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caderno especial ROSTOS
entrevistas; conclusões; debate; comunicações
CONFERÊNCIA
ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS
CONCLUSÕES DA CONFERÊNCIA «ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS»
Invenção do futuro da Mata da Machada e do Sapal do Rio Coina No último dia da Conferência «Áreas Protegidas Locais» foram apresentadas as conclusões no Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina. As conclusões foram apresentadas por António Sousa Pereira, Director do jornal «Rostos». CONCLUSÕES Conferência «Áreas Protegidas Locais» Barreiro 20 e 21 de Outubro de 2011
essenciais para dar um contributo, ao nível emocional e cultural, quer para a forma como o concelho olha para a imagem que tem de si próprio, quer para a forma como de fora olham e forjam a imagem do concelho do Barreiro.
Giovanni Pico Della Mirandola in «Discurso Sobre a Dignidade Humana» - 1486
3. A realização da Conferência «Áreas Protegidas Locais» é uma iniciativa que marca um ponto de chegada e um ponto de partida, enquadrando um conjunto de acções cujo objectivo final visa dinamizar e concretizar a classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina como «Área Protegida Local».
Nos dias 20 e 21 de Outubro de 2011, realizou-se no Barreiro a Conferência «Áreas Protegidas Locais», tendo por objectivo a recolha de contributos para o processo de classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina como Área Protegida Local. No conjunto de intervenções realizadas, assim como no debate de ideias realizado nos diferentes painéis da Conferência, considera-se importante sublinhar o seguinte conjunto de «ideias-força»:
4. É sublinhado que todo o processo que conduz à classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, não é um exclusivo da autarquia, e, para que seja concretizado com sucesso é indispensável o envolvimento dos agentes locais e da população, quer no debate de ideias, quer na recolha de sugestões, quer no reconhecimento da importância ambiental, social e económica destes espaços que correspondem a 10% do território do concelho do Barreiro.
1. No contexto do território do concelho do Barreiro, foi plenamente reconhecida a importância da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, pelo seu significado histórico, ambiental e económico, como espaços estruturantes do desenvolvimento do concelho do Barreiro.
5. É reconhecido que a classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina como Área Protegida Local não é um processo fácil, mas, é, sem dúvida, uma oportunidade única, de carácter único, para aproximar os cidadãos da natureza, aproximar o concelho do rio, e, valorizar um eco-sistema de referência no contexto da Área Metropolitana de Lisboa.
«Como pode alguém julgar ou amar o que não conhece?»
2. Sendo o Barreiro um concelho marcado por uma imagem carregada da sua memória industrial, a Mata da Machada e Sapal do Rio Coina são reconhecidos como espaços estratégicos 2
6. É afirmado que a classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina gera potencialidades de desenvolvi-
ANTÓNIO SOUSA PEREIRA
mento, abrindo caminhos inovadores e alargando a capacidade de atracção de novos habitantes e novos agentes económicos. 7. É salientado que não há áreas de conservação da natureza que se mantenham sem que tenham uso. Nesse sentido, refere-se que é fundamental que seja elaborado um Plano Estratégico da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, que contribua para definir os objectivos de uso e perspective um modelo de gestão. 8. Reconhecer, também, a importância da existência de um Plano de Gestão, mas, afirmar que na proposta de Classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina como Área Protegida Local, não devem ser definidos os objectivos de uso e de gestão. 9. No âmbito florestal, é sublinhada a importância da Mata da Machada ao nível do enquadramento paisagístico, no contexto da AML, a sua potencialidade como espaço de recreio e lazer, assim como a sua importância na con-
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS
10. No âmbito do estudo e investigação cientifica, é salientada a importância da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, tendo sido recordado que do ponto de vista histórico e conhecimento da biodiversidade, existe uma colecção herbácea na Universidade de Lisboa, um espólio datado do século XIX, que demonstra como este território foi pioneiro e é um exemplo no estudo da biodiversidade em Portugal. 11. Foi sublinhada a importância do Sapal do Rio Coina para a conservação da biodiversidade do estuário do Rio Tejo, e registado que a diminuição de metais está a contribuir para o regresso de bivalves e peixes, sendo a Baía do Seixal e do Barreiro, ponto de referência onde algumas espécies começam a ser vistos de novo. 12. É reconhecida a importância da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, como espaços que podem contribuir para preservar as espécies, nomeadamente as aves estuarinas, que nas suas rotas migratórias encontram nestes habitats os seus «refúgios».
13. No âmbito da flora da Mata da Machada, é reconhecida a existência de espécies muito raras, que são suficientes para que este território seja parte integrante da Rede Natura. Em estudo desenvolvido, foi feito um inventário de 85 tipologias, divididas em 45 espécies, que foram distribuídos em 5 grupos, desde matos altos, passando por estevais, sobreirais, matos abertos, até vegetação estuarina. 14. Foi referida a importância da elaboração do Plano Estratégico da Mata da Machada, essencialmente, com o objectivo de definir a delimitação territorial da Área Protegida Local, a sua integração no Plano Director Municipal, bem como perspectivar orientações de enquadramento do espaço enquanto floresta, criação de condições lúdicas e de educação ambiental. 15. Foi referenciada a importância do envolvimento da sociedade civil na preservação do espaço, o papel de associações, nomeadamente da Associação de Amigos da Mata da Machada, como fundamentais para estimular o envolvimento das pessoas na valorização dos espaços naturais do concelho. É de registar a presença das Artes no contexto da Conferência, quer através da performance protagonizada pela Companhia de Teatro Arte Viva, quer pelas obras expostas do artista plástico Kira.
Em suma, a classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina como Área Protegida Local, recebeu da Conferência um suporte teórico, um conjunto de dados de carácter técnico, científico e políticos, que, agora, sem dúvida, deixam em aberto o começo de um novo caminho, que, passa pela decisão politica final que conduza à elaboração da Proposta de Classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina como Área Protegida Local. Alguém um dia escreveu que é importante conhecer para amar. Todos temos vindo a caminhar nesta descoberta que permite conhecer mais e melhor a Mata da Machada e o Sapal do Rio Coina. Conhecendo, amamos melhor. Hoje, todos, temos o privilégio de ser protagonistas de um tempo histórico, porque, um tempo histórico é aquele onde sentimos os sinais do futuro a emergir. Alguém disse um dia que o futuro inventa-se. Nós, aqui e agora, começámos a dar passos decisivos na invenção do futuro da Mata da Machada e do Sapal do Rio Coina. Afinal, começámos a inventar um bocadinho de um futuro que desejamos melhor e com mais qualidade de vida. Barreiro – Mata da Machada 21 de Outubro de 2011
FOTO: CMB/CEA
servação da flora e fauna e valorização da biodiversidade. Foi divulgado que, no âmbito do Plano Regional de Ordenamento do Território está a ser elaborado um instrumento de Gestão Florestal da Mata da Machada, que em breve será colocado em Consulta Pública.
