repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
M A R Ç O ’ 12
Prémio GAZETA
Rui Reininho (GNR)
Nº 1261 | março '12 | Ano 29 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 20 a 30.000 ex. OFERECEMOS LEITURA.
É uma felicidade poder viver da música Músico critica a subsidiodependência cultural. "Já estou farto da geração dos dependentes. É fazer, fazer e se não se sabe, inventa-se".
SOLIDARIEDADE Dadores de medula óssea são os novos 'heróis que salvam vidas'
DEMOGRAFIA
MUNDO RURAL
Natalidade subsidiada não trava desertificação do interior transmontano
Certificação biológica dos citrinos da Pala conquistou o mercado
ENTREVISTA | Rui Reininho, vocalista dos GNR, sobre os 30 anos de
Relação com público é o melhor Lúcia Pereira | mzp.lucia@gmail.com | Fotos D.R. / Oficina da Ilusão e LUSA/Arquivo
“Esta estrutura balança, mas não cai. Temos uma série de espetáculos marcados e também perspetivas de novos discos”, afirma Rui Reininho, salientando que para trás ficam os milhares de concertos e os muitos discos lançados. Mas o mais interessante que fica é a relação com o público, com as pessoas. “Isso é o melhor de tudo, é poder viver com a música e ao lado de músicos experientes”, refere Reininho, apontando como um dos momentos marcantes na carreira dos GNR os últimos concertos nos coliseus de Lisboa e do Porto. “É sempre um momento emocionante quando uma pessoa se despede de um grande palco”, afirma o músico, que gosta particularmente de dar concertos. No inverno, prefere o conforto das salas mais pequenas. Nas noites fantásticas de primavera e verão, os concertos ao ar livre. “Gosto de tudo. Uma pessoa quando está em palco não olha muito à volta. Normalmente são sítios agradáveis. Tudo o que seja espetáculos eu gosto”, salienta.
Voos Domésticos
Os GNR estão a comemorar 30 anos de existência. A carismática banda portuense destaca-se pela forma irreverente como defende a cultura e a língua portuguesas. Dunas, Efectivamente, Ana Lee, Sangue Oculta ou Pronúncia do Norte são temas que fazem parte da história do pop/rock português e vão ficando na memória de diferentes gerações. Atualmente, a estrutura da banda assenta no trio Tóli César Machado, Jorge Romão e Rui Reininho, o vocalista da banda que falou ao Repórter do Marão sobre a felicidade que sente em viver da música.
Os 30 anos de carreira dos GNR foram assinalados com o lançamento do disco «Voos Domésticos», um dos “mais bem conseguidos” da banda, na opinião de Rui Reininho. O álbum, que reúne temas clássicos revisitados, tem correspondido às expectativas do grupo, no entanto a venda de discos não se compara com a dos tempos áureos dos anos 80 e 90 do século passado. “Para ser sincero, os discos agora ficam muito aquém do esperado. É uma indústria que está em mudança, não podemos exigir muito mais. Os discos começam a ser mais um cartão de visita, são um instrumento de trabalho para nós mais do que um fim em si como eram antigamente”, refere o músico. A escolha do nome «Voos Domésticos», acrescenta, “enquadra-se numa estética que queríamos que fosse mais global, que tivesse a ver com o tipo de espetáculos que estamos a fazer e que são um bocadinho mais intimistas em salas mais confortáveis”.
Disco vale a pena “Compensa lançar um disco, porque é uma maneira de nos apresentarmos. A coisa não é assim tão mercantil, não estamos sempre a pensar no que é que vamos ganhar com isso. É uma necessidade”, acrescenta Rui Reininho, recordando o caso do álbum «Retropolitana». “Fomos nós que apostamos nele. Sabíamos que as pessoas estavam desejosas de músicas novas, o que também é bom.
carreira
de tudo Fomos para o nosso estúdio, equipamo-nos, investimos tudo o que tínhamos e o que não tínhamos na altura porque queríamos fazer coisas novas. Vale sempre a pena”, sublinha. «Portugal na CEE», o primeiro disco dos GNR, foi lançado ainda em vinil, em 1981. Nos anos 90, popularizou-se o CD, que nos dias de hoje vai sendo substituído pelo formato mp3 que circula livremente pela Internet. A polémica questão da partilha ilegal de música na Internet daria, na opinião de Reininho, “muito pano para mangas”. Para o músico, “as pessoas têm que ser compensadas com um pagamento justo pelo seu trabalho. Isso [o download ilegal] é como chegar a uma mercearia, pegar na fruta e vir embora. Alguém a plantou, alguém a regou…”.
Contracultura A política cultural do país ou a falta dela não preocupam Rui Reininho. “Se comparamos com os países do norte como a Suécia, se calhar é uma porcaria, se compararmos com o Zimbabué, se calhar é muito bom. São fases, não estou na pequena política, nem na grande política, não me preocupo com essas questões. Não é a minha bandeira”, declara. O músico prefere criticar a subsidiodependência cultural. “O que nós, GNR, temos feito é sempre considerado contracultura, não temos subsídios, não dependemos diretamente de um Estado ou de uma Secretaria de Estado da Cultura. Tomara que muita gente também fizesse assim, avançasse com os seus projetos e se preocupasse menos com subsídios de A, B ou C. Mais apoios para quê? Não estamos no meio da Faixa de Gaza a ser bombardeados. Temos é que nos levantar cedo e funcionar. Já estou farto da geração dos dependentes. É fazer, fazer e se não se sabe, inventa-se”.
Rui Reininho num dueto com Mónica Ferraz, dos Mesa, num concerto do Festival Super Bock Super Rock
Músico satisfeito com outros projetos Para além dos GNR, Rui Reininho envolve-se em vários outros projetos que passam pela escrita e pela televisão. O último desafio em que participou foi o concurso «A Voz de Portugal» exibido pela RTP, onde foi mentor do júri. O músico revelou que foi um trabalho que fez com muito prazer. “Encarei a coisa como um trabalho na minha área, não estava a falar nem de futebol, nem de cinema. Tentei ser o mais profissional e o mais competente nesta área e a partir daí tento também divertir-me um bocado. Trabalhei com pessoas de quem eu gosto e com uma boa produtora”, diz, ressalvando que também aprendeu com os outros. “Ultimamente tenho tido essa felicidade de fazer uma série de coisas de que gosto”, conclui.
ENTREVISTA | Vereador Antonino Sousa faz retrato do concelho
Rede Social de Penafiel é Mónica Ferreira | monikiferreira@gmail.com | Fotos C.M.P., Photl e Lusa/Arquivo
Numa altura em que a crise económica que o país e o mundo atravessam agrava a crise social, aos municípios são-lhes exigidas medidas que protejam os mais carenciados e uma rede social ativa que possa dar resposta às necessidades das populações. Neste contexto, a rede social assume particular importância na resposta social às famílias que mais sofrem, seja a perda de emprego, a diminuição dos rendimentos ou a precariedade das condições de vida. O concelho de Penafiel é aquilo que se pode chamar "de exemplo" no que à rede social diz respeito, “estando muito bem do ponto de vista das respostas sociais” que tem para dar a quem as procura. Esta afirmação é do vereador com o pelouro da Inclusão Social, Antonino Sousa, que garante não se lembrar, em dez anos de Câmara, de tempos tão difíceis como estes que o país atravessa, mas que Penafiel tem conseguido responder afirmativamente às solicitações. “Temos uma rede social fantástica e quase todas as freguesias têm uma cobertura social, pois é importante que todos os nossos munícipes necessitados tenham uma instituição a quem possam recorrer”, referiu o vereador. Em Penafiel, a rede social é composta por 24 Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) – o concelho tem 38 freguesias mas algumas das instituições sociais têm uma abrangência superior à freguesia onde estão sediadas –, com diversas valências, direcionadas para os mais pequenos e para os mais velhos, num universo de mais de 2000 utentes, 960 dos quais idosos. Contudo, no que concerne aos de mais idade, o apoio domiciliário é a valência que abrange um maior número de utentes. Viver no seu cantinho, com as suas coisas, tratando do seu quintal (quando a saúde ainda o permite) e ter quem lhe venha a casa tratar da higiene pessoal, da limpeza da habitação e da alimentação, continua a ser a primeira escolha dos mais velhos, que na sua maioria recusam a ideia de serem institucionalizados e de deixarem o seu espaço, adiando muitas vezes até ao limite (perda da autonomia) a ida para um lar, reconhece o vereador (foto em baixo, à esquerda).
Serviço de Apoio Domiciliário cobre 85 por cento do concelho Em dezembro de 2011, o país tinha 70.311 idosos a residir em Lares, 75.586 beneficiavam de Apoio Domiciliário e 42.499 frequentaram o Centro de Dia. Em Penafiel, no final de 2011, 164 idosos residiam em Lares, 317 beneficiavam de Apoio Domiciliário e 269 frequentavam o Centro de Dia. Além daqueles, 210 frequentam os Centros de Convívio, onde passam os dias, na companhia de outros idosos e onde desenvolvem atividades físicas, educativas ou culturais. “Temos praticamente quase todo o concelho coberto com o serviço de apoio
domiciliário”, referiu Antonino Sousa, dando conta de que “muitos dos nossos idosos ainda têm reservas em ir para uma instituição e continuar no seu cantinho é importante para muitos”. Segundo o vereador, esta modalidade é a que melhor se adequa às necessidades da população do concelho, sendo também aquela que exige um esforço financeiro menor; como tal, em seu entender, “é a que é essencial ser trabalhada”. Este trabalho tem sido feito em Penafiel e os Centros de Dia e o Serviço de Apoio Domiciliário são as respostas mais completas, com uma cobertura a rondar os 85 por cento. Além do Serviço de Apoio Domiciliário, os Centros de Dia também têm assumido um importante “papel de transição”, funcionando como uma ponte entre o serviço prestado em casa e as instituições, ajudando a que o utente aceite melhor a questão da institucionalização, quando necessitar. Ao nível de lares, Penafiel contraria a tendência nacional e tem uma maior capacidade de oferta do que de procura, chegando a alojar utentes de fora do concelho. Estes encontram-se, assim como as restantes valências das IPSS do concelho, “bem distribuídos” e “quando não há condições para o Apoio Domiciliário, temos os Lares, com uma rede suficiente para as nossas necessidades”, referiu o vereador.
