repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
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D E Z E M B R O ’ 11
Nº 1258 | dezembro '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 25.000 ex.
D. António Couto
A infância difícil do menino ‘órfão’ que chegou a bispo Designado Bispo de Lamego, onde toma posse no final de janeiro, o percurso de vida de D. António José da Rocha Couto nem sempre foi fácil. Lutou para ser padre e acreditou que ia conseguir. Nasceu em Vila Boa do Bispo, freguesia de Marco de Canaveses onde permanecem as suas origens. Cresceu sem a presença de um pai e foi ao lado da mãe, da avó e da irmã que se fez homem. Tinha apenas dois meses quando o pai, que até então trabalhou sempre nas minas do Pejão, partiu para o Brasil e nunca mais voltou.
ROSCAS EM BRAGANÇA
castanha na terra fria
COGUMELOS SHIITAKE
GERMANO SILVA
A festa que acontece de porta em porta
Um filão da cor da terra
Dos troncos de Amarante p'ra Europa
Cicerone da memória do Porto
O frio entra-me pelas botas. Bato com pés no chão, devagar, para que os dedos não se assustem. Abro a porta de casa e a minha prima está no alto do muro, do outro lado. O Pai Natal não existe, diz-me. O sol frouxo rompe pela franja que me baloiça nos olhos. O Pai Natal não existe. Limpo os olhos na manga da camisola amarela. O sol faz-me chorar. Mesmo frouxo de inverno. A minha prima cola a frase no ar e fixa-se em mim, entre risos. Tapo as orelhas com as mãos. Está frio. Não quero que a minha mãe ouça o que ela está a dizer. Fecho também os olhos. Assim. É escuro e quente e tenho medo. Ouço um som compassado. Puxo o cobertor mais para cima, mais para mim. A minha respiração humedece o lençol à volta da boca. É noite lá fora e aqui dentro é triste. A noite é grande como um buraco feito nas calças de cair. A aletria dorme nos pratos. As rabanadas sacodem-se de canela e mergulham num doce sono. Por ser Natal, o bolorei adormece junto aos súbitos. Só os meus ouvidos não dormem. Ouço os passos de quem sobe as escadas. O Pai Natal não existe. Tapo as orelhas com as mãos que não estão frias. O muro da rua está vazio. O Pai Natal não existe. Quando o dia acordar, o Pai Natal vai ser sorrisos e som de papel a rasgar. E se o dia não acordar? E se for para sempre véspera de Natal? Sonho com a minha prima a sorrir para mim de cima do muro a
D. António Couto | De Vila Boa do Bispo a Auxiliar em Braga e
Abandonado pelo pai, lutou Joana Vales | joana_vales@hotmail.com | Fotos Diário do Minho, D.R. e J.V.
Seguiu as palavras de Deus e desde pequeno que encontrou o caminho da fé. Hoje é Bispo de Lamego mas o percurso de D. António José da Rocha Couto nem sempre foi fácil. Lutou para ser padre e acreditou que ia conseguir. Nasceu em Vila Boa do Bispo, uma freguesia de Marco de Canaveses, e lá deixou as suas origens. Cresceu sem a presença de um pai e foi ao lado da mãe, da avó e da irmã que se fez homem. Tinha apenas dois meses [nasceu a 18 de Abril de 1952] quando o pai, que até então trabalhou sempre nas minas do Pejão, partiu para o Brasil e nunca mais voltou. A mãe, o seu grande suporte, sempre lhe incutiu os valores transmitidos por Deus e pela fé da Igreja Católica. Cedo, com apenas quatro anos, começou a frequentar a catequese juntamente com a irmã, Maria Couto, dois anos mais velha.
O pároco Manuel Machado via em António uma criança especial e algum tempo depois já ajudava na missa. “Às cinco da manhã, levantavase e ia para a Igreja. Era muito engraçado porque como ele ainda era pequenino mal chegava ao altar mas, o padre gostava muito dele e sempre o motivou muito”, recordou a irmã de António. António fez a quarta classe com distinção e a mãe sonhava com um futuro promissor como mecânico ou como carpinteiro. Mas, o destino estava traçado e António queria segui-lo. “Um dia, ele chegou a casa, no verão, e disse que não queria ser mecânico, nem carpinteiro mas sim padre. Na altura a minha mãe ficou muito aflita porque era preciso dinheiro para o enxoval e para os estudos e nós não tínhamos possibilidades”, conta Maria Couto. Viviam numa casa pequena perto do monte onde Maria e António iam tantas vezes buscar le-
nha. A mãe fazia trabalhos de costura e a avó passava os dias no tear. O dinheiro era pouco e não chegava para pagar os estudos a António num seminário. A irmã saiu da escola com 11 anos e foi para o Porto, onde tinha uma tia, para servir numa casa de patrões ricos. A vontade de António de seguir o caminho da Igreja era tanta que com a ajuda do padre, das irmãs da congregação e da família conseguiu ir para o Seminário da Sociedade Missionária no convento de Cristo. “Na altura a minha mãe tinha muito medo que ele fizesse lá os estudos e depois desistisse. Dizia que as pessoas iam pensar que ele se tinha aproveitado da boa vontade delas só para conseguir os estudos. Mas depois viu que ele queria mesmo seguir o caminho de Deus e que nunca iria desistir de ser padre”, explica a irmã. Na adolescência, o ilusionismo ganhou um
D. António Couto (da esquerda para a direita): Bispo Auxiliar de Braga; foto oficial
contar-me coisas que cabem em abraços. Sonho com o sol a entrar-me pela franja sem me fazer chorar. A minha mãe vem à porta e ouve que o Pai Natal existe. Conta-me que eu até já o vi! Rua de Santa Catarina. Porto. Cinco anos. Deu-me uma caneta mas eu não sabia escrever. Talvez um dia aprendesse, num daqueles dias que fazem a gente crescer. Os dias foram-se multiplicando por dentro do Natal e escorregaram devagar para o canto onde vive a recordação. E eu cresci na dimensão do que já foi. Abro e fecho os olhos muito depressa. O escuro é sempre escuro. Os pés que sobem as escadas são do meu pai mas eu não me importo porque para mim são do Pai Natal que também é pai, mas do Natal. Afasto um pouco os cobertores mas ouço a minha prima a rir do alto do muro. O Pai Natal não existe. Debaixo dos cobertores com as orelhas tapadas e com as mãos quentes o mundo é perfeito. Tem o exato tamanho dos sonhos que durmo. No Natal a noite também é escura, mesmo sendo uma noite de luz. No Natal a minha avó não está e a casa enche-se de saudades que se cumprimentam à entrada e não se largam à saída. No Natal os olhos ficam molhados de frio e as pestanas seguram dias que hão de vir. No Natal os mortos habitam os vivos numa ligação de para sempre. No Natal o menino é de barro e o Pai Natal fica sentado no muro da casa da minha
prima numa existência esbatida a carvão. Ligo a televisão. Homens e mulheres passam rápido, falam rápido, vivem rápido. Homens e mulheres pendurados nos muros negam a existência uns dos outros. Constroem árvores de plástico que enfeitam com vales verdes de descontos. Cruzamse à consoada para as estatísticas e abastecem o depósito na gasolineira que der mais pontos. Mudo de canal. Homens e mulheres oferecem orçamentos com cortes nos laços. Homens e mulheres escorregam dos muros, porque se esqueceram das asas. Desligo a televisão. Abro a porta. Com os dedos frios raspo o musgo do muro. O sol entra-me pela franja e faz-me chorar. Limpo os olhos com a manga da camisola. Telefono à minha prima. O Pai Natal existe, não existe? Ela responde-me. Sim. O muro é que não.
Eduarda Freitas
agora a titular na Diocese de Lamego
muito para chegar a bispo espaço importante na vida de António. “Ele adorava aquilo, passava horas a fazer ilusionismo. Os amigos ficavam imenso tempo a vê-lo porque ele tinha mesmo muito jeito”, recorda Maria. António, um homem “reservado e muito justo”, era ordenado padre aos 28 anos em Cucujães. Os primeiros anos de sacerdócio foram vividos no Seminário de Tomar e no serviço militar em Tancos, como capelão. “Ele sempre foi muito ligado à família. Escrevia muitas cartas a contar como estava e o que ia fazendo. Os nossos laços foram sempre muito fortes e ele nunca se esqueceu de nós”. Partiu para Roma onde se licenciou em Sagrada Escritura, passou dois anos em Jerusalém onde fez o doutoramento, foi professor em Luanda e na Universidade Católica. De 1996 a 2002 foi reitor do Seminário da Boa Nova, em Valadares, posteriormente foi eleito Superior Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova. Em 2007,
foi ordenado Bispo Auxiliar de Braga e agora é Bispo de Lamego, uma diocese com 144 mil pessoas e mais de 220 paróquias. Segundo um estudo sócio religioso realizado pela diocese lamecense, D. António Couto vai encontrar um território "que está a perder a identidade cristã, especialmente no domínio da família". O seu percurso no seio da Igreja foi sempre pautado por “muita humildade e modéstia”. “Ele continua a ser o mesmo António. Uma pessoa muito justa que não prejudica ninguém, muito ligado à família e muito inteligente”, diz a irmã com orgulho. António nunca deixou de visitar a família e vai com regularidade à terra onde nasceu. “Vem cá muitas vezes. Adora os sobrinhos e gosta muito de passar um bocadinho connosco”. Sempre que pode tirar uns dias de férias, ruma ao Marco de Canaveses. “No verão, o meu irmão vai sempre até ao monte, perto da casa onde vivíamos, e fica
lá um bocado a recordar a infância e o tempo que passamos juntos”. A mãe faleceu há 14 anos e o pai nunca o conheceu. Em Vila Boa do Bispo encontra a família e é abraçado pelos sabores da terra. “Não é exigente. Apenas não gosta de peixe e pede-me sempre para salgar umas cebolinhas”, diz a irmã com um sorriso. Onde nasceu, todos sentem orgulho no Bispo e prova disso é o nome da rua principal. “Falamos com as pessoas e decidimos que esta rua, que fica junto à casa do povo, deveria chamar-se Rua D. António José da Rocha Couto, porque é uma alegria grande ter uma pessoa da terra com um lugar tão importante na Igreja”, explicou o presidente da junta. Dia 29 de janeiro, aos 59 anos, vai ser oficialmente ordenado Bispo de Lamego e a irmã, os sobrinhos e os primos vão lá estar.
