centro cultural SC

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CENTRO CULTURAL SANTA CATARINA acadêmico maurício storchi . projeto arquitetônico vii departamento de arquitetura e urbanismo . ufsc professor rodrigo gonçalves dos santos

As indagações iniciais deste trabalho nasceram da vontade de explorar o conceito de paisagem urbana, intentando-se defender uma leitura subjetiva sobre as cidades. Entendo que reconhecer a subjetividade, individual e coletiva, como óticas legitimas para a análise dos cenários contemporâneos é fundamental. Isso se justifica pelo entendimento dos espaços atuais das cidades como “cidades colagens”, dotadas de signos culturais diversos. Seus significados são interpretados de forma distinta por cada pessoa, a depender da relação de cada uma com o espaço analisado e do seu imaginário cultural singular. “Na cidade contemporânea é possível encontrar camadas palimpsestas de imagens que se oferecem como verdadeiros enigmas a serem decifrados, pois suas camadas funcionam como a acumulação de marcas de historicidade imagética sobrepostas no tempo e que se ampliam para além dos traços materiais ou de escrita. A memória perpassa no sob/entre dessas “imagens”. Essas marcas podem ser recuperadas como metáfora para abordar o passado de uma cidade.” (Oliveira, 2012: 54) “As paisagens são fundamentais para o reconhecimento das identidades territoriais. As suas características, tanto naturais como culturais, constituem-se como os ingredientes essenciais que emergem das formas de registo baseadas na observação. Os elementos que formam a paisagem podem determinar o nosso “sentido de lugar” (Massey, 1995; Rose, 1995), ou diferenciar territorialmente as nossas percepções e emoções, já que “a paisagem cultural é a nossa autobiografia inconsciente, pois ela reflecte, de uma forma tangível, os nossos gostos, aspirações e temores” (Rubinstein 1999: 23, citando Pierce Lewis). Podemos entender as cidades como um signo, mas também como um conjunto de signos. Como um emaranhado de partes, em que cada parte emite uma mensagem, um som. A sonoridade final pode ser confusa e conflitante, os ritmos podem variar e as proporções podem não ser sempre harmoniosas. E aí nos questionamos: como as cidades contemporâneas constroem o caráter de

um lugar, se contemplam tantas variações semânticas e simbólicas juntas? Para responder a questão, faço uso da metáfora proposta por Manoel de Solá-Morales, que compara a essência e a vitalidade das cidades com o acontecimento das esquinas e seus encontros: “A diversidade de fachadas e pessoas encontradas nas esquinas provoca a inovação e a simulação. A esquina é, por consequência, uma metáfora para a cidade, na medida em que constitui projeto decorrente da diversidade. Neste sentido, não é a ideia de ordem que faz a cidade, mas a ideia de diferença, de conflito, de consenso; a esquina é seu componente elementar e exemplar. Diferença e coincidência são a definição de esquina. São também a definição de cidade.” (Solá-Morales, M. 1990). É a partir dessas indagações e reflexões que a presente proposta se debruça. Um espaço que seja a estenção da cidade, um centro de cultura como um todo: da erudita a mais popular, do complexo ao mais simples, assim como a cidade: uma sobreposição de colagens temporais e de diferentes corpos. O edificio propõem-se a criar uma conexão entre a Av. Beira Mar Norte e o Parque da Luz, considerando a reabertura da Ponte Hercilio Luz. Com novos fluxos, vê-se na área grande potencial de instalção de um equipamento público o qual complemente as funções de parque, aproveite-se do grande potencial paisagistico do sítio, buscando trazer a valorização da cidade, sendo ela o pano de fundo das diversas atividades a serem desenvolvidas no edifício.

CORTE A

CORTE B

A conexão entre cidade e interior se dá através dos diferentes acessos, das aberturas que enquadram as paisagens, da conexão com a Ponte, e da ligação urbana entre a avenidade e o parque que cruza o edifício. O partido resume-se em valorização da paisagem e criação de espaços que se co-relacionem visualmente. A proposta, portanto, busca dar espaço às diversas manifestações dos corpos que habitam e derivam na cidade, seus signos e conflitos, concenssos e discenssos, em uma arquitetura pública que se aproveite da relação paisagística entre a cidade - produto humano - e a natureza.

CORTE C

CORTE D


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SISTEMA ESTRUTURAL

VISTA BIBLIOTECA

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CORTE E

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CORTE F 17

1. Acesso áreas expositivas | 2. Acesso e foyer cinema | 3. Sala de cinema | 4. Administração | 5. Sanitários | 6. Depósito e almoxarifado | 7. Praça de acesso Beiramar Norte | 8. Escada rolante | 9. Área externa de serviços e saída de emergência | 10. Av. Beiramar Norte | 11. Elevador | 12. Pavimento expositivo 01 | 13. Escada de emergência | 14. Átrio central | 15. Elevador e Elevador de serviço | 16. Pavimento expositivo 02 | 17. Escada central | 18. Biblioteca pública | 19. Terraço | 20. Escada de acesso Parque da Luz | 21. Acervo biblioteca | 22. Reservatórios de água | 23. Café e acesso Parque da Luz | 24. Laje jardim | 25. Espelho d´àgua | 26. Clarabóia átrio central | 27. Clarabóias biblioteca | 28. Elevador | 29. Acesso Parque da Luz | 30. Escada Rolante

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TRAJETÓRIA SOLAR

VENTO PREDOMINANTE

A. Terraço da biblioteca, com vista para a Baia | B. Espelho dàgua de borda infinita para a Baia | C. Cortina de vidro enquadrando as pontes e o continente | D. Janela enquadrando a Ponte Hercílio Luz | E. Terraço de conexção entre o Parque e a Ponte, espaço de estar e permanencia para a contemplação da cidade

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B 1

A C

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D 3

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AXONOMÉTRICO 10

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AXONOMÉTRICO EXPLODIDO


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