Alimentação garantida pelas associações e Ação Social do Município Ao nível da alimentação das pessoas com maiores necessidades, também em Penafiel esta questão tem uma resposta efetiva e eficiente, executada através das IPSS do concelho. Estas trabalham com o Banco Alimentar Contra a Fome, com o Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados (PCAAC) e garantem os alimentos essenciais às famílias mais carenciadas do concelho. São as instituições que fazem a gestão e entrega dos bens a quem deles necessita e que esteja sinalizado como tal. “Neste momento não se justifica no concelho que haja gente a passar fome porque há mecanismos suficientes para suprir essas necessidades”, afirmou Antonino Sousa, deixando nota de que quem necessite deste tipo de ajuda deve dirigir-se às associações locais e inscrever-se. “Para já não há situações extremas de pobreza em Penafiel. As comunidades têm instituições por perto que os acautelam; temos uma dispersão territorial muito boa e estas 38 freguesias criam uma rede social muito grande”, acrescentou o vereador, receoso de que este cenário se possa vir a alterar nos próximos tempos, consequência do desemprego que tem assolado o país e a região e que colocou Penafiel e Paços de Ferreira nos lugares cimeiros do Vale do Sousa, com o número de desempregados a aumentar cerca de 20 por cento em dezembro de 2011, comparativamente a dezembro de 2010. “Tenho receio que isto se venha a agravar por causa do desemprego; tenho medo pelas famílias, pelos filhos, pelos dramas que possam vir
exemplar a surgir”, salientou o vereador. Preocupada com a questão do desemprego, a autarquia tem tentado minimizar este flagelo que atinge a região e o concelho em concreto e tem apostado na contratação de empresas locais para a realização de obras com fundos comunitários que estão a ser levadas a cabo na área da construção civil, caso da Regeneração Urbana e dos Centros Escolares.
Idosos isolados estão assinalados, teleassistência não se justifica em Penafiel Em Penafiel existem cerca de 100 idosos mais isolados, carentes de uma especial atenção por parte do município e das entidades competentes. Contudo, estes estão devidamente sinalizados pela GNR e o vereador Antonino Sousa descarta a hipótese de lhes ser instalado em casa o serviço de Teleassistência. “A questão da Teleassistência não foi posta em cima da mesa. Os idosos mais isolados já foram sinalizados pela GNR, que neste processo tem um importante papel não só de sinalização, mas também de acompanhamento”. Estes idosos começam já a ter algumas dificuldades de movimentação mas resistem à institucionalização. São acompanhados pelas autoridades policiais e pelas técnicas das associações e serviço social da autarquia. A autarquia penafidelense está igualmente a estudar uma solução que poderá passar pelo envolvimento de voluntários no acompanhamento dos idosos que existem no concelho.
Mercado Social de Arrendamento para jovens casais O Mercado Social de Arrendamento, dirigido a jovens casais com dificuldades financeiras, mas com alguma capacidade para pagar as rendas, é um projeto que está a ser estudado pelo município de Penafiel em parceria com a Secretaria de Estado da Segurança Social e com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). Este projeto irá aproveitar cerca de duas centenas de fogos desabitados, que serão colocados à disposição para arrendamento social, com rendas a rondar os 150/200 euros. Numa primeira fase, serão colocados neste sistema cerca de 80 fogos que existem em Novelas. Este projeto poderá estar já no terreno dentro de dois, três meses e, segundo o vereador, disponível "para pessoas com alguns recursos mas que não conseguem pagar rendas [demasiado] altas”.
EM 400 LOCAIS DE DISTRIBUIÇÃO PAREDES – Continente Modelo | Intermarché | Casa do Benfica | JCA | Câmara Municipal | Nosso Café | Bombeiros | Paredes Hotel Apartamento | JAP Renault | Mitsubishi - Mouriz | Galp (centro) | Hospital da Misericórdia | Lusodiesel | CTI Tractores | MCoutinho (Seat,Ford,Peugeot) | Esc. Secundária | Esc. Básica 2/3 | Pastelaria Cakes | Casa da Cultura | Padaria/Pastelaria Princezinha | Livraria Griffin PENAFIEL – Pingo Doce | Intermarché | BricoMarché | Roady | AKI | Hospital do Tâmega e Sousa | Câmara Municipal | Café Alvorada | Café Imperial | Mcdonalds | Café "O cantinho" | Pastelaria Nova Doce | Pastelaria Aliança | Pastelaria Aromas de Cafe - Sameiro (junto EB) | Pena Hotel | Real Francesinhas | Bracalândia | Esc. EB 2,3 - A. Ferreira Gomes | Esc. Secundária (Sameiro) | Esc. EB 2/3 Penafiel Sul | Esc. Secundária (Guilhufe) | Estação CP | Clinica Med. Arrifana de Sousa | Cafe Palla | Staples | PENAFIEL SUL: Ecomarché Termas de São Vicente Penafiel | Hotel e Termas de S. Vicente | Inatel Entre-os-Rios | Restaurante Al-margem | Bombeiros | Restaurante Ponte da Pedra PAÇOS DE FERREIRA – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Câmara Municipal | Clínica Radelfe | Biblioteca | Esc. Secundária | Grupo Martins | FERRARA PLAZA: Continente Modelo | Lojas JCA+Freamunde | Loja IZI LOUSADA – Pingo Doce | Continente Modelo | Intermarché | Piscinas Municipais | Esc. Preparatória | Esc. Secundária | Bombeiros | Espaço Artes | Câmara Municipal | Confeitaria Cascata Rosa | Confeitaria Central | Café Paládio FELGUEIRAS – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Esc. Sup Tec. e Gestão | Central Camionagem | Hotel Horus | ISCE | Biblioteca | Galp | McDonalds; LIXA: Continente Modelo | Esc. Secundária | Esc. C+S | Staples | Bombeiros FAFE – Pingo Doce (Rotunda A7 e Montelongo) | Galp | Intermarché | Euronics | Continente Modelo | E.Leclerc | Hotel Confort Inn | Esc. EB 2,3 | Esc. Secundária | Central de Camionagem | Bombeiros | Hospital | Bar da Praça | Arcadia Café | Posto de Turismo | Sãozinha Café | Câmara Municipal | Esc. EB 2,3 - Montelongo | Biblioteca | Teatro Municipal | Pavilhão Desportivo Municipal | JAP Renualt | Posto BP (Saída Guimarães) | FafeDiesel AMARANTE – Pingo Doce | Intermarché | Continente Modelo | Câmara Municipal | Quiosque da Alameda | Café Bar | Museu Amadeo de Souza Cardozo | Hotel Casa da Calçada | Confeitaria da Ponte | José Rodrigues - Dentista | Esplanada Tílias | Casa da Juventude | Clínica e Café Cristal Center | Café da Manhã | Bombeiros | Momel (Loja Cepelos, Sede e Ponte Pego) | Loja Informática Microtâmega | Estação Rodoviária | Petrofregim | Papelaria Lena | Livraria Moruscla | Café Conde | Centro Pastoral | Galp | Biblioteca | FVform - Formação Profissional | Café/Restaurante Príncipe | Café Conselheiro | Café Pardal (R. 5 Outubro) | Hosp. São Gonçalo | Café Grão Real | Café Seara | JAP Renault | Casa das Artes | Café Campo da Feira | Salão de chá Butterfly | Esc. Prof António Lago Cerqueira | Pastelaria "O Moinho" | Esc. Secundária | Esc. EB 2,3 | Esc. EB 2,3 de Telões | Colégio de São Gonçalo | Esc. Básica da Sede | Papelaria Jorge Pinheiro (junto Biblioteca) | Chaimite (St. Luzia) | Alvescar (Opel) | RicK & Mark | Pastelaria Sonhos do Tâmega | Posto Combustivel Pinheiro Manso (Ponte Pego) MARCO DE CANAVESES – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Hosp. Rainha Santa Isabel | Câmara Municipal | Assoc. Empresarial | Dolmen | Barbearia Correira | Café ETC | Esplanada Da Vinci | Biblioteca | Café Woodrock | Bombeiros | Esc. Secundaria | Esc. EB 2/3 | JAP Renault | Pastelaria Café Copacabana | MCoutinho - Sede | Restaurante Momentos | Santana | Standarte | Mitsubishi (Stand) | Repsol | Pastela-
ria Café Copacabana (R. Amália Rodrigues) | Publigraf | Padaria Marcoense | Restaurante Tanoeiro | Hemauto | Estação CP | MARCO SUL: Escola Profissional de Agricultura Rosém | VILA BOA DO BISPO: Café Nascer do Sol | Bombeiros | Padarias Reunidas | Padaria A. Moreira | Café Entroncamento | ALPENDURADA: Café Desportivo | Padarias Reunidas | Café Avenida | Café Caçador | Ecomarché | MiniPreço BAIÃO – MiniPreço | Intermarché | Câmara Municipal | Bombeiros | Dolmen - Loja | Esc. Secundária | Pensão Borges | Gelataria Carioca | Café Gomes | Café Camões | Canastra Doce (1,2,3) | Café Snack Bar Fonte Nova | Café Ponto de Encontro | STA. M. ZÊZERE: Canastra Doce (1,2) | Galp | Bombeiros CASTELO DE PAIVA – Intermarché | Supermercado Douro | Câmara Municipal | Centro de Saúde | Bombeiros | Hotel S. Pedro | Esc. EB 2,3 | Esc. Secundária CINFÃES – Intermarche | MiniPreço | Câmara Municipal | Museu Serpa Pinto | Hotel Porto Antigo | Restaurante Papilom | Churrasqueira Varanda | Salão de Chá Tentação | Café Central | Café Snack Bar Kibom | Bombeiros | Café Palhinhas RESENDE – MiniPreço | Supermercado Matias | Confeitaria Rabelo | Misericórdia | Café Churrasqueira “O Imigrante” | Pastelaria Cavacas | Bombeiros | Restaurante Cafe (Junto MiniPreço) | Esc. EB 2/3 | Esc. Secundária | CALDAS DE ARÊGOS: Caldas Bar | Café Esplanada (junto Correios) | Rest. A Tília | Douro Park Hotel MESÃO FRIO – Supermercado (R.Cerdeiras) | Supermercado Queirós | Câmara Municipal | Bombeiros | Santa Casa Misericordia | Café Avenida | Salão de Chá Neto do Fadinho | Cafe Art | Café Snack Bar Rio Mira | Esc. EB 2,3 PESO DA RÉGUA – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Estação CP | Hotel Régua Douro | Biblioteca | Posto de Turismo | Museu do Douro | Pastelaria Sírios | Café Snack Bar “O Barquinho” | Esc. Sec. Dr. João de Araújo Correia | Esc. EB 2,3 | Esc. Prof. Rodo LAMEGO – Pingo Doce | Central de Camionagem | Hotel | Postos Galp (R. Infantaria e Lg.Desterro) | Hospital | Bombeiros | Pastelaria da Sé | Casa de Chá | Pastelaria Sª Remédios | Pastelaria Solar Chá Espirito Santo | Café Esplanada Parque VILA REAL – Continente | Jumbo | Intermarché | Pingo Doce (junto PSP e N. Sª Conceição) | Rodonorte | McDonalds | UTAD (Biblioteca e Centro de Cópias) | Centro Hospitalar | Pastelarias Gomes (centro e junto RTP) | Pastelaria Nova Pompeia (1,2) | Padaria Confeitaria Serrana | Posto de Turismo | Hotel Miracorgo | Biblioteca | Galp | Teatro | Café-Concerto | Dolce Vita: Balcão de Informação, Posto de Turismo e Rádio Popular | MCoutinho (Peugeot e Mercedes) | Zona Industrial: Renault, Nissan, Ford e Corgobus VILA POUCA DE AGUIAR – Intermarché | Albergaria da Pena CHAVES – Pingo Doce | Continente Modelo | McDonalds | Posto Turismo | Hotel Casino Solverde | Hotel Forte S. Francisco | Hotel Aquae Flavie | Termas | Hospital BRAGANÇA – Continente Modelo | Intermarché | Pingo Doce | Café da Estação | Mercado Municipal | Hospital | CESPU | Politécnico de Bragança (IPB) | Café Chave D'Ouro | Café Flórida | Livraria Rosa d’Ouro | Restaurante Manel | Confeitaria Domus | Biblioteca | Centro de Arte Graça Morais | Pastelaria Apolo 71 | Hotel Ibis | Hotel Turismo São Lázaro | Pousada S. Bartolomeu | MCoutinho (Mercedes/Audi, Fiat, Ford, Ocasião, BMW) MIRANDELA – Intermarché | Pingo Doce | Hotel D. Dinis | Hospital MACEDO DE CAVALEIROS – Intermarché | Mini Preço | Piscinas Municipais | Centro Cultural | Instituto Piaget | Biblioteca | Câmara Municipal | Hospital
POLÍTICA | Manuel Moreira fala dos quase sete anos na presidência da Câmara do Marco
Gestão camarária vivida com paixão Joana Vales | joana_vales@hotmail.com | Fotos J.V. e Arquivo Manuel Moreira assumiu a Câmara Municipal do Marco de Canaveses há quase sete anos e, apesar dos obstáculos, é com empenho e paixão que fala da sua missão como político, da família e dos amigos. Desde muito cedo que descobriu o pulsar dos movimentos cívicos, da vida religiosa e da política. Foi o mais jovem deputado na Assembleia da República, vereador na Câmara de Vila Nova de Gaia com apenas 20 anos, Governador Civil do Porto e, atualmente, presidente da Câmara da terra onde nasceu e tem família. “Estive muito cedo na vida cívica e recreativa. Sou crente e as atividades ligadas à Igreja Católica também me ajudaram muito a descobrir quem sou, a gostar de ajudar os outros, a ser útil. Tenho muito esta vertente humanista”, confidenciou Manuel Moreira. Com o 25 de Abril respirava-se liberdade e democracia. Moreira sentiu que era o momento de aderir ao PPD/PSD e foi eleito deputado. “Procurei sempre fazer um trabalho de contacto de proximidade com as pessoas que me elegeram. Para mim, sempre foi muito importante tomar consciência das preocupações e dificuldades das pessoas”, disse. Desde que assumiu a câmara do Marco, Manuel Moreira fez sempre questão de estar presente em todas as atividades. “Não gosto de estar dentro do gabinete, gostava de poder estar mais no terreno, ouvir as pessoas e perceber as suas necessidades. Esta é a minha forma de estar”. Depois de tantos anos ligado à política, Manuel Moreira sabe os sacrifícios que teve de fazer para desempenhar a missão de serviço público. “A minha vida pessoal e social é muitíssimo reduzida. Eu vivo o Marco, o meu mundo é o Marco de Canaveses e neste momento, não tenho mais mundo para além do Marco”, confessou. Assumiu a autarquia com espírito de missão e com vontade de dar sempre o seu melhor. A família sai sacrifica-
Dedico-me ao Marco de corpo e alma. Estou cá de forma permanente de domingo a domingo. O momento mais feliz da minha vida foi quando nasceu a minha filha.