(Agência Ecclesia); na infância, com a mãe e com a irmã; na adolescência, com a família e numa época em que mostrou aptidão para o ilusionismo; os familiares mais chegados: cunhado, irmã, sobrinha e o primo mais novo.
TRADIÇÕES | A pirâmide das roscas numa aldeia de Bragança
A festa que acontece de porta em porta Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos D.R. Nem o tempo nem a desertificação populacional esmorecem certos costumes do Nordeste Transmontano. Em Outeiro, freguesia a 24 quilómetros de Bragança, a população vem para as ruas em honra do S. Gonçalo, que este ano se comemora a 7 de janeiro. É nesta festa que todos se tornam membros de uma grande família. “Desde sempre que me lembro de se fazer esta festa, mas não da maneira como é agora. Antes, os mordomos eram quatro rapazes e quatro raparigas solteiras; as roscas eram de pão, não levavam ovos e os homens compravam os ramos para oferecer às moças”, conta Ana Maria Rodrigues, 82 anos. O neto sempre ouviu dizer que em tempos idos houve uma epidemia que matou muita gente e o povo socorreu-se do S. Gonçalo. “Prometeram que, todos os anos, fariam uma festa em sua homenagem caso as suas preces fossem ouvidas e assim foi”, acrescenta Miguel Melo. Originalmente, a data da festa é 10 de janeiro, mas a comemoração acontece no fim de semana mais próximo. Por essa altura, são muitas as pessoas que não resistem a conhecer de perto o ritual que até já mereceu destaque num documentário feito por uma televisão chinesa. Charolo: um artefacto invulgar O olhar não escapa à imponência do Charolo, uma espécie de andor em forma de pirâmide que é coberto pelas roscas e enfeitado com cinco ramos, com doçaria caseira, guloseimas e frutos secos. Com cerca de dois metros de altura, o Charolo é colocado na Igreja de Santo Cristo, santuário que figura em vários roteiros turísticos, em lugar de destaque como se de um andor de um Santo se tratasse e integra também a procissão, aos ombros de quatro homens. Posteriormente, é colocado bem à vista do povo que aguarda o momento do leilão, onde as roscas podem ser vendidas a preços que oscilam entre os 5 e os 20 euros. O remate é feito peça a peça ou, por vezes, juntando duas roscas no mesmo lance. Posteriormente, ao som de uma música criada propositadamente pelos gaiteiros, cada mordomo está incumbido de “dançar a rosca”. Para tal, perfilam-se e, uns metros à frente, nasce uma nova fila com os pares que escolhem. Os homens erguem as roscas e as mulheres dançam de braços no ar. “Quando se escuta um som mais agudo e um toque forte do bombo, rapidamente
devem trocar de posição e bater com os traseiros, por isso, é também conhecida como a dança do bate-cu”, explica o jovem. Pendurada no Charolo ou a supervisionar a dança feita em seu nome, a rosca é, sem dúvida, a rainha da festa. Três sacas de farinha, 1.5 kg de fermento caseiro, 22 dúzias de ovos, 15 kg de açúcar, sumo e raspa de 10 kg de laranjas, leite, manteiga, azeite e aguardente ou Vinho do Porto incluem-se na receita respeitada, ano após ano, pelos mordomos e suas famílias. As roscas apresentam um formato circular, assemelhando-se a um sol, embora possam assumir formas de animais, a representação do próprio Santo ou ainda casais de namorados para que a bênção divina recaía sobre eles. Entregas e despedidas Ao repasto de butelo com cascas, segue-se a entrega da festa aos mordomos novos, sendo que a nomeação obedece à disposição topográfica das ruas da aldeia. À porta de sua casa, cada mordomo dança com uma rosca na mão bem levantada e, no final, partilha-a com os presentes. “Faz-se a despedida dos mordomos que fizeram a festa, chamados então mordomos velhos, e entrega-se aos mordomos novos. Uns e outros dão de beber e comer à sua porta. Esta ementa é normalmente constituída por doces, bolachas, bolos, roscas, as famosas «talaças» da tia Ana Maria e servem-se licores ou vinhos”, relata. Esta ronda termina na casa do presidente da Junta de Freguesia, onde não se foge à regra e se faz nova paragem para satisfazer o palato. A festa fica a cargo de 10 novos mordomos e Miguel está preparado para aceitar mais uma vez essa missão: “é a melhor festa do ano, em que todo o povo se junta e se passeia pela aldeia.” Pandorcada noite fora É pelo atroar de um foguete, lançado depois do jantar, que se percebe o início da Pandorcada, ou seja, um novo périplo pelas ruas ao som da gaita de foles, do bombo e da caixa. “Pára-se em todas as casas e é oferecida uma rosca pelo proprietário para ser dançada. No fim, são oferecidas bebidas e doçuras.” A Pandorcada termina depois de ter passado por todas as habitações. Mas a festa não acaba aí, porque os gaiteiros continuam noite dentro na Casa do Povo. “É tudo uma família nesta festa, junta novos e velhos, dos 8 aos 80”, conclui Miguel.
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ENTREVISTA | Alexandre Parafita empenhado na preservação da memória
'Histórias devem regressar à oralidade' Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos P. P. Os livros encerram “arte e manhas”, descobrem diabos e outros mafarricos, falam de lobos e raposas, têm fadas e feiticeiras dentro, relatam histórias “para ler e contar”. Nas capas, figura o nome de Alexandre Parafita, um transmontano que escreve para que as crianças possam crescer de uma forma saudável. “Quando os mais pequenos crescem à margem dos livros, serão adultos infelizes e desenraizados”, assegura. Com vários títulos publicados, o escritor transmontano molda as memórias que guarda dos tempos de catraio para chegar à mundividência infantil. “Mas há outra área que tem a ver com a invenção de histórias contadas em verso ou em prosa e que vão ao encontro das necessidades educativas dos nossos dias.” Aos 19 anos, Alexandre Parafita estreou-se com “Ah, Trás-os-Montes!”, um livro de poesia. Mais tarde, dedicou-se à literatura infantil e à produção de obras sobre mitologia e património imaterial. Mas os livros não devem ser mais do que “um ponto de passagem para que a história regresse ao seu habitat: a oralidade”. “Desde muito novo, senti o gosto pela escrita. Divertia-me muito a encontrar rimas para as palavras e sempre que os meus colegas tinham um apelido mais singular, aplicava-lhe logo uma rima”, lembra Alexandre Parafita. Com 10 anos, escrevia as cartas que as pessoas analfabetas da sua aldeia enviavam para os familiares mobilizados para a Guerra do Ultramar. Nessa altura, já cobrava direitos de autor, recebendo por cada missiva 25 tostões. Durante grande parte da sua infância, Alexandre Parafita conviveu intensamente com os avós maternos, os grandes protagonistas das estórias que acabaria por herdar para a vida. “O universo em que fui criado também se espelha naquilo que escrevo.” Se com o avô aprendeu a enxertar as videiras e a distinguir os assobios da cotovia, dos melros e dos estorninhos, com a avó ouviu contar lendas, provérbios e fábulas. “Os conteúdos da minha escrita procuram reutilizar as minhas memórias”, revela. Leitura conjugada com deleite Alexandre Parafita começou a escrever para crianças quando desistiu “em definitivo” de trabalhar como professor do Ensino Básico. “Uma criança que adquire hábitos de leitura vai ler durante toda a vida e vai tornar-se um cidadão culto, criterioso nas suas escolhas e criativo”, defende o agora docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Escrever com ludicidade e espicaçar a curiosidade são truques infalíveis para resgatar o interesse dos mais pequenos. “Procuro tirar partido das rimas, dos diálogos rimados de maneira a que quando a criança está a ler uma história, lhe soe bem aos ouvidos e sinta vontade de a reproduzir. As palavras têm que cantar nas páginas dos livros e isso não é fácil.” As histórias que nascem pelo seu punho vão tricotando o deslumbramento face ao enredo com a vontade de ler. “Quando introduzo reproduções de lendas de trasgos ou de lobisomens, não quero amedrontar a criança, mas despertar a sua atenção. Para um miúdo, a leitura tem de ser um ato de prazer e não uma obrigação.” E ao voltar de cada folha, espreita uma espiritualidade telúrica: “procuro ensinar às crianças que há espiritualidade nos montes, no murmúrio dos rios, no cantar dos pássaros”. “Magalhães nos olhos de um menino” é o mais recente trabalho, em coautoria com uma escritora brasileira. “As crianças têm o Magalhães nas suas mesas de trabalho e não sabem quem é o navegador Magalhães, uma figura da nossa História. Vai ser muito útil para acrescentar mais alguma coisa ao seu universo”, explica.
