História do Ciclismo Santa Maria da Feira

Page 1


HISTÓRIA DO CICLISMO EM SANTA MARIA DA FEIRA Roberto Carlos Reis*1

Falar sobre o ciclismo feirense, numa publicação

F.C. do Porto, destacando-se a vitória num contrarrelógio

que não pretende ser um tratado histórico, obrigará

de 100kms entre Porto-Vila do Conde-Porto-Vila do

sempre a um resumo dos maiores eventos e figuras,

Conde-Porto, ao saudoso Fernando Jorge Moreira, que

de tantos eventos, estórias e figuras, que compõem a

se iniciava no F.C. Porto. Manuel dos Santos ia para as

longa e profícua história do ciclismo em Santa Maria da

provas de bicicleta e arrastava atrás de si camionetas

Feira.

cheias de gente para o ver correr.

De facto, em Santa Maria da Feira, há uma forte

ligação umbilical à modalidade. Neste trabalho,

MANUEL DOS SANTOS

destacam-se apenas alguns pormenores, correndo o

risco de ser injusto com a maioria dos muitos que ao

longo dos anos construíram a modalidade, e retrata-se

vitórias com uma “pasteleira” pesando cerca de 20kgs,

uma nova página do ciclismo feirense.

até que na loja do Paulino, que ainda hoje existe no

O ciclismo feirense nasceu em S. João de Ver

lugar de S. João, junto à estação da C.P. onde na altura

na década de 30, num tempo em que possuir uma

funcionava a sede do Sporting Clube de S. João de Ver e

bicicleta, era como ter um Lamborghini nos dias de hoje.

da Sociedade Columbófila, alguns sanjoanenses decidiram

Em 1933/34, surgiu Manuel Santos a vencer várias

fazer uma coleta para oferecer uma “ máquina “ ao amigo.

provas populares, tendo a particularidade de correr

A “máquina” veio de França para o primeiro campeão

sempre com a camisola do Sporting Clube de S. João de

feirense, tratando-se se de uma bicicleta André Leducq

Ver. Só no final da sua carreira é que vestiu outra; a do

(com aros em madeira) uma autêntica maravilha.

Manuel Dos Santos, conseguiu as suas primeiras

*Técnico Superior de História Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Historiador. Investigador CEGOT - Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território - Unidade de Investigação e Desenvolvimento das Universidades de Coimbra, Porto e Minho. Doutorado em Turismo, Lazer e Cultura - Ramo Património e Cultura pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Professor Convidado Universidad Rey Juan Carlos – Madrid.

9


que viria a dar frutos, pois S. João de Ver, Travanca, S. Paio de Oleiros e Santa Maria da Feira, foram e ainda são, as freguesia e Concelho que mais ciclistas deram ao ciclismo nacional.

Neste artigo gostaria de destacar os 6 vencedores

da Volta a Portugal em Bicicleta: Sousa Cardos, Mário Silva, Joaquim Andrade, Fernando Mendes, Sousa Santos e Fernando Carvalho, este último tratado noutro local.

Foto cedida por Império dos Santos

Manuel Santos foi então o grande dinamizador da modalidade na freguesia, o que depois se estendeu ao concelho, tal era o seu apoio e dedicação prestada ao ciclismo, passando mesmo a fabricar selins e sapatos de corrida. Manuel Santos era um “apaixonado“ pelas bicicletas, e tudo fez para que seu irmão e afilhado Sousa Santos se tornasse ciclista, o que veio a acontecer. Nasceu aqui um “ bichinho “ que permaneceu na família e gerações que se seguiram, estava lançada a semente de um “alfobre“ 10

SOUSA CARDOSO - 1960


José Sousa Cardoso, nasceu no dia 10 de janeiro

de 1937, no lugar da Lavandeira, freguesia de S. João de Ver – Santa Maria da Feira. Exerceu a atividade de industrial de cortiça.

Como ciclista, representou sempre o F. C. Porto.

Fê-lo durante 13 anos. Foi também treinador da Juventude F. C. Porto.

Tinha 21 anos quando participou na 1.ª Volta a

Portugal. Era o ano de 1957. Em 1958 alcançou o 2.º lugar. Em 1959 o azar surgiu-lhe na Serra do Marão. Tendo-se “esbarrado”, viu-se forçado a abandonar a prova, ele quando seguia em 2.º lugar. Em 1960 sagrou-se o vencedor da Volta a Portugal. Em 1959 correu na Vuelta (Espanha), tendo ganho uma etapa e três prémios de montanha. Correu com o famosíssimo Bahamontes… participou em mais Vueltas. E no Tour (França), integrou-se numa equipa formada por corredores de várias nacionalidades. Obteve o 10.º lugar na Volta à França do Futuro. Bélgica e Brasil foram ainda países onde representou Portugal.

Foi seis vezes campeão nacional por equipas.

Sousa Cardoso na festa de despedida realizada no Estádio Marcolino de Castro 11


MÁRIO SILVA

Bom trepador e contrarrelogista, venceu a Volta a

Portugal em 1961, conseguindo ainda, para além desta vitória, um 3.º, dois 4.º, dois 6.º, um 7.º e um 10.º lugar. Venceu três etapas tendo obtido um 1.º e um 3.º lugar no Prémio da Montanha. Chegou a correr com o inesquecível Joaquim Agostinho, 3 voltas a Portugal e 2 campeonatos do Mundo.

Ganhou o Grande Prémio de Futebol Clube do Porto,

o Prémio Robbialac, Riopele, Nocal (Angola). Venceu a volta à Rodésia. Foi 2.º na Clássica Porto-Lisboa. Participou cinco vezes na Vuelta (Espanha) e, por duas vezes, no Tour do Futuro; e também esteve presente nos Jogos Olímpicos de Roma de 1960, que integrava duas provas: contrarrelógio por equipas e em linha. Participou ainda nos Campeonatos do Mundo: em S. Sebastian (Espanha) – 1965; na Alemanha (1966); em Itália (1968), e na Bélgica (1969). Foi Rei da montanha em 1962, tendo vencido a Volta o José Pacheco (Sto. Tirso). Consagrou-se campeão regional, nacional de pista (perseguição). E diversas vezes campeão nacional por equipas. Treinou a equipa Fagor e a do F. C. do Alegria e Juventude

Porto.

Há um pormenor curioso na carreira de Mário Silva.

Para poder participar na Volta a Portugal, que ganhou,

12

Mário Pereira da Silva é natural de Caldas de

teve de dar uns “saltos” substanciais… em 1961 era

S. Jorge onde nasceu no dia 5 de outubro de 1910.

amador Júnior. Nesse mesmo ano, passou a amador

Venceu a Volta a Portugal em 1961.

Sénior. Como tal, não tinham ordenado. E nesse mesmo

Representou o F.C. Porto, tendo vencido várias

ano ainda passou a “independente”, precisamente 8

provas, entre as quais um Circuito Rio Maior, alcançando

dias antes da Volta, a fim de nela poder participar. Pôde,

ainda um 3.º lugar no Porto – Lisboa em 1967.

assim, ser o vencedor da Volta a Portugal em 1961!

Participou na Volta à Espanha, onde obteve um

Mário Silva, em Portugal, representou sempre o

23.º e 34.º lugar, e na Volta à França do Futuro, onde

F. C. Porto. Em Moçambique, representou a Fagor (1970),

obteve um 2.º lugar no Prémio da Montanha.

da qual era treinador e corredor. Aí, ganhou o Prémio Fagor.


Presentemente não está ligado ao ciclismo, apesar de

Joaquim Pereira de Andrade, nasceu no dia 14 de

gostar sempre da modalidade, que procura acompanhar

junho de 1945, em Travanca, Santa Maria da Feira.

em algumas etapas da Volta a Portugal e noutras Provas.

Casado, tem três filhos. Todos praticaram ciclismo. O filho mais velho, também Joaquim Andrade é o recordista

JOAQUIM ANDRADE

do Guiness Book com mais Voltas nacionais concluídas e atual Diretor Desportivo da Vito-Feirense-Blackjack. O 2.º filho, o José Andrade e a mais nova, Liliana Andrade tiveram também um percurso interessante no ciclismo. Tem já dois netos a seguirem as pisadas, Pedro Andrade, Campeão Nacional de Estrada e Hugo Andrade. Joaquim Andrade venceu a Volta a Portugal em 1969, competindo com o saudoso Joaquim Agostinho.

Joaquim de Andrade iniciou-se na Ovarense, onde se

encontrava o José Vieira. Era treinador o Sousa Santos. Para além da Ovarense, esteve no Sangalhos, no F. C. do Porto, Coelima, Fagor (Angola), Coimbrões, Águias de Alpiarça. Marcou ainda presença na Gitane e Flandria (França) onde alcançou algumas vitórias. Participou no Tour (França), em duas Vueltas (Espanha), na Volta ao Luxemburgo, Normandia, no Midi Libre (França), na Dauphinée Liberée (provas de preparação para o Tour), e noutras clássicas. Participou no Campeonato do Mundo de Profissionais de 1972.

Joaquim Andrade, foi também campeão nacional

de rampa, pista, e fundo, várias vezes. Ganhou o Grande Prémio do Comércio do Porto, quase já no fim da sua carreira. Venceu também a Volta do Nordeste Transmontano. Na volta ao Brasil, triunfou em duas etapas. Em Angola, ganhou os Prémios Fagor e o Nocal. Participou em 17 Voltas a Portugal, continuando a ser o que sempre foi: afável, atencioso e bem-disposto, marcando presença como Diretor Desportivo das antigas equipas de ciclismo do Feirense, em seniores e profissionais, fincando naturalmente ligado às mais belas paginas do ciclismo santamariano. 13


FERNANDO MENDES

se notabilizou como um dos melhores corre­dores do nosso ciclismo. A pro­vá-lo, está a cobiça de equipas estrangeiras, pelos quais dis­putou muitíssimas provas inter­nacionais e várias voltas a Es­panha e França. Devido

às

conhecidas

transfor­ mações

socio-

-económicas ope­radas no nosso país, após o 25 de Abril de 1974, Fernando Mendes ao regressar ao ciclis­mo lusíada é forçado a aban­donar o ciclismo profissional para regressar a um amadorismo que de verdade apenas tinha o nome! Ao ingressar no F. C. Porto, muita gente lhe chamou velho. Todavia, o valoroso estradista acabou de desmentir tamanho descrédito.

A sua vinda para o F. C. do Porto partiu do mo­mento

em que determinado nú­mero de associados e simpati­ zantes azuis-brancos tudo fize­ram pois que ingressasse no clube, após a saída do Benfica.

Nesse ano ao serviço do Futebol Clube do Porto,

Fernando Mendes venceu o Circuito de Santarém, o Grande Prémio Duas Rodas, o Grande Prémio Clock, 2.º classificado na Volta ao Algarve, e foi Campeão Nacional de Estrada. Conquistou a 40.ª Volta a Portugal – 1978

1

mas suposto Doping de Mendes dá a Vitória a Belmiro2. 1

14

Fernando Mendes também perdeu a vitória na Volta a Fernando Mendes dos Reis Dias, natural de Rio

Portugal, embora não tenha tido um controlo positivo na

Meão – Feira, onde nasceu em 1946. Começou a

40.ª edição da prova.

praticar ciclismo em 1963.