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NUNO BANZA, VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DO BARREIRO
Área Protegida Local «Pólo de actividades ambientais, de elevado interesse regional, nacional e até internacional» . Cerca de 475.000 pessoas vivem a menos de 20 minutos de distância da Mata da Machada e do Sapal “A visão que tenho deste espaço daqui a 20 anos inclui um forte enraizamento na comunidade regional e um pólo de actividades ambientais, de elevado interesse regional, nacional e até internacional, virado para as acções de conservação da natureza e de habitats.” – sublinha Nuno Banza, Vereador responsável pela área do Ambiente da Câmara Municipal do Barreiro. sentados na Câmara, quer no que se refere à auscultação das entidades e instituições parceiras da autarquia nas actividades levadas a cabo pelo Centro de Educação Ambiental.” Criar um espaço de debate de muita qualidade
NUNO BANZA
N
uno Banza, Vereador responsável pela área do Ambiente da Câmara Municipal do Barreiro, no âmbito da Conferência sobre Áreas Protegidas Locais, sublinha que – “a decisão de criar uma reserva natural local no Barreiro, que possa dar um enquadramento legal à vontade de protecção da Mata da Machada e do Sapal do Rio Coina, tem merecido unanimidade, quer no que se refere aos partidos repre-
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O autarca considera que – “este ponto de partida é muito motivador e fez com que decidisse puxar para a esfera supra-municipal a discussão sobre esta nossa intenção que, estamos certos, interessa a muitas outras comunidades. Por isso, a expectativa de poder criar um espaço de debate de muita qualidade, tirando partido do elevado nível de conhecimentos dos oradores envolvidos, acaba por ser naturalmente elevada”. Classificação destes dois espaços como Reserva Natural Local assume uma importância muito relevante “A Área Metropolitana de Lisboa e
o distrito de Setúbal em particular, gozam de um conjunto de áreas com especial apetência para a conservação da natureza, de que são exemplo as reservas naturais do Sado e Tejo, o parque natural da Arrábida e a paisagem protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica.” – refere o Vereador da área do Ambiente da Câmara Municipal do Barreiro. No entanto, Nuno Banza salienta que – “ a ligação natural usada por muitas espécies de aves migratórias e muitas outras residentes, faz-se através da travessia da Mata da Machada e Sapal de Coina, sendo estes locais um contínuo natural que propicia um refúgio de grande qualidade. A presença de muitas espécies de flora com interesse para a conservação e a ocorrência de espécies animais protegidas por diversa legislação nacional e comunitária, conferem a estes dois espaços características de um habitat de grande importância natural. A sua diversidade natural e a multiplicidade de actividades que podem acolher, conferem a estes dois espaços condições propícias
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS vimento de actividades económicas que se suportem nessa estratégia de conservação e promoção dos valores naturais e que possam constituir um marco de desenvolvimento assente no que de melhor se pode aproveitar dos recursos naturais presentes.” – refere Nuno Banza. Cerca de 475.000 pessoas vivem a menos de 20 minutos de distância da Mata da Machada e do Sapal “O estímulo ao empreendedorismo na área do ambiente, com especial ênfase para a o ecoturismo e o turismo responsável, permitirá o desenvolvimento de um pólo de atracção com capacidade para receber e prestar serviços às várias centenas de milhares de habitantes que se situam na sua área directa de influência – cerca de 475.000 pessoas vivem a menos de 20 minutos de distância da Mata da Machada e do Sapal, o que ilustra bem a dimensão do mercado directamente acessível a este produto, assim como o potencial existente para disponibilizar a este público produtos e serviços ambientais de elevada qualidade e retorno económico relevante.” – sublinha o autarca.
FOTOS: CMB/CEA
Elevado interesse regional, nacional e até internacional
à implementação de um projecto de conservação da natureza pensado do ponto de vista da integração de uma estratégia de sustentabilidade, em que os serviços ambientais possam contribuir activamente para as necessárias acções de conservação. Por este facto, a classificação destes dois espaços como Reserva Natural
Local, assume uma importância muito relevante.” “A perspectiva de futuro para estes dois espaços, que se pretende sejam vistos como um só, passa pela integração de actividades humanas e de conservação da natureza, com a geração de emprego e desenvol-
“A visão que tenho deste espaço daqui a 20 anos inclui um forte enraizamento na comunidade regional e um pólo de actividades ambientais, de elevado interesse regional, nacional e até internacional, virado para as acções de conservação da natureza e de habitats. Sem qualquer dúvida que este espaço tem todas as condições para se tornar um marco na imagem da região e, também por isso, contribuir para consolidar a imagem que ilustra a realidade da qualidade ambiental que já hoje se vive no concelho do Barreiro e que no futuro será uma das suas marcas!” - sublinha Nuno Banza.
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RUI LOPO, VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DO BARREIRO
Numa lógica do conceito «ambiental», a Mata da Machada tem papel de relevo regional . Mudar a «mochila ambiental» muito desfavorável do Barreiro Rui Lopo, Vereador da Câmara Municipal do Barreiro, responsável pela área de Planeamento, em conversa com o jornal «Rostos», sublinha a importância da Mata da Machada, referindo que – “a Mata da Machada é o grande Parque Ambiental da Área Metropolitana de Lisboa”.
