repórterdomarão Prémio GAZETA
N O V E M B R O ’ 11
Nº 1257 | novembro '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 27.000 ex.
GRAÇA MORAIS
‘ A minha pintura reconcilia os transmontanos com as origens’ ESCRITOR Pires Cabral
'Aquilo que o tempo validar é o que vale a pena' INSUFLÁVEIS FACTORY PLAY
De uma aldeia de Bragança para os grandes eventos MISERICÓRDIA DE PENAFIEL
Dinheiro para obras, precisa-se!
do Tâmega e Sousa ao Nordeste
Oferecemos leitura
ENTREVISTA | GRAÇA MORAIS
A artista que gosta de pintar ' pessoas simples, sem nome e sem riqueza' Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos P. P.
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rás-os-Montes serve-lhe de atelier, porque é aí que se dá “um encontro de muita verdade” com a Natureza e com as gentes. “No meio rural, as pessoas ainda são muito autênticas e gosto desse encontro que, às vezes, é bravo, outras vezes suave, mas sempre muito forte. É isso que eu preciso”, sublinha a pintora Graça Morais. Ao final da manhã, uma luz meiga entra nas salas do Centro de Arte Contemporânea a que a artista empresta o nome. Junto a uns quadros inspirados na figura típica do careto de Podence, Graça Morais vai desfiando lembranças de uma região muito isolada, onde “as estradas eram péssimas e quando nevava, não havia comboio e tudo ficava fechado”. Começou a pintar desde criança, altura em que “já tinha esse bichinho de querer ser pintora”, e o seu percurso artístico não é mais do que uma transposição da sua vida, das suas memórias e daquilo que está a viver.
“Tem sido uma vida de luta”, assume Graça Morais, aos 63 anos. Se em Bragança, cidade onde fez os estudos liceais, a relação com as pessoas era “muito fácil e simples”, na Faculdade de Belas-Artes, no Porto, as pessoas eram “mais estranhas, algumas mais sofisticadas e a competitividade era muito forte”. “Isso obrigou-me a ter certos cuidados e, sobretudo, a trabalhar. Era quase sempre das últimas a sair das Belas Artes, ficava lá além das horas das aulas, a pintar.” Contudo, foi em Paris, onde esteve como bolseira da Gulbenkian, que Graça Morais sentiu o desejo de regressar a Vieiro, a aldeia de Vila Flor que lhe serviu de berço. “Estava a ver ‘A Árvore dos Tamancos’ e identifiquei-me tanto com o filme que quis voltar às minhas origens.” Movia-a a necessidade de compreender melhor o meio rural onde nasceu e cresceu. “Precisei de contar a minha história. Para isso, preciso de sentir as pessoas, a Natureza e aperceber-me cada vez mais como é que os ritos da Natureza se casam com os ritos pagãos e com os ciclos das festas, mas depois a minha pintura não tem exatamente a ver com isso.”
Idiossincrasias em extinção Em cada traço, a racionalidade cruza-se com as emoções, as intuições, os afetos e os conhecimentos acumulados. “Quando andamos à procura e sentimos intensamente essa procura, as coisas vêm ter connosco. É uma questão de estar atenta.” De repente, endereça o olhar para uma tela de 1996 e evoca a memória do jovem Jorge, que segura nas mãos uma galinha “de uma forma contrária à das mulheres”. “Enquanto elas encostavam a galinha ao peito, ele pegou-a pelas patas, uma atitude que nunca tinha visto. E foi esse flash que deu origem a este quadro.”
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Data e local de nascimento: 17 de março de 1948, em Vieiro, Vila Flor Formação: Curso de pintura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto Cor: Preto Livro: A Sibila, de Agustina Bessa-Luís Música: Balada da Oliveira, de Pedro Caldeira Cabral Filme: A Árvore dos Tamancos, de Ermanno Olmi Prato preferido: Feijoada transmontana
“A nossa região tem progredido, às vezes, no mau sentido. No tempo dos meus avós e da minha mãe, havia um tipo de vida nas aldeias. Hoje, há outro e essas pessoas continuam a crescer com características diferentes que me interessam”, salienta. Por isso, é que na sua obra não há sombras de nostalgia ou de saudosismo. Contudo, a artista gosta de imortalizar nos seus traços objetos da região que caíram em desuso. “Aquela forma do malho é de uma grande beleza. Hoje já não se usa, porque não se fazem malhadas, mas eu tenho aquilo guardado”, revela enquanto aponta para a mesma tela. Além do orgulho com que os usa, Graça Morais gosta ainda de colecionar brincos, esse adereço com uma ligação umbilical à cultura transmontana. “Mal nascíamos, davam-nos brincos de ouro e quando éramos mais crescidas, davam-nos outro brinquinho. Quando as pessoas ficavam viúvas, punham outro”, lembra. Hoje, ao observar as orelhas das mulheres transmontanas, não vê mais do que fantasias.
Liberdade plena só no atelier Sem reservas, a artista transmontana expõe a sua intimidade espiritual na tela, porque quando pega no pincel fá-lo com “muita sinceridade, muita autenticidade e numa entrega total ao nível do pensamento e do coração”. “Quando pinto no meu atelier, costumo dizer que são os momentos mais felizes da minha vida, porque sou dona daquele espaço e responsável por aquilo que estou a fazer na pintura.” É no seu local de trabalho que Graça Morais usufrui de “uma liberdade total”. “Na rua, tenho de obedecer a sinais de trânsito; quando estou em sociedade, tenho de obedecer a certas regras, mas no espaço de um quadro, numa lona ou num papel, faço aquilo que me apetece. É o encontro comigo mesma na forma mais total, direta e sincera”, confidencia. As suas mãos laboram “debaixo de uma grande necessidade de trabalhar”, frequentemente em mais do que um quadro, e no mais absoluto dos silêncios. “Quanto mais envelheço, mais necessidade tenho de ter silêncio”, confessa a artista que prefere pintar durante o dia. A noite sempre a angustiou, por isso, destinaa ao convívio em família, com amigos e aos livros. Às vezes, ainda pinta descalça e sempre despida de qualquer tipo de adorno, nomeadamente os anéis e os brincos. “Quando estou a pintar, estou muito à-vontade, porque o que eu quero é esquecer-me do meu corpo. O que conta é o meu pensamento e os meus sentimentos.”
Ressuscitar o orgulho nas raízes No ato da criação, a reação de quem vai ver não inquieta a pintora. Isso acontece posteriormente, quando dá a obra por concluída. Por isso, antes de expor, Graça Morais costuma ouvir o marido, a filha e, às vezes, até a sua empregada. “Não que isso vá alterar o quadro, mas, pelo menos, começo a sentir que reação as pessoas têm daquilo que eu fiz num mundo muito fechado que é o meu mundo.”
As leituras que são feitas sobre um mesmo quadro acabam por surpreendê-la, mas o que realmente lhe interessa é “sentir como é que essa pintura vai ao encontro do imaginário de quem a vê”. “Nesse momento, a pintura está a fazer o seu papel, completamente independente de quem a fez, já está a fazer o seu caminho.” A “melhor recompensa” é ter um público fiel, seguidor de cada um dos seus passos: “há pessoas que andam atrás dos meus quadros por todo o País, visitamnos nos diversos lugares onde exponho”. “Ao mesmo tempo, também me interessa muito que a minha pintura seja observada por outros criadores”, acrescenta. Curiosamente, o público que mais se reconhece na sua obra está na capital do País. “Em Lisboa há muitos transmontanos que vivem à distância. Só vêm de vez em quando à região e, de repente, eles encontram-se na minha pintura.” A assertividade com que reivindica a identidade transmontana da sua obra denota a dignidade com que pinta “pessoas simples, sem nome e sem riqueza”. A força desse gesto suscita uma emoção recalcada daqueles que partiram de Trásos-Montes, como constatou na primeira grande exposição em Lisboa. “As pessoas diziam-me, às vezes muito emocionadas, que sempre tiveram vergonha de dizer que eram filhos de um lavrador ou de um cavador e que, a partir da minha exposição, tinham vaidade em ser transmontanos. Foi muito gratificante sentir que as pessoas se reconciliavam com um passado mais pobre através da minha pintura.”
Centro de Arte Contemporânea: homenagem dos brigantinos Inaugurado em meados de 2008, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais já recebeu 52 mil visitantes. Sentido como uma homenagem dos conterrâneos à pintora que não esquece a sua terra, o Centro veio trazer mais dinamismo cultural e turístico à cidade de Bragança. Além das pessoas que chegam de fora, os jovens da terra têm a oportunidade de “começar a ver arte ao vivo”. “A arte não se deve ver nos livros, tem de se ver ao vivo, porque reproduções falham”, defende a artista. Até janeiro de 2012, Graça Morais expõe “Terra Quente – Terra Fria”, uma mostra com trabalhos que não eram exibidas há 15 anos. “Há pinturas que melhoram com o tempo. São como o vinho do Porto. Quando a pintura é boa envelhece em qualidade, o que é fantástico.” Em paralelo, a Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas, no Porto, recebe até 20 de novembro a mostra “2011: A Caminhada do Medo”. “É um ano em que estamos com múltiplos medos e toda aquela série nasceu das sensações fortes que estava a viver no dia a dia e, ao mesmo tempo, daquilo que lia nos media”, afirma a pintora. Em dezembro, Graça Morais vai ser distinguida com o prémio de Artes Casino da Póvoa e, no próximo ano, garante que a prioridade é permanecer uns meses sem expor para “estar só a pensar e a pintar”. “De vez em quando, preciso de me fechar ao exterior para repensar a minha pintura e a minha atitude para dar um salto em frente.”