Natural de Rio Meão. Homem simples que um

de suspeições em torno da vitória de Fernando Mendes,

dia en­ veredou pela prática do ciclismo envergando

por alegadas irregularidades cometidas no processo de

a camisola duma coletividade que foi, sem favor, dos

recolha da urina para a análise antidoping no controlo

mais prestigiados no meio velocipédico nacional - a

efetuado no final da 163 e an­tepenúltima etapa, em

Ova­rense. Mais tarde transferiu-se para o Benfica onde

Mangualde. Todas essas suspeitas se confirmaram

1 http://memoriaporto.blogspot.pt/

2 JÚNIOR, Guita. História da Volta

A Volta a Portugal de 1978 terminou em am­biente


quanto aos resultados finais da Volta, e não só em

Equipas representadas: Ovarense (durante 3 anos);

relação ao vencedor, pois além de Fernando Mendes

Benfica (11 anos); nesta equipa, teve licença para

(que apanhou ainda um mês de suspensão), também

correr também em equipas estrangeiras. E efetivamente

foram desclassificados Américo Silva e Joaquim Colaço.

alinhou na Flandria (Bélgica); Frisol (Holanda); CAS

Participou

internacionais:

(Espanha); SEM (França); Teka (Espanha). Representou

Tour (França); Giro (Itália); Vuelta (Espanha); Volta

ainda o F. C. do Porto, ZALA (Felgueiras), Coimbrões,

ao Luxemburgo; Bélgica, África do Sul; Angola, Nocal

Coelima.

(Angola), Rodésia, etc.

Representou

campeonatos do mundo.

em

várias

competições

Em 1974 foi o grande vencedor da Volta a Portugal,

a

seleção

nacional

em

vários

foi Campeão Nacional, e triunfou na clássica Porto-

Lisboa. É recordista desta prova, tendo ganho as edições

ano em representava a equipa dos Calçados Zala,

de 1972, 73 e 74.

Fernan­ do Mendes manteve-se liga­ do ao mundo das

Ganhou ainda muitos outros Grandes Prémios em

rodas, ten­do sido treinador de várias equipas. A sua

provas nacionais (Robbialac; Philips; Clock; Casal;

maior con­quista, como treinador, aconteceu em 1990,

Abimota) etc.

ao ser­viço da Ruquita-Feirense, com a qual venceu a

Volta a Portugal por intermédio de Fernando Carvalho.

O vencedor da Volta a Portugal de 1974, Fernando

Depois de ter abandonado a competição, em 1980,

Mendes (Benfica) despediu-se do mundo velocipédico,

Depois de concluir a carreira como ciclista e

aos 55 anos. A rivalidade com o seu amigo Joaquim

treinador profissional, revelou uma certa predileção pelas

Agostinho (Sporting) foi transposta para as estradas

camadas mais jovens e aquando do seu falecimento era

despertando em todos os portugueses a enorme paixão

um dos monitores da Escola de Ciclismo que Fernando

pelo ciclismo. Agora, Fernando Mendes juntou-se, na

Car­valho criara, na qual as suas palavras continuavam a

eternidade, ao compadre e amigo de sempre .

ser ouvidas com bastante apre­ço por todos os alunos.

3

Ao serviço dos encarnados, foi o grande rival de

Joaquim Agostinho e juntos marcaram uma geração de ciclis­tas que fizeram história no ciclismo nacional. Por essa altura a modalidade vivia envolvida numa mística imposta pela presença do Benfica, Sporting e F.C. Porto nas estradas nacionais, a qual tanto se reclama nos dias de hoje. A rivalidade entre Fernando Mendes e Joaquim Agostinho era sã e só existia na estrada, fora dela a amizade sempre prevale­ ceu, pois também Agostinho era padrinho de Pedro Agostinho Mendes, um dos filhos de Fer­nando Mendes. 3 Superciclismo, n.º 22 dezembro 2001

15


JOAQUIM SOUSA SANTOS (Filho)

2012. Era filho do famoso Joaquim Sousa Santos, que obteve dois segundos lugares na Volta a Portugal e que foi vencedor da Clássica Porto/Lisboa.

Era médico, licenciado pela universidade de Coimbra,

sendo praticante-estudante, atingindo o máximo no 5.º e 6.º ano de Medicina.

Quanto a treinos e a estudo, procurava ter um horário

para poder treinar. Nos fins de semana, deslocava-se de Coimbra a S. João de Ver em bicicleta, servindo isso de treino. Ida e Volta eram 200 quilómetros. Era tudo uma questão de MÉTODO E DISCIPLINA”.

Tinha sete anos quando o seu professor do Ensino

Primário o levou à Volta a Portugal em miniatura, realizada em Espinho, tendo obtido o 2.º lugar. Como prémio recebeu uma panela e uma cafeteira (…) quando tinha 16 anos, estando ao serviço do Fogueira/ Sangalhos, foi campeão nacional. No ano seguinte, participou na Volta a Portugal. Representou o Sangalhos (duas Voltas a Portugal), União de Coimbra (uma Volta a Portugal e 4.º lugar), Bombarralense (duas Voltas); e o F. C. Porto (uma Volta a Portugal).

Ao serviço do F. C. Porto, venceu a Volta a Portugal.

Participou ainda na Volta a Catalunha (13.º lugar); Volta a Málaga (3.º lugar); e Perpignan (França). Teve vários convites das Ex-Colónias, Brasil, Venezuela, África do Sul, para além de Espanha. Não pode aceitá-los, devido a ser estudante e a época de exames (junho-julho) coincidia com muitas dessas provas, o que não lhe permitia nelas poder participar.

16

Joaquim Sousa Santos, nasceu no dia 13 de

Como clínico, deu o seu enorme contributo a

outubro, de 1955, no lugar da Giesteira, Freguesia

diferentes equipas e modalidades do Clube Desportivo

de S. João de Ver (Feira) e faleceu a 17 de agosto de

Feirense.


Sousa Santos com o autor deste texto em plena Viagem Medieval de 2010.

Foto de Sergio Miguel Santos, Jornal A Bola

17


CICLISMO EM SANTA MARIA DA FEIRA

Desde os finais da década de 50, que os aficionados do ciclismo se habituaram a ver na então Vila da Feira, os

melhores corredores do panorama velocipédico nacional, com a organização do Circuito da Vila da Feira, pelo Jornal Notícias da Feira e pelo Clube Desportivo Feirense.

Ciclismo nos Anos 50, na então Vila da Feira 18


Notícias da Feira, 29 de junho de 1959, n.º 85

19


O primeiro vencedor desta prova, que acabaria

1960, Azevedo Maia, F.C. Porto; 1961, Alves

por bisar foi o incontornável Alves Barbosa, o primeiro

Barbosa, Sangalhos; 1962, Ernesto Coelho, F.C.

corredor a vencer por três vezes a Volta a Portugal em

Porto;

bicicleta, e que morreu a 29 de setembro de 2018.

Custódio Gomes, F.C. Porto. O último circuito, realizou-

se no ano da Revolução, período que fez com que o

O antigo ciclista, que ao longo da carreira apenas

1963,

Sangalhos;

1951, 1956 e 1958 da Volta a Portugal e terminou

levando a que um elevado número de ciclistas passasse

no 10.º lugar a Volta a França de 1956, bisou neste

grandes dificuldades.

Da lista dos vencedores do Circuito Ciclista da Vila

da Feira, constam os seguintes corredores:

1959, Alves Barbosa, Sangalhos.

Alves Barbosa numa caricatura de Zé Penicheiro

Custódio Gomes

modalidade

fosse

1974,

profissionalismo

nesta

Carreira,

representou apenas o Sangalhos, venceu as edições de

circuito.

20

Artur

extinto,


As

a

Rafael Silva, Efapel-Glassdrive, para em 2015 voltar a

Santa Maria da Feira, fruto do elevado empenho

receber a designação de Volta às Terras de Santa Maria-

da

Desportivo

Troféu Fernando Mendes, e gravar a letras de ouro, estes

Feirense, com a realização da Volta ao Concelho da

conquistadores: 2015, José Fernandes Anicolor-Cycling

Feira, e que teve os seguintes vencedores:

Team Mortágua; 2016- Luís Gomes Liberty Seguros/

competições

secção

1985,

de

profissionais

ciclismo

José

Clube

José

Carglass e 2017 – Angel Rebollido W52-Futebol Clube

Ferreira, Alguerra; 1987, António Pinto, Sicasal-

do Porto. Esta edição está inserida nas comemorações

Torreense;

do centenário do Clube Desportivo Feirense

1988,

Dias,

do

regressaram

Alguerra;

Orlando

1986,

Neves,

Ruquita-

Feirense; 1989, António Pinto, Sicasal-Torreense;

1990, Manuel Cunha, Avibom-Valouro-Lousa.

os feirenses se habituaram a ter ciclistas no pelotão

A partir de 1991, a prova ganha a designação

nacional. Direi que porventura é a localidade do país

de Volta às Terras de Santa Maria Troféu Fernando

com a maior presença sem interrupções de ciclistas no

Mendes, homenageando assim este antigo corredor

pelotão profissional. Não é o Concelho com mais vitórias

santamariano

na Volta a Portugal, título que pertence ao Cartaxo:

Seguiram-se em 1992, Joaquim Andrade, Sicasal-

nove vitórias de quatro ciclistas naturais do Concelho na

Acral; 1993, Joaquim Andrade, Imporbor-Feirense;

prova rainha do ciclismo português, José Maria Nicolau

1994, não se realizou; 1995, Carlos Carneiro, Sicasal-

e Alfredo Trindade repartem quatro triunfos, Francisco

Acral; 1996, Jesus Blanco Vilar, Espanha, W52-Paredes

Valada (1966) e o recordista Marco Chagas (1982,

Móvel; 1997, José Rosa, LA Alumínios-Pecol; 1998,

1983, 1985 e 1986) venceram Volta a Portugal, no

Renato Silva,Barbot-Gondomar;1999, Cesar Garcia,

entanto Santa Maria da Feira, é sem dúvida o Concelho

Espanha, Recer-Boavista; 2000, Pedro Cardoso, Maia-

com mais ciclistas diferentes que conquistaram a

MSS; 2001, Youri Soukorv, Mda, LA Pecol-Águias de

Volta a Portugal, seis, desde José Sousa Cardoso, no

Alpiarça; 2002, Cândido Barbosa, LA Pecol-Bombarral;

já longínquo ano de 1960, a Fernando Carvalho, em

2003, Bruno Castanheira, LA Pecol-Bombarral; 2004,

1990.

Luís Pinheiro, LA Pecol; 2005, Cândido Barbosa, Liberty

Seguros; 2006, Tiago Machado, Carvalhelhos-Boavista;

também nunca existiu escassez, uma vez que

2007, José Mendes, S.L. Benfica; 2008, Jorge Teixeira,

praticamente, desde finais dos anos setenta que a

Casactiva-Quinta das Arcas;

2009, Hugo Sancho,

presença de equipas oriundas do concelho da Feira tem

Mortágua-DR Seguros; 2010, Marco Coelho, Liberty

sido permanente, sobretudo em relação aos escalões

Seguros-Santa Maria da Feira; 2011, André Cardoso,

de formação, por exemplo o centro de Cultura e Recreio

Tavira-Prio; 2012, José Mendes, LA Alumínios Antarte.

do Orfeão da Feira com o chamado Ciclismo Juvenil,

Em 2013 e 2014 esta clássica do ciclismo português

dos 6 aos 14 anos, que rapidamente se destacaria,

tomou o nome de Grande Prémio Liberty Seguros-Volta

participando em provas, em todo o país, e acumulando

às Terras de Santa Maria e teve os seguintes vencedores:

prémios ao longo dos anos. Muitos destes ciclistas

2013, Délio Fernandez, OFM-Quinta da Lixa; 2014,

ingressaram mais tarde no Arrifanense!