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autarca considera que na AML, retirando o Parque de Monsanto, que tem dimensão, - “a Mata da Machada tem um potencial muito grande”, porque é um território que está numa região – “onde tem uma grande confluência de públicos, oriundos de vários concelhos – Seixal, Moita, Palmela e Sesimbra”. Rui Lopo salienta o facto de a Mata da Machada ser um território com “uma zona bem delimitada, bem orientada, e, pode, por tudo isto, desempenhar de facto, no que diz respeito a uma lógica do conceito «ambiental», um papel de relevo no contexto regional.” Pensar numa lógica de duas margens “Não esqueçamos que a Mata da Machada está inserida num conjunto de pólos importantes, que podem gerar sinergias; está à beira de um esteiro interessante que é o esteiro do Coina. Digo interessante porque tem alguma dimensão e pode ganhar algum relevo, mas só ganha relevo numa abordagem regional, porque só terá peso pensado numa lógica de duas margens (esta é a minha opinião pessoal, estritamente pessoal)” - sublinha o autarca. Recorda o responsável pela área do Planeamento que – “no contexto
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regional, existem áreas naturais de dimensão europeia, paisagística e com valores naturais, como o Parque Natural da Arrábida, e, está perto do Sado e do Estuário do Tejo.” Papel educacional e cientifico Rui Lopo, sublinha que – “é neste contexto que a Mata da Machada assume um papel, na minha perspectiva, educacional e cientifico, de cultura e investigação cientifica. Eu não gosto da expressão «Educação Ambiental», para mim o importante é o conceito «Ambiental», e, nós temos que dar outro estímulo aos nossos jovens, e a todos, para que vão interligando as questões da ciência e da ecologia (esta, enquanto ciência que estuda as interacções entre os seres vivos).” Ser mais que um Centro de Educação Ambiental Sobre os projectos a desenvolver na Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, Rui Lopo, refere que existem – “muitas experiências. Não temos que inventar nada”. “Eu conheço o Parque Biológico de Gaia, desde 1994. Tive oportunidade, há uns anos, de levar lá, uma série de pessoas da Câmara do Barreiro, ainda no mandato de Emídio Xavier,
RUI LOPO
para perceberem o que existia. Na altura, até, foi criado um Núcleo, – estimulado pelo Nuno Banza – que coordenou a ideia com os escuteiros, sobre o desenvolvimento de uma ideia de Parque. Há muitas ideias e muitas hipóteses de concretizar coisas; penso que, mais que ser um Centro de Educação Ambiental, que é aquilo que existe, que vai continuar a existir, é preciso evoluir.” Classificação tem interesse para o concelho Sobre a classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina como Área Protegida Local, na perspectiva de defender aquele património, o Vereador do Planeamento sublinha
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS – “Para salvaguardar o património não é preciso ser área protegida local, porque o património está salvaguardado, dado que existem condicionantes em termos de ordenamento do território que são natas, que são do próprio território e da configuração que ele tem ao nível regional.” Por outro lado, sublinha – “Acho que a classificação tem interesse para o concelho.” FOTO: NUNO CABRITA
Mudar a «mochila ambiental» muito desfavorável Rui Lopo refere que o concelho do Barreiro – “tem uma «mochila ambiental» muito desfavorável, anda com a «mochila às costas» do ambientalmente desagradável, e é preciso limpar essa mochila. Mas, não é só mudar a cor da mochila, é preciso mudar o conteúdo da mochila, para que isso aconteça, de facto. Coisas como a classificação da área protegida local ajudam essa mudança”. Importante é que o se vai fazer O vereador do Planeamento salienta que existem na Mata da Machada – “uma outra espécie abrangida pela Directiva Habitats, portanto classificável.” “Mais do que a classificação, o que me parece importante é que o se vai fazer (num à parte, disse, o Nuno está a fazer isso muito bem, na minha opinião pessoal). O importante é aquilo que se quer fazer.”
FOTO: BIOMA
FOTO: JOAQUIM PEDRO FERREIRA
Uma nova consciência ecológica no Barreiro
FOTO: CMB/CEA
Rui Lopo, salienta que a classificação daquele espaço como Área Protegida Local - “é muito importante para que se desenvolva uma nova consciência ecológica no Barreiro. Isso, de facto, é muito importante, mas, considero necessário aprofundar aquilo que se quer fazer naquele território”.
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ANTÓNIO PINTO ÂNGELO, ARQUITECTO
Área Protegida Local coloca o «Barreiro como destino de lazer de qualidade» António Pinto Ângelo, Arquitecto, é o responsável pelo desenvolvimento do Planeamento Estratégico da Mata da Machada. Em entrevista ao Rostos, sublinha que – “o processo de classificação, da Mata Nacional da Machada e o Sapal de Coina, como área protegida, permite conferir estabilidade às políticas de gestão a adoptar para a zona, devendo ser precedida de uma ampla participação pública”.
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ntónio Pinto Ângelo, Arquitecto, no âmbito da Conferência sobre Áreas Protegidas Locais, falou sobre o tema- «Planeamento Estratégico da Mata da Machada». Colocámos a António Pinto Ângelo algumas perguntas sobre o processo de classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, a que teve a amabilidade de responder. Qual a importância de existirem áreas de protecção local? A criação de uma área protegida local não constitui por si só uma decisão para uma correcta gestão do território e do património. Uma área protegida permite tornar publicamente visível a vontade dos seus promotores, garantindo a conservação do património que está à sua guarda, disponibilizá-lo para usufruto de todos e procedendo a uma eficiente gestão de recursos. Uma área protegida local é um instrumento administrativo mais eficaz que outros na protecção ou salvaguarda de valores, permitindo concentrar a atenção da entidade gestora num território concreto com objectivos precisos. Que significado atribui à classificação da Mata Nacional da Machada e Sapal de
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Coina como área protegida? O processo de classificação da Mata Nacional da Machada e o Sapal de Coina como área protegida permite conferir estabilidade às políticas de gestão a adoptar para a zona, devendo ser precedida de uma ampla participação pública (como a sessão já realizada no passado dia 30 de Setembro, que juntou cidadãos que, de diferentes formas frequentam e usufruem aqueles espaços, associações e colectividades, com interesse naqueles espaços, enquanto recurso para o desenvolvimento das suas actividades, e agentes económicos, representantes de várias entidades, externas e do Município do Barreiro), concorrendo todos com os seus contributos para que a área seja reconhecida socialmente como património comum. Que contributo pode dar no futuro esta área para o desenvolvimento do Barreiro e região de Setúbal? Este processo permite o reconhecimento da existência de um património de relevante qualidade ambiental, com valor cultural, natural e paisagístico, de excelência para o uso público, reforçando o Barreiro como destino de lazer de qualidade, não só para os habitantes da margem sul (arco ribeirinho), mas também para a
ANTÓNIO PINTO ÂNGELO
região metropolitana de Lisboa, devendo tornar-se sustentável e criar valor para todo o concelho. Pode o debate em torno da classificação de uma área protegida local contribuir para uma maior consciência ecológica da comunidade? O debate permite um maior rigor e acompanhamento, por parte dos cidadãos, cabendo-lhes uma responsabilidade individual, resultante de valores ambientais e cívicos. Certamente que a possibilidade de intervir em acções como a discussão ou participação pública, mais ou menos institucional, será sempre um contributo para uma, cada vez maior, eficácia e reforço da consciência ecológica individual e da própria comunidade.
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PAULO PEREIRA, DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE BOTÂNICA
Área Protegida Local no Barreiro «conciliação do desenvolvimento económico e da conservação da natureza é não só desejável como imperativo» Paulo Pereira, da Sociedade Portuguesa de Botânica, em entrevista ao «Rostos» sublinha que a classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, como Área Protegida Local, assegura “uma rede mínima que permite a persistência do património natural nesta região”, e proporciona – “zonas de valorização e visitação para as populações locais”.