ENTREVISTA | Escritor Pires Cabral chega à meia centena de livros aos 70 anos
'Ser transmontano é como que uma segunda pele que não podemos despir ' Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos P. P.
As entrelinhas dos seus escritos denunciam uma grande proximidade à cultura popular. “Amo-a, esforço-me por compreendê-la até ao seu âmago, mas não deixo que condicione a cem por cento a minha escrita”, adverte. É a busca de um sentido para a vida que se figura como a linha-mestra do seu percurso literário: “vou incessantemente e sem desfalecer procurando esse sentido para a vida — só para me sentir cada vez mais próximo de pensar que não há sentido nenhum, há apenas a noite do absurdo e nada mais”. Mas o fim último está no desejo de escrever algo que perdure e se furte à própria morte: “deixar de si algo que o tempo não corrompa é a ambição suprema de qualquer homem, não só do escritor e do artista. Um lavrador que planta uma vinha fá-lo com o mesmo intuito”. Enquanto cronista, Pires Cabral empenha-se em desempenhar “um papel de pedagogia social”. Os temas que aborda são causas e valores que pretende inculcar em quem lê, “na mira de contribuir com alguns tijolos para a construção de um mundo melhor”.
vindos”. “Posso escrever a qualquer hora, mas prefiro a noite; em todo o caso nunca pela noite fora. E escrevo directamente no computador, mesmo a poesia. Isso deve-se à grande facilidade de efectuar correcções e guardar versões sucessivas”, acrescenta. O escritor quer despertar no leitor um sentimento de adesão e, em segundo lugar, suscitar as mesmas emoções que experimenta ao escrever. “Isso é talvez mais complicado. Mas quando acontece e o leitor (nem que seja só um) me dá conta disso, sinto-me amplamente remunerado e penso para comigo que valeu a pena ter escrito aquilo.” Como leitor, Pires Cabral não dispensa num livro “muita emoção (no sentido de envolvimento afectivo), algum sentido de humor, total respeito pela Língua Portuguesa e legibilidade”.
Um desacordo vincado É bem conhecida a sua posição de discordância face à aplicação do Acordo Ortográfico e há várias razões a sustentá-la. “Primeiro, não se deve mexer por decreto em questões de linguagem, que é do povo e não dos
Escritor “em pousio” “Aqui e Agora Assumir o Nordeste”, uma antologia da sua obra, é o último livro publicado. Para breve, anuncia o lançamento de “Cobra-d’água”, uma colectânea de poesia, mas “a gaveta está vazia”. “De um ponto de vista de criação literária propriamente dita, estou em pousio”, confessa. Ainda assim, continua a trabalhar no Dicionário de Linguagem Popular Trasmontana e Alto-duriense, que será o seu “maior tributo à cultura do nosso povo”. A actual produção literária em Portugal é entendida como de “muita quantidade, a que nem sempre corresponde qualidade”. “Mas há um número significativo de jovens, poetas e romancistas que prometem manter a literatura portuguesa nos elevados padrões de qualidade que lhe são geralmente reconhecidos mesmo a nível internacional”, sublinha o escritor transmontano.
Inspiração é “uma combinação afortunada”
A efemeridade das distinções
Uma formiga pode inspirar-lhe um poema, mas nem sempre que vê uma Pires Cabral corre a escrever um poema. Afinal, a inspiração é “uma combinação afortunada e rara de algo (exterior ou interior) com um momento feliz de disposição criadora”. “Não forço a inspiração: ela acontece. E quando a procuro forçar (às vezes escreve-se por encomenda), isso nota-se pela negativa, naturalmente”, revela. O apelo das letras é tão sentido que Pires Cabral garante que “até de pernas para o ar seria capaz e teria gosto em escrever”. Prefere escrever em silêncio, se bem que, às vezes, “uns farrapos de Bach sejam bem-
António Manuel Pires Cabral 13 de Agosto de 1941 Chacim (Macedo de Cavaleiros)
políticos. Segundo, parece-me uma cedência em toda a linha à poderosa máquina editorial brasileira, com consequências desastrosas para as nossas editoras e a nossa economia. Terceiro, porque não unifica coisa nenhuma (pelo contrário, multiplica: a palavra ‘recepção’, por exemplo, antes do Acordo escrevia-se da mesma forma nos dois países, agora passa a escrever-se ‘receção’ em Portugal, mantendo-se ‘recepção’ no Brasil) e mesmo que unificasse, só tem efeito sobre a ortografia, mantendo-se a nível de pronúncia e léxico as enormes diferenças que existirão sempre.” Pires Cabral assegura ainda que a entrada em vigor do Acordo não contribui “nem pouco mais ou menos” para uma maior projecção do Português no Mundo. À lista dos argumentos, junta o facto de “apagar sinais históricos e culturais que o português de Portugal transportava” e razões estéticas. “Este é um argumento subjectivo, mas não consigo, por mais que tente, olhar de frente uma frase como «Com exceção da conceção do projeto atual, tudo o resto foi uma deceção e a receção foi péssima»”.
Em Maio, Pires Cabral venceu o Grande Prémio de Conto “Camilo Castelo Branco”, da Associação Portuguesa de Escritores, com o livro “O Porco de Erimanto”. No entanto, apesar de todos os galardões que já recebeu ao longo da carreira, considera que o verdadeiro reconhecimento acontece na posteridade. “Os prémios são decididos por júris. Júris diferentes poderiam ter decidido de maneira diferente, porque, como também diz o povo, «cada cabeça, sua sentença». Mas o tempo não está sujeito a essas contingências puramente humanas. E aquilo que o tempo validar é que é o que verdadeiramente vale a pena. Aspiro a esse reconhecimento.”
Formação: Licenciatura em Filologia Germânica e Ciências Pedagógicas
Uma música: O Requiem, de Mozart Um filme: O Navio, de Fellini Prato preferido: Feijoada à transmontana
[Esta página foi escrita de acordo com a antiga ortografia]
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os versos de um poema, diz-se “como folhas de árvore”: “Assim múltiplo e trémulo sou eu./Apenas um pouco menos perecível, julgo.” Nas folhas que escreve, entrega-se com a certeza de que “ser transmontano é como que uma segunda pele que não podemos nem queremos despir”. Aos 70 anos, Pires Cabral admite os efeitos da erosão do tempo naquilo que escreve. “Aos 20 e 30 anos, há uma generosidade e um entusiasmo que vão sendo substituídos pela reflexão e pela sensatez. É uma perda dramática, mas a vida é mesmo assim: ninguém consegue manter na velhice as armas da juventude.” Autor de cerca de meia centena de livros, é ainda director da Tellus – Revista de Cultura Transmontana e Duriense e dirige o Grémio Literário Vila-Realense desde 2006.
ENTREVISTA | Provedor Júlio Mesquita apreensivo
Misericórdia de Penafiel procura financiamento para recuperar património Mónica Ferreira | monikiferreira@gmail.com | Fotos M.F. e D.R. Numa altura em que as Misericórdias passam por sérias dificuldades financeiras, originadas por atrasos nos pagamentos por parte do Estado, sobretudo os relativos a serviços de cuidados continuados prestados por estas instituições, a Santa Casa da Misericórdia de Penafiel não se queixa. “Como não temos o serviço de cuidados continuados, não temos esse problema com o Estado. E o que nos é pago pela Segurança Social tem vindo sem problemas”, refere ao RM Júlio Mesquita, provedor da instituição, referindo-se à verba que recebem mensalmente da Segurança Social por cada utente institucionalizado. Todavia, a situação financeira da Santa Casa de Penafiel “não é boa”. As dificuldades começam também a fazer-se sentir, nomeadamente pelos muitos encargos a cumprir, herdados da anterior direção. Para piorar a situação, são agora “obrigados” a fazer obras no Lar e na Igreja de Santo António dos Capuchos. “O dinheiro que temos mensalmente vem-nos da Segurança Social, de uma verba da reforma dos utentes e dos familiares que, caso tenham essa possibilidade, ajudam. Quando tal não acontece, é a Santa Casa que fica com esse encargo”, frisou Júlio Mesquita, acrescentando que esse dinheiro “dá para o dia-a-dia, o mês-a-mês”. O problema nesta instituição penafidelense prende-se com as obras exigidas pela Segurança Social e que passam pela remodelação do Lar Santo António dos Capuchos, com o custo aproximado de 1,5 milhões de euros, 60 por cento dos quais financiados pelo POPH e pelas obras da Igreja de Santo António dos Capuchos, que terá o custo de meio milhão de euros, 100 mil dos quais da responsabilidade da Santa Casa. Acresce ainda a amortização de um empréstimo contraído no final do mandato pela anterior Mesa Administrativa.