da numa luta pela atenção que dedica à terra que abraçou. “As pessoas podem pensar que eu não tenho família mas isso não é verdade. Tenho imensos primos aqui no Marco, tios e o meu pai. Claro que a minha mulher e a minha filha são as que sentem mais a minha ausência. Fiz em dezembro 20 anos de casado e desde muito cedo que a minha mulher sabia o meu estilo de vida. Sempre soube que não ia ser muito presente porque dedico-me de corpo e alma a todas as missões que me confiam. Desde que assumi a câmara do Marco que vou a casa dormir apenas meia dúzia de horas”, desabafou. Os jantares de domingo à noite, quando são possíveis, são o bocadinho que tem para estar com a família. “Não gosto de expor a minha família na vida política. Tenho um pacto com a Eduarda em que só está presente quando é mesmo necessário. A minha filha também compreende esta minha opção de vida mas claro que sente a minha ausência. A minha sogra, de quem gosto muito, também tem sido uma grande ajuda e tem dado muita atenção à minha filha”, disse.
Desafio mais difícil Manuel Moreira assume que a presidência da Câmara foi o desafio “mais difícil” da sua vida. “Esta é uma missão muito exigente. Quando cheguei tínhamos uma câmara com uma gestão autárquica muito condicionada, com uma dívida de 300 mil euros mensais. Tivemos que lutar para diminuir o valor da dívida e para fazer obra. Sei que se não tivéssemos esta dívida podíamos fazer flores”, afirmou. Moreira considera-se uma pessoa positiva e com garra para conseguir sempre mais. “Sou muito positivo, tento sempre ver coisas boas e sei que nestes mandatos tive sempre espírito de servir e não de me servir. Claro que também desanimo, também fico triste mas tento sempre dar a volta por cima”, salientou. A educação, a ação social e a cultura foram para Manuel
Emocionei-me muito quando tomei posse no primeiro mandato e ouvi as pessoas dizerem que tinha chegado o 25 de Abril ao Marco. Sei que não vou conseguir fazer tudo o que o Marco merece. Mas tenho a certeza que tenho feito o meu melhor.
Moreira as grandes obras dos dois mandatos. “Apostamos desde sempre na educação porque sabemos que é necessário apostar nas gerações futuras. Quando assumimos a câmara havia muito abandono escolar e muito insucesso. Ainda não está tudo feito mas melhorou bastante e estamos a apostar nesse sentido. Na ação social temos ajudado muitas famílias carenciadas, criamos a Comissão de Proteção de Menores e apoiamos com refeições escolares as crianças carenciadas. Na cultura temos dinamizado imensas atividades por considerarmos muitíssimo importante”. O primeiro mandato de Manuel Moreira ficou marcado pelas obras do parque fluvial do Tâmega, pela construção das piscinas de Alpendorada, pelas obras no cais de Bitetes e pela rede de água e saneamento. O segundo mandato ficará na memória pela construção do centro escolar de Sande e de Vila Boa do Bispo e pela requalificação da cidade. “Considero que é muito importante requalificar a nossa sala de visitas. Nunca desisti e conseguimos o financiamento do QREN. Tenho esperança de conseguir chegar aos 95 por cento de financiamento e ter as obras concluídas até à primavera de 2013”, explicou. Manuel Moreira não avança se vai ou não candidatarse ao terceiro mandato mas admite que gostava de ver construídos o centro escolar de Fornos, criar uma escola básica integrada em Rio de Galinhas e em Ariz, Vila Boa do Bispo e Favões. “Tenho um princípio de vida em que não antecipo cenários. O meu lema é: faz bem no que estás investido e o resto a Deus pertence. No início do ano de 2013 terei que fazer a minha autoavaliação e se sentir que continuo a ser útil ao Marco, que tenho motivação e que tenho o apoio do meu partido tomarei essa decisão”, revelou. Quando deixar a câmara do Marco de Canaveses, Manuel Moreira quer que o recordem como uma pessoa “que serviu e não se serviu”. “Espero que reconheçam que fiz tudo aquilo que nos foi possível”.
160 Anos do Município evocados a 31 de março Dia 31 de março assinala-se os 160 anos do Município do Marco de Canaveses. Para marcar a data, será realizado um congresso com várias conferências. A criação de um hino municipal vai marcar a data. “É uma data para fazer uma retrospetiva dos 160 anos e perspetivar o futuro que queremos para este concelho”, disse o autarca. As bandeiras serão hasteadas e será realizada
uma homenagem ao fundador do município Adriano José de Carvalho e Melo. “O congresso decorrerá no quartel dos bombeiros e no dia 1 celebraremos o evento na vila de Alpendorada e Matos, no centro social e paroquial”. “Considero que o Marco pode ser um dos melhores municípios de Portugal. Este é um desígnio que é possível alcançar e estamos nesse caminho”, salientou.
SOLIDARIEDADE | Movimentos de dadores de medula óssea crescem,
Heróis que salvam vidas Joana Vales | joana_vales@hotmail.com | Fotos J.V. e RM/Arquivo
Vivem contra o tempo, numa busca incessante pela cura. Sonham dia e noite com um dador compatível capaz de dar corda aos ponteiros do relógio para que continuem a rodar e a contar anos de vida. Tudo o que precisam é de um dador compatível de medula óssea. Os dadores têm vindo a aumentar ao longo dos anos mas o número ainda não é suficiente para salvar todas as vidas. Contudo, são ainda muitos aqueles que esperam e sonham por um transplante que nunca chega a ser realizado.
Em Penafiel, foi criado o primeiro Banco Municipal Virtual de Medula Óssea do país em parceria com o Centro de Histocompatibilidade do Norte. O objetivo é aumentar o número de dadores e dar esperança a quem mais precisa. A iniciativa é inédita em Portugal e espera-se que seja replicada por outros concelhos. Desde o momento da inauguração, a 15 de fevereiro, já se tornaram dadores 970 pessoas. A recolha vai passar por todas as juntas de freguesia do concelho de Penafiel e, dentro de um ano, todos os penafidelenses poderão fazer parte do registo nacional e salvar vidas em Portugal e no mundo. Quem for de outros concelhos pode também tornar-se dador em Penafiel. Maria Helena tem 39 anos, é dadora de sangue há nove e inscreveu-se na Junta de Freguesia de Oldrões para ser dadora de medula óssea. “Sensibiliza-me muito ouvir histórias de adultos e crianças que lutam por conseguirem um dador
compatível. É nosso dever ajudar porque um dia podemos ser nós a precisar”, disse Helena. As campanhas de sensibilização têm alertado as pessoas para a importância de se tornarem dadores. “Hoje em dia as pessoas estão mais conscientes dos problemas devido às campanhas que se fazem e aos apelos. Acho importante e sinto-me orgulhosa por existir em Penafiel esta iniciativa”, salientou. A idade, 56 anos, impediu que Joaquim Leite se tornasse dador de medula óssea. Ainda assim, insiste em dar sangue e considera que todos o deviam fazer. “Um bocadinho de nós pode ajudar muita gente. Infelizmente já não tenho idade para me tornar dador de medula óssea mas enquanto tiver saúde para doar sangue assim o farei”, afirmou convicto. José Silva, 40 anos, inscreveu-se pela primeira vez como dador. “Isto não dói absolutamente nada, é como fazer umas análises. Além dis-
Penafiel é exemplo
Susana, dadora aos 20 anos
'Foi a melhor coisa que fiz na vida' so, mesmo que doesse valia a pena o sacrifício porque podemos estar a salvar vidas. Todos deviam ser dadores de medula óssea”, disse ao Repórter do Marão. Portugal está em segundo lugar no ranking de dadores de medula óssea da Europa. Ainda assim, a procura por dadores compatíveis continua a ser uma luta contra o tempo. Segundo Fernando Godinho, do Centro de Histocompatibilidade do Porto, o ano passado foram realizados 120 transplantes de medula óssea com sucesso. “Muita gente se tem inscrito como dador e isso é extremamente importante. Em Penafiel já se inscreveram cerca de 970 pessoas desde 15 de fevereiro e quem sabe se não encontramos aqui dadores compatíveis com quem está a precisar”, disse. Para salvar uma vida basta que seja saudável, tenha entre 18 e 45 anos e um peso mínimo de 50 quilos.
