VISUAL LITERACY ROBERTA PORTAS robertaportas@me.com /// robertaportas@gmail.com
kiko farkas
kiko farkas
kiko farkas
kiko farkas
kiko farkas
eduardo ribeiro
rodrigo sommer
CONTROLE DO ALIMENTO sacas, recipientes de cer창mica
ALTAMIRA, CHAUVET e LASCAUX
necessidade de documentação
SUMÉRIOS 3.500 aC intenção de GRID
EGITO hier贸glifos
escrita baseada em pictografia
DISCO DE FESTOS 2.000 aC
desenterrado em Creta (Grécia) em 1908 disco plano em terracota formas pictográficas e aparentemente alfabéticas carimbos para impressão dos caracteres
FENÍCIOS 1500 aC
sistema alfabético abstrato
GREGOS 1000 aC
linhas retas quando curvas, abertura grande desenhadas Ă mĂŁo livre sem serifa modelo para Roma imperial
ROMANOS 753 aC
abertura modesta traço modulado serifas formais, cheias e vivazes
alfabeto latino
escrita com pincel chato empunhado em ângulo {como uma pena} gravada na pedra uso de martelo e cinzel
TIPÓGRAFO ofício compositor
TIPOLOGIA & TIPOGRAFIA
TIPOLOGIA & TIPOGRAFIA ESTUDO DAS FORMAS TIPOGRÁFICAS TAXIONOMIA {ciência das classificações) Estudo dos traços característicos de um conjunto de dados, visando a determinar tipos, sistemas.
ARTE E PROCESSO DE CRIAÇÃO DE CARACTERES ORIGEM NA IMPRESSÃO DE TIPOS MÓVEIS
TIPOS Mテ天EIS
TIPOS Mテ天EIS
CAIXOTIM caixa alta caixa baixa
a > OLHO b > face c > corpo 1 > rebarba 2 > ranhura 3 > canal 4 > pĂŠ
1 > corpo 2 > olho 3 > olho superior 4 > olho mĂŠdio 5 > olho inferior
1
Abpx
3 4 5
2
linha da caixa alta altura de x
linha da caixa alta altura de x
Tipografia Tipografia
linha ascendente linha de base linha descendente
linha ascendente linha de base linha descendente
ALTURA DE VERSAL ALTURA - X
ORELHA OU BANDEIRA
LINHA DE BASE HASTE
TERMINAL
BOJO SERIFA
DESCENDENTE
LIGATURA
ASCENDENTE
ASCENDENTE
ESPINHA
REMATE
VERSAL
BARRA HORIZONTAL
VERSALETE
OCO
CAIXA-BAIXA
SISTEMA DE MEDIDAS TIPOGRÁFICAS Françoise “L’éclat” Ambrose Didot Redefiniu o sistema para PAICA cícero = 4.513 mm cícero = 12pt paica = 12 pontos pt = 0.351368 mm paica = 4.216416 mm 6 paicas = 1 polegada
pt
paica
pol
mm
ESPACEJAMENTO E JUSTIFICAÇÃO MEDIDOS EM UNIDADES largura dos caracteres individuais e distância entre palavras unidade = 18a parte do eme eme > sistema anglo americano = quadratim (sistema didot) quadratim = quadrado com lado igual ao corpo dos tipos na composição de texto
eme = quadratim ene = meio quadratim > retângulo com altura igual ao corpo dos tipos na composição de texto unidade = 18a parte do eme
KERNING
AV AV SEM KERNING
COM KERNING
Lรกpis Lรกpis
ESPACEJAMENTO +50
O rato roeu a roupa do Rei de Roma.
+10
O rato roeu a roupa do Rei de Roma.
0
O rato roeu a roupa do Rei de Roma.
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O rato roeu a roupa do Rei de Roma.
-50
O rato roeu a roupa do Rei de Roma.
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Here’s one thing that often gets lost in the shuffle when debating the sexier points of green transportation: the simplest way to make a car, plane, whathaveyou more eco-friendly is just to make the whole damn thing lighter. All well and good, but how do you make sure that those industrialgrade plastic parts maintain their strength once you lighten them up? A technology developed at MIT called MuCell, and now being explored by automakers like Ford and Cadillac, has an answer. And that answer is: just add bubbles.
Here’s one thing that often gets lost in the shuffle when debating the sexier points of green transportation: the simplest way to make a car, plane, whathaveyou more eco-friendly is just to make the whole damn thing lighter. All well and good, but how do you make sure that those industrial-grade plastic parts maintain their strength once you lighten them up? A technology developed at MIT called MuCell, and now being explored by automakers like Ford and Cadillac, has an answer. And that answer is: just add bubbles.
