Anta

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linha amarela esnobe e incompleta quem ĂŠ vocĂŞ pra impedir que nos atiremos aos trilhos?


S O B R E ANTA é um zine de várias coisas e ANTA ainda não sabe o que é. ANTA é inteligente e caminha sinuosa, pau no cu dos modernistas. ANTA não sabe o que faz. ANTA pede desculpas aos modernistas, foi um exagero. ANTA é decididamente de esquerda. ANTA não é esquerdista. ANTA opta pela moda de revistas enigmáticas. ANTA sabe que a época das revistas manifesto já passou. ANTA acha que temos informação demais. ANTA não quer filtrar a informação pra ninguém. ANTA não é vanguarda. ANTA não tem razão de ser. ANTA é. ANTA tem um computador. ANTA não se incomoda em mudar de ideia porque ANTA é burra. ANTA passa tempo demais na internet. ANTA lê poesia. ANTA cansou de ser moderna. ANTA está procurando o que fazer. ANTA não gosta do jornal. ANTA escreve direto no digital. ANTA não sabe escrever. ANTA não tem conteúdo. Mas ANTA não desperdiça um sentimento e quer fazer


algo com isso. ANTA aprendeu a escrever manifesto. ANTA não sabe desenhar. Mas ANTA desenha. ANTA não sabe escrever. Mas ANTA está escrevendo. ANTA tem déficit de atenção. ANTA deveria estar fazendo isso na internet. ANTA não deveria jogar papel fora. ANTA entende as críticas. ANTA é inocente de tudo. ANTA quer ser inteligente e engraçada. Mas ANTA força um pouco a barra. ANTA não vai dizer muita coisa (você já sabe tudo mesmo). ANTA acaba de deixar o currículo numa grande editora e está apreensiva. ANTA quer construir alguma coisa. ANTA quer ter um círculo de amigos artistas. ANTA jura que sabe escrever academicamente. ANTA só não quer. ANTA sabe até fazer crítica, sério. ANTA é um zine no meio de tudo isso. ANTA pede desculpas.


FALÉSIA ou COISAS QUE EU TENTEI TE DIZER E VOCÊ NÃO DEU A MENOR BOLA ou O DISCRETO CHARME DAS LÂMPADAS DE TUNGSTÊNIO ou PROVISÓRIAS SÃO AS COISAS TANGÍVEIS


sei que não é de bom alvitre ficar escutando conversas alheias mas certa feita ouvi no trem que a vida é tipo um moleiro gordo que come baconzitos logo de manhã e limpa a mão na calça.



descrever

é suprimir

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da fruição do poema

que é feito

da felicidade de

adivinhar pouco a pouco

sugeri-lo

eis o sonho


imagina meu espanto ao me dar conta de que o burac찾o que me atormentou durante a inf창ncia ficava exatamente embaixo da minha sala de estar.




Na mãão imensa da onçça A forçça moendo moendo O corpo inteiro seguindo O homem - lenho estalando Sobre ti, agora, caindo O homem - lenho rachando Faíísca quente chegando Faíísca quente chegando O homem - gomo esticado Esticado o talo nascendo O homem - gomo esticado Esticado o talo nascendo O corpo inteiro seguindo Na mãão imensa da onçça A forçça moendo moendo O homem - lenho estalando Sobre ti, agora, caindo Faíísca quente chegando O homem - lenho rachando Sobre ti, agora, caindo O homem - gomo esticado Esticado o talo nascendo Com o encanto guardado Jibóia - baúú de encantos Jibóia - baúú de encan-

tos Jibóóia branca cara a cara Jibóóia branca cara a cara Jibóóia branca fez de ponte Com ela parada no meio Parada dentro da passagem Com ela parada no meio Gameleira cheia de frutas Zoando levou embora Nuvem de curica branca Zoando leou embora Paxiúúba cheia de frutas Nuvem de queixada branca Tan-tan queixo batendo Paxiúíuba cheia de frutas Nuvem de queixaba branca Tan-tan queixo batendo O cacho apoiado no esteio Ouvindo primeiro subindo Jabuti esticando a líín-

gua Ouvindo primeiro subindo com ela parada no meio Jiboia - baúú de encantos Jiboia branca fez de ponte Jiboia branca cara a cara Com ela parada no meio



HĂĄ de se inventar uma coisa qualquer que se possa amar muito. O suficiente para que alguĂŠm, em seguida, a possa odiar muito.



