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N E GÓCIOS |
M ERCA DO por Fabiana Senna
E se os chineses
bebessem mais
O império do chá começa a se dobrar aos hábitos ocidentais e virou o principal foco dos cafeicultores mineiros
O gigante asiático é o sonho de consumo de qualquer indústria que quer introduzir um produto no mercado global. Com o café não é diferente. Se cada chinês tomasse uma xícara de café por dia, por exemplo, o consumo global do produto passaria de 135 milhões para 200 milhões de sacas por ano, aumentando em quase 50% a demanda mundial. Um cenário promissor, mas que ainda se desponta de forma tímida. A China vem se despertando lentamente para o cheiro do café. Com a globalização, os chineses, povo tradicionalmente e culturalmente adepto do chá, vem absorvendo hábitos ocidentais, dentre eles, o consumo diário de café. E é nesse mercado que tentam se estabelecer os cafeicultores mineiros. “Temos que ter uma paciência oriental para tentar introduzir o café na China. Tomar café é um hábito que está sendo incorporado de forma lenta e gradativa nos costumes orientais”, ressalta Joaquim Libânio, superintendente comercial de mercado externo da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé – a maior cooperativa do país. Atualmente a China importa cerca de 600 mil sacas de café de vários países, inclusive do Brasil, para complementar a sua tímida produção interna. Estima-se que o consumo anual chinês esteja em torno de um milhão de sacas. Esses valores são ainda pouco significativos. Em 2010, o consumo no Brasil foi de mais de 15 milhões de sacas.
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EXPORTAÇÕES
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Embora tradicionalmente conhecido pela qualidade dos cafés produzidos, o Brasil ainda tem uma insignificante participação no mercado chinês, fornecendo somente 4% do total de café que é importado – aproximadamente 24 mil sacas. O principal exportador do produto para a China é o Vietnã, que
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Temos que ter uma paciência oriental para tentar introduzir o café na China. Tomar café é um hábito que está sendo incorporado de forma lenta e gradativa nos costumes orientais
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café?
Joaquim Libânio,
da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (MG)
fornece aos chineses o café da modalidade robusta - grão inferior ao Arábica, produzido em Minas, em termos de aroma, sabor e acidez. “A proximidade entre China e Vietnã faz com que o produto chegue ao país com menor custo. Além do preço, o café de característica robusta é fortemente usado para a produção do café solúvel, muito consumido na China”, destaca Daniel Manucci – diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC). A preferência dos chineses pelo café solúvel está associada à praticidade. “O preparo do café solúvel é bem semelhante ao do chá. Basta acrescentar água quente e adoçar.” A Nestlé tem forte participação nesse mercado de solúvel. Há dois anos, a empresa investiu na mistura de café solúvel, açúcar e leite. “Os chineses dificilmente tomam o café puro. Bolos, doces, chocolates e essa mistura de café com leite agradam o paladar chinês acostumado à suavidade dos chás”, completa Joaquim Libânio. Os produtores mineiros estimam que o consumo de café na China aumente 90% em 10 anos. Mesmo grandiosos, os números são muito tímidos em relação ao potencial do mercado chinês. Para dar uma ideia, Minas Gerais, o maior estado produtor de café do Brasil, produz 25 milhões de sacas do grão. Se essa perspectiva se cumprir, Minas terá de reservar menos de 1% de toda a produção.
ENTRAVES Dados da CCIBC identificaram alguns fatores que não favorecem a exportação brasileira para o império do chá. A forte presença do café da variedade robusta - de menor qualidade - originária do Vietnã e a disseminação de cafés industrializados do tipo solúvel dificultam a demanda de cafés em grão verde que têm sido a grande especialidade dos fornecedores brasileiros. A falta de conhecimento sobre a qualidade dos cafés do Brasil também constitui um grande entrave à exportação do produto. Jorge Duarte, diretor da Central Exportaminas, acredita que um dos principais desafios para a exportação do café é a industrialização. “A China traz oportunidades de diversificação de mercado de exportação. No Brasil, essa variação fica a cargo do maior grau de industrialização.”
Ilustração Paulo Werner
O Brasil já é o maior exportador mundial de café verde e tenta expandir sua atuação no mercado do café moído, torrado e solúvel. Do café brasileiro ex-
Desde quando chinês toma café? A história do café no país asiático começou no século XIX, quando missionários ocidentais e empresários levaram a bebida a pontos estratégicos de comércio, como Xangai. De 1920 a 1930, várias cafeterias se instalaram na cidade, disseminando os sabores do grão na China. Houve uma interrupção desse ciclo, depois que o ditador Mao Tsé-Tung e os comunistas assumiram o controle do país, em 1949. Desde 1980, o reaparecimento de grandes cafeterias impulsiona a visibilidade do café nas principais cidades da China. Lojas elegantes e confortáveis, como a rede de cafeterias europeias Double Coffee e a rede americana Starbucks, são exemplos de lugares onde muitos chineses desfrutam do hábito que adquiriram no exterior. Atualmente a rede americana tem cerca de 500 lojas no país e espera triplicar esses números até 2015. “Países tradicionalmente adeptos ao chá se voltaram ao consumo do café. A Inglaterra, por exemplo, é
uma grande consumidora do produto”, afirma Joaquim Libânio. O Japão é outro forte exemplo dessa mudança de hábitos. Em 2010, o gigante asiático ocupou o 3º lugar no ranking mundial de consumo de café. O Japão foi o 4º país que mais importou o café brasileiro, com 7% de participação, atrás apenas dos Estados Unidos (21%), Alemanha (20%) e Itália (8%). Com uma similaridade cultural com a China, Taiwan também se voltou para os hábitos ocidentais. Embora com apenas 2% da população do dragão asiático, Taiwan importa aproximadamente a mesma quantidade chinesa – em torno de meio milhão de sacas por ano. Se a proporção de consumo fosse a mesma, a China importaria cerca de 30 milhões de sacas por ano. Se somar toda a produção anual de café de Minas Gerais – cerca de 25 milhões de sacas –não seria suficiente para atender a essa demanda. Com aproximadamente 25% da população chinesa, os EUA consomem cerca de 26 milhões de sacas.
portado, 89% são de café verde e apenas 11% são do produto de maior valor agregado. O processamento do grão enfrentaria, por sua vez, dois grandes desafios: o aumento das tarifas alfandegárias e a concorrência com marcas consolidadas. “Se a demanda dos cafés industrializados aumentar, vamos ter um aumento dos impostos e uma forte briga com os cafés que ganharam o seu espaço no mercado chinês“, pondera Jorge Duarte. OPORTUNIDADES
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Por outro lado, estudos conduzidos pela Câmara de Comércio identificaram um grande nicho no mercado chinês com foco no público de 20 a 40 anos residente nos grandes centros da China. Trata-se de um público de padrão de consumo cada vez mais exigente. “As cafeterias têm uma importante participação nesse contexto. São lugares de trocas de experiências dos grandes centros urbanos, principalmente dessa faixa etária jovem e adulta. As cafeterias criam conceitos”, explica Daniel Manucci.
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De olhos bem abertos nesse mercado promissor, cafeicultores de Minas se preparam para participar da 1ª Missão Empresarial do Café na China, agora em junho. A comitiva vai visitar a International Coffee Industry Exhibition 2011, em Pequim – feira chinesa voltada para o mercado de café no país. O evento acontece entre os dias 18 e 20 de junho. “O aumento das exportações para mercados consumidores exigentes, como o francês, tem incentivado contínuas melhorias de qualidade e investimentos que valorizam o produto e desenvolvem as regiões produtoras”, destaca Daniel Manucci, responsável pela organização da Missão. Segundo ele, a feira é uma grande oportunidade para divulgar as características do café produzido em Minas Gerais e abre possibilidades de negócios. “Os produtores poderão demonstrar o diferencial do nosso produto e conquistar um espaço neste promissor segmento”.
Café pode ser o futuro do agronegócio no estado
Arte fundo Rodrigo Honório
O agronegócio é um dos setores mais importantes para a economia brasileira. O setor responde por 26,46% do PIB no país. O café dá uma importante contribuição para esses números. Na safra 2009/2010, a produção no país alcançou a marca de 48,1 milhões de sacas de 60 quilos, contribuindo com quase 2% do valor total das exportações brasileiras. Segundo estimativas da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa/MG), o café foi responsável por mais da metade das vendas do agronegócio mineiro para o exterior, no primeiro trimestre do ano. As exportações do produto geraram US$ 1,2 bilhão, um crescimento de 55,3% em comparação com 2010. Responsável por 51% da produção nacional de cafés, Minas Gerais deve assumir a liderança e focar o mercado chinês, ainda pouco explorado pelos mineiros. “A China é um mercado em crescimento em quantidade e em qualidade. Com a nossa capacidade de produção e a tradição no fornecimento para os mais exigentes mercados do mundo, essa oportunidade se traduz em boas perspectivas de negócios”, afirma Daniel Manucci. Apesar das baixas estimativas de crescimento, a CCIBC está otimista com o aumento do consumo do café na China. “A adoção dos hábitos ocidentais pelos chineses, principalmente em relação ao café, pode sim ser o futuro do agronegócio em Minas. É por isso que concentramos os nossos esforços para essa quebra de barreiras”, ressalta Daniel Manucci. Romper barreiras políticas, econômicas e, sobretudo, culturais, é uma tarefa difícil, mas que se coloca como um grande desafio para os produtores de café ávidos por conquistar esse gigante asiático de 1,3 bilhão de potenciais consumidores.
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MINAS SE DESTACA NO SETOR CAFEEIRO
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Minas é o maior produtor nacional de café com 51% da produção no país. Espírito Santo aparece em segundo lugar, com 22,72%, seguido da Bahia, com 7,74%;
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Principais cidades mineiras produtoras de café: Patrocínio (36 mil toneladas), Manhuaçu (26), Monte Carmelo (25), Três Pontas (24), Nepomuceno (22);
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Principais países exportadores: Brasil (24,85%), Vietnã (12,71%), Colômbia (11,46%), Indonésia (5,95%), Alemanha (5,51%) e outros países (39,51%);
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O Brasil é responsável por 30% da produção mundial: cerca de 45 milhões de sacas por ano. Fontes: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa/MG)
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BE M-E STA R |
BELEZA E SAÚ DE por Fabiana Senna
Cuidado com os É preciso estar atento à validade dos cosméticos para prevenir contra alergias e infecções
cosméticos vencidos Você faz aquela faxina nas prateleiras e nos armários de sua casa. Dentre as várias bugigangas, encontra uma caixinha de maquiagem que há anos não sabia por onde andava. Batons, sombras, pó facial. Tudo ali, como se o tempo não tivesse consumido o prazo de validade dos produtos. Parece que os cosméticos estão prontos para o uso. Mas da mesma forma que não se consomem alimentos e medicamentos vencidos, não se devem usar produtos fora do prazo.
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Segundo a dermatologista e professora do Instituto Superior de Medicina e Dermatologia, Patrícia Nascimento Mafra, a utilização de um produto com a validade vencida pode provocar danos à pele. O contato direto com
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Cosméticos e maquiagens também têm vida útil. Da mesma forma que outras substâncias, as características dos produtos sofrem alterações com o decorrer do tempo. A data de validade está relacionada com a eficácia do conservante utilizado nos produtos, que enquanto estiver ativo, evita a proliferação de fungos e bactérias.
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certas substâncias pode causar reação alérgica ou inflamatória na pele. “Essas reações são muito comuns e provocam descamações no pescoço, na área dos olhos e nas cutículas.” A estudante de enfermagem Amanda Patielle foi vítima do uso de cosméticos vencidos. “Usei um delineador que estava vencido e tive irritação nos olhos. Eles ficaram muito inchados e vermelhos.” A estudante só percebeu que o produto estava fora do prazo de validade por causa das reações alérgicas. A inflamação de pele por irritação é a reação adversa mais comum, quando são usados cosméticos vencidos. Sabonetes, xampus e desodorantes são os produtos que mais causam irritações, decorrentes do uso contínuo do produto. ATENÇÃO AOS RÓTULOS É fundamental que o consumidor fique atento aos rótulos dos produtos de beleza. Promoções e brindes, por exemplo, podem estar associados à proximidade do vencimento dos produtos. “Após a data de validade, os cosméticos sofrem modificação no aspecto, na cor, na textura e no cheiro. Um pó compacto pode escurecer, um perfume pode sofrer alteração no cheiro e na fixação, um protetor solar pode ter reduzido o fator de proteção”, alerta Patrícia Mafra. Em caso de cosméticos armazenados, uma dica é colar uma pequena etiqueta em cada produto adquirido, com a data de início de uso e o prazo de validade do mesmo. Assim não há como esquecer os prazos, mesmo que as datas se apaguem das embalagens. Após as irritações, Amanda Patielle passou a adotar essa precaução. “Como a data de validade das embalagens tem um tamanho pequeno e, às vezes, até se apaga com o tempo, a dermatologista me aconselhou a fazer etiquetas para pregar nas embalagens.”