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Alexandre Parafita 10 janeiro 1956, Sabrosa Formação: Doutoramento em Cultura Portuguesa e Mestrado em Ciências da Comunicação Um livro: Os Lusíadas, de Luís de Camões Um filme: E Tudo o Vento Levou, de Victor Fleming Uma música: Fly Me To The Earth, dos Wallace Collection
Mundos paralelos Alexandre Parafita apresenta os seus livros em escolas de todo o país e participa em encontros com os leitores de palmo e meio. A curiosidade perante a trama engendrada é a reação que mais se repete. “Perguntam-me o que é uma alma penada, um trasgo ou porque escrevo tanto sobre demónios. Essas perguntas levam-me a perceber que vivemos em mundos que crescem de forma desequilibrada. Nos meios urbanos sabe-se pouco sobre as singularidades dos meios rurais. Numa escola a que fui, nem sabiam o que era uma peneira”, conta. Por isso, as suas obras também procuram estimular a curiosidade sobre a identidade transmontana. “O que está em causa é um fio da memória que se está a quebrar e que procuro, com os meus livros, recuperá-lo”, ressalva. Contudo, essas histórias “só fazem sentido na oralidade”, pois é aí que “ganham vida e conseguem introduzir os sinais da cultura por onde passam”. “Não quero que a história cristalize no livro. É preciso que as histórias regressem à oralidade”, sustenta. Arauto da preservação da memória Como investigador do património imaterial de Trás-os-Montes e Alto Douro, Alexandre Parafita tem vindo a publicar antologias e livros sobre essas temáticas, pois “por detrás das paisagens, há gente que tem rosto e alma”. “Se deixamos morrer o património imaterial, perdemos a oportunidade de conseguir interpretar o próprio conteúdo material da paisagem”, sublinha. Quando a voz da avó se calou, o escritor sentiu necessidade de procurar “outras fontes narradoras”. Foi então que começou a adotar a rotina de se deslocar aos centros de dia, aos lares de terceira idade e às aldeias recônditas, sempre à cata das histórias que desafiam o tempo. “Gosto de recuperar a memória e todo o meu trabalho em torno do património imaterial, para além de responder aos desafios que a minha formação académica exigiu, é a consciência que fui ganhando de que estes conteúdos são essenciais para se conhecer a identidade destes povos.” Ao trilhar este caminho, Alexandre Parafita mostra-se determinado em evitar que se perca uma riqueza “certamente valiosa no futuro”. “Estou a contribuir para que as novas gerações tenham algo a que se agarrar. Se os jovens no futuro não tiverem um conhecimento da sua identidade, estarão condenados a viver como as árvores que não têm raízes.”
TERRA FRIA | Produção, em ano médio, chega às 20 mil toneladas
Castanha: um filão da cor da terra Daniel Faiões | dfaioes@gmail.com | Fotos D.R. A produção de castanha tem vindo gradualmente a aumentar no Nordeste Transmontano e a posicionar-se como uma atividade cada vez mais estratégica no setor agrícola. Estima-se que a zona da Terra Fria produza, em ano médio, cerca de 20 mil toneladas de castanha por ano. O amor ao campo e às lides rurais, assim como o respeito que têm pela agricultura, são alguns dos fatores que levam dois engenheiros brigantinos, apesar de residentes em Lisboa e Porto, a sacrificarem as suas férias em benefício dos castanheiros que possuem. Mas a componente económica também pesa na decisão de preservar as propriedades da família. Nos concelhos da Terra Fria, nomeadamente Bragança, Vimioso e Vinhais, a produção já representa muitos milhões de euros. Ricardo Rodrigues, 31 anos e Pedro Serra, 32 anos, abandonaram a terra natal para se formarem em Engenharia Eletrotécnica. Mas, apesar de terem experimentado o bulício das grandes cidades, dizem nunca ter perdido as raízes que os agarram à terra. Recordações da infância “Desde miúdo que passava os fins-de-semana na aldeia com os meus primos. Vi e fiz quase todas as tarefas agrícolas. Quando vim para Lisboa estudar desliguei-me da terra, passando inclusivamente o 1º semestre sem lá ir. Depois nunca mais deixei de ir a Bragança nem aos eventos da minha aldeia, em Melhe. Participava na matança do porco e passava lá o Natal, Carnaval, Páscoa e as férias de verão”, explica Ricardo Rodrigues. Também Pedro Serra partilha das mesmas vivências relacionadas com a vida no campo, uma vez que viveu alguns anos na aldeia do seu pai, em Meixedo, e passava as férias com a avó em Ervedosa, aldeia da mãe.
É neste seguimento que surge todo o imaginário em torno da castanha, desde a plantação do castanheiro ao tratamento e apanha do fruto. Ricardo Rodrigues lembra os tempos de infância em que a apanha significava recordações doridas. “Fiz esse trabalho umas quantas vezes, mas tentava escapar-me dessa tarefa sempre que podia. É muito duro e quando a tua paga é só dor de costas, desmotiva um bocado.” Hoje em dia, as motivações são outras e a responsabilidade de tomar conta de umas centenas de castanheiros não dão margem para grandes lamentos lombares. Fonte de rendimento Ricardo reparte as suas férias entre os meses de fevereiro e de novembro. “Primeiro, para enxertar as árvores e tratar das lavouras e, depois, para apanhar o fruto. Pelo meio há ainda alguns fins-de-semana usados para cortar os mamões e supervisionar tudo o resto”, explica. Este apego aos castanheiros herdou-o do seu pai, entretanto falecido, que lhe deixou um projeto criado em 2005. “Agora tenho o compromisso de tratar dos castanheiros. Apercebi-me que as castanhas podem dar muito dinheiro e é uma muito boa oportunidade que o meu pai nos deixou para criar uma independência financeira.” Pedro Serra, por sua vez, olha para o negócio das castanhas de uma forma menos comprometida. Considerase ainda um “aprendiz” de agricultor, mas pretende, em breve, explorar os terrenos que possui e potenciar toda a produção dos seus soutos. “Atualmente, tenho poucas árvores com boa produção, pois está tudo meio abandonado. Tenho, no entanto, um projeto de recuperação dessas terras e a intenção de aumentar a produção da castanha e de noz.” A ideia passa por tentar manter os castanheiros centenários que herdou dos seus antepassados e plantar outras qualidades.
“A minha preferência vai para a castanha Longal, qualidade que já tenho na maioria dos meus castanheiros, mas como não tem grande valor comercial devo optar por plantar alguma Martaínha e Boaventura.” Esta última é precisamente aquela que mais rendimento dá a Ricardo Rodrigues. “Esta qualidade tem um bom calibre e dá-se bem em terrenos mais rústicos. Foi uma boa escolha da parte do meu pai. A produção é menos constante, mas as castanhas são de uma qualidade muito superior em termos de sabor, conservação e mecanização para a indústria”, refere. Para já, ambos recorrem a técnicas artesanais na apanha das castanhas, porém prevêem a mecanização dos processos, no curto-prazo. Novas plantações Ricardo conta com cerca de 1200 castanheiros que, por terem sido plantados recentemente, lhe garantem, ainda, pouca produção. “Este ano conseguimos 1200 kg, cerca de 1 kg por castanheiro. Num futuro próximo – dentro de cinco anos – estarão a produzir 10 kg cada. Vendemos metade da produção a 2€/kg, mas se assumirmos um preço médio de 1.5€ dá 18.000€ por ano”, exemplifica. Pedro Serra, por seu turno, não pensa para já na vertente comercial por não ter ainda os mecanismos que lhe permitam equacionar essa hipótese. “Ainda tenho poucas árvores e, por isso, não é um trabalho muito intensivo. É um extra do qual tiro prazer e que me permite consumir produto de qualidade.” “É a única produção agrícola na zona da Terra Fria que «dá dinheiro». Antigamente, as pessoas da Terra Fria olhavam para as da Terra Quente com alguma inveja. Eles tinham azeite, vinho, amêndoas que rendiam muito dinheiro e nós só tínhamos cereal, que não rendia nada. Hoje, são eles que nos cobiçam a produção de castanhas”, sustenta Ricardo Rodrigues.
* Economista. Representante Regional da DRN da Ordem dos Economistas em Marco de Canaveses
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Ajude a economia local. Apoie os nossos produtores. BAIÃO: DOLMEN - Centro de Promoção Produtos Locais | Rua de Camões, 296 | T. 255 542 154 MARCO DE CANAVESES: DOLMEN - Lg. Sacadura Cabral | Edf. Asa Douro, Sala 5 | T. 255 521 004 Constituído por: 1 Garrafa de licor de Baião 1 Compota de Baião 1 Mel Natural Marco (1 Kg) 1 Biscoito da Teixeira 1 Biscoito Casa de Lenteirões 1 Vinho Tormes Avesso 2 Vinho Encosta Lages Espadeiro 1 Vinho Joia Tinto 1 Vinho Cruzeiro Tinto 1 Vinho EPAMAC Branco
1 Espumante Dom Ferro 1 Pacote de avelãs 1 Pacote de nozes 1 Naco de presunto 1 Fumeiro regional 1 Pano de Tabuleiro 1 Bengala Miniatura 1 Guardanapo Natal 1 Anjinho de Natal 1 DVD Douro Verde 1 Cesto
80 €
Constituído por: Constituído por: 2 Vinho Silvoso Branco 2 Vinho Escolhas Tinto 1 Vinho Entre-Margens Branco 1 Vinho Entre-Margens Palhete 2 Espumante Lago Cerqueira 1 Compota de Amarante 1 Mel Marão (1 Kg) 1 Biscoitos Casa dos Lenteirões 1 Naco de Presunto 1 Fumeiro Regional 1 DVD Douro Verde; 1 Cesto
1 Biscoito da Teixeira 1 Compota 1 Garrafa vinho 1 Guardanapo Natal + 1 Cesto
15 €
55 €
Os SABERES passados de mão em mão, de geração em geração, não permitindo que o talento se esqueça… a multiplicidade apaixonante dos seus SABORES… são VALORES da gente que se orgulha da sua terra… D E P RO D U TO S À S UA E S C O L H A
ENTREVISTA | Germano Silva, jornalista e historiador
Contador de histórias Lúcia Pereira | mzp.lucia@gmail.com | Foto D.R. Germano Silva é uma memória viva da história do Porto. O jornalista e historiador acaba de publicar mais um livro sobre a cidade Invicta «Porto: Nos lugares da história», com a chancela da Porto Editora. “Esta cidade é uma arca cheia de histórias inesgotáveis”, afirma o autor. Com o livro que reúne crónicas publicadas no JN, Germano Silva espera contribuir para que “a cidade desperte do marasmo em que vive e recupere o espírito do liberalismo que remonta à Idade Média”, imprimindo uma característica pedagógica. “Se as pessoas souberem que a rua onde moram ou trabalham tem uma história, isso ajuda-as a preservar e a gostar mais desses sítios”, sustenta. Germano Silva ingressou no Jornalismo em 1956. Numa altura em que ainda não havia cursos, aprendeu com “os mestres”, os chefes de redação, a ser “um contador de histórias”. Porque só conhecendo bem o Porto poderia ser um bom repórter, o jornalista partiu à descoberta da cidade que sempre o fascinou, recorrendo a um anuário com os nomes antigos das ruas e aos livros que encontrava nos alfarrabistas. Nunca mais parou. Aposentou-se após 40 anos de exercício da profissão, mas continua a publicar semanalmente crónicas sobre a história do Porto. Orgulha-se de ter vivido os tempos do jornalismo romântico e de não se arrepender de nada. “A censura era uma arma terrível. Ainda hoje está por fazer a verdadeira história do que foi a censura”, recorda Germano Silva. Os censores não se limitavam a não deixar sair assuntos contrários ao Governo, proibindo que se publicassem notícias sobre suicídios, droga e outros assuntos. Por outro lado, acrescenta, “a censura tinha a vantagem de obrigar os jornalistas a pôr a imaginação a funcionar”, transformando, por exemplo, um enforcamento num acidente que provocou a morte por asfixia. Aos 80 anos, Germano Silva confessa ser “um adepto” das novas tecnologias da informação. “O jornal e o livro vão permanecer. O jornal vai evoluir, vai ser de outra maneira, mas vai continuar. A evolução tecnológica é necessária, acompanho-a muito atentamente e trabalho com as novas tecnologias”, refere o jornalista, apontando como vantagens o acesso livre e rápido à informação e as “coisas espantosas” que permite em termos de grafismo. Apesar de maravilhado com a evolução, Germano Silva garante que nunca o ouvirão dizer que gostaria de ter agora 20 ou 30 anos. “Vivi bem a minha vida. Fiz o que tinha a fazer”, afirma. Apesar das dificuldades de hoje não se compararem com aquelas que testemunhou nos tempos da Segunda Guerra Mundial, a atual crise preocupa Germano Silva. “Tenho a sensação que os políticos esqueceram as pessoas, o povo. Só ouço falar em cumprimento de objetivos, dizem as coisas com muita leviandade. Também me impressiona já não sermos um país independente. É-nos tudo imposto: objetivos e diretrizes. Já não temos uma palavra a dizer. Andamos curvados perante o estrangeiro. Onde está a nossa independência? Cometeram-se muitos erros, mas quem gastou o que não tínhamos foram os políticos”, considera. Memórias de Penafiel Natural da freguesia de S. Martinho de Recesinhos, em Penafiel, Germano Silva mantém uma ligação muito afetiva à cidade onde nasceu, em 1931. Foi nesta região que passou parte de infância na companhia da avó materna. Os assaltos pela população local às carroças de pão que iam para o Porto, as procissões e as ladainhas a Santa Bárbara para afastar as trovoadas são algumas das recordações positivas que guarda. Ainda hoje, Germano Silva mantém uma forte ligação a Penafiel, doando frequentemente livros para a Biblioteca Municipal, que será a herdeira do seu espólio literário, com exceção dos livros sobre o Porto que serão doados ao Arquivo Municipal do Porto.