o colesterol e o bemstar social e a tv e os suicídios coletivos e as orquídeas previsíveis e a lipoaspiração urge a respiração dos leões marinhos sôfrega e o sangue fino e o formiato de etila e o rum de verdade e os piratas somalis que não tomam rum de verdade mas nem por isso são piratas de mentira.

e o martelo estratigráfico galvanizado adquirido na peg & faça quica pela abóboda celeste e se liquefaz quase que instantaneamente ao tocar a borda do mando d'ele.




me toca uma cantata da caça profana e os cornos mal esperam a hora de estender as luzinhas de natal só pra esmigalhar os bulbos com galochas esmerdeadas e introduzir os cacos no ânus.

esculpa sem culpa pernas de cadeira de madeira boa desculpa não te vi parada aí atrás no resguardo mais silencioso e volátil como o mais triste flavorizante emprestando sabor duvidoso a alguma bala que será vendida a setenta centavos mas por hora descansa entre seus pares sob a luz pálida de uma lâmpada fluorescente que falha intermitente num galpão em guarulhos.



E então a Mãe, fechando o livro de dever, Lá se ia satisfeita e orgulhosa, sem ver Em seus olhos azuis, sob as protuberâncias Da face, a alma do filho entregue a repugnâncias.

O dia inteiro ele suou de obediência; que Inteligente! e entanto, uns tiques maus, um quê Já demonstravam nele acres hipocrisias. No escuro corredor, junto às tapeçarias Mofadas, estirava a língua, os punhos fundos Nos bolsos e, fechando os olhos, via mundos. Sobre a noite uma porta abria-se: na rampa da Escada, a resmungar, o viam, sob a lâmpada, Como um golfo de luz a pender do teto. E no Verão, abatido, ar estúpido, o menino Teimava em se trancar no frescor das latrinas Para pensar em paz, arejando as narinas.

Ao Sr. Paul Demeny QUEM? Quando o jardim de trás da casa se lavava Dos odores do dia e, no inverno, aluarava, Jazendo ao pé do muro, enterrado na argila, Para atrair visões esfregava a pupila E ouvia o esturricar das plantas nas treliças. Pobre ! para brincar só crianças enfermiças De fronte nua, olhar vazio que lhes erra Pela face, escondendo as mãos sujas de terra Nas roupas a cheirar a fezes, todas rotas, Falando com essa voz melosa dos idiotas! E quando o surpreendia em práticas imundas, A mãe se horrorizava; o menino, profundas Carícias lhe fazia, a apaziguar-lhe a mente. Era bom. Ela tinha o olhar azul, — que mente !


Aos sete anos compunha histórias sobre a vida No deserto, onde esplende a Liberdade haurida, Florestas, rios, sóis, savanas! Recorria A revistas nas quais, encabulado, via Italianas a rir e espanholas bonitas. Quando vinha, olhos maus, louca, em saias de chitas, A filha — oito anos já! — do operário do lado, A pirralha infernal, que após lhe haver pulado Às costas, de algum canto, a sacudir as roupas, Ele por baixo então lhe mordiscava as popas, Porquanto ela jamais andava de calçinha. — Cheio de pontapés e socos, ele vinha Trazendo esse sabor de carne para o quarto.

Da viuvez invernal dos domingos já farto, Junto à mesa de mogno, empomadado, a ter de Recitar a Bíblia encadernada em verde E a sofrer a opressão dos sonhos maus em que arde, Já não amava Deus; mas os homens, que à tarde, Via, sujos, chegando em suas casas baixas, Quando vinha o pregoeiro, entre ruflar de caixas, A ler seus editais entre risos e pragas. — Sonhava as vastidões de prados onde as vagas De luz, perfumes bons, douradas lactescências Se movem calmamente e evolam como essências!

E como saboreava antes de tudo arcanas Coisas, se punha, após baixar as persianas, A ler no quarto azul, que cheirava a mofado, Seu romance sem cessa em sonhos meditado, Cheio de plúmbeos céus, florestas, pantanais, Flores de carne viva em bosques siderais, Vertigens, comoções, derrotas, falcatruas ! – Enquanto progredia a agitação das ruas Embaixo, — só, deitado entre peças de tela De lona, a pressentir intensamente a vela ! 26 de maio de 1871.

