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N E GÓCIOS |
M ERCA DO por Fabiana Senna
E se os chineses
bebessem mais
O império do chá começa a se dobrar aos hábitos ocidentais e virou o principal foco dos cafeicultores mineiros
O gigante asiático é o sonho de consumo de qualquer indústria que quer introduzir um produto no mercado global. Com o café não é diferente. Se cada chinês tomasse uma xícara de café por dia, por exemplo, o consumo global do produto passaria de 135 milhões para 200 milhões de sacas por ano, aumentando em quase 50% a demanda mundial. Um cenário promissor, mas que ainda se desponta de forma tímida. A China vem se despertando lentamente para o cheiro do café. Com a globalização, os chineses, povo tradicionalmente e culturalmente adepto do chá, vem absorvendo hábitos ocidentais, dentre eles, o consumo diário de café. E é nesse mercado que tentam se estabelecer os cafeicultores mineiros. “Temos que ter uma paciência oriental para tentar introduzir o café na China. Tomar café é um hábito que está sendo incorporado de forma lenta e gradativa nos costumes orientais”, ressalta Joaquim Libânio, superintendente comercial de mercado externo da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé – a maior cooperativa do país. Atualmente a China importa cerca de 600 mil sacas de café de vários países, inclusive do Brasil, para complementar a sua tímida produção interna. Estima-se que o consumo anual chinês esteja em torno de um milhão de sacas. Esses valores são ainda pouco significativos. Em 2010, o consumo no Brasil foi de mais de 15 milhões de sacas.
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REVISTA STAR
EXPORTAÇÕES
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Embora tradicionalmente conhecido pela qualidade dos cafés produzidos, o Brasil ainda tem uma insignificante participação no mercado chinês, fornecendo somente 4% do total de café que é importado – aproximadamente 24 mil sacas. O principal exportador do produto para a China é o Vietnã, que
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Temos que ter uma paciência oriental para tentar introduzir o café na China. Tomar café é um hábito que está sendo incorporado de forma lenta e gradativa nos costumes orientais
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café?
Joaquim Libânio,
da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (MG)
fornece aos chineses o café da modalidade robusta - grão inferior ao Arábica, produzido em Minas, em termos de aroma, sabor e acidez. “A proximidade entre China e Vietnã faz com que o produto chegue ao país com menor custo. Além do preço, o café de característica robusta é fortemente usado para a produção do café solúvel, muito consumido na China”, destaca Daniel Manucci – diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC). A preferência dos chineses pelo café solúvel está associada à praticidade. “O preparo do café solúvel é bem semelhante ao do chá. Basta acrescentar água quente e adoçar.” A Nestlé tem forte participação nesse mercado de solúvel. Há dois anos, a empresa investiu na mistura de café solúvel, açúcar e leite. “Os chineses dificilmente tomam o café puro. Bolos, doces, chocolates e essa mistura de café com leite agradam o paladar chinês acostumado à suavidade dos chás”, completa Joaquim Libânio. Os produtores mineiros estimam que o consumo de café na China aumente 90% em 10 anos. Mesmo grandiosos, os números são muito tímidos em relação ao potencial do mercado chinês. Para dar uma ideia, Minas Gerais, o maior estado produtor de café do Brasil, produz 25 milhões de sacas do grão. Se essa perspectiva se cumprir, Minas terá de reservar menos de 1% de toda a produção.