Reciclagem Moderna

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EDIÇÃO Nº 44

www.revistareciclagem.com.br A Revista Reciclagem Moderna é uma publicação da ECOBRASIL Editora e Eventos Ltda. dirigida aos comerciantes (sucateiros, aparistas), geradores e processadores/consumidores dos mais diversos tipos de materiais recicláveis, consumidores de matérias-primas secundárias (recicladas), prestadores de serviços, fabricantes de equipamentos e demais pessoas-chave ligadas de forma profissional à indústria da reciclagem e de resíduos sólidos em geral.

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RECICLAGEM MODERNA

índice

22 CAPA De 19 a 21 de agosto, a cidade de São Paulo recebe o maior evento do mercado de meio ambiente da América Latina, formado pelas feiras Exposucata, Expolixo, MercoApara, Mercohydro,

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08 NOTAS Diretor EXECUTIVO Adriano Assi

Comercial

FABIO OLIVEIRA MAYARA MALAVAZZI tony barbosa

Redação

Editor-chefe Sergio Vieira | MTb 27462 redacao@revistareciclagem.com.br Repórter Leandro Silva Colaborou nesta edição: (Texto) Rogério Queiroz

ReVISÃO

Hebe Ester Lucas

Arte

Estúdio de Arte e Produção Pcostamarcondes

ADMINISTRAÇÃO

Gerente administrativo/financeiro VICENTE ASSI

DISTRIBUIÇÃO

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MATRIZ / HEADQUARTERS Av. Vereador José Diniz, 3651, 11º andar, Campo Belo, São Paulo, SP, BRASIL, 04603-003 +55 11 5535.6695 atendimento@ecobrasil.com.br ESCRITÓRIO INTERNACIONAL DE VENDAS / INTERNATIONAL SALES OFFICE 201 S Byscayne Blvd, Suite 1200 Miami, FL, USA, 33131 +1 786 300.3734 sales@ecobrasil.com.br Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da editora. As imagens não creditadas foram cedidas pelas produtoras e/ ou assessorias para divulgação. As opiniões expressas em artigos assinados não são necessariamente as adotadas pela Revista Reciclagem Moderna.

14 ENTREVISTA Gilson Bertozzo, presidente do Sindisider.

16 GESTÃO E NEGÓCIOS Fase P7 do Proconve completa 2 anos.

20 entrevista Pedro Vilas Boas, consultor da Anap.

32 FERROSOS Setor aposta em exportação.

34 papel Junho termina com queda de preços e redução de volume.

38 cobre Metal não-ferroso tem futuro indefinido.

40 plástico Aparistas depositam esperanças no segundo semestre.

44 Alumínio Negociações não dependem apenas da LME.

46 Aço Inox Depois de paralisação, mercado volta com força em 2014.

49 indicadores

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setorial |

FERROSOS

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Rogério Queiroz

Em busca de caminhos alternativos Exportação de sucatas é aposta do setor para evitar queda do preço sugerido pelas siderúrgicas

O fraco

desempenho da siderurgia brasileira em 2014 tem estimulado o setor de sucatas a exportar parte da produção. Para empresários da área, além de ser uma alternativa rentável, a medida provoca estabilidade dos preços no mercado interno, pois as grandes siderúrgicas são obrigadas a propor valores similares aos oferecidos pelos importadores. Para Marcelo Gonzalez, sócio-proprietário do Depósito Ibérico, empresa de Santos, no litoral paulista, que trabalha com metais ferrosos e não ferrosos, o mercado de sucatas vive momento delicado. “As grandes siderúrgicas estão bem abastecidas de sucata e com estoque de material pronto. Isso impede o crescimento de toda a cadeia produtiva. Com a exportação, é possível escoar parte da produção e manter a estabilidade dos preços.”

