Revista Distribuição gratuita e dirigida - Jun/Jul 2015 - Ano 1 - nº 1
Seu Herval um mestre sem diploma Ele é aquele sujeito trabalhador, de fala mansa e que todo mundo gosta de conversar, pois sempre tem um 'causo' para compartilhar Cristiano Peixoto - pág. 5
Posturas atuais frente à crise ambiental ...a crise ambiental da atualidade ganhou contornos muito nítidos nos anos de 1970. Arthur Soffiati - pág. 3
A gestão urbana e a qualidade ambiental Nos últimos anos têm ocorrido o que nós poderemos chamar de BOOM imobiliário... Luiz de Pinedo - pág. 7
Serra do Itaóca, patrimônio da nossa terra ...a Serra do Itaóca consolida-se como um espaço de convivência apropriado pelos campistas.... Roger Coutinho - pág. 9
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Editorial
Roger Coutinho
E
m meados do século XVI Copérnico escreveu "De revolutionibus orbium coelestium", onde propunha uma nova teoria em contestação ao geocentrismo, onde a terra é que girava em torno do sol (Heliocentrismo). Fato que levou a uma grande contenda entre os cientistas e teólogos de então - que hoje sabemos correta e que levou a uma mudança radical e ao rompimento de um paradigma fortemente enraizado. Atualmente necessitamos de igual ruptura no que tange ao pensamento econômico em voga, pois a grande discussão da nossa época é a ‘economia gira em torno do ambiente ou o ambiente gira em torno da economia?’. Defendemos que não se trata de mudar o foco, mas sim de usar o principio mais básico da economia no trato das questões ambientais: o princípio que os recursos são escassos e as necessidades são infinitas. Por este motivo devemos usá-los com parcimônia, para que nossas necessidades possam continuar a serem satisfeitas. Afinal, se retomarmos a etimologia do termo economia (economia deriva da junção dos termos gregos "oikos" (casa) e "nomos" (costume, lei) resultando em "regras ou administração da casa, do lar) teremos uma ciência que busca gerir a nossa casa, a terra. E este não é um conceito de gestão ambiental, e sim um conceito básico da ciência econômica. Assim, não há motivo para mantermos o conceito paradigmático ambiente versus economia, temos sim é que pacificar os múltiplos interesses humanos e desta forma, realmente, promovermos a sustentabilidade. Ou nas palavras de Ignacy Sachs: "O desenvolvimento sustentável obedece ao duplo imperativo ético da solidariedade com as gerações presentes e futuras, e exige a explicitação de critérios de SUSTENTABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL E DE VIABILIDADE ECONÔMICA. Estritamente falando, apenas as soluções que consideram estes três elementos, isto é, que promovam o crescimento econômico com impactos positivos em termos sociais e ambientais, merecem a denominação de desenvolvimento". Assim, temos o prazer de apresentar-lhes a primeira edição da Revista Informe Ambiental, que em seus artigos apresenta visões diferentes das questões ambientais que nos afetam, mas que certamente se completam. Boa leitura!
Os artigos publicados são de responsabilidade dos autores não traduzindo, necessariamente, a opinião da revista. A reprodução dos artigos, total ou parcial, pode ser feita desde que citada a fonte.
