiros | Momel (Loja Cepelos, Sede e Ponte Pego) | Loja Informática Microtâmega | Estação Rodoviária | Petrofregim | Papelaria Lena | Livraria Moruscla | Café Conde | Centro Pastoral | Galp | Biblioteca | FVform - Formação Profissional | Café/Restaurante Príncipe | Café Conselheiro | Café Pardal (R. 5 Outubro) | Hosp. São Gonçalo | Café Grão Real | Café Seara | JAP Renault | Casa das Artes | Café Campo da Feira | Salão de chá Butterfly | Esc. Prof António Lago Cerqueira | Pastelaria "O Moinho" | Esc. Secundária | Esc. EB 2,3 | Esc. EB 2,3 de Telões | Colégio de São Gonçalo | Esc. Básica da Sede | Papelaria Jorge Pinheiro (junto Biblioteca) | Chaimite (St. Luzia) | Alvescar (Opel) | RicK & Mark | Pastelaria Sonhos do Tâmega | Posto Combustivel Pinheiro Manso (Ponte Pego) MARCO DE CANAVESES – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Hosp. Rainha Santa Isabel | Câmara Municipal | Assoc. Empresarial | Dolmen | Barbearia Correira | Café ETC | Esplanada Da Vinci | Biblioteca | Café Woodrock | Bombeiros | Esc. Secundaria | Esc. EB 2/3 | JAP Renault | Pastelaria Café Copacabana | MCoutinho - Sede | Restaurante Momentos | Santana | Standarte | Mitsubishi (Stand) | Repsol | Pastelaria Café Copacabana (R. Amália Rodrigues) | Publigraf | Padaria Marcoense | Restaurante Tanoeiro | Hemauto | Estação CP | MARCO SUL: Escola Profissional de Agricultura Rosém | VILA BOA DO BISPO: Café Nascer do Sol | Bombeiros | Padarias Reunidas | Padaria A. Moreira | Café Entroncamento | ALPENDURADA: Café Desportivo | Padarias Reunidas | Café Avenida | Café Caçador | Ecomarché | MiniPreço BAIÃO – MiniPreço | Intermarché | Câmara Municipal | Bombeiros | Dolmen - Loja | Esc. Secundária | Pensão Borges | Gelataria Carioca | Café Gomes | Café Camões | Canastra Doce (1,2,3) | Café Snack Bar Fonte Nova | Café Ponto de Encontro | STA. M. ZÊZERE: Canastra Doce (1,2) | Galp | Bombeiros CASTELO DE PAIVA – Intermarché | Supermercado Douro | Câmara Municipal | Centro de Saúde | Bombeiros | Hotel S. Pedro | Esc. EB 2,3 | Esc. Secundária CINFÃES – Intermarche | MiniPreço | Câmara Municipal | Museu Serpa Pinto | Restaurante Papilom | Churrasqueira Varanda | Salão de Chá Tentação | Café Central | Café Snack Bar Kibom | Bombeiros | Café Palhinhas RESENDE – MiniPreço | Supermercado Matias | Confeitaria Rabelo | Café Churrasqueira“O Imigrante”| Pastelaria Cavacas | Bombeiros | Restaurante Cafe (Junto MiniPreço) | Esc. EB 2/3 | Esc. Secundária | CALDAS DE ARÊGOS: Caldas Bar | Café Esplanada (junto Correios) | Douro Park Hotel MESÃO FRIO – Supermercado (R.Cerdeiras) | Supermercado Queirós | Câmara Municipal | Bombeiros | Santa Casa Misericordia | Café Avenida | Salão de Chá Neto do Fadinho | Cafe Art | Café Snack Bar Rio Mira | Esc. EB 2,3 PESO DA RÉGUA – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Estação CP | Hotel Régua Douro | Biblioteca | Posto de Turismo | Museu do Douro | Pastelaria Sírios | Café Snack Bar“O Barquinho”| Esc. Sec. Dr. João de Araújo Correia | Esc. EB 2,3 | Esc. Prof. Rodo LAMEGO – Pingo Doce | Central de Camionagem | Hotel | Postos Galp (R. Infantaria e Lg.Desterro) | Hospital | Bombeiros | Pastelaria da Sé | Casa de Chá | Pastelaria Sª Remédios | Pastelaria Solar Chá Espirito Santo | Café Esplanada Parque VILA REAL – Continente | Jumbo | Intermarché | Pingo Doce (junto PSP e N. Sª Conceição) | Rodonorte | McDonalds | UTAD (Biblioteca e Centro de Cópias) | Centro Hospitalar | Pastelarias Gomes (centro e junto RTP) | Pastelaria Nova Pompeia (1,2) | Padaria Confeitaria Serrana | Posto de Turismo | Hotel Miracorgo | Biblioteca | Galp | Teatro | Café-Concerto | Dolce Vita: Balcão de Informação, Posto de Turismo e Rádio Popular | MCoutinho (Peugeot e Mercedes) | Zona Industrial: Renault, Nissan, Ford e Corgobus VILA POUCA DE AGUIAR – Intermarché | Albergaria da Pena CHAVES – Pingo Doce | Continente Modelo | McDonalds | PostoTurismo | Hotel Casino Solverde | Hotel Forte S. Francisco | Hotel Aquae Flavie |Termas | Hospital BRAGANÇA – Continente Modelo | Intermarché | Pingo Doce | Café da Estação | Mercado Municipal | Hospital | CESPU | Politécnico de Bragança (IPB) | Café Chave D'Ouro | Café Flórida | Livraria Rosa d’Ouro | Restaurante Manel | Confeitaria Domus | Biblioteca | Centro de Arte Graça Morais | Pastelaria Apolo 71 | Hotel Ibis | Hotel Turismo São Lázaro | Pousada S. Bartolomeu | MCoutinho (Mercedes/Audi, Fiat, Ford, Ocasião, BMW) MIRANDELA – Intermarché | Pingo Doce | Hotel D. Dinis | Hospital MACEDO DE CAVALEIROS – Intermarché | Piscinas Municipais | Centro Cultural | Instituto Piaget | Biblioteca | Câmara Municipal | Hospital