Como temos vindo a verificar, desde muito cedo que

Se os ciclistas sempre abundaram, em equipas,

21


Paulo Silva, vence uma prova ao serviço do Arrifanense

O Mini-ciclismo do Orfeão foi, na época, um marco no ciclismo juvenil, com provas e vitórias em todo o país. Nesta equipa começaram a sua atividade de ciclista muitos que se destacaram na modalidade 22


Paulo Silva, iniciou a sua carreira no Orfeão da Feira, aqui ao lado de Joaquim Agostinho

Porém o Núcleo Desportivo de Travanca destacou-

Mais do que colecionar títulos nos escalões de

se neste período, tendo tido como um dos fundadores e

formação, em várias vertentes da modalidade, sendo

primeiro presidente um homem da terra (da Feira e, de

provavelmente a mais eclética equipa de ciclismo

Travanca) uma figura incontornável do ciclismo feirense

do concelho, deu ao ciclismo profissional inúmeros

e da modalidade no geral: Abel Matos, apoiado pelo

ciclistas, como Carlos Pinho, Eduardo Familiar, David

vencedor da Volta a Portugal em Bicicleta de 1969,

Assunção, Eduardo Correia, Joaquim Andrade ou Pedro

Joaquim Andrade

Andrade, entre outros. 23


Travanca – Sá Portela, equipa onde nasceram mutos dos ciclistas que mais tarde representaram o Feirense

Núcleo Desportivo Travanca-Cadetes 1985, da esquerda para a direita: Vítor Mendes, Manuel Rogério Costa, Joaquim Andrade, Vítor Leite, Eduardo Familiar, Humberto Xavier Silva, Joaquim Andrade Pai (Treinador). Em baixo José Andrade corria em Infantil, mas ali fez de ajudante de mecânico.

24


Mais recente, não podemos deixar de referir a Escola

João de Ver. São incontáveis os sucessos deste clube,

de Ciclismo Fernando Carvalho, então liderada por

com uma extensa lista de ciclistas que passaram pelo

este ex-ciclista, e por onde passaram no seu processo

projeto, por exemplo o campeoníssimo Rui Costa, numa

formativo, por exemplo, Tiago Machado e Nelson Oliveira.

equipa desde cedo liderada por Fernando Vasco Costa,

ladeado até há não muito tempo e durante muitos anos

Mas sem dúvida que o exemplo que nos saltará

mais fresco na memória, é o do Sport Ciclismo São

por Manuel Correia.

Rui Costa Rui Costa, a maior referência do ciclismo português da atualidade. 3 tapas no Tour de France (2011, 2013); conquista da classificação geral: Four Days of Dunkirk (2009); Vuelta a la Comunidad de Madrid (2011); Volta à Suíça (2012, 2013, 2014); Campeonato Mundial UCI (2013); Grand Prix Cycliste de Montréal (2011) ; Campeonato Nacional de Estrada (2015) e Campeonato Nacional de Contrarrelógio (2013). Presentemente representa a UAE Team Emirates. É Comendador da Ordem do Infante D. Henrique 25


Por fim o Clube Desportivo Feirense. Entre 1984 e

Silva, com a alcunha de “Salazar”. De qualquer forma,

1986, só com formação, e entre 1987 e 1993 com

conjuntamente com Abel Matos, e com o auxílio de

uma equipa profissional. Quem viveu essa época, ou

outros feirenses, como o falecido Manuel Sá, Joaquim

quem é curioso pela história da modalidade, certamente

Andrade (vencedor da Volta de 1969), ou Fernando

se lembra dos equipamentos do Feirense, com os

Mendes (que ganhou a Volta de 1974), treinador à data

patrocínios da Philips, da Imporbor, mas mais do que

da vitória de Fernando Carvalho na Volta, formaram uma

tudo, dos calçados Ruquita, empresa então comandada

das maiores equipas dos anos 80/90.

por outra das maiores figuras da Vila da Feira, Luís

Manuel Sá, figura incontornável do ciclismo do Clube Desportivo Feirense 26


Curiosamente, não são muitas as presenças da Volta a

Assim, Santa Maria da Feira recebeu a caravana da

Portugal, em Santa Maria da Feira. Mas são tradicionais as

Volta a Portugal poucas vezes: 1988 – Contra-relógio

Voltas às Terras de Santa Maria, que já tiveram uma maior

e a partida da 1.ª etapa; 1989: uma chegada na 3ª

dimensão da que têm hoje, etapas de outras competições,

etapa, um contrarrelógio individual na 4ª etapa e uma

alguns campeonatos nacionais e alguns Circuitos perdidos

partida na 5ª etapa; 2003: uma partida na 8ª etapa;

no tempo como o de Tarei (onde também chegou a existir

2004: uma chegada na 6ª etapa e dia de descanso.

uma equipa) ou o da Vila da Feira, onde o mestre Alves Barbosa arrebatou a vitória em 1961.

Contra-relógio Individual, Santa Maria da Feira – Santa Maria da Feira (6,5 Km). Na 1.ª Etapa da edição 50 da Volta a Portugal em Bicicleta. Jorge Silva da Sicasal, obteve o melhor tempo. Nesta edição o grande vencedor foi o inglês Cayn Theakston. 27


Jorge Silva da Sicasal-Torreense, na sequência da vitória do Contra-relógio em Santa Maria da Feira, em 1988, envergou a camisola amarela das mãos de um apaixonado pelo ciclismo, Alfredo Henriques, Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.

Por essa altura os sucessos do Feirense no ciclismo,

Lisboa, Grande Prémio Correio da Manhã, entre outros.

onde também foi treinador o grande Emídio Pinto, não se

Ainda em 2003 realizou-se, sob minha proposta, na 65ª

resumiam à vitória de Carvalho na Volta. Dois segundos

edição da Volta a Portugal, uma Homenagem aos seis

lugares na mesma competição, em 1991 por Orlando

vencedores da Volta a Portugal, naturais do concelho de

Rodrigues e em 1992 por Quintino Rodrigues, pontuam

Santa Maria da Feira, homenagem essa concretizada

no palmarés da equipa, para além de vitórias em

antes da partida da 8ª etapa que ligou Santa Maria da

muitas outras competições e etapas, designadamente

Feira a Fafe, na distância de 188,6 km.

clássicas infelizmente já desaparecidas como o Porto28


Homenagem aos seis vencedores da Volta a Portugal, naturais do concelho de Santa Maria da Feira, iniciativa promovida pelo autor do presente texto, que desde a primeira hora contou com a extraordinária colaboração do Município de Santa Maria da Feira.

29


Ceia Medieval da Caravana da Volta a Portugal de 2004, contou com a presença entre outras personalidades da ex. Miss Portugal Ana Maria Lucas.

Em 2004 Santa Maria da Feira, voltou a receber a

para a caravana da Volta a Portugal (esse momento

prova mais importante do ciclismo português, com uma

ainda hoje é recordado, por quem participou), uma vez

chegada e o tradicional dia de descanso que ocorreu

que usufruíram de uma lauta ceia medieval, realizada

em plena Viagem Medieval em Terra de Santa Maria.

no Castelo da Feira.

Este momento constituiu-se numa belíssima jornada 30


Percurso do ciclismo do Clube Desportivo Feirense 1984

Em Dezembro de 1983 foi apresentada uma nova

já tinha presidido ao Clube Desportivo Feirense. A equipa

equipa de ciclismo, a do Clube Desportivo Feirense,

orientada por Abel Matos era constituída inicialmente

para a época de 1984, no escalão de juniores, com a

pelos jovens ciclistas Luís Santos, Manuel Grilo, José

designação de Feirense – Calçado Ruquita, contando

Leite, António Araújo, David Assunção e António Gomes.

com o total apoio do feirense Luís Gomes da Silva, que

Luís Gomes da Silva, o principal obreiro das páginas escritas a letras de oiro no Ciclismo do Feirense.

31


Nesta época, a equipa Feirense–Ruquita conquistou o 1.º lugar por equipas no Campeonato Nacional de Fundo,

realizado em São João das Lampas.

Primeiras conquistas do Feirense

Uma das primeiras conquistas da então nova equipa Feirense-Ruquita, acompanhados de grandes entusiastas do ciclismo. 32


O entusiasmo em redor da equipa de ciclismo

do Feirense era tão elevado que implicava mesmo

a participação da equipa no desfile na Festa mais emblemática do Concelho, a Festa das Fogaceiras.

Equipa de Ciclismo do Feirense na Procissão da Festa das Fogaceiras.

1985 Em 1985 a equipa Feirense–Calçado Ruquita–

Manuel Grilo sagrou-se Campeão Nacional de

Candeeiros Ferluz, competiu com duas equipas, uma no

Velocidade em pista no escalão de seniores B na pista

escalão de seniores B e outra no escalão de juniores.

de ciclismo de Sangalhos. 33


Manuel Grilo, um dos primeiros campeões do Feirense 34


1986

Equipa de ciclismo de formação do Feirense-Ruquita em 1986. Da esquerda para a direita: Manuel Grilo, José Coelho, António Gomez, Leonel Seabra, Luís Santos, Armando Gomes e Orlando Neves. 35


Em 1986, a equipa Feirense-Ruquita-Ferluz competiu no escalão de seniores, tendo Orlando Neves ganho o II

Grande Prémio Reginorde, em Trás-os-Montes e António Gomes conquistado a II Volta ao Concelho de Alcochete. 1987

Na época de 1987, o Clube Desportivo Feirense competiu pela primeira vez na categoria de profissionais, com a

designação de Feirense-Ruquita, orientada por Abel Matos.

Equipa do Feirense, que integrava os irmãos Ferraro, Renato e Renan, sendo este último o primeiro ciclista brasileiro a profissionalizar-se e a participar no Tour. Integravam ainda ao plantel António Costa Araújo; Joaquim Carvalho, António Gomes, Manuel Gomes, Manuel Grilo, Edgar Pereira, e Luís Santos Renan Ferraro, Renato Ferraro e Edgar Pereira. Treinadores: Fernando Mendes e Abel Matos 36


Da esquerda para a direita: Antonino Araújo, José Leite, Manuel Grilo, David Assunção, António Gomez e Luís Santos.

Plantel: Antonino Costa Araújo, Joaquim Carvalho, António Gomes, Manuel Gomes, Manuel Grilo, Edgar Pereira,

Luís Santos, Renan Ferraro, Renato Ferraro e Orlando Neves. Treinadores: Fernando Mendes e Abel Matos.

Staff da Ruquita-Feirense na preparação de mais uma etapa da Volta a Portugal. 37


Na Volta a Portugal de 1987, que teve 16 etapas,

o ciclista Renato Ferraro venceu a 9.ª etapa, que ligou Estremoz a Alpiarça na distância de 153 Km, quando Raul Terebentino do Olhanense envergava a camisola amarela. Venceu a Volta, Manuel Cunha, da SicasalTorreense, com 73h 26 m e 46 s à média horária de 36.768 km/h. Orlando Neves do Feirense-Ruquita classificou-se num excelente 4.º lugar a 5’06” do vencedor e conquistou a camisola da Juventude. A equipa Feirense-Ruquita foi 4ª classificada colectivamente nesta sua primeira participação na Volta.

Primeira vitória de um ciclista do Feirense na Volta a Portugal. Jornal a Bola, 8-8-1987

38


Ainda na mesma época, António Araújo venceu

3ª etapa da Volta Portugal Odrinhas-Odrinhas (58 km);

a Volta a Gaia e por seu turno Orlando Neves foi

2.º classificado na 8ª etapa da Volta Portugal, Castelo

selecionado para os Mundiais de Ciclismo de 1987 da

de Vide – Manteigas (197 km); Luís Santos: foi 1.º

Áustria, representando a Seleção Nacional de Portugal.

classificado na 7.ª etapa da Volta ao Algarve.