Susana Sousa tem 21 anos e espelha no rosto o orgulho de ter salvo uma vida. A doença da mãe, que a obriga a fazer várias transfusões de sangue, alertou-a desde muito cedo para a importância de ser dadora. Aos 18 anos tornou-se dadora de sangue e aos 19 estava inscrita como dadora de medula óssea. “Sempre quis ser dadora, sabia que tinha de o ser. Uma altura, na faculdade, surgiu uma recolha e eu aproveitei para me inscrever. Foi a melhor coisa que fiz”, explicou Susana, sorridente. Um ano depois de se ter inscrito, Susana recebeu a notícia de que era compatível com uma pessoa que precisava de um transplante de medula. Perguntaram-lhe se queria dar início ao processo e Susana não hesitou nem por um momento. “Fiquei mesmo muito feliz por saber que ia ajudar uma pessoa que precisa. Posso dizer que me saiu o euromilhões. Sou uma sortuda por ter tido essa experiência que considero única”, disse com orgulho. Sobre a pessoa que salvou só sabe que é português e que está bem de saúde. “Gostava muito de conhecer a pessoa que ajudei mas o facto de saber que está bem, já fico feliz”, salientou. Depois de algumas horas no Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO), onde fez vários exames, Susana regressou a casa, em Penafiel, com a certeza que tinha vivido o melhor dia da sua vida. “Fizeram-me muitos exames para se certificarem que eu estava bem e que podia, de facto, ajudar. Quando verificaram que podiam avançar, cinco dias antes administraram-me uma injeção para aumentar o número de células progenitoras. Depois foi realizada a colheita de sangue através do braço. Não dói nada”, salientou. O processo pode assustar mas a verdade é que é indolor e relativamente rápido. Em causa estão vidas à espera de esperança. Segundo as estatísticas, aproximadamente 80 por cento de todos os doentes têm, pelo menos, um potencial dador compatível. Mas, nem todos os doentes para os quais foi identificado um dador chegam à fase do transplante. Susana sabe que voltava a repetir o processo caso fosse chamada novamente. Uma felicidade que sentiu com apenas 20 anos, um ano após se ter inscrito como dadora. “Fazia tudo novamente. A medula é um tecido que se regenera rapidamente. Por isso, se tiver a sorte de me voltarem a chamar é claro que vou em frente”, disse convicta. “Toda a gente se pode tornar num herói ou heroína como eu me sinto. Não custa nada, não dói nada e se um bocadinho de nós ajudar uma vida, não temos que ter receio”, afirmou em tom de mensagem a todos os que ainda não se inscreveram como dadores.
MUNDO RURAL |
Laranja
Paulo Alexandre Teixeira | pauloteixeira.
Na zona da Pala, no rio Douro, produzem-se anualmente cerca de mil toneladas de citrinos mas grande parte da produção está espalhada por sete a oito dezenas de pequenas explorações agrícolas que escoam os seus produtos no mercado paralelo das bermas das estradas locais. Apesar da existência de uma associação de produtores, a falta de interesse no associativismo é uma oportunidade desperdiçada para explorar nichos de mercado que estão em crescendo e projetar o produto para além da região.
LARANJA DA PALA Citrinos Biológicos Casa da Torre - Baião Telef. 919 711 353 casatorre_@hotmail.com
| Produtor biológico de Baião queixa-se de falta de associativismo
da Pala ganha mercado
.tamegapress@gmail.com | Fotos P.A.T. “Fico com alguma pena que não haja mais produtores a entrar no associativismo”, disse em entrevista ao RM José Miguel Caeiro, um dos fundadores da Associação de Produtores de Citrinos da Pala, entidade que tem pouco mais de uma dezena de associados e abrange as duas margens do rio Douro – Cinfães e Baião. Este produtor foi o único nesta região que converteu a sua produção para o regime biológico. A falta de adesão dos produtores locais também se explica por a maioria dos produtores de citrinos não ter dimensão, pois a sua produção anual não vai além das duas a três toneladas por ano. O engenheiro agrónomo acredita que a única forma de competir num mercado mais alargado passa pela união de esforços entre os produtores e a conversão para a produção biológica de citrinos da Pala. “Neste momento, o mercado está recetivo aos produtos biológicos e há, na realidade, uma procura que supera a oferta. Tem os seus problemas, particularmente porque é pequeno e disperso, mas mesmo assim consigo comercializar toda a minha produção”, disse o produtor.
Laranja da Pala pode competir num nicho do mercado Nas encostas da quinta da Casa da Torre, em Ribadouro, Baião, José Caeiro produz anualmente cerca de 70 toneladas de citrinos, em particular uma variedade de laranja local denominada "da Pala". Apesar de ser conhecida essencialmente pelo seu sabor, a pequena laranja da Pala tem poucas hipóteses de competir diretamente com outros produtos similares num mercado dominado pelo apelo visual das cores e tamanho da fruta. Contudo, onde perde em termos de apresentação e calibragem, compensa no sabor e na capaci-
dade de produzir sumo, uma das qualidades pela qual esta variedade é reconhecida. “Admito que não é a laranja mais bonita de se ver mas há estudos académicos que comprovam que produz mais sumo do que as outras variedades, mesmo as que vêm do Algarve” explica. Adicionalmente, para os produtores, este fruto apresenta uma oportunidade para alargar o ciclo de produção e comercialização de citrinos praticamente ao longo de todo o ano porque a sua maturação começa na altura em que outras variedades já se esgotaram. “É um fruto que começa a maturar em março e que pode ficar na árvore até ao verão. Essencialmente, permite-nos ter produção todo o ano”, sublinhou.
Há clientes dispostos a pagar mais por produtos certificados A produção de citrinos já se pratica há centenas de anos nesta região mas foi a partir dos anos 70 que, com a construção da barragem do Carrapatelo, dezenas de pequenos produtores locais começaram a vender os seus produtos diretamente ao consumidor. Apesar de perderem preciosos terrenos para as águas do Douro, os agricultores da Pala ganharam acesso direto a novos clientes graças ao impulso no turismo verificado nesta região. Para a grande maioria, com explorações que ocupam pouco mais do que um hectare, a conversão para um regime biológico seria demasiado dispendiosa devido aos custos associados ao processo de certificação e controlo, entre outros. “Para pequenas produções, não é muito interessante esse modelo. Compreendo que para eles faz mais sentido escoar o produto através de um mercado paralelo, junto às estradas”, explica José Caeiro.
Contudo, o engenheiro agrónomo realça que se os produtores locais pretenderem competir no mercado nacional, têm de “se mexer e unir esforços” para explorar as oportunidades associadas à produção biológica. “Doutra forma, não teremos qualquer hipótese de competir em termos convencionais”, avisou. Apesar das suas reservas iniciais quanto ao sucesso da conversão, José Caeiro admite que mudou de opinião após verificar que há um grupo de consumidores que exigem produtos biológicos. “Por conhecerem os riscos associados ao uso de pesticidas preferem pagar um pouquinho mais por um produto que esteja certificado como produção biológica”, explicou.
Feira do Fumeiro consolida imagem do produto A laranja da Pala é um dos muitos produtos endógenos da região que estará em destaque na Feira do Fumeiro e do Cozido à Portuguesa, que se realiza entre 30 de março e 1 de abril, na Feira do Tijelinho. O evento, organizado pela Câmara Municipal, atrai anualmente milhares de forasteiros que se deslocam à vila de Baião para provar e ficar a conhecer o melhor que os agricultores locais produzem na área dos enchidos, vinhos e de variados tipos de legumes e frutas. “O evento em si é importante para os produtores mais pela componente da promoção e consolidação de uma boa imagem do que pelo volume de vendas”, sublinhou José Caeiro. “Os clientes ficam intrigados pelas imagens, com toda aquela beleza do rio Douro, que usamos para promover a região da Pala. Muitos acabam por ir visitar a região graças à presença do produto e dos produtores nestes eventos”, concluiu.
O sorriso dele multiplicado nela. Ele é pai. Pai crescido. Pai feito de dias que já foram. Ela é filha. Filha dos dias que virão. Caracóis perfeitos em olhos meigos. Ela ri-se e ele encontra-se por dentro. Pai a tempo. Certo. Pai a tempo. Inteiro. Repleto, completo. Ele dá-lhe a mão e ela foge-lhe em sorrisos. Ela faz pose. Ele tira do bolso uma máquina imaginária e congela minutos para sempre. Fotografias suspensas. Guardas a minha gargalhada? E ele abre as mãos, em concha, como quem guarda água. Quando eu for velhinha, tu ainda vais ser meu pai? E ele que não quer mentir, não sabe mentir, abre as mãos. Água livre. Para sempre. Pai. O velho pai de mão trémula. O pai de riso fino, lábios perfeitos em pele escura. Pai de todos os que se fizeram pais. Pai de mão dada à filha num adeus sem volta, pai soletrado. Pai a ir embora e a deixar a mesa vazia, a sopa com colher e garfo, a mulher de olhos azuis, o jardim com nabos por
Foto: vizualise us
Foto: Lusa/Arquivo
Juntos pelo Douro
A promoção do Douro enquanto destino turístico de excelência tornou-se o objetivo de quase dezena e meia de empresários do Douro – agregados em torno da marca AlltoDouro.com [todos ao Douro] –, maioritariamente ligados aos vinhos e ao enoturismo e empenhados em “combater também a sazonalidade” que se vive na região. Apresentado pela Greengrape, uma empresa de comunicação e animação turística de Vila Real, o grupo AlltoDouro.com – formado pelas empresas Douro Family Estates, Galeria Momentos, Lavradores de Feitoria, Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, Wine & Soul (Vinhos e Enoturismo), Museu do Coa (Cultura), Casa de Mendiz, Casa de Pasto Chaxoila, Casas do Coro, Ervas Finas, Hotel Teatro, Pipadouro e restaurantes DOC e DOP (Turismo) – acredita “que só coletivamente conseguirá
rebentar. Pai em moldura de fotografia com céu azul a fazer as vezes de tecto. Pai esperança. Pai de meninos às cavalitas. Pai de calções na praia. Pai de futebol. Pai de sorriso aberto à espera. À espera de coisas que não pediu, que não sabe, que não quer, que acolhe, que aceita, que acalma. Pai com mãos grandes e abraços firmes. Pai de frases certas, repetidas, repetidas, repetidas. Pai de “está tudo bem”. Pai de “vai ficar tudo bem”. Pai de “pronto, já passou”. Pai mãe. Pai de querer ser. Pai futuro. Pai que pousa a mão na pele quente da barriga dela e sonha um nome de menino em letras grandes. Pai que se enrosca no colo e se faz pequeno para quando for grande. Pai que será, porque ainda não o é. Pai que chora por cada barriga que não o faz pai. Pai pela rua de olho meigo. Pai de gravata apressada e pequeno-almoço a caminho. Que se faz tarde. Onde está o menino? Pai a correr que cansa. Por gosto. Às vezes em Agosto as férias a
dois. Fim de semana sim, fim de semana não. Pai a dias. Todos. Juntos. Quando a porta se abre e ela corre para ele e ele a abraça junto ao pescoço num cheiro a quase criança que já não é. Depois de depois de manhã volta o abraço só que ao contrário. Pai velho sem ter sido menino. Pai que não quer rir com medo de deixar de ser. Pai que espreita pelo canto do olho para que a luz não o cegue. Pai. Pai que se esquece de ser. Pai que se abandona ao sorriso. Pai que se esconde da menina de cabelos aos caracóis e volta para casa sozinho esquecido da sua condição. Pai que não sabe ser diferente. Pai que se sente incapaz. De chorar. De pegar na mão. De dizer “estou aqui”. Mesmo estando. Mesmo estando. Pai que pega ao colo e fica. Pai que está. Que é. Pai.