M E N I N O

R I M B A U D porque sim






Existem insanidades essenciais e não-essenciais. As últimas são de caráter solar, as primeiras estão ligadas à lua. As insanidades não-essenciais são um frágil amálgama de ambição, agressão e ansiedade pré-adolescente — lixo que deveria ter sido jogado fora há muito tempo. Insanidades essenciais são aqueles impulsos que sentimos instintivamente como virtuosos e corretos, embora os nosso companheiros os considerem maluquice. Insanidades não-essenciais fazem uma pessoa arranjar confusão consigo mesma. Insanidades essenciais fazem uma pessoa arranjar confusão com os outros. É sempre preferível a confusão com os outros. De fato, pode ser essencial.


A poesia, no que ela tem de melhor, ĂŠ lunar e preocupa-se com as insanidades essenciais. O jornalismo ĂŠ solar (existem diversos jornais chamados O Sol, e nenhum chamado A Lua) e dedica-se ao nĂŁo-essencial.





veio o primeiro fogo o primeiro fogo é meu dezenas de quilômetros no semi-árido e o madeireiro não cede a madeira prometida enxadas rastelos e machadinhas.


CADA QUAL COM SUA QUIMERA

Sob um grande céu cinzento, numa grande planície poeirenta, sem caminhos, sem gramados, sem uma urtiga, encontrei vários homens que andavam curvados.

Mas a monstruosa besta não era um peso inerte; pelo contrário, envolvia e oprimia o homem com seus músculos elásticos e possantes; grampeava-se com suas duas vastas garras no peito de sua montaria; e sua cabeça fabulosa sobressaía acima da fronte do homem, como um daqueles capacetes horríveis com os quais os antigos guerreiros esperavam acirrar o terror inimigo.

Interroguei um desses homens, e perguntei-lhe aonde iam assim. Cada um deles carregava Respondeu-me que de nada sabia, nem ele, nem os outros, mas que nas costas uma enorme evidentemente iam a algum lugar, já que eram levados por uma inQuimera, tão pesada vencível necessidade de andar. quanto um saco de farinha ou de carvão, ou os apet- Coisa curiosa de se notar: nenhum dos viajantes parecia irritado rechos de um soldado da com a besta feroz pendurada em seu pescoço e colada em suas cosinfantaria romana. tas; dir-se-ia que a considerava como fazendo parte de si mesmo. Todos esses rostos cansados e sérios não demonstravam desespero;


sob o céu, com os pés mergulhados na poeira de um solo tão desolado quanto este céu, eles caminhavam com fisionomia resignada daqueles que estão condenados a ter sempre esperança.

E o cortejo passou a meu lado e afundou na atmosfera do horizonte, no lugar em que a superfície arredondada do planeta se esquiva à curiosidade do olhar humano. E, durante alguns instantes, teimei em querer compreender esse mistério; mas em seguida a irresistível indiferença se abateu sobre mim, e me deixou mais duramente oprimido do que eles próprios por suas esmagadoras Quimeras.

B A U D E L A I R E tambem porque sim


.......Uma tarde ............é suficiente para ficar louco ou ir ao Museu ver Bosch ............uma tarde de inverno ...........................sobre um grave pátio .....onde garòfani .... milk-shake & Claude ....................obcecado com anjos ..........ou vastos motores que giram com .............................uma graça seráfica .............tocar o banjo da Lembrança sem o Amor encontrado ... provado ...sonhado ............& longos viveiros municipais ........sem procurar compreender imaginar a medula sem olhos ou pássaros virgens aconteceu que eu revi a simples torre mortal do Sonho não com dedos reais & cilíndricos Du Barry Byron Marquesa de Santos Swift Jarry com barulho de sinos nas minhas noites de bárbaro os carros de fogo os trapézios de mercúrio suas mãos escrevendo & pescando ninfas escatológicas pequenos canhoes do sangue & os grandes olhos abertos para algum milagre da Sorte


ROBERTO PIVA PIAZZA I


há vida além de brasilit e tetos de zinco alvo primordial virginal ventre blanco a perda das pregas há vida além da capital -olha o craqueiro atravessando a rua. e nos desvãos dos meus versos o ponto focal é você e se essa mania é insalubre não vale a pena viver.




sueli será que temos o mesmo número? trate de quitar suas dívidas sueli pra que a eletropaulo não encha meu saco.


Rodolfo Almeida é Miguel Nassif é Mariana Louro é




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