Outros resultados: Manuel Grilo foi 2.º classificado na

1988

Equipa da Ruquita-Feirense em 1988.

Plantel: Joaquim Carvalho, Manuel Correia, Viriato

Neste ano de 1988, a equipa agora designada

Duarte, Manuel Grilo, Orlando Neves, Carlos Pereira,

Ruquita-Feirense competiu novamente no escalão de

Luís Santos, António Silva, Paulo Silva e Luís Moreira.

Profissionais.

Treinadores: Fernando Mendes e Abel Matos. 39


Nesta época o Feirense destacou-se em toda

Volta a Portugal em Bicicleta: 2.º classificado no Prémio

a linha, tendo Manuel Correia ganho o 10º Grande

da Juventude da Volta a Portugal em Bicicleta. Na

Prémio “Jornal de Notícias”, tendo vencido a 1.ª etapa,

sequência destes bons resultados foi convocado para a

venceu o Grande Prémio Aveiro – Vilar Formoso, foi 2.º

Selecção Nacional.

Classificado Premio de Cantanhede; 7.º classificado

Manuel Correia um dos melhores Diretores Desportivos do ciclismo português, nesta época esteve em destaque. 40


Orlando Neves foi outro ciclista em destaque nesta

Luís Santos da Ruquita-Feirense venceu a 10.ª

época, vencendo a IV Volta ao Concelho de Santa

etapa da Volta a Portugal, que ligou Gouveia a Manteigas

Maria da Feira, venceu a 6.ª Etapa Grande Prémio

na distância de 142 Km. O vencedor da prova foi Cayn

O Jogo; 2.º classificado Prémio a Bola; 8.º Classificado Grande Prémio Correio da Manhã; 3.º Classificado Lisboa-Porto; 3.º classificado na 7.ª Etapa da Volta a Portugal (Loulé-Redondo, 245 km). A excelente época

Teakston do Louletano-vale do Lobo com 69h08m20s, com a média de 38,274 km/h. Manuel Correia foi o melhor ciclista da Ruquita-Feirense em 7.º lugar a 04’09”. Luís Santos venceu ainda a Volta a Gaia, foi 5.º classificado na 5.ª etapa/parte A do G.P. Ciclismo de

foi premiada com a participação na Corrida da Paz

Torres Vedras, (Troféu Joaquim Agostinho) C.R.I. (9km)

disputada na Checoslováquia, em representação da

Setúbal-Palmela; foi 1.º classificado na 10.ª etapa da

Seleção Nacional.

Volta a Portugal, Gouveia-Manteigas (142 km). 41


Manuel Grilo teve também uma excelente época.

Joaquim Carvalho foi 1.º classificado no Prémio de

Foi 1.º classificado na 1.ª etapa da Volta ao Algarve;

Albergaria e 7.º classificado no Grande Prémio Correio

4.º classificado na 3.ª etapa do GP Ciclismo de Torres

da Manhã.

Vedras, (Troféu Joaquim Agostinho) Torres VedrasVila Franca de Xira (149 Km) 5.º classificado na 4.ª etapa do GP Ciclismo de Torres Vedras, (Troféu Joaquim Agostinho), Azambuja-Benavente (217 km).

42


Carlos Pereira sagrou-se vice-campeão nacional

de fundo de profissionais, Vice-Campeão Nacional de

António Silva, foi 3.º Classificado Grande Prémio do

Minho.

Estrada; foi o vencedor da 5.ª Etapa do Grande Prémio Jornal de Notícias; 5.º classificado da 4.ª Etapa da Volta a Portugal (Marinha Grande- Sintra, 178 km).

Ainda durante esta época nos Campeonatos Nacionais de Pista, realizados no Estádio Municipal de Alpiarça, a equipa

Ruquita-Feirense conquistou o título Campeão Nacional de Pista para equipas profissionais. Luís Santos foi Campeão Nacional de Pista em Profissionais, Carlos Pereira foi Campeão Nacional de Velocidade em Profissionais, Joaquim Carvalho foi Campeão Nacional de Critério em Profissionais e Paulo Silva foi Campeão Nacional de Velocidade em Seniores. 43


1989

Plantel Profissional: Joaquim Carvalho, Manuel Correia, Viriato Duarte, José Mendes, Orlando Neves,

Na época de 1989, a equipa Ruquita-Philips-

Carlos Pereira, Slawomir Pietruszewsky, António Silva,

Feirense competiu nos escalões de profissionais e de

Paulo Silva e Luís Moreira. Directores desportivos:

seniores.

Fernando Mendes e Abel Matos.

Equipas de Ciclismo da Ruquita-Philips-Feirense em Profissionais no ano de 1989. Da esquerda para a direita: Joaquim Carvalho, Viriato Duarte, António Silva, Paulo Silva, Orlando Neves, Luís Moreira, Manuel Correia, Carlos Pereira e José Mendes. 44


A época de 1989 voltou a ser extremamente profícua em termos de resultados, quer nos profissionais, quer nos seniores. Carlos Pinho foi o vencedor da XVII Volta à Ilha da Madeira em Bicicleta, prova para seniores, em representação de uma seleção de Santa Maria da Feira.

Joaquim Carvalho foi o 1.º classificado no Alfena-

Sobrado; 1.º na 3.ª etapa Grande Prémio de Gondomar; 8.º na Volta às Terras de Santa Maria e Campeão Nacional de Critério Individual.

Equipas de Ciclismo da Ruquita-Philips-Feirense em Seniores no ano de 1989. Da esquerda para a direita: Jorge Mendes, Carlos França, Vítor Leite, Paulo Pinto e Eduardo Familiar. 45


Orlando Neves venceu o Prémio da Juventude do Grande Prémio Jornal de Notícias e foi Campeão Nacional de Velocidade.

Viriato Duarte foi o Vencedor do Prólogo Grande

Prémio do Minho.

Manuel Correia foi 1º em Etapa da Clássica das

Beiras e foi o vencedor da mesma Clássica das Beiras; foi ainda 1.º em Etapa Grande Prémio Jornal de Notícias. Carlos Pereira foi 1º em Etapa do Grande Prémio Jornal de Notícias. 46


A Volta a Portugal de 1989 teve 19 etapas, onde

Orlando Neves da Ruquita-Philips-Feirense venceu a 1.ª etapa que ligou Macedo de Cavaleiros a Vila Real (168,8 km) envergando a amarela o ciclista Delmino Pereira do Boavista. A etapa n.º 16 que ligou Vilar Formoso a Mangualde (153,2 km), foi conquistada por Slawomir Pietruszewsky

da

Ruquita-Philips-Feirense,

quando

Cássio Freitas do Louletano envergava a amarela. Todavia quem conquistou a Volta a Portugal foi Joaquim Gomes da Sicasal-Acral com 76h51m25s. Na 51ª Volta a Portugal em Bicicleta, Viriato Duarte da RuquitaPhilips-Feirense foi o melhor da equipa classificando-se no 19º lugar da geral. Viriato Duarte foi 2º classificado na 19ª etapa que ligou Macedo de Cavaleiros à Senhora da Graça, só atrás de Santiago Portillo da Zahor.

De registar nesta época ainda a conquista por parte

da Ruquita-Philips-Feirense do título nacional da prova perseguição por equipas. 1990

A 24 de Fevereiro de 1990, num restaurante

de Fornos, foi apresentada a equipa de ciclismo da Ruquita-Philips-Feirense, constituída por 13 ciclistas no escalão de profissionais, 9 ciclistas no escalão de seniores e 3 ciclistas no escalão de juniores. Luís Gomes da Silva o principal responsável pela equipa não escondeu o seu desapontamento pela ausência de alguns autarcas, numa altura em que a equipa RuquitaPhilips-Feirense fazia um esforço maior para a nova época que se avizinhava. Estiveram presentes, entre outros, o presidente do clube Luís Nunes e também Henrique Castro, o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo.

Presidente do Clube Desportivo Feirense, Luís Nunes

47


A equipa profissional era constituída pelos ciclistas

O plantel sénior integrava os seguintes corredores:

Orlando Neves, Carlos Pereira, José Mendes, Viriato

Jorge Mendes, Eduardo Familiar, Carlos França, Vítor

Duarte, Paulo Silva, Fernando Carvalho, Manuel Neves,

Leite, José Rocha, Sérgio Ferreira e ainda os ciclistas,

Benjamim Carvalho, Vítor Teresinho, Amílcar Neves,

que representaram o Travanca na época anterior, Carlos

Alberto Carvalho, Carlos Coelho e Fernando Valente.

Pinho, Manuel Peixoto e Vítor Soares. O treinador era o

Posteriormente

feirense Joaquim Andrade, antiga glória do ciclismo.

juntaram-se

os

polacos

Slawomir

Pietruszewski e Dulas Andrezej. Diretor desportivo:

A Ruquita-Philips-Feirense iniciou bem a época,

Fernando Mendes e Joaquim Andrade; Diretor Desportivo

com a vitória de Paulo Silva no Troféu RDP/Algarve. O

Adjunto: Abel Matos.

mesmo Paulo Silva venceu ainda a 3.ª etapa do Prémio de Cantanhede. O ciclista José Andrade, da Ruquita-PhilipsFeirense, sagrava-se campeão nacional de juniores em ciclocrosse.

Carlos Pinho, a jovem revelação desta época 48

José Andrade em plana prova de ciclocrosse


No III G. P. Tensai o feirense Carlos Pereira foi o 9º classificado. No G.P. Correio da Manhã, Fernando Valente foi o 4º classificado a 32 segundos do vencedor da prova, Pedro Silva da Recer-Boavista. Na VI Volta ao Concelho de Santa Maria da Feira, Fernando Carvalho venceu o prólogo e correu na 1ª etapa de camisola amarela, mas não conseguiu manter a liderança nesta prova, uma vez que o ciclista Manuel Cunha da Avibom-Valouro-Lousa venceu o contrarrelógio de 7 km na 4ª e última etapa e foi o grande vencedor final. Na XVI Volta ao Algarve, Fernando Carvalho foi o grande vencedor desta importante prova do calendário velocipédico nacional. Fernando Valente foi o vencedor das Metas Volantes. Por equipas a Ruquita-PhilipsFeirense foi a 3ª classificada. Na Volta ao Alentejo o ciclista feirense Vítor Teresinho venceu a classificação das Metas Volantes e o Prémio da Combatividade. Na Clássica das Beiras, prova para ciclistas seniores, a equipa Ruquita-Philips-Feirense esteve em bom plano, conquistando a vitória coletiva, tendo Carlos Pinho ganho o Prémio da Montanha. Na clássica Lisboa-Porto, Slawomir Pietruszewski classificou-se em 3º lugar e a Ruquita-Philips-Feirense foi a equipa vencedora. Em seniores, na Volta a Alicante (Espanha), Carlos Pinho venceu o Prémio da Montanha e Jorge Mendes venceu a etapa que finalizou em Alicante. Na Volta aos Três Concelhos, prova realizada na região de Setúbal, Carlos Pinho foi o grande vencedor da prova tendo a Ruquita-Philips-Feirense ganho coletivamente. Efetivamente a época continuaria a ser de ouro, culminando com a conquista da Volta a Portugal, da qual falaremos mais à frente.

O ainda ciclista sénior Carlos Pinho, da Ruquita-

Philips-Feirense, sagrou-se Campeão Nacional de Rampa. Na categoria de Juniores, José Andrade classificou-se em 3º lugar. Carlos Pinho venceu ainda a Rampa Internacional de Sintra batendo todos os ciclistas profissionais.