Eduarda Freitas
contribuir para a afirmação internacional do Douro vinhateiro”. Por outro lado, declara-se aberto à entrada de outros empresários da região, desde que prossigam os mesmos objetivos. “Trata-se de criar economia de escala entre empresas dinâmicas, inovadoras e abertas ao risco em torno de um projeto voltado para a exportação e para a afirmação internacional da única região de vinhos do Velho Mundo que ainda está por descobrir”, assinala o grupo promotor. "É a materialização de uma vontade há muito sentida pelos próprios operadores que se unem na definição de uma estratégia coletiva para a afirmação internacional da região".
O grupo pretende apresentar ainda este ano um plano de ação para o biénio 2013-14, que definirá como mercados-alvo as cidades de Londres e Barcelona (com participação nas feiras de turismo) e o Brasil. As ações a desenvolver no exterior, que deverão ser apoiadas pela AICEP, agora tutelada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, assentam na promoção do vinho e da região junto dos operadores turísticos, distribuidores e jornalistas e críticos de vinhos. O AlltoDouro.com promete ainda debruçar-se sobre "o aprofundamento da estratégia coletiva que envolva o vinho do Porto e o Douro" e a criação de economias de escala para "potenciar as empresas e a região".
PROTEÇÃO CIVIL | Ribatua fechou as portas, Macedo de Cavaleiros em dificuldade
Corporações transmontanas em risco Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos Lusa/Arquivo e D.R.
A falta de um modelo de financiamento para assegurar o normal funcionamento dos corpos de bombeiros tem causado sérios problemas de sustentabilidade. Em São Mamede de Ribatua, aldeia do concelho de Alijó, as portas do quartel encerraram este mês. No distrito de Bragança, a corporação de Macedo de Cavaleiros é a que inspira maior preocupação, pois, no início do ano, foi alvo de uma ação de penhora por parte de um fornecedor de combustível e executada sobre o antigo quartel e sobre as contas bancárias da Associação. A redução das receitas provenientes do transporte de doentes é o que mais tem contribuído para o agravamento das dificuldades financeiras nos corpos de bombeiros de Trás-os-Montes. Segundo o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Soares, a totalidade da dívida do Ministério da Saúde pelo transporte de doentes ascende já aos 22 milhões de euros. “O Ministério da Saúde restringiu a muitos doentes esse serviço e em todas as associações humanitárias do distrito de Vila Real verifica-se que isso diminuiu, em média, 40% as receitas. Por outro lado, o aumento dos custos com os combustíveis tem desequilibrado muito as contas”, salienta o presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Vila Real, Alfredo Almeida. No distrito de Bragança, a quebra é de aproximadamente 50%. “Mantemos o mesmo nível de despesa, com recursos humanos, seguros das viaturas, etc., e não fazemos serviços”, refere o presidente da Federação Distrital de Bragança, Diamantino Lopes. Já há corporações no distrito vila-realense sem dinheiro para pagar atempadamente combustíveis, adquirir pneus e assegurar a manutenção das viaturas, mas sem que “se tenha entrado numa situação dramática”. No entanto, Alfredo Almeida prevê que até ao final do verão alguns corpos de bombeiros possam ter dificuldades em manter as suas missões. De acordo com Diamantino Lopes, as corporações brigantinas já estão a gastar as economias dos últimos anos e não substituíram funcionários que atingiram a idade de reforma ou não renovaram contratos. Para minimizar essas situações, o presidente da Federação Distrital de Bragança defende que é crucial diminuir a despesa através da redução de pessoal, mesmo que isso implique “perda de operacionalidade e de capacidade de resposta a situações urgentes”. Diamantino Lopes considera também que é necessário sensibilizar as autarquias para participarem nos transportes escolares, lançar uma taxa de proteção civil e reformular a rede INEM, instalando um posto avançado em cada uma das associações do distrito. Por seu turno, Alfredo Almeida entende que não há “soluções milagrosas” para resolver esta “grave crise” nos bombeiros, porém, admite que é preciso “uma maior contenção de certos custos e esperar a ajuda dos beneméritos”.
Casos críticos
Das quinze Associações do distrito de Bragança, só a de Macedo de Cavaleiros é que se encontra em asfixia financeira, com uma dívida que ronda os 170 mil euros. Para reverter a situação, terá de haver o reforço do apoio da autarquia, “que pode passar pela aquisição da antiga sede por um valor que resolva a situação financeira da Associação”. Se tal não acontecer, o edifício será leiloado com uma base de licitação fixada em 200 mil euros. No distrito vila-realense, a corporação de São Mamede de Ribatua fechou portas no início do mês, por falta de recursos humanos e materiais. “Precisávamos de pessoas. Se tivéssemos gente e mais uma viatura de saúde e outra de combate a incêndios, já era bom para a área que protegemos”, sublinhava o comandante António Marinho, no final de 2011, quando a ameaça de encerramento ensombrava uma casa com 84 anos de história. Contudo, o presidente da Federação de Vila Real teme que ainda possa haver “mais complicações”. “Há casos no distrito em que os problemas económicos e operacionais são complicados, mas julgo que vão fazer tudo pela sua sobrevivência”, acrescenta Alfredo Almeida. Exemplo disso são as corporações de Provesende, por questões operacionais, e a de Favaios pela falta de verbas para concluir o novo quartel. “Encerrar como em S. Mamede de Ribatua é perder memória e um passado de generosidade e fraternidade ao serviço das populações. Estamos a regredir nesta matéria de humanismo. A sociedade cada vez cruza mais os braços neste nosso Interior, não acreditando na sua força e na causa do voluntariado”, sentencia aquele responsável.
Fusão para evitar encerramento É recorrente a existência de mais do que uma corporação em cada concelho, mas em Alijó existem cinco: Favaios, Sanfins, Cheires, Pinhão e Alijó. Num distrito com 27 corpos de bombeiros, é possível que o futuro de algumas associações em dificuldades passe por fusões com corporações vizinhas. “O ideal seria que as associações humanitárias se agrupassem nos concelhos onde há mais do que uma. O Ministro da Administração Interna disse que não sabe se se justificam tantas corporações, o que é mais um alerta para que os dirigentes repensem o seu futuro e a Proteção Civil dos seus concelhos”, afirma Alfredo Almeida. No distrito brigantino, o concelho mirandês tem duas corporações (Miranda do Douro e Sendim), mas Diamantino Lopes rejeita qualquer hipótese de fusão. “O serviço que os Bombeiros prestam às populações é um serviço de proximidade, sendo que existe até uma relação de afetividade com o corpo de bombeiros.” Atendendo à dimensão do distrito [6 608 km²] e à sua população [136 456 habitantes – Censos 2011], há uma “distribuição equilibrada das corporações e não são demais para poderem responder com prontidão e eficácia quando os serviços dos bombeiros são necessários”.
DEMOGRAFIA | Câmaras e Freguesias do Distrito de Vila
Natalidade subsidiada
desertificação do Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos Photl/stock photo image/D.R.
Há casais que arriscam ter filhos nestes tempos de crise e em concelhos que sofrem, dia a dia, os efeitos nefastos do envelhecimento populacional e da desertificação. No distrito de Vila Real, há autarquias e juntas de freguesia que, embora se debatam com constrangimentos financeiros, entendem como prioritária e socialmente responsável a manutenção dos incentivos à natalidade. Mas valerá a pena o esforço? O «cheque-bebé», que previa a atribuição de 200 euros a cada criança nascida em Portugal, foi uma das bandeiras da campanha de José Sócrates e até foi anunciada, em 2009, no Parlamento. Porém, a medida de incentivo à natalidade nunca saiu do plano das intenções. O Governo serviu-se da crise para justificar o recuo. Em Portugal, o índice de envelhecimento populacional situava-se nos 118.9 em 2010, de acordo com os dados do Pordata – Base de Dados do Portugal Contemporâneo. Recentemente, os Censos Sénior 2012 revelaram que existem 645 idosos a residir sozinhos e/ou isolados no distrito vila-realense. Neste contexto, tem havido tentativas de inverter a tendência demográfica que compromete a renovação geracional, mas as perdas populacionais continuam a ser galopantes.
A aposta de Lamas de Olo Desde janeiro de 2008, a Junta de Freguesia de Lamas de Olo (no concelho vila-realense) concede aos casais recenseados na terra mil euros por cada nascimen-
to e um subsídio mensal de 110 euros até que as crianças completem dez anos de idade. Feitas as contas, o apoio concedido pode chegar aos 14 200 euros por cada criança. Até agora, cinco crianças beneficiam desta medida. “Enquanto pudermos, vamos manter este apoio para isto ter vida. Não podemos apoiar a desertificação. E todos os incentivos são poucos porque continuam a morrer mais pessoas do que aquelas que nascem”, refere o presidente Domingos Fernandes. E os números dos Censos comprovam-no: em 2001, Lamas de Olo tinha 177 habitantes e em 2011, contabilizava 109.