Falta liquidez “Esta situação e as obras é que nos estão a levantar problemas, pois é preciso muito dinheiro e não o temos; não temos liquidez para estas obras”, salientou. “Vamos ter que inventar o dinheiro, pois as obras têm mesmo que ser feitas”, acrescentou, dando nota de que as obras do Lar de Santo António dos Capuchos devem começar ainda este ano, em dezembro e as da Igreja de Santo António dos Capuchos até já arrancaram. Depois de terem colocado a leilão quatro terrenos, um dos quais com uma casa anexa, com o objetivo de angariar parte dos 700 mil euros que necessitam para fazer face a estas obras, intento não conseguido porque não apareceu nenhum comprador para os mesmos, a solução poderá passar agora por um empréstimo bancário. “Acho que vamos conseguir o empréstimo, apesar de não ser fácil. Já contactamos algumas instituições bancárias, umas dizem que não po-
dem emprestar, dizem debater-se com falta de liquidez, outras emprestam mas a juros altos e prazos curtos, mas temos esperança de que vamos conseguir” afirmou o provedor, já mandatado pelos Irmãos para avançar com este pedido. “Fizemos uma Assembleia-geral e os Irmãos aceitaram, todos sem exceção, este pedido de empréstimo”, acrescentou. A Assembleia-Geral autorizou ainda a Mesa Administrativa da Santa Casa a vender diretamente os terrenos, caso apareça um comprador com uma proposta vantajosa. “Não é para vender por vender nem para vender ao desbarato, é para utilizarmos o que não está a ser rentável, para atualização dos lares, enfim, para podermos melhorar a qualidade de vida dos nossos utentes”, referiu Júlio Mesquita. “Achamos que o investimento é necessário e é-nos exigido que o façamos”, referiu, enunciando os prejuízos que podem advir à Instituição caso não realizem as obras exigidas. “Se não fizermos as obras, podem-nos vir a ser aplicadas coimas e sanções, e podemos ser também impedidos de nos candidatarmos a outros projetos durante um determinado tempo. Além disto, a comparticipação da Segurança Social que recebemos mensalmente pode também ficar comprometida se não fizermos as obras que os nossos equipamentos precisam”.
Empréstimo da anterior direção ainda pesa e muito! Além das dificuldades que estão a sentir para angariar dinheiro para as obras nos dois equipamentos, a atual direção da instituição tem um outro encargo que “pesa nas contas”: um empréstimo bancário que foi contraído pela anterior direção. “É um empréstimo de cerca de 400 mil euros que foi contraído em outubro do ano passado, que estamos a pagar mas que pesa no nosso orçamento”. O empréstimo foi utilizado para reparar o edifício que albergou o antigo hospital, atualmente inativo. “Chovia na parte da hemodiálise, podiam só ter consertado essa parte do telhado mas foi colocado um telhado novo. Agora temos os nossos movimentos manietados", observou Júlio Mesquita. “Apesar de ainda não estar nada definido, estamos a dar os primeiros passos e a fazer alguns contactos para que se possa dar utilidade ao [antigo] hospital. Acho que estamos no bom caminho e assim conseguiremos rentabilizar o espaço e prestar melhores serviços à população”, referiu o provedor. A intenção passa por abrir por fases alguns serviços, nomeadamente a hemodiálise, seguida da radiologia, fisioterapia e análises clínicas. A Mesa Administrativa admite vir a estabelecer parcerias com entidades ligadas ao setor da saúde para colocar aquelas valências em funcionamento.
O Associativismo Pedro Costa e Silva A busca de acções que vislumbrem concretizar interesses comuns capazes de promover o desenvolvimento social através de práticas associativas existe ao longo dos tempos. Presente neste contexto encontra-se o associativismo, constituindo-se em exigência histórica para melhorar a qualidade da existência humana, ou seja, para melhorar as condições de vida dos indivíduos de um determinado local, pois faz com que a troca de experiências e a convivência entre as pessoas se constituam em oportunidade de crescimento e desenvolvimento. A vida associativa está presente em muitas áreas das actividades humanas, traduzida em condições que visam contribuir para o equilíbrio e estabilidade social, constituindo-se numa força capaz de melhorar as condições locais de vida das pessoas e de uma população. Alguns autores destacam mesmo a importância do associativismo para o fortalecimento da democracia, visto que possibilita a agregação de interesses individuais permitindo a educação dos cidadãos e cidadãs para a prática e o convívio democráticos. A sociedade democrática será sempre individualista para Tocqueville, no entanto, os indivíduos percebem que se todos se voltarem apenas para seus interesses privados, estarão piores do que se dispusessem de tempo para a colectividade. A dedicação de parte do tempo dos indivíduos ao colectivo e ao público é condição essencial para que a democracia liberal não degenere numa democracia despótica. Uma das maneiras de impedir que o regime democrático liberal degenere é a união dos indivíduos que individualmente são fracos para a realização de acções colectivas, por meio do associativismo, ou, como Tocqueville denomina, da arte da associação. Na realidade, para ele, um aspecto muito importante dos efeitos da participação associativa sobre os indivíduos é a criação de hábitos de colaboração, solidariedade e sã convivência. As associações podem ser consideradas como escolas de civismo, de convivência democrática, de colaboração, desenvolvendo os seus membros o “networking”, tão importante e fulcral nos dias que correm. Por isso, a participação em associações, organizações civis, ordens profissionais, assim como o associativismo, é salutar para gerar solidariedade social e o melhorar da vida em sociedade. Com vista a alcançar os referidos propósitos, a Ordem dos Economistas, através da Direcção do Secretariado Regional do Norte, decidiu em devido tempo designar Representantes Regionais, no sentido de um apoio mais próximo e adequado às necessidades e iniciativas locais e para a promoção de um interface entre Economistas e a Ordem. Deste modo, e de forma a alcançar os objectivos e propósitos acima referidos, informamos os Colegas Economistas que fui nomeado Representante para o concelho de Marco de Canaveses: Pedro Miguel de Queirós Barbosa Costa e Silva (Contacto: 93 324 00 33; email: pedrocsilva.pcs@gmail.com). Confiante num trabalho activo e vantajoso que pode e deve traduzir-se em actividades conjuntas em prol da profissão e do intercâmbio entre Colegas, reitero a minha disponibilidade para acompanhar tudo o que diga respeito a uma maior afirmação dos Economistas e da sua Ordem, bem como um acompanhamento mais próximo das actividades e das preocupações dos colegas, assim como o desenvolvimento de actividades e iniciativas que visem a afirmação, promoção e divulgação da nossa Ordem dos Economistas e um contacto mais próximo entre os colegas, em prol do desenvolvimento da nossa profissão. Desde já, consta acima o meu contacto, solicitando a entreajuda de todos os colegas para a prossecução dos objectivos referidos. * Economista. Representante Regional da DRN da Ordem dos Economistas em Marco de Canaveses
EMPREENDEDORISMO | Marcas de renome são clientes da Factory Play
Insufláveis dos grandes eventos criados numa pequena aldeia de Bragança Daniel Faiões | dfaioes@gmail.com | Fotos D.R.
Em Mós, freguesia do concelho de Bragança, não vivem sequer 200 pessoas, mas é daí que todos os insufláveis da Factory Play saem para o mundo. Esta empresa, que já ganhou a distinção de PME Líder, é um caso sério de sucesso no estrangeiro e regista na sua carteira de clientes grandes marcas como a Liga Zon Sagres de Futebol, BetClic, TMN, Sportzone e Adidas. Em 2006, Pedro Santos disse aos seus colaboradores que dentro de cinco anos a Factory Play estaria num lote restrito de empresas fabricantes de insufláveis de diversão e publicitários. Não foi levado “muito a sério” e disseram-lhe que “a ambição deve medir as palavras que usa”. A verdade é que, ao fim desse tempo, as suas previsões acabariam por dar certo, sendo hoje um exemplo nacional de empreendedorismo. Foi há cerca de 9 anos que Pedro Santos, 31 anos, se começou a aventurar na vida de empresário. Primeiro com a criação da Animalogia, uma empresa ligada à organização de eventos. “Na altura, precisámos de produtos diferenciados em termos de insufláveis e é nesse seguimento que aparece a ideia da Factory Play”. Licenciado em Desporto pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), o empresário decide criar a empresa de insufláveis, que opera desde 2005. Se na altura contava com 3 funcionários, hoje contabiliza 19. A Factory Play rapidamente ganhou o seu espaço no mercado e apostou no contacto direto com o potencial cliente. “Em 2006 já estávamos a exportar produtos e marcámos presença numa das maiores feiras da Europa, a Euro Attractions Show, em Sevilha. Desde esse ano, marcámos presença em tudo o que é certame e feiras internacionais de renome e acreditamos que esse é um fator de diferenciação”. Se hoje as instalações se estendem ao longo de dois mil
metros quadrados, no início ocupavam apenas 400 m². Pelo pavilhão estão espalhados insufláveis de todas as cores e pode ouvir-se o matraquear das máquinas de costura. Em volta da enorme mesa, ao centro, há latas de tinta, esferovite e tesouras que se recortam num ambiente de trabalho tranquilo. Bem perto desta atmosfera, segue a azáfama associada às obras da Autoestrada Transmontana, algo que identificam como uma “vantagem importante”, no futuro, pelos ganhos ao nível da acessibilidade.