18 outubro '11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

opinião

Os primeiros 100 dias para mudar Portugal Cenários de guro e confiante que, com o passar do tempo, vai granjeOs primeiros 100 dias de trabalho produzido pelo Goando um inegável e crescente apoio e compreensão dos verno de Pedro Passos Coelho foram até agora cumpridos cidadãos para as duras medidas que urgem no intuito de rigorosamente em torno dos calendários e das medidas garantir a consolidação orçamental. previstas no Programa de Assistência Económica e FinanPedro Passos Coelho nunca prometeu facilidades, disse ceira estabelecido entre o Estado Português, a Europa e o a verdade aos Portugueses desde o primeiro FMI, para a ajuda de que o nosso País carecia. dia: emagrecer o Estado, privatizar empresas, Este cumprimento foi fundamental para cocumprir as metas do défice, tomar medidas meçar a readquirir a credibilidade internacional, muito difíceis, muitos sacrifícios. que estava de rastos, e para começar com um As pessoas aceitaram estas premissas com conjunto de reformas estruturais para o País. duas condições: primeiro que o Estado dê o Essas reformas, mais do que ajudarem ou exemplo; segundo que sejam medidas e sacripermitirem resolver os problemas financeiros, fícios distribuídos com equidade. são essencialmente importantes enquanto diTodos queremos acreditar de novo em Pornamizadoras do crescimento económico e na tugal, pois todos sabemos que a única maneicriação de emprego. ra de sair da crise passa por gastar menos, por Não esquecemos que Portugal foi salvo in Mário Magalhães mudar de vida no Estado, nas empresas e nas extremis permitindo garantir o pagamento Deputado PSD famílias. dos salários da função pública e evitar a declaO Governo ganhou a batalha da confiança e da cidadaração de bancarrota do País. nia. Não enjeitou a responsabilidade de tomar medidas de É necessário ter presente, ainda assim, que Portugal não que Portugal precisa há décadas e propõe fazer o maior deixou de estar numa situação de emergência depois do corte na despesa dos últimos 40 anos já no próximo orçaempréstimo de 78 mil milhões de Euros para os próximos mento de Estado, sempre sem esquecer os mais desprotetrês anos, pelo que, todas as medidas de austeridade já togidos e os mais frágeis. madas ou anunciadas são absolutamente necessárias. Estes últimos, refira-se, são aqueles que mais podem É muito provável que, ainda hoje, muitos portugueses sentir o ajustamento do Estado e da economia e, também não tenham consciência da verdadeira dimensão do desasneste capítulo, o Governo esteve bem ao criar mecanismos tre financeiro em que as políticas erradas dos últimos seis extraordinários de apoio, como é o exemplo do Plano de anos lançaram o País. Emergência Social a ser apresentado pelo Sr. Secretário de Portugal passou estes cem dias de Governo numa situaEstado da Solidariedade e Segurança Social, Dr. Marco Anção de emergência. Para sair dela terá de ser feito um esfortónio Costa, já no próximo dia 22, em Penafiel. ço colossal, ainda maior do que aquele que se esperava anDe realçar que, tal como na restante governação, nesta tes das eleições. Portugal não pode falhar. área de intervenção as medidas serão pautadas pelo rigor, A coragem e a determinação têm sido armas imporjustiça e sentido de responsabilidade. tantes de um Governo que, desde o início do seu mandaEste foi o timbre dos primeiros 100 dias de governação to, implementou o maior número de medidas Reformistas e será, porventura, o compasso dos próximos anos, assim de sempre. queiram os portugueses! Os Portugueses assistiram a um primeiro-ministro se-

Transigir |

“Vamos transigindo e, mal se espera, estamos a pagá-las...”