Boticas já apoiou 220 crianças Em Boticas, o “Enxoval do Bebé” está em vigor desde 2009 e consiste na atribuição de mil euros por cada nascimento. Mas já em 2005, se tinha criado o “Incentivo à Natalidade” que compreende a atribuição de um valor mensal de 50 euros a crianças entre os cinco meses e os três anos, a fim de comparticipar a frequência de creches e/ou a aquisição de produtos indispensáveis ao seu crescimento (fraldas, papas, vacinas, etc.). “O «Enxoval do Bebé» já foi atribuído a 120 bebés e, ao abrigo do «Incentivo à Natalidade», o município já apoiou 220 crianças. Neste momento, são apoiadas 119”, revela o autarca Fernando Campos. Natália Fernandes, 32 anos, recebeu mil euros pelo nascimento do seu primeiro filho, agora com oito meses. “A autarquia paga-nos até ao máximo de 50 euros as despesas que tivermos com fraldas, leite, etc. Tem sido uma ajuda muito boa, sobretudo em tempos de crise”, sublinha. Se os apoios se mantiverem, esta farmacêutica pondera ter o segundo filho. “Hoje em dia, está tudo muito caro e as exigências à nascença são muitas”, justifica. A Câmara entende como prioritário o apoio social, pois em anos anteriores fo-
Real com vários programas de apoio
não trava a
interior ram realizados os “investimentos necessários em termos de infraestruturação básica, cobrindo praticamente todo o concelho”. “Numa altura de maiores dificuldades financeiras da população, é que estes apoios mais fazem sentido. Procuramos reduzir ao máximo os custos do dia a dia para que seja possível manter estes apoios sociais, que procuram ajudar à fixação das pessoas nestas regiões de baixa densidade populacional e que todos os dias têm que enfrentar muitas dificuldades para aqui se manterem”, defende Fernando Campos. Desde 2001 até 2011, o concelho de Boticas perdeu 667 habitantes.
foram atribuídos 95 subsídios no total. No ano de 2011, foram requeridos mais 18 pedidos que ainda não foram liquidados. Porém, o número de crianças nascidas no concelho é superior, já que nem todos os nascimentos reúnem condições para atribuição do referido apoio”, avança o vicepresidente da câmara, José Maria Costa. Numa década, Murça perdeu 800 habitantes, mas a autarquia assegura que “a pertinência [do apoio] justifica o esforço” mesmo com a diminuição de receitas.
Ribeira de Pena e Murça reduziram o incentivo
Arroios mantém ajuda, Provezende cancelou-a por falta de verba
A câmara de Ribeira de Pena tem pago 200 euros por mês a todas as crianças naturais do concelho, nos dois primeiros anos de vida. “Tratou-se de uma medida para incentivar o aumento da população dado que é um concelho envelhecido e que sofre com a interioridade”, recorda o edil Agostinho Pinto. O valor, entretanto, foi reduzido porque “a medida não teve grande impacto e também pela crise que o País atravessa”. Desde 2006, ano em que foram atribuídos pela primeira vez os incentivos, a autarquia já apoiou mais de 200 famílias. Ainda assim, Ribeira de Pena não escapa às perdas populacionais: 7 412 habitantes em 2001 e 6 544 em 2011. Foi em 2007 que o município de Murça avançou com o apoio à natalidade para incentivar a fixação dos jovens casais nas suas terras de origem e inverter a tendência de desertificação das regiões do Interior. Até 2010, os casais recebiam um subsídio de 750 euros, mas a verba acabou por ser reduzida para 500 euros. “Já
Também em 2007, a Junta de Freguesia de Arroios (concelho de Vila Real) anunciou um apoio de 250 euros por nascimento, no sentido de salvaguardar “o futuro geracional da população”. “Já cerca de 40 bebés terão beneficiado deste subsídio e até têm nascido crianças que não têm recebido, porque um dos pais não se encontra recenseado cá. Vamos mantê-lo, porque é uma ajuda”, afirma a presidente Marília Ferreira. No concelho de Sabrosa, a freguesia de Provesende cancelou no início deste ano o apoio de 250 euros por cada bebé que nascesse na terra (uma medida implementada em 2007). “Decidimos cortar porque o valor era tão pequeno que chegava a ser irrisório e também pelos cortes profundos que sofremos nas verbas que recebíamos do Governo”, esclarece o presidente José Luís Fernandes. Em 2011, apenas se registou um nascimento em Provesende.
18 março '12 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
Santos & Pecadores dia 31 em Fafe A Câmara de Fafe anunciou a organização de três grandes concertos no Pavilhão Multiusos, que levarão à cidade bandas de renome do mundo da música. O primeiro concerto será com os Santos & Pecadores a 31 de março, seguindo-se as atuações dos Moonspell (22 de junho) e dos Fingertips (28 de setembro). No final dos concertos, o Pavilhão Multiusos transformar-se-á em salão de festas para dar lugar a um espetáculo com DJ’s convidados, promovendo o convívio entre os participantes. Os bilhetes estão à venda no Posto de Turismo e no dia do concerto na bilheteira do Pavilhão Multiusos. A Câmara anunciou ainda a oferta de um ingresso (a sortear para um dos três concertos) a todos os alunos do 11º e 12º ano do ensino secundário (Escola Secundária e Escola Profissional).
Estrada do Douro Interior concluída em Maio A Estradas de Portugal anunciou a conclusão do IC5/Concessão do Douro Interior até ao fim de maio, possibilitando o percurso integral entre Murça e Miranda do Douro na nova via. O novo itinerário termina na localidade de Duas Igrejas, a menos de dez quilómetros da cidade fronteiriça. "Com a conclusão do IC5 fica também concluída
a rede de vias com 242 km integrada na subconcessão Douro Interior", precisou a fonte. O IC5 ligará Murça a Miranda do Douro, numa extensão aproximada de 132 quilómetros, servindo os concelhos de Murça, Alijó, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alfandega da Fé, Mogadouro e Miranda do Douro.
Parque tecnológico arranca em Bragança A primeira fase do Brigantia EcoPark, investimento de 6,3 milhões de euros, foi lançada em Bragança. Este parque tecnológico poderá acolher, segundo as estimativas da autarquia, uma centena de empresas e criar cerca de 500 postos de trabalho no espaço de uma década. O parque tecnológico desenvolverá investigação nas áreas do ambiente, energia, ecoconstrução e ecoturismo. Além desta fase, que deverá estar concluída em 18 meses, está previsto um segundo investimento
em Bragança relativo à ampliação de infraestruturas para acolher empresas. O investimento global em parques tecnológicos em Trás-os-Montes é de 19 milhões de euros, comparticipados em 80 por cento pelo FEDER (Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional), estando previsto para Vila Real a construção do Régia-Douro Park (obra em fase de concurso). Os dois pólos de investigação tecnológica constituem o Parque de Ciência e Tecnologia de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Substituição no executivo de Felgueiras Dulce Vieira, quinto elemento da coligação PSD/ CDS nas eleições autárquicas de 2009, é a nova vereadora na Câmara de Felgueiras, de maioria PSD, em substituição de Eduardo Teixeira, que renunciou ao mandato.
Dulce Vieira, com formação académica na área da ação social, assumiu o lugar em regime de permanência no executivo liderado por Inácio Ribeiro. A nova autarca assumiu os pelouros do turismo, comércio, serviços urbanos e contraordenações.
Autoestrada Amarante/Vila Real em risco “Não sei se as obras vão continuar”, foi a resposta do secretário de Estado das Obras Públicas ao impasse na construção do Túnel do Marão e da autoestrada associada, que prolongará a A4 até Vila Real. Segundo o governante, os trabalhos na Concessão Túnel do Marão permanecem suspensos, a aguardar um acordo entre o Estado e a empresa concessionária, que exige 100 milhões de euros de indemnização pelas paragens anteriores. Há também divergências sobre o risco de tráfego. “Não existe acordo entre o Estado e a concessionária. Nesse sentido, os trabalhos no Túnel do Marão não avançam. É uma obra importante, mas o Estado tem de defender os seus interesses”, referiu Sérgio Monteiro no Parlamento. É a terceira paragem forçada no Túnel do Marão, depois das suspensões motivadas por ações judiciais da empresa Água do Marão, no decurso dos
primeiros meses de obra. Se o Estado não chegar a acordo com o concessionário da obra, um consórcio liderado pela Somague, a abertura de um novo procedimento concursal atrasará a obra em mais cerca de um ano, além dos 15 a 20 meses ainda necessários para concluir a empreitada. Segundo estimativas do setor das obras públicas, o volume de obra do túnel e autoestrada entre Amarante e Vila Real (a via entronca em Parada de Cunhos com a AutoEstrada Transmontana) situa-se entre 60 e 70 por cento. A empreitada foi adjudicada em maio de 2008, por 350 milhões de euros, e as obras começaram cerca de um ano depois. Segundo o calendário inicial, a abertura da ligação Amarante-Vila Real – cerca de 30 quilómetros, incluindo o túnel com 5,6 km – estava agendada para fevereiro deste ano.
Lhéngua Mirandesa - Retificação Na última edição, o trabalho "Políticos sempre ignoraram a Lhéngua Mirandesa" veiculou uma informação errada. A tradução da obra "O Principezinho" não é da autoria de Amadeu Ferreira, mas de Ana Afonso e Domingos Raposo. Aos leitores e aos visados, apresentamos as nossas desculpas.