“Muitas pessoas nos pedem emprego” Para se instalarem nesta freguesia que dista 15 quilómetros de Bragança, o empresário candidatou-se ao Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) e a Câmara Municipal “ajudou em função dos postos de trabalho criados”. “Esse apoio refletiu-se no custo do terreno onde agora estamos e todas essas reduções são sempre bem-vindas. Em termos de investimento feito, entre a construção e algumas máquinas que adquirimos, estamos a falar de cerca de 650 mil euros, mas ao PRODER só nos candidatámos com 300 mil euros. Desse montante poderemos receber um apoio na ordem dos 160 mil euros”, explica. Pedro Santos tem agora como ambição consolidar os mercados com os quais trabalha, bem como partir à conquista de outros que se perfilam emergentes, nomeadamente Angola e Brasil. São em média cerca de 25 pessoas que, a cada mês, fazem chegar os seus currículos à Factory Play, entre candidaturas espontâneas e anúncios através do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). “Essencialmente são pedidos para a pintura e costura, que são também aquelas áreas em que temos mais necessidade de mão de obra. Há pedidos para técnicos de acabamentos e escultores para estruturas em esferovite”, descreve o empresário. No IEFP, a empresa tem sempre em aberto pedidos para técnicos de AutoCAD e comerciais. No entanto, sempre que alguém é recrutado necessita de formação prévia por não haver “mão de obra qualificada no nosso país, muito menos na zona de Bragança”.
Atuar localmente, com um pensamento globalizado A Factory Play comporta-se, hoje em dia, como uma empresa de vanguarda. Essencialmente exportam e distribuem os seus produtos no mercado europeu, mas há também bastantes solicitações em território nacional. “Neste momento, a Europa é o nosso mercado principal, mas temos também alguns contactos e clientes no Médio Oriente, em países como o Dubai ou o Iraque”. Quem mais os procura são empresas de produção de eventos e animação, parques temáticos ou de animação infantil. Também as agências de marketing e publicidade recorrem aos seus serviços “quando procuram o tradicional insuflável publicitário”. O contacto com estas empresas estrangeiras faz-se através de feiras internacionais, com o recurso a bases de dados ou através da delegação que têm em Sevilha, que lhes escoa produtos para o mercado espanhol. “Apesar de haver concorrência na área do insuflável publicitário em Portugal, a Factory Play é a única que tem um produto certificado, um produto com uma qualidade aceitável”, diz orgulhoso o gestor. A nível internacional, a empresa brigantina posicionou-se “entre as duas melhores empresas da Europa em termos de qualidade e inovação do produto e apenas sente concorrência direta de uma empresa espanhola com sede nos arredores de Barcelona”.
Carteira de clientes com nomes de peso Com um volume de negócios que ronda o milhão de euros, a Factory Play já conseguiu agregar um conjunto considerável de clientes. Entre os mais conhecidos estão a Liga Zon Sagres de Futebol, BetClic, TMN, Sportzone e Adidas. Mais recentemente, foi abordada por alguns responsáveis da NBA, que se deslocaram à Europa para uma tournée. “Conheceram a nossa empresa, receberam feedback positivo do nosso trabalho, ficaram a saber que somos uma referência em termos europeus e, a partir daí, começaram a dialogar connosco”.
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ASSOCIATIVISMO | Novo presidente do NERBA defende zonas francas junto à fronteira
' Conjuntura é adversa mas é nas dificuldades que se veem os grandes empresários '
Helena Fidalgo | hfidalgo@hotmail.com | Fotos Nordeste e NERBA
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uando o setor imobiliário começou a dar sinais de fragilidade, um construtor de Bragança decidiu antecipar-se à crise diversificando as áreas de negócio. Eduardo Malhão investiu um milhão de euros em novos projetos empresariais ligados às energias renováveis, distribuição de combustível e Comunicação Social. Considera que “é nas dificuldades que se veem os grandes empresários” e é com este lema que assume agora a presidência da Associação Empresarial do Distrito de Bragança, o NERBA. Admite que esta região não escapará à conjuntura negativa do país com encerramento de empresas e despedimentos, mas acredita numa “nova geração de empresários visionários” que está a mudar o paradigma do tecido empresarial regional.
Eduardo Malhão cresceu na Casa do Trabalho de Bragança, aos 19 anos já era secretário da instituição de solidariedade social e foi ali que, segundo diz, surgiu a sua “ideia empreendedora”. Aos 22 anos instalou-se por conta própria com um gabinete de contabilidade a que se seguiu a construção civil. Criou “uma fileira completa desde o projeto até à entrega chave na mão” e fez sucesso no auge do imobiliário com trabalho em Bragança e noutras zonas do país, nomeadamente no Porto. “Nunca colocar os ovos todos no mesmo cesto” foi a estratégia seguida e que o levou a reajustar o plano de negócios antes de ser apanhado pela crise que provocou uma redução de 50 por cento no mercado da construção.
Diversificar negócios “Foi definido que nós teríamos que diversificar algumas áreas, complementar a nossa área principal da construção com outras e não alocar tantos recursos financeiros ao mesmo setor”, explicou. Antecipou “o ciclo adverso” da construção reduzindo o investimento nos projetos para habitação e serviços e apostando nas obras públicas e particulares. Considera que soube “reinventar” a estrutura dedicada à construção, criou mais dez postos de trabalho, nomeadamente para pessoal especializado e tem “uma carteira de encomendas para os próximos doze meses” em empreitadas da Câmara Municipal de Bragança, da Parque Escolar e do Instituto Politécnico de Bragança.
“Em Bragança, o mercado teve uma redução em termos de construção do setor habitacional, mas teve um aumento no setor de obras públicas e de equipamento sociais que compensa”, afirmou.
Nova geração de empresários “Muito trabalho” é a fórmula que aponta para o sucesso e diz que trabalha “sete dias por semana, 14 a 15 horas por dia”. Não se considera, no entanto, “uma caso único” e fala numa nova geração de empresários visionários que perceberam que o mercado local é pequeno e estão a singrar lá fora”. “Curiosamente o tecido empresarial de Bragança está bastante rejuvenescido. Há hoje uma geração de novos empresários com uma visão estratégica muito mais virada para o futuro, com aposta em novos segmentos de mercado, em novas áreas de negócio e também, finalmente, com a chegada ao tecido empresarial de pessoas qualificadas e pessoas que vêm do meio académico, que é fundamental”, disse. Gostaria que “fossem mais”, mas destaca este “conjunto de empresas da distribuição, transformação, agroindústria, distinguidas com o prémio IAPMEI Excelência Empresarial por terem crescido com excelentes resultados e indicadores económicos, muitas delas já passaram por um processo de internacionalização, que exportam para os Estados Unidos da América, países dos PALOP, etc”. Diferente é, para o novo presidente do NERBA, a realidade do comércio tradicional que enfrenta problemas comuns ao setor em todo o país, nomeadamente o surgimento de grandes superfícies, de novos concorrentes orientais que ocuparam áreas de referência da cidade de Bragança, a venda direta, venda eletrónica, por catálogo”. “Se calhar não soube antecipar este novo paradigma e a mudança e não soube perceber que os centros cívicos das cidades evoluíram para outras centralidades”. Ainda assim, entende que a observação de lojas fechadas no centro da cidade não é indicador da realidade do setor. “Em Bragança, há 10 anos a área comercial era de 10 mil metros quadrados e hoje é 40 ou 50 mil metros quadrados de área coberta e de superfície comercial”, concretizou, considerando que o que aconteceu foi “uma deslocalização” arrastada por “novos ciclos de desenvolvimento, novos modelos de planeamento e ordenamento do território e obviamente que chega uma altura em que se dá um processo de canibalismo, em que uns
tiram os clientes aos outros”. A nova “voz” dos empresários ainda não tem dados concretos sobre o encerramento de empresas em Bragança, mas tem “a perceção de que está abaixo da média do país” que contabiliza o fecho de 10 empresas por dia. A resistência a esta crise atribuía ao facto de muitas destas empresas terem uma estrutura familiar. Eduardo Malhão reconhece que a conjuntura nacional é “adversa e pouca amiga das empresas”, acusando os “sucessivos governos de abandonarem completamente a economia” e de não terem “políticas para as empresas”. “Não se vislumbra a mudança de caminho. Estamos muito dependentes das estratégias que são concertadas na Europa e a estratégia neste momento é a de que a prioridade deve ser o equilíbrio e reforma das Finanças Públicas e não o crescimento económico”, afirmou. O empresário não tem dúvidas de que “qualquer política que não potencie o crescimento económico está errada”.
IRC sobe 100% no interior As empresas do interior têm sido particularmente afetadas por “uma política errada”, na opinião do empresário, que defende a criação de “zonas tampão e zonas francas” ao longo da fronteira para fazer face à concorrência fiscal das congéneres espanholas. A diferença nas taxas de IVA, com vantagem para Espanha, onde a máxima é de 18 por cento, enquanto que em Portugal atinge os 23 por cento, é um dos principais constrangimentos apontados. “Tem havido de facto uma política errada, não percebendo que as empresas das zonas próximas do nosso país vizinho têm que beneficiar de uma estatuto fiscal equitativo com os nossos concorrentes do lado e a única forma de ultrapassar isso é criar algumas zonas tampão e algumas zonas francas em áreas que sofram de uma forma muito dura e muita aberta a concorrência dos nossos vizinhos espanhóis”, defendeu. A agravar a situação surge agora a extinção da taxa reduzida de IRC de que beneficiam as empresas instaladas no interior e que, a partir do próximo ano, vão ter “um aumento de 100 por cento nos impostos”. Para o novo presidente, o NERBA “terá que puxar pelas excelências que a região tem – e que são muitas – terá que ser o primeiro a estimular os empresários e a dar o exemplo em matéria de qualidade e de excelência e terá que dar um passo em frente no sentido de ultrapassar este momento que é muito difícil”.