Quando escrevo assalta-me sempre a ideia de que o que estou a dizer pode não ser verdade pois, mesmo na letra impressa a que o jornal dá vida assertiva, há não só quem pense o contrário, quem duvide que assim seja, e até mesmo quem afirme poder provar que é um erro. Digo isto porque, ao ler a generalidade da Comunicação Social, vejo desaparecer os jornalistas para encontrar os cronistas. E de tal modo, uns e outros, normalmente com fontes e citações de cátedra, fazem-no como se fossem verdadeiros oráculos de Delfos. Não raro também destilando evidentes ódios de estimação. Não há qualquer mácula ou dúvida, pois já o viram escrito por alguém que, só por ser ali citado, ganha ares de decreto, foros de assento de cartório, mandamento de catecismo ou bula papal. Como não pretendo ser o detentor da verdade, mas apenas explanar o que sinto ou raciocino, não espero por isso qualquer reacção ou desmentido, embora por vezes não desdenhasse, ou até o desejasse. Tal aconteceu com a hipótese de recurso às instâncias comunitárias sobre o uso indevido do IP4, de Vila Real a Bragança, para construir a pagável A4. Ainda o admiti pensando numa associação que há muitos anos perora sobre o itinerário quando há acidentes, mas tal não aconteceu. Possivelmente porque só terá “âmbito de acção”de Vila Real para baixo. Não acredito que seja para poupar o Governo, pois este assunto antecede-o, embora com tal passasse a dizer-lhe respeito e a ter de responder. Também a nova paragem anunciada, de mais 60 dias, no Túnel do Marão (até quando?), não mereceu nada de ninguém, para além do lamento dos sindicatos e dos sub-empreiteiros com prejuízos às costas. A Água do Marão em providência e agora o dinheiro em abstinência tal impõem. Resta rogar ao Senhor da Serra, orago dos solstícios, para que dê um novo alvorecer à obra e acabem o buraco que lhe passa por baixo. Ah!... se o túnel fosse em Lisboa... Mas se isto nos afecta a nós, embora outros que por cá venham arrostem com as maleitas, o “transigir” que hoje recordo, como pecha nacional, explica muito (ou quase tudo) do que se passa na cena nacional - também na Europeia e até Mundial - pelo mesmo motivo, e com os mesmos pagantes.. O que quero dizer com isto? Quando há um qualquer problema, e se lhe cola um culpado ou suspeito, ando para trás na memória e não consigo encontrar-lhe o selo de “acto único”. Em geral todos se carimbam em reincidência pois, mesmo não sendo acto ou omissão idênticos, são-no no uso e abuso da marginalidade. Começando numa caixa de marisco até chegar a desvios ou fraudes de milhões que mal consigo imaginar ou ter noção exacta do que tal representa, procuro o histórico dos protagonistas e lá vou en[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]