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Here’s one thing that often gets lost in the shuffle when debating the sexier points of green transportation: the simplest way to make a car, plane, whathaveyou more eco-friendly is just to make the whole damn thing lighter. All well and good, but how do you make sure that those industrial-grade plastic parts maintain their strength once you lighten them up? A technology developed at MIT called MuCell, and now being explored by automakers like Ford and Cadillac, has an answer. And that answer is: just add bubbles.
Here’s one thing that often gets lost in the shuffle when debating the sexier points of green transportation: the simplest way to make a car, plane, whathaveyou more eco-friendly is just to make the whole damn thing lighter. All well and good, but how do you make sure that those industrial-grade plastic parts maintain their strength once you lighten them up? A technology developed at MIT called MuCell, and now being explored by automakers like Ford and Cadillac, has an answer. And that answer is: just add bubbles.
Here’s one thing that often gets lost in the shuffle when debating the sexier points of green transportation: the simplest way to make a car, plane, whathaveyou more eco-friendly is just to make the whole damn thing lighter. All well and good, but how do you make sure that those industrial-grade plastic parts maintain their strength once you lighten them up? A technology developed at MIT called MuCell, and now being explored by automakers like Ford and Cadillac, has an answer. And that answer is: just add bubbles. ajuste o sapato e não o pé
CRIME TIPOGRÁFICO
ENTRELINHA
A distância da linha de base de uma linha tipográfica para a outra é chamada de entrelinha. Em inglês também é chamada de leading, em referência às tiras de chumbo [lead] usadas para separar as linhas dos tipos de metal. A entrelinha-padrão da maior parte dos programas de paginação é um pouco maior que a altura de versal do tipo. Expandi-la torna a cor do bloco de texto mais leve e aberta. Aumentá-la ainda mais faz as linhas tornarem-se elementos lineares independentes e deixarem de ser partes de uma textura geral.
FreightMicro Book 13/13
FreightMicro Book 13/15.6
FreightMicro Book 13/18
FreightMicro Book 13/22
A distância da linha de base de uma linha tipográfica para a outra é chamada de entrelinha. Em inglês também é chada de leading, em referência às tiras de chumbo [lead] usadas para separar as linhas dos tipos de metal. A entrelinha-padrão da maior parte dos programas de paginação é um pouco maior que a altura de versal do tipo. Expandi-la torna a cor do bloco de texto mais leve e aberta. Aumentá-la ainda mais faz as linhas tornarem-se elementos lineares independentes e deixarem de ser partes de uma textura geral.
A distância da linha de base de uma linha tipográfica para a outra é chamada de entrelinha. Em inglês também é chada de leading, em referência às tiras de chumbo [lead] usadas para separar as linhas dos tipos de metal. A entrelinha-padrão da maior parte dos programas de paginação é um pouco maior que a altura de versal do tipo. Expandi-la torna a cor do bloco de texto mais leve e aberta. Aumentá-la ainda mais faz as linhas tornarem-se elementos lineares independentes e deixarem de ser partes de uma textura geral.
A distância da linha de base de uma linha tipográfica para a outra é chamada de entrelinha. Em inglês também é chada de leading, em referência às tiras de chumbo [lead] usadas para separar as linhas dos tipos de metal. A entrelinha-padrão da maior parte dos programas de paginação é um pouco maior que a altura de versal do tipo. Expandi-la torna a cor do bloco de texto mais leve e aberta. Aumentá-la ainda mais faz as linhas tornarem-se elementos lineares independentes e deixarem de ser partes de uma textura geral.
A distância da linha de base de uma linha tipográfica para a outra é chamada de entrelinha. Em inglês também é chada de leading, em referência às tiras de chumbo [lead] usadas para separar as linhas dos tipos de metal. A entrelinha-padrão da maior parte dos programas de paginação é um pouco maior que a altura de versal do tipo. Expandi-la torna a cor do bloco de texto mais leve e aberta. Aumentá-la ainda mais faz as linhas tornarem-se elementos lineares independentes e deixarem de ser partes de uma textura geral.
¶ PARÁGRAFO
Inventada no Renascimento, a tipografia permitiu ao texto tornar-se uma forma fixa e estテ。vel. Assim como ocorreu com o corpo da letra, o corpo do texto foi transformado pela imprensa em um produto industrial, que gradualmente mais aberto e flexテュvel.