Construímos Relações
Município de Bragança - Bairro Social Mãe D’ Água-Bragança - Reabilitação - Grupo M. Coutinho - Stand Audi Bragança - Remodelação - Município de Mogadouro - Núcleo de Cozinhas Regionais de Mogadouro - Nova Edificação - Município de Chaves - Reabilitação das Infraestruturas no Centro Histórico - Requalificação Urbana Universidade de Aveiro - Reabilitação do Ed.15 do Campus de Santiago - Reabilitação - Município de Lamego - Requalificação do Cais de Bagaúste - Rio Douro - Obra Hidrográfica - Município de Vinhais - Centro Cultural de Vinhais - Reabilitação - Hospital Terra Quente, S.A. - Hospital da Terra Quente - Nova Edificação - Hoteis HF - Ipanema Parque Hotel - Reabilitação - Prosa - Ampliação de Entreposto de embalamento Kiwi - Nova Edificação - Remodelação de Edifício de Serviços - Remodelação - Município de Cinfães - Arranjos Exteriores do Auditório de Cinfães - Requalificação Urbana - Município de Cinfães - Reabilitação da Urbanização da Quinta do Aido Requalificação Urbana - Associação de Solidariedade Social e Recreativa de Nespereira - Creche e Lar de Idosos de Nespereira - Nova Edificação - Grupo M. Coutinho - Stand de Viaturas de Ocasião - Reabilitação - Município de Vila Real - Ampliação e Requalificação da Escola das Árvores - Requalificação / ampliação Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Edifícios das Ciências Veterinárias / Blocos de Laboratórios - Nova Edificação - Município de Guimarães - Centro Escolar de Urgezes - Nova Edificação - Município de Bragança - Bairro Social Mãe D’ Água-Bragança - Reabilitação - Grupo M. Coutinho - Stand Audi Bragança - Remodelação - Município de Mogadouro - Núcleo de Cozinhas Regionais de Mogadouro - Nova Edificação - Município de Chaves - Reabilitação das Infraestruturas no Centro Histórico - Requalificação Urbana - Universidade de Aveiro - Reabilitação do Ed.15 do Campus de Santiago - Reabilitação - Município de Lamego - Requalificação do Cais de Bagaúste - Rio Douro - Obra Hidrográfica - Município de Vinhais - Centro Cultural de Vinhais - Reabilitação Hospital Terra Quente, S.A. - Hospital da Terra Quente - Nova Edificação - Hoteis HF - Ipanema Parque Hotel Reabilitação - Prosa - Ampliação de Entreposto de embalamento Kiwi - Nova Edificação - Remodelação de Edifício de Serviços - Remodelação - Município de Cinfães - Arranjos Exteriores do Auditório de Cinfães - Requalificação Urbana - Município de Cinfães - Reabilitação da Urbanização da Quinta do Aido - Requalificação Urbana - Associação de Solidariedade Social e Recreativa de Nespereira - Creche e Lar de Idosos de Nespereira - Nova Edificação - Grupo M. Coutinho - Stand de Viaturas de Ocasião - Reabilitação - Município de Vila Real - Ampliação e Requalificação da Escola das Árvores - Requalificação / ampliação - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Edifícios das Ciências Veterinárias / Blocos de Laboratórios - Nova Edificação - Município de Guimarães - Centro Escolar de Urgezes - Nova Edificação - Município de Bragança - Bairro Social Mãe D’ Água-Bragança Reabilitação - Grupo M. Coutinho - Stand Audi Bragança - Remodelação - Município de Mogadouro - Núcleo de Cozinhas Regionais de Mogadouro - Nova Edificação - Município de Chaves - Reabilitação das Infraestruturas no Centro Histórico - Requalificação Urbana - Universidade de Aveiro - Reabilitação do Ed.15 do Campus de Santiago - Reabilitação - Município de Lamego - Requalificação do Cais de Bagaúste - Rio Douro - Obra Hidrográfica Município de Vinhais - Centro Cultural de Vinhais - Reabilitação - Hospital Terra Quente, S.A. - Hospital da Terra Quente - Nova Edificação - Hoteis HF - Ipanema Parque Hotel - Reabilitação - Prosa - Ampliação de Entreposto de embalamento Kiwi - Nova Edificação - Remodelação de Edifício de Serviços - Remodelação - Município de Cinfães - Arranjos Exteriores do Auditório de Cinfães - Requalificação Urbana - Município de Cinfães - Reabilitação da Urbanização da Quinta do Aido - Requalificação Urbana - Associação de Solidariedade Social e Recreativa de Nespereira - Creche e Lar de Idosos de Nespereira - Nova Edificação - Grupo M. Coutinho - Stand de Viaturas de Ocasião - Reabilitação - Município de Vila Real - Ampliação e Requalificação da Escola das Árvores - Requalificação / ampliação - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Edifícios das Ciências Veterinárias / Blocos de Laboratórios - Nova Edificação - Município de Guimarães - Centro Escolar de Urgezes - Nova Edificação
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Boas Festas
De crise em crise até ao descalabro?
Esta Europa que nos mata! Dívidas soberanas. Pressão dos mercados. Medidas de austeridade. Fim da moeda única. Expressões vociferadas pelos órgãos de comunicação social, esmiuçadas por comentadores e analistas, vulgarizadas em conversas de café e mesas-redondas. A crise financeira que assola a Europa cresce, quase em paralelo, com os sacrifícios de quem acorda cedo para ganhar o pão de cada dia e vive à margem das cimeiras e reuniões de líderes. Nelas, os superiores interesses da comunidade parecem subjugados aos sábios que dialogam em alemão e francês. O Velho Continente está vergado a essa fragilidade de liderança. Permanece de olhos fechados para ignorar as especificidades de cada país. De há uns anos a esta parte, os estados-membros tornaram-se sorvedouros de fundos comunitários, trapalhões nas contas públicas, irresponsáveis na definição de prioridades, indiferentes à sustentabilidade dos projetos. Agora, conhecida a sua atitude perdulária, batem à porta de quem terá menos culpa, com agravamento de impostos, desemprego, precariedade. Sob o chapéu da União Europeia, espreita uma nova forma de imperialismo e alastra uma carestia de vida camuflada. Vive-se, enfim, nesta insustentável leveza de ser europeu até que, sem premonições ou certezas, se alcance uma solução infalível para escapar a este estertor. Patrícia Posse
Ser ou não ser, eis a questão!
A Europa, e a crise que a atormenta, vista pela pena do cartunista Santiagu.
EMPREENDEDORISMO | Shiitake produzido em Amarante
Cogumelos gourmet p'ra Europa Paulo Alexandre Teixeira | pauloteixeira.tamegapress@gmail.com | Foto P.A.T. e D.R. Um grupo de jovens agricultores de Amarante acredita que a região do Baixo Tâmega tem as condições ideais para se tornar num dos grandes centros produtores de cogumelos gourmet em regime de cultivo biológico. O projeto já arrancou em cinco quintas locais e está a poucos meses de iniciar o seu primeiro ciclo de produção e exportação para o mercado europeu. A longa pilha de troncos de carvalho e castanheiro meticulosamente organizada pode parecer, à primeira vista, uma forma excêntrica de armazenar lenha mas nesta leira da Quinta da Cavaleira, situada entre as freguesias de Lufrei e Vila Chã do Marão, em Amarante, assenta a esperança de cinco jovens agricultores de que o cogumelo assuma, num futuro muito próximo, a posição de produto agrícola de referência da região. Em pouco menos de seis meses, nestes troncos protegidos da luz solar pelo denso arvoredo, estarão prontos para recolha milhares de cogumelos Shiitake (Lentinula edodes), uma espécie oriunda do Japão muito apreciada nas cozinhas europeias. A ideia germinou há cerca de um ano na cabeça de Rafael Azevedo, um contabilista de profissão que, com a cooperação de mais quatro proprietários rurais do concelho começou a desenvolver um projeto comum para a produção biológica deste tipo de cogumelo. Na Europa consomem-se em média 1,5 kg de cogumelos per capita (comparado com as 400 gramas dos portugueses) e o preço de venda pode atingir muitas dezenas de euros por quilo para espécies de alta qualidade, como é o Shiitake.