contrar, ciclicamente, igual candura de procedimento, com a sempre eterna consciência tranquila. Não lhes falta a defesa dos mais elevados padrões fiduciários do direito, que mais tarde acabam por ressarcir, a proclamação de engano ou perseguição retaliatória, e os silêncios escudados no segredo de Justiça que os tablóides, e não só, logo acedem e proclamam em caixa alta, sejam verdade ou mentira, suposição ou “fonte segura”. Bem diz o Povo: «cesteiro que faz um cesto faz um cento...» E quando num assomo verborreico algum dos acossados não vê outra escapatória, lança sobre outros outras suspeitas de outras coisas. Sabe que o tiro é certeiro e que os alvos evidentes, que poderão estar acima deles ou ao lado, tudo farão para que se mude a pontaria ou que um diáfano manto se abata para o enredar no olvido. Não foi assim com a “ameaça” de Jardim separando o proveito da Madeira do proveito próprio de alguns“mouros”, ameaçando vasculhar os esconsos cantos onde se escondem ou meteram o pecúlio? E não foi a questão da dívida e dos perdões pós-independência colonial, esta apenas uma nova nuance para entreter e mudar a bitola. Até a promessa de clarificação pré-eleitoral do“buraco”foi logo sonegada. Como as fases da lua, embora com ciclos mais largos, aparecem e desaparecem numa ultrapassagem e negação do princípio de Peter. Vivendo numa sombra que lhes tapa as mazelas e ignorância, num seguidismo e fidelidade canina, lá se vão alcandorando aos mais elevados níveis de poder e decisão. Se antes foram cabos, sem sequer provarem saber comandar uma secção, logo se promovem a comandar companhia, para Armando Miro num ápice chegarem ao comando do re- Jornalista gimento e às estrelas do generalato. É este “transigir” com a mão metida na malga da marmelada que leva à impunidade e à consciência de que se pode fazer porque outros o fizeram de igual modo, vencendo etapas intermédias de fananços e soneganços para atingir a taluda. Bem sei que se diz que o Povo é que escolhe. Mas, além de muitas vezes alimentar a esperança de um dia também ter uma malga onde chafurdar, que decisão pode ter quando está farto de ouvir proclamar uma coisa sendo outra bem ao contrário a que se faz? Por fim, mais parecendo a “bomba atómica” pelo que os “media” destacaram parecendo encontrada a ”Solução”, não consigo alcançar a necessidade e o efeito da convocatória do Conselho de Estado. Se já desde 95 o PR diz ter avisado com o“colossal”sem o ouvirem - várias vezes em discursos e «textos» - e antes acenou com o“monstro”também com orelhas moucas, o que poderão agora dizer/fazer os conselheiros?

Envelhecimento Cláudia Moura

DOENÇA DE ALZHEIMER: Cuidados a ter com o Doente Doença que começa por atingir a memória e, progressivamente, as outras funções mentais, acabando por determinar a completa ausência de autonomia dos doentes. DEIXO-VOS A PENSAR … Com sintomas que vão desde a perda de memória, perturbações de sono, confusão, agitação, incapacidade de comunicar, incontinência, depressão, comportamentos agressivos e perigosos, há vários cuidados a ter em conta quando se lida diariamente com um doente com Alzheimer. A maior parte dos doentes com Alzheimer passa a viver no passado, por norma, a memória de longa duração não é afectada, salvo já em fases adiantadas da doença, o que significa que o passado do doente passa a ser o seu presente, sendo que os eventos recentes são simplesmente esquecidos. Será mais fácil, para todos, adaptarse ao doente e não ao contrário, ou seja, fazer um esforço para viver a realidade actual da pessoa, mesmo que seja uma época da sua vida de há 20 anos atrás. Pelo menos assim há a possibilidade de recordar e conversar, aproveitando o facto de o doente continuar atento e comunicativo. Pois, a Doença de Alzheimer provoca um grande impacto na esfera familiar, uma vez que é uma doença progressiva. Os cuidados à pessoa com esta patologia reflecte na saúde da família, das relações familiares, sociais e laborais, deteriorando a qualidade de vida de toda a família. Daí que tanto se insista na necessidade de contrapor a falta de apoio aos familiares, na adaptação à doença de Alzheimer. Afinal, o número de idosos doentes com Alzheimer em casa entregues à família e sem cuidados especializados é significativo. Uma sobrecarga que quem tem de cuidar deles suporta com enormes dificuldades económicas, psicológicas e operacionais. Ora o impacto do diagnóstico quer no doente, quer na família e núcleo de relações sociais é enorme e varia em função das características da doença e dos diferentes estádios que começo por identificar. Contudo é de salientar que as pessoas com a doença de Alzheimer não sofrem os mesmos sintomas pela mesma ordem, ou com o mesmo grau de gravidade. Existe com certeza um padrão geral de evolução da doença, que permite descrever os três principais estádios: o primeiro estádio habitualmente caracteriza-se por problemas moderados de memória, tais como o esquecimento de nomes e números de telefone, que por vezes, dada a natureza subtil destes acontecimentos, são ignorados os sintomas. Já no segundo estádio, a gravidade dos sintomas leva, geralmente, os doentes a abandonar o emprego e a deixar de conduzir, tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros. E por fim, no terceiro estádio, pode dizer-se que o doente sofre de demência grave. Uma vez, que as funções cognitivas desaparecem quase por completo, perdendo a capacidade de entender ou utilizar a linguagem, passando a repetir os finais das frases, sem compreender o significado das palavras. É de recordar que apesar da gravidade dos sintomas neste estádio, os doentes ainda costumam responder bem ao toque e às vozes suaves dos familiares. Perante tal situação não existe um padrão típico de actuação, existe sim a urgência em criar campos de conhecimento e intervenção ao nível da comunidade, incidindo na necessidade de sensibilizar e informar a população para a doença de Alzheimer. Como? Desenvolvendo e organizando sessões de informação. Afinal, entender a Doença de Alzheimer é perceber que esta é um fenómeno multidimensional. Desta forma, estamos a prevenir e a combater possíveis problemas sociais que poderão emergir nas próximas décadas com o envelhecimento demográfico. claudiamoura@portugalmail.pt  Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.