EXPEDIENTE Coordenação & Organização Cristiano Peixoto Maciel Roger Rangel Coutinho
Edição e Revisão
Design e Diagramação
Tiragem
Aucilene Freitas de Souza
Roger Rangel Coutinho
1500 exemplares
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Posturas atuais frente à crise ambiental
Arthur Soffiati
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om seu início datado na Revolução Industrial do século XVIII e se acentuando com a ocidentalização do mundo, a crise ambiental da atualidade ganhou contornos muito nítidos nos anos de 1970. Nessa década, foi promovida a Conferência de Estocolmo, além de várias outras conferências setoriais, o Clube de Roma publicou livros cruciais, as organizações não-governamentais de defesa do ambiente se multiplicaram e uma vigorosa escola de pensamento se definiu. Rudolf Bahro, Ivan Illich, Michel Bosquet, Dominique Simmonet, Laura Conti, René Dumont, Jean-Pierre Dupuy, Herbert Marcuse, Edgar Morin e muitos outros construíram uma crítica política ao que chamavam de civilização industrial. Segundo eles, o gerador da crise ambiental não era apenas o capitalismo, mas também o socialismo. Sua crítica radical propunha também uma outra civilização, em consonância com os limites do planeta. Não se falava então em ambiental e ambientalismo, mas sim em ecologia e ecologismo. As posições ideológicas, políticas e filosóficas eram bem mais claras do que hoje. Podíamos então reconhecer as seguintes posturas: 1- Exponencialismo: concepção típica de liberais e socialistas que continuavam postulando o crescimento exponencial da economia, tanto capitalista quanto socialista. Podemos identificá-la com o desenvolvimentismo. Em síntese, tratava-se do pensamento tradicional, que acredita ser possível um crescimento ilimitado dentro de um sistema limitado. Os problemas ambientais eram minimizados por esta postura, no máximo se afirmando que, se eles existiam, a tecnologia seria capaz de resolvê-los no futuro. Ideologicamente, afirmava-se que urgia resolver a questão social. 2- Compatibilismo: atitude que reconhecia a crise ambiental, mas propunha uma forma de compatibilizar crescimento capitalista ou socialista com a proteção do ambiente. Essa foi a premissa básica que norteou a Conferência de Estocolmo, em 1972, e, de forma mais discreta, o Clube de Roma. 3- Ecologismo: postura crítica radical em relação aos sistemas econômicos e políticos produzidos pela Modernidade. Sua linha mais intransigente era representada pelo Preservacionismo, que desejava a intangibilidade da natureza. O ecologismo propriamente dito construiu um sistema filosófico com duas faces: a do ativismo e a do pensamento, ambas indissociáveis e complementares. Da mesma forma que o movimento de contracultura, o ecologismo perdeu terreno na década de 1980, anos em que a questão ambiental sofreu um processo de despolitização. O marco mais importante desse processo foi a publicação do Relatório Brundtland, com o título de Nosso Futuro Comum. Trabalho patrocinado pela Organização das Nações Unidas, ele propõe um desenvolvimento sustentável. Este conceito perpassou, de ponta a ponta, a Conferência Rio-92. Sustentabilidade consiste em utilizar recursos naturais para promover o desenvolvimento sem comprometer as condições para a vida digna das gerações futuras.
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Este realinhamento permite reconhecer as seguintes tendências: 1- Exponencialismo: se, em termos de discurso, esta postura se encontra meio acuada, nas ações, ela continua comandando a economia mundial. O conceito de sustentabilidade é empregado por ela de forma ideológica. Em certos momentos, o antigo discurso irrompe e volta à tona, como no projeto de reforma do Código Florestal proposto pelo Deputado Federal Aldo Rebelo, do PCdoB-SP. Embora só ele tenha retomado a argumentação exponencialista clássica, a aprovação do projeto pela maioria da Câmara dos Deputados deixou clara a postura. Do debate participaram ativamente os ecologistas e os ecocientistas. 2- Compatibilismo: atitude que ganhou terreno com a proposta do desenvolvimento sustentável, conceito completamente corrompido nos dias de hoje. Ela se norteia como nas suas origens: conciliar crescimento convencional e proteção do ambiente. 3- Justiça ambiental: trata-se de teoria postulada por marxistas que reconheceram a existência objetiva da crise ambiental como fruto do funcionamento do capitalismo e até mesmo do socialismo real. Sua prática se liga a grupos sociais carentes que, em sua existência, padecem de injustiça pela apropriação desigual do ambiente. 4- Ecociência: é constituída por cientistas que decidiram ganhar o espaço externo da academia e das instituições de pesquisa. Tais cientistas se reúnem especialmente em torno da ONU e alimentam os grandes encontros mundiais sobre mudanças climáticas, biodiversidade, florestas tropicais e problemas oceânicos. 5- Ecologismo: embora relacionado ecologismo, com sua proposta de civilização industrial, vem ganhando pesquisas realizadas nos campos das das ciências humanas.