Clima e as matérias-primas “É um mercado, em particular o dos países nórdicos, onde acreditamos que podemos competir com os restantes produtores mundiais. À nossa frente está a produção chinesa, como o grande desafio, mas acreditamos que temos aqui, em Amarante, todas as condições para criar e colocar nas prateleiras e cozinhas da Europa um cogumelo de qualidade superior”, explica. O clima temperado e a abundância de ma-
téria-prima orgânica nos bosques e quintas do Baixo Tâmega são fatores que favorecem a produção, em regime de cultivo biológico, de cogumelos de alta qualidade, uma atividade que de acordo com a opinião destes jovens agricultores “tem um enorme potencial na região”. “Grande parte das matérias-primas que utilizamos como alimentação dos cogumelos nas nossas explorações vem das limpezas de vinhas e matas locais”, explica Ricardo Moreira, um técnico de vendas também associado do projeto. “Alguma da madeira é aproveitada das próprias quintas mas também é adquirida a lenhadores e empresas de limpeza florestal, algo que nos interessa porque incentiva a preservação da floresta e mantém ativo o circuito de trocas comerciais a nível local”, sublinhou. Conscientes de todos estes fatores, os cinco produtores decidiram recentemente formalizar o seu projeto numa Sociedade Agrícola de Grupo (SAG) que, sob a égide da marca “Floresta Viva”, está a desenvolver uma série de competências na área da produção, comercialização e exportação de cogumelos de elevada qualidade.
Nova área de negócio Enquanto aguarda que as suas explorações atinjam o ponto de maturação (entre seis a doze meses) necessário para sustentar o ciclo de produção comercial, o grupo vai desenvolver competências e conhecimentos de modo a alargar a sua área de influência a outros aspetos desta atividade. A formação de futuros produtores locais é uma das vertentes que Rafael Machado, designer de comunicação, destaca como “essencial”, condição que tornará o cogumelo produto de referência para a região e para a qual a Floresta Viva já se prepara há algum tempo. “Aliás, já desenvolvemos ferramentas próprias para este tipo de cultivo. Esta acumulação de conhecimentos e de técnicas potencia uma nova faceta de negócio para a SAG e, ao mesmo tempo, permite um aumento de produção local com entrada em cena de novos produtores devidamente consciencializados e formados de acordo com os nossos parâmetros de produção”, explica. Para além da abundância de matéria-prima,
os bosques e prados da região são ainda casa para dezenas de espécies autóctones de grande qualidade, “uma fortuna ainda por explorar” em todo o seu potencial mas que carece de legislação própria. Enquanto se aguarda a regulamentação que refira como, quando e que espécies que se podem apanhar, o setor do cogumelo silvestre em Portugal está à mercê de interesses que, por vezes, vêm de fora do país, uma situação para a qual os produtores de Amarante chamam a atenção.
Estrangeiros cobiçam “Há quem esteja a olhar para o negócio da apanha de cogumelos silvestres como uma autêntica galinha dos ovos de ouro. Infelizmente, e porque não há legislação específica para este setor, veem-se todo o tipo de artimanhas que acabam por prejudicar o produto”, adverte Rafael Azevedo. No rol destes atropelos encontram-se, por exemplo, os passeios micológicos organizados a partir de Espanha e mesmo Itália, em que grandes quantidades de cogumelos silvestres são recolhidas em Portugal, transportados para lá da fronteira e que depois regressam às prateleiras de supermercados e lojas nacionais, rotulados como produto de alta qualidade e a custar dezenas de euros por quilo. “É uma situação no mínimo ridícula que mostra bem como estamos a deixar fugir milhares e milhares de euros em recursos naturais para fora do país e, ainda pior, pelos quais acabamos por pagar preços elevados”, conclui Ricardo Moreira.
EPAMAC Provenientes dos Municípios de Amarante, Baião e Marco de Canaveses
Alunos apostam no CET de Animação Turística como saída profissional na zona do Tâmega Os Cursos de Especialização Tecnológica (CET), que agora conferem o nível V (Pós-Secundário) têm vindo a conquistar cada vez mais alunos na nossa Escola. Cuidados Veterinários e Animação Turística em Espaço Rural são as áreas leccionadas em parceria com a Escola Agrária de Ponte de Lima, uma colaboração com alguns anos e que tem produzido excelentes resultados. Dois dos alunos matriculados este ano no curso de Animação Turística contam a sua experiência académica e as razões por que enveredaram por um CET na nossa Escola. A maioria dos alunos deste curso são oriundos dos três concelhos da sub-região do Baixo Tâmega – Amarante, Baião e Marco de Canaveses. Segundo os alunos, a conjuntura económica impõe que as empresas tenham ainda mais em conta os custos salariais e nesta situação é substancialmente maior a procura por quadros médios, habilitados com cursos profissionais. Por definição, um CET tem por objectivo “formar técnicos especializados”, neste caso, na área da animação turística no espaço rural, e deve garantir a formação adequada ao “exercício profissional qualificado, ao nível dos quadros intermédios, quer da Administração Pública, quer do sector privado”. Aos profissionais dotados de um CET cabe “responder a um mercado de trabalho cada vez mais exigente e em forte crescimento”. As saídas profissionais mais comuns na área do Entre-Douro e Tâmega, na perspectiva dos alunos, são a hotelaria, desde os serviços de recepção aos de guia turístico, as agências de viagens e as empresas de animação turística – quintas, eventos, turismo rural e agro-turismo. Os postos de turismo ou a recepção e acompanhamento de visitantes em centros interpretativos do património são também opções profissionais a valorizar. Tendo em mente as inúmeras saídas profissionais que o CET de Animação Turística proporciona, Francisco Ferreira, 19 anos, de Amarante, e João
Cardoso, 23 anos, de Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, optaram há pouco mais de dois meses pela nossa Escola. O curso é frequentado neste ano lectivo por dezena e meia de rapazes e raparigas. Ex-alunos do Secundário e do Superior, respectivamente, perspectivam os seus percursos profissionais para a vertente da animação turística, ansiando trabalhar em empreendimentos turísticos depois do estágio (o Francisco) e criar a médio prazo um espaço turístico próprio numa quinta familiar, com forte vertente ambiental. “Uma forma de turismo sustentável”, defende João Cardoso.
Maior procura de profissionais Este aluno, que cursou gestão de empresas numa escola superior privada da Maia e ao qual lhe faltam cerca de 60 créditos para concluir o curso, justifica o seu ingresso no CET da nossa escola: “A maioria dos meus colegas de faculdade terminava o curso e ou ficava desempregado ou ficava a trabalhar nas empresas familiares. Devido à conjuntura actual do emprego decidi optar por um curso profissional porque tenho a noção que a remuneração mensal será menor e isso facilita arranjar um emprego. Creio, também, que há mais empregos para cursos profissionais do que para licenciaturas. Isto pode parecer um pouco irrealista porque uma licenciatura é sempre superior a um curso profissional mas digamos que a uma empresa basta ter um licenciado em turismo e poderá recrutar 10 animadores de animação turística, oriundos de um curso profissional”. O colega Francisco Ferreira, que veio da Escola Secundária de Amarante, quer seguir também um percurso profissional ligado ao turismo. Depois de concluir o CET e fazer o estágio, promete voltar a concorrer à Universidade (onde não entrou este ano por insuficiência de nota de ingresso), embora admita iniciar a vida profissional se lhe aparecer uma proposta interessante, nomeadamente entre as empresas da sua terra a laborar no sector. A componente prática do CET inserida no plano curricular agrada aos alunos. “A componente
Os alunos da nossa Escola em actividades relacionadas com a componente prática do curso
prática estimula a criatividade dos alunos. Dãonos um tema e temos de mostrar a nossa criatividade, a nossa capacidade de inovação”, sintetiza o João, que já se imagina a fazer um estágio profissional no hotel Douro Palace, na margem ribeirinha do Douro do concelho de Baião, acerca do qual elogia a forma como os seus responsáveis e pessoal interagem com os formandos. Francisco Ferreira realça as visitas de estudo no exterior da escola, englobadas na componente prática do curso, que podem incluir deslocações ao parque natural da serra do Alvão, à Peneda-Gerês ou à serra da Aboboreira. As visitas incluem a visualização dos trilhos, a sua conservação e um levantamento exaustivo da fauna e da flora desse habitat.
Empreendedorismo é o caminho João Cardoso também reconhece que o curso aponta aos alunos o caminho do empreendedorismo. “Devemos dar mais importância ao empreendorismo porque o Estado cada vez tem menos trabalho para dar às pessoas e quer é que as pessoas criem o seu emprego”, refere o aluno, dando exemplos de actividades que podem ser prestadas pelos profissionais às empresas ou organizações, quer sejam hotéis ou entidades de eventos. O CET de Animação Turística em Espaço Rural tem uma carga horária total de 1550 horas e no final do curso os alunos também podem prosseguir os estudos na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima (Instituto Politécnico de Ponte de Lima-IPVC) ou noutro estabelecimento que tenha cursos ligados ao Turismo. Na carga horária total está incluída a formação em contexto de trabalho (550 horas). A componente científico-tecnológica tem uma estrutura muito marcante pelas áreas ligadas ao turismo e ao património mas incide também sobre outras ferramentas indispensáveis aos futuros profissionais – gestão de empresas, informática, inglês e castelhano e até técnicas de socorrismo. Língua portuguesa, relações interpessoais e higiene e segurança no trabalho completam a estrutura curricular do curso.
