Resenha Crítica - Habitar enquanto problema e solução

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Resenha Crítica Bibliografia: BARROS, Raquel R. M. Paula. Habitação coletiva: a inclusão de conceitos humanizadores no processo de projeto. 1. ed. São Paulo: Annablume/ FAPESP, 2011. v.1. 206 p. pg. 75-90. Robert Soares de Lima Graduando em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal de Uberlândia. http://about.me/robertsoares

Habitar enquanto problema e solução Em seu livro “Habitação coletiva: a inclusão de conceitos humanizadores no processo de projeto”, Barros, fundamentada em uma extensa bibliografia, trata de vários conceitos que podem tornar o projeto de habitação popular mais humano. A autora coloca vários parâmetros e os conceitua para então chegar a ações que possam contribuir para a humanização do projeto de habitação de interesse social. Porém, este trabalho se limitará a analisar alguns destes conceitos por um viés crítico, considerando sua real aplicabilidade e comparando-o com o padrão indiscriminadamente repetido de conjuntos habitacionais por todo o país. Entre os vários conceitos que podem ser incorporados ao processo de projeto que são citados pela autora, o de “CAMINHOS E LUGARES” é interessante de ser analisado por conta da possibilidade de entendimento ambíguo. De acordo com o texto, “Edificações devem respeitar natureza do sítio a fim de aprimora-lo. Considerar edifício e terreno como ecossistema único: não invadir áreas confortáveis e sadias e sim construir nas áreas menos agradáveis de piores condições.” (Barros, 2011). Observando a grande maioria dos conjuntos habitacionais encontrados existentes, estes estão situados em áreas periféricas, sem atrativos naturais, muitas vezes sobre áreas que deveriam ser destinadas à preservação ambiental. Estes conjuntos não aprimoram o terreno onde são construídos, muito pelo contrário, pelo olhar ambiental, só fazem prejudica-lo ainda mais. O ideal de construir em uma área pobre de valor ambiental e econômico para, através desta intervenção, conseguir aprimorar esta área, infelizmente, não se aplica a realidade atual. Outro conceito aqui analisado é o de “TRANSIÇÃO NA ENTRADA”. De acordo com a legenda encontrada no texto, “UHs com transição entre exterior-interior são mais agradáveis. Crie espaço de transição marcando-o com a mudança de iluminação, direção, textura, nível, som, grau de fechamento e principalmente de vistas.” (BARROS). Este é um conceito interessante e que não é aplicado na atual tipologia de conjuntos habitacionais que o mercado imobiliário e os governos empreendem. Não se nota nada (ou quase nada) que tenha sido pensando e utilizado por seu valor psicológico nesses conjuntos. Uma área elevada na frente da porta de entrada da casa em forma de um retângulo de 1,50 metro de largura por 0,80 metro de profundidade faria grande diferença, ainda que inconsciente, em acolher melhor quem chega à sua casa. Este tipo de elemento costuma ser estruturador entre a esfera pública da rua e a privada da casa, unindo dois mundos sem custar quase nada mais para o morador. Uma varanda sombreada pode atrair mais pessoas para visitar uma casa do que uma porta que


se encerra em uma parede lisa e nĂŁo tem nenhum outro significado a nĂŁo ser o de efetivamente separar e isolar cada uma das esferas citadas anteriormente. O morador precisa de mais do que simplesmente morar, precisa tambĂŠm vivenciar elementos e conceitos como estes, ainda que de forma indireta e inconsciente. Antes de comprar uma casa, o morador devia se perguntar se ele precisa mesmo da propriedade ou se ele precisa, na verdade, morar bem. Se esta pergunta fosse feita e apropriadamente respondida, boa parte dos problemas enfrentados hoje pelos prĂłprios moradores, simplesmente nĂŁo existiriam.


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