Qual a importância de existirem áreas de protecção local? Cada vez mais a conservação da natureza passa pelo envolvimento da sociedade civil e pela descentralização das áreas protegidas; esta tendência reflecte-se também no aparecimento de áreas protegidas de iniciativa municipal, que têm a particularidade de envolver os políticos na conservação da natureza e serem áreas que dão muito importância à valorização e visitação destes locais. Estas áreas protegidas estão por isso mais perto das pessoas e poderão vir a ser responsáveis por uma maior sensibilização para o ambiente e conservação da natureza de uma nova geração de cidadãos. Que significado atribui à classificação da Mata da Machada e Sapal de Coina como área protegida local? Estas áreas foram assinaladas pela equipa do Museu Laboratório e Jardim Botânico como importantes
para integrar a Rede Nacional de Áreas Protegidas em 1993. A sua integração na rede áreas protegidas como áreas de protecção local é por isso natural, e reveste-se de muita importância porque estas áreas, de grande valor conservacionista se encontram numa matriz urbana. Assim, para além de assegurar uma rede mínima que permite a persistência do património natural nesta região, proporcionam ainda zonas de valorização e visitação para as populações locais. Que contributo pode dar no futuro esta área para o desenvolvimento do Barreiro e região de Setúbal? Cada vez mais existe um novo paradigma na conservação da natureza e no desenvolvimento, onde a responsabilidade ambiental faz parte da
PAULO PEREIRA
agenda do tecido empresarial; nesse sentido, um Município bem conservado e que dá valor ao património natural é mais atraente para investidores, empresas e para fixação das populações. Por isso, a conciliação do desenvolvimento económico e da conservação da natureza é não só desejável como imperativo nos dias de hoje. Pode o debate em torno da classificação de uma área protegida local contribuir para uma maior consciência ecológica da comunidade?
FOTO: JOAQUIM PEDRO FERREIRA
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aulo Pereira, da Sociedade Portuguesa de Botânica, abordou na Conferência a temática «Flora e habitats da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina». Colocámos a Paulo Pereira algumas perguntas sobre o processo de classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, a que teve a amabilidade de responder.
Sem dúvida que sim. Mas mais do que o debate, o futuro desta área protegida integrando a par da gestão e da conservação um programa de visitação dirigido às escolas e à sociedade civil será a forma sustentável de criar essa consciência ecológica na sociedade.
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS
HENRIQUE PEREIRA DOS SANTOS
Mata da Machada e Sapal do Rio Coina contribuem para a definição de uma imagem mais justa do que é o Barreiro Henrique Pereira dos Santos, Arquitecto, tem uma carreira profissional essencialmente ligada ao ordenamento e gestão em áreas de conservação da natureza. Em entrevista ao «Rostos» sublinha que a classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, como Área Protegida Local, significa – “reconhecer-se e comunicar-se os valores naturais que o Barreiro contém”, e tal contribui para mudar a imagem do Barreiro, “de centro de indústria pesada com má qualidade de vida”, portanto, - “tornando mais apetecível o Barreiro e ajudando na definição de uma imagem mais justa do que é o Barreiro.”
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enrique Pereira dos Santos, trabalhou no Parque Natural de Montezinho, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e nos serviços centrais do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade. Colocámos a Henrique Pereira dos Santos algumas perguntas, a que prontamente nos respondeu. Instrumentos de conservação de recursos escassos Qual a importância de existirem áreas de protecção local? “As áreas protegidas, todas elas, são importantes por serem instrumentos de conservação de recursos escassos, mas são importantes por serem também instrumentos de comunicação e partilha entre as comunidades. As áreas protegidas locais têm a grande virtude de mostrar como as comunidades locais são capazes de reconhecer os valores de que são guardiãs e, ao mesmo tempo, de agir para os conservar e os valorizar.” Barreiro reconhece estes dois espaços como espaços excepcionais Que significado atribui à classificação
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da Mata da Machada e Sapal de Coina como área protegida local? “A classificação destas áreas vem em primeiro lugar reconhecer património, isto é, deixa claro que as pessoas do Barreiro reconhecem estes dois espaços como espaços excepcionais. Em segundo lugar, permitem que as pessoas do Barreiro digam de forma muito clara que estão dispostas a tomar em mãos a conservação desses valores, a sua valorização e, não menos importante, a sua disponibilização ao público. Ao classificar estas áreas chama-se a atenção para os valores que elas contêm (tanto natural como cultural) e assume-se a responsabilidade por os transmitir, em boas condições, aos que virão depois de nós.” Valorização do património cultural e natural Que contributo pode dar no futuro esta área para o desenvolvimento do Barreiro e região de Setúbal? “No caso concreto do Barreiro, a classificação destas duas áreas têm um efeito específico: no contexto de alteração económica associado que se verifica na margem Sul do Tejo, o Barreiro apresenta-se não como um território e uma comunidade in-
HENRIQUE PEREIRA DOS SANTOS
dustrial decadente, mas como um território e uma comunidade que sabe gerir essa transição e não descura, nesse processo, a valorização do seu património cultural e natural. Para a grande maioria dos portugueses, o Barreiro não é um destino prioritário de visita nem a primeira hipótese para escolher um sítio para viver na área da Grande Lisboa, em parte porque a imagem que guardam do Barreiro é uma imagem de centro de indústria pesada com má qualidade de vida. Não sendo esta imagem verdadeira, reconhecer-se e comunicar-se os valores naturais que o Barreiro contém contribui, estou convencido, para mudar esta ideia e tornando mais apetecível o Barreiro e ajudando na definição de uma imagem mais justa do que é o Barreiro.”
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FOTO: CMB/CEA
Nota Biográfica Henrique Pereira dos Santos
Consciência das diferentes opções que se colocam à comunidade Pode o debate em torno da classificação de uma área protegida local contribuir para uma maior consciência ecológica da comunidade? “Sem a menor dúvida, contribui antes de mais nada para que as pessoas se interroguem sobre os valores que as rodeiam e a sua responsabilidade na sua gestão e conservação. Se a criação da área protegida se limitar a ser
uma decisão administrativa isso tem ainda assim algumas virtudes, mas tem o problema de a posicionar como uma coisa de outros. Mas se se investir no debate sobre as razões, os limites, o conteúdo, o modelo de gestão da futura área protegida, se se procurar sistematicamente a integração das pessoas no processo e na sua futura gestão, é uma inevitabilidade que, sendo contra ou a favor da criação da área protegida, todos terão maior consciência das razões e implicações das diferentes opções que se colocam à comunidade do Barreiro na gestão do seu território.”
Henrique de Menezes de Almeida Pereira dos Santos, nascido em 11 de Junho de 1960, em Huambo, Angola, casado e pai de quatro filhos, licenciou-se em Arquitectura Paisagista em 1983, em Évora. Com uma carreira profissional essencialmente ligada ao ordenamento e gestão em áreas de conservação da natureza, trabalhou no Parque Natural de Montezinho, no Parque Nacional da Peneda-Gerês e no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e nos serviços centrais do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade. Coordenou vários planos de ordenamento e gestão de algumas das áreas protegidas em Portugal, bem como a instalação do Parque Natural do Douro Internacional, trabalhou na avaliação de impacte ambiental, na visitação e turismo associado a áreas protegidas e na comunicação associada à gestão de áreas protegidas e da biodiversidade. Esteve envolvido na coordenação do Plano Sectorial da Rede Natura 2000, bem como na preparação do novo regime jurídico da conservação e foi responsável operacional pela iniciativa Business and Biodiversity em Portugal. Foi dirigente do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade vários anos, tendo ocupado o cargo de Vice-Presidente. É actualmente consultor independente na área da gestão da biodiversidade. Publicou os livros “Do tempo e da paisagem” e “O gosto de Sicó”.