Já no final da época, no 3º Grande Prémio de

Gondomar, o polaco Dulas Andrezej foi o grande vencedor desta prova e a equipa Ruquita-Philips-Feirense também venceu a classificação coletiva, terminando a época em beleza.

Dulas Andrzej venceu a 1ª Etapa do Troféu Joaquim Agostinho; Prólogo Volta a Portugal em Bicicleta; Foi o Vencedor do III Grande Prémio de Gondomar. 49


Fernando Carvalho foi o grande vencedor da 52ª Volta a Portugal em Bicicleta, em 1990. No prólogo, por equipas, em Lisboa, na distância

cortar a meta e a conquistar a camisola amarela., dando

de 8,1 km a equipa Ruquita-Philips-Feirense iniciou

excelentes indicadores, que culminou com a conquista

da melhor maneira a Volta a Portugal com uma vitória

épica da Volta a Portugal, por intermédio de Fernando

coletiva, com o jovem Paulo Silva a ser o primeiro a

Carvalho.

Equipa da Ruquita-Philips-Feirense, na cabeça do pelotão da Volta a Portugal em Bicicleta de 1990 50


A equipa Ruquita-Philips–Feirense em 1990, da esquerda para a direita: Fernando Mendes (treinador), Manuel Neves, Carlos Pereira, Paulo Silva, Viriato Duarte, José Mendes, Fernando Carvalho, Slawomir Pietruszewski, Dulas Andrezej, Vítor Teresinho, Benjamim Carvalho e Abel Matos (treinador-adjunto).

José Mendes: Prólogo Portugal em Bicicleta.

Volta

a

Carlos Pereira: Prólogo Volta a Portugal em Bicicleta.

Slawomir Pietruszewsky foi o 3.º classificado no Lisboa-Porto. 51


Vítor Teresinho foi o 3.º classificado no Campeonato Nacional de Estrada.

Fernando Valente foi 3º classificado na 4.ª etapa do Grande Prémio Correio da Manhã; 4º Classificação Geral do Grande Prémio Correio da Manhã.

Fernando Carvalho foi o vencedor da XVI Volta ao Algarve; Prólogo Volta a Portugal em Bicicleta, 7.ª e 17.ª etapa da Volta a Portugal em Bicicleta; 1.º lugar Classificação Geral da Volta a Portugal em Bicicleta: 1.º Lugar Prémio Combinado da Volta a Portugal em Bicicleta.

52


Fernando Carvalho, o grande vencedor da 52ª Volta a Portugal em Bicicleta

A Volta a Portugal de 1990, teve 17 etapas. No

Como quer que seja Fernando Car­ valho venceu

prólogo, por equipas, em Lisboa, na distância de 8,1

esta Volta com todo o mérito, como o reconheceu o

km, a equipa Ruquita-Philips-Feirense iniciou da melhor

próprio Gomes, ainda que a táctica seguida por aquele

maneira a Volta a Portugal com uma vitória colectiva,

se tivesse revestido de algum sadismo. O certo é que

com o jovem Paulo Silva a ser o primeiro a cortar a meta

o ciclista da Sicasal-Acral pareceu perturbado pela

e a conquistar a camisola amarela, dando excelentes

proximi­ dade do adversário, descontrolando-se e não

indicadores, que culminaria com a conquista épica da

dando, assim, o seu melhor no contrarrelógio, no qual,

Volta a Portugal, por intermédio de Fernando Carvalho.

normalmente, não teria sido batido por tal diferença.

Paulo Silva envergou a amarela até à 5.ª etapa, dando o

seu lugar ao colega de equipa Dulas Andrezej na 6ª etapa.

Alberto Carvalho, não teve oportunidade de alcançar nos

Na disputadíssima chegada à Figueira da Foz registou-se

muitos anos em que se dedicou à prática do ciclismo.

uma queda coletiva que envolveu 17 corredores.

Nos primeiros oito dias a camisola amarela esteve na

Fernando

Carvalho

venceu

a

7.ª

etapa

Fernando Carvalho conseguiu aquilo que seu pai,

no

posse dos corredores de Santa Maria da Feira. Paulo

contrarrelógio da Marinha Grande na distância de

Silva es­teve na liderança durante todo o circui­to pelas

40,7 km, envergando a amarela durante dois dias,

estradas do Sul até à Figueira da Foz, sucedendo-

perdendo-a após a etapa que ligou Tondela a Fundão.

lhe Dulas Andrezej e Fernando Carvalho. Seguiu-se-

Quando Joaquim Gomes, na etapa para o Fundão,

lhes Joaquim Gomes, que andou de amare­lo durante

lançou um ataque espectacular, que lhe permitiu vencer

oito etapas consecutivas, até que no último dia

isolado, com uma vantagem de 2m 21s, sobre um

foi, estrondosamente, “atirado ao tapete” pelo seu

numeroso grupo perseguidor e arrebatar a camisola

antecessor.

amarela a Fernando Carvalho, este limitou-se, a partir

daí, a conservar a segunda posição e a ir bai­xando,

Philips-Feirense, venceu a curta etapa que ligou Gaia à

lenta, mas seguramente, a diferen­ ça que era ali de

Maia, na distância de 61 km.

escassos 43 segundos.

com a Média: 36,682 Km/h, bem como o Prémio

Aos poucos, um tanto sorrateiro, Fer­nando Carvalho

Ainda na 16ª etapa, Benjamim Carvalho da Ruquita-

Fernando Carvalho venceu a Volta com 64h39m42s

foi tirando segundos àquela diferença e chegou ao

Combinado.

contrarrelógio final, na Maia, apenas a 36 segundos

de Joaquim Gomes, desvantagem que anulou nos

ram-se nos seguintes lugares: 1º Fernando Carvalho,

derradeiros 21 quilóme­tros, contra todas as previsões

natural de São Paio de Oleiros, 14º Carlos Pereira, natural

que da­vam o favoritismo a Gomes, previsões que ele

de Rio Meão, 16º Manuel Neves, natural de Travanca,

deitou por terra com uma atuação verdadeiramente

20º Dulas Andrezej, polaco, 39º Vítor Teresinho, natural

desastrosa, pois acabou por perder mais 23 segundos.

de Paramos, 41º Slawomir Pietruszewski, polaco, 51º

Os ciclistas da Ruquita-Philips-Feirense classifica-

53


A equipa poderosíssima da Ruquita-Philips-Feirense

54


Paulo Silva da Ruquita-Philips-Feirense, envergou a amarela durante várias etapas na Volta a Portugal de 1990

55


Viriato Duarte, natural de São Martinho da Gândara, 53º

venceu a Sicasal-Acral com 194 h, 05 m e 44 s, em 2º

Benjamim Carvalho, natural de São João da Madeira,

lugar classificou-se a Recer-Boavista a 9,33 m e em 3º

70º José Mendes, natural de Paços de Brandão e 84º

lugar a Ruquita-Philips-Feirense a 17,03 minutos.

Paulo Silva, natural de Nogueira do Cravo. Por equipas

Fernando Carvalho a escutar os conselhos de Abel Matos 56


Jornal A Bola, 16 de agosto de 1990 (aproveitamos para homenagear o Pai Alberto Carvalho, falecido recentemente). 57


A crónica de uma Volta a Portugal empolgante – 1990

O autor do texto, com Alves Barbosa na Volta a Portugal, cuja cobertura desta prova começou precisamente em 1990, ano da vitória de Fernando Carvalho.

58

No baile, acabou a dança das cadeiras: Fernando

Antes da arrancada para a galopada, poucos trariam

Carva­ lho, o camisola 65 da longa serpente colorida,

para a peneira de maior cotação o nome de Fernando

chefe de fi­la de uma equipa (Ruquita-Philips-Feirense)

Carvalho, porque falava-se (obviamente) das maiores

esperou o momento exacto para saltar sobre a

hipóteses estarem ao alcance de uma das «estrelas» da

massacrada presa e aplicou o golpe de misericórdia num

Sicasal-Acral, que o empresário Álvaro Silva colocava ao

Joaquim Gomes que entrou com todo o fa­voritismo, mas

inteiro dispor do técnico Orlando Alexandre. Citavam-se,

acabou por ce­der o trono mesmo na hora de defender a

mais ou menos por ordem crescente, as capa­cidades

última tese.

potenciais de Joaquim Andrade, António Pinto, Ma­nuel


Abreu, Cássio Freitas e, evidentemente, Joaquim Go­mes.

uma montanha de coroas de louros. Taticamente (e

Havia quem (menos otimista em relação ao exército de

os en­ tendidos sublinharam isso nos últimos dias da

Torres Vedras) trouxesse à pedra os perfis de Delmino

competição) a Sicasal-Acral falhou rotunda­mente, em

Pereira e Manuel Zeferino, Manuel Cunha e Joaquim

especial quando não protegeu Joaquim Gomes das

Sal­gado, uma remota esperança no saltitar de um nome

arremetidas contrárias que, massacrando e desgas­

emer­gindo do emer­gindo do quase anonimato, talvez

tando o vencedor voltista de 89, até produziam colheitas

(quem duvidaria?) um estrangeiro, integrante apres­

de preciosos segundos que, bem juntinhos, foram

sado, recrutado à linha de pes­caria por uma das turmas

reduzindo a estilhas o poder anímico do genro de João

cá da casa ou alinhando nas dele­gações espanholas

Roque, desse rapaz de Carnide, com cultura acima da

que a orga­ nização (através do diretor de corrida: o

vulgaridade, que era o primeiro a não entender em que

jornalista Serafim Ferreira) mandara vir até Por­ tugal

espécie de complicado jo­ go estava sendo inserindo.

para espicaçar qualquer adormecido brio dos nossos

Quando se abalou de Viana do Castelo à conquista de

melhores sobre a bicicleta. Afinal, que se viu? Uma der­

Gaia já Joaquim Gomes tinha a sen­tença elaborada: e

rota quase aniquilante para a Sicasal-Acral que, certo e

foi na pró­pria equipa que o turbilhão le­vou os sonhos

sa­bido, viria (no mínimo) obrigar Álvaro Silva e sua direta

pelo vento.

«entourage» a muito refletir so­bre o leite derramado.