Produtos bem-armazenados podem durar mais Além da validade, é importante observar a forma de armazenamento dos produtos. O ideal é guardá-los em lugares secos e frescos, mantendo as tampas sempre fechadas. Pincéis também podem acumular bactérias e causar alergias. Se forem de pelos, o ideal é lavá-los com sabão neutro e retirar a umidade com secador de cabelo. Para os cremes, uma dica é utilizar uma espátula plástica para retirar a quantidade desejada. O contato do produto com a pele pode fazer proliferar bactérias que causam infecção. “Se forem bem conservados, os cosméticos acabam durando um pouco mais, mas o prazo deve ser respeitado justamente pela segurança”, pondera a dermatologista. Depois disso, cabe ao consumidor avaliar os riscos. O uso de cosméticos vencidos também agrava quadros de acne. “Os produtos vencidos podem desencadear um quadro de acne, por obstrução dos poros, irritação da pele ou até mesmo inflamação e infecção por bactérias”, ressalta Patrícia Mafra. COSMÉTICOS NATURAIS Em geral, os produtos naturais e os manipulados têm
uma durabilidade menor do que a dos industrializados. Por isso, devem ser mantidos na geladeira, para preservar as características das substâncias. A consistência do produto também exerce influência sobre o prazo de validade. Quanto mais seco, mais resistente. Com isso, a sombra em pó dura mais que a cremosa. Por sua vez, a cremosa dura mais que a líquida. “O mais importante, no entanto, é realmente observar a data de validade, pois o mesmo tipo de produto, de fabricantes diferentes, pode ter prazos de validade distintos”, completa a dermatologista. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Para os cosméticos de fabricação nacional, a legislação brasileira determina que o prazo de validade precisa estar no rótulo da embalagem de forma bem visível para o consumidor. Mas os produtos importados não têm essa obrigatoriedade. O prazo de validade é contado a partir da abertura da embalagem. Em cada tipo de produto vem uma ilustração – um potinho com a tampa aberta – em que aparece o prazo de vencimento. Dependendo do produto, a validade pode ser de três meses a três anos.
Medicamentos vencidos têm destino certo em Minas Gerais Pela primeira vez no estado, a população mineira terá um local para descartar medicamentos de forma ecologicamente correta: o Ecodescarte Consciente. Idealizado pela Unifar Drogaria, o projeto tem o objetivo de minimizar a destinação incorreta de medicamentos vencidos.
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Arte Rod rigo Hon
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Para a realização da iniciativa, as lojas da Unifar Drogaria, presentes na região dos hospitais e no Prado, estão recebendo da comunidade medicamentos vencidos e em desuso. Cada loja conta com um recipiente específico para recolhimento do material. Tudo o que for depositado vai ser recolhido diariamente, em locais separados do setor de vendas e do armazenamento de produtos. O descarte vai ser controlado por meio de uma relação dos remédios recebidos, diferenciando nome, apresentação e lote. A drogaria vai receber os medicamentos também por meio do delivery (motoboy), no momento em que estiverem fazendo entregas. Todo material recolhido será incinerado por uma empresa especializada, conforme as normas vigentes. Atualmente não existe nenhuma lei específica para descarte de fármacos pela população. Por isso, os produtos vencidos são jogados no lixo comum, contaminando o meio ambiente.
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o d n u m o Pel
Novo it-place de NY
por Átala Cardoso
Birkin X Kelly Era Mac Para quem está querendo comprar o Iphone 4, vai aqui uma dica: Steve Jobs já anunciou o lançamento do Iphone 5 para o meio do ano, corrigindo todos os bugs (grande problema do Iphone 4) e melhorando processador, câmera, bateria, design, peso e até preço. Portanto, vale a pena esperar, certo?
O novo hotspot de Nova York não é mais o Boom Boom Room, mas o Lavo. Dos mesmos criadores do TAO, o Lavo já existe em Las Vegas e agora chegou a Manhattan. Localizado na 39 East 58th Street, entre a Park e Madison, é uma mistura de restaurante italiano, lounge e boate. Lugar disputado, vale a pena ir para comer, sentar-se para ouvir um lounge ou até mesmo dançar, pois vira uma boate depois da meia noite! Sempre um DJ in-vogue tocando, muita gente bonita e famosa. Vale a pena visitar no verão americano, que já começou!
Kehinde Wile Pra quem gosta de arte, atualmente Kehinde Wile é considerado uma referência da nova era do contemporâneo. Artista americano de raízes africanas, Wile é formado em Yale. Aos 28 anos, foi o artista contemporâneo mais novo a entrar no Metropolitan Museum of Art (MET) em NY, com o quadro “The Veiled Christ”. Foi escolhido pela grife esportiva Puma para representar jogadores de futebol proeminentes. Os padrões de pintura de Kehinde Wile foram incorporados aos uniformes da marca. Simplesmente, meu artista favorito da época contemporânea.
Aquelas que sonham com uma Birkin podem começar a sonhar com uma Kelly! Uma das colecionáveis bolsas da marca Hermès, a Birkin sempre foi para uma mulher o que um Porsche é para o homem. Mas a Kelly (nome inspirado em Grace Kelly), mais antiga, tem andado nas mãos de várias celebridades e invadido o espaço de sua irmã mais nova... Indico a cor azul clara.
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Verão Europeu
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Àqueles que querem ir à Ibiza para aproveitar o verão europeu, aqui vai uma dica de uma grande amiga italiana, Isabella Traglio: Sardenha. Pelo dito, Ibiza é a “Guarapari“ da Europa (mesmo sendo linda, é muito bagunçada, cheia de turistas do mundo todo, anda suja). A Sardenha é o lugar para estar neste verão. Descendo no aeroporto de Olbia, é em Porto Cervo onde se encontra a maior concentração de xeiques, príncipes e bilionários. Inclusive uma das boates locais se chama Billionaire’s Club! Já fui, adorei e indico o Hotel Cervo para quem gosta de tranquilidade, de não precisar se preocupar com nada, nem com reservas em restaurantes! É lindo, tem uma piscina deliciosa e uma praia particular onde só se chega de barco. Só é aberta aos hóspedes do hotel. Bem-localizado, o hotel está no centro de Porto Cervo, perto da linda Piazzetta, local em que se encontram todas as grandes marcas mundiais, como Hermès, Chanel, Prada... Inclusive, a Louis Vuitton tem
uma coleção especial, feita só para a Sardenha. Só é possível encontrar ali as lindas bolsas coloridas com o tema local. Não deixe de comer um panini tipicamente mediterrâneo no Panino Giusto. Aberto 24 horas, indico o de carpaccio com lascas de parmesão. Delicioso!
James Blake Mesmo estando no meio do ano, a revista britânica de música NME aponta a nova compilação de James Blake, homônima, como um dos melhores álbuns do ano. O estilo é uma mistura deliciosa de piano, lounge, quase remetente à Shade. Música boa para qualquer hora e qualquer ambiente. A faixa The Wilhem Scream é uma de minhas favoritas. Vale a pena escutar!
Quem estiver indo a Paris e gosta de coisas diferentes, a dica é o Hi-Matic, um hotel-boutique jet-setter. “A ideia é estabelecer um novo diálogo entre si, seu hóspede e a sua vizinhança”, como diz a própria designer e sócia Matali Crasset. Muito original, o Hi-Matic é diferente de qualquer tipo tradicional de hotel, quando se trata de concierge (profissional responsável pelo atendimento aos hóspedes). Este profissional simplesmente não existe no Hi-Matic. O hóspede chega sozinho e faz seu próprio check-in. Um código que ele recebe dá acesso ao quarto, a outros cômodos do prédio, a computadores e até ao serviço de quarto. Muito colorido, o hotel-boutique é cheio de vending machines que vendem de tudo, como livros, comida orgânica, música e até objetos de design! O site é www.hi-matic.net. Confira!
Fotos divulgação / (Átala) arquivo pessoal
Hi-Matic Paris
I N FOR M E PU BLICITÁ R IO
Adaptação Escolar Ana Maria Berutti Marques e Cláudia Ast Felga
porque o desprendimento gradual vai se acentuando. E ainda: é melhor que seja uma pessoa com que a criança não tenha muita proximidade. Em outras palavras, se a criança é mais agarradinha à mãe, que ela vá com o pai. As babás também são uma excelente opção. A criança pode trazer consigo um objeto de casa (companheiro simbólico) que dará ainda mais segurança a ela no novo espaço a ser conquistado. Aos poucos, os objetos também são deixados em casa. Outra dica é não alterar a rotina da criança em casa. A fase não é adequada para mudanças de cama, de quarto, retiradas de fraldas, chupeta e mamadeira. Para uma criança pequena, cada um desses processos é uma adaptação. Portanto, é melhor que ela não acumule tantas alterações. No primeiro instante, os pais ou acompanhantes devem permanecer na escola. O ideal é que a pessoa que levar participe efetivamente do primeiro contato da criança com a professora. Com a adaptação em andamento, os pais passam a aguardar seu filho em um espaço da escola que possibilite uma eventual e breve visita da criança, caso ela venha a sentir algum desconforto natural da separação. Aos poucos, o período em que a criança permanece na escola, sem a presença dos pais, vai aumentando naturalmente até que preencha todo o horário escolar.
Na volta às aulas, pais, crianças e escolas passam pelo conhecido processo de adaptação. É um período que precisa ser planejado cuidadosamente. Algumas ações podem ser tomadas antes mesmo da chegada da criança à escola.
A flexibilidade na integração família-escola é fundamental nesse período. A véspera do início das aulas na Vila da Criança reforça essa importância. Os pais são convidados a participar de uma reunião especial de adaptação. Eles recebem todas estas dicas e são orientados sobre o processo detalhadamente. Afinal, os pais também estão se adaptando. O vínculo com a instituição é determinante para o sucesso da adaptação, que depende de fatores como confiança, segurança, atenção e muito carinho.
Os pais devem conversar com os filhos sobre uma nova e importante fase: a escolar. Quando a criança vai para a escola pela primeira vez, ela é introduzida em um novo espaço e passa a vivenciar uma nova rotina com outras crianças. Nesse momento, acontecem dois processos simultâneos: o de separação e o de construção de um novo vínculo afetivo. É por isso a integração família-escola é tão importante.
Ana Maria Berutti Marques é psicóloga e coordenadora da Vila da Criança, escola de educação infantil e ensino fundamental
Com o intuito de propiciar uma adaptação mais tranquila, as escolas costumam traçar estratégias simples. Uma delas é sugerir para as famílias que a pessoa que for levar a criança à escola seja a mesma. Isso dá mais segurança à criança e ajuda no processo,
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Vila da Criança – Rua Pium-í, 1.495, Sion – Fone: 3287-7772
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“Adaptação escolar é assim: no começo as crianças ficam inseguras, um pouco apreensivas, mas depois a alegria retoma seu lugar.” Cláudia Ast Felga, diretora da Vila
Dicas para uma boa adaptação 1) A criança dever vir sempre com a mesma pessoa e, de preferência, com a pessoa da qual ela se separa com mais facilidade. 2) Ao chegar à escola os pais devem entrar com a criança de mãos dadas. No colo é mais difícil a separação. 3) A criança deve levar consigo objetos simbólicos para lhe dar mais segurança. 4) Evitar outras mudanças na rotina em casa, durante a adaptação escolar. 5) Os pais ou acompanhantes devem participar de todo o processo. 6) Os pais devem conversar sempre sobre o que aconteceu na escola, independente do período de adaptação. 7) Procurar a escola em qualquer caso de dúvida. Ela é a grande parceira da família e deve ser a maior referência no processo. 8) Ter paciência e, acima de tudo, transferir para a criança a confiança e segurança que você tem na instituição que escolheu para ela. Além de atenção e muito carinho.
Amanda Corrêa
NA M E SA |
GAST RONOM I A por Bruna Alessandra
Padaria chic As tradicionais padarias foram transformadas em belas lojas. Um mix de butique de pães, minimercado, conveniência, delicatessen, empório, além de ponto de encontro entre amigos
Todo dia era a mesma coisa: ir à padaria à procura de pão, leite e, talvez, presunto e queijo. Nada mais. Tempos mudaram e os alimentos do café da manhã também. Passar pela padaria tornou-se um hábito bem mais prazeroso que antigamente. Você pode variar o cardápio do lanche, aproveitar para tomar um café expresso ou degustar um bom vinho e até marcar um happy hour com os amigos por lá mesmo... Dá até para preparar um brunch de última hora, com comidinhas e bebidinhas. Tudo isto porque as padarias não são mais as mesmas. Na realidade, nova tendência está com uma proposta de comércio que vai muito além da venda de pão e leite. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Panificação - Sip, do total de 1,1 mil estabelecimentos comerciais da capital, cerca de 10% contam com algum serviço gourmet. No bairro Funcionários, o chef Ivo Faria (Restaurante Vecchio Sogno) se uniu ao empresário Luiz Otávio Camargos e ao padeiro Germano Dias para abrir a Casa Infinita Empório & Padaria. O negócio, que recebe mais de mil pessoas diariamente, funciona como padaria, empório, café, delicatessen, pizzaria e bistrô.
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“O objetivo é vender um produto mais fino, como massa, biscoitos e café gourmet. A casa é dividida em três ambientes: padaria e empório; lanchonete com balcão e restaurante com menus do dia”, afirma Luiz Otávio.