Números da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, confirmam o ritmo de elevação das exportações de sucata ferrosa. No acumulado do primeiro semestre de 2013, por exemplo, foram exportadas 217,3 mil toneladas; o mesmo período de 2014 registrou aumento de 3,1 mil toneladas, atingindo 220,4. Em 2012, o total exportado foi de 187,7 mil toneladas. Quem exporta também tem a vantagem de produzir e vender durante o ano todo, na opinião de Gonzalez. “No final do ano, momento em que o sucateiro mais precisa produzir para pagar as despesas anuais, as siderúrgicas nacionais desaceleram a produção. Já os países importadores, principalmente China e Índia, aumentam a demanda por materiais”, argumenta. Ao vislumbrar perspectivas para o mercado no segundo se-


Exportação de sucata ferrosa (Em ton.) Fonte: SECEX

mestre, o proprietário do Depósito Ibérico afirma: “Tudo depende das políticas de governo, principalmente da taxa básica de juros”. Carlos Alberto da Silva, sócio-proprietário da CJ Sucatas, empresa com sede na capital paulista especializada em sucata de ferro, explica como o mercado externo contribui para equilibrar os preços. “O volume de exportação do Brasil não chega a 5% da movimentação interna. No entanto, essa sucata exportada é muito utilizada pela siderúrgica nacional por ser de baixo custo”, disse. Para Silva, as usinas perceberam que se reduzirem o preço oferecido aos depósitos, o mercado internacional absorverá a produção. “Caso isso aconteça, elas ficarão sem material e, como consequência, terão de aumentar o custo de produção.” Outro fator importante que ajuda na manutenção dos preços é a baixa na geração interna de sucata. Alguns depósitos calculam a queda em até 50% no volume de material gerado no País. Luís Miguel Martins, proprietário da Transmetais Comércio de Sucatas, empresa com sede em Limeira (SP) que trabalha com materiais ferrosos e não ferrosos, avalia que o mercado está mais conservador, na comparação com 2013. “Muitos proprietários estão receosos em investir e contratar pessoal.” Ele confirma que há escassez de material, mas, em sua opinião, o preço da sucata está baixo. Siderúrgicas De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Aço Brasil, a produção de aço bruto encerrou junho com queda de 4,9% na comparação com o mesmo período de 2013. Com aços laminados, a situação é parecida: redução de 16,4%. No acumulado do ano, a produção de aço bruto chegou a 16,7 milhões de toneladas, e a de laminado, 12,5 milhões, um recuo de 1,5% e 4,5%, respectivamente, sobre os resultados de 2013. O desempenho negativo se reflete na comercialização dos produtos siderúrgicos tanto para o mercado nacional quanto para outros países. Com o índice de maio, a siderurgia somou 9,2 milhões de toneladas em vendas internas, queda de 2%, e as exportações chegaram a 3,2 milhões de toneladas, o que representa redução de 18% em volume, na comparação com o ano passado. |||

Janeiro a Junho 2014

220,4 mil Janeiro a Junho 2013

217,3 mil

Janeiro a Junho 2012

187,7 mil

A produção de aço bruto encerrou junho com queda de 4,9% na comparação com igual período de 2013. Com laminados, a redução total foi de 16,4%.

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papel

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Redação

Copa jogou contra o setor de aparas Atípico para o setor, junho termina com queda de preços e redução do volume de materiais

O otimismo

que tomou conta do mercado de reciclagem no início do ano, principalmente pela perspectiva de oportunidades de negócios gerados com a Copa do Mundo, deu lugar ao sentimento de frustração com o fim do Mundial. Ao contrário do que previam os aparistas, o momento é de queda nos preços e redução de volume para a produção de alguns materiais. Há quem afirme que a Copa jogou contra o crescimento do setor em junho. “Prevíamos aumento na geração de material publicitário e maior volume de material comercializado, e, por consequência, setor mais aquecido. No entanto, aconteceu exatamente o contrário. A economia está encolhendo, a produção gráfica está bem menor e nosso volume de materiais registrou queda de aproxi-

