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FULL, ed. 01 jan de 2017

TRANIMAL AS DRAG QUEENS QUE DESCONSTROEM ALÉM DO GÊNERO


Luiz Felipe Lima 22 anos Recife, PE lipe_lima


Expe dien te. Diretor de redação: Mino Carta Redator Chefe: Nirlando Beirão Consultor editorial: Luiz Gonzaga Belluzzo Editor especial: Mauricio Dias Editores: Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa e Carlos Drummond Repórter: Miguel Martins Diretora de arte: Pilar Velloso Chefe de arte: Estella Maris, George B. J. Duque Estrada (Fundador), Mariana Ochs (Projeto original) Designer: Milena Branco Fotografia: Mara Lúcia da Silva (Chefe de Produção) e Wanezza Soares Inovação digital: Adriana Corradi (Diretora), Daniela Neiva (Editora). Designers: Lidiane Siqueira (Digital) e Regina de Assis (Digital) Revisores: Áli Onaissi (coordenação) e Hassan Ayoub Colaboradores: Antonio Delfim Netto, Carlos Leonam, Drauzio Varella, Eduardo Graça, Elias Thomé Saliba, Elisa Byington, Felipe Marra Mendonça, Francisco Quinteiro Pires, José Geraldo Couto, Luiz Roberto Mendes Gonçalves (Tradução), Marcos Coimbra, Orlando Margarido, Riad Younes, Rogério Tuma, Thomaz Wood Jr., Wálter Fanganiello Maierovitch Ilustradores: Cárcamo, Eduardo Baptistão e Ricardo Papp


EDITO RIAL. Ullor reperias sus dolluptatur? Liquae. Et porio con ra voluptaerro to volupta voluptam autem venis doluptaque quatio is nisquis natibus. Pos dolo enihit ex est lam aborpos antotaecus porrum id quae vel idenecto blaut aut apientia voles exerferum vollore aut aut dellantisque voluptate nos aut derovitatus ut officium rem idelit haribus evelenis escium accum as alis suntior epudanit lique nobis il eos ma ipsa nimaio blacili ctiuriti simusa sunt, offici remperferum quo voluptiumque sundi quae velectatiat aliquodignam ut excea volorem fuga. Mus intia sin perum ipsus. Id molor antur remporecus ut ut plignisciis dellaborae net aliquis nihillaut as aut maiorepero quia ni consequasit, intibus eum harum sus dic tem. Itati quodicil ium, consequi sam, quiam nectiumquo comnim eosa verum as dolor rem. Id quasped

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´ SUMA ca pa.

RIO.

GRIMES

A fada pop do Do It Yourself.

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NÃO-BINARIDADE

TRANIMAL

Como ser transgressor entre transgressores.

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A fada pop do

DO IT YOURSELF. Em um cenário futurista, um carro rosa sem teto ou portas corre pela rua conduzido por um grupo de jovens com roupas estranhas e cabelos coloridos. De repente, uma batida eletrônica conduz ao início da música, e surge a voz da cantora, alterada por computador. O clima é psicodélico. No clipe,a jovem de cabelo ruivo com as pontas azuis e roxas aparece em uma plataforma de metrô suja e vazia e, ao fim, em uma festa onde todos acabam ensanguentados. As imagens fazem parte do clipe de Kill V. Maim, canção da cantora canadense Claire Boucher, que se apresenta ao mundo com seu alter ego Grimes. Lançado nesta semana, o vídeo ajuda a entender quem é essa artista e o motivo pelo qual ela vem recebendo tanta atenção da indústria musical. Afinal, a jovem de 27 anos cada vez mais dá pistas sobre o que a música pop se transformou, ou está em vias de se tornar, no século XXI. Grimes costuma tingir os cabelos de cores como pink ou verde e se veste como quem não tem medo algum de se destacar, usando de ternos

masculinos a sandálias da Adidas com meias descombinadas. Às vezes parece uma personagem de mangá. Em outras ocasiões brinca com grifes famosas. Ela já é uma queridinha do mundo da moda: apareceu em uma campanha do estilista Alexander Wang, passou a frequentar desfiles em Paris e seu estilo foi definido por Karl Lagerfeld, da Chanel, como “novo” – elogio máximo quando se trata de moda. Assim como David Bowie, Madonna e, mais recentemente, Lady Gaga, Grimes faz mais que música: ela é o centro de um projeto artístico. Carrega, além disso, o “sotaque” de sua geração: é desbocada, engajada, e sente-se muito à vontade nas redes sociais. O traço mais notável de Grimes é que ela vai do alternativo ao pop sem abrir mão da autossuficiência. A exemplo de Kill V. Maim, ela escreve, produz e grava as suas canções, assim como dirige seus vídeos e desenha a capa de seus álbuns. Por isso foi chamada pelo jornal americano The New York Times de “a sensação indie do D.I.Y”, em referência à sigla para “do it yourself”, ou “faça você mesmo”.