João Cardoso
Marco de Canaveses "Creio que há mais empregos para cursos profissionais do que para licenciaturas".
Francisco Ferreira Amarante
"Espero uma proposta interessante entre as empresas a laborar no sector do turismo".
Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC
20 dezembro '11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
opinião
Perdi-lhes o respeito... vivam as azeitonas. Cenários de Os casos sucedem-se com tanta rapidez que a notícia de hoje já cer se há cada vez menos dinheiro e menos empregos? Será o refica requentada ou ultrapassada amanhã. E por haver fartura não sultado da «primeira prioridade do(s) governo(s) que é a luta confaltam as explorações, até à náusea, dos mais mediáticos. Quan- tra o desemprego»? Ainda não perceberam que de nada adianta tas vezes sem qualquer referência ao que será essencial e nos dita ter economia sólida se o que se produz não tiver quem compre do o destino, assim aumentando o “circo” pois o “pão” já não é muito. outro lado? É curioso ver notícias, principalmente da “política”, quando os Outra perplexidade e espanto foi a abertura duma notícia do Púmedia se deitam a adivinhar para ver logo os actores a desmentir. blico: «Ministros do Eurogrupo admitem pedir ao BCE (Banco CenDepressa replicam e confirmam, e logo vaticinam o seguimento, tral Europeu) que empreste dinheiro ao FMI (Fundo Monetário Incom fontes que alegam «seguras”, «ligadas ao processo», ou «que ternacional), para este poder emprestar à Itália». Afinal quem é que pretendem manter o anonimato». Passado pouco temespreme a teta e quem é que tem ou não tem dinheiro? po, é o silêncio e o olvido sem que cheguemos a saber Anda um a arranjar clientes para o outro? Ganham amo que afinal se passou. bos ou são ambos a esmifrar? Deste modo pela, ou com, a Comunicação Social, Nos turbilhões decepcionantes que vão corroen«fico esclarecido» como diria Mário Soares. do a esperança e os sonhos que ainda quero acreditar Ainda por cá, o último arrimo que deveria ser a Jusque um dia possam acontecer, mas que para já desatiça, é o costume. Até a violação do segredo é exemplo creditam e me fazem perder o respeito aos (ir)responsádo seu estado. 52 processos só num ano, deram 3 acuveis, um pequeno bálsamo lá vai aparecendo de vez em sações (?), 16 arquivamentos e 25 foram parar a «ou- Armando Miro quando, quanto mais não seja a lágrima incontida da tros». O resto ainda deve andar em investigação. É tan- Jornalista Ministra do Trabalho de Itália ao falar de sacrifícios. Este ta gente assim a saber e poder “violar” sem deixar rasto? Mundo e a Política precisam de mais Mulheres. Quanto ao resto da nossa Pátria as vítimas do costume. A quem Daí o meu viva às azeitonas. É que tenho uma amiga que, quanmais parece poder pagar dizem que estão a ponderar fazê-lo e por do a encontrava em «eventos» - ou «inventos» como diria outra amiaí ficam. A quem prometeram não o fazer nem sequer pensam e, ga - explicava a razão da sua presença: umas vezes no desempenho para que não restem dúvidas ou falsas esperanças de que fica por do seu cargo, outras a acompanhar o esposo, ou seja, como «azeiali, logo se avisa que ainda há mais para tirar. Os afortunados, não tona» a decorar a travessa. Que venham elas, as azeitonas, cada vez só por terem fortuna mas também a sorte de não serem apanha- mais nas travessas, e as Mulheres, muitas mais ainda, e das autêntidos, continuam a escapar à “ponderação”, à Justiça e à condenação cas pois também andam por aí algumas “machorras”, a ver se dão social. Nem sequer os que, por qualquer processo de “desvio” en- melhor sentido à vida e à Política. grossaram a grande parte do que vamos nós ter de pagar, são moVai valendo o que o espírito ainda tem de consolo ao que a vida lestados, inquiridos ou invocados para ressarcir aquilo com que se não nos dá. Tenho pena que poucas pessoas usufruam e fiquem, locupletaram. Alguns até, com descaro e atrevimento, invocam di- como eu, encantadas e ressarcidas do que nos roubam os polítireitos adquiridos, a suposta legalidade da vigarice, a honorabili- cos arrivistas. Foi assim, e só para falar dos mais recentes, a qualidade dos ganhos e proventos, o desconhecimento dos meandros dade dos “nossos” Novos Talentos musicais com que a Antena 2 e a que, a serem ínvios, serão da autoria de outros compadres, e tudo RTP2 nos brindaram, e o maravilhoso filme da Viagem ao Princípio na maior serenidade das suas consciências. E os tachos para a rapa- do Mundo, do Manoel de Oliveira, que o Cônsul de Itália no Porto, ziada partidária? Tem sido um regabofe que ainda não acabou. Bem o Signore Angelo Arena, a propósito dos 150 Anos da reunificação, prega Frei Tomás... nos proporcionou a par de vários concertos, com destaque para as Lá por fora a mesma sorte. E não é preciso ir a outros continentes obras de Verdi. É também a presença quase constante de Bach, Beepois a Europa já chega para assustar. Dizia-se que uma das muitas thoven, Mozart e tantos outros nos sons que me fazem companhia. virtudes da nossa adesão europeia era a garantia democrática. ViuRegisto também com mágoa, por não aproveitarmos o que tese mesmo como os dois “golpes de estado” da Grécia e Itália. Dois mos - veja-se o que (não) se passa no Douro Vinhateiro - mas tamPM´s sufragados substituídos por dois PM´s rotulados pelos Merca- bém com orgulho e satisfação, ao ver o “meu” Porto eleito pela Time dos. E quanto aos líderes, estamos conversados. O que o pós-guer- como local a visitar. E eu, que o conheço tão bem, pareceu-me ver ra começou a construir entre democracia e cidadania, derrotando outro, bem melhor e mais lindo, com a fabulosa reportagem que a barbárie e megalomania Berlim/Vichy/Roma, com novas impo- uma das televisões (privadas) nos mostrou. Foi reconhecido e não sições e evidentes influências eleitoralistas dos “patrões do Eixo”, foi preciso pagar a qualquer agência ou lobby. Também, nos anos põem agora a economia e as finanças a substituir as bombas e os 50/60, tal não era preciso para que o Vinho do Porto fosse a bebi“campos” de má memória. da de eleição nos grandes filmes ou o selo e brinde dos grandes Da Economia, e vá lá a gente percebê-la, como é que pode cres- acontecimentos.
Uma questão de justiça Recentemente um jornal nacional de refe- por ter instituído o 14º mês a todos os reformarência abordava a seguinte questão: "Os anti- dos pobres e ricos. Benefício de que ele próprio gos governantes devem ser julgados?" veio a usufruir. Quanto a Cavaco Silva, a sua foNinguém me pediu opinião, mas mesmo lha de serviço é extensa, mas pronto, o espaço assim gostava de dizer o que sinto nesta ma- é escasso e fico por aqui. Podia falar, no sangue téria. Eu acho que sim, que deviam ser julgados contaminado, por exemplo... e condenados pelo mal que causaram a este Guterres também tinha de ser chamado a país. Se calhar por causa deles, Portugal não capítulo, por ter instituído o Rendimento Mínivai sair do buraco em que caiu. mo Garantido, matando a fome Estou-me a lembrar de políticos a muita gente; por ter protegicomo Mário Soares, Cavaco Sildo as gravuras rupestres em Vila va, António Guterres, Durão BarNova de Foz Côa, ao substituir roso, Santana Lopes, Paulo Poruma barragem cavaquista por tas, Alberto João Jardim e José um Parque Museológico; por ter Sócrates. recuperado vários Cine-Teatros De facto eu gostava de os ver no país ( o de Penafiel esteve julgados, uns por umas razões, por um triz) e por ter comido um outros por outras. naco de queijo limiano. O primeiro era Mário Soares, Durão Barroso, o da tanpor ter feito as célebres presidênga, decerto não tinha tempo cias abertas que descobriram a Fernando Beça Moreira de se pirar para a Comissão Eu"careca" a Cavaco Silva, quando Penafiel ropeia. Tinha de ser julgado por este era primeiro-ministro, deter apoiado a invasão do Iraque, pois por ser de direita no governo e de esquer- tornando-se com isso um colaboracionista de da na oposição e também por ter mandado de- Bush, ao ser anfitrião de uma cimeira de guerra saparecer da frente dele um agente da Polícia nos Açores, depois por não ter investido os funde Trânsito, quando seguia numa viagem. dos comunitários que recebeu da Europa para Depois era a vez de Cavaco Silva. Primei- o desenvolvimento do país. Fundos esses, miro, por ter sido ele o principal destruidor des- lhares de milhões, que foram devolvidos à prote país no que diz respeito à produção, (agricul- cedência. tura, pescas, siderurgia, etc.). Segundo, porque Santana Lopes também devia "entrar nas assinou o Tratado de Maastricht, que permitiu quentes" pelo descalabro que deu nas contas que entrasse por este país dentro toda a por- da Câmara Municipal de Lisboa de que foi precaria que havia na Europa. Terceiro porque en- sidente e nesse cargo ter gasto uma fortuna cheu de dinheiro a função pública. E quarto, colossal, num projecto para o Parque Mayer, de [Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]
autoria do arquitecto americano Frank Ghery. Projecto esse que acabou no caixote do lixo. Paulo Portas perderia toda a vontade de exibir o seu sorriso signal, quando soubesse que tinha de pagar do seu bolso, os submarinos que comprou quando foi ministro da defesa e ter convidado para almoçar o senhor Donald Rumsfeld, um dos principais inventores das armas de destruição maciça no Iraque. Alberto João Jardim, seria fortemente penalizado por insultar todo o mundo; pelo rombo que deu nas finanças, ao desbaratar dinheiros públicos em jornais, carnavais e futebóis; por dar aos portugueses do continente dupla nacionalidade quando lhes chama cubanos e por igualar, com a recente vitória nas eleições regionais, o recorde de Salazar em tempo de poder. Finalmente José Sócrates. Este senhor teria de ser forçado a beber cicuta, por ter abolido duas leis que andavam (e andam) a encher de dinheiro os políticos, isto é, a subvenção vitalícia e o subsídio de reintegração; por ter afrontado os senhores professores; por ter tentado reduzir o tempo de férias dos senhores magistrados; por ter entregue um cheque no valor de 700 milhões de euros para ajudar a ilha da Madeira a sair dos escombros, quando a natureza se zangou com Alberto João Jardim; por ter vendido o "Magalhães" ao seu amigo Chávez da Venezuela; por ter instituído um suplemento em dinheiro para os pobres mais idosos. Por último e principalmente, pelo facto de não ser engenheiro, e agora querer ser filósofo. Era uma questão de justiça...