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MÁRIO CARMO, BIÓLOGO
Preservar 380ha de floresta permite manter este local importante para biodiversidade, fauna e flora Mário Carmo, licenciado em Biologia, faz parte da equipa coordenadora do Estudo de Etnozoologia de Morcegos em Portugal. Em entrevista ao «Rostos» a propósito da classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, como Área Protegida Local, sublinha que – “o homem só pode intervir capazmente na Natureza se a conhecer e se a respeitar, se souber como ela funciona e como reage a acções vindas do exterior. A presença de zonas protegidas, podem funcionar como verdadeiros laboratórios ao ar livre, o que lhe servirá de fonte inspiradora do seu comportamento”.
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ário Carmo, licenciado em Biologia pela Universidade de Évora e mestrando em Gestão e Conservação de Recursos Naturais pela mesma Universidade e pelo Instituto Superior de Agronomia. A sua área de investigação são os Quirópteros, actualmente relacionada com gestão florestal. Mário Carmo respondeu a perguntas sobre o processo de classificação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina. Qual a importância de existirem áreas de protecção local? “A existência de áreas de protecção local assenta na máxima de se manter na região um ecossistema, ou um mosaico de ecossistemas, em situação climática, ou seja, de equilíbrio perante o dinamismo dos factores ecológicos aí existentes. Estas áreas têm também importância, uma vez que envolvem o poder e a comunidade local e é esta ligação mútua e cada vez mais activa que permite que as necessidades locais sejam satisfeitas. A conservação dos recursos naturais passa, e tem sempre de passar, por todos os intervenientes, quer pelos que as gerem quer por quem delas usufrui. São estes
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intervenientes locais que conhecem as áreas, são estes que mais deles usufruem, são os melhores indicadores do que é positivo e negativo nas políticas de gestão, sendo por isso indissociáveis da melhoria e conservação de áreas importantes. O facto de ser local, faz com que o objectivo de sensibilização e de educação ambiental cheguem de forma mais eficaz e mais objectiva à comunidade local, que actualmente atinge níveis cada vez maiores de participação. Aparte da questão social, temos, claro, o lado em termos de biodiversidade. Uma área de protecção local servirá não só de abrigo como local de alimento para a fauna, que em caso contrário poderia não ter espaço na região. Serve, funciona e é um verdadeiro hotspot de biodiversidade. É onde um habitante local e/ ou pessoa de fora pode respirar biodiversidade porque assim o deseja, dá liberdade de escolha e aumenta, claro, a qualidade de vida local e o bem-estar humano.” Que significado atribui à classificação da Mata da Machada e Sapal de Coina como área protegida local? “Olhemos o Barreiro de cima… olhemos através de uma fotografia aé-
MÁRIO CARMO
rea… o que se destaca logo por entre as manchas urbanizadas, é a Mata da Machada e o Sapal de Coina associado. Esta classificação como área protegida local tem todo o sentido e está revestido de grande valor conservacionista. Preservar cerca de 380ha de floresta permite manter um local importante não só para a biodiversidade, fauna e flora, assim como um espaço de lazer para a comunidade local ou até mesmo exterior, trazendo gente e, por isso, valor ao Barreiro.” Que contributo pode dar no futuro esta área para o desenvolvimento do Barreiro e região de Setúbal? “Colocaria a questão noutros ter-
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS mos. Que serviços nos garante a classificação como área protegida local? Falo de serviços de ecossistemas que são os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas, podendo ser a produção, regulação, suporte e culturais. Alterações nestes serviços afectam o bem-estar humano através de impactos na segurança, nos recursos materiais básicos para uma vida com qualidade, na saúde e nas relações socieais e culturais. Nos tempos que correm, a importância das coisas passa sempre pelo valor monetário, pelo valor económico. É preciso valorizar e valorar o que se chamam de serviços de ecossistemas. É em termos monetários que se decide, é com valores que se conserva. Por isso, é importante perceber que a importância de serviços culturais e naturais é identificada como uma prioridade, local e global. A Mata da Machada e o Sapal de Coina têm bastante potencial de recreio e turismo, motivado por várias componentes em particular (por ex. flora e fauna vertebrada e invertebrada), é, regra geral, determinado por um conjunto de factores como sejam, para além dos já referidos, a paisagem e alguns monumentos históricos. O turismo (científico ou cultural) é um sector com potencialidades para a revitalização de zonas como a Mata da Machada, pela capacidade de adaptação e resposta à nova procura turística, várias medidas que pretendem diversificar a oferta de animação complementar, aumentar o dinamismo e o grau de organização do sector e qualificar os recursos humanos respectivos. Em termos latos, visando a implementação do turismo em áreas naturais, como a Mata da Machada, com base em critérios de sustentabilidade, pretendem-se medidas que visem permitir a recuperação e conservação do património natural e cultural apoiando-se em vectores como a conservação da natureza, desenvolvimento local, qualificação e diversificação da oferta turística. Os conceitos de desenvolvimento sustentável e convivência simbiótica
exigem a criação e desenvolvimento de um largo conjunto de actividades para solução das questões ambientais e sociais, as quais, por sua vez constituem novas oportunidades económicas e de geração de valor. Estas actividades trazem um elevado benefício, tanto para o Ambiente como para a Economia, pois não apresentam quaisquer custos adicionais, como uma visão mais tradicionalista poderia indicar, ao invés, constituem fontes de valor acrescentado e de geração de riqueza para a região e para o caso particular do Barreiro. Assim, as eco-actividades que se podem realizar na Mata da Machada e no Sapal de Coina geram valor de riqueza na Economia, ao transformarem e acrescentarem a cadeia de valor dos diferentes sectores da actividade económica. A gestão e a optimização, em termos de eficiência e eficácia, destas novas actividades criam e são fonte de valor e competitividade nacional para as economias no processo de globalização competitiva.” Pode o debate em torno da classificação de uma área protegida local contribuir para uma maior consciência ecológica da comunidade? “Claro que sim. O Homem só pode intervir capazmente na Natureza se a conhecer e se a respeitar, se souber como ela funciona e como reage a acções vindas do exterior. A presença de zonas protegidas, podem funcionar como verdadeiros laboratórios ao ar livre, o que lhe servirá de fonte inspiradora do seu comportamento. O desconhecimento apenas poderá conduzir, mais cedo ou mais tarde, ao desequilíbrio contínuo e este à desertificação e ao rápido engolir das áreas urbanizadas. É o diálogo, o debate a sensibilização e a educação que permite esta mudança de paradigma do passado, em que tudo era considerado inesgotável ou que nem se pensava muito nisto. Apesar das políticas de intervenção e gestão poderem reverter a degra-
dação dos ecossistemas e aumentar as contribuições destes para o bem-estar humano, saber quando e como intervir requer uma compreensão substancial dos sistemas envolvidos, tanto ecológicos como sociais, sendo um pré-requisito para tomadas de decisão. Para isso é necessário o debate, isso e compreender quais os trade-offs envolvidos, entre os vários sectores e partes interessadas, nas decisões referentes ao meio ambiente. No passado, os problemas ditos dos ecossistemas foram sempre abordados individualmente, e raramente tratados de forma holística, isto é, com objectivos multisectoriais.” Nota Biográfica Mário Carmo Mário Carmo, licenciado em Biologia pela Universidade de Évora e mestrando em Gestão e Conservação de Recursos Naturais pela mesma Universidade e pelo Instituto Superior de Agronomia. A sua área de investigação está relacionada com Quirópteros, actualmente relacionado com gestão florestal. Trabalha na empresa Biota - Estudos e Divulgação em Ambiente, onde é técnico superior de fauna, onde colabora com os mais variados tipos de estudos de impacte ambiental, quer através de levantamentos em campo das várias espécies de vertebrados, incluindo morcegos por métodos bioacústicos e morfológicos, quer sendo o descritor de fauna em vários projectos em curso. É colaborador voluntário na amostragem (bioacústica e prospecção de abrigos) em várias quadrículas UTM para a amostragem do primeiro Atlas dos Morcegos de Portugal e faz parte da equipa coordenadora do Estudo de Etnozoologia de Morcegos em Portugal.