aos anos de 1970, o reforma profunda da novo alento com as ciências da natureza e
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Descrição do Livro: O manguezal é um ecossistema singular. Entre a terra e água, ele é mais encontrado em foz de rios que desembocam no mar, pois se adaptou a teores elevados de salinidade para vegetais. A visão expressa nos escritos deste livro provém de um historiador fora do lugar que dá voz aos ecossistemas e os transforma em agentes de história ao lado de humanos. Assim, os manguezais também têm fala. A venda em: http://autografia.com.br/loja/97/detalhes Você também encontra outras obras do autor no site da Essentia Editora. http://essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/index/search/results
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Seu Herval um Mestre sem diploma
Cristiano Peixoto
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ascido e criado em Gargaú, praia do município de São Francisco do Itabapoana - RJ encontramos o personagem desta história: Seu Herval...Ele é aquele sujeito trabalhador, de fala mansa e que todo mundo gosta de conversar, pois sempre tem um 'causo' para compartilhar. Com uma infância difícil, vivendo do que o manguezal e o rio fornecia, foi crescendo e acreditando que um dia as coisas poderiam melhorar. Com 12 anos saía de casa à meia noite e retornava às 22h, chegando a caminhar cerca de 45km com um saco de caranguejo na cabeça - vendia uma dúzia para um, meia dúzia para outro ou trocava por alimentos para sua família e seguia em frente. Foi remador, com seu pai, nas antigas pranchas, onde remava de Gargaú, passando por São João da Barra, Campos até São Fidélis, levando mantimentos produzidos no sertão (na época o sertão era sanjoanense) e voltava com a embarcação carregada de pedras para ajudar a construir o "espigão" em Atafona. Posteriormente foi ser ajudante de pescador e pescador contratado por amigos. Sempre com uma relação muito intima com o Meio Ambiente. O tempo passou e Seu Herval conseguiu comprar seu barco de pesca e, posteriormente, chegou a possuir 57 barcos ao longo do tempo, peixaria, frigorífico, fábrica de gelo, depósito de gás e outros. Com seu trabalho e de sua família conseguiu prosperar material e financeiramente, mas a relação com ambiente sempre foi muito próxima e de caráter preservacionista. Seu Herval vendo a sujeira e o lixo invadir o manguezal, os canais e rio Paraíba do Sul, sempre agiu para evitar o acúmulo desse material. Por muitos anos fez a limpeza do canal e do Manguezal de Gargaú com recursos próprios - contratou dois funcionários para ajudá-lo a sair de barco recolhendo o lixo jogado pelos moradores da localidade e trazido pelo rio Paraíba do Sul. Outra fonte de emissão de resíduos observada é proveniente dos barcos de pesca que jogam materiais inservíveis no canal, inclusive o óleo de motor - "o óleo de motor é muito prejudicial ao ambiente", nos relata Seu Herval, "chega a matar as plantas, caranguejos e peixes". Há cerca de 8 anos a prefeitura contratou a equipe de Seu Herval para fazer a limpeza de forma oficial - eles retiram as cascas de camarão dos frigoríficos e peixarias diariamente. Este material chega a contabilizar entre 1.500 e 2.000 quilogramas, por dia - e era jogado no canal de Gargaú. Já o Lixo recolhido no canal é constituído de pneus, sacolas plásticas, grande quantidade de madeira, isopor quebrado, restos de redes de pesca, garrafas pet e de vidro, fogão, sofá, armários, entre outros - que podem gerar, por dia, cerca de 250kg. A Esquerda, Seu Herval e Cristiano a direita
A madeira recolhida é doada para padarias com forno a lenha e o resto do material é recolhido pelo caminhão da coleta urbana. Estes resíduos aumentam de quantidade no verão quando a população da praia aumenta. Seu Herval relata que a coleta pública de lixo passa 3 vezes por semana e no verão passa todos os dias. Entretanto, em qualquer período, muitas pessoas, por ignorância, jogam sacolas plásticas e os demais resíduos no canal. Ele enfatiza que algumas pessoas chamam essas criaturas de 'índios', mas "os índios não fazem isso", conclui nosso mestre. Certa vez, esse pescador que nunca frequentou a escola, promoveu uma campanha e, em um dia, recolheu um caminhão de pneus. Pagou do próprio bolso a média de R$1,00, por unidade, para as pessoas que traziam os pneus e gastou R$ 6.000,00 neste evento. "Essa atitude foi necessária, pois a quantidade era muito grande nos canais e nas casas"... Além da poluição, ele estava preocupado com a proliferação de vetores de doenças, como ratos e o mosquito da dengue.