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Nas prateleiras das novas padarias, cerca de 50 tipos de pães são preparados artesanalmente com grãos selecionados
No cardápio, algumas especialidades, segundo Germano: pães de origem italiana e francesa, feitos com farinha de semolina, que dão crocância especial; pão de centeio alemão e ciabata integral de castanhas. “Os recheios dão um toque sofisticado nos pães – grãos (linhaça, amêndoas, nozes, castanhas, semente de girassol, etc.), ervas finas (manjericão e sálvia), especiarias, tomate seco, peperoni, alite, alcaparras, queijos brie, gruyer e parmesão”. HAPPY HOUR
Amanda Corrêa
Há mais de 7 anos, o Super Nosso criou a padaria “Super Nosso Gourmet”, com cerca de 1,2 mil itens próprios, como pães especiais, folhados, bolos, doces e patês. As unidades do Xuá, Luxemburgo, Pampulha, Cruzeiro e Nova Lima possuem um restaurante de culinária variada dentro do supermercado. O destaque do cardápio é a culinária japonesa. Além da versão a quilo, o espaço possui também opções à la carte. O cardápio lista ainda pizzas, crepes e pratos árabes. No happy hour há rodízio de petiscos e, aos sábados, feijoada completa. De segunda a sexta são disponibilizados kits de café da manhã para serem consumidos no local e, nos finais de semana, tem bufê livre com cerca de 40 itens entre bebidas, frutas, pães especiais, croissants e iogurtes. A Trigopane do bairro Sion focou os investimentos nas prateleiras. O negócio é comprar e levar para casa. Com uma linha de produtos de fabricação própria (pães, massas, especiarias, self-service, doces e tortas), a loja apostou no público solteiro. “Fabricamos produtos para o cliente levar para casa, alguns em porções menores. Estes, por sinal, tiveram uma aceitação muito boa, especialmente em relação às tortas doces e salgadas individuais. Também oferecemos comida japonesa, o segundo item mais vendido, depois do pão francês”, diz o gerente de marketing da rede, Igor Silva.
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Os tempos mudaram e os alimentos do café da manhã também. Passar pela padaria tornou-se um hábito bem mais prazeroso
EXEMPLOS BEM SUCEDIDOS
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O objetivo dos sócios é fazer da Infinita um lugar onde as pessoas possam encontrar amigos num ambiente agradável. “Com a chegada do inverno, estamos montando um cardápio especial, com chocolates, sopas e demais pratos para o cliente levar para casa. Pretendemos também promover e participar de festivais de pães e de sobremesa, durante o inverno”, antecipa Ivo Faria.
Luiz Otávio Camargos, Sócio da Casa Infinita
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Os pães estão sob o comando de Germano Dias, que exerce a função de padeiro há 18 anos. Nas prateleiras da Infinita, cerca de 50 tipos de pães diferentes são preparados artesanalmente com grãos selecionados, além de 20 sabores de pizzas assadas no forno a lenha, queijos, vinhos e guloseimas gourmet.
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O objetivo é vender um produto mais fino, como massa, biscoitos e café gourmet
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“Queremos oferecer mais oportunidade e opções diferentes de produtos para o cliente fazer suas compras em qualquer horário do dia”, garante o chef Ivo Faria, que levou para a padaria a experiência de 15 anos no comando do Vecchio Sogno.
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M ATÉR I A DE CAPA por Ronildo Jesus
“A vida aqui
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A frase acima, dita pelo lavrador Manoel Gomes, sintetiza a realidade de 49 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, de acordo com o Panorama Social da América Latina 2010, produzido pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal). O suor jorra testa abaixo, molhando os dois crucifixos de madeira. O tamanho da fé talvez tenha a intenção de ocupar a lacuna que deveria ser suprida pelo Estado. O sol escaldante castiga o rosto de Manoel.
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é doída”
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A solução parecia ‘sair da cartola’ de um vereador de Araçuaí. Asdubal Teixeira da Silva (PSB) atendeu aos apelos do povo sofrido de Mocambo e viabilizou a perfuração de um poço artesiano na comunidade vizinha de Aferidor. O abastecimento de água estaria garantido para as 120 famílias das localidades de Aferidor, Mocambo, Cruzinhas, Maranhão, Pequi e Taioba, além de beneficiar 300 alunos de uma escola. No entanto, a utilização do poço virou outro grande imbróglio, após denúncia de um dos moradores: a perfuração do poço artesiano comprometeria uma nascente existente na região. “Estamos aguardando a liberação da utilização do poço artesiano pela Secretaria de Meio Ambiente. Assim que obtivermos a autorização, vamos levar água para os moradores de Mocambo”, garante o vereador Asdubal Teixeira.
Retrato3 Estúdio
Retrato3 Estúdio
De acordo com diretor do Departamento de Agricultura da prefeitura de Araçuaí, Cleiton Gonçalves de Souza, o poço artesiano havia sido construído emergencialmente para suprir as necessidades dos moradores da comunidade de Mocambo. “A empresa que executou fez análises química e bacteriológica na água, constatando que ela é de boa qualidade e pode ser consumida”, afirma.
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Vilma não esmorece com os mais de dez quilos do saco de pequi em sua cabeça. Já está acostumada à vida dura em Cruzinhas, na zona rural de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. Um ano mais velha que seu marido Manoel, as feições de Vilma carregam fortes marcas do tempo e aparentam mais do que os seus 35 anos de idade. “A vida aqui é doída, moço”, sussurra Manoel, ao deparar-se com a equipe de reportagem da Revista Star, na estrada empoeirada que liga Cruzinhas a Mocambo, também na zona rural de Araçuaí. Manoel e Vilma não tomaram café na manhã daquele dia. Resolveram almoçar no meio do caminho. O cardápio: farinha e água.
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Personagens sofridos como Manoel e Vilma são encontrados com facilidade em vilarejos e pequenas comunidades espalhadas pelo Vale do Jequitinhonha. A poucos quilômetros à frente do local onde Manoel e Vilma pelejavam para carregar os sacos de pequi, 23 famílias padecem pela falta de água. Trata-se de Mocambo, uma localidade em
que, mesmo quase todos os moradores sendo parentes, ninguém sabe explicar a origem do nome. Outra coisa que os moradores daquela comunidade não sabem explicar é a inexistência do Estado naquele local. Condições essenciais como água tratada, saneamento básico, centros de saúde e outros serviços públicos que deveriam ser garantidos pelo governo parecem sonhos inalcançáveis para os moradores do Mocambo. As casas são construções modestas e carecem de acabamento. Algumas habitações foram reformadas recentemente. Outras sequer cumprem o papel de abrigar pessoas. “Tudo que a gente faz é para comer. Não dá nem para colocar piso na casa”, diz a dona de casa Rossânia Lopes Soares, 31 anos, mãe de cinco filhos. Há algum tempo, preparar comida para os filhos tornou-se um drama para Rossânia e outros moradores de Mocambo. A água utilizada para cozinhar é a mesma que chega em um caminhão-pipa a cada 15 dias. A quantidade é insuficiente para abastecer toda a comunidade. Durante muitos anos, os moradores de Mocambo retiravam água contaminada de um poço formado pela mineração. Mas o local foi interditado há três anos pela prefeitura de Araçuaí, após o alastramento de caramujos no poço. “A água estava com mau cheiro. Mesmo assim era usada para beber, porque não tinha outro jeito. Quando começamos a ser abastecidos pelo caminhão-pipa, avisaram que as famílias com crianças receberiam água. E aquelas famílias que não tinham crianças? Iam morrer de sede?!”, questiona.
Segundo o lavrador José Soares Lopes, pai de seis filhos, a distribuição de água deveria ocorrer religiosamente a cada 15 dias, mas nem sempre isso acontece. “Às vezes, a entrega da água atrasa. Aí a gente não tem condições de buscar, porque é muito longe. Podemos morrer de sede e fome a qualquer momento”, dispara. “Muita gente diz que a gente pode pegar água do poço como fazíamos. Falam que ‘se não matar, engorda’”. Durante o fechamento desta edição Cleiton Souza afirmou que a obra havia sido liberada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental – Copam – e que seria concluída pela prefeitura. “A licença foi concedida, e a obra vai ser retomada. O abastecimento vai ser regularizado o mais rápido possível. Para que a água chegue a Mocambo, só faltam a bomba do poço artesiano e os canos”, conclui.
Moradores caminham mais de dez quilômetros para encontrar água de beber
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Habitações em Quilombo, comunidade da zona rural de Araçuaí não cumprem o papel de abrigar pessoas
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Com respiração ofegante e passos cadenciados, o lavrador Manoel Gomes e sua mulher Vilma Gomes vencem o cansaço e retornam da árdua jornada diária em busca de alimento para matar a fome de seus cinco filhos, com idade entre quatro e 14 anos. A batalha começa ainda de madrugada. A pé, os lavradores percorrem, diariamente, quase 20 quilômetros estrada afora e nem sempre conseguem o objetivo de levar comida para casa. Por sorte, o casal havia encontrado bastante pequi. Retornam com dois sacos de linhagem abarrotados. Dois grandes balaios repletos da fruta também são colocados sobre o lombo de um burro.
Enquanto a questão não for resolvida, a dona de casa Maria Aparecida, mãe de três filhos e grávida de seis meses, vive no limite. “O médico disse que só posso beber água filtrada. Mas a água que recebo do caminhão-pipa acaba muito rápido. Hoje não tenho mais água para beber e para dar aos meus filhos”, diz a mulher, mostrando algumas gotas de água na caixa d’água.
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Abastecimento de água por meio de caminhãopipa é a cada 15 dias, na comunidade de Mocambo. Famílias com crianças têm prioridade
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Brasileiros Retrato3 Estúdio
No entanto, a comunidade também carece do mesmo recurso natural clamado pelas pessoas que moram em Mocambo: a água. “A gente bebe água da chuva”, diz Vilma. A alternativa é buscar água no rio Gravatá, distante seis
quilômetros. “A gente acorda todos os dias às 4h30 da manhã para buscar água. Fazemos três ou quatro viagens, trazendo um balde de 20 litros cheio de água na cabeça. A gente traz também água em vasilhas maiores, no lombo do burro. Buscar água no rio cansa demais. É muito longe. Depois a gente ainda trabalha pesado na roça”, desabafa Vilma. A moradora diz que dribla o racionamento de água, abreviando o banho: lava rosto, pés, mãos e partes íntimas. Como a comunidade não dispõe de banheiros, cada um faz as necessidades fisiológicas e toma banho no meio do mato.
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Vilma cria a sobrinha Ana Paula, de dez anos. Atualmente compartilha a casa com a mãe doente. “Estou morando na casa da minha mãe, porque a minha casa já está caindo.” Na verdade, a casa em que Vilma morava transformou-se em ruínas e passou a ser o abrigo de um dos porcos que são criados na comunidade.
Para se alimentar, os moradores do Quilombo mantêm miniplantações de cana-de-açúcar, milho, feijão, algodão, mamão e quiabo. Os outros alimentos são comprados com o lucro da venda do que eles produzem, que nem sempre chega a R$ 60,00 por mês. Alguns moradores contam com o auxílio do Programa Bolsa Família, do Governo Federal.
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sinha aqui. Não precisa ter luxo nenhum. Quero só um lugarzinho para dormir”, completa em voz baixa, como se pedisse permissão para poder sonhar com uma vida melhor.
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Nascida há 40 anos na própria comunidade, a lavradora Vilma Pereira Lages representa bem o sonho do povo que sobrevive no Vale do Jequitinhonha. “Não quero morar na cidade não”, diz. “Meu sonho é ter uma ca-
A dona de casa Maria Aparecida, mãe de três filhos e grávida de seis meses, não dispõe de água para beber e nem para preparar alimentos
esquecidos
A lavradora Vilma Pereira Lages, moradora de Quilombo, tem renda de 60 reais por mês
A poucos quilômetros de Mocambo, às margens da estrada que liga Araçuaí a Engenheiro Schnoor, localiza-se a comunidade de Quilombo. O local é isolado, de difícil acesso e formado por cinco habitações inacreditavelmente precárias. Os moradores vivem abaixo da linha da pobreza. Alguns deles têm uma renda mensal de apenas R$ 60,00.
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ONGs tentam atenuar sofrimento Todas as 67 comunidades rurais de Araçuaí são objeto de estudo. As famílias recebem apoio do fórum de organizações da sociedade civil, denominado Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA. Composta por mais de mil instituições em todo o país, a ASA trabalha para o desenvolvimento social, econômico, político e cultural do semiárido.
dade em todo o Vale do Jequitinhonha. “Nos trabalhos que desenvolvemos com as comunidades, a gente não ousa falar sobre higiene, porque as pessoas que vivem nessas comunidades não têm o básico, que é água para beber.” Clea acredita que uma das soluções para resolver a falta de água no Vale do Jequitinhonha passa por uma educação de qualidade ambiental. “O local é semiárido e lá não chove com frequência. A vegetação está toda danificada pelas queimadas desenfreadas. E a culpa não é do agricultor, porque ele não conta com uma assistência técnica de qualidade nas comunidades. O problema é que a água vai embora mesmo. A nossa proposta é fazer a captação da água da chuva. Muitos condenam a prática, mas para nós, a única água que nos dá certeza da qualidade é a que vem da chuva”.