EMPREENDEDORISMO | PRODER cria 20 postos de trabalho em Baião
regiões
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Artur trocou as obras por uma tasquinha na Aboboreira
Paulo Alexandre Teixeira | pauloteixeira.tamegapress@gmail.com | Foto P.A.T.
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oze intervenções cofinanciadas pelo PRODER para modernizar infraestruturas de hotelaria e restauração e para promover os produtos naturais de Baião vão criar 20 postos de trabalho diretos e e ainda outros indiretos, numa altura em que o desemprego aumenta nos concelhos do Tâmega e Douro Sul. Há pouco mais de dois anos o espetro do desemprego bateu à porta de Artur Soares, um encarregado de obras natural de Baião que, ao longo de mais de duas décadas, trabalhou numa conceituada empresa nacional ligada ao ramo da construção civil. Casado, com dois filhos, este residente da freguesia de Campelo começou, naquela altura, a ver com olhos diferentes a antiga e degradada tasquinha que a esposa, Isabel, herdou da sua mãe na aldeia de Almofrela, em plena serra da Aboboreira. “Começamos a pensar se valeria a pena ou não apostar em manter isto aberto e se devíamos avançar com um projeto para criar algo mais ajustado aos dias de hoje”, explica Artur Soares. O que é hoje conhecido como a Tasquinha do Fumo começou por ser uma mercearia, há cerca de 65 anos, quando a mãe de Isabel Soares, afetuosamente conhecida como “a Rosinha da Tasca”, decidiu servir petiscos e vinho aos esfaimados viajantes e romeiros que atravessavam a
vros, desde simples mensagens de apoio até verdadeiras obras da literatura”, diz Isabel Soares. Graças à intervenção da Cooperativa Dolmen, gestora local do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER), a ideia de Isabel e Artur Soares granjeou os apoios necessários para um projeto de adaptação da antiga tasca, onde em breve irá funcionar uma loja de produtos típicos da região e uma taberna tradicional. A modernização do negócio desta família de Campelo significa também a criação de dois postos de trabalho, uma parte de um universo de 21 novos empregos gerados com as intervenções apoiadas pelo PRODER que decorrem neste concelho, no âmbito de uma estratégia de valorização e comercialização dos produtos locais e do turismo no espaço rural. O investimento global de cerca de 1,7 milhões de euros, dos quais 1,1 milhões serão cofinanciados pelo programa, abrange uma dezena de projetos idealizados para o aproveitamento dos recursos e dos produtos agrícolas deste concelho de cariz rural, inserido numa região onde o número de desempregados continua a subir. Em dados divulgados recentemente pelo Instituto de Emprego e da Formação Profissional, o número de inscritos nos centros de emprego registou um aumento médio de 3.42 por cento no concelho de Baião, um valor “em linha” com os seus vizinhos do Douro Sul mas bem abaixo do que se assinala no vale do Tâmega, onde Amarante e
Aboboreira a caminho das feiras e romarias da região. Ao longo das seis décadas em atividade, o negócio ganhou grande reputação por todo o Norte e graças aos dons culinários que Rosinha, hoje com 85 anos de idade e já retirada das lides da tasca, aplicou com esmero na produção de pratos típicos locais confecionados no forno de lenha e na lareira da sua cozinha tradicional – o arroz de cabidela, o cozido e o anho assado, entre outras iguarias e petiscos que ainda hoje fazem a fama da casa. “Decidimos consultar os técnicos da Câmara Municipal de Baião para ver se valia a pena tentar criar algo diferente mas que mantivesse o espírito do que a minha sogra fundou. A partir daí nasceu a ideia de realizar um projeto para ajustar o espaço às exigências legais modernas”, explica o proprietário. Importante para esta decisão foi também a ideia de avaliar a opinião dos clientes (mais de cinco mil só no ano passado) que, em verso e prosa, escrevem em livros de visitas elogios aos dotes culinários da nova proprietária, que herdou da mãe, à lareira aberta, à cozinha tradicional, à serra da Aboboreira e a toda uma experiência única na região. “A ideia dos livros, onde as pessoas aproveitam para escrever o que lhes vai na alma, acabou por nos ajudar a perceber quantas pessoas passam por cá e se nos apoiavam na ideia da modernização. Temos de tudo naqueles li-
Marco de Canaveses registaram 10.3 e 8.95 por cento, respetivamente. “Vinte e um novos postos de trabalho significa realmente vinte e uma famílias às quais estarão associados, indiretamente, muitos outros empregos no concelho”, explica José Luís Carneiro, presidente da Câmara Municipal de Baião. O autarca acredita que o investimento nos projetos em curso significa “trabalho para muitos outros setores” que, indiretamente, se dinamizam com este processo, como é o caso das empresas locais que asseguram a construção e remodelação das estruturas a intervencionar e “toda uma cadeia de produção”. “Os produtores locais encontram nestas unidades de restauração e de hotelaria uma forma de escoamento dos seus legumes, dos seus vinhos e das suas frutas. Tudo isto está integrado e é sustentável em termos de desenvolvimento de futuro”, explica ainda o presidente da Câmara. Para além de projetos de restauração, o plano contempla também intervenção em várias unidades hoteleiras, uma área que nos últimos anos tem contribuído para um aumento de visitantes no concelho, nomeadamente ao longo das margens do Douro onde o movimento de turistas tem registado taxas de crescimento acima das médias nacionais.
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18 novembro '11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
Acerto de contas
Nestes tempos conturbados que vivemos, qualquer análição pública. Preferiu penalizar a remuneração dos funcionários se da situação política e económica corre o risco de ver os seus públicos em vez de ir ao centro do problema e redimensionar pressupostos caírem por terra em poucos dias. Assinale-se, por os serviços excedentários. O ministro das Finanças, por sua vez, isso, que escrevo estas linhas na véspera da votação na generadecidiu jogar pelo seguro e precaver-se contra surpresas menos lidade do Orçamento do Estado (OE) para 2012, sem saber ainagradáveis aquando da execução orçamental. Tudo isto conduda qual o sentido de voto do PS [que anunciou, enziu a uma proposta de OE que necessita de ser metretanto, que vai abster-se], e na ressaca do anúncio lhorada durante a discussão na Assembleia da Reda convocação do referendo na Grécia, que provopública, desde que para tanto estejam disponíveis cou a queda das principais bolsas europeias, trouGoverno e oposição. xe os bancos portugueses para mínimos históricos Apesar de haver muitas vozes dentro do PS a dee pode ter consequências imprevisíveis para o euro fenderem o voto contra a proposta de OE, devee para a União Europeia. rá prevalecer a corrente que defende a abstenção. No plano interno, a opção do Governo foi no senSeguro e Passos Coelho farão por se entenderem, já tido de levar a austeridade até ao limite do suportáque isso é do interesse de ambos. O argumento, vável pelos portugueses. As medidas mais emblemátilido, de muitos socialistas que preferiam chumbar cas são conhecidas de todos: agravamento da carga o orçamento baseia-se no facto de não descortinaCarlos Pereira fiscal (nomeadamente aumento do IVA, diminuição José rem razões para uma austeridade tão violenta, que Gestor drástica das deduções e penalização de alguns escapode conduzir ao definhamento da economia nalões em sede de IRS, reavaliação de prédios e actualização do IMI cional. Até porque o desvio da execução orçamental em 2011, e aumento da taxa efectiva de IRC sobre as empresas), aumento atestado por Bruxelas, está muito longe dos três mil milhões de do horário de trabalho em meia hora diária no sector privado e euros proclamados pelo Governo, confinando-se ao efeito das suspensão dos subsídios de férias e de Natal para os funcionários contas da Madeira e do arrefecimento da economia europeia. públicos e pensionistas com vencimentos superiores a mil euros. O debate sobre o OE acontece no meio de uma grave crise Este orçamento traz consigo uma redução muito significatina zona euro, o que reforça a sua importância. A vontade do priva dos rendimentos disponíveis dos portugueses, com a consemeiro-ministro grego de realizar um referendo sobre o plano de quente diminuição da qualidade de vida: a remuneração salaresgate financeiro e a permanência no euro trouxe mais incerterial estagna e em muitos casos até diminui; as horas de trabalho za e agitação aos mercados, com problemas acrescidos para as aumentam; a factura fiscal dispara, a começar logo pelos bens e economias que beneficiam da assistência internacional, como serviços essenciais, do supermercado às facturas de água e eneracontece com Portugal. A forma atabalhoada como as liderangia ou à dedução das despesas de saúde. O reembolso do IRS ças europeias têm conduzido a resposta à crise das dívidas sodeixará de ser a almofada por que muitos esperavam nos meberanas não tem produzido os resultados esperados e a Euroses de Verão. pa perde com isso. O quadro, já de si difícil, conhecerá ainda maiores dificuldades No meio de tantas incertezas uma coisa é segura. Portugal ao longo de 2012 com a recessão económica, a queda do conprecisa de garantir as condições para que a banca nacional reúsumo, o encerramento de muitas empresas e o aumento do dena os meios necessários para injectar dinheiro na economia. Esse semprego. Mais portugueses vão cair numa situação de pobredinheiro é vital para as empresas disporem de fundo de maneio, za e exclusão. adquirirem matérias-primas e investirem no seu processo proEste não era o único caminho possível. O Governo apostou dutivo. Sem essa liquidez, muitas empresas ver-se-ão obrigadas em fortes medidas de austeridade sobre os portugueses, antes a fechar portas e pode ser o colapso da economia nacional. Almesmo de atalhar a despesa nos diferentes níveis da administraguém está interessado nisso?