DOURO VERDE TEM OFERTA VARIADA MARCO | Casa de Gondomil Unidade de alojamento constituída pelas casas de Gondomil e Vila Cete, nas margens do Douro, em Alpendurada, Marco de Canaveses. Gondomil, a funcionar desde 2006, é constituída por 2 quartos – 1 quarto de casal e 1 quarto duplo. Está integrada numa propriedade agrícola e tem ancoradouro privativo. A Casa de Vila Cete, a funcio-

nar desde 2009, é constituída por 1 quarto de casal e 1 quarto duplo. Os preços do alojamento por cada noite variam entre 100,00 e 150,00, consoante a época do ano.

Telefone: 919 230 606 www.casadegondomil.pt Outros alojamentos no concelho:

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Ribeira, Sobretâmega, t. 255 536 032; Solar de Carvalhosa, Carvalhosa, t. 255 739 694; Casa de Telhe, Soalhães, t. 255 511 481; Quinta de S. Romão, Paredes de Viadores, t. 917219631; Quinta do Impossível, Penlonga, t. 255 521 004; Casa da Quintã, Folhada, t. 255 423 299; Quinta dos Agros, Sande, t. 255 589 249; Quinta da Varzea de Cima, Taboado, t. 255 535 351.

RESENDE | Quinta da Porta Caseira onde é possível praticar ténis, futebol de cinco, basquetebol, badminton, etc.. O alojamento é constituído por 8 quartos duplos, todos equipados com casa de banho privativa, aquecimento central e TV satélite. Estadias mínimas de duas noites. Preços a partir de 70,00 (casal).

Telefone: 254 878 278 www.portacaseira.com Localizado em Mirão, o alojamento Quinta da Porta Caseira está situado a 800 metros da vila de Resende, a capital da Cereja. Excelente envolvimento paisagístico marcado pelo percurso do rio Douro e pela encosta do Montemuro. São duas casas que dispõem cada uma de 4 quartos, e que distam 50 metros entre si. São servidas por uma piscina, um balneário e um espaço multiusos

Outros alojamentos no concelho: Casa do Fundo da Aldeia, Quinta da Graça, Anreade, t. 254 875 290; Quinta do Carujeiro, Caldas de Aregos, t. 254 875 214; Quinta de Casal do Mato, Cimo de Resende, t. 254 871 693; Casa do Casal de Rendufe, Rendufe, t. 254 877 723; Casa do Souto, Anreade, t. 254 875 591.

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A Quinta de Ventozela foi construída em meados do século XVII, sobre o vale do Douro. Está situada a poucos quilómetros de Cinfães, vila onde os hóspedes poderão aceder facilmente a bens e serviços de primeira necessidade (farmácia, hospital, correios, etc.). Constituída por três casas – a Casa Principal, a Casa da Eira e a Casa do Jardim – conta ainda com uma Capela (datada de 1635), lagares, tanque, horta, uma fonte com água pura e piscina. Esta unidade de alojamento dispõe de vários espaços de lazer, onde a privacidade e o bem-estar são valores predominantes. CASA PRINCIPAL: Constituída por 3 quartos duplos e um twin. CASA DA EIRA: Com 2 quartos (um de casal e um “twin”). CASA DO JARDIM: Com 2 quartos. Alojamentos equipados e com ar condicionado.

Telefone: 255 562 342 www.quintadaventozela.com

Outros alojamentos no concelho: Casa de Rebolfe, Porto Antigo, t. 255 562 334; Solar de Miragaia, Travanca, t. 255 688 214; Casa de Montemuro, Travassos de Baixo, t. 255 561 824; Casa Altamira, Espadanedo, t. 255 620 020; Casa da Geada, Ferreiros de Tendais, t. 255 571 713; Quinta da Póvoa, Santiago de Piães, t. 962 993 857; Casa do Lódão, Boassas, t. 963 041 628; Quinta da Figueirinha, Espadanedo, t. 963 053 699; Quinta da Loginha, Espadanedo, t. 227 445 253; Casa do Moleiro, Aldeia de Pelisqueira (Bestança), t. 934 295 085.


Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

DE ALOJAMENTO NO ESPAÇO RURAL AMARANTE | Quinta de Ribas Complexo de turismo no espaço rural, formado por diversos quartos e algumas casas tipicamente rurais. A propriedade tem três hectares e foi restaurada no ano 2000. Situada em Vila Chã do Marão, a poucos quilómetros de Amarante. Dispõe de suites e casas independentes, todas equipadas – "La Clef des Champs", "Les Oliviers", "A Casinha" e "La Roseraie", com capacidade até 10 pessoas. A Quinta de Ribas tem ambiente familiar – o empreendimento é gerido por um casal com origens francesas – e uma cozinha típica. A unidade propõe o fornecimento de refeições, se solicitadas pelos hóspedes. O empreendimento dispõe também de alguns equipamentos de lazer, nomeadamente piscina e court de ténis. A Quinta de Ribas tem programas de alojamento de 7 noites a partir de 320,00, variando consoante o número de pessoas e a época do ano.

Telefone: 255 422 113 http://perso.wanadoo.fr/quintaderibas/

Outros alojamentos no concelho: Casal de Aboadela, Aboadela, t. 255 441 141; Casa da Levada, Travanca do Monte, Bustelo, t. 255 433 833; Casa de Infesta, S. Simão de Gouveia, t. 255 423 282; Casa do Carvalhal, Jazente, t. 255 422 622.

BAIÃO | O Aconchego das Raízes Empreendimento turístico em espaço rural junto à vila de Baião. Num ambiente de conforto e sossego, em comunhão com a Natureza e a serra, os hóspedes podem desfrutar de um descanso retemperador. Está localizado em Freixieiro, a 1,5 km do centro da vila e a 40 minutos do Porto. Segundo a informação da casa, a denominação “radica no facto primordial de a preservação deste património familiar poder ser fruído num ambiente calmo e acolhedor (o aconchego) como ele foi ao longo de três ge-

BAIÃO | Quintas das Quintãs

rações (das raízes)”. Total de 6 quartos. Preço médio do alojamento, com pequeno almoço: 50,00. Serve refeições a pedido dos hóspedes.

Telefone: 915 107 317 www.oaconchegodasraizes.com

Outros alojamentos no concelho: Quinta da Ermida, Sta. Marinha do Zêzere, t. 254 881 588; Quinta de Guimarães, Sta. Marinha do Zêzere, t. 254 882 106; O Casarão, Sta. Marinha do Zêzere t. 254 882 177; Quinta do Ervedal, Sta. Marinha do Zêzere, t. 254 882 468; Quinta de Marnotos, Gestaçô, t. 935 525 886; Casas de Pousadouro, Venda das Caldas, Santa Cruz do Douro, t. 913 453 541; Casa do Silvério, Tormes, Santa Cruz do Douro, t. 254 882 120; Casa das Feitorias, Tresouras, t. 918 256 347; Casa de Cochêca, Mesquinhata, t. 255 551 174; Casa da Torre, Ribadouro, t. 255 551 232; Casa da Lavandeira, Ancede, t. 255 551 728.

A Casa das Quintãs está inserida na zona ribeirinha de Baião, sendo dotada de uma riqueza natural e paisagística única, junto ao Douro. Às portas da Rota do Vinho do Porto, é um local de eleição para quem pretenda desfrutar da tranquilidade do campo, da convivência com a natureza e o meio rural, proporcionando também a possibilidade de visita a diversos monumentos e pontos de interesse cultural. Alojamento: 5 quartos, 1 apartamento T2 e 2 apartamentos T1. Preços: diárias desde 65,00.

Telefone: 254 882 269

www.quintadasquintas.com

Textos e imagens editados com base na informação promocional das unidades turísticas aqui apresentadas