Que é como quem diz: em relação à nula produtividade

Fernando Mendes, confrontado com as realidades e

recolhida de um investimento que en­ volveu fabulosa

reparando o mes­mo que entrava pelo olhar de qualquer

quantia para o nosso parco meio de vida. Di­ nheiros

leigo (na Ruquita-Philips-Feirense a única carta jogável

que nada renderam em função de ganhos opulen­tos:

na mesa de ouro era Fernando Carvalho) nela fez a total

nem um só homem da Si­casal-Acral teve o gosto de

aposta, começando por criar espirito de corpo na defesa

fi­gurar para a posteridade, para o historial da Volta, no

da camisola cor de sol insolitamente conquistada pe­lo

rol dos vencedores de qualquer clas­sificação individual

suplente Paulo Silva na lisboeta Avenida da Liberdade

nesta edi­ ção 52 da mais popular prova desportiva

e depois, refinando a coesão dos seus comandados,

nacional. Falha de quem? Logicamente que, desfolha­do

elaborando um plano para que tudo cor­resse à medida

o malmequer, será fácil ati­rar as culpas para as costas

das validades do filho de Alberto Carvalho: deixar o

de Orlando Alexandre, na verda­de um treinador pouco

peixe miúdo para os pardalitos, ir tocando serena­tas

ousa­do, muito calmo e sereno mas igualmente fechado

debaixo da janela da Sica­sal-Acral e, no instante opor­

na sua concha, sem a ambição que obriga o cidadão a

tuno, conceder a total carta de alforria ao seu “leader”,

viajar num trapézio: ou cai ou vence. Or­lando Alexandre

de mol­ de a que Fernando Carvalho alinhasse para

cometeu o erro (imperdoável, pelos vis­ tos) de ter

o decisivo contrarrelógio em terreno que conhece de

menosprezado a va­lia da concorrência, convenci­do de

olhos cerrados. Tinha de resultar em pleno: o moço não

que dispondo de um lo­te de estradistas, para todos os

podia desperdiçar a chance. Tinha a chave do co­fre, o

gostos e paladares (trepado­res, roladores, «sprinters»,

segredo estava desven­dado, restava abrir a portinha e

aguadeiros) bastaria deixar correr o marfim para abraçar

servir-se, pois, a força e a al­ma de Joaquim Gomes esta­

Tudo porque essa velha e sagaz raposa que era

59


vam reduzidos apenas ao muito brio do ainda menino de

Philips-Feirense), Manuel Cunha (Avibom-Lousa), Neil

Carnide que mais não podia fazer que constatar que a

Stephens (Royal) e Jorge Silva (Sicasal-Acral). Entre

su­cessiva dilapidação da vanta­gem conseguida na serra

os mais a mais, a falência notória esteve na pele de

da Estreia tinha de conduzir a um fim pouco airoso para

Santiago Portillo (Festina-Lotus) e mesmo de Manuel

o seu sonho.

Zeferino, com o triunfador voltista de 81 a perder na

Sintetizando: esteve um téc­nico por detrás do feito

esgrima acesa com o seu sucessor em 87, Manuel

de Fernando Carvalho. Em con­ trapartida, Joaquim

Cunha subindo um degrau à custa do boavisteiro, que

Gomes perdeu a esperança de marcar segundo triunfo

estava longe da forma superior. Veio a bela prova de

consecutivo numa Volta porque os cálculos ela­borados pelos seus orientado­res foram chão que deu uvas.

Relógio «dixit»

No contrarrelógio da Maia, o circo abriu com João

Costa (Bom Petisco-Tavira), que fez o percurso de 21 quilómetros em 32 minutos e 22 segundos. Foi continuando o desfile até chegar à meta José Ferreira (Recer-Boavista) com um tempo melhor: 31m 45s. Bem: o carrossel ia conti­ nuando a funcionar. Os domadores do aço e da borracha suspirando de alívio, arru­ mando a mobília para o re­ gresso a casa. Dick Dekkers (Royal) demorou durante uma hora e 20 no topo da tabela, houve muitas palmas para o «Lau» (com o excelente Ven­ceslau Fernandes garantindo que estava

60

Marco Chagas, garantindo um 5. ° lu­gar que muitos estavam longe de palpitar.

No entanto vinha a galope Fernando Carvalho,

com o chefão da Ruquita-Philips-Feirense de­votando o caminho, as notí­cias do seu ataque a Joaquim Gomes fazendo delirar uma larga fatia da multidão que en­chia literalmente o estádio da Maia: aos sete quilómetros sa­cava três segundos a Gomes, aos 14 a rapina já ia em meio minuto, aos 21 mil metros passeava como um lorde, 59 segundos de dianteira sobre o tempo do monarca do outro império, conquistando assim a Volta a Portugal em Bicicleta.

A 3 de Setembro de 1990, em Reunião Ordinária

a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira deliberou prestar uma homenagem ao vencedor da Volta a Portugal, Fernando Carvalho, à equipa Ruquita-PhilipsFeirense e a todos os restantes antigos vencedores

dando as últimas pedaladas da sua carreira) ou­ tras

da Volta a Portugal, com a atribuição da Medalha de

ovaçõezinhas para quan­tos concluíam o fadário até que

Mérito Municipal, pelo contributo valioso que deram à

o axadrezado Joaquim Andrade (29 m 36 s) destro­nou

modalidade e à projecção e divulgação dada ao ciclismo

o belga que veio até cá só para espairecer e ganhar uns

santamariano e ao concelho de Santa Maria da Feira.

sprintezinhos.

Esta homenagem, pública, decorreu posteriormente

E o máximo do filho de ou­tro campeão (Andrade

no dia 29 de setembro de 1990 no Estádio Marcolino

pai foi o vencedor da Volta de 69) iria sucessivamente

Castro, no intervalo jogo de futebol Feirense – Sp.

resistindo pe­ rante rijos confrontos, outros valorosos

Espinho e foi com muito entusiasmo que o muito

espadachins na mesma casa de minutos ou ali

público presente aplaudiu durante longo tempo todos

pertinho: Dulas Andrezej e Manuel Neves (Ruquita-

os homenageados.


Fernando Carvalho termina o Contrarrelógio final no Estádio da Maia, completamente cheio

61


Fernando Carvalho consagrado na cidade da Maia

62


Volta de consagração de Fernando Carvalho e da equipa Ruquita-Philips-Feirense no Estádio Marcolino Castro, em Setembro de 1990

Homenagem no Estádio Marcolino de Castro

63


Entretanto, ainda em Setembro do mesmo ano, Fernando Carvalho foi também homenageado na sua terra natal,

em São Paio de Oleiros.

Homenagem a Fernando Carvalho em S. Paio de Oleiros ainda em 1990

1991

64

Na época de 1991 a equipa feirense competiu em

com a designação de Modalusa-Feirense e teria como

profissionais com a designação de Ruquita-Philips e

treinador Abel Matos.

teria como treinadores António Brás e Joaquim Andrade,

pai. Também competiu com uma equipa de seniores

Coelho, Eduardo Familiar, Oleg Logvin, Jorge Mendes,

Plantel de Profissionais: Carlos Carneiro, Carlos


Amílcar Neves, Orlando Neves, Orlando Rodrigues, Alexandre Rodrigues, Alexandre Zinoviev, Carlos Pinho. Neste ano destacou-se o sénior Quintino Rodrigues, da Modalusa-Feirense, ao vencedor da Clássica das Beiras, prova para seniores e ainda o III Grande Prémio de Albergaria-a-Velha, prova para seniores. Quintino Rodrigues, esteve também em evidência em Espanha na Volta a Ourense, em representação da Seleção Nacional portuguesa de seniores.

Carlos Carneiro, foi também uma das revelações

da equipa: foi 1.º Classificado nas 12 Voltas à Gafa; 1.º Classificado Grande Prémio Costa Azul; Vencedor da 1.ª etapa do Grande Prémio Correio da Manhã; 1.º Classificado Grande Prémio Correio da Manhã; Vencedor 4.ª etapa do Grande Prémio A Capital; Vencedor Troféu E. Leclercq – Santa Maria da Feira.

A Volta a Portugal de 1991, teve 17 etapas e pela

primeira vez com o estatuto de internacional. Teve como primeiro líder Jorge Mendes da Ruquita-Philips, após a vitória no contrarrelógio por equipas de Loulé na distância de 6 km. Orlando Rodrigues que viria a ser a grande revelação venceu a 15.ª etapa no contrarrelógio da Lourinhã e a última etapa que ligou Sintra a Lisboa (147,9 km), mas não chegou para desalojar Jorge Silva da Sicasal-Acral que venceu com 68h37m20s, à média horária de 37,368 km. Orlando Rodrigues ficou em segundo lugar a escassos 23 segundos do vencedor da Volta e conquistou o Prémio da Juventude. Como corolário da excelente época, Orlando Rodrigues foi selecionado para participar nos Mundiais de Estrada de Ciclismo.

José Andrade da equipa sénior do Feirense, que tinha como patrocinador a Modalusa 65


Orlando Rodrigues, da Ruquita-Philips, uma das grandes revelações da época de desportiva de 1991 e que veio a integrar uma das equipas mais extraordinárias do ciclismo Mundial, a Banesto de Miguel Indurain. 66


Apesar da excelente época, Luís Gomes da Silva

Etiel. A nova equipa de ciclismo profissional do Feirense

anunciava o abandono da fábrica de calçado Ruquita

para a época de 1992 teve a designação de Philips-

das competições de ciclismo.

Etiel-Feirense. O novo diretor desportivo da equipa

1992

feirense passou a ser o técnico Emídio Pinto. Plantel: Carlos Carneiro, Manuel Correia, Eduardo Correia,

Apesar da saída da Ruquita, o Clube Desportivo

Sérgio Ferreira, Oleg Logvin, Amílcar Neves, Orlando

Feirense continuaria no ciclismo com uma equipa de

Neves, Youri Perunovski, Quintino Rodrigues, Alexandre

profissionais, apoiada pela Philips e pelas bicicletas

Zinoviev, Fernando Oliveira, Paulo Vieira.

Quintino Rodrigues, o treinador Emídio Pinto, a velha raposa do ciclismo português, Manuel Correia e Carlos Carneiro. 67


Resultados: Quintino Rodrigues: 1.º Lugar no Grande Prémio da

Eduardo Correia: 1.º na 7.ª etapa do Grande Prémio

Marinha Grande; Prémio da Juventude Volta a Portugal

O Jogo

em Bicicleta; 2º lugar final na Volta a Portugal em Bicicleta; vitória na etapa da Senhora da Graça.

68


Alexandre Zinoviev4: 1.º na 7.ª etapa da Volta ao

Carlos Carneiro: 2.º classificado Volta às Terras de

Alentejo. Vencedor da 62ª edição da mítica clássica

Santa Maria; 3.º classificado Grande Prémio de Pereiro;

Porto – Lisboa de 1992.

Vencedor novamente do Grande Prémio Correio da Manhã; vencedor da 2.ª e 5.ª etapa da Volta à Murtosa; 1.º classificado na Volta às Terras de Santa Maria.

4 Faleceu em 25 de fevereiro de 2005, em Cincinnati (Ohio) Estados Unidos

69


Manuel Correia, Carlos Carneiro e Quintino Rodrigues da Philips-Etiel-Feirense

No 14º Grande Prémio Internacional de Torres

a etapa rainha que ligou Mirandela à Senhora da Graça

Vedras/Troféu Joaquim Agostinho a equipa Philips-Etiel-

na distância de 158km. Este ciclista ficou em segundo

Feirense foi a grande vencedora colectiva desta prova.

lugar na classificação final a 58 segundos do vencedor

da Volta. Quintino Rodrigues conquistou ainda o Prémio

Na Volta a Portugal de 1992 que teve como vencedor

Cássio Freitas da Recer-Boavista, com 56h32m16s, destacou-se a vitória de Quintino Rodrigues que venceu 70

da Juventude.


1993

A equipa profissional de ciclismo do Feirense para a nova época de 1993 tinha agora o patrocínio da Imporbor, fábrica de bordados. A equipa passava agora a designar-se Imporbor-Feirense. O director desportivo era Emídio Pinto coadjuvado por Fernando Carvalho. Após a saída de Emídio Pinto, aquando dos campeonatos nacionais, Eduardo Correia e Fernando Carvalho, assumiram as rédeas do comando da equipa. Plantel: José Andrade, Joaquim Andrade, Dariusz Bigos, Carlos Carneiro, Fernando Carvalho, Manuel Correia, Eduardo

Correia; Andrzej Dulas, Sérgio Ferreira, Luís Moreira, Quintino Rodrigues, Orlando Neves, Paulo Vieira. Quintino Rodrigues: foi 1.º na Volta aos Sete – Marinha Grande; 3.º GP de Ciclismo Torres Vedras – Trofeu Joaquim Agostinho; Quintino Rodrigues triunfou na etapa que terminou no Alto da Senhora da Graça, na 12ª etapa, que ligou Macedo de Cavaleiros a Mondim de Basto em 168 km, classificando no 10º lugar final na 55ª Volta a Portugal em Bicicleta e conquistando novamente o Prémio da Juventude da Volta a Portugal. 71


Quintino Rodrigues, da Imporbor-Feirense, vencedor do Prémio da Juventude da Volta a Portugal de 1993.