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Eu quero ser a cara disso que eu estou construindo, eu quero ser a pessoa que constrói. Ninguém que vai tomar o controle além de mim. diz ela em um documentário sobre a produção de seu último disco, Art Angels, lançado em novembro de 2015 e considerado um dos melhores álbuns do ano pela crítica especializada. Há outro motivo pelo qual Grimes é a rainha do cenário independente: seu feminismo. A cantora denuncia com frequência o sexismo na indústria musical. Ela acredita que há homens demais comandando a carreira de artistas femininas. “Quase sempre uma artista mulher é veículo para uma voz masculinas. Alguns trabalhos muito bons saem disso, mas metade da população não está sendo ouvida de verdade”, disse ela à revista The New Yorker. Por isso, Grimes prefere não envolver homens em seu processo criativo e decidiu ser a sua própria produtora. Ela conta que, no ano passado, aprendeu sozinha a lidar com uma bateria eletrônica para não ter de chamar um especialista. “Quando eu era adolescente, admirava Billy Corgan, Trent Reznor e Marilyn Manson porque não existiam mulheres com

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quem eu pudesse me identificar”, disse ela à revista americana Rolling Stone. Com isso, a canadense está se tornando uma espécie de ícone para a próxima geração de cantoras. No ano passado, ela lançou o coletivo Eerie Organization, em que financia o trabalho de outras artistas mulheres. O primeiro resultado do projeto foi o disco Natural Born Losers (2015), da cantora Nicole Dollanganger. “Eu me perguntou se as letras das cantoras pop seriam tanto sobre sexo e amor se não houvesse por trás um monte de caras produzindo”, disse a cantora.


Genesis. Genesis é o primeiro single de Grimes, embora a canção esteja presente no quarto álbum da cantora, Visions (2012) – a canadense optou por não divulgar nenhum single de seus dois discos de estúdio anteriores. Lançado em 2012 e dirigido por ela mesma, o clipe da música conta com a participação da rapper Brooke Candy e tem mais de 30 milhões de visualizações no Youtube. A revista NME elegeu a canção como a 1uma das dez melhores música de 2012.

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como ser transgressor entre transgressores Full, ed. 01

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Alma Negrot Raphael Jaques 20 anos Rio de Janeiro.

Criam regras para algo que deveria ser totalmente

livre.

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Urana gabanna Douglas Mendes 26 anos Rio de Janeiro.

A drag ~ tranimal nao e´ humana 14

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ela e´ um ser

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A arte drag nunca esteve tão em alta, aliás nunca se ouviu falar tanto em shows de mulheres ou de homens mascarados no sexo oposto. Para aqueles que se transvestem e que não se identificam com a drag tradicional, em colocar uma peruca loura e um vestido vermelho para ficarem idênticos à Marilyn Monroe, podem sempre experimentar um look tranimal. Tudo começou em São Francisco, no final da década de 90, quando um grupo de drag queens saturados de andarem de perucas compridas, de peitos falsos e de vestidos brilhantes, resolveram criar um look diferente, mais excêntrico e despromovido de feminilidade.

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O resultado foi no mínimo surrealista e animalesco. Para quem se considera tranimal, o importante é elaborar uma personagem teatral e disforme, que desvalorize o conceito clássico da beleza. O movimento tranimal teve origem através do artista Jer Ber Jones e do fotógrafo Austin Young, que distinguem esta arte por ser um exagerar ou um esconder dos atributos do corpo masculino e feminino, resultando por vezes numa


mutação entre ambos. O importante é construir uma imagem no mínimo pós-futurista e visceral. Muitos destes visuais foram criados a partir de utensílios encontrados nas ruas, como papel, tecidos, borrachas, restos de tintas, ou seja, tudo pode ser reaproveitado para criar este tipo de look. É um movimento como muitos outros inspirado em artistas como Grace Jones, Cindy Sherman, Boy George, Leight Bowery entre outras personalidades dos anos 80 e 90.

vem muitas vezes para esconder a barba da pessoa que se esconde debaixo daquele amontoar de texturas e volumes. Destacam-se os shows de Jer Ber Jones, Squeaky Blonde, Jachie Hell, Dina Martina, existindo muitos outros. Para as mentes mais curiosas podem sempre frequentar workshops, em LA, para perceberem melhor como funciona este movimento. É no mínimo uma arte com uma imagem distinta e ao mesmo tempo surpreendente e fascinante.

Um dos principais looks-chaves do tranimal é usar um collant ou umas cuecas rasgadas no rosto, que ser-

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BINARIDADE

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Nossas narrativas históricas, nossos mitos fundantes,de um tempo a-histórico (como nos diria Judith Butler) revelam a potencialidade da indefinição, e de certa forma, ela é recorrente no nosso discurso, mesmo na fala mais normativa que pudermos pensar,como a de ” almas gêmeas”, não é sobre elas o mito de que os seres humanos haviam sido criados, com um corpo que era ao mesmo tempo masculino e feminino, separado por um castigo dos Deuses? Pensar o não binário, não é, como muitos sugerem, pensar o impensável, primeiro, porque, nem mesmo é possível usar como argumento contestatório o dimorfismo dos organismos humanos, afinal, existem as pessoas intersexo, ou aquelas que (muito raramente), nascem sem nenhum tipo de órgão sexual. Estas pessoas, ao longo

Lucas e Ariel, 20 e 18 anos, SP, ambos identificam-se como não binários.

De início essa pode parecer uma afirmação tresloucada, como não se pode ser homem ou mulher? Que loucura! Mas, um olhar atento, na constituição das culturas humanas, nos faz perceber que, não são todas as culturas que se baseiam na noção binária de gênero, homemXmulher, masculinoXfeminino. A nossa cultura sim, ela se funda nesta divisão, apesar de, ao longo dos séculos ter constituído uma mitologia de seres (não humanos geralmente) dotados de uma não-binariedade, por exemplo, quem já não ouviu dizer que anjos não tem sexo? Ou ainda, na cultural italiana barroca, o entendimento dos “castrati” como sendo, nem homens e nem mulheres?

de suas vidas irão identificar-se com um gênero (ou com nenhum deles), de acordo com a percepção que possuem de si e de suas vivências no mundo. Mas o Gênero, como já o dissemos exaustivamente, não é ” o corpo”, ele é uma interpretação do corpo dada pela cultura, que designa, por relações semióticas arbitrárias, o que é masculino e feminino. Um bebê passa a existir muito antes de ter nascido.

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AOS SABADOS 19H


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