22 outubro '11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

crónica & artes

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

A.M.PIRES CABRAL

INVENTOS – PRECISAM-SE Leio nos jornais que há cada vez mais cientistas portugueses a integrar e mesmo a liderar equipas internacionais, e que a eles se têm devido avanços científicos e tecnológicos notáveis. Parece que há sobretudo uma geração de jovens crânios que tem dado sota e às nos mais diversos campos. E estas notícias são, juro, a única coisa que ainda me dá alguma satisfação e mantêm acesa uma centelhazinha de orgulho pátrio na calamitosa e acabrunhante situação a que chegámos. Nem tudo é lixo neste país que cada vez se assemelha mais… a uma lixeira. Aproveitando esta maré alta de criatividade, gostava de endereçar daqui, da minha modesta gávea, um desafio aos nossos cientistas para que procurem conceber e desenvolver uns quantos inventos que nos estão a fazer falta como o pão para a boca. Hoje refiro dois deles. Se tiver oportunidade, mais tarde referirei mais alguns. Um desses inventos diz respeito ao insultão da Madeira. (O computador sublinha-me a palavra ‘insultão’, como a avisar-me de que não consta dos dicionários. Pois se não consta, que passe a constar. Escrevi-a em plena consciência de que estava a cunhar um neologismo, direito que me assiste pelo menos tanto como o de ser esbulhado de metade do subsídio de Natal e do mais que adiante se verá — justamente muito graças aos desvarios da criatura. E já agora explico-o. ‘Insultão’ não é, como podia parecer, o oposto de ‘sultão’, porque o sujeito em causa mantém todas as mordomias e ares de sultão refastelado nas almofadas do poder. ‘Insultão’ é antes um híbrido de ‘sultão’ e ‘insultar’, uma vez que este segundo elemento constitui a ocupação favorita de Sua Insolência, à qual se entrega com afinco e voluptuosidade. Está pois explicado o neologismo ‘insultão’.) Pois o invento que se requer é qualquer coisa como um conversor,

um aparelhómetro que comute em música os destemperos do insultão. Cantatas de Bach, fados de Camané ou mesmo (que ele há gente para tudo) ordinarices de Quim Barreiros, conforme os gostos de cada qual. Estão a ver o que isso representaria, em termos de sanidade mental? O insultão insultava, o tonitruão (outro neologismo que aqui deixo, com tanta ou mais propriedade que o outro) tonitruava, e as suas baboseiras chegavam até nós transmudadas em notas de música. Então bem podíamos dizer com total propriedade (e não com desencantada e ácida ironia) que a criatura nos estava a dar música. Ficávamos assim imunes ao permanente ataque ao bom gosto e ao bom senso que é ver e ouvir aquele fulano, que confunde as suas plateias ululantes de incondicionais (que o aplaudirão até ao delírio mesmo que ele os esteja a mandar àquela parte) com gente cordata e capaz de distinguir um charlatão dum político decente. Outro invento urgente é um ansiolítico para mercados, uma espécie de Xanax ou Victan, que contivesse os mercados dentro dum comportamento decente e os não deixasse enervar-se ou impacientarse por tudo e por nada. A Sr.ª Angela Merkel espirrou? Tossiu? Os mercados enervam-se e sobem os juros. O Sr. Sarkozy engasgou-se? Arrotou? Os mercados enervamse e toca a levar couro e cabelo aos desgraçados que lhes caem nas unhas. Devia haver maneira de os manter razoavelmente calmos. Mas uma vez que não há, desunhem-se a inventar uma, senhores inventores. Que a humanidade, a sofredora e martirizada humanidade, vos levantará, grata, um monumento mais perene do que o bronze.

D. Antónia Ferreira (Ferreirinha) 2011

O OLHAR DE... Eduardo Pinto

1933-2009 Criança - Amarante - Anos 60

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

pirescabral@oniduo.pt

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

Fundado em 1984 | Jornal/Revista Mensal Registo ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89 Redação: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689) Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Manuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958).

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo. Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Marco, Baião Repórter/Marão Online

Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 Apartado 4 - 4630-279 MARCO DE CANAVESES Cap. Social: 80.000 Euros – Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa. Impressão: Multiponto SA - Baltar, Paredes Tiragem média: 27.000 a 30.000 ex. (Auditados) | Associado APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Nº 486

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diversos | crónica

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repórterdomarão

"Escola Feliz" alargado à Feira Nova António Mota

Aníbal e Armanda

O projeto Escola Feliz, um programa de mecenato que possibilita às escolas do primeiro ciclo do Marco de Canaveses beneficiar de material didático, de desporto e de lazer oferecido por empresas locais e nacionais, foi alargado à freguesia de Ariz. Quatro salas da escola da Feira Nova têm agora como padrinhos as empresas Shell, Cetelem, Padaria Irmãos Teixeira e Grupo MCoutinho. Os materiais foram entregues no início do ano leti-

vo, numa cerimónia em que participaram, entre outros, o presidente da Câmara Municipal, Manuel Moreira, o presidente da Assembleia Municipal, António Coutinho – que se tornou “padrinho” da antiga escola primária em que estudou –, e a vereadora com o Pelouro da Educação, Gorete Monteiro. O programa abrange atualmente cerca de um terço das 140 salas de aula do município marcuense, mas a autarquia apela à solidariedade de mais empresários.