regiões & crónica
Cenários de Envelhecimento Cláudia Moura
PROCESSOS E ESTRATÉGIAS DO ENVELHECIMENTO A vida na velhice é um acto de liberdade e de escolha, num quadro determinado por coordenadas. DEIXO-VOS A PENSAR … A sociedade actual é confrontada perante o paradoxo, do fenómeno do envelhecimento: se o desenvolvimento tecnológico da humanidade, avanço da medicina e da ciência, facilita o aumento da longevidade, também instala a questão: mas, o que fazer com este tempo? Daí a urgência em transformar tempo em razão e por conseguinte em emoção. A crescente longevidade circunscreve a introdução de novas fases nas idades da vida, ou seja, face ao tempo livre disponível, a vida necessita de ser reinventada. O envelhecimento impõe assim uma reorganização global da vida quotidiana, afinal, nesta fase da vida o idoso é rodeado por alguma ambivalência. E a actividade social serve-lhe de espelho para a construção da identidade e auto-estima. É nesta fase da vida que o idoso necessita de ajuda para reformar a própria identidade, reconstruindo o percurso de vida. Envelhecer resulta da relação estabelecida entre o estilo de vida que se tem ou se deseja ter e a capacidade para o usufruir. Assiste-se a uma mudança profunda na vida humana, permitindo a emergência de estratégias através das quais se torna possível reinventar o percurso de vida. Segundo a perspectiva analítica de Pierre Bourdieu poderá dizer-se que as estratégias são o produto de habitus. Então, importa compreender em que medida e como os habitus do idoso podem funcionar enquanto instância de mediação entre as estruturas sociais a que estão sujeitos e as práticas quotidianas que desenvolvem. De facto, a sua afinidade de estilos expressava-se através de um conjunto de atitudes análogas perante os habitus. Assim parece importante de referir, que cada indivíduo é único e envelhece da forma como viveu. Acrescento que a velhice não deve ser vivida como um destino, mas antes como um projecto que exige estratégias adequadas. Fazer da velhice um projecto e não um destino pressupõe que cada um planeou com antecedência, esta fase da vida, de forma a dar sentido a esse futuro. Tal como iniciamos esta reflexão, os avanços da ciência e da medicina trouxeram o acréscimo dos anos de vida, porém cabe a cada um a procura pelo desenvolvimento. Por isso, preparar a reforma significa prever e assegurar o desenvolvimento, no pós-reforma, com vista a garantir a dignidade nessa fase da vida, que consequentemente assegura o afirmar da natureza relacional do indivíduo. Tendo em conta esta abordagem, o envelhecimento traduz algo muito complexo, que envolve as várias componentes da vida do ser humano e, por isso, não deve ser encarado numa perspectiva redutora e unidisciplinar. Sendo o envelhecimento um fenómeno complexo e multidimencional, não existe uma teoria explicativa consensual e universal, contudo, é crucial trabalhar os factores que eventualmente podem contribuir para melhor perceber esta fase da vida do ser humano. claudiamoura@portugalmail.pt Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia. [A seu pedido, alguns colaboradores escrevem de acordo com a antiga ortografia]
20 março '12 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
opinião
A lagartixa que virou jacaré Recordando a grande descoberta da nossa Economia rastados no tempo à espera de milagres. Quando se fala do de que tínhamos de “empobrecer” para depois enriquecer, Douro de quem se lembra? Do Marquês? Da D. Antónia? E tive um sonho: noite escura e um trilho recôndito para os mais recente?... E se precisar de resolver um problema aonlados de Alpendorada. Lá vai Belmiro de Azevedo a arras- de vai? Ao Governador Civil de Bragança, Vila Real, Viseu e tar um enorme saco de dinheiro para lançar ao Douro. Na Guarda? Ah! Esqueci-me que já acabaram... O que resta?... maior discrição pois não quer que o concorrente da JeróNo meio de tudo isto uma pequena brisa: ALLTODOUnimo Martins lhe descubra a estratégia. Aquele acha que RO. Reavivar a polémica (Allgarve) garante combustível o melhor é deitar o dinheiro fora. Não para alimentar a visibilidade, e o aziavai dá-lo aos pobres que assim se ango 13 dos empreendedores também tecipavam na corrida a ricos. Este, medá achas à fogueira. Estarão os “Privanos solidário e conhecedor da artidos” cansados de esperar sapatos do manha - nesta guerra de mercado defunto “público”? Ou de nomeações concorrencial (?) não faltam espiões que não nomeiam, programas que manda a massa para a Holanda. Deixa não vêem e extinções de tudo o que porém uns trocos para que os remejá mal existe? diados, com mais uns cobres, não lhe Se se recordam, era PM o PR, aprefaçam concorrência na nova fase. sentou-nos no Museu de Lamego Passando ao sério da medida e da uma “nova” entidade público/privada sua eficácia, e ao comparar com a propara desenvolver o Douro, com Silva babilidade doutras situações, apareReis, Belmiro, etc, de que já nem resceu-me o ”Douro” que já anda a emtam as “bienais”. Anos depois, tivemos Armando Miro pobrecer há tanto tempo e não sai da a Spidouro, com banca e tudo, apreJornalista cêpa torta. De há muito que os índices sentada no Arquivo Distrital de Vila estatísticos não deixam dúvidas, como também não enga- Real. Foi um “speed” que lhe deu. Depois, nos 250 anos da nam os sinais que diariamente constatamos: adegas fali- Demarcação, Sócrates deu-nos uma Unidade de Missão. das, lavradores sem vintém, dívidas que se multiplicam até Não faltaram pelo meio um Plano de Desenvolvimento Tuque os juros a ultrapassam sem se mexer uma palha, vozes rístico apresentado num barco no Douro por Durão Barroque ninguém ouve, representantes só de si próprios ou de so, então PM, e um sem número de Planos de Ordenamenquem se arrogam, vaidades e vanglórias alimentadas no to, Desenvolvimento e afins. Uma fartura de nada. Fica a pequeno séquito, ausência de estratégias e linhas orien- saudade da entidade que morreu jovem e não teve seguitadoras, instituições de fachada e emblema, problemas ar- mento, com obra valiosa, que merecia e nos faz falta con-
tinuar: o IND. Não é por isso à Alltodouro que vai caber a responsabilidade daquilo que ela se propôe, e já foi muita a coragem. Num Douro tão grande, e tão Rico, não seriam os 13, que por acaso nem são tão grandes como isso, que iriam arcar e resolver os seus problemas. Fica-lhes o mérito de agitar o lodo e marcar a posição de fazer sem reivindicar. Não apareceu logo a Associação de Exportadores (estes sim bem maiores) a criar um fundo para a promoção? E os outros responsáveis (?) instalados há muitos anos não corarão de vergonha pela sua inépcia e inércia? Há quanto tempo assistimos a que, mesmo mudando caras, não mudam os filmes, assistindo à candura dos figurantes, perante a casa a arder, a dizerem que não há problemas pois vão mudar o cenário para continuar o ritual?... O Douro é Rico e não precisa de empobrecer para enriquecer, pois esta riqueza não dá para perder ou deitar fora. Apenas se pode esquecer ou desvalorizar mas está sempre presente, entranhada no seu Património e na sua Gente. Vinho do Porto? Pode fazer-se em qualquer lado. Só devemos sentir orgulho que nos queiram copiar, pois só se copiam grandes obras. Falta-lhes porém o essencial que só nós temos. Por mais que porfiem, não encontrarão noutro lugar. A História do Douro está aqui e é nossa, mesmo quando não damos conta disso, nem disso tiramos proveito. Já só nos falta uma voz que cale as que até agora falaram sem dizer nada. O Alltodouro foi um bom exemplo... Pequeno? Para mim, além do Ipiranga dos Privados - uma necessidade imperiosa de há muito – foi lagartixa que virou Jacaré. Oxalá não o afoguem...
Elogio do thriller de aventuras como entretenimento puro
As indústrias do entretenimento geram produtos culturais pre presente, ele é um nome inconfundível do thriller marítie de extração veiculados pelos meios escritos, audiovisuais e mo, amplamente traduzido e publicado em Portugal desde digitais, em turbilhão. Com a literatura, ao longo do século XX, os anos 80. Cussler é mais do que um escritor de ficção, dea ramificação de subgéneros atingiu um nível surpreenden- dica-se à investigação da história marítima e naval, é fundate (romance histórico, de amor, lírico, de aventuras…), haven- dor da NUMA (National Underwater & Marine Agency), uma do a juntar o teatro, a poesia, a trama policiária, toda a sorte organização sem fins lucrativos com o objetivo de descobrir de ensaios, correspondência, memórias, autobiografia, mas a navios afundados e igualmente membro da Real Sociedade lista é muito extensa. As indústrias contaminam os géneros: de Londres. Sem favor algum, é mestre deste subgénero onde se crumuito do que é bom na literatura passa para o cinema e televisão, a comunicação dos blogues não deixa os outros meios zam ação, intriga, onde paira a tragédia iminente, bem doseada para manter o leitor a passar as páginas insensíveis e fazem-se filmes para passem tréguas. Como literatura de aventusarem nos ecrãs digitais. ras regista a presença de um herói, Dirk Imperou durante muito tempo o Pitt, com suficiente versatilidade para se preconceito de que estes produtos desembrulhar airosamente em terra e no eram destituídos de qualidade, eram alto mar. Em “Mediterrâneo” (por Clive Cusbolhas que rapidamente rebentavam sler, Saída de Emergência, 2011) temos tono ar, sucedâneos atrás de sucedânedos os ingredientes para empolgar os afios, com propósitos alienantes ou emcionados do thriller marítimo, como segue. brutecedores. O preconceito, diga-se Numa pacata ilha da Grécia, Thássos, no de passagem, vem de longe, mesmo norte do Mar Egeu, uma base aérea nortecom a colaboração de gigantes liteamericana é subitamente atacada por um rários como Balzac ou Camilo Castelo avião da I Guerra Mundial. Perante a visão Branco no género folhetinesco, mesde um biplano que não passava de uma mo com artistas plásticos como CarBeja Santos relíquia de museu, a estupefação foi geral. los Botelho que fazia desenhos de huAssessor D. G. Consumidor Por puro acaso (na literatura de aventuras mor. O preconceito hoje está esbatido: o acaso tem sempre muita força), aparece John Le Carré é muito mais do que um talentoso criador de thrillers, afinal Fernando Pessoa fez muito Dirk Pitt integrado numa equipa de investigação junto da ilha, mais do que publicidade, escritores e artistas plásticos intro- pesquisam um peixe raríssimo que poderá trazer uma nova metem-se frequentemente no cinema, rádio e televisão, es- compreensão para a evolução das espécies. Aquele biplano crevendo guiões ou oferecendo os seus préstimos para a tra- é intrigante, como Dirk Pitt sabia, tratava-se de alguém que ma cenográfica. E aquilo que começa por ser idealizado como brincava a um avião mítico da guerra, o Falcão da Macedónia, entretenimento, pelas razões secretas ou mágicas do poder quer pilotado por um ás da aviação alemã, dado como desaparecido pouco antes da guerra findar. O herói conhece uma criador, pode redundar em obra-prima. Clive Cussler é um escritor norte-americano com créditos beldade, esta apresenta-o ao tio, o tenebroso Bruno von Till, firmados nos thrillers onde a atmosfera subaquática está sem- durante o jantar fala-se de o Falcão da Macedónia e o herói vai [A seu pedido, alguns colaboradores escrevem de acordo com a antiga ortografia]
viver horas de pesadelo, metido numa gruta e ter de enfrentar um molosso, depois, graças à sua assombrosa tenacidade, vence os obstáculos, chega ao navio de investigação e começa uma pesquisa à volta de uma rede de droga que, como é próprio dos romances de aventuras de Clive Cussler, mete submarinos e muitas proezas subaquáticas. O controlo da trama é absoluto: há sempre um perigo de altíssimo rico (neste caso a iminência de uma quantidade colossal de droga inundar o mercado norte-americano); há um arrancar da história que tem de ser eletrizante, não pode dar tréguas a quem pega no livro, neste caso é assim: “Estava um calor infernal e era domingo. Na torre de controlo, o controlador de trafego aéreo da Base Brady da Força Aérea norteamericana acendeu um cigarro com a ponta ainda em brasa de outro, apoiou ou seus pés calçados só com meias em cima do aparelho de ar condicionado portátil e esperou que acontecesse alguma coisa; há um avião mítico que nenhum radar capta; anda-se à caça de um peixe pré-histórico, o Teaser, tudo aponta que os últimos peixes andam naquele local do mediterrâneo, nas profundezas, foi considerado extinto durante 70 milhões de anos, supõem-se que o Teaser teria sido um elo primitivo na evolução dos mamíferos, é portanto uma descoberta que irá virar do avesso o que se sabe sobre a evolução humana; há momentos em que a balança parece pender para o lado do mal, mas o herói façanhudo e expedito desenvencilha-se bem quando tudo parece perdido; no final, mesmo com o corpo feito num oito a Interpol tem um sucesso de que não havia memória na captura de droga; e para retirar o leitor do sufoco do tropel de tanta aventura encadeada tudo acaba em bem e Dirk Pitt recebe como recompensa um carro raríssimo, o Maybach-Zepplin de 1936, o maior rival do Rolls-Royce Phantom III. O público que pede aventuras sai recompensado, Clive Cussler não defrauda ninguém, construiu uma narrativa vibrante e não é por acaso que a crítica o considera como o melhor contador de histórias do subgénero.