Envelhecimento Cláudia Moura
DESAFIOS E OPORTUNIDADES DO ENVELHECIMENTO: Numa perspectiva global A esperança média de vida aumenta e a natalidade diminui. O resultado da equação é uma população cada vez mais envelhecida. DEIXO-VOS A PENSAR …a evidência da aceleração do envelhecimento demográfico na sociedade contemporânea tem vindo a interpelar crescentemente os conceitos, as problemáticas, os significados e as respostas associadas à distensão progressiva da esperança de vida e ao consequente aumento da longevidade. No caso português, o envelhecimento demográfico acentuou-se de forma particular nas últimas décadas, constituindo assim um fenómeno estruturante das sociedades contemporâneas. A esperança média de vida em 2005 atingiu os 75 anos no caso dos homens e os 81 anos no caso das mulheres, valores que se situavam respectivamente em 64 e 70 anos no início da década de 70. Com a quebra progressiva das taxas de natalidade e a redução do número médio de filhos por casal, o peso da população com idades iguais ou superiores a 65 anos tem vindo a aumentar, situando-se em 17% em 2005, quando representava apenas 10% em 1970. Conforme, a II Assembleia Mundial sobre Envelhecimento, concretizada em Madrid, de 8 a 12 de Abril de 2002, desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Governo espanhol, “…até 2050, o número de idosos em todo o mundo avultará o número de jovens, pela primeira vez na história da humanidade, segundo as projecções, até 2050, deverão corresponder a 21% (…)”. Pode dizer-se que a esperança média de vida aumentou de forma quase exponencial desde o início do século, não existindo qualquer previsão de uma inversão nesta tendência. Aliás no decurso da próxima década, a população activa começa a diminuir, quando muitos babyboomers se reformarem. No entanto, com o apoio de políticas de emprego adaptadas, este fenómeno pode ser temporariamente compensado na próxima década pela subida das taxas de emprego. As evoluções positivas esperadas em matéria de emprego tendem a criar uma "janela de oportunidade" que permita avançar com reformas antes que se façam sentir os efeitos plenos do envelhecimento. Mas o aumento das taxas de emprego só provisoriamente pode atenuar os problemas e a longo prazo a mudança demográfica terá importantes consequências. O envelhecimento da população pode mesmo constituir uma grande oportunidade para aumentar a competitividade da economia europeia. Um primeiro passo nesta direcção consiste em incentivar à criação de apoios que favoreçam a qualidade de vida, isto diz respeito a domínios como as infra-estruturas necessárias ao bem-estar do idoso. Estas medidas, são urgentes de forma a completar o novo paradigma de família, actualmente as casas são mais pequenas, as famílias menos disponíveis para assumir o papel de cuidadores, o que implica a necessidade de recorrer a repostas sociais, que garantam o equilíbrio nas relações interfamiliares. Perante a complexidade dos desafios do envelhecimento, é essencial uma estratégia global, para responder ao desafio demográfico que é uma tarefa de grande envergadura para todos. claudiamoura@portugalmail.pt Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.
22 dezembro '11 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
crónica & artes
Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]
A.M.PIRES CABRAL
CÃES
Tenho pelos cães em geral uma autêntica estima e simpatia profunda. Pena é que alguns cães nem sempre me tenham retribuído o sentimento, demonstrando serem pelo contrário meus inimigos jurados. Refiro-me em especial a um que viveu em apartamento próximo do meu e tinha por costume perturbar-me as noites, ladrando indiscriminadamente às duas, quatro ou seis da manhã, conforme lhe dava na bolha. Era um lulu – raça entre todas embirrenta, que aliás ocupa um lugar modesto na minha estima. Mas estava disposto a dar-lhe a minha amizade, se ele a quisesse. Não queria. Queria era ladrar à tripa-forra quantas vezes lhe apetecesse, sem qualquer consideração pelo descanso dos donos (que aparentemente não o ouviam, ou então se reviam no lindo ladrar do seu cãozinho) e da vizinhança. Desapareceu da minha vista e dos meus ouvidos – e o diabo o mantenha por lá bem longe, se é que ainda vive. Também em Grijó, nas noites da serra que se querem silenciosas, profundas e relaxantes, há um cão que não tem horário para ladrar, e fá-lo de todas as vezes que suspeita de algum movimento de gato ou bicho bravo por entre as couves e tomateiros que está encarregue de guardar. Já me tem arruinado algumas noites, esse cão ultra-zeloso dos seus deveres. Este meu engodo pelos cães tem também, como tudo, as suas excepções. Por mais que queira, não consigo simpatizar com essas raças assassinas, dobermann, pitbull, rotweiler e quejandas. Não consigo, pronto, por mais que me digam que são muito carinhosos, mansos, meigos e obedientes, e que deixam mesmo fazer carícias no céu-da-boca. Ná! Dêem-me antes perdigueiros e labradores, que, esses sim, são bichos de confiança e fidelidade sem limites. Tirante esses brutamontes homicidas e os lulus petulantes (por razões diferentes, como fica dito), gosto praticamente de todas as raças, mesmo as mais rafeiras. Se vejo na rua um cão, ainda que lazarento e escanzelado, dou um estalido com os dedos procurando interagir com ele. Se, em resposta, o cão abana a cauda, então avanço afoitamente para duas palavras de afecto e uma carícia atrás da orelha. O que ganho com isso? A reconfortante sensação de ter estabelecido comunicação com ele. Creio que anda nisto vagamente um sentido pampsiquista da vida, um como desejo de comunhão com todos os seres da criação que terá na sua génese alguma coisa de religioso. Mas nem sempre foram rosas as minhas relações com os cães. Recordo vividamente
uma cena ocorrida aí por 1967 ou 68, época em que gostava de dar dois tiros às perdizes, sem que, à semelhança de Camilo, me doa o remorso de ter matado alguma. (Minto: matei uma; e cresci um palmo nessa tarde de Outono). Certa vez, andava eu pelos altos de Pinhovelo, mais a apreciar os dilatados horizontes da Terra Quente do que a escogitar furna onde pudesse desencantar alguma lebre, quando noto que três molossos enormes, cães do gado, deram tento da minha presença e vêm de lá rosnando ameaçadores na minha direcção. Griteilhes, tentando desmobilizá-los pela palavra. Isso sim. Sentindo-os cada vez mais perto e mais ferozes, não vejo solução senão fazer pontaria ao da frente, disposto a disparar a espingarda em desespero de causa. Foi então que ouvi o pastor, lá de longe, gritar: ‘Não atire aos cães!’ ‘Então chame-os!’, berro eu de cá, em resposta. Ele assim fez. Soltou um certo assobio e – milagre – não é que os cães retrocederam, obedecendo prontamente ao chamo? Respirei fundo, aliviado. Porque não sei como iria acabar uma eventual disputa com os molossos, que eram três – mais um do que os canos da espingarda. Ou, dando de barato que abatia um deles e os outros fugiam com o estrondo, como iria acabar a pendência com o bárbaro pastor, que só se resolveu a intervir quando me viu decidido a disparar – sabendo-se, como se sabe, que qualquer pastor é capaz de pôr uma pedra onde põe o olho. Lembra-me esta história, rigorosamente verdadeira, algumas vezes. E lembrou-me há bocado, ao ler na imprensa que uma matilha de cães selvagens – uns 200, parece! – anda a aterrorizar as populações do Cachão, Mirandela. São cães que a própria desertificação do interior empurra para o monte e que se têm reproduzido a um ritmo cunicular. Por sua vez, esta notícia acorda em mim outras reminiscências: o romance Call of the wild, de Jack London, por exemplo; ou então os dingos da Austrália, que são justamente cães que abandonaram a vizinhança do homem e prosperam como mais uma espécie predadora nas planícies australianas. Já não bastava a crise a ferrar-nos o dente todos os dias, ainda haviam de aparecer os senhores cães selvagens a quererem-nos fazer outro tanto. Não há dúvida, Leitor amigo: Portugal anda mesmo em maré de azar..
Kadahfi 2011
O OLHAR DE... Eduardo Pinto
1933-2009 Hoje como Ontem - Amarante - Finais Anos 60
Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.