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CONFERÊNCIA
ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS
ÁREA PROTEGIDA LOCAL NO BARREIRO
Nuno Banza, Vereador do Ambiente da Câmara do Barreiro
Mata da Machada «um espaço de múltiplas responsabilidades»
. Barreiro densidade populacional que o coloca nas cidades mais densas do país “O esforço que a autarquia faz hoje para trazer para as luzes da ribalta um espaço com tanto valor e ao mesmo tempo tantas necessidades de conservação, tem a dupla função de ajudar a conservar os valores existentes, ao mesmo tempo que pretende reunir esforços e juntar vontades em torno da resolução das suas mais prementes necessidades.” – referiu Nuno Banza, vereador responsável perla área do Ambiente, na abertura da Conferência sobre Áreas Protegidas Locais, que decorreu na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro.
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uno Banza, vereador responsável pela área do Ambiente da Câmara Municipal do Barreiro, na abertura da Conferência sobre Áreas Protegidas Locais, sublinhou que a razão que levou a autarquia a organizar uma conferência sobre este tema visa – “a recolha dos contributos e a partilha de experiências”.
O autarca recordou que concelho do Barreiro “viveu profundas alterações nos últimos 3 séculos, que o transformaram repetidamente e o fizeram perder e ganhar características, trazendo aos nossos dias um território marcado por duas realidades distintas, uma de cariz eminentemente urbano, com uma densidade populacional que o coloca nas cidades mais densas do país, ao mesmo tempo que conservou um território de cariz eminentemente rural, com áreas de agricultura e sem ocupação humana ou áreas de excepcional valor natural, como são disso exemplo a Mata Nacional da Machada e o Sapal do Rio Coina.”
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FOTOS: CMB/CEA
Densidade populacional que o coloca nas cidades mais densas do país
Barreiro diferente daquele que a memória colectiva conserva
sordenado e com bolsas de património construído em avançado estado de degradação.”
Este contexto, salientou, “mostra hoje um Barreiro de características muito diferentes daquelas que a memória colectiva conserva, de um passado industrial já praticamente desaparecido, procura hoje forma de consolidar a sua oferta de emprego, de assegurar uma boa qualidade de vida aos seus habitantes, ao mesmo tempo que se debate com as disfunções decorrentes de um desenvolvimento urbano de-
Habitats de importante valor natural Nuno Banza salientou a importância da Mata Nacional da Machada e ao Sapal do Rio Coina, como um conjunto de espaços sobre os quais incidem várias jurisdições, de propriedade maioritariamente pública, nos quais se desenvolvem uma multiplicidade de actividades e onde ocorrem um conjunto de es-
CONFERÊNCIA
FOTOS: NUNO CABRITA
ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS
FOTO: CMB/CEA
«A história, a memória e as funções ambientais que eles desempenham são apenas parte do valor deste nosso tesouro. O potencial que ele encerra e a sua capacidade de se constituir como gerador de soluções para os novos desafios que se nos colocam neste modelo de desenvolvimento, é talvez o seu maior valor» pécies animais e vegetais, que constituem em alguns locais, habitats de importante valor natural. Referiu que – “para o melhor conhecimento destes valores, a Autarquia tem vindo a trabalhar com diversos parceiros, nomeadamente no levantamento da Fauna, Flora e Habitats, na caracterização da Avifauna e tendo ainda em curso o levantamento das espécies de morcegos que aí ocorrem.” Consolidar uma estratégia mais vasta que se estenda ao nível do concelho Segundo o Vereador Nuno Banza, a Autarquia considera que este território tem uma grande importância no desenvolvimento do concelho – “pode ajudar a consolidar uma es-
tratégia mais vasta que se estenda ao nível do concelho e que ao mesmo tempo ajude a projectá-lo fora de portas, deve assentar num profundo conhecimento das suas potencialidades e dos seus valores, ao mesmo tempo que deve identificar a suas fragilidades e necessidades prementes. Por outras palavras, precisamos de identificar o que já sabemos e o que ainda nos falta saber sobre este território, para podermos tomar as melhores decisões.” História, a memória e funções ambientais Neste contexto defendeu que para “tornamos este caminho num caso de sucesso” foi tomada a decisão de “investir na elaboração de um plano estratégico”.
“A história, a memória e as funções ambientais que eles desempenham são apenas parte do valor deste nosso tesouro. O potencial que ele encerra e a sua capacidade de se constituir como gerador de soluções para os novos desafios que se nos colocam neste modelo de desenvolvimento, é talvez o seu maior valor.” – sublinhou Nuno Banza. “O esforço que a autarquia faz hoje para trazer para as luzes da ribalta um espaço com tanto valor e ao mesmo tempo tantas necessidades de conservação, tem a dupla função de ajudar a conservar os valores existentes, ao mesmo tempo que pretende reunir esforços e juntar vontades em torno da resolução das suas mais prementes necessidades.” – acrescentou.
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS DANIEL CAMPELO, SECRETÁRIO DE ESTADO DAS FLORESTAS E DESENVOLVIMENTO RURAL
Defende uma área protegida em cada concelho do país Daniel Campelo, secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, no Barreiro, no encerramento da Conferência «Áreas Protegidas Locais», referiu que, assim como existe uma lei que perspectiva a existência de um campo relvado de futebol, em cada concelho do país, também, cada concelho devia ter “uma área protegida».