Do que é que estão à espera?... O prazer de escrever, agora facilitado pelas dúvidas que suscita e a salvaguarda das falhas de grafia com o afamado “acordo” - ainda lhe não descobri qualquer mais valia, bem pelo contrário - está a tornar-se complicado. O mês de intervalo do RM, no seu decurso, vai ensaiando e lembrando este ou aquele tema que os factos que vejo, ouço ou leio me suscitam. Ora aqui está matéria que valerá a pena... e lá começa o cérebro a alinhavar as frases, fluentes e rápidas, em catadupa. Logo a seguir, e nem sempre ao outro dia ou logo no mesmo, novo tema que parece destronar pela importância o anterior, repetindo-se a cena ensaística. Mas... Afinal ontem era e hoje já não é? É imposição da “troika”, interpretação abusiva ou submissão excessiva? Mentiu ou não mentiu? Prometeu ou não? Não disse que não era assim e afinal é? Está ou não conforme à Constituição? A dívida é velha ou tem pouco tempo? Começou em Cavaco e continuou até Sócrates ou não? O BPN é um fardo colossal e tem culpados e mentores ou o que pesa mais são as caixas de robalos? A Justiça é atenta na lentidão ou célere na oclusão? Apontam-se reformas que parece que vai ser, mas afinal só serve para entreter. Culpado ou inocente? Mais ou menos crimes? Maior ou menor violência? Mais ou menos desastres e mortes na estrada? Etc. etc. etc. Depois ainda, com um tema já com caminho meio feito, logo sou confrontado na desdita ou desfeita de cátedras encartadas e assertivas que lhes trocam as voltas e a reduzem à insignificância. “Magister dixit”, e de tal maneira o diz ou escreve, que logo fico receoso de crepitar nas labaredas da Inquisição se me atrever a tal duvidar ou contestar. Amanhem-se. Vou dar uma folga momentânea à(s) crise(s) e procurar outras águas. Dubrovnic é uma bela e acolhedora cidade à beira de um dos mares que o Nostrum Mediterrânico não prevaleceu para se rebaptizar noutra referência: o Adriático. Estância balnear com milénios de vida de cobiças, ocupações e opressões, algumas recentes, na Croácia agora
independente (em definitivo?) à os sinos a tocar como só nesse dia espera da Europa. e a lembrar usos e lendas. Tem deA cidade velha, bem preservapois a réplica “marota” a 13 de Deda, mantém a traça e organização zembro, em que a Santa Luzia se para acolher os muitos visitantes, evoca nos “pitos”, outro doce posempre preocupada com a qualipular que rapazes e raparigas didade de vida dos residentes. É um zem procurar dar em troca. Tamcontraste evidente com as granbém tem, como Vila Real, cidades Armando Miro des metrópoles turísticas. gémeas. Aquela tem Ravena, RaJornalista Não há também quaisquer argusa (outro nome que a cidade tificialismos ou ofertas que não tenham a ver teve enquanto “italiana”), Vukovar, Graz, Helsincom os seus usos e tradições, a não ser na pou- gborg, Badhenburg von der Hohe, Sarajevo e ca oferta daqueles serviços que hoje reclamam Monterey. Esta tem Espinho, Portimão, Oeiras, e assentam, numa relação qualidade/preço, e Orense, Grasse, Mende, e Osnabruck. que a globalização exige. É o seu “brand”. OuÉ pena, e aqui volto ao princípio, que não tras coisas a distinguem: o primeiro serviço mé- se aprenda com o que está experimentado e dico, a primeira farmácia, lar de idosos e hospi- comprovado, e que afinal faz parte da genetal de quarentena abriram entre 1301 e 1377, ralidade dos princípios que dizem que partia escravatura foi abolida em 1418, o primei- lhamos e que nos apregoam mas que não se ro orfanato abriu em 1432, e a rede urbana de cumprem integralmente. Não terão vergonha abastecimento de água, com 20 km. de exten- ou remorsos os que, dizendo ter planos e sasão, data de 1436. Os governantes foram qua- ber tudo o que fazer para fazerem tudo o que se sempre eleitos, o chefe de governo chegou prometeram não fazer? E que conhecimento a sê-lo mensalmente, dedicando-se em exclu- ou capacidades têm para pedir ajuda (desculsivo à governação. Não podia receber familia- pa) a quem, em 15 dias, sabe tudo sobre Portures ou amigos no palácio a tal destinado (ainda gal, e eles, sempre por cá, abdicam do que dinão havia partidos). Foi quase sempre cida- zem saber... saberão? Pior ainda, exaurindo até de autónoma, e já nos primórdios a legislação à medula quem não pode escapar, arruinando contemplava urbanismo e ordenamento do a Economia e fazendo tábua rasa do que deveterritório, e como tal respeitados. Privilegiaram ria ser a principal preocupação, o emprego dos sempre o indivíduo no conceito da cidadania e portugueses, pagam milhões de comissões peda responsabilidade comunitária. los “conselhos”, e fazem crer que poupam nos E porquê Dubrovnic? Por que tem algo em salpicos que sacodem da gordura que apregocomum com a minha Vila Real. Não são o esti- aram desbastar. Quem faz a pergunta essencial lo, condições de vida e preocupações, nem tão para agir em conformidade? Onde é que está o pouco os conceitos sociais ou o aproveitamen- dinheiro que não se sabe do paradeiro mas que to turístico. Também não é a história recheada não é difícil descobrir? Se nacionalizam bancos de lutas e ocupações, com um arreigado sen- que foram assaltados, porque não pedir o que tido de liberdade e independência muitas ve- levaram de “empréstimo” ou fazer reverter a zes perdidas e tantas outras recuperadas. É o favor do Estado o que não provarem ter a ele S. Brás, padroeiro da cidade croata, ainda hoje direito? A questão que há muito me assalta é omnipresente, seja nas suas lendas, tradições, sempre a mesma. Quando se noticia uma qualHistória, Cultura e fé, seja nos produtos que quer falcatrua ou desvio há povos em que a sovende. Na “Bila” fica-se pelas ganchas, rebuça- ciedade os condena. Aqui, ficam à espera de sado em forma de báculo ou, segundo outros, de ber como foi para ver se podem fazer o mesmo. «falo», que a 3 de Fevereiro evoca o santo, com Estão à espera de quê?
[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]
opinião
Cenários de Envelhecimento Cláudia Moura
DO ENVELHECER AO ENVELHECIMENTO Contrariamente ao que se ouve envelhecer não tem de significar decadência nem dependência, contudo é impossível negar o declínio biológico a que todos estamos sujeitos. Mudanças essas que exigem um esforço permanente de adaptação às novas condições de vida. DEIXO-VOS A PENSAR … Não obstante, a velhice é um período de grandes mudanças no plano biológico, psicológico e social, bem como no plano das relações pessoais, constituindo um momento árduo na vida da pessoa idosa. Ora, certos de que estamos perante um dos desafios mais relevantes do século XXI, o fenómeno social da velhice, importa conhecer a trajectória de vida destes actores sociais, que representam os idosos, bem como o seu impacto na sociedade. Esta é uma realidade que nos conduz à reflexão de questões de elevada importância. Pois se por um lado, é importante pensar na idade da reforma, nos meios de subsistência, na qualidade de vida dos mais velhos e no seu estatuto na sociedade, por outro uma sociedade formada por pessoas mais velhas pode ser um espaço de oportunidades diversas em variadas áreas de intervenção. Para tanto, a velhice não deve ser encarada como um problema, mas antes, como parte natural do ciclo de vida. Isto porque, viver o mais tempo possível, de forma independente e autónoma, deverá ser, para além de um objectivo individual de vida, uma responsabilidade colectiva para com os idosos. Assim, viver mais anos não será um problema, mas uma conquista que passa pela necessidade de encarar o envelhecimento como uma etapa do processo da vida. O aumento da esperança de vida acarreta desta forma encargos com o idoso, consequência das mudanças na estrutura familiar e a emergência do papel activo na sociedade. Por isso, é importante de referir as modificações sentidas nos modelos familiares ao longo dos tempos. Ora, se nas sociedades tradicionais o núcleo doméstico era extenso, composto por várias gerações, onde a figura do idoso era quem detinha a autoridade e quem assumia maior importância social. Com a industrialização das sociedades, assiste-se a uma mudança na organização da instituição familiar, a ideia de grupo foi substituída por uma lógica de individualismo. Ora o envelhecimento demográfico e a reestruturação social e familiar têm sido os factores que mais impulsionam as preocupações manifestadas sobre o envelhecimento e suas consequências. O seu entendimento passou, assim, a merecer a atenção das ciências sociais para um aprofundamento do conhecimento deste fenómeno. Podemos concluir que estabelecer uma relação de ajuda com o idoso não deverá constituir uma tarefa ou um trabalho, mas sim uma forma de viver com ele e de o acompanhar nesta etapa da sua existência. Pois, a relação de ajuda com o idoso não visa mudar o seu estilo de vida, nem levá-lo a simular que se adapta. Consiste sim, em ajudá-lo a aceitar-se tal como ele é, mais, em conhecer-se para atingir um nível mais alto de independência. Envelhecer é portanto, algo único, próprio e complexo. Desta forma, a questão que se coloca é: qual a possibilidade de pensar modos de ser e viver o envelhecimento? claudiamoura@portugalmail.pt Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.