22 março '12 repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
crónica & artes
Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]
A.M.PIRES CABRAL
OS VENTOS E AS TEMPESTADES Diz o povo, e é bem certo, que quem semeia ventos colhe tempestades. Vasco Graça Moura (VGM) tem semeado muitos ventos ao longo da sua vida de colunista: só podia, num momento em que aos olhos de alguns se autofragiliza, colher os temporais desfeitos que semeou. Mas vamos por partes. VGM é — penso que mesmo os seus adversários o reconhecem, e, se não reconhecem, será por puro revanchismo político — um intelectual de alto gabarito. Poeta, tradutor, antologiador, estudioso de literatura. Mas, num quarto ao lado do quarto onde moram o tradutor e o poeta, o estudioso e o antologiador, calha de morar um colunista truculento do Diário de Notícias que muitas iras acendeu com a sua facúndia de escachapessegueiro. (Confesso que algumas vezes também acendeu as minhas.) Não é vulgar coabitarem no mesmo homem um poeta sereno e um fundibulário exaltado. Guerra Junqueiro é às vezes apontado como um caso desses. Mas não esqueçamos que, já como poeta, Junqueiro é muitas vezes exaltado e demolidor. Concomitantemente com esta sapeira política, VGM incorre nas antipatias de muitos devido à sua intransigência em não aceitar (e aí estou com ele de alma e coração) o Acordo Ortográfico (AO) de 1990, com ou sem protocolos rectificativos. Juntaram-se as duas antipatias nas reacções à primeira atitude política que tomou — mandar desinstalar dos computadores do Centro Cultural de Belém um abusivo conversor ortográfico que impunha uma certa grafia, mesmo em casos em que o próprio AO facultava mais do que uma. Também aí estou de alma e coração com ele. Mas muita gente não está — e tem todo o direito de não estar. E choveram protestos e insultos na imprensa, e muito especialmente em comentários na Internet e nas redes sociais. Muita gente geralmente moderada aproveitou esta oportunidade relativamente fácil, que o próprio lhes dava de bandeja, para vingar antigos agravos e para o desancar e dizer dele o que nunca passou sequer pela cabeça de Mafoma dizer do toucinho. Esquecendo duas coisas. Primeiro, que o Centro Cultural de Belém é uma entidade de direito privado, como a própria Secretaria de Estado da Cultura reconheceu, e que por isso não
tem de acatar as normas em vigor (admitindo que sejam legais) impostas aos organismos públicos. Segundo, porque existem muitas dúvidas de que essas normas sejam mesmo legais, isto é, conformes à ordenação jurídica portuguesa. Já li em Vasco Graça Moura uma demonstração muito cabal da ilegalidade do acto jurídico de que resultou a obrigatoriedade de usar as novas regras. Mas confesso que ainda não vi, nos partidários do AO, qualquer contraditório dos argumentos de Vasco Graça Moura, antes vejo um prudente silêncio sobre isso. Só pode ser, concluo, porque não há contraditório possível. Se a minha conclusão é precipitada, digam-me porquê. Desmontem a argumentação de Vasco Graça Moura. Mas não vejo moita donde saia lebre. Em matéria de argumentação a favor do AO, cito palavras de António Guerreiro (que – note-se – escreve conformemente ao dito acordo), num número recente da Revista Actual (do Expresso): «Em defesa do Acordo, o mais que pudemos ler foram textos refugiados nas questões genéricas das supostas vantagens de um acordo.» Se assim é, é pouco. Esperar-se-ia outro tipo de argumentação, que não apenas ‘supostas vantagens’ cuja bondade é do domínio do wishful thinking e está longe de demonstrada. E não ficaria mal aos defensores do Acordo reconhecer que, quer de um ponto de vista jurídico, quer de um ponto de vista linguístico, o Acordo deixa muito a desejar por estas fragilidades que o envolvem. De qualquer modo, reconheçam-no ou não, o que me parece é que, infelizmente, se instalou ou está em vias de instalar o caos linguístico. Extremam-se posições. Reina a confusão, potenciada pelos atabalhoamentos, facultatividades e duplas grafias consignados no AO. O coro de protestos é tal, que o próprio secretário de Estado da Cultura já admitiu uma revisão do Acordo. Ou me engano muito, ou a questão do AO arrisca-se a esfrangalhar de vez a língua portuguesa.
Aprendizagens de prisioneiro 2012
O OLHAR DE... Eduardo Pinto
1933-2009 Desfazer do Sonho - Rio Tâmega - Amarante - Anos 50
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Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.
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março '12
diversos | crónica
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Fumeiro de Baião para degustar no fim do mês
Baião acolhe no final do mês alguns milhares de pessoas, num dos eventos marcantes do ano naquele concelho do interior do distrito do Porto. Os apreciadores do fumeiro caseiro podem degustar nos
Trabalhadores do Grupo JAP criam associação Os trabalhadores do Grupo JAP criaram uma associação de solidariedade para responder à emergência social que o país atravessa – a Associação “Coração JAP – Associação de Solidariedade”. O grupo automóvel, que tem sede em Paredes e instalações espalhadas por várias cidades do Tâmega e Sousa (Marco de Canaveses e Amarante) e também no distrito de Vila Real, com mais de 400 trabalhadores, pretende disseminar “um novo e sentido” espírito de voluntariado entre os colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros. “Consciente das necessidades atuais face à situação económico-social do País, e da sua responsabilidade social enquanto empresa, no meio onde se insere, [o Grupo JAP] sentia que não podia deixar de participar em causas sociais”, refere fonte da nova associação. Com o intuito de angariar receitas, o primeiro projeto da Associação ocorrerá já no dia 15 de abril com uma caminhada por trilhos da Serra da Aboboreira (percurso PR1 – Pedras, Moinhos e Aromas de S. Tiago). Esta iniciativa do “Coração JAP” conta com a colaboração da Junta de Freguesia de Soalhães e da AARO – Associação Amigos do Rio Ovelha, instituições que aceitam as inscrições. As receitas obtidas reverterão integralmente para fins solidários.
restaurantes da feira ou levar para casa as variedades mais produzidas em Baião – salpicão, moiras ou chouriças, presunto, etc. Tendo por palco um pavilhão instalado no recinto da feira do Tijelinho, a feira arranca a 30 de março e prolonga-se até 1 de abril. Os restaurantes da feira, como habitualmente, vão confecionar iguarias locais e sobretudo os afamados cozido à portuguesa e o arroz de moira com grelos. A exemplo das anteriores edições, serão também comercializados na feira o vinho verde (com a presença de alguns produtores-engarrafadores), os citrinos da Pala, o biscoito da Teixeira e a broa de milho.
Cartunista Santiagu ganha prémio no Irão O cartunista Santiagu [António Santos] ganhou um prémio internacional no 4th International Fadjr Cartoon & Caricature Contest-2012 / Iran, tendo sido um dos poucos europeus galardoados entre cerca de três dezenas de artistas premiados de todo o mundo. Santiagu venceu com a caricatura de Kadahfi, precisamente na categoria de "caricatura livre", uma imagem que o Repórter do Marão publicou no ano passado e que aqui reproduz. O trabalho de António Santos é um dos mais vistos no sítio Irancartoon.ir, que apresenta a totalidade dos trabalhos premiados.
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repórterdomarão
António Mota
Helga e Duarte Resumindo: estou muito confusa. Já nem sei se fiz bem, se fiz mal, não consigo ter discernimento. Ando a dormir mal, não tenho vontade de comer, acordo enjoada e com dores de cabeça. Isto já dura há alguns dias. A intensidade é que vai variando, entendes? O Duarte, coitado, ainda não se apercebeu que eu não estou bem. Mal cai na cama, adormece como um menino e ronca a noite inteira. Às vezes tenho de sair do quarto, sento-me no sofá da sala e ligo a televisão, tiro-lhe o som e ponho-me a mexer nas teclas do comando a ver se o sono chega, a ver se encontro um programa que me faça esquecer as minhas dúvidas, o desconsolo de uma vida que descobri que afinal não é nada igual à que eu tinha imaginado. Quando o Duarte me perguntou se eu queria ir viver com ele, respondi-lhe que sim, que era uma boa ideia, que já estava na hora de juntarmos as escovas de dentes e partilharmos a mesma pasta dentífrica, com sabor a mentol. Nessa altura o Duarte parecia-me diferente. Ou, talvez eu visse o que não existia. Talvez fosse isso, talvez eu quisesse ver o que não existia. Não sei. Antes de nos juntarmos, o Duarte era mais atencioso comigo, mandava-me imensas mensagens por dia. Despertava com a voz dele, adormecia com a última mensagem. A paixão é um desatino, é pensarmos que somos princesas, mulheres únicas, tremendamente desejadas, é sermos egoístas até à medula, e pensarmos que o mundo colapsa se o nosso romance tem um fim abrupto. O Duarte nunca me escondeu nada. Pouco depois de nos termos conhecido, contou-me que estava a divorciar-se, e que tinha uma filha. Eu vi a miudita duas, três vezes, tinha dez, onze anos, e tentei ser simpática com ela. Mas a miúda era muito calada, muito reservada. Passava o tempo a esconder o olhar nas teclas do telemóvel. Não desgostei da miúda, lembrei-me de mim, quando tinha a idade dela. Feitas as apresentações não perguntei nada, nem tinha de perguntar. A miúda não era minha filha, e eu não tinha
nada a ver com as relações entre eles. Claro que também não desejava que me criassem problemas. Eles que se entendessem, e ponto final no assunto que não me dizia respeito. Isso pensava eu. Isso dizia eu a mim mesma. Mas não foi assim. Depois do divórcio a miúda ficou a viver com a mãe, e o Duarte trazia-a a nossa casa de vez em quando. Para eles ficarem juntos, eu pegava no carro e aproveitava para ir visitar os meus velhos. A minha mãe, mal me vê, desata a falar nas suas doenças e maleitas: Ai, Helga, que me dói a anca, e um joelho, dóime um ombro e um dedo, dóime tudo, até o coração, Helga. Preciso de marcar uma consulta com um especialista, e de fazer análises, porque eu desconfio que anda qualquer coisa a roer dentro de mim. E queixa-se que o meu pai é muito surdo, ou não quer ouvila, que desaparece para o café, só volta antes de anoitecer, e às vezes fede a brandy, que lhe apodrece o fígado; e continua a fumar, só para a arreliar. O meu pai responde que as doenças que ela tem dão para viver até aos cem anos. Portugal só tem velhas e viúvas, os velhos são bem poucos, ouviste? responde abespinhadíssimo. Adoro vê-los assim, verrinando entre eles. Quando eu voltava, o Duarte não me falava da filha. E eu não perguntava nada. Agora, três anos depois de estarmos juntos, o Duarte trazme um problema para eu resolver. Então não é que a exmulher do Duarte meteu um namorado em casa dela, e o dito cujo não suporta a miúda, que já tem catorze anos e não está para o aturar? O Duarte perguntou se eu me importava que ela viesse viver connosco. Claro que me importo. Ainda perguntei se era por uns dias, e ele respondeu que era para sempre. Não respondi. Agora, que finalmente consegui engravidar, é que a filha do Duarte me invade a casa? Estou grávida, estou feliz, estou tão confusa. Diz-me, amiga, o que farias se estivesses metida neste enredo?
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