72


Joaquim Andrade foi 1.º classificado na III Volta

às Terras de Santa Maria; Vencedor 4.ªEtapa Grande Prémio Abimota; Vencedor da 5.ªEtapa Grande Prémio Jornal de Notícias; 1.º Classificado no Circuito de Tarei; Vencedor 4.ª Etapa da Volta à Murtosa; 1.º Classificado Volta à Murtosa; Vencedor da 4.ª etapa da Volta a Portugal do Futuro 2.º Classificado Volta a Portugal do Futuro; 3.º Classificado Volta ao Alentejo; 2.º classificado na 3.ª etapa do Grande Prémio Correio da Manhã.

Joaquim Andrade, Imporbor-Feirense

Orlando Rodrigues, ao serviço da Artiach e Joaquim Andrade da Imporbor-Feirense

73


Carlos Carneiro foi 3.º classificado na 3.ª etapa do grande Prémio O Jogo.

Fernando Carvalho foi 3.º classificado na Volta ao Algarve; 1.º classificado Grande Prémio Abimota; 74


Fernando Carvalho da Imporbor Feirense venceu o prólogo de Loulé de 6 Km da Volta a Portugal de 1993 e envergou a correspondente camisola amarela.

75


Fernando Carvalho da Imporbor Feirense ainda 14.ª etapa que ligou Calvão à Lourinhã (190,4 km)

76


Andrzej Dulas foi 3.º classificado Grande Prémio

No final de 1993 foi extinta a secção de ciclismo

Costa Azul; Vencedor 6.ª Etapa Volta ao Alentejo.

do Feirense, contra todas aas perspectivas, encerrando-

A Volta a Portugal de 1993 teve 16 etapas e nesta

se assim um ciclo de dez anos de ciclismo no Clube

edição, Fernando Carvalho da Imporbor-Feirense venceu

Desportivo Feirense, sete dos quais em competições

a 1.ª etapa, o prólogo de Loulé de 6 Km e envergou a

profissionais, apesar da equipa estar completamente

correspondente camisola amarela. Venceu ainda a 14.ª

estruturada para 1994, sob a designação de Feirense-

etapa que ligou Calvão à Lourinhã (190,4 km). Quintino

Imporbor e que integraria os seguintes corredores: José

Rodrigues venceu a 12.ª etapa que ligou Macedo de

Andrade, António Araújo, António C. Araújo, Fernando

Cavaleiros à Senhora da Graça (168,7 km). Quatro anos

Carvalho, Manuel Correia, José Dias, José Días Reyz,

depois Joaquim Gomes da Recer-Boavista bisou na Volta

Sérgio Ferreira, Luís Moreira, Paulo Silva e Carlos

a Portugal com 55h34m32s. Quintino Rodrigues foi o

Teixeira. Diretores desportivos: Eduardo Correia. Todavia

melhor classificado da Imporbor-Feirense em 10.º lugar

por falta de financiamento, o projecto acabaria de

a 6m53, conquistando ainda o Prémio da Juventude.

claudicar.

Última equipa de ciclismo não profissional sob o emblema do Feirense, orientada por Joaquim Andrade 77


Em 2002 foi criada uma secção de Cicloturismo

velocipédicas distintas, uma vez que, em finais de

no Clube Desportivo Feirense, que ainda permanece

1993, tinha nascido a União Ciclista de S. João de

bastante activa.

Ver. Porém, apenas um ano depois e graças à ação de

Em 2002 foi criada uma secção de Cicloturismo

várias personalidades ligadas à modalidade, deu-se a

no Clube Desportivo Feirense, que ainda permanece

fusão das duas coletividades, surgindo o Sport Ciclismo

bastante ativa.

de S. João de Ver, instituição apostada em dinamizar

os escalões de formação: Iniciados, Infantis, Juvenis,

Em 2002 foi criada uma secção de Cicloturismo

no Clube Desportivo Feirense, que ainda permanece

Cadetes e Juniores.

bastante ativa.

A qualidade do trabalho desenvolvido depressa

despertou a atenção da Câmara Municipal de Santa Vito-Feirense-BlackJack

Maria da Feira, até que em 1998, a autarquia feirense subscrever, com o Sport Ciclismo de S. João de Ver,

Ao longo dos últimos anos, o Sport Ciclismo de S.

o primeiro Protocolo de Desenvolvimento Desportivo,

João de Ver criou e dinamizou, de maneira exemplar, as

visando a implementação de uma política de desporto

bases do que habitualmente se designa como “alfobre

devidamente definido e com objetivos traçados. Iniciava-

de ciclistas”. Mercê de uma capacidade organizativa

se assim, um projeto de grande abrangência, destinado

modelar, assente em critérios exigentes, o Sport

a criar um conjunto de condições para a afixação de uma

Ciclismo de S. João de Ver depressa se emancipou,

equipa de Sub 23. Em 3 anos, a coletividade respondeu

mostrando o seu valor nas estradas Portuguesas e

com qualidade organizativa, excelentes resultados na

além-fronteiras, honrando sempre o nome dos seus

formação de jovens ciclistas e muitos êxitos desportivos.

parceiros. Do meticuloso trabalho de formação brotou

Foram decisivos os apoios da Autarquia e o E. Leclerc,

já um grande número de Campeões Nacionais e de

com empenho pessoal de Alfredo Henriques (Presidente

várias presenças de seus ciclistas nos Campeonatos

da Câmara Municipal) e Jacques Oliveira (Administrador

da Europa e do Mundo, bem como temos conseguido

do E. Leclerc).

formar profissionais de exceção não só no Ciclismo,

mas nas mais variadíssimas áreas.

patrocinador do Sport Ciclismo de S. João de Ver,

O ano de 1991 marca o início da prática do

assinando um contrato de publicidade válido por quatro

Ciclismo, de forma organizada, na Vila de S. João de

anos, tendo como objetivos a alcançar: incentivar

Ver, formando-se a primeira equipa (categorias de

a prática desportiva, proporcionando aos jovens as

formação) forjadas nas capacidades do antigo Clube

condições essenciais à sua prática e promovendo

Desportivo da Lavandeira, graças ao entusiasmo e à

estilos de vida saudáveis, uma vez que a formação

perseverança de antigos ciclistas da Vila. Na temporada

de homens e mulheres, para além de desportistas, é

de 1994, registou-se a curiosidade de a Vila de S.

crucial. O Ciclismo é, pois, um desporto singular, onde

João de Ver ser representada por duas entidades

o esforço, dedicação, respeito e trabalho de equipa

78

Em 2010, a Liberty Seguros passa a ser o principal


são ingredientes indispensáveis para alcançar sucesso.

Amaro Antunes, Domingos Gonçalves, António Amorim,

A coletividade respondeu com qualidade organizativa e

André Cardoso, Vítor Rodrigues, Luís Pinheiro, Edgar

excelentes resultados na formação de jovens atletas.

Pinto, André Mourato, Ricardo Vilela, Leonel Coutinho,

Até março de 2013 eram, já, 43 os títulos de campeão

David Rodrigues, Samuel Magalhães, entre outros.

nacional, participação de atletas em Campeonatos do

Em 2015, surge a nova designação, Moreira

Mundo, da Europa, quer na estrada, quer na pista.

Congelados-Feira-KTM. Desde o início com o Sport

Em 2013, a Liberty Seguros prosseguiu com o seu

Ciclismo de S. João de Ver, a empresa Congelados

apoio às Equipas do Sport Ciclismo São João de Ver,

Moreira, que valoriza o que é português e feito com

reforçando a aposta nas escolas de formação, bem

qualidade, passou a primeiro patrocinador do clube

como o seu compromisso na luta por um ciclismo

distinguido na Gala da Confederação do Desporto de

sem doping tendo como base os princípios da ética

Portugal. Em 2016, acrescentou o Paraciclismo, através

desportiva. Recorde-se que nesta Equipa nasceram os

do campeão Ricardo Gomes, e mais corredoras, cadetes,

novos valores do ciclismo Português, nomeadamente,

elite e master, com identidade Moreira Congelados-

Rui Costa, André Cardoso, Joni Brandão, José Gonçalves,

Feira-Bicicletas Andrade.

Rafael Silva, Luís Afonso, Filipe Cardoso, Fábio Silvestre, 2018, o ano do regresso da equipa de ciclismo do Feirense

Zé da Silva, desde que foi para França a salto, e onde alcançou sucesso, aproveitava as férias do mês de agosto para acompanhar os ciclistas da sua terra. 79


80

Após largos anos de interregno, em 2018, o

onde foi verdadeiramente feliz, vontade demonstrada

ciclismo feirense abriu uma nova página, na sua longa e

pelo Clube Desportivo Feirense,

vastíssima história. Em ano de centenário do Feirense,

dirigente Zé da Silva, há muito, adepto assíduo da

surgiu a vontade de regressar ao ciclismo, modalidade

modalidade.

extravasada pelo


Com um processo similar ao do F.C. Porto e

a continuidade dos escalões de formação, e o Clube

Sporting, numa união de esforços entre um clube

Desportivo Feirense, surgiu a Vito-Feirense-Blackjack,

sediado em Albergaria-a-Velha (anterior estrutura da

comandada por Joaquim Andrade, filho, ele que havia

LA), o Sport Ciclismo de São João de Ver, que assegurou

sido corredor do Feirense em 1993.

“Staff” e ciclistas das várias equipas da Vito-Feirense-Blackjack

81


Equipa Profissional

Plantel: Luís Afonso; Leonel Coutinho; Xuban Errazkin Perez; Ricardo Ferreira; Soufiane Haddi; João Matias; Edgar

Pinto; Bernardo Saavedra; Hugo Sancho; Gonçalo Santos, João Santos e João Leite. Treinador: Joaquim Andrade. 82


Equipa de Juniores

Plantel: António Ferreira, Daniel Couto, Diogo Barbosa, Eduardo Cunha, Francisco Gouveia, Henrique Pereira,

Henrique Rodrigues, João António, Leonardo Soares, Luís Cabral e Pedro Andrade. Treinador: Filipe Amorim. 83


Equipa de Cadetes

Plantel: Carlos Petiz, Diogo Faustino, Gabriel Mota, José Macedo, Rafael Pinho e Samuel Oliveira. Treinador: Luís

Gonçalves. 84


Equipa Feminina

Plantel: Ana Costa, Diana Marques, Jéssica Oliveira, Lara Oliveira e Mariana Almeida. Treinador: Luís Gonçalves.

85


Equipa de Escolas

Plantel: David Ferreira, Diogo Oliveira, Gabriel Ferreira, Hugo Andrade, Luís Moreira e Pedro Caetano. Treinador:

Diogo Pinho. 86


A estrutura da equipa Vito-Feirense-Blackjack integrava ainda os seguintes elementos: Team Manager: Fernando Pinto; Diretor: José da Silva; Diretor Desportivo: Joaquim Andrade; Diretor Formação: Vasco Costa; Massagistas: Benjamim Carvalho, Francisco Casaca; Mecânicos: Pedro Pinto, Joaquim Carvalho; Médico: Dr. Vasco Miguel e Comunicações: Helena Dias. Em termos de resultados, a equipa Vito-FeirenseBlackjack começou muito bem a época, uma vez que logo em Janeiro de 2018, nos Campeonatos Nacionais de Pista realizados em Sangalhos, João Matias, da VitoFeirense-Blackjack, conquistou dois títulos nacionais, em Eliminação e em Perseguição Individual.