99€
OFERTA GASTRONÓMICA DE EXCE AMARANTE Restaurante Largo do Paço Situado entre o Porto e o Douro, o restaurante Largo do Paço ostenta 1 Estrela Michelin desde há alguns anos e é o único espaço de restauração com tamanha distinção no norte do país. Para tamanha honra, o Largo do Paço conta com um ambiente requintado, acolhedor e sobretudo uma equipa de profissionais desejosos de satisfazer os comensais. O destaque desta unidade de restauração, que orgulha Amarante, vai naturalmente para a cozinha, que confecciona os sabores da região, os produtos frescos da terra e do mar e a
gastronomia portuguesa. Os menus mudam sazonalmente, de forma a incorporar os produtos mais frescos e orgânicos disponíveis no mercado. Nas palavras dos seus responsáveis, a premiada cozinha na Casa da Calçada tem procurado evidenciar as raízes portuguesas, complementadas entre o contemporâneo e o tradicional.
Telefone: 255 410 830 http://www.casadacalcada.pt
RESENDE
Restaurante A Tília
Restaurante situado no centro de Caldas de Aregos, principal pólo turístico de Resende. Segundo a página desta unidade de restauração, "A Tília" é um espaço "pensado e desenvolvido para proporcionar excelentes momentos aos seus clientes, quer saboreando a gastronomia e produtos da região quer vivendo as noites temáticas que acontecem regularmente". Como sugestões gastronómicas, este restaurante apresenta alguns dos pratos de referência deste território: Anho assado com arroz do forno, Posta de Vitela Arouquesa, Polvo à Lagareiro e Bacalhau com Brôa.
Telefone: 254 874 041 http://www.atilia.colheitacerta.com/ OutrAs UNIDADES no concelho
Restaurante Zé da Calçada
É o restaurante mais conhecido de Amarante. Serviu grandes personalidades e a sua criação remonta ao século XIX. Além da excelente gastronomia ali servida, a principal característica da casa é a varanda sobre o rio Tâmega, de onde se contempla o rio e o centro histórico. A lista é variada e integra alguns pratos típicos da região: Bacalhau à Zé da Calçada, Posta Maronesa, Cabrito Assado, Rojões e Cozido à Portuguesa. Os doces conventuais de Amarante são a opção, obrigatória, à sobremesa.
Telefone: 255 426 814 http://www.zedacalcada.com
OutrAs UNIDADES no concelho A Quelha, rua de Olivença, t. 255 425 786; Príncipe, Lg. Conselheiro António Cândido, t. 255 431 009; O Pescador, Av General Silveira, t. 255 422 004; Quinta do Outeiro, Outeiro de Baixo, t. 255 010 092; Amaranto, rua Acácio Lino, t. 255 422 006; Casa Silva, Larim, Gondar, t. 255 441 484; A Eira, Tarrafal, Telões, t. 255 095 490; S. Gonçalo, Prc República, t. 255 432 707; Quinta da Lama, Real, Vila Meã, t. 255 733 548; Casa Coelho, Boavista, Cepelos, t. 255 422 664; Pousada de S. Gonçalo (Marão), Ansiães, t. 255 460 030.
O Caldas, Caldas de Aregos, t. 254 875 836; Douro à Vista, Lg Quintela, t. 254 877 900; Gentleman, Resende, t. 254 871 113; Douro Park Hotel, Caldas de Aregos, t. 254 870 700; Casa Fundo da Aldeia, Anreade, t. 254 875 290; Quinta da Granja, Cárquere, t.254 870 130; Marco Aurélio, Resende, t. 917 555 311.
CINFÃES
Restaurante O Meu Gatinho
Aberto desde 2001, é um dos restaurantes de referência da vila de Cinfães e dos poucos que tem apreciação no sítio Lifecooler. Com pouco mais de 30 lugares, esta unidade de restauração serve a posta arouquesa, expoente da carne desta região da margem esquerda do Douro. Entre as especialidades da casa, destaque também para o bacalhau com broa, o polvo no forno, o bife na tábua e os filetes de bacalhau.
Telefone: 255 563 930 http://www.restauranteomeugatinho.turismoruraldouro.com.pt OutrAs UNIDADES no concelho
Solar de Montemuro, t. 255 571 715; O Rabelo, rua Cap. Salgueiro Maia, t. 918 432 650; Encosta do Moinho, Gralheira, t. 255 571 159; Penedo de Santa Bárbara, Cinfães, t. 255 563 988; Recanto dos Carvalhos, Gralheira, t. 255 571 566; Varanda de Cinfães, t. 255 561 236; Porto Antigo, t. 255 560 150.
Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN
LÊNCIA NO ESPAÇO DOURO VERDE BAIÃO
Restaurante Pensão Borges É o mais reputado restaurante de Baião, considerado a "catedral" do anho assado no forno. A iguaria é servida com o arroz, também cozido no forno a lenha em alguidares de barro, sobre o qual pinga a gordura da carne, além das batatas e dos inesquecíveis grelos. Um reconhecido sítio de gastronomia – lifecooler.com – vai ao ponto de assinalar que na Pensão Borges se come o melhor anho assado a norte do Douro. Para acompanhar o anho, nada melhor que o vinho verde de Baião, branco ou palhete, ou até o espumante de vinho verde. O restaurante serve variadas marcas ou não fosse este território um dos berços do vinho verde, com dezenas de produtores-engarrafadores. Quem não for apreciador de anho assado, também pode deliciar-se com o bacalhau, com a posta de carne arouquesa, acompanhados de batata a murro, com os panados de vitela ou o arroz de feijão com enchidos.
Telefone: 255 541 322 http://residencialborges.com http://pt-br.facebook.com/pages/Restaurante-Pensão-Borges/226424730709160
OutrAs UNIDADES no concelho
MARCO
O Almocreve, Portela do Gove, t. 255 551 226; Avô Salvador, Ovil, t. 255 542 073; Casa do Lavrador, Santa Cruz do Douro, t. 254 885 143; Pri-
mavera, Campelo, t. 255 542 895; O Alpendre, Gove, t. 255 551 207; Barriga Farta, Ermida (S. M. Zêzere), t. 254 888 103; Fonte Nova, Campelo, t. 255 541 257; Tasquinha do Fumo, Almofrela (Campelo), t. 255 542 363.
Restaurante Tongóbriga
Este novo espaço da gastronomia marcuense, que aproveita a envolvência natural e histórica da Área Arqueológica do Freixo, abriu há pouco meses e está a tornar-se uma referência por aliar a cultura ao prazer da comida. Desde julho que o restaurante tem programado jantares musicais, de que foi exemplo uma evocação de Zeca Afonso e Carlos Paredes, ao som da guitarra de Coimbra. A direcção do restaurante desafia os clientes a provarem "alguns dos tesouros gastronómicos da região", como pode ler-se na página do Facebook.
Telefone: 914 513 139 http://www.facebook.com/pages/RestauranteTongobriga/170591823006849
PENAFIEL Restaurante O Engaço
OutrAs UNIDADES no concelho O Plátano, Fornos, t. 255 534 349; Pensão Magalhães, Fornos, t. 255 522 134; Albufeira do Tâmega, S. Nicolau, t. 255 534 420; Quinta dos Agros, Sande, t. 255 581 473; Nantilde, t. 255 522 507; Ponte de Pedra, Torrão, t. 255 614 990; Tanoeiro, Fornos, t. 255 532 611; O Telheiro, S. Nicolau, t. 255 523 344; Momentos, Tuías, t. 255 535 475; Cancela Velha, Fornos, t. 255 523 630; Solar do Muro, Toutosa, t. 255 530 910; Vasco da Gama, Fornos, t. 255 534 147; Rio de Sabores, Sobretâmega, t. 912 328 918; Penhadouro, Penhalonga, t. 255 582 994; Caravela, Fornos, t. 255 521 021; Ferrador, S. Nicolau, t. 255 522 126; Marcoense, Fornos, t. 255 523 116; Tudo na Brasa, Fornos, t. 255 522 196.
O Engaço, situado em Casais Novos, Recezinhos (no entroncamento da EN 211 com a EN15), é um projecto financiado pelo ProDer que apostou numa gastronomia regional e de proximidade com os produtores, servindo à mesa muitos produtos locais, nomeadamente os hortícolas. Trabalha com uma lista de pratos por dia de semana, destacando-se as sugestões do chefe: massada de tamboril, carnes com migas de broa caseira, picanha e o peixe fresco do mar, como fazem questão de salientar os responsáveis da casa. Tem 50 lugares e parque de estacionamento privativo. Encerra à terça-feira.