madamente 20% nos últimos dois meses”, afirma José Roberto Giovanoni Junior, sócio-proprietário da Aparas Giovanoni, empresa da capital paulista que trabalha com papel da linha branca 1, 2 e 3, papelão 2 e papel-cartão. Para ele, junho não teve grandes mudanças, na comparação com o mesmo período de 2013. Sobre o final do ano, Junior reconhece que, embora o segundo semestre tradicionalmente seja melhor, é difícil ter grandes perspectivas, pois a produção industrial está regredindo. “Dependemos da economia aquecida para gerar resíduos, vender material novo e aumentar o faturamento. No entanto, não acreditamos em melhora. O desafio para os próximos meses é manter a média de compra de materiais”, projeta. O temor quanto ao futuro da economia


ganha força com os números da produção industrial, divulgados em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com base nos resultados de maio, a produção caiu em sete dos 14 locais pesquisados, na comparação com abril, levando a média nacional a uma queda de 0,6%. Amazonas (–9,7%), Pernambuco, (–0,2%), Bahia (–6,8%), Espírito Santo (–1,4%), Rio de Janeiro (–1,6%), Rio Grande do Sul (–1 %) e a Região Nordeste (–4,5%) apresentaram desaquecimento da produção industrial e puxaram o índice nacional para baixo. No acumulado de janeiro a maio deste ano, o recuo já chega a 1,6%, ante resultados do mesmo período de 2013. Ao somar o desempenho dos últimos 12 meses, a situação permanece praticamente estável, com aumento de apenas 0,2%. Na origem do fraco desempenho dos cinco primeiros meses de 2014, a pesquisa aponta queda na fabricação de bens de capital, como caminhão-trator para reboque, ca-

minhões e veículos para transporte de mercadorias; bens intermediários, como autopeças, produtos têxteis, siderúrgicos, metal, petroquímicos, produtos agrícolas; e bens de consumo duráveis, como automóveis, eletrodomésticos e móveis. Glauco Wagner Barão, gerente administrativo da Barão Papéis, empresa de Campinas (SP), sabe o quanto o desempenho negativo da cadeia produtiva brasileira tem afetado os negócios. Por trabalhar principalmente com aparas de ondulado 1 pós-consumo, provenientes da indústria automobilística, eletroeletrônica e de tintas, setores afetados pela retração industrial, ele diz sentir com mais intensidade os efeitos negativos e a consequente redução do volume de material. “A Copa contribuiu para a baixa geração do volume de aparas, pois a indústria metalúrgica acaba reduzindo a produção por causa de férias coletivas e dispensa funcionários mais cedo em dias de jogos. Então, você acaba

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Setorial Papel

A produção de celulose de janeiro a maio foi de 6,5 milhões de toneladas, aumento de 5,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O segmento de papel manteve estabilidade nos cinco primeiros meses, com 4,3 milhões de toneladas, alta de 0,7%.