Seguem-se os resultados da época de 2018:

João Matias vencedor, OMNIUM, 2.ª Prova Taça

de Portugal, Pista; Leonel Coutinho 3.º, geral da Taça de Portugal, Pista; João Matias vencedor da Taça de Portugal de Pista; António Ferreira 3.º, G.P. Cidade de Fafe, A.C. Minho, Juniores; Mariana Almeida 3.ª, Taça de Portugal, Juniores Femininas; Soufiane Haddi 3.º, geral Tour Du Maroc ; António Ferreira 3.º, 2.ª etapa XXIV Volta a Loulé; Segunda melhor equipa, XXIV Volta a Loulé, Juniores ; António Ferreira 2.º, XXIV Volta a Loulé, Juniores; Edgar Pinto vencedor, 4.ª etapa, 36.ª Volta ao Alentejo, Portalegre.

Edgar Pinto venceu a 4.ª etapa da 36.ª Volta ao Alentejo, com chegada a Portalegre.

87


Jéssica Oliveira vencedora, Encontro de Escolas

Juniores, Palmeira, Braga; Diogo Barbosa vencedor,

A.C. Porto, Iniciadas; Mariana Almeida 2.ª, 16.º G.P.

última prova Taça de Portugal Juniores, Palmeira,

Roriz-Roubaix, Juniores; Jéssica Oliveira vencedora,

Braga; Luís Cabral vencedor, 9.º G.P. Liberty-Volta Ilha

16.º G.P. Roriz-Roubaix, Iniciadas; Terceira melhor

de S. Miguel, Juniores; Xuban Errazquin 3.º, 1.ª etapa

equipa, 4.ª prova Taça de Portugal, Juniores, Sobrado,

La Vuelta a Madrid; Edgar Pinto vencedor, 1.ª etapa

Valongo; António Ferreira 3.º, 4.ª prova Taça de Portugal,

La Vuelta a Madrid; Xuban Errazquin vencedor, Geral

Juniores, Sobrado, Valongo; Melhor equipa da última

Juventude, La Vuelta a Madrid, Edgar Pinto vencedor da

prova da Taça de Portugal, Juniores, Palmeira, Braga;

Geral La Vuelta a Madrid.

Henrique Rodrigues 2.º, última prova Taça Portugal

1º lugar do pódio de Edgar Pinto na Vuelta a Madrid em 2018. 88


António

Ferreira

3.º,

G.P.

RS

Bike

Gondar,

Pistas; Xuban Errazqui 2.º, Dlouhé Stráne, Course de la

Guimarães, Juniores; Jéssica Oliveira vencedora, G.P.

Paix U23; Edgar Pinto 2.º, última etapa 28.º G.P. Jornal

Cidade da Trofa, Iniciadas; Jéssica Oliveira vencedora,

de Notícias, 130 anos; Edgar Pinto 2.º, Geral 28.º G.P.

à geral, G.P. Cidade da Trofa, Iniciados; João Matias

Jornal de Notícias, 130 anos.

medalha bronze, Dudenhofen, Eliminação, Torneio 4

2º lugar no pódio de Edgar Pinto, da Vito-Feirense-Blackjack na edição de 2018 do 28º Grande Prémio Jornal de Notícias, atrás de António Carvalho, de S. Paio de Oleiros, da equipa W52-F.C. Porto e de Joni Brandão, de Travanca, da equipa Sporting-Tavira.

89


Melhor equipa no 8.º G.P. Vermoim, Maia, em

Belmonte; João Matias, 9.º à geral, Nacionais de Estrada,

Juniores; Diogo Barbosa 3.º, 8.º G.P. Vermoim, Maia,

Belmonte; Edgar Pinto 4.º, 18.ª Volta a Albergaria, Taça

Juniores; Pedro Andrade vencedor, 8.º G.P. Vermoim,

de Portugal Jogos Santa Casa; Vencedores por equipas,

Maia, Juniores; Xuban Errazquin vencedor, 4.ª etapa

Nacionais de Estrada, prova de fundo, Juniores; António

39.º G.P. Abimota-Altice, Mortágua; Xuban Errazquin

Ferreira 4.º, Nacionais de Estrada, Juniores; Pedro

vencedor, geral Juventude, 39.º G.P. Abimota-Altice; João

Andrade campeão nacional estrada, prova de fundo,

Matias vencedor, Metas Autarquias, 39.º G.P. Abimota-

Castelo de Vide, Juniores.

Altice; Edgar Pinto 9.º, CRI, Nacionais de Estrada,

Pedro Andrade, da Vito-Feirense-Blackjack, Campeão Nacional de estrada em Juniores, segue as pisadas do avô e do pai.

90


Pedro Andrade 2.º, 2.ª etapa G.P. Minho, Juniores; Diogo Barbosa 2.º, última etapa G.P. Minho, Juniores; Diogo Barbosa 3.º, geral 30.º G.P. Minho, Juniores; Vencedores por equipas, 30.º G.P. Minho, Juniores; João Matias 2.º, 2.ª etapa 41.º G.P. Internacional Torres

Vedras-Troféu Joaquim Agostinho; Luís Cabral vencedor, Taça S. Miguel Estrada, Açores, Juniores; João Matias vencedor, última etapa G.P. Nacional 2 de Portugal, Faro; João Matias, 5.ª Etapa Ferreira do Alentejo - Faro (142.8k) Grande Prémio de Portugal N2.

João Matias venceu a 5.ª Etapa Ferreira do Alentejo - Faro (142.8 km) do Grande Prémio de Portugal de 2018.

Henrique Pereira 3.º, Circuito Rio Meão, Juniores;

3.º, 5.ª etapa 80.ª Volta a Portugal Santander, Viseu;

Vencedores por equipas, Circuito Rio Meão, Juniores;

Edgar Pinto 2.º, Etapa Senhora da Graça, 80.ª Volta a

Pedro Andrade vencedor, Circuito Rio Meão, Juniores

Portugal Santander; Edgar Pinto 4.º, Geral 80.ª Volta a

Pedro Andrade 3.º, Circuito fechado mais antigo de

Portugal Santander a 2,20m do vencedor Raúl Alarcón

Portugal, Argoncilhe, Juniores; Edgar Pinto 4.º, 2.ª

da W52-F.C. Porto; Xuban Errazquin vencedor, Geral

etapa 80.ª Volta a Portugal Santander; Edgar Pinto 4.º,

Juventude 80.ª Volta a Portugal Santander.

3.ª etapa 80.ª Volta a Portugal Santander; João Matias 91


Xuban Errazquin, da Vito-Feirense-Blackjack, Camisola Branca da Volta a Portugal em Bicicleta de 2018, símbolo de líder da Juventude.

Terceira melhor equipa no 18.º G.P. Mortágua, Taça

geral, 8.º Memorial Ciclistas S. João de Ver, Iniciados;

Portugal; Luís Afonso 4.º. 18.º G.P. Mortágua, Taça

Vencedores por equipas, 8.º Memorial Ciclistas S. João

Portugal; João Matias 3.º, Circuito da Moita, Marinha

de Ver, Juniores; Vencedores por equipas, 1.ª etapa

Grande

13.ª Volta a Portugal de Juniores; João Matias vencedor

João Santos 2.º, Prova de Eliminação, Circuito da

Scratch, Meeting Internacional UCI, Dudenhofen; João

Malveira; João Matias vencedor, Prova de Honra, Pontos,

Matias vencedor Eliminação, Meeting Internacional UCI,

Circuito da Malveira; Luís Cabral líder montanha, 1.ª

Dudenhofen; João Matias vencedor, Corrida de Pontos,

e 2.ª etapas 13.ª Volta a Portugal de Juniores; João

Meeting Internacional UCI, Dudenhofen; João Matias

Matias vice-campeão nacional, Madison, Pista; António

vencedor, 3 Dias de Aigle UCI, Suíça, Scratch, Pista e

Ferreira 3.º, 8.º Memorial Ciclistas S. João de Ver,

Melhor equipa de Juniores de Portugal, VI Gala Roda na

Juniores

Frente, Torres Vedras.

Jéssica Oliveira vencedora, 8.º Memorial Ciclistas

S. João de Ver, Iniciadas; Jéssica Oliveira 3.ª na 92

Em termos globais, Edgar Pinto fechou 2018 no 5º

lugar do Ranking Ciclista do Ano 2018, elaborado pela


Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais (APCP). O corredor da Vito-Feirense-Blackjack protagonizou uma forte época, totalizando 811 pontos no decorrer das competições do calendário português de estrada, com o primeiro lugar a pertencer a Joni Brandão (SportingTavira). Assim e em ano do Centenário e do regresso do Clube Desportivo Feirense ao ciclismo, a equipa conseguiu somar diversas prestações de destaque, finalizando com João Matias no 13º lugar da tabela nacional, uma boa posição final num ranking que premeia a regularidade nas provas de estrada e numa temporada em que o

corredor conciliou de forma exemplar as vertentes de pista e de estrada. Também entre os mais jovens, a Vito-Feirense-Blackjack ficou entre os primeiros com Xuban Errazkin a fechar o ano em segundo entre os corredores sub-23, mesmo tendo feito grande parte do seu calendário ao serviço da Seleção Espanhola, tendo desta forma poucas oportunidades de pontuar nas provas do calendário português de estrada. Nas contas finais do coletivo, a Vito-FeirenseBlackjack encerrou a época no 6º lugar do Ranking Equipa do Ano, no qual a vitória pertenceu a Sporting-Tavira.

Pódio Final da 80ª Volta a Portugal em Bicicleta, edição de 2018. 93


2019 - Vito-Feirense-PNB

Para a época de 2019, a equipa profissional

Jesus Del Pino, Xuban Errazkin, António Ferreira, João

terá outra designação Vito-Feirense-PNB, e a equipa

Matias, Óscar Pelegrí, Rui Emanuel Rodrigues, Bernardo

Profissional integrará os seguintes elementos: Luís

Saavedra, João Santos e Bjorn Thurau. A Vito-Feirense-

Afonso, Pedro Andrade, João Barbosa, Filipe Cardoso,

PNB, continuará a ser orientada por Joaquim Andrade.

Vito-Feirense-PNB. Foto Helena Dias 94


Foto Humberto Barbosa

A equipa de Sub-23 terá como treinador Filipe Amorim e os seguintes corredores: Francisco Pereira, José Pereira, Leonardo Soares, Luís Cabral. A equipa de Juniores será orientada por Filipe Amorim

e terá os seguintes ciclistas: Daniel Carvalho, Diogo Faustino, Francisco Gouveia, Henrique Pereira, João António, José Macedo, Miguel Maia, Afonso Eulálio e António Cunha. 95


Idem

A equipa de Cadetes terá como treinador Luis Gonçalves e os seguintes corredores: Carlos Petiz, Diogo

Oliveira, Gabriel Mota, Gonçalo Rocha, João Silva, Nuno Oliveira e Sérgio Magalhães 96


Idem

Por último a equipa de Escolas, terá como treinador Manuel Oliveira e o seguinte plantel: Escolas Juvenis: David

Ferreira, Pedro Brandão, Pedro Caetano; Escolas – Infantis: Hugo Andrade, Jéssica Oliveira, João Azevedo e Rafael Maia e Escolas – Benjamins: Rodrigo Brandão e Salomé Teles. 97


Idem

98


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.