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Durante a 'prosa' ele nos informou outra angústia que vive nos dias de hoje: o desmatamento do manguezal. Conta-nos que o manguezal, berçário da vida marinha, está não somente sendo poluído, mas também desmatado a passos largos. "Eles estão acabando com todo o manguezal, desmatando e aterrando para construir casas, comércios e pastos. Atualmente Gargaú tem mais de 10 áreas sendo aterradas para construir em locais de manguezal". Outro problema é o desmatamento de ilhas - fato que foi coibido pelos órgãos ambientais no passado, mas que vem ganhando força novamente. "A prática consiste em deixar a parte externa do manguezal preservada e desmatar a parte interna, obstruir os canais para a água não circular e plantar o pasto. O gado é levado e retirado de barco". Mais uma vez nosso ator entra em cena: Seu Herval faz o reflorestamento do manguezal em várias partes de Gargaú, contratando ajudantes com recursos próprios. Eles espalham sementes e plantas jovens em áreas degradadas, mas em alguns locais vendedores de lotes e a população retiram as plantas jovens. Ele, também, cuida dos caranguejos. Quando os catadores capturam os menores em armadilhas, Seu Herval resgata nas casas dos catadores e devolve ao mangue, principalmente em áreas replantadas - antes esses caranguejos eram sacrificados e jogados fora por não possuir valor comercial. Outro fato informado é sobre o esgoto doméstico que não é tratado e a maior parte é lançada no manguezal ou no canal diretamente. Essa atividade é grave, pois pode contaminar o ambiente, os pescadores e catadores que estão em contato direto com a água e a lama, os caranguejos, peixes e a população que consome esse pescado. Entre as doenças possíveis estão verminoses, dermatites, infecção intestinal, hepatite e outras. Na maré baixa é possível ver as tubulações lançando efluente direto para o canal e para o mangue. "A prefeitura disponibiliza um caminhão limpa fossa para recolher o esgoto de fossas, mas precisa de uma campanha com os moradores para mudar essa prática", relata Seu Herval. Nosso mestre sem diploma lembra que já chegou a comprar e pescar 50 toneladas de peruá grande em um dia e hoje esse peixe está cada vez mais raro. E quando é pescado, o tamanho quase não compensa para vender. São muitos barcos pescando e a modalidade de pesca mudou, captura mais peixes e diminui o estoque no mar. Fato semelhante acontece com o camarão que também vem diminuindo segundo Seu Herval. Ele lembra que dentro do canal do centro de Gargaú era possível tomar banho e pescar, pois o fundo era de areia e água era limpa - o que permitia arrastar redes e pescar camarão e peixes de varias espécies. Lembra, ainda, de um tipo pequeno de camarão de água doce que não existe mais, pois o fundo do canal agora é de lama e tem muito esgoto. Contudo, esse guerreiro não desanima de tentar incentivar outras pessoas a continuar seu trabalho em defesa deste ecossistema tão importante para a vida marinha e de todas as espécies, inclusive do bicho homem. Passa seu conhecimento para estudantes e pesquisadores das instituições de ensino e pesquisa da região e de outras partes. E participa, ativamente, das pesquisas desenvolvidas em Gargaú. Assim é Seu Herval: um homem que nunca frequentou um banco de escola, que planta mangue, recolhe os caranguejos que seriam descartados e solta no ambiente, retira lixo e resto de pescado do canal e do manguezal, promove eventos para sensibilizar a comunidade, faz investimento do próprio bolso para cuidar do ambiente e que possui como animal de estimação uma Garça chamada Jaqueline - cujos filhotes que vivem no mangue e costumam vir comer peixes na mão. Basta seu Herval assobiar e chamar por Jaqueline que ela voa até ele e depois voa livre para contemplar o seu habitat defendido por seu amigo. A equipe da Informe Ambiental, juntamente com Seu Herval e outros parceiros, está organizando uma reedição desta campanha com novidades. Em breve, aguardem.
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A gestão urbana e a qualidade ambiental
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Luiz de Pinedo
os últimos anos têm ocorrido o que nós poderemos chamar de ‘BOOM’ imobiliário resultante dos fortes investimentos do Programa Habitacional Minha Casa Minha Vida I , II e III e dos fortes investimentos que o governo federal fez através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) I e II.