Vazios feios aparecem se o designer fizer linhas muito curtas ou quando selecionar palavras longas demais.
JUSTIFICADO
CRIME TIPOGRテ:ICO
AS MARGENS ESQUERDA E DIREITA Sテグ REGULARES
MUITOS BURACOS COLUNA MUITO ESTREITA CHEIA DE VAZIOS
Inventada no Renascimento, a tipografia permitiu ao texto tornar-se uma forma fixa e estável. Assim como ocorreu com o corpo da letra, o corpo do texto foi transformado pela imprensa em um produto industrial, que gradualmente mais aberto e flexível.
Um desalinhamento ruim produz formas estranhas à sua direita ao invés de parecer aleatório.
ALINHAMENTO À ESQUERDA
CRIME TIPOGRÁFICO
AS MARGEM ESQUERDA É DURA, A DIREITA É SUAVE
MAU DESALINHAMENTO UMA FEIA DIAGONAL ESTRAGA A MARGEM
Inventada no Renascimento, a tipografia permitiu ao texto tornar-se uma forma fixa e estável. Assim como ocorreu com o corpo da letra, o corpo do texto foi transformado pela imprensa em um produto industrial, que gradualmente mais aberto e flexível.
Muita pontuação (nos finais de linha) ataca, amaeaça, e, de um modo geral, enfraquece a margem direita. Cuidado com ela.
ALINHAMENTO À DIREITA
CRIME TIPOGRÁFICO
AS MARGEM DIREITA É DURA, A ESQUERDA É SUAVE
A PONTUAÇÃO COME A MARGEM É MAIS UMA CONCESSÃO QUE UM CRIME DE FATO
Inventada no Renascimento, a tipografia permitiu ao texto tornar-se uma forma fixa e estável. Assim como ocorreu com o corpo da letra, o corpo do texto foi transformado pela imprensa em um produto industrial, que gradualmente mais aberto e flexível. CENTRALIZADO LINHAS IRREGULARES SÃO CENTRALIZADAS ENTRE AS MARGENS ESQUERDA E DIREITA
DESCANSE EM PAZ
A MORTE NÃO É UM CRIME, O TEXTO CENTRALIZADO TAMBÉM NÃO. MESMO ASSIM, USE A SÓBRIA FORMALIDADE DESSA COMPOSIÇÃO COM CUIDADO.
A mesa está coberta por uma toalha, que por sua vez está protegida por uma toalha de plástico. Sobre as janelas. cortinas simples e duplas. Temos carpetes, capas de sofá, porta-copos, painéis baixos e abajures. Cada bijuteria está em seu descanso, cada flor em seu vaso, cada vaso em seu pires. Tudo está protegido e cercado. Até no jardim, cada cacho está circundado por cercas de arame, cada caminho contornado por tijolos, mosaicos ou lajotas. Isso poderia ser analizado como um confisco ansioso, como um simbolismo obsessivo: a obsessão dos proprietários de chalés e dos pequenos capitalistas não apenas de possuir, mas de sublinhar suas posses duas ou três vezes. Aqui, como em outros lugares, o inconsciente fala pela redundância dos sinais, por suas conotações e sua exaustiva elaboração.
A mesa está coberta por uma toalha, que por sua vez está protegida por uma toalha de plástico. Sobre as janelas. cortinas simples e duplas. Temos carpetes, capas de sofá, porta-copos, painéis baixos e abajures. Cada bijuteria está em seu descanso, cada flor em seu vaso, cada vaso em seu pires. Tudo está protegido e cercado. Até no jardim, cada cacho está circundado por cercas de arame, cada caminho contornado por tijolos, mosaicos ou lajotas. Isso poderia ser analizado como um confisco ansioso, como um simbolismo obsessivo: a obsessão dos proprietários de chalés e dos pequenos capitalistas não apenas de possuir, mas de sublinhar suas posses duas ou três vezes. Aqui, como em outros lugares, o inconsciente fala pela redundância dos sinais, por suas conotações e sua exaustiva elaboração.
— Jean Baudrillard, 1969.
— Jean Baudrillard, 1969.