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secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, na sessão de encerramento da Conferência «Áreas Protegidas Locais», sublinhou que esta iniciativa tem “um enorme significado para o Barreiro e para o país”, dado que é um contributo para alertar para “a importância da floresta para a qualidade de vida e desenvolvimento do país”. Daniel Campelo referiu que têm vindo a verificar-se alterações de alguns conceitos sobre a conservação da natureza, e, recordou que na sua vivência em Inglaterra, recolheu experiências de relevo de grupos de pessoas e comunidades que lutavam por políticas de conservação da natureza e do ambiente.
finição desta área como paisagem protegida. Conservação da natureza pela via da educação O secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, sublinhou que actualmente já existe uma Rede Nacional de áreas protegidas que vão funcionando e são essenciais para a educação ambiental activa e para a conservação da natureza. Sublinhou assim como existe legislação que aponta para a importância de em cada concelho existir um campo de futebol relvado, também – “cada concelho devia ter uma área protegida”. “Só acredito na conservação da natu-
«Não podemos desligar a politica de conservação da natureza da politica económica do país» Sublinhou que essa experiência foi fundamental para, no exercício do cargo de presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, ter procurado desenvolver uma iniciativa de criação da Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos, que actualmente recebe 100 mil vistas por ano. Referiu que durante mais de dez anos não encontrou receptividade do Governo para concretizar a de16
reza pela via da educação” – concluiu. Sigam o exemplo do Barreiro “Não podemos desligar a politica de conservação da natureza da politica económica do país” – referiu Daniel Campelo, nesse sentido, acrescentou que nas politicas do Governo – “a Conservação da Natureza vai integrar as Florestas, porque são inseparáveis”.
DANIEL CAMPELO
O secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural salientou que as áreas protegidas locais são essenciais para “haver melhor ambiente e mais biodiversidade”. Sublinhou que estas são áreas especificas que “podem beneficiar o país”, nesse sentido, afirmou ser importante que outros concelhos do pais sigam o exemplo do Barreiro. “Era importante que este exemplo pudesse reproduzir-se” – salientou. Daniel Campelo, referiu que as autarquias que numa fase contribuíram para a resolução de problemas básicos, ou criação de parques industriais, agora, “é tempo de atacar outros domínios, outras áreas que não foram ao longo de anos preocupação das autarquias”. Referiu que a criação de áreas protegidas locais, contrariamente ao que aconteceu, no seu tempo de autarca, hoje, é possível concretizar por decisão das Câmaras e Assembleias Municipais.
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS JOÃO PINHO, AUTORIDADE FLORESTAL NACIONAL
Mata da Machada no Barreiro vai ter Plano de Gestão Florestal . Primeiro Plano de Gestão de Floresta moderno, em Portugal, elaborado em 1865, foi da Mata da Machada João Pinho, da Autoridade Florestal Nacional, no decorrer da Conferência «Áreas Protegidas Locais», realizada na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, divulgou que – “está a ser criado um instrumento de Gestão da Mata da Machada”. O referido «Plano de Gestão Florestal», salientou João Pinto, será colocado em consulta pública.
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oão Pinho, da Autoridade Florestal Nacional, sublinhou que, em Portugal, são poucos os territórios florestais de gestão pública, enquanto ao nível da Europa e ao nível mundial as áreas florestais protegidas geridas pelo Estado são relevantes. Neste campo salientou “somos recordistas pela negativa”.
Machada, no Barreiro, não foi incluída nesse plano. Embora, no ano de 1959, a zona da Mata da Machada tivesse sido classificada como área de protecção da floresta e da caça.
Área de protecção da floresta e da caça
João Pinho salientou que na Estratégia Nacional para a Floresta, elaborada no ano 2006, no âmbito da Área Metropolitana de Lisboa, a Mata da Machada foi referenciada como área de “recreio e de “enquadramento e valores paisagístico”.
Recordou que quando da elaboração do Plano de Desenvolvimento – Plano Nacional da Península de Setúbal, elaborado no ano de 1963, a Mata da
Instrumento de Gestão da Mata da Machada
JOÃO PINHO
Neste contexto, sublinhou que no Plano Regional de Ordenamento Florestal – “está a ser criado um instrumento de Gestão da Mata da Machada”, e, sobre este documento – “haverá consulta pública”.
FOTO: CMB/CEA
1º Plano de Ordenamento da Machada em 1865 João Pinho referiu a importância da Mata da Machada, e recordou que para os técnicos da área florestal a Mata da Machada “tem um valor simbólico”, referindo que remonta ao ano 1865, a elaboração do 1º Plano de Ordenamento da Machada, concretizado por Barros Gomes. “Este foi o primeiro Plano de Gestão de Floresta moderno em Portugal” – sublinhou. 17
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS FRIEDRICH WELWITSCH BOTÂNICO AUSTRÍACO ESTEVE NO «BARREIRO»
Botânico realizou investigação no território da Mata da Machada e Vale de Zebro No decorrer da Conferência «Áreas Protegidas Locais», realizada na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, Cecilia Sérgio, investigadora da Universidade de Lisboa, divulgou que, entre 1839 e 1850, quando da sua passagem por Portugal, Friedrich Welwitsch, botânico austríaco, esteve na zona da Mata da Machada/Vale de Zebro. Esta foi uma das primeiras zonas que visitou, recolhendo uma colecção de herbáceas que fazem parte do espólio do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa.
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egundo Cecilia Sérgio, o austríaco, uma das figuras de referência mundial do mundo botânico, quando da sua passagem por Portugal – “esteve na zona de Vale de Zebro”, onde recolheu uma colecção de herbáceas que estão na colecção da Universidade de Lisboa. A investigadora sublinhou a importância histórica do espólio Friedrich Welwitsch, referindo que este é um legado que contribui para o conhecimento da biodiversidade em Portugal. Mata da Machada no espólio da Universidade de Lisboa Cecilia Sérgio salientou que Friedrich Welwitsch deu um importante contributo para o desenvolvimento da Botânica em Portugal, sendo a colecção recolhida na Mata da Machada, que consta do espólio da Universidade de Lisboa – “um exemplo”. “Quando veio a Portugal, Welwitsch, esteve nesta zona. Este foi um dos primeiros pontos que visitou” – sublinhou a investigadora, referenciando que tal aconteceu nos anos 1839 a 1850. Cecilia Sérgio referiu que a colecção de herbáceas de Welwitsch, está disponível para consulta na Universidade de Lisboa.
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Nota Biográfica Friedrich Martin Josef Welwitsch
Friedrich Martin Josef Welwitsch (Maria Saal, Caríntia, 25 de Fevereiro de 1806 — Londres, 20 de Outubro de 1872) foi um botânico austríaco, conhecido pelo seu trabalho de recolha da flora de Angola no século XIX. Welwitsch graduou-se em Medicina em 1834 e doutorou-se em 1836, na Universidade de Viena, Áustria, tendo trabalhado como crítico teatral durante o seu tempo de estudante. Em 1839 viajou para Portugal, subsidiado pela Württembergischer Botanische Reiseverein ou Unio Itineraria, uma sociedade que patrocinava viagens de colheita de espécimenes botânicos, que eram posteriormente distribuídos pelos seus membros. Viveu em Portugal entre 1839 e 1853, ocupando várias posições como botânico. Entre 1853 e 1860 realizou uma viagem de exploração botânica em Angola, subsidiada pelo governo português.