Desde a segunda metade da década de 80, do séc XX, ocorreu um forte desaquecimento da produção imobiliária em função da crise econômica, pela alta dos juros internacionais e os custos dos empréstimos, que provocou o crescimento da sub-habitação nas suas várias formas existentes, como favelas, cortiços, ocupações e loteamentos irregulares. Durante mais de vinte anos tivemos uma queda significativa na produção de imóveis para as faixas de renda abaixo de 10 salários mínimos. Para quem não é especialista, para entender o mercado imobiliário e como ele se estrutura, temos de olhar com atenção as faixas de renda - para o mercado formal a família tem que ter uma renda superior a 10 salários mínimos. Se ela estivesse abaixo desta faixa, não existia para o mercado. Os movimentos sociais ligados a habitação lutaram para que os setores excluídos do mercado pudessem ter acesso a um direito fundamental: uma habitação digna. Assim, os movimentos sociais conseguiram grandes vitórias ao incluir recursos significativos para a produção de habitação social para os segmentos que recebem de até 6 salários mínimos. Assim, estamos tendo um dos maiores programas habitacionais desde 1980 - o Programa Minha Casa, Minha Vida. A expansão da sub-habitação geralmente ocorre com a ocupação de áreas urbanas de forma precária, sem infraestruturas urbanas, como saneamento, sistema de drenagem, coleta de lixo e outros. Assim, depois de várias décadas, conseguimos inverter a expansão deste ciclo de crescimento das favelas, cortiços e ocupações irregulares. Com a retomada de fortes investimentos na produção de habitação, na maioria das cidades de porte médio e metrópoles ocorre a demanda por áreas de expansão urbana que, geralmente, são setores próximos do perímetro urbano. Esta produção imobiliária nestas áreas de expansão urbana deveria ter como referência um plano de ordenamento setorial que levasse em consideração a infraestrutura viária existente - sua capacidade de comportar o volume de veículos que serão gerados, as demandas de saneamento como aumento de abastecimento de água e tratamento de esgoto, o grau de impermeabilização do solo (que vai aumentar o volume de água superficial), a necessidade de espaços livres e áreas verdes, assim como deveri respeitar as linhas de drenagem naturais.
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O que observamos é que a produção desses conjuntos habitacionais horizontais e verticais forma grandes barreiras físicas que não conversam com a cidade existente, obrigando, no processo de expansão de novas áreas, a fragmentação da estrutura urbana e a não continuidade de vias arteriais e coletoras que se conectam com os setores consolidados da cidade. No caso especifico de Campos dos Goytacazes vamos notar que, para uma cidade com uma população de cerca de 500 mil habitantes, existem poucos parques municipais que façam um papel de compensação em função das grandes áreas construídas e adensadas. Vamos encontrar, também, uma baixa arborização urbana que provoca junto com a impermeabilização do solo a desertificação florística da cidade. A cidade contemporânea, desde o final do século XIX, com a consolidação do modo de produção capitalista, funciona como um organismo sistêmico que, com o aumento populacional, provoca uma demanda por espaços modificados pelo homem. Essa expansão e crescimento provocaram uma deterioração das áreas ocupadas nesse processo. A necessidade de um plano que organize esse conflito entre a expansão por novas áreas, de forma especulativa, e as demandas por uma qualidade ambiental urbana, passa a ser prioridade na agenda da gestão urbana das cidades em expansão. A agenda pela qualidade ambiental urbana se materializa através de um plano setorial que procure organizar as demandas por espaços verdes, parques, respeitando a estruturas ambientais existentes como nascentes, córregos, riachos, canais, rios e a cobertura vegetal existente. A prioridade para garantirmos que a ocupação de novas áreas Campos dos Goytacazes - Fonte: http://www.robertomoraes.com.br não gerem conflitos ambientais como enchentes, ilhas de calor, aumentos das barreiras urbanas, congestionamentos, geração de resíduos e poluição, é colocar a gestão urbana de plano setorial que promova a expansão urbana e o desenvolvimento sustentável. O plano setorial de expansão urbana deve anteceder a aprovação de projetos de grandes empreendimentos residenciais e industriais, para que os custos econômicos, sociais e ambientais não inviabilizem a melhoria da qualidade ambiental urbana. Assim, se por um lado avançamos em possibilitar que parcelas importantes da população, que estavam excluídas do mercado formal, possam ter acesso a uma habitação digna, isto não significa que o crescimento das cidades esqueçam que a terra urbana é um bem que não se reproduz quando damos um uso inadequado; pois os custos socioambientais são enormes e irreversíveis.