Misturar fezes bovinas e barro é uma prática comum na comunidade de Quilombo. A mistura substitui o cimento nos pisos das construções. O jovem Maciel tem diariamente a missão de catar estrume pelas redondezas
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Clea Amorim é técnica agrícola da Cáritas Diocesana de Araçuaí – instituição integrante da ASA ligada à Igreja Católica. Para Clea, o flagelo das pessoas devido à escassez de água é uma reali-
Clea Amorim afirma que os moradores daquela comunidade estavam esquecidos havia décadas. “Hoje eles já contam com energia elétrica nas casas e uma das moradoras até conseguiu uma casa nova por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. As outras quatro famílias também estão inscritas no programa e, quando forem contempladas, vão receber treinamento para fazerem captação de água da chuva do telhado. Eles também vão entrar no programa para a construção de cisternas”.
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A comunidade de Quilombo sonha com água, comida e uma vida melhor para suas crianças. Bruno, por exemplo, quer sair da miséria e ser jornalista famoso
é ter água aqui perto e não precisar mais buscar no rio”.
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Ser criança no Quilombo, como os primos Bruno e Maciel, que têm 13 anos, não é tarefa fácil. As crianças matriculadas na escola fazem diariamente uma via crucis de cerca de oito quilômetros a pé até chegar à escola. Alguns alunos que moram na comunidade sonham em ter destino diferente de seus conterrâneos. “Acordo às 5h da manhã para ir à escola. Hoje as aulas acabaram mais cedo, porque não tinha merenda. Levo a sério a escola, pois sonho em ser jornalista e aparecer na televisão, como o William Bonner, do Jornal Nacional”, diz Bruno. O sonho do irmão dele Bruno, Sérgio André Pereira, de 14 anos, é mais modesto: “O meu sonho
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Bras ileiros que so nham
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Brasileiros que comem do lixo A falta de uma alimentação adequada e de condições mínimas de higiene não são aspectos vistos apenas em regiões reconhecidamente carentes, como as do Vale do Jequitinhonha, onde quase não se vê a presença do Estado. Em cidades desenvolvidas como Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que dispõe de estruturas bem-definidas, a fome ainda é um fantasma que assombra uma parcela da população. Ao contrário de Belo Horizonte, onde existem restaurantes populares para atender aos mais carentes, a cidade de Contagem não possui nenhuma unidade para saciar a fome dos mais necessitados. E para constatar o problema na cidade, basta caminhar entre os pavilhões da CeasaMinas, bairro Guanabara, para flagrar os esfomeados que garimpam alimentos no lixo. Há quase duas décadas, a auxiliar de serviços gerais Danilda Rodrigues Silva, 50, vai à CeasaMinas à procura de alimentos descartados pelos lojistas. A moradora do bairro Ressaca, em Contagem, escolheu as segundas,
quartas, sextas e os sábados para ir à procura de frutas, verduras e ovos que podem ser aproveitados por ela. “Hoje eu encontrei ovos e não vou desperdiçá-los. Eles estão em bom estado de conservação. Vou fazer omeletes. Pra que eu vou pagar R$ 2,50 a dúzia, se eu posso aproveitar esses que eu encontrei?”. Danilda se orgulha de ter criado dez filhos. Boa parte dos alimentos que deu para eles foi catada no lixo. “Pego tudo que for de comer. Já comi muito do antigo lixão de Contagem. Hoje eu compro verduras aqui na Ceasa e vendo na rua. Mas, para mim, eu aproveito o lixo mesmo. Muita gente pega ovos quebrados, coloca dentro de garrafas pet e levam para casa. Isto eu nunca fiz.” Outra moradora do Ressaca, identificada apenas como Raimunda, parece ser um pouco mais seletiva na cata de alimentos no lixo. “Cato manga, mamão, laranja, uva e ovos. Chego bem cedo para ter certeza de que, apesar de terem sido jogados no lixo, ainda estejam frescos. Prefiro vir às terças e quintas”, indicou.
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Danilda Rodrigues Silva, moradora do Ressaca, em Contagem, diz ter sustentado dez filhos com alimentos garimpados no lixo
As histórias relatadas aqui são de brasileiros esfomeados e sedentos por justiça social, acima de tudo. Eles não querem apenas comida e água para beber, querem trabalho e dignidade. “A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e pela criação de oportunidades para todos. (...) Mas ainda existe pobreza a envergonhar nosso país e a impedir nossa plena afirmação como povo desenvolvido. Não vou descansar, enquanto houver brasileiros sem alimentos na mesa; enquanto houver famílias no desalento das ruas; enquanto houver crianças pobres abandonadas à própria sorte. O congraçamento das famílias se dá no alimento, na paz e na alegria. É este o sonho que vou perseguir”, prometeu a presidente Dilma Rousseff em seu discurso de posse, no dia 1º de janeiro de 2011, em Brasília. É esperar e cobrar.
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Até quando esperar?
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ESPECI A L por Erika Fam
Culinária de alta qualidade com um ingrediente pra lá de inebriante: a cachaça! O Festival Gastronômico Cachaça Gourmet foi criado para divulgar e promover a aguardente mineira. A edição 2011 vai até 28 de fevereiro e contará com a participação de 18 restaurantes, alguns apresentando refeições e outros, tira-gostos. Os melhores pratos e coquetéis preparados à base de uma das 25 marcas de cachaça inscritas farão parte de um ranking a ser criado pelos organizadores. O público terá a tarefa de votar nos pratos e coquetéis preferidos, utilizando cupons disponibilizados pela organização do evento. A idealizadora Mirian Cerutti destaca a importância do festival para divulgar e promover a cachaça de alambique mineira, além de “incentivar os chefs a usar a bebida como ingrediente na gastronomia”. Mirian revela que os restaurantes apresentam aos clientes uma carta de todas as cachaças do festival, das mais simples às mais sofisticadas, com descrição de procedência e preço, “como acontece com os vinhos”, compara.
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O Cachaça Gourmet é um projeto do Clube Mineiro da Cachaça, realizado em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, Belotur, Convention Visitors Bureau, Ampaq e Krug Bier.
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Participam do festival as aguardentes Acuruy, Beijoca, Bocaina, Caieira Velha, Caputira, Chapada das Geraes, Cobiçada, Coluninha, Dedo de Prosa, Dona Beja, Extrema, Ferreira, Licores Marinho, Lucas Batista, Maria Boa, Magnífica, Ouro 1, Pau Brasil, Pendão, Pingo Verde, Poesia, Quebra Canga, Salideira, Século XVIII, Seleta e Vale Verde
Cachaça Gourmet 2011 Amanda Corrêa
GA ST RONOM I A |
Restaurantes participantes:
Bergachaça aos Oito Cantos Divulgação
Juliana Correia
Lombo de Panela Afogado no Molho de Cachaça e Jabuticaba
Maçã de peito flambada com cachaça, salteada com pimentões coloridos e cebola. Acompanha oito endívias ao molho de pimenta verde. Serve quatro pessoas Preço: R$28,88 (Tira-gosto)
Berga 8
Lombo de panela assado no forno ao fundo caramelado, regado com molho à base de jabuticaba e cachaça. Acompanha almeirão recheado e arroz mineiro.
Rua Campanha, 11B - Carmo Belo Horizonte (31) 3286-2416
Serve uma pessoa Preço: R$28,00 (Refeição)
Amigos e Antigos
Ninho da Coruja
Avenida Sebastião de Brito, 23 – Dona Clara Belo Horizonte – (31) 3492-7741
Batata parafuso, cestinha de queijo parmesão, isca de frango, ovo de codorna e molho gorgonzola.
Moqueca com Pinga Divulgação
Moqueca de camarão, peixe e carne de siri desfiada – o camarão e o peixe são flambados na pinga e depois incorporados à moqueca. Acompanha arroz, farofa e pirão de peixe.
Rodovia MG 030, 3402 – Lj. 09 Bairro Bosque Residencial do Jambreiro Nova Lima – (31) 3581-7489
Baiana do Acarajé Rua Antônio de Albuquerque, 440 – Savassi Belo Horizonte – (31) 3264-5804
Feijoada tradicional, com pé, rabo e costela defumada de porco, linguiça e paio, finalizada com um cálice de cachaça.
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Serve duas pessoas Preço: R$24,90 (Tira-gosto); R$39,90 (Refeição completa – Acompanha arroz, couve, farofa e vinagrete)
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Bar do Bigode Rua Esmeralda, 604 – Prado Belo Horizonte – (31) 2515-9103
Serve três pessoas Preço: R$35,00 (Tira-gosto)
Big Owl
Serve duas pessoas Preço: R$67,90 (Refeição)
Feijoada Embriagada
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Porpetone Mafioso Divulgação
Polpeta de carnes de boi e porco moídas com bacon e especiarias, recheada com tomate seco e azeitona preta, ao molho sugo com cachaça. Serve quatro pessoas Preço: R$16,90 (Tira-gosto)
Boi Supremo Rua Irmã Eufemia, 271 – Jaraguá Belo Horizonte (31) 8880-9975
Juliana Correia
Pernil nas Nuvens
Tropeirinho Lagoa Seca Divulgação
Pernil em cubinhos, refogado com pimentões vermelhos e amarelos, cebola, rodelas de salsinha e cheiro-verde, servido com chantili preparado à base de creme de leite fresco e cachaça.
Tropeiro preparado com feijão de corda e linguiça flambada na cachaça. Acompanhamento à parte. Serve duas pessoas Preço: R$21,00
Serve três pessoas Preço: R$22,90 (Tira-gosto)
Emporium Avenida Afonso Pena, 4034 Mangabeiras – Belo Horizonte (31) 3281-1277
Brothers Beer Rua Cuiabá, 202 – Prado Belo Horizonte – (31) 2515-0801
Lombo Jumicéia Divulgação
Lombo em cubos, marinado no molho de cerveja preta e cachaça. Acompanha polenta frita com jiló. Serve 1 pessoa Preço: R$14,90 (Tira-gosto)
Caminho da Roça Avenida Fleming, 1472 Bairro Ouro Preto Belo Horizonte (31) 3427-1718
Filé de Tilápia ao Sugo da Cachaça Retrato3 Estúdio
Filé de tilápia frito, ao molho sugo preparado à base de cachaça. Acompanha purê de batatas. Serve duas pessoas Preço: R$18,50
Espaguete na Chapa Rua do Comércio, 219 São João Batista Santa Luzia – (31) 3642-9294
Linguiça Poética
Língua de Sogra Retrato3 Estúdio
Linguiça de pernil frita e flambada com cachaça, ao molho de creme de leite com requeijão, gratinada. Acompanha pão francês.
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Serve duas pessoas Preço: R$25,00 (Tira-gosto)
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Clube Mineiro da Cachaça Rua Mármore, 373 Santa Tereza – Belo Horizonte (31) 2515-7149
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Língua cozida ao molho de cachaça, manteiga de garrafa e tomate. Acompanha fatias de pão de sal. Serve 02 de pessoas Preço: R$12,90
Empório Savassi Rua Paraíba, 1323 – Loja 3 – Savassi Belo Horizonte (31) 3282-8232
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Filé de Gurujuba Flambado na Cachaça Filé de gurujuba com recheio de catupiry ao molho de camarão flambado na cachaça. Acompanha Inhoque de moranga. Serve uma pessoa Preço: R$26,90
Filé mignon de cordeiro ao molho de cachaça, pimentões e menta. Acompanham bolinhos de angu recheados. Serve duas pessoas Preço: R$43,90
Jardim de Minas Rua Noraldino de Lima, 581 Pampulha – Belo Horizonte (31) 3441-4957
Rima dos Sabores Rua Esmeralda, 522 – Prado Belo Horizonte (31) 3243-7120 / (31) 8455-7120
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Javali Embriagado na Oca
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Cordeirinho Molhado
Surubim no Espeto Assado na Brasa Divulgação
Peixe assado flambado na cachaça. Acompanha arroz, batata sautée, pirão e molho de ervas. Serve três pessoas R$73,90
Iscas de javali flambadas na cachaça. Acompanha molho de cachaça e rapadura.
Surubim no Espeto Rua Izabel Bueno, 670 – Jaraguá Avenida Alberto Cintra, 265 – União Belo Horizonte (31) 3443-5594 / (31) 3486-0167
Serve duas pessoas Preço: R$29,00
Oca dos Tapuias Avenida Francisco Sales, 120 Floresta – Belo Horizonte (31) 3273-1350
Costelinha Pé-de-cana
Lombo com Cachaça
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Costelinha de porco frita e flambada na cachaça. Acompanha purê de moranga com queijo e molho barbecue.