Em Angola, realizou explorações botânicas nos distritos de Luanda, Cuanza Norte, Malanje, Benguela, Namibe (na altura denominada Moçâmedes), e Huíla. Recolheu um total de 8.000 amostras botânicas, com 5.000 espécies diferentes. Destas, mais de 1.000 eram espécies novas. A 3 de Setembro de 1859, ele encontrou a planta pela qual ficou mais conhecido, a Welwitschia mirabilis, à qual chamou Tumboa, devido à denominação ntumbo, que lhe era dada pelas populações locais. Fonte: Wikipédia
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS SESSÃO PÚBLICA REFORÇOU A IDEIA
Mata da Machada e Sapal do Rio Coina como Reserva Natural Local Inserida na política ambiental do Município, e assente numa estratégia de protecção da Mata Nacional da Machada e do Sapal do Rio Coina, teve lugar uma sessão pública sobre a Mata da Machada e o Sapal do Rio Coina, no passado dia 30 de Setembro, no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro.
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ezenas de pessoas participaram nesta iniciativa que pretendeu classificar a Mata da Machada e do Sapal de Coina como, segundo o Vereador Nuno Banza, responsável pela Sustentabilidade Ambiental, “as áreas mais relevantes do ponto de vista da conservação da natureza no Barreiro”. O Autarca adiantou que “há muitos anos que se tem vindo a consolidar uma estratégia que visa o reforço do papel da Mata e do Sapal naquilo que é a política ambiental do Município”. Para tal, e segundo Nuno Banza, “é fundamental o envolvimento de todos os parceiros, de todos os actores locais e dos cidadãos para termos aqui uma estratégia de sucesso que permita que a Mata e o Sapal sejam uma referência”. A iniciar a sessão, o Vereador lançou o desafio aos participantes. A sessão pretendia “recolher contributos para que possamos consolidar a estratégia que queremos assumir em termos de sustentabilidade para a Mata e para o Sapal”. A intenção do Município de classificar o Sapal de Coina e a Mata da Machada como Reserva Natural Local para o Vereador “não faz sentido se não for com as pessoas e as entidades”. Preservar hoje e perspectivar o futuro O Presidente da Câmara, Carlos Humberto de Carvalho, saudou a
iniciativa e adiantou que apesar da difícil conjuntura económica, está convicto que “não se pode pôr em causa a estratégia para o Barreiro, que passa por questões de carácter ambiental e relacionadas com a Mata da Machada, com o Sapal de Coina e com todo o estuário do Tejo”. O Presidente defende a “preserva-
ção deste património natural no presente e a necessidade de perspectivá-lo para o futuro”. O desenvolvimento do Barreiro passa, segundo o Autarca, pelas questões económicas e pela criação de riqueza e de emprego. “É preciso não desistir e não abdicar e é preciso uma grande persistência nestes
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS momentos. Estou convencido que nós somos uma terra de gente persistente e de gente combativa, que não abdica do que são os seus objectivos apesar dessas dificuldades”. O programa da sessão envolveu as apresentações: de “Boas Práticas: Parque Biológico da Gaia”, por Nuno Gomes de Oliveira, director do Parque Ecológico de Gaia e do “Diagnóstico do Plano Estratégico da Mata da Machada”, pelo arquitecto António Pinto Ângelo. O primeiro orador apresentou o exemplo de sucesso do Parque Biológico de Vila Nova de Gaia e recordou os cerca de 30 anos de trabalho. Nuno de Oliveira e a sua equipa irão colaborar com a CMB neste processo para, se possível, “ajudar a evitar alguns erros”. Considera que “o que é importante é conhecer outras experiências e adaptá-las”, referiu. Por seu lado, o arquitecto António Pinto Ângelo apresentou o “Diagnóstico do Plano Estratégico da Mata da Machada” mencionando os elementos que serão enquadrados na área de Reserva Natural Local. Este traba-
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lho terá em conta a recomendação do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML) que entre outras questões, visa promover o uso da floresta e a sua protecção.
lhos, o Professor João Farinha revelou que a Faculdade irá elaborar um relatório com todos os contributos e que este servirá de referência para o Plano Estratégico da Mata da Machada.
“Pequena peça de um Puzzle”
O Vereador Nuno Banza deseja que o contributo de cada uma das pessoas possa ficar e que possa ser uma “pequena peça de um puzzle”. Assegurou que a contribuição dos presentes, com o apoio da Faculdade e o trabalho do arquitecto Pinto Ângelo, será pública e será apresentada. Pretende recolher, cada vez, mais contributos “para que se vá consolidando na sociedade Barreirense essa ideia de força de que a Mata e o Sapal são para cada um de nós espaços extremamente valiosos e que estas duas áreas sejam protegidas e valorizadas”. Agradeceu os contributos de todos e terminou desejando que o “Barreiro possa continuar a contar com o contributo da comunidade”.
Na segunda parte da sessão e sob orientação do Professor João Farinha, da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa e da sua equipa, os participantes distribuíram-se em grupos e produziram um conjunto de ideias que irão permitir nortear a estratégia para a Mata e Sapal. A possibilidade de criação de um espaço para bar/loja onde fosse possível a venda de produtos relacionados com Mata e o Sapal (como por exemplo o mel), a dinamização do Campo Arqueológico e a possibilidade de criação de um Núcleo Museológico no local, a criação de uma linha verde de autocarros dos TCB, com carreiras para a Mata, ao fim de semana, foram algumas das ideias apresentadas. Após as apresentações dos traba-
Ao longo da iniciativa o pintor Kira e sua mulher pintaram três telas com três expressões pictóricas com os pilares da sustentabilidade: o ambiente, a sociedade e a economia.
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ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS
COMUNICAÇÕES Links para download das comunicações dos oradores presentes na Conferência Áreas Protegidas Locais:
Ana Cristina Antunes - Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade DOWNLOAD João Pinho - Autoridade Florestal Nacional DOWNLOAD Ana Margarida Ferreira - Agência Municipal Cascais Atlântico DOWNLOAD Henrique Pereira dos Santos DOWNLOAD José Lino Costa - Centro de Oceanografia Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa DOWNLOAD José Pedro Granadeiro - Museu Nacional de História Natural Universidade de Lisboa DOWNLOAD Paulo Pereira - Sociedade Portuguesa de Botânica DOWNLOAD António Pinto Ângelo DOWNLOAD Ana Lourenço Monteiro - Associação dos Amigos da Mata da Machada DOWNLOAD
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fotoreportagem
FOTO: CMB/CEA; ROSTOS