Telefone: 255 724 209 Textos e imagens editados com base na informação promocional das unidades turísticas aqui apresentadas
22 novembro '11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
crónica & artes
Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]
A.M.PIRES CABRAL
A SEMIRRETA O Expresso, um dos primeiros jornais portugueses a avalizar a vergonhosa almoeda da nossa língua, adoptando pressurosamente o assim-chamado Acordo Ortográfico, distribuiu há tempos um cadernozinho dedicado ao enxalmo. Folheando-o em busca de um norte para o uso do hífen, descobri coisas mirabolantes. Descobri por exemplo que se deve escrever ‘bemfalante’ e ‘bem-visto’, mas ‘benfazejo’ e ‘benfeito’. Descobri que se deve escrever ‘cor de laranja’, mas ‘cor-de-rosa’. Procurava eu encontrar alguma réstia de lógica nisto, quando me cai debaixo dos olhos a palavra ‘semirreta’. Dou-lhes a minha palavra de honra: poucas vezes me tenho rido tanto como com o estafermo da ‘semirreta’. Entre gargalhadas quase espasmódicas, tive de pôr de lado a brochura, mas o riso continuou a visitar-me ao longo de todo o dia. Mesmo à noite, já à boca de dormir, lembrou-me outra vez a ‘semirreta’ e rompi a rir desabaladamente, causando não pequena perplexidade a minha Mulher, que, por contágio, acabou por rir também. ‘Semirreta’! Aqueles fulanos nem as pensam. Geram assim mostrengos do calibre da ‘semirreta’ e não lhes dói a consciência nem lhes dá rebate o bom-senso nem o bom-gosto. De qualquer modo estou-lhes agradecido, pois, acabrunhado como ando com tantas más notícias e prenúncios de notícias ainda piores, proporcionaram-me um dia de desopilação do fígado por interposta ‘semirreta’. Mas estou se calhar a ser injusto. Não se ouvem já por todos os areópagos internacionais hossanas e bem-hajas pela unificação ortográfica do Português? Os participantes
em fóruns e congressos dão graças a Deus porque já não ficam confundidos por em Portugal se escrever ‘actor’ e no Brasil ‘ator’. (Não obstante este grande e notável avanço, continua a haver quem não perceba por que é que em Portugal se escreve ‘receção’ e no Brasil ‘recepção’. Mas nada é perfeito, não é verdade? Lá chegaremos.) Mas não se trata apenas de uma questão de prestígio internacional. A coisa tem também implicações económicas e financeiras. Consta mesmo que a Moody’s, a Fitch e a Standard and Poor’s ponderam já subir numa data de níveis (supõe-se que para Ah! Ah! Ah!) a notação de Portugal, considerados os grandes benefícios para a redução do défice que se espera venham a resultar da aplicação do acordo. Então, senhores acordo-cépticos: valeu ou não valeu a pena haver uns quantos sujeitos que queimaram as pestanas para nos dar de presente este primor do acordo? E volta-me à ideia o enxovedo da ‘semirreta’. O que eles fizeram da «nossa Português, casta linguagem»! Professores de Português de todas as escolas! Jornalistas de todos os órgãos de comunicação social! Erguei-vos como uma só pessoa contra a ‘semirreta’! Só tendes a perder as grilhetas da submissão ao brasileiro.
Como vai essa saúde? 2011 Cartoon de outubro Na edição de outubro, a legenda do cartoon não foi substituída e saiu errada. O desenho de Santiagu referia-se a D. Antónia Ferreira (Ferreirinha).
O OLHAR DE... Eduardo Pinto
1933-2009 Quietude - Rio Tâmega - Amarante - Anos 50
Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.
pirescabral@oniduo.pt
Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.
Fundado em 1984 | Jornal/Revista Mensal Registo ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89 Redação: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689) Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Manuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958), Daniel Faiões (TP 991).
Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo. Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Marco, Baião Repórter/Marão Online
Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 Apartado 4 - 4630-279 MARCO DE CANAVESES Cap. Social: 80.000 Euros – Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa. Impressão: Multiponto SA - Baltar, Paredes Tiragem média: 27.000 a 30.000 ex. (Auditados) | Associado APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Nº 486
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diversos | crónica
novembro '11
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Toyota apresenta nova geração do Yaris
A Toyota lançou no mercado a terceira geração do Yaris, o modelo mais vendido da marca nipónica e que surge com elevados padrões de segurança e conforto para este segmento. Com a mensagem “Apaixone-se outra Vez”, apelando à positividade perante a vida, a Toyota apresentou uma nova geração daquele que é o líder em vendas, desta feita com um design mais desportivo, mais dinâmico, com os interiores remodelados, com redução das emissões de CO2 e consumo e um sistema multimédia e de conectividade – sistema touch – para captar os mais jovens. Disponível em três versões (Active, Confort e Sport), entre gasolina e diesel, o preço do Yaris varia entre 12.980 € e 18.670 €. M. F.
Nissan cresce 4% no mercado nacional A Nissan obteve em setembro a sua quota de mercado mais elevada de sempre na Europa (4,2 %), quebrando assim um recorde de 16 anos, anunciou a marca em comunicado. O mês recordista mostra que a empresa está no caminho certo para atingir um dos desafios do seu plano a médio prazo: estabelecer a Nissan como a marca asiática de maior volume na Europa até 2016. As vendas foram impulsionadas pelo êxito da família de Crossovers da Nissan, incluindo o Qashqai e o JUKE. Em Portugal, num mercado a cair cerca de 34% (veículos ligeiros), a Nissan aumentou a sua quota de 2,8% em 2010 para 3,3% em Setembro deste ano (e 3,9% no valor acumulado de 2011). A Nissan conta em Portugal com uma rede de 19 concessionários.
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repórterdomarão
António Mota
Afonso e Alexandra Um vez li, ou disseramme, já não sei precisar, que o espanto é como a sombra, segue-nos a vida inteira. Mas a sombra, como o espanto, nunca têm as mesmas medidas, dependem sempre da altura do nosso olhar. Digo-te isto, Afonso, porque nunca pensei que me tratasses desta forma. Eu acho, sinceramente, que não merecia ter de passar por este vexame. Porque é que não falaste comigo? Porque é que não me disseste, olhos nos olhos, que eu há muito tempo deixei de fazer parte da tua contabilidade de afetos? O que nos aconteceu, Afonso? Eu não mudei, eu acho que continuo a mesma Alexandra de sempre. A Alexandra que sempre te fez os pastéis de bacalhau e o arroz de feijão vermelho, que tanto aprecias, e eu não suporto. A Alexandra que te lavou a roupa, que te comprou as camisas, as meias e as cuecas, e te cortou as unhas dos pés. A Alexandra que foi passear contigo nos primeiros domingos de cada mês, anos a fio teve de ouvir em silêncio o relato das partidas de futebol e os respetivos gritos histéricos, que tanto me irritavam e, por vezes, até enjoavam. A Alexandra que nunca se negou a pacificar os teus impulsos de macho, ultimamente muito raros, muito espaçados no tempo. Nunca quiseste falar comigo sobre esse assunto. Sempre me disseste que estava tudo bem, e quis acreditar que era verdade. Afinal, estava tudo péssimo. Há bocadinho estive a olhar para o espelho e não acho que esteja assim tão mal, tão velha, tão inútil. Sim, tenho algumas rugas, mas eu acho que as rugas são sinais de sabedoria. Não se pode ter tudo. Os meus olhos continuam verdes, e o cabelo não me pareceu mal, curto, preto, da cor que tu sempre disseste que me ficava bem, embora eu gostasse dele mais acastanhado. O que nos aconteceu Afonso? Eu queria odiar-te, eu queria dizer-te palavras que te ferissem a alma, mas não consigo.
Foi por eu ser assim, tão apaziguada com a vida que tinha, que tu te fartaste de mim? Ainda estou a digerir as palavras que deixaste neste papel que tenho na mão, que me parecem tão absurdas. Porque é que não falaste comigo, olhos nos olhos, com coragem, como dizem que os homens devem fazer? O que é que eu fiz de mal, Afonso, para ser tão maltratada? Será por não teres sido pai? Não, não admito que me culpes. A natureza não quis que eu pudesse gerar e criar um filho teu, que queres que faça? Que passe a vida revoltada com tudo e com todos? Não, não sou dessas pessoas que parecem que gostam de contemplar as mágoas que estendem sempre que têm um auditório por perto. Neste papel, que estava em cima da mesa, dobrado em quatro, pronto a ser enfiado no envelope que não chegaste a usar, escreveste, sem usares uma única vírgula: Alexandra não aguento mais esta vida de faz de conta que somos felizes porque bem sabes que não o somos. O nosso casamento acabou há muitos anos. Sem ressentimentos, vou começar outro caminho. Podes fazer o mesmo. Pensei que te conhecia melhor, pensei que ainda gostavas de mim, pensei que te davas bem com o conforto de seres o meu homem, o meu marido, pensei que o século vinte ainda continuava. Pensei que estavas acomodado a esta vida sem grandes sonhos e sem grandes incertezas. Imaginei tanta coisa para me sentir bem, e afinal estava tão enganada. O que nos aconteceu Afonso? Que caminho queres que siga uma mulher que de repente se sente substituída por ter ultrapassado o prazo de validade?
anttoniomotta@gmail.com