Quer mais? Veja outros trabalhos do autor. http://www.scielo.br/pdf/ea/v17n47/a11v1747.pdf http://www.essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/boletim/search/results http://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/1355/382 http://www.agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=4040
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VOCÊ CONHECE A SERRA DO ITAÓCA
Roger Coutinho
Muitos estudos e prognósticos, que geraram artigos científicos, já mostraram que a diversidade ecológica na Serra do Itaóca ainda é digna de um esforço mútuo para sua conservação.
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Serra ou Morro do Itaóca, assim conhecido(a) pelos campistas, é um dos pontos mais altos da planície goitacá e mais próximo à área urbana da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ, com cerca de 400 metros de altura, guardando uma paisagem muito rica e exuberante pelo seu remanescente contínuo de mata atlântica, seus costões rochosos e sua diversidade faunística plural. Além disso, a Serra do Itaóca é um dos mais atrativos pontos turísticos da região, muito procurado pelos amantes do montbike, do parapente, das trilhas, do montanhismo e também por aqueles que eternizam as paisagens em fotos. Oferece ainda, de seu topo, uma vista privilegiada da cidade de Campos dos Goytacazes, da Lagoa de Cima, da região do Imbé e da Lagoa Feia, descortinando a rica e diversa paisagem do quaternário geológico da região amplamente divulgada por Alberto Ribeiro Lamego em suas obras. Não distante, a região da Serra do Itaóca se destaca, também, por sua importância econômica e social, isto devido às inúmeras atividades extrativas, agrícolas e agropecuárias, geralmente no seu entorno, gerando riquezas para a região, às pequenas e grandes propriedades, às famílias e às empresas que lá exploram desde o granito abundante, à criação e manejo de bovinos e equinos.
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A diversidade ecológica na Serra do Itaóca já foi alvo de inúmeros pesquisadores das diversas universidades da região e de outras localidades do Brasil. Muitos estudos e prognósticos, que geraram artigos científicos, já mostraram que a diversidade ecológica na Serra do Itaóca ainda é digna de um esforço mútuo para sua conservação, aliando usos múltiplos de baixo impacto à sustentação de nichos ecológicos, da cadeia alimentar e do banco genético local. Dentre as espécies de mata atlântica preservada e inventariadas no local, podemos destacar a aroeira, a pindoba, o jerivá, o urucum, a carqueja, as bromélias, os cactos, as sapucaias, o roxinho, o jacarandá, o monjolo, o angico, o maricá, entre outros. Já a variedade de fauna também impressiona. Dentre eles menciona-se o carcará, o anu-preto, o quero-quero, a rolinha-roxa, o gavião quiri-quiri, o pica-pau, a coruja, o João-de-barro, o bem-te-vi, o sabiá, o sanhaçu, o coleiro, o tiziu, o gaturamo, o lagarto teiú, o calango, a jibóia, a cobra verde, a caninana, a cuíca e outros roedores como gambás etc. Assim, em 27 de setembro de 2013 foi sancionada a Lei nº 8.424 que criou a APA WALDEIR GONÇALVES - SERRA DO ITAÓCA, de autoria do Vereador Paulo César Ginásio, que nos informou que a ideia de criação da unidade de conservação partiu da demanda apresentada por um grupo de praticantes de esportes radicais, liderados pelo atual presidente do Clube de Voo Livre de Campos, Cesar Macedo, que como ele acredita que garantir a conservação das nossas riquezas para as gerações futuras é muito mais que uma ideologia, é um dever inalienável para com nossos filhos, com as futuras gerações. Atualmente a Serra do Itaóca consolidaCésar Macedo, amigos e equipe do Jeep Clube de Campos se como um espaço de convivência dos campistas, sendo frequentado por todos, de religiosos que buscam a paz e sossego da natureza, a esportista em busca de emoções fortes e adrenalina, e apaixonados pela natureza que como este que vos escreve e não cansa de fotografar suas paisagens. Nos dias 6 e 7 de Junho deste anos foi realizada a 1º etapa da Copa Rio de Voo Livre. O evento teve o apoio da Prefeitura Municipal de Campos, de diversas empresas, e do Jeep Club de Campos, que atuou durante os dois dias do evento, conduzindo com segurança os visitantes aos 400 metros de altura no topo das terras Goytacazes. Particularmente acredito que este processo de apropriação como bem comum, mais que qualquer lei ou ato regulatório do poder público, será capaz de garantir a preservação desde local impar das terras goytacazes, tornando esta grande casa de pedra, o lar de todos os campistas e outros amantes da natureza, que como lar passa a ser cuidado por todos.
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