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não tendo o consumo de mercadorias e, sem tintas. “A dificuldade está na linha do papel consumo, não há geração dos resíduos de pamarrom: papelão, mista e ondulado 2, que pel”, comenta. Ao observar os preços, ele afirapresentam instabilidade nos preços. Já na lima: “De junho para julho, o valor da tonelanha do papel branco, há falta de material. Não gem do papel ondulado 1 recuou 7% aproxitenho do que reclamar”, afirma. Santos não esmadamente. A variação de preços é considerapera crescimento para 2014, e diz ter como da normal pelo mercado, mas a deste ano foi pretensão baratear custos da produção. mais acentuada”. Número do setor Barão faz uma ressalva: “As regiões que De acordo com boletim da Indústria receberam jogos da Copa registraram aumento Brasileira de Árvores (Ibá), divulgado em juna atividade de papel, principalmente os da linho, a produção de celunha branca”. Apesar das lose de janeiro a maio foi dificuldades do mercado, de 6,5 milhões de tonelaele prevê crescimento de das, aumento de 5,6% 14%; porém, inferior ao “De junho para julho, em relação ao mesmo pepatamar de 35% estipulao valor da tonelada ríodo do ano passado. Já do no início do ano. A prodo papel ondulado o desempenho do segjeção se mantém porque a mento de papel manteveempresa investiu nos últi1 recuou -se praticamente estável mos dois anos em logística aproximadamente nos cinco primeiros meses e tecnologia. Ele também de 2014, com 4,3 milhões acredita na possibilidade 7%” de toneladas, alta de de o valor do papel voltar 0,7%, na comparação a subir entre o final de jucom 2013. lho e agosto. A Ibá, entidade recém-criada, represenRoberto Santos, proprietário da Fidelta os segmentos de painéis de madeira, pisos pel, empresa de Guarulhos (SP), também conlaminados, celulose, papel, florestas energéticorda que a Copa não trouxe grandes mudancas, produtores independentes de árvores ças para o mercado. Por trabalhar com diversos plantadas e investidores institucionais. Ao tipos de materiais da linha branca 1, 2, 3, 4, todo, são 62 empresas e oito entidades estamista, revista, jornal, ondulado 1 e 2, tem a duais associadas. ||| possibilidade de perceber duas realidades dis-

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COBRE

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Rogério Queiroz

Futuro indefinido Mercado passa por instabilidade e queda na demanda

O clima é de incertezas para quem trabalha com cobre. A baixa demanda das fundições, a oscilação do preço no mercado internacional, queda na cotação do dólar, realização da Copa do Mundo e as eleições de outubro são os principais fatores apontados por pessoas do setor para explicar o atual momento. A retração no mercado já dá sinais de que o segundo semestre será difícil e de poucas expectativas. É o que pensa, por exemplo, Fábio Medina Alberto, diretor-administrador da GSM Metais, de São José dos Pinhais (PR). Ele lembra que o mercado permaneceu aquecido durante todo o ano de 2013 e continuou no primeiro trimestre de 2014, mas a situação começou a se inverter no segundo trimestre. “Imaginávamos que este ano seria difícil. Ano passado, as indústrias procuravam cobre, mas agora não há pedidos. A construção civil está parada e o setor automobilístico promove férias coletivas. Como sobra material, a tendência é que os estoques fiquem cada vez mais cheios”, prevê. Alberto diz que o panorama permanecerá inalterado até as eleições, e será preciso ter bastante

cautela para encerrar o ano. Dados divulgados pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) coincidem com as declarações do diretor da GSM Metais. Em junho, a produção de veículos 0 km registrou queda de 23,3% na comparação com maio. No acumulado do ano, a redução chega a 16,8%, ante o primeiro semestre de 2013. Olhar para o mercado externo seria uma saída, mas de acordo com Alberto, a cotação da moeda americana é desfavorável. “Eu não exporto porque o dólar está muito baixo, em torno de R$ 2,20. Quando estava a R$ 2,40, R$ 2,50, oferecia preços bem melhores que o mercado interno”, lamenta. Outro a compartilhar o sentimento de descrença no mercado é Geraldo Silva Neto, proprietário da Real Reciclagem, empresa com sede em Fortaleza (CE). Ele também afirma que a procura pelo material caiu na comparação com o mesmo período do ano passado, e atribui à Copa do Mundo o desempenho ruim. “Junho foi um mês fraco, pois as expectativas eram apenas para o evento. Após a Copa,