Grupo MCoutinho celebra protocolo com Floresta Unida O Grupo MCoutinho associou-se ao projeto mundial de reflorestação sustentável, assinando um protocolo com a organização Floresta Unida, entidade que em Portugal tem sede na Lousã. O coordenador em Portugal da Fundação Floresta Unida, David Lopes, e António Coutinho, administrador do Grupo MCoutinho, assinaram um protocolo para a divulgação do Programa Floresta Unida através da venda ao público de um cubo ecológico (vaso com semente de pinheiro manso) que representa simbolicamente a plantação de uma árvore, garantindo a Floresta Unida a sua proteção durante 30 anos. Tratando-se de um grupo automóvel, setor onde as emissões de CO2 mais se fazem sentir apesar dos progressos tecnológicos, ainda se justifica mais a colaboração do grupo, tendo em vista “o desenvolvimento sustentável do planeta”. O empresário defendeu ainda a reposição do programa de abate automóvel para renovar o parque nacional – em termos económicos mas também ambientais – que, apesar de melhorias nas últimas décadas, ainda apresenta uma idade média dos veículos de 10 anos.

Que é que queres que te diga, amiga? Que é que queres que eu te diga? Queres que ponha o sorriso das pastas dentífricas e te minta, dizendo que vivo num mar de rosas? A Armanda que conheceste já não existe, foi desaparecendo devagarinho como as volutas do fumo deste cigarro que me sabe tão bem, me faz tão mal, e está estupidamente caro. De manhã, custa-me olhar para o espelho da casa de banho. A cara está a enrugar, o meu corpo está a mirrar muito depressa e eu sem vontade para fazer nada. Nem o cabelo me apetece pintar. E eu sei que tenho de reagir, eu sei que não posso perder o pé, que não posso cair, que tenho a minha filha. Eu sei, amiga, eu sei, mas não é nada fácil. Antes, ainda contava com o Aníbal. Ele, coitadinho, nunca foi muito despachado, atevese sempre a mim, sempre muito parado, sempre cheio de medo a tudo. Acho que a mãe é que foi a culpada dele ser assim tão acanhadinho, tão limitado. A minha sogra é uma fera, sempre mandou em tudo e em todos. De tal maneira azeda, que o meu sogro fugiu não se sabe para onde, dois dias depois do nosso casamento. Já se passaram quinze anos e ele nunca mais voltou. Parece telenovela. Sabemos que está vivo porque todos os anos, na semana do natal manda ao Aníbal um envelope com uma nota. O ano passado só mandou vinte euros, vamos ver o que é que ele vai fazer este ano. Com a crise, duvido que volte a pôr uma notinha de cinquenta euros, que muito jeito me fazia. O envelope não traz remetente, mas o registo é dos correios de Loulé. Se calhar mora na Quarteira e tem lá outra família. E faz ele muito bem. Era bom homem, o meu sogro, muito magro, muito aprumado. Sim, escreve sempre as mesmas oito palavras: do teu pai que muito te ama, Manuel. A minha sogra tinha a mania de mandar em tudo e em todos, mas teve pouca sorte comigo. Engoli até não poder

mais, mas um dia ri-me e disselhe com muita delicadeza: a senhora manda na sua casa, mas eu mando na minha. O Aníbal é seu filho, mas agora está casado comigo. Ela rosnou, ainda tentou embrulhar a cabeça ao palerma do Aníbal. Mas eu disse-lhe: se ficas com a tua mãe, não contas comigo. Vou-me embora. Nessa altura eu já estava grávida da Joana. O Aníbal ficou do meu lado, e antes não ficasse. Se nessa altura eu tivesse ido embora, a minha vida não se tinha tornado neste inferno que eu não sei como sou capaz de suportar. Antes, ainda contava com o ordenado do Aníbal, mas agora não. Desde que ficou desempregado de repente, sem contar, nunca mais quis saber de nada. Sentou-se na sala e pôs-se a ver televisão. Dormia e via televisão, comia e via televisão em pijama e com os pés enfiados nos chinelos. Quando eu dizia: Aníbal, dá corda aos sapatos, mexe-te, ele ficava calado e eu via uns olhos de peixe, inexpressivos, resignados. Comecei a ficar preocupada. E disse à Joana: o teu pai não está bem, o teu pai não está bem. E tinha razão. Num dia a seguir ao almoço a Joana telefonou-me para o emprego. Disse-me que o pai estava estendido no sofá da sala e que não percebia o que ele falava . Mas que respirava. Vem depressa, mãe, vem depressa. Mas como é que eu podia ir depressa se estava tão longe? Liguei para o 112. Minto, a minha colega é que ligou, que eu não atinava com as teclas do telemóvel. O AVC foi forte. Agora só tenho a metade de um homem em casa. A outra metade não funciona.

anttoniomotta@gmail.com



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