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Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota, Eduarda Freitas. Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas Permanentes e Ocasionais: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo. Colaborações/Outsourcing/Agências: Media Marco, Baião Repórter/Marão Online Marketing, RP e Publicidade: Telef. 910 536 928 - Marta Sousa publicidade.tamegapress@gmail.com | martasousa.tamegapress@gmail.com Propriedade e Edição: Tâmegapress-Comunicação e Multimédia, Lda. • NIPC: 508920450 Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 Apartado 4 - 4630-279 MARCO DE CANAVESES
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diversos | crónica
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repórterdomarão
Douro sob ameaça
CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTE EDITAL Nº 51/2011 ------DR. ARMINDO JOSÉ DA CUNHA ABREU, Presidente da Câmara Municipal de Amarante: -------------Faz saber, nos termos dos nºs. 1, 2 e 3, do artº 290º, Secção III, do Código Regulamentar do Município de Amarante que, após trinta dias da data do presente Edital, se procederá a várias exumações de sepulturas nas seguintes secções do Cemitério Municipal:-------1ª SECÇÃO – sepultura nº 139, onde se encontram inumados Manuel Martins da Silva, desde 2003-01-25, então com 53 anos de idade, casado, filho de José António da Silva e de Cândida da Conceição Fernandes Martins, que era residente no lugar do Cruzeiro, freguesia de Amarante (S. Gonçalo), Concelho de Amarante, sendo natural da freguesia de Souto, Concelho de Terras do Bouro e Cândida da Conceição Fernandes Martins, desde 2005-12-14, então com 80 anos de idade, viúva, filha de Manuel José Martins e de Maria Fernandes Martins, que era residente no lugar do Cruzeiro, freguesia de Amarante (S. Gonçalo), Concelho de Amarante, sendo natural da freguesia de Souto, Concelho de Terras do Bouro;--------1ª SECÇÃO – sepultura nº 141, onde se encontra inumado Adriano da Costa, desde 2003-06-25, então com 72 anos de idade, casado, filho de António Costa e de Ana Ricardo, que era residente no lugar do Sobreiro, freguesia de Amarante (S. Gonçalo), Concelho de Amarante, sendo natural da freguesia de Amarante (S. Gonçalo), Concelho de Amarante;--------------12ª SECÇÃO – sepultura nº 6, onde se encontram inumadas as cinzas de Maria Celestina Teixeira Ribeiro, desde 2006-02-25, então com 39 anos de idade, casada, filha de Álvaro e de Maria, que era residente na C. Cura Cabis, 5 – Sot. de Ferrer, Castellon Plana, Espanha, sendo natural da freguesia de Amarante (S. Gonçalo), Concelho de Amarante.-------------------No prazo acima referido e de acordo com o nº 1 do artº 290ºº, devem os interessados acordarem com a Divisão de Serviços Urbanos/Serviço de Cemitérios, quanto à data em que terá lugar e sobre o destino das ossadas/cinzas, sob pena de verificação das consequências previstas nos nºs. 2 e 3 do mesmo artigo.-----------E para constar e devidos efeitos se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos locais de estilo e publicados nos jornais da região.-----------E eu, (assinatura ilegível), Chefe da Divisão de Serviços Urbanos, o subscrevi.--------------- Amarante e Paços do Concelho, aos 04 dias de Novembro de 2011 O Presidente da Câmara a) Dr. Armindo José da Cunha Abreu Reporter do Marão, N.1258 - Dezembro/2011
Jorge Manuel Costa Pinheiro
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Telef. 255 422 283 * Telem. 917 349 473
A classificação pela UNESCO do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial da Humanidade está ameaçada pela construção da Barragem de Foz Tua, já em curso. O caso ensombrou mesmo o décimo aniversário do reconhecimento da UNESCO, que teve lugar a 14 de dezembro, um acontecimento que merecia outras celebrações. Contudo, fonte da UNESCO explicou recentemente que a classificação "não está em risco iminente" mas foi entregue às autoridades portuguesas um relatório com recomendações para manter a classificação. Para o secretário de Estado da Cultura as ameaças ao Douro Património Mundial da Humanidade ultrapassam a construção de uma barragem, havendo outras como o ordenamento do território. Entretanto, a região duriense está cada vez mais desertificada, tendo perdido mais de 12 mil pessoas em uma década.
PJ acredita que Rui Pedro vive Um antigo inspetor da Polícia Judiciária (PJ) que participou nas buscas em 1998 e depôs no Tribunal de Lousada no julgamento do desaparecimento de Rui Pedro disse“estar convicto”que o agora jovem estará vivo. Rui Pedro, o menino de Lousada que desapareceu há 13 anos, terá hoje 24 anos, se viver. Afonso Dias, alegadamente a última pessoa a ver Rui Pedro na tarde de 4 de março de 1998, é também o único arguido no processo mas até ao momento remeteu-se ao silêncio na sala de audiências. Este ex-inspetor da Judiciária proferiu declarações que são contraditórias com as de algumas testemunhas ouvidas recentemente pelo tribunal.
Incubadora em Amarante A incubadora de empresas do Tâmega, instalada em Amarante, promete apoiar a criação de 70 entidades de base tecnológica nos próximos três anos. Esta estrutura será gerida pelo Instituto Empresarial do Tâmega, presidido por Carlos Costa, antigo presidente da Faculdade de Engenharia do Porto. O contrato de financiamento desta incubadora prevê um investimento de quase quatro milhões de euros, comparticipado por fundos do Programa Operacional da Região Norte (ON2). A incubadora de empresas aguarda projetos empresariais apresentados por jovens de cursos profissionais com o 12.º ano ou quadros superiores e abrange os municípios de Amarante, Marco de Canaveses, Baião e Celorico de Basto.
Chaves quer nova Comunidade O PSD de Chaves propõe ao Governo a criação da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Tâmega, no âmbito da reorganização administrativa que o Governo pensa desenvolver em 2012. Chaves integra a CIM de Trás-os-Montes, que agrupa 15 municípios, sendo defendido a sua desintegração em duas áreas de menor dimensão – a CIM do Alto Tâmega com seis municípios e a CIM Nordeste Transmontano com nove concelhos. Entre outras razões, o PSD de Chaves alega que as relações transfronteiriças dos seis municípios do Alto Tâmega (Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar) são com a Galiza, ao contrário dos nove municípios do distrito de Bragança que são com Castela/Leão.
Centro de Lamego muda Vão ser investidos mais de três milhões de euros na requalificação do centro urbano da cidade de Lamego, nomeadamente as avenidas situadas ao fundo do escadório do Santuário da Nª Senhora dos Remédios. A intervenção integra um projeto mais alargado de regeneração urbana - orçado em dez milhões de euros e financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) - que abrange também as zonas do Bairro do Castelo e do Largo da Feira. A intervenção nas avenidas Dr. Alfredo de Sousa e Visconde Guedes Teixeira transformará esta zona urbana "numa sala de visitas”, com mais mobilidade pedonal e acabando, no entender da autarquia, com o atual “conflito entre peões e veículos”. As obras devem arrancar no primeiro trimestre de 2012 e prolongar-se por cerca de um ano.
Presépios na Biblioteca de Fafe A Biblioteca de Fafe mostra até 7 de janeiro uma exposição de presépios, cujos trabalhos foram elaborados por associações, escolas, jardinsde-infância e instituições de solidariedade social. A exposição pode ser visitada no horário normal de funcionamento da Biblioteca, de segunda-feira a sábado (manhã). Entretanto, a Naturfafe organiza até domingo, 18, uma Feira de Natal para promover o artesanato local. O evento decorre no posto de turismo e alguns artesãos vão trabalhar ao vivo os seus produtos, nomeadamente de tecelagem, bordados e artigos em palha.
António Mota
Sandro e Irene Estes são os últimos sacos de papel que temos. Achas que vale a pena encomendar mais alguns, para ficarmos prevenidos? Nunca se sabe, não é? Qual é a tua opinião? Fala, homem! Diz qualquer coisa, Sandro. Já fizemos trinta anos de casados, e eu ainda não me habituei aos teus silêncios. Então, nestes últimos tempos tens exagerado. Parece que viraste surdo e mudo. E isso enerva-me, sabes? Tu estás a ouvir-me? Telefono a encomendar sacos de papel ou compro dos plásticos, na drogaria, que sempre são mais baratos, mas não têm graça nenhuma. Achas que vale a pena, Sandro? Que horas são? Sete menos dez. Como o tempo passa. E eu só vendi três pares de meias, depois do almoço. Quatro euros, vê lá a fortuna que se apurou hoje. Que vai ser de nós, Sandro? Lembras-te? Viemos para esta loja um ano depois de nos termos casado, no dia um de Abril de mil novecentos e oitenta e um. Nessa altura eu andava grávida da Iva, tinha uma barriga enorme e uma alegria sem tamanho. Ela nasceu mês e meio depois, a quinze de Maio, lembras-te? Nós éramos tão felizes nesse tempo, lembras-te, Sandro? Eu tinha a menina a darme pontapés na barriga, e a nossa loja a cheirar a tinta e a verniz, com um balcão a estrear e uma máquina registadora que nos custou os olhos da cara, mas parecia tão bem em cima do balcão. E demorámos tanto tempo a fazer a primeira montra, que até nos esquecemos de fazer o jantar. Nessa noite fomos comer a casa da minha mãe. E comemos castanhas cozidas. Lembro-me tão bem. Tenho muitas saudades da minha mãe, que nos ajudou tanto, coitadinha. Lembras-te, Sandro? Fizemos as obras e pagámos a renda do primeiro mês com o dinheiro que o teu avô nos emprestou em segredo. Ele não queria que o teu tio Rodrigo soubesse.
Mas nós pagámos os juros, pagámos tudo até ao último tostão, e isso dá-me muito orgulho. Bem somítico esse teu tio Rodrigo, e para quê tanta soberba? Agora está no lar e o ano passado nenhum dos três filhos teve a ideia de ir buscar o pai para consoarem juntos. Este ano deve acontecer o mesmo. São homens, estão lá para Lisboa, ou arredores, que eu não me acredito que estejam mesmo no centro de Lisboa, e, claro, as mulheres deles não estão para o aturar, e se calhar nem têm sítio para o deitar. Muitas vezes é conveniente ficar tudo muito longe. A nossa Iva não é assim, graças a Deus. Eu sei que ela nunca nos há-de abandonar. Já me esquecia de te dar uma novidade, que não é bem novidade, já estávamos à espera: a Iva telefonou-me há bocadinho. Em vez de dizer: olá, D. Irene, já calou a sirene, com aquela graça que só ela tem, e me põe logo bem disposta, disse: mãe, em Janeiro vou ficar desempregada. E agora, mãe? Como é que eu vou fazer para arranjar dinheiro para pagar o empréstimo da casa? Coitadinha, estava muito transtornada, e o meu coração de mãe logo começou a sangrar. Eu fiz-me forte, e disse-lhe: enquanto eu tiver, vocês também terão, à fome não havemos de morrer. Temos de ser corajosos. Não há mal que sempre dure nem bem que se não acabe. E não lhe disse mais nada. Para ouvir desgraças não vale a pena correr. De modo que eu pensei que só depois do Natal é que lhe vamos dizer que a nossa loja, a Loja da Irene também vai fechar no dia trinta e um de Dezembro. Esta crise é como um incêndio de verão: queima tudo por onde passa.
anttoniomotta@gmail.com