Desempenho do cobre (US$/ton.) Fonte: LME

vem eleição e acho que vai ficar no mesmo patamar de hoje. Sinceramente, não tenho expectativa de melhora para este ano.” Como característica do mercado regional, Neto lembra que grande parte da produção do cobre nordestino é comercializada no Sul e Sudeste, e o frete mais os impostos encarecem a produção. Na contramão está a Mundo dos Metais, de Belo Horizonte (MG). Apesar de também sentir as instabilidades do mercado e ser mais uma a apontar a Copa do Mundo como a causa mais provável para o desempenho ruim de junho, Cláudia Leite, gerente comercial da empresa, fala em recuperação para o segundo semestre. “As fundições diminuíram as cotas de material. Imagino que isso tenha acontecido por receio do que seria o pós-Copa. Com o fim do evento, o ano começa agora e o mercado vai acelerar.” Além de comercializar cobre, a Mundo dos Metais também trabalha com materiais não ferrosos, e investiu recentemente em caminhões para ampliar a coleta e a entrega de cobre, e comprou um silo para aumentar a produção de alumínio. Preço A cotação da tonelada do cobre na Bolsa de Metais de Londres (LME) começou 2014 a US$ 7,4 mil e atingiu a pior cotação do ano no final de março, quando ficou próxima de US$ 6,4 mil. A partir de abril, iniciou movimento de alta e fechou maio próximo a US$ 7 mil. Em junho voltou a cair, chegando a US$ 6,6 mil, com retomada da eleva-

Exportação de sucata cobre acumulado (Em mil toneladas) Fonte: Secex

(Ano)

14

(Ano)

4,9

(1º Semestre)

5,1

2012 2013 2014

ção já na segunda semana. No começo de julho, as altas se mantiveram, com patamares próximos a US$ 7,2 mil. |||

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plástico

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Rogério Queiroz

Esperanças para o segundo semestre Apesar do ambiente negativo, números do setor de plásticos mostram avanço

A

combinação de alguns indicadores econômicos desfavoráveis afetou em cheio o desempenho do mercado de plásticos, principalmente no final do primeiro semestre. Com queda na produção e nos preços oferecidos pelas aparas, empresários começam a prever dificuldades nos próximos meses e perspectivas negativas sobre os resultados de 2014. Alceu Lorenzon, proprietário da Alcaplas, de Xanxerê (SC), se diz pessimista com o desempenho do mercado. Segundo ele, 2014 começou aquecido, mas o panorama mudou a partir de maio, e acentuou-se com a chegada da Copa do Mundo. “Boa parte das indústrias suspendeu pedidos nos meses de junho e julho”, observa. Ele afirma que nos últimos 12 meses, os custos da matéria-prima subiram 20%, e houve redução da oferta de resíduos. Há 14 anos no mercado, a Alcaplas trabalha com polipropileno, poliestireno, polietileno de alta e baixa densidade, ABS e também revende PET. Para os próximos meses, ele não vê perspectivas de crescimento. “Como somos for-

necedores de materiais, também sofreremos com a baixa produção industrial, prevista com o início do processo eleitoral.” O temor de Lorenzon se justifica, principalmente ao se analisar a participação industrial nas riquezas do País. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,2% nos três primeiros meses do ano, na comparação com o último trimestre de 2013. A indústria foi a principal responsável, pois apresentou o pior resultado: queda de 0,8%, e puxou o índice nacional para baixo. Em compensação, agropecuária e serviços cresceram 3,6% e 0,4%, respectivamente. O baixo crescimento do PIB coincide com o pensamento de Rodrigo Faria, sócio-proprietário da Faria Plásticos, empresa de Duque de Caxias (RJ) que trabalha com aparas de PET, polietileno, polipropileno e PVC. “O desaquecimento econômico tem afetado o desempenho do mercado.” Ele vai além. “Não vejo cenário muito bom nem este ano nem no ano que vem”, apon-