RECUO E QUEBRA DE LINHA
RECUO SALIENTE (ou parágrafo francês)
A mesa está coberta por uma toalha, que por sua vez está protegida por uma toalha de plástico. Sobre as janelas. cortinas simples e duplas. Temos carpetes, capas de sofá, porta-copos, painéis baixos e abajures. Cada bijuteria está em seu descanso, cada flor em seu vaso, cada vaso em seu pires. Tudo está protegido e cercado. Até no jardim, cada cacho está circundado por cercas de arame, cada caminho contornado por tijolos, mosaicos ou lajotas. Isso poderia ser analizado como um confisco ansioso, como um simbolismo obsessivo: a obsessão dos proprietários de chalés e dos pequenos capitalistas não apenas de possuir, mas de sublinhar suas posses duas ou três vezes. Aqui, como em outros lugares, o inconsciente fala pela redundância dos sinais, por suas conotações e sua exaustiva elaboração. — Jean Baudrillard, 1969.
QUEBRA DE LINHA SEM RECUO
A mesa está coberta por uma toalha, que por sua vez está protegida por uma toalha de plástico. Sobre as janelas. cortinas simples e duplas. Temos carpetes, capas de sofá, porta-copos, painéis baixos e abajures. Cada bijuteria está em seu descanso, cada flor em seu vaso, cada vaso em seu pires. Tudo está protegido e cercado. Até no jardim, cada cacho está circundado por cercas de arame, cada caminho contornado por tijolos, mosaicos ou lajotas. Isso poderia ser analizado como um confisco ansioso, como um simbolismo obsessivo: a obsessão dos proprietários de chalés e dos pequenos capitalistas não apenas de possuir, mas de sublinhar suas posses duas ou três vezes. Aqui, como em outros lugares, o inconsciente fala pela redundância dos sinais, por suas conotações e sua exaustiva elaboração. — Jean Baudrillard, 1969.
QUEBRA DE LINHA E 1/2 ENTRELINHA ADICONAL
A mesa está coberta por uma toalha, que por sua vez está protegida por uma toalha de plástico. Sobre as janelas. cortinas simples e duplas. Temos carpetes, capas de sofá, porta-copos, painéis baixos e abajures. Cada bijuteria está em seu descanso, cada flor em seu vaso, cada vaso em seu pires. Tudo está protegido e cercado. Até no jardim, cada cacho está circundado por cercas de arame, cada caminho contornado por tijolos, mosaicos ou lajotas. Isso poderia ser analizado como um confisco ansioso, como um simbolismo obsessivo: a obsessão dos proprietários de chalés e dos pequenos capitalistas não apenas de possuir, mas de sublinhar suas posses duas ou três vezes. Aqui, como em outros lugares, o inconsciente fala pela redundância dos sinais, por suas conotações e sua exaustiva elaboração.
A mesa está coberta por uma toalha, que por sua vez está protegida por uma toalha de plástico. Sobre as janelas. cortinas simples e duplas. Temos carpetes, capas de sofá, porta-copos, painéis baixos e abajures. Cada bijuteria está em seu descanso, cada flor em seu vaso, cada vaso em seu pires. • Tudo está protegido e cercado. Até no jardim, cada cacho está circundado por cercas de arame, cada caminho contornado por tijolos, mosaicos ou lajotas. • Isso poderia ser analizado como um confisco ansioso, como um simbolismo obsessivo: a obsessão dos proprietários de chalés e dos pequenos capitalistas não apenas de possuir, mas de sublinhar suas posses duas ou três vezes. Aqui, como em outros lugares, o inconsciente fala pela redundância dos sinais, por suas conotações e sua exaustiva elaboração.
— Jean Baudrillard, 1969.
— Jean Baudrillard, 1969.
