NÚMERO 01 NOVEMBRO-DEZEMBRO 2010
8 ANOS 8ANOS ROSTOS ROSTOSONLINE ONLINE Acreditamos que Lorem ipsum a comunicação dolor sit amet faz-se com Rostos LUÍS RODRIGUES
Pretender fazer de Deus a autoridade que legitima a Liberdade constitui uma menorização e desresponsabilização da Humanidade página 5 PUB
PRODUÇÃO DE SENTIDOS
/// TEXTO: ANTÓNIO SOUSA PEREIRA
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A PRIMEIRA REVISTA ONLINE NA REGIÃO DE SETÚBAL
edição da 1ª Revista online do ROSTOS é abertura de um novo caminho que vamos trilhar, através do qual pretendemos estabelecer a ponte entre o «jornalismo online» e o «jornalismo offline». Esta experiência que agora iniciamos transporta dentro de si, em génese, diversos projectos que, a curto prazo desejamos concretizar, os quais, naturalmente, iremos construindo passo a passo e divulgando aos nossos leitores. Os tempos de hoje colocam à nossa disposição um conjunto de tecnologias que devemos potenciar e desenvolver, proporcionando aos leitores novas aventuras e descobertas por este novo mundo da comunicação. MAIS DE 1 MILHÃO DE PÁGINAS VISTAS Esta revista tem por finalidade assinalar o 8º aniversário da nossa edição online e também o nosso 9º aniversário que será comemorado no próximo dia 15 de Dezembro. Este tem sido um caminho difícil de percorrer mas, de facto, com grande sucesso, no plano jornalístico, sendo, actualmente, sem dúvida o «Rostos» um órgão de informação regional de referência. Por exemplo, é com satisfação que registamos o facto de até este momento, que editamos esta revista, já ultrapassámos 1 milhão de páginas vistas ao longo de 2010, e, superámos as 850 mil visitas no que diz respeito a «visitas únicas». PRIMEIRA EDIÇÃO É UM PROJECTO PILOTO Esta revista, é, portanto, uma nova experiência que desejamos, possa ser mais um instrumento para enriquecer o nosso trabalho, e, obviamente, contribua para aproximar mais