ta. Faria não pensa em investir nos próximos meses. Gleber Soeth, proprietário da Soplast, empresa de Braço do Norte (SC), também sente que o mercado está mais cauteloso. “Na comparação com o ano passado, eu acredito que piorou. A Copa, o ano eleitoral e o período de chuvas na minha região influenciaram o mercado local. Deveríamos estar numa época melhor”, comenta. Para agregar mais valor às aparas que produz, a empresa comprou uma extrusora em 2014 e passou a produzir conduítes. Embora o momento seja desfavorável, alguns indicadores ligados diretamente ao setor de plásticos mostram avanço na área. Recente levantamento divulgado pela Plastivida sobre a Indústria Brasileira de Reciclagem Mecânica de Plástico (IRPM) mostra que o faturamento das empresas pesquisadas em 2012 aumentou 4,3% em relação a 2011, atingindo R$ 2,5 bilhões. Já a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief) indica que, desde 2006, o setor de embalagens plásticas cresce, em média, 3,6% em volume e 6,8% em faturamento. Em 2013, o setor cresceu 3,5% em volume e 14% em faturamento, e espera repetir altas similares em 2014. Outro dado interessante é da Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas (Adirplast). Segundo a entidade, a resina importada diminuiu o seu espaço em 2013

Recente levantamento divulgado pela Plastivida sobre a indústria Brasileira de Reciclagem Mecânica de Plástico (IRPM) mostra que o faturamento das empresas pesquisadas em 2012 aumentou 4,3% em relação a 2011, atingindo R$ 2,5 bilhões.

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Resina importada perde participação no Brasil (Dados se referem a ditribuição da resina plástica e não do setor de transformados) Fonte: MaxiQuim/ADIRPLAST

Setorial Plástico

Na opinião de empresários e economistas, como possíveis causas para a perda de Resina importada

competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional estão o avanço dos produtos importados, a crise econômica argentina, o custo do crédito elevado e o valor da energia.

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em pelo menos 4,3% em relação ao ano anterior. Na distribuição, a resina importada representa hoje 13,8%. Queixa do setor de transformação Parte das empresas do setor de transformação de plástico consomem os três produtos citados anteriormente: reciclado, resina virgem e importada. Para as empresas desse segmento, o primeiro trimestre registrou saldo negativo de R$ 678 milhões, 13% a menos na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados fazem parte do boletim econômico Econoplast, divulgado em julho pela Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast). De janeiro a março, as importações brasileiras de transformados plásticos somaram US$ 977 milhões e as exportações atingiram US$ 299 milhões. Como possíveis causas para a perda da competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional, na opinião de empresários e economistas, estão o avanço dos produtos importados no mercado brasileiro, a crise econômica argentina, principal destino dos produtos plásticos brasileiros, o custo do crédito mais elevado no Brasil do que em outros países e o valor da energia elétrica. Em 2013, a balança comercial da indústria brasileira de transformação de plástico registrou déficit de US$ 2,45 bilhões. Origem da escassez A escassez de fornecimento de aparas

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Resina nacional

para reciclar continua como um fato cada vez mais evidente no setor. Já relatado pela Reciclagem Moderna em edições anteriores, aparistas tentam adivinhar qual é a origem do problema. “O fechamento de diversos lixões no Rio de Janeiro e em São Paulo talvez tenha contribuído para a queda de fornecimento de aparas plásticas pós-consumo no mercado. Hoje, com locais de destinação final de resíduos, os aterros sanitários, todo o material é enterrado”, avalia o sócio-proprietário da Faria Plásticos. Em 2012, o governo do Estado do Rio de Janeiro desativou o Aterro Sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias. Após 34 anos de atividade, o local recebia, diariamente, 9,5 mil toneladas de resíduos enviados da capital fluminense. Os resíduos passarão a ser encaminhados à Central de Tratamento de Resíduos, no município carioca de Seropédica. De acordo com Faria, os estados do Norte e Nordeste passaram a fornecer material para abastecer os aparistas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Já o proprietário da Alcaplas informou que está buscando material nos Estados do Pará e de Mato Grosso. Em sua opinião, apenas com o aumento da coleta seletiva será possível aumentar a oferta de material plástico no mercado. Em 2013, a Alcaplas investiu R$ 2 milhões em infraestrutura apostando na ampliação de mercado diante das obrigações da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Agora, a empresa informa que estará mais cautelosa quanto aos próximos investimentos. |||


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