ESPAÇO ADICIONAL NA LINHA SEM QUEBRA
SÍMBOLO SEM RECUO OU QUEBRA DE LINHA
GRID / DIAGRAMA
Formato da pรกgina Formato da mancha Margens Colunas
UM
Esteja no mundo, mas não seja do mundo. Provérbio árabe
A CÂMARA DE TORTURA ESTAVA PRONTA para ser usada. Havia correntes para pendurar os prisioneiros de cabeça para baixo, fileiras de bastões de ponta afiada, sais para despertar prisioneiros desmaiados, seringas usadas cheias de líquido escuro, tiras de couro gastas, torniquetes, pinças, alicates e equipamento para esmagar os ossos dos pés. No chão havia um escoadouro central. As paredes e todas as superfícies estavam cobertas de sangue coagulado – muito sangue. Eu estava algemado, quase nu, com as mãos estiradas por cima das minhas costas e uma venda cobrindo meus olhos. Todas as noites, durante uma semana, estive na câmara de tortura sendo interrogado por horas a fio sobre os motivos da minha visita ao Paquistão. Tudo o que eu podia fazer era contar a verdade: estava atravessando o país numa viagem da Índia para o Afeganistão, onde planejava fazer um documentário sobre o tesouro perdido dos mogóis. Minha equipe de filmagem e eu fomos capturados
10
UM
numa rua residencial e levados para a instalação secreta de tortura conhecida pelos carcereiros como “A Fazenda”. Tentei explicar ao militar que me interrogava que éramos inocentes de qualquer crime. Mas, para a polícia militar da província da fronteira noroeste do Paquistão, um cidadão britânico com um nome muçulmano, vindo por terra de um estado inimigo – a Índia –, disparava todos os alarmes. Durante noites de interrogatórios, com os olhos vendados, tendo os gritos dos outros prisioneiros como pano de fundo para a vida no limbo, respondi às mesmas perguntas repetidas vezes: “Qual é o real propósito da sua viagem?” “O que você sabe sobre as bases da Al-Qaeda do outro lado da fronteira com o Afeganistão?” E até mesmo: “Por que você se casou com uma indiana?” Só depois da primeira semana é que minha venda foi removida, e, à medida que meus olhos se adaptavam às ofuscantes lâmpadas de interrogatório, tive meu primeiro vislumbre esgotado da sala de tortura. Os interrogatórios só ocorriam à noite, embora dias e noites fossem praticamente idênticos na Fazenda. A luz fria no teto da minha cela nunca era desligada. Eu ficava ali agachado, aguardando o ruído de chaves balançando e o som de passos sobre pedra. Isso significava que vinham me buscar novamente. Eu me concentrava, fazia uma oração e tentava limpar a mente. Uma mente limpa é uma mente tranquila. As chaves balançavam mais uma vez, e as barras da minha cela abriam apenas o suficiente para uma mão avançar e me agarrar. Primeiro a venda, depois as algemas. Elimine a luz, e os outros sentidos se aguçam. Eu podia ouvir os guinchos abafados de um prisioneiro sendo torturado no bloco paralelo ao meu e sentir na minha língua a poeira dos campos lá fora. Na maior parte do tempo, eu ficava agachado na minha cela, aprendendo a estar só. Trancado numa solitária num país
NAS NOITES ÁRABES
11
estrangeiro, com a ameaça de execução imediata pairando sobre sua cabeça, como uma espada pendurada por um fio, você tenta passar o tempo esquecendo onde está. Primeiro eu li as frases escritas nas paredes. Então li de novo e de novo, até ficar meio louco. Caneta e papel eram proibidos, mas os prisioneiros que me antecederam foram engenhosos: rabiscaram slogans com o próprio sangue e excremento. Tentei desesperadamente encontrar um sentido na loucura deles. Então me ajoelhei no chão de cimento e respirei mais devagar, ainda que meu medo fosse indescritível. O verdadeiro terror é uma experiência traumatizante. A transpiração é tão copiosa que a pele fica toda enrugada como se você tivesse passado a tarde inteira na banheira. E depois o odor do suor muda. Fede como urina de gato, sem dúvida devido à adrenalina. Por mais que você se lave, o odor não sai. Torna-se sufocante, na medida em que seus músculos ficam congelados pelo ácido e sua mente paralisada pelo desespero. A única esperança de permanecer são era pensar na minha vida, a vida que havia se separado de mim, e imaginar que estava voltando para ela… para o sonho que, até recentemente, fora minha realidade. As paredes brancas da minha cela eram um tipo de tela onde eu projetava o paraíso para o qual desejava voltar. O amor por aquela casa e tudo o que havia dentro dela apagavam as paredes caiadas, as pichações sangrentas e o fedor do medo. E, quanto mais eu temia, mais me forçava a pensar sobre o lar que adotara no Marrocos: Dar Khalifa, a Casa do Califa.1 Havia pátios com fontes e canto de pássaros, e jardins onde Timur e Ariane, meu filho e minha filha, brincavam com suas tartarugas e pipas. Havia uma luz brilhante de verão e árvores frutíferas, e a voz de minha esposa, Rachana, chamando as crianças para almoçar. E havia borboletas cor de limão, flores 1 Há um glossário de termos árabes no final do livro. (N. E.)
10
UM
numa rua residencial e levados para a instalação secreta de tortura conhecida pelos carcereiros como “A Fazenda”. Tentei explicar ao militar que me interrogava que éramos inocentes de qualquer crime. Mas, para a polícia militar da província da fronteira noroeste do Paquistão, um cidadão britânico com um nome muçulmano, vindo por terra de um estado inimigo – a Índia –, disparava todos os alarmes. Durante noites de interrogatórios, com os olhos vendados, tendo os gritos dos outros prisioneiros como pano de fundo para a vida no limbo, respondi às mesmas perguntas repetidas vezes: “Qual é o real propósito da sua viagem?” “O que você sabe sobre as bases da Al-Qaeda do outro lado da fronteira com o Afeganistão?” E até mesmo: “Por que você se casou com uma indiana?” Só depois da primeira semana é que minha venda foi removida, e, à medida que meus olhos se adaptavam às ofuscantes lâmpadas de interrogatório, tive meu primeiro vislumbre esgotado da sala de tortura. Os interrogatórios só ocorriam à noite, embora dias e noites fossem praticamente idênticos na Fazenda. A luz fria no teto da minha cela nunca era desligada. Eu ficava ali agachado, aguardando o ruído de chaves balançando e o som de passos sobre pedra. Isso significava que vinham me buscar novamente. Eu me concentrava, fazia uma oração e tentava limpar a mente. Uma mente limpa é uma mente tranquila. As chaves balançavam mais uma vez, e as barras da minha cela abriam apenas o suficiente para uma mão avançar e me agarrar. Primeiro a venda, depois as algemas. Elimine a luz, e os outros sentidos se aguçam. Eu podia ouvir os guinchos abafados de um prisioneiro sendo torturado no bloco paralelo ao meu e sentir na minha língua a poeira dos campos lá fora. Na maior parte do tempo, eu ficava agachado na minha cela, aprendendo a estar só. Trancado numa solitária num país
NAS NOITES ÁRABES
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estrangeiro, com a ameaça de execução imediata pairando sobre sua cabeça, como uma espada pendurada por um fio, você tenta passar o tempo esquecendo onde está. Primeiro eu li as frases escritas nas paredes. Então li de novo e de novo, até ficar meio louco. Caneta e papel eram proibidos, mas os prisioneiros que me antecederam foram engenhosos: rabiscaram slogans com o próprio sangue e excremento. Tentei desesperadamente encontrar um sentido na loucura deles. Então me ajoelhei no chão de cimento e respirei mais devagar, ainda que meu medo fosse indescritível. O verdadeiro terror é uma experiência traumatizante. A transpiração é tão copiosa que a pele fica toda enrugada como se você tivesse passado a tarde inteira na banheira. E depois o odor do suor muda. Fede como urina de gato, sem dúvida devido à adrenalina. Por mais que você se lave, o odor não sai. Torna-se sufocante, na medida em que seus músculos ficam congelados pelo ácido e sua mente paralisada pelo desespero. A única esperança de permanecer são era pensar na minha vida, a vida que havia se separado de mim, e imaginar que estava voltando para ela… para o sonho que, até recentemente, fora minha realidade. As paredes brancas da minha cela eram um tipo de tela onde eu projetava o paraíso para o qual desejava voltar. O amor por aquela casa e tudo o que havia dentro dela apagavam as paredes caiadas, as pichações sangrentas e o fedor do medo. E, quanto mais eu temia, mais me forçava a pensar sobre o lar que adotara no Marrocos: Dar Khalifa, a Casa do Califa.1 Havia pátios com fontes e canto de pássaros, e jardins onde Timur e Ariane, meu filho e minha filha, brincavam com suas tartarugas e pipas. Havia uma luz brilhante de verão e árvores frutíferas, e a voz de minha esposa, Rachana, chamando as crianças para almoçar. E havia borboletas cor de limão, flores 1 Há um glossário de termos árabes no final do livro. (N. E.)
MARGENS
GUIAS HORIZONTAIS flowlines
MÓDULOS
ZONAS ESPACIAIS
MARCADORES COLUNAS
GRID RETANGULAR
GRID DE COLUNAS
GRID MODULAR
GRID HIERÁRQUICO
PENSAR COM TIPOS Ellen Lupton COSACNAIFY
GRID: CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO Timothy Samara COSACNAIFY
NOVOS FUNDAMENTOS DO DESIGN Ellen Lupton Jennifer Cole Phillips COSACNAIFY
ELEMENTOS DO ESTILO TIPOGRテ:ICO Robert Bringhurst
HISTテ迭IA DO DESIGN GRテ:ICO Philip B. Meggs
COSACNAIFY
COSACNAIFY
LINHA DO TEMPO DO DESIGN GRテ:ICO NO BRASIL Chico Homem de Melo Elaine Ramos COSACNAIFY