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Serve três pessoas Preço: R$21,90
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Pizza Burguer Rua Padre Manoel Bernardes, 15 João Pinheiro – Belo Horizonte (31) 3375-5591 / (31) 3375-5333
Lombinho flambado com cachaça. Acompanha arroz e feijão tropeiro. Serve duas pessoas Preço: R$56,00
Xico da Kafua Av. Itaú, 1195 – João Pinheiro (próximo ao Anel Rodoviário) Belo Horizonte (31) 3375-2640
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MÚSICA por Bruna Alessandra
DVD é novo projeto de
Juarez Moreira Com 35 anos de carreira e dez discos gravados, o violonista, compositor e arranjador dá mais um passo: lança o primeiro DVD com seus grandes sucessos
Canções que são sinônimos de poemas sem palavras: assim é possível descrever um pouco do talento do violonista, compositor e arranjador Juarez Moreira. Com mais de 50 canções gravadas, o artista mineiro de Guanhães também se apresentou ao lado de grandes nomes da música brasileira, como Milton Nascimento, Maria Bethânia, Wagner Tiso, Lô Borges e Toninho Horta. “Juarez Moreira é um dos melhores guitarristas de todos os tempos de minha terra, Minas Gerais. Ao contrário de muitos, ele tem um misto de todos os elementos musicais do Brasil magistralmente interpretados. Também é um grande compositor e trabalhou acompanhado de outros. Seus trabalhos solos nos levam a belas viagens paradisíacas”, diz Milton Nascimento, amigo e parceiro do músico. Balada, Bossa Nova, Choro e o chamado Jazz Brasileiro são ritmos personificados nos tons dados pela guitarra e violão de Juarez Moreira. Nos últimos anos, o artista tem se apresentado em diversos países, como Estados Unidos, França, Venezuela, Portugal, Itália, Argentina e Finlândia, com shows e masterclasses. A turnê mais recente foi para divulgar o disco “Bim Bom: The Complete João Gilberto Songbook”, em parceria com a cantora carioca Ithamara Koorax. O álbum com 11 canções de João Gilberto foi aclamado nos Estados Unidos, Europa e Ásia com ótimas resenhas no The New York Times.
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Num bate-papo com a reportagem da Star, em sua residência, no bairro Santo Antônio, Juarez Moreira falou sobre seus projetos, incluindo a gravação do primeiro DVD e o lançamento do seu décimo CD intitulado “Riva”.
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Para o músico, depois de tantos discos gravados e nenhum DVD, chegou o momento de investir neste projeto, com o intuito de atender ao pedido dos fãs e admiradores. “Quando lançávamos um CD, percebíamos que as pessoas queriam ver a performance no palco. Por isso resolvemos gravar este DVD”.
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Além da gravação do DVD, Juarez Moreira se prepara para a turnê do novo disco
Juarez Moreira é considerado por Milton Nascimento um dos melhores guitarristas de Minas. Balada, Bossa Nova Choro e o chamado Jazz Brasileiro são ritimos personificados pelo artista
O álbum traz grandes sucessos que marcaram os 35 anos de carreira do músico, tais como, “Baião Barroco, Você chegou sorrindo,”, “Samblues”, “Valsa para Maria”, “Depois do amor”, “Cantiga Bossa Nova”, “Carioca” e “Choro para piazzolla”. Com previsão de ser gravado em março deste ano, no Grande Teatro do Palácio das Artes, o show de gravação do DVD terá a participação especial de nomes de peso, como Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas e André Dequech. “Queremos mostrar todas as formas de tocar com parcerias”, enfatiza o compositor. A apresentação contará com Neném (bateria), Kiko Mitre (baixo) e Cléber Alves (sax). O DVD será lançado em junho. Paralelo ao projeto do DVD, Juarez se prepara para a turnê do novo disco com canções inéditas, que será lançado neste mês, no BH Shopping. Além de músico, Juarez Moreira é curador e produtor do “Festival Internacional de Violão”, que acontece todo fim de ano. O FIV faz parte do calendário cultural de BH, com a proposta de apresentar “o que de melhor vem sendo produzido mundo afora – do violão solo aos trios de jazz, e dos quartetos às orquestras com violão”. Ainda na agenda do músico para 2011 está a participação no projeto “Conexão Vivo”. PROJETOS
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Um sonho que Juarez Moreira planeja realizar é o de gravar um disco com suas canções que ganharam letras. “Tenho inúmeras músicas que receberam letras de Fernando Brant, Chico Amaral, Paulinho Pedra Azul, dentre outros. É um projeto interessante que pretendo desenvolver em breve”.
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O outro projeto revelado por ele é incrementar as parcerias com as prefeituras para levar mais música instrumental de qualidade para a população. “A música instrumental, quando é apresentada num espaço público, como uma praça, atrai muitas pessoas de todas as idades”, observa.
ANÚNCIO
Nas
por Rodrigo Honório
Mergulho recreativo tem perfil familiar e pode ser praticado por pessoas a partir dos 10 anos de idade
Seja para buscar novas aventuras ou um pouco de sossego, para fugir da correria do mundo ou aproximar-se mais dos familiares e amigos, para sentir-se mais ligado à natureza ou apenas experimentar uma nova sensação, o mergulho é uma prática ideal.
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Há um curioso interesse dos homens pela vida aquática. Afinal, mais de 70% da superfície do planeta é coberta de água. Ainda mais curioso é que Minas Gerais, não sendo banhado pelo mar, foi, por muito tempo, o segundo Estado brasileiro com mais mergulhadores certificados. “Por que isso? Primeiro porque mineiro ama praia, ama mar”, afirma Paula Loque, 37 anos, instrutora de mergulho há 14. Outra curiosidade mineira é que a escola em que Paula trabalha, a Mar A Mar, foi eleita pela Revista Mergulho a melhor do Brasil por dois anos consecutivos. A escola forma, anualmente, cerca de 400 novos mergulhadores – somados aos cursos avançados, são 700 alunos por ano. Segundo a instrutora, o mergulho hoje é uma atividade extremamente familiar: marido e mulher, pai, mãe e filho. Paula diz que, geralmente, começa-se sozinho para depois levar alguém da família a também aprender. É o caso da estudante Ieda Lagos, 14, que ganhou o curso de mergulho como presente de aniversário. Ieda já pratica natação desde bebê. Em uma excursão de sua escola para Búzios, no Rio, realizou um batismo – aula com técnicas básicas seguida de mergulho acompanhado. Agora, pretende se especializar em mergulho noturno e fotografia. A mãe, Yacyara Gonçalves, 44, uniu-se à filha nas aulas. “Ela veio ver o curso comigo, começou a ver a aula, gostou e decidiu fazer”, afirma Ieda. Em apenas cinco dias, fizeram as aulas teóricas e práticas em Belo Horizonte e, em um fim de semana, viajaram a Paraty, no Rio de Janeiro, para fazer a prova no mar.
Segurança no mergulho está diretamente ligada à atitude do mergulhador. Treinamento é para isso. Mas de nada adiantam anos de instrução se a habilidade para avaliar os riscos for ofuscada pelo ego, pela auto-afirmação
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M ERGU L HO
profundezas
E SPORT E S |
Paula Loque, instrutora de mergulho
Mas não é qualquer pessoa que pode praticar mergulho. Por isso, são exigidas carteirinhas que comprovem a capacidade do mergulhador e em quais condições ele tem aptidão. Ao concluir o curso, os alunos recebem da entidade certificadora a carteira referente ao seu nível de aprendizado. Mesmo assim, Paula deixa bem claro que “segurança no mergulho está diretamente ligada à atitude do mergulhador. Treinamento é para isso, mas de nada adiantam anos de instrução se a habilidade para avaliar os riscos for ofuscada pelo ego, pela auto-afirmação.”
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Para o curso ser considerado completo, os alunos precisam fazer a finalização no mar. De acordo com Paula, há uma espécie de ciclo natural de roteiros de mergulho. Os alunos, normalmente, fazem as aulas, estreiam em praias do Sudeste, depois viajam para o Nordeste. A partir daí, buscam sempre alguma novidade, como o Caribe, o Mar Vermelho e a barreira de corais na Austrália.
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Até chegar à formação de um mergulhador aprendiz, existem vários níveis de treino. “No primeiro, eles são treinados na sala de aula e na piscina para adaptação aos equipamentos, entender como funcionam, adquirir habilidades técnicas e ter adaptação emocional para a situação: ‘estou respirando embaixo da água’, ‘tem três metros de água acima de mim’, ‘tem 10, 15 metros de água acima de mim’”, esclarece Paula Loque. Nesse nível, pode-se mergulhar apenas durante o dia, a até 25 metros de profundidade e em locais sem teto, isto é, sem obstáculos entre o mergulhador e a superfície da água. Locais como cavernas e naufrágios oferecem riscos bem maiores. Por isso há a necessidade de especializações. Em alguns casos, são exigidos outros cursos como pré-requisitos.
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BRASILEIRA RECORDISTA MUNDIAL Apesar de a atividade do mergulho autônomo, em que há uso de equipamentos para respiração no fundo da água, tornar-se cada vez mais acessível, muitas pessoas têm sido atraídas pelo mergulho livre. Nesta modalidade, o mergulhador faz apneia, isto é: fica submerso o máximo de tempo sem respirar e, portanto, não utiliza tubos. Além da preocupação com a respiração, existem outras dificuldades. Quanto mais ao fundo do mar, maior é a pressão sofrida pelo corpo, principalmente nos ouvidos e na circulação do sangue. Entre os melhores está a brasileira Karol Meyer, 42, que conquistou sete recordes mundiais, dois continentais e 30 sul-americanos. Ela esteve em Belo Horizonte em dezembro ministrando um curso básico de apneia na DiveLife Escola de Mergulho e acredita que é saudável fazer algo para se divertir. “Não posso ser escrava do recorde, eu inverto o jogo: uso do recorde para fazer o que eu quero. Vivia muito assim: ‘qual é o próximo recorde?’ A pessoa me falava isso e eu ‘acionava um botão’ que eu tinha que correr atrás do recorde. Foi então que eu pensei: ‘mas espera aí e o resto?’ As coisas tem que estar equilibradas. Comecei a ver desse jeito e melhorei o meu tempo. Eu estava tão estressada em fazer que não conseguia mais melhorar”, declara. Aliado à experiência, a prática do yoga foi essencial para
o desenvolvimento de Karol como atleta. Em 1999, ela tinha a marca de 4 minutos na modalidade apneia estática, em que conta-se apenas o tempo que o atleta, submerso, segura a respiração. Karol conseguiu melhorar sua marca em 2008: 7min18s. “O nosso esporte não é de explosão. A gente ganha muito com a idade, com a calma e a experiência”, opina. Em julho de 2009, ela gravou seu nome no Guinness Book com o recorde mundial de permanência submersa (apneia estática). Ao contrário da marca anterior, esta não é certificada pela AIDA – Associação Internacional de Desenvolvimento da Apneia. Karol manteve-se debaixo da água, sem respirar, durante incríveis 18 minutos e 32 segundos. “Você se prepara com o oxigênio puro antes, tira, abandona-o e faz a prova. E aí é tudo ou nada, como uma corrida de carros com o nitro”, explica. Já em 2010, ao lado do belga Patrick Musimu, Karol bateu mais um recorde: profundidade em apneia tandem (em dupla). Na equipe, estava Rodrigo Coluccini, que uniu os dois atletas. “A ilha de Bonaire, no caribe venezuelano, é conhecida por suas águas quentes e incrivelmente limpas”, recorda-se Rodrigo. Em pouco mais de três segundos, os atletas desceram segurando no sled (máquina desenvolvida pela atleta para as descidas), atingiram a profundidade de 121 metros e foram erguidos até a superfície. “Foi um recorde bastante comemorado”, endossa Rodrigo.
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Minas Gerais não tem mar, mas tem água doce em abundância. O mergulho nessas águas nem sempre é agradável, pois geralmente a visibilidade é limitada. Porém, a Mina da Passagem, em Mariana, é uma ótima opção para quem estiver apto a mergulhar em cavernas. A água é cristalina, sendo possível enxergar até o alcance da lanterna – um acessório indispensável nessa modalidade. “Esta mina, que produziu muito ouro em décadas passadas, foi alagada e desde 1997 operações de mergulho são feitas lá. Dentro dela, o que impressiona são as ferramentas deixadas pela empresa de mineração, além de pontes, barracos e uma bota”, afirma Rodrigo Coluccini, editor da DecoS-
top, revista que, com sete anos de existência, é referência no Brasil. Atualmente, Rodrigo lidera uma expedição que está mapeando pontos de mergulho de água doce próximos a Belo Horizonte. “Uma viagem já foi feita até Pedro Leopoldo, onde encontramos dois locais adequados, mas fechados por causa do mau uso das pessoas. Em setembro, fomos a Lapinha da Serra, a cerca de 135 km de BH, e achamos mais um bom ponto”, explica. Rodrigo ainda afirma haver boas condições de mergulho na Serra do Cipó, Furnas (Escarpas do Lago) e em Três Marias.
Retrato 3 Estúdio
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MERGULHO EM MINAS GERAIS
E SPE CI A L |
1975
M AT ÉR I A DE CA PA
Desde 1975, o fotógrafo e professor do Massachussetts College of Art, em Cambridge, EUA, Nicholas Nixon vem fotografando as irmãs Heather, Mimi, Bebe e Laurie Brown. Ano após ano, Nixon as retrata na mesma ordem. A série, que tem a mais recente fotografia produzida em 2010, é considerada por especialistas um documento fiel sobre a passagem do tempo.
por Ronildo Jesus
2011 chegou. Você
percebeu? Você teve a sensação de que o ano de 2010 passou voando? Você pode estar certo. Pesquisas constatam que o tempo passa cada vez mais rápido.
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A primeira década do século XXI já se foi e nem parece. Mas é isso mesmo. O ano de 2011 já chegou e muita gente sequer percebeu. Quer dizer, o tempo para muitos passou rápido demais. O tempo, para a maioria das pessoas, passa tão rápido que o ano mal começa e, quando se assusta, não é que já acabou? Esta ideia não é uma mera suposição sobre algo que pode variar de pessoa para pessoa. Muitos pesquisadores admitem como um fato para todo mudo a percepção de que o tempo passa cada vez mais rápido. Em 1997, os pesquisadores norte-americanos James Tien e James Burnes fizeram um estudo onde mostraram que a percepção da passagem do tempo varia de acordo com a idade das pessoas e de uma época para outra. De acordo com eles, hoje percebemos o tempo passar muito mais rápido do que alguém da mesma idade percebia no passado. Os resultados do estudo dos dois pesquisadores foram publicados em 2002, na prestigiada revista científica “Transactions on Systems, Man, and Cybernetics”. Em 1997, os dados apontaram que uma pessoa de 22 anos percebeu, em 1997, o ano passar 8% mais rápido do que uma outra pessoa com a mesma idade em 1897. Uma pessoa de 35 anos percebeu o tempo passar 22% mais rápido que uma pessoa da mesma idade cem anos antes. Quando analisadas as pessoas com 62 anos, a diferença salta assustadoramente: a percepção era de que o tempo passava 7,69% vezes mais rápido do que outra pessoa com a mesma idade percebida em 1897. O trabalho dos pesquisadores, baseado em dados de produtividade de escritórios de registros de patentes dos EUA nos anos de 1897, 1947 e 1997, pode ser visto como um marco no assunto, tido, até então, como puramente subjetivo.
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Foram selecionadas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos; jovens de 20 a 24; pessoas de 45 a 50 anos; e de 65 a 75 anos. O estudo tinha como base medir a percepção do intervalo de um minuto. As pessoas foram estimuladas a avisar os
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Outro entusiasta da ideia é o professor da Universidade do Norte Arizona, em Yuma, EUA, o psicólogo Peter Mangan, que constatou por meio de pesquisa a passagem do tempo cada vez mais depressa. Para provar sua tese, Mangan realizou, também em 1997, um estudo com grupos voluntários de quatro faixas etárias diferentes.
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Fernando Werkhaizer, professor de física da PUC Minas
cientistas a passagem de um minuto. O resultado mostrou que, para o grupo mais jovem, o minuto parecia acabar aos 55 segundos. O grupo composto por pessoas entre 20 e 24 anos notou a passagem do período praticamente em 60 segundos. Os voluntários do terceiro grupo perceberam a passagem do tempo mais vagarosa, em 65 segundos. Para o grupo de pessoas mais velhas, 60 segundos pareceram passar em 74 segundos. A sensação de tempo, no entanto, continua sendo relativa, de acordo com o biólogo paulista Alysson Muotri, pesquisador do instituto Salk para Estudos Biológicos, em San Diego, nos EUA. Para ele, a passagem do tempo depende de uma série de circunstâncias intrinsecamente ligadas às experiências de cada um de nós. CÉLULAS, NEURÔNIOS E CÉREBRO Uma das várias teorias existentes sobre o assunto sugere a existência de células nervosas especializadas em mensurar intervalos de tempo. Outra teoria aponta para a possibilidade de haver uma rede de neurônios responsáveis pelo funcionamento fisiológico, como se fosse um relógio interno funcionando nas pessoas. Moutri afirma que dados experimentais ventilam a hipótese de que o cérebro humano interpreta a passagem do tempo mais rápida à medida em que pessoas se envolvam em tarefas que as desafiem mais. E quando desenvolvem trabalhos de maior complexidade, a sensação é de que o tempo quase não passa ou a sua passagem é insuportavelmente lenta. O TEMPO PASSA CONFORME O ESTADO DE ESPÍRITO Segundo a psicóloga mineira Ilma Queiroga, cada pessoas lida com o tempo conforme o seu próprio estado de espírito. “O tempo é totalmente individual e subjetivo. O tempo da passagem de um dia para uma pessoa nunca será igual à percepção que outra pessoa tem do mesmo período. Cada um vive o seu próprio tempo de acordo com a sua própria experiência individual”, diz. Para ela, a percepção de passagem do tempo demasiadamente rápido significa que aquela pessoa vive de forma muito apressada. “Ela está acelerando o seu próprio tempo mais do que deveria. Não é que o tempo esteja passando mais rápido. O tempo é igual para todo mundo. A pessoa que esteja com esta percepção, talvez tenha uma demanda muito mais profunda do que suas possibilidades e ela não consegue satisfazer seus desejos e previsões”. SOMOS ESCRAVOS DO TEMPO Ilma Queiroga explica que, no tempo psicológico, uma pessoa de 20 anos de idade não tem a mesma urgência do tempo de alguém que vive aos 40. “Os jovens vivem de forma mais liberta e tem muito mais tempo para viver, elaborar projetos e planejar a vida. Existe um tempo lógico e ele é extremamente autoritário na nossa vida.
explorador e espeleologista francês Michel Siffre, que, após passar dois meses isolado dentro de uma caverna, tinha a convicção de que havia ficado apenas 25 dias no local. Conclui-se, então, que o cérebro tende a condensar o tempo. E isto se deve à memória, pois o cérebro fixa o tempo dos eventos por meio da própria memória.
O TEMPO NATURAL É RELATIVO Já o professor da PUC Minas, o físico Fernando Werkhaizer, diz que o tempo medido em relógios, cronômetros ou outros instrumentos é o tempo natural, relativo ao movimento dos corpos celestes. “O tempo da natureza independe de nós. Ele é determinado pelo movimento do pôr-do-sol e dos planetas. Mas o tempo não é absoluto. É relativo. O número de horas que se criou para medir o dia terrestre difere do dia sideral e essa diferença é compensada no nosso calendário, que é o calendário gregoriano”, explica. “Os romanos antigos criavam até semanas para poder ajustar ao ciclo de estações. A medida do mês como o período da lua em torno da Terra, de 27 dias, é chamado de tempo sideral. E também o tempo da terra em volta do Sol, difere um pouco do tempo que nós estabelecemos de um minuto ter 60 segundos, uma hora ter 60 minutos. O tempo medido difere um pouco do tempo da natureza, porque ele é consensual, semelhante a outras unidades inventadas pelo homem como medidas”, conclui. O QUE SÃO PASSADO, PRESENTE E FUTURO? Na década de 1950, Albert Einstein defendia: “Para nós, físicos presunçosos, passado, presente e futuro são apenas ilusões”, A fronteira entre o passado e futuro, para ele, seria o presente. De acordo com professor Werkhaizer, a concepção do tempo dividido em passado, presente e futuro não existe na natureza. “O que existe é apenas o instante. O restante são expectativas de coisas que podem acontecer, a que chamamos futuro, e lembranças de algo que já aconteceu, que chamamos de passado. Esta realidade é ainda muito mais relativa se pensarmos que o futuro de um é o passado de outro. Podemos falar que 2011 é o futuro de 2010, mas também o passado de 2030”. No entanto, Werkhaizer admite que, na perspectiva da existência, o futuro dispara nas pessoas a vontade de viver. Esta ideia, na realidade, é embasada na filosofia de Santo Agostinho (354-430), que no livro XI – Confissões, “O homem e o tempo”, defende: “Existem três tempos: o presente das coisas passadas, o presente das coisas presentes, o presente das coisas futuras (...) O três estão de alguma maneira na alma e eu não os vejo em outro lugar: o presente das coisas passadas é a memória, o presente das coisas presentes é o olhar, o presente das coisas futuras é a expectativa”.
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O alemão Martin Heidegger (1889-1976) define o tempo como consequência de vários eventos. A ciência, em contrapartida, defende que quando há poucos eventos à mente, não existe a percepção de passagem de tempo. Um exemplo clássico, também lembrado pelo biólogo Alysson Muotri, remete a uma experiência vivida pelo
Somos escravos do tempo o tempo todo. É a matemática lógica da existência e, à medida do envelhecimento surge um sentimento de finitude, inclusive do próprio corpo físico. E é neste momento que as pessoas valorizam cada minuto vivido a mais”, acredita.
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O CÉREBRO PODE CONDENSAR O TEMPO?
O pintor espanhol Salvador Dalí retrata a preocupação humana com o tempo e a memória em uma de suas mais famosas obras, o ícone do surrealismo “A Persistência da Memória”, produzida em 1931.
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O que existe é apenas o instante. O restante são expectativas de coisas que podem acontecer, a que chamamos futuro, e lembranças de algo que já aconteceu, que chamamos de passado.
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Jomar Bragança
A RQU IT ET U R A por Tacila Belas
Jardim
vertical Ecoparede, jardim vertical ou parede verde. Os termos são muitos, mas o significado é um só. Trata-se de uma decoração sustentável, onde as paredes são revestidas por plantas, tudo ecologicamente correto e que aproxima os centros urbanos da natureza. Elas têm invadido fachadas externas e internas de prédios, casas e restaurantes e proporcionam conforto térmico ao ambientes. As ecoparedes também são sucessos no quesito sofisticação. As paisagistas Carla Pimentel e Marina Pimentel, da empresa Carla Pimentel Paisagismo, explicam como transformar um ambiente e destacar a relação entre o belo e a natureza.
Na praça Arcelor Mittal, o jardim vertical em curvas de liriópes verde. As paisagistas Carla e Marina Pimentel fizeram, assim, um apelo pela preservação da Serra do Curral
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Para este tipo de decoração são necessários alguns cuidados que vão desde o local escolhido até as seleções das plantas. Podem ser folhagens, bromélias, floríferas, plantas pendentes, trepadeiras e outras espécies que se adaptam ao recurso. Os cuidados com as ecoparedes são normais como os de uma planta, com irrigação, adubação e poda.
Jomar Bragança
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Ecologicamente correta, a ecoparede enche ambientes inusitados de verde e transforma espaços
Para este restaurante, da arquiteta Mariana Correa, foram usadas as bromélias em forma de moldura para contornar o vidro
Adelchi Ziller
Divulgação Camila Vaccaro
A sala de almoço com parede vertical de samambaias, feita pela decoradora Laís Albergaria
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TOU R | V I AJA N T E por Rodrigo Fiuza * | foto divulgação
Volta ao mundo de
motocicleta Depois de já ter percorrido mais de 60 países em cima de uma moto por 5 continentes, eu tinha calafrios de pensar em minha nova missão, que era atravessar de Londres até a África do Sul em uma motocicleta Yamaha Xt 660 cc. Sabia que o percurso seria um dos mais difíceis, pois atravessaria países com pouca infraestrutura e lugares inóspitos como o deserto do Saara.
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* Atleta. Desde 1990 usa o esporte de aventura para ajudar as pessoas, doando tempo e recursos. É conhecido como o Atleta da Paz.
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Para que ele recebesse o mínimo de atendimento possível, assumi, perante as autoridades daquela cidade e daquele país, toda a responsabilidade pelo acidente porque ele não tinha condições de responder por nada.
Durante o tempo em que estivemos detidos, ficamos em um hotel com vigilância 24 horas; eu só saía para resolver as pendências judiciais. Na Etiópia, as estradas são feitas para pessoas e animais. Fui levado a participar de uma “corte tribal”. Ali, as leis eram ditadas pelos indígenas. Eles decidiram quanto eu deveria pagar para cobrir as despesas das famílias das meninas. O mais hilário era perceber que os detentos também palpitavam sobre o valor da indenização e ainda sobre a quantia que deveria ser paga pelo cavalo. Para realizar expedições pela África, você tem de estar muito bem preparado física e psicologicamente; saiba que vai encontrar pela frente muita pobreza, falta de comida e um interior cujos habitantes ainda conservam sua ancestralidade, sem falar na enorme diversidade cultural.
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Após quase dois meses na estrada cortando países como Sudão, Egito, Líbia e enfrentando problemas de diferentes níveis como tempestade de vento no deserto e cidades inteiras sem qualquer abrigo para abastecer a moto ou para dormir, correndo riscos de integridade física em países como o Sudão, vivi algo esperado, porém jamais vivido em nenhuma expedição minha anteriormente. Pela primeira vez, viajava com uma companhia e na Etiópia, quando 70% do percurso já estavam completados, meu cinegrafista sofreu um grave acidente.
Ao olhar para trás, minha visão foi desesperadora. Vi o Carlos caído ao chão, bagagens e equipamentos de filmagem soltos e quebrados no meio da estrada, além de duas meninas caídas e um cavalo morto. E eu ali, perplexo, diante daquele quadro em uma cidade de um país como a Etiópia. Fomos socorridos e levados a um pequeno hospital onde não existiam médicos, pessoas morriam pelos corredores, e o meu companheiro de viagem perdia muito sangue, com um dos braços gravemente ferido. Ele estava praticamente desmaiado. Carlos Lima teve cinco fraturas no mesmo braço, duas delas expostas.
Estava responsável também pelas duas meninas por determinação das leis locais, já que elas seriam hospitalizadas. Tudo isso se fez necessário para que ele pudesse ser liberado o mais rápido possível para voltar ao Brasil e ser submetido a uma cirurgia, já que foi atendido por enfermeiros em condições precárias. Somente depois de quatro horas é que o médico chegou. O atendimento foi feito em condições inimagináveis. Enquanto fazia os procedimentos necessários, o médico fumava e os outros pacientes assistiam a tudo e davam palpites. Realmente uma cena inacreditável.
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Conhecido como o aventureiro da paz, Rodrigo Fiúza fala sobre uma de suas maiores experiências: uma volta ao mundo de motocicleta
Quando atravessava uma pequena cidade da Etiópia, apenas a 400 km da capital Addis Abeba, um violento acidente fez com que eu e meu companheiro de viagem fôssemos obrigados a interromper nosso objetivo, que era chegar à África do Sul. Um cavalo puxando uma carroça no sentido contrário ao nosso, e que transportava duas jovens, se assustou com o barulho dos motores das motos e, numa atitude inesperada, pulou para a pista em que estávamos. Consegui desviar parcialmente, já que o animal bateu em minha moto e destruiu o bagageiro do lado esquerdo. Meu companheiro não teve a mesma sorte e não conseguiu evitar o choque com o cavalo, que foi em sua direção.
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GE N T E | COLU N ISTA por Isabela Grecco isabelagrecco@eposcomunicacao.com.br
De Barbacena para o Mundo!
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Aniversário Luiz Gustavo
B-day 5inco!! Depois de 8.760 horas de curtição, a boate no Serena Mall se prepara para a celebração de 1 ano em grande estilo. Embalada pelo som do residente Cacá de Brito, pelo trio “AudioLike” – Michel Lara, Yoshi e Rodolfo Brito – e por mais uma atração surpresa, a festa promete movimentar o jet set em BH. Com surpresas que vão desde o convite ao mote, o aniversário de 1 ano Cinco vai apresentar um novo estilo de comemoração, fechando um ciclo de sucesso e reafirmando a balada que se transformou em grife, verdadeiro estilo de vida na capital mineira.”
O jornalista Walter Navarro comemorou seus 45 + 3, rodeado por (muitos!) amigos, no bar Alfândega, no São Pedro. O dress code: roupa azul! A festança começou às 16 horas e foi até raiar o dia. Teve gente dormindo no sofá! Parabéns Walt! Com um sorriso escancarado no rosto e a simpatia de sempre, o DJ mineiro Leandro Rallo, queridinho de Búzios, tem dado as caras pelo cenário noturno de BH, novamente. Lelê voltou à cidade e não para um minuto! Nesta foto, na inauguração da boate On Board.
EVENTOS
Os cirurgiões plásticos Emerson Melgaço de Castro e Isabella Helena Pessanha de Lima comemoram o aniversário de 5 anos de seu filho, Luiz Gustavo, em uma festa com familiares e amigos. 01
Cem Anos
foto Marcos Luciani
As tradicionais famílias Mafra e Veloso comemoraram, com toda a dedicação que a ocasião pede, o centenário de Maria Mafra Velloso. A festança aconteceu no Ouro Minas para 200 convidados. Dona Maria Mafra dançou três valsas – uma delas com seu filho, o gerente de vendas da IBM, Désio Décio Veloso. Em outra valsa, ela foi conduzida por seu genro, Ari da Silva Malta, e a última pelo seu neto mais novo, Adriano Faria, que é sargento da Aeronáutica. Para a sua festa, ela fez questão de convidar todos os médicos que a acompanham diariamente, entre eles Eduardo Pinho Tavares (diretor da Clinlife), o cirurgião plástico José Flávio Mendes Mafra, o cardiologista Orlando Ribeiro Filho e o oftalmologista Arthur Guilherme Schirmer e outros convidados.
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foto Élcio Paraíso foto Julia Lanari
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01 | Luiz Gustavo Pessanha de Lima e Castro 02 | Os Irmãos Luiz Antônio, Isabella Helena e Euclydes Antônio Pessanha de Lima com Luiz Eduardo
Dudu Fonseca, o Insano Hippie
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03 | Isabella Helena, Emerson Castro, Luiz Eduardo e Luiz Gustavo
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Marselha Tinelli Gomes (gerente de categoria de maquiagem do Boticário), Cristiane Vallias, Fernando Torquatto, Alessandra Valente e Mônica Alexandra Amado (gerente de produto do Boticário) durante evento de lançamento da linha Make B. na Casa Bernardi.
Novamente, a Festa da Casa da Insanidade Mental foi um sucesso! Desta vez, com o tema hippie, ao som de músicas que marcaram época, a moçada se divertiu e colocou a criatividade para aflorar!
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04 | Isabella Helena e Luiz Eduardo Pessanha de Lima e Castro 05 | Delane Maria, Isabella Helena, Luiz Eduardo e Antenor de Oliveira Lima
SOCI A L |
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Escola Visconde de Sabugosa
Festa na Visconde A escola infantil Visconde de Sabugosa comemorou 40 anos de existência. A diretora, Ana Helena Uchôa Costa Dreistein, recebeu os alunos e seus pais em uma festa especial, onde também estiveram presentes os personagens da história de Monteiro Lobato.
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A escola Visconde de Sabugosa, localizada no bairro Mangabeiras, é um estabelecimento de ensino que iniciou suas atividades em 1970. Atende crianças de 01 a 06 anos, com atividades de maternal, pré-escola e 1º ano do Ensino Fundamental. O bairro Mangabeiras cresceu, e a escola, sempre atenta às necessidades da comunidade, acompanhou esse crescimento, desenvolvendo, ao longo de todos estes anos, uma série de projetos com o objetivo de ensinar através da construção do saber e do conhecimento, procurando assim, formar adultos felizes e bem preparados intelectualmente. É administrada por Ana Helena Uchôa Costa Dreistein e uma equipe de profissionais qualificados, oferecendo aos alunos e pais,
orientação e acompanhamento. A Visconde de Sabugosa é uma escola alegre, lúdica, dinâmica, coerente e comprometida em formar seu aluno de forma integral, preparando os nossos alunos para os desafios do mundo. A escola prima pela prática pedagógica consistente, solidamente baseada numa proposta construtivista interacionista do filósofo Jean Piaget e colaboradores. Por isso promovemos a interação da criança com o meio, como elemento essencial na construção do conhecimento. A revista Star publica, em primeira mão, uma carta da diretora, Ana Uchôa, dirigida aos pais como parte das comemorações dos 40 anos da instituição:
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Senhores Pais,
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01 | Animação infantil com as crianças
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02 | Fernanda, Julio e Ana Helena Uchoa, com Werner Dreistein 03 | Rabicó, Layla, Rafael Farjardo e Visconde de Sabugosa 04 | Edson, Paulo, Rafael e Tatiana Rezende, Elizabeth Ferreira, Isabel Rezende e Cuca 05 | Francisco, Erik e Monalisa Cunha, Meire Fonseca, Marta e Fernanda Vieira
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07 | Ana Carolina, João Marcelo, Vitória Recorder e Cláudio Assunção 08 | Maria Raquel Uchoa, Breno e João Pedro Coelho, Ana Helena Uchoa e Lilian Costa
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a vocês e dir igir algumas palavras de ia tar gos , nto me como tudo Aproveitando desse mo Vi sconde de Sabugosa e a col Es a com ia tór his a contar um pouco da minh nsformá-lo . aconteceu seu sonho e procurar tra no tar edi acr é r ha son e es. Mais importante do qu o para as próximas geraçõ que possa ficar como legad el, ... gív ram tan ssa o pa alg se em os e, an ad em realid sua marcha e 40 a peu om err int o nã o Mas, a retidão do relógi quistas. ta bem cedo e de muita histórias e con sa fai xa de idade foi fei nes ças an cri de ão caç faculdade Minha escolha pela edu era também professor da i pa u me o is po al, tur na a a cer teza de uma maneira bastante im fui crescendo com tod ass e ar sin en ra pa m do eo de medicina e herdei del professora. ser de idade er: faz a eri do que qu ente e desde os 5 anos eam tan on esp las au r da Sempre gostei muito de ância . as minhas amigas da inf mplo de um brincava de aulinha com u saudoso pai como exe me o e tiv , são fis pro a e me acomApaixonada com a minh ral , ética e integridade qu mo de os ad aig arr e tes for líder, com valores muito ir cotidiano. que norteiam o nosso ag e je, ho de s tempo, está dia os até panham é, a Visconde não pára no o ist , va no ia tór his a derno na área Cada dia que passa é um o que existe de mais mo s no alu os ra pa do an de o olhar sempre se renovando, lev ovação. Para quem enten ren de nto me mo vo no um educacional. Todo dia é . é sinal de um novo tempo dia caminhao tod ça, an cri de uma nesta estrada pela qual to, cer o inh cam no os am Tenho cer teza de que est não existe”. : “Longe é um lugar que ividualimos, e como disse o poeta ico e respeitado em sua ind ún é no alu a cad e qu em ra rio e generoso. Agimos de uma manei o ao diálogo, de ser solidá ert ab de, ida tiv afe ita a das coisas dade, num ambiente de mu de Sabugosa sabe que um e nd sco Vi ola esc da s e escola . Quem vive o dia a dia rceria entre os pais, aluno pa a é ivo cat edu so ces ndo conhecimais importantes no pro seus alunos felizes, busca ver é or cad edu um de er. A melhor recompensa da cidadania e o bem viv rando-os para o exercício pa panhia pre o, com a açã orm com inf a, e mento osco nesta trajetóri con tar con pre sem de pedagógica , Vocês, pais, podem pelo saber, pel a qualida m ma pri e qu is na sio de uma equipe de profis icação. comprometimento e ded Atenciosamente,
Ana Helena Uchôa Costa Diretora da Escol a Vi sco
Dreistein
nde de Sabugosa
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BELEZA por Isabela Grecco | fotos Retrato3 Estúdio
Direto para o
altar!
Primeiro look Tudo bem! Você já cuidou de todos os detalhes! Já sabe direitinho como será seu vestido, a decoração da Igreja, as músicas e os comes e bebes já estão acertados com o Buffet. A aliança já está brilhando, guardadinha com o noivo. Você sente frio na barriga toda vez que se imagina com o vestido escolhido! O que falta decidir? Hum!! O cabelo e a maquiagem!
“Para o primeiro look, pensamos em uma noiva que se casaria de dia. Uma maquiagem delicada e ao mesmo tempo sofisticada. Um cabelo solto, preso apenas em cima e uma mantilha linda para arrematar!” diz Juliana Chiari.
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Preparamos dois looks para você, com ajuda da maquiadora Juliana Chiari e da expert em cabelos Bia Jesus.
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Agradecimentos Chácara Chiari Juliana Chiari Woll Agency Bia Cabeleireiros Márcia Marquez
Não se esqueça, o mais importante é estar confortável com sua imagem, pois este é o dia mais marcante da sua vida, e é todo seu!
Agradecimento Daniel Henrique
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VIAJANTE por Renato Weil | foto Renato Weil e divulgação
Pamukkale significa castelo de algodão, e está relacionado com os terraços de rocha branca e brilhante.
Pamukkale - Turquia Quando se fala em belezas, a Turquia se resume em um exagero de paisagens. Mas Pamukkale ultrapassa o nosso imaginário A primeira surpresa quando se chega a Pamukkale, patrimônio mundial da UNESCO, é ver uma grande montanha de algodão situada próximo a Denisli. A vontade de parar o carro é imensa, e começar a subir para ver as termas. À medida que Glória, minha mulher, e eu íamos vendo uma, duas, dezenas de piscinas azul turquesa, fomos ficando sem fôlego. É muita beleza para os nossos olhos. Mas a grande surpresa ainda estava para acontecer. Chegando ao topo da montanha, nos deparamos com as ruínas de uma cidade inteira – Hierápolis, fundada por Eumenes II, rei de Pérgamo, no século II a.C.
Segundo look “O segundo look, uma maquiagem mais marcante, um cabelo preso com um coque muito glamuroso e prendedores bem sofisticados para o arremate final! Um luxo!”
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Depois de toda essa beleza, vem o melhor, que é desfrutar da água. Entrar nas piscinas azuis turquesa, de águas quentes, é muito bom e não dá vontade de sair. Você vai ficando, ficando e não vê o tempo passar. Em turco, o nome de Pamukkale significa castelo de algodão, e está relacionado com os terraços de rocha branca e brilhante, na forma de lavatório semicircular, de vários tamanhos, em forma de cascata. O conjunto produz efeitos visuais espetaculares, dignos de serem contemplados, de manhã, no fim da tarde ou a qualquer hora do dia.
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A Turquia é um país fascinante e tem muita semelhança com o Brasil. Os turcos adoram futebol e sabem mais sobre os brasileiros do que nós sobre eles. Conhecem Pelé, (claro! Quem não conhece?), Kaká, Ronaldinho e companhia, sabem até o nome do presidente Lula e perguntam sobre tudo. Querem saber como é o nosso Brasil, perguntam sobre comida, costumes e religião. Aí é que está a grande diferença. A maioria dos turcos é de religião muçulmana, mas o que eles querem saber mesmo é de futebol. Como vivem os jogadores e tudo mais. A pequena cidade de Pamukkale tem vários pequenos hotéis, muitos com piscinas com água das termas, restaurantes, lojas e todo tipo de serviços. Inesquecível essa viagem ao berço da civilização ocidental.
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ARQUITETURA por Isabela Grecco | fotos Fábio Cançado
Simplicidade sofisticada
Rua Dr. Sette Camara, 382/501, Luxemburgo E-mail: tizalvim@hotmail.com Fones: 3347-1083 / 9215-9254 Proprietária do apartamento: Cynthia Soares
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Quem chega a este apartamento em Lourdes, logo se encanta com o móvel feito em golfrato e vidros pretos, tendo como fundo o painel em zebrano, ambos desenhados pela arquiteta Tiza Alvim e executados pela Marcenaria Madeira Brasil. O piso em mármore Champagnhe Veiado fornecido pela Marmoraria 2M se estende por todo o estar social e jantar, e faz a integração dos dois ambientes. A iluminação direcionada, juntamente com as sancas, dão personalidade aos móveis da Artefacto. São nos detalhes que percebemos o contraste do branco com o colorido dos couros e objetos; tudo muito bem harmonizado com o rebaixamento em gesso, o que dá mais aconchego aos ambientes.
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VIAJANTE por Cássia Donato
Café pode ser o futuro do agronegócio no estado
Seychelles
Arte fundo Rodrigo Honório
O agronegócio é um dos setores mais importantes para a economia brasileira. O setor responde por 26,46% do PIB no país. O café dá uma importante contribuição para esses números. Na safra 2009/2010, a produção no país alcançou a marca de 48,1 milhões de sacas de 60 quilos, contribuindo com quase 2% do valor total das exportações brasileiras.
Segundo estimativas da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa/MG), o café foi responsável por mais da metade das vendas do agronegócio mineiro para o exterior, no primeiro trimestre do ano. As exportações do produto geraram US$ 1,2 bilhão, um crescimento de 55,3% em comparação com 2010. Responsável por 51% da produção nacional de cafés, Minas Gerais deve assumir a liderança e focar o mercado chinês, ainda pouco exemmercado livros, tentando roubar um de suae Chegamos à África, certo? Geograficamente, sim, mas a se vê plorado pelos mineiros. “A somente China é um em crescimento empedaço quantidade torrada, ou esperando uma distração sua para surrupiar as ideia de encontrar animais selvagens emem safáris, savanas, qualidade. Com a nossa capacidade de produção e a tradição no fornecimento migalhas do seu apetitoso prato de pães e frutas. caudalosos rios cercados por muita vidapara selvagem, tribos os mais exigentes mercados do mundo, essa oportunidade se traduz em boas e etnias, não se encaixa nesse paraíso chamado Seychelles. perspectivas de negócios”, afirma Daniel Manucci. Localizada no Oceano Índico, esse arquipélago formado Não espere encontrar agito e badalação, já que mesmo na alta temporada as praias são sempre desertas. Mas issoo não por 115 ilhas e ilhotas espalhadas em umApesar enorme de estimativas dasraio baixas de crescimento, a CCIBC está otimista com aufaz a menor diferença, quando você se depara com uma 1200 km² - sendo a grande maioria inabitada e distante mento do consumo do café na China. “A adoção dos hábitos ocidentais pelos cristalina e quente, areia branca e finíssima, além de umas das outras, algumas há milhares dechineses, quilômetros da águaem principalmente relação ao café, pode sim ser o futuro do agronegóexóticas formações de pedra esculpidas pelo vento. O transilha principal Mahe - é o verdadeiro éden. Aliás, como diz cio em Minas. É por isso que concentramos os nossos esforços para essa quebra porte entre as ilhas pode ser realizado através de ferries, a lenda local, Adão e Eva se conheceramde embarreiras”, uma de suas ressalta Daniel Manucci. Romper barreiras políticas, econômicas e, ou mais exclusivo voos de helicópteros. ilhas e isso eu não ouso duvidar! sobretudo, culturais, bimotor é uma tarefa difícil, mas ainda, que sedecoloca como um grande desafio para os produtores de café ávidos por conquistar esse gigante asiático de Mahe, a maior e principal ilha do país, abriga a simpática Com uma população de pouco mais de 80.000 habitantes, 1,3 bilhão de potenciais consumidores. Seychelles vive quase exclusivamente do turismo de luxo e é capital Vitória, assim como o aeroporto internacional. A muito admirada por europeus, principalmente pela segurança segunda maior ilha é Praslin, montanhosa e com praias de proporcionada ao turista, aliada à permanente preocupação tirar o fôlego. Menor e não menos charmosa é a ilha de local com a preservação ambiental. Devido às colonizações LA DIGUE, conhecida como o paraíso do paraíso, devido a inglesa e francesa, suas crianças são alfabetizadas em três sua bela costa recortada, praias intocadas, águas cristalinas. Em La Digue, é ainda onde se encontram as famosas línguas, o inglês, o francês e a língua local creole. tartarugas gigantes terrestres (giant tortoises), com mais Abriga refúgios exclusivos em ilhas particulares, nas quais de um metro de comprimento, que em grupos caminham hotéis de luxo isolam você da civilização e colocam o hóspe- pela ilha e encantam a todos. Já o meio de transporte os incontáveis restaurantes e hotéis são as bicicletas, de mais próximo ainda das reservas ambientais biológicas n e Minas é o maiorentre produtor nacional de café com 51% da produção no que você pode porlugar, €20 ao dia22,72%, e explorar o local por com espécies raras de animais. Um exemplo depaís. reserva é a Santo Espírito aparece emalugar segundo com conta ilha de COUSIN, reserva biológica destinada à preservação seguido da Bahia, comprópria 7,74%;e se esquecer do mundo. de aves raras e a reserva de VALLÉ DE MAI, na ilha de PRASO caminho chegar ao é longo, já que não exisLIN, berço do famoso COCO DE MER, a maior n semente Principaisdo cidades mineiras até produtoras de paraíso café: Patrocínio temManhuaçu voos diretos Brasil.Carmelo Tivemos(25), que fazer uma escala mundo, que possui uma exótica forma semelhante ao qua(36 mil toneladas), (26),doMonte Dubai e prosseguir até Mahe, de onde partimos em dril feminino, sendo um dos símbolos do País. Três Pontas (24),em Nepomuceno (22); outro voo, de 15 minutos, até nossas acomodações em Não raro no café da manhã, na varanda do restaurante O difícilBrasil foi escolher n Principaisdo paísesPraslin. exportadores: (24,85%),em qual ilha ficar e o pior: hotel ou do seu chalé, você se depara com um pássaro que retornar para casa! Indonésia (5,95%), Vietnã (12,71%), Colômbia (11,46%), Alemanha (5,51%) e outros países (39,51%);
MINAS SE DESTACA NO SETOR CAFEEIRO
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REVISTA REVISTASTAR STAR
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O Brasil é responsável por 30% da produção mundial: cerca de 45 milhões de sacas por ano. Fontes: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa/MG)
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MOTOR |
MALIBU
chevrolet corvette como inSpiração
por Licináira Barroso | fotos Divulgação
Não foi por acaso que o design desta sétima geração do Chevrolet Malibu agradou em cheio os fãs de carros esportivos. Afinal, ele foi inspirado em outro ícone da Chevrolet: o Corvette. Principalmente na traseira. Observe a foto ao lado. Os dois círculos que compõem as lanternas – a posição e o espaçamento – seguiram a mesma linha aplicada na quinta e na sexta gerações do esportivo, assim como o delineamento vertical da tampa, que leva a gravata dourada, símbolo da marca.
As lanternas seguem a mesma linha aplicada na quinta e na sexta gerações do Corvette
Continuando nosso “giro” pelo Malibu, encontramos uma lateral de linhas dinâmicas. A impressão que se tem é de o carro estar em movimento, mesmo parado. Detalhes cromados nas maçanetas, molduras dos vidros e frisos dão o toque de elegância ao sedan. Completam o visual, belas rodas de alumínio aro 18, calçadas com pneus 225/50 R18. E, finalmente, chegamos ao ângulo mais imponente do Malibu: a dianteira, onde grandes faróis se integram com harmonia à grade dupla do radiador – atual identidade dos veículos da Chevrolet.
ecotec: bom no captiva, melhor no malibu
Ficha técnica: Motor
Potência
Torque
Câmbio
Direção
Porta-malas
Tanque
Preço
2.4L DOHC 16V
171,3 cv
22,1 kgfm
Automático de 6 velocidades
Elétrica
428 litros
61,7 litros
R$ 89,9 mil
Nas ondas do Malibu
O motor 2.4 litros da família Ecotec que equipa o Chevrolet Malibu é um quatro cilindros, que tem bloco e cabeçote construídos em alumínio, com duplo comando de válvulas, que é variável. Assim como no Chevrolet Captiva, o Ecotec desenvolve 171 cavalos de potência a 6.200 rpm e oferece torque de 22,2 kgfm a 5.100 giros, sempre abastecido com gasolina. Trabalhando em conjunto com o câmbio automático/seqüencial de seis marchas, com comandos no volante (que permite trocas de marchas sem tirar as mãos da direção), o propulsor 2.4L Ecotec faz o Malibu sair da inércia e atingir os 100 km/h em 10,9 segundos, chegando a 194 km/h de velocidade máxima. Segundo a Chevrolet, a sexta marcha alongada permite bons números de consumo, principalmente na estrada, onde o Malibu percorre 14,5 quilômetros com um litro de gasolina. No ciclo urbano, o sedan também consegue a boa média: 9,4 km/l (dados da montadora).
doiS ambienteS em um único interior
Equipado com motor 2.4 litros Ecotec - o mesmo do Captiva - e câmbio automático seqüencial de seis marchas, o Malibu sai de fábrica equipado com arcondicionado digital, computador de bordo (que traz dados como o monitoramento individual da pressão dos pneus), direção com assistência elétrica, bancos dianteiros com regulagens elétricas e aquecimento, sensor crepuscular, espelhos retrovisores eletrocrômicos, rádio MP3, CD Player, entrada USB e oito alto-falantes da marca Bose, entre outros itens de série. Já no quesito segurança, o Malibu vem equipado com freios ABS, EDB - Electronic Brake Distribuiction- , Panic Assist - assistência de frenagem de emergência, - controles de estabilidade e de tração, além de seis airbags – dois dianteiros, dois laterais e dois de cortinas. Como se tudo isso não bastasse, quem comprar um Malibu vai estar a bordo de um carro que conseguiu notas máximas em seu segmento nos crash-tests realizados pelos mais rigorosos institutos nos Estados Unidos, como o NHTSA - National Highway Traffic Safety Administration - e o IIHS - Insurance Institute of Highway Safety.
Outro destaque está no design ergonômico. Motorista e passageiros desfrutam do conceito Dual Cockpit (dupla cabine, em português), também inspirado no Corvette – o C1, de 1953 para ser mais exata. Este conceito é baseado no formato do painel, integrado com o console central que cria ambientes “independentes” para motorista e passageiro. É como se fossem dois ambientes num mesmo interior: o lado do motorista, mais técnico, focado na visibilidade e com os instrumentos à mão, incluindo os comandos do rádio e do piloto au-
O conceito Dual Cockpit também foi inspirado no Corvette
tomático no volante; e o lado do passageiro, onde se destaca o conforto, com amplo espaço para as pernas, e com os porta-objetos e recursos de entretenimento mais próximos. Além das belas linhas, o interior do Chevrolet Malibu conta com acabamento em madeira, revestimento dos bancos em couro, regulagem de altura e profundidade do volante e iluminação em Ice Blue, a mesma encontrada em modelos como o Chevrolet Camaro. Um luxo!
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Sedan completo
Por dento, o Malibu se destaca por seu espaço interno. São nada menos do que 2,85 metros de entre-eixos, o maior da categoria, o que privilegia tanto quem anda na frente quanto os passageiros do banco de trás.
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Por aqui, sua importação, a princípio, está limitada a 200 unidades/mês, e em apenas uma versão, a topo de linha LTZ, que tem preço sugerido de – pasmem! – R$ 89.900,00. Um valor muito competitivo, lembrando que seus principais rivais são o Hyundai
Azera 3.3L (R$ 90.000,00), o Honda Accord 2.0L (R$ 99.800,00), o Toyota Camry 3.5L (R$ 131.000,00) e o Ford Fusion 2.5L (R$ 80.120,00) – sendo este último, o único que não paga os 35% de Imposto de Importação, já que é fabricado no México.
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Nome de um famoso balneário da Califórnia – que certamente você já ouviu falar, quiçá, já conheceu –, o Malibu foi lançado nos Estados Unidos em 1964 e tornou-se um ícone da indústria automotiva, não apenas na terra do Tio Sam, mas em todo o mundo. Agora, 46 anos e sete gerações depois, este sedan de luxo da Chevrolet, finalmente, desembarca no Brasil trazendo na bagagem muitos atributos, (como design, tecnologia embarcada e espaço interno), que prometem fazer o modelo repetir o sucesso de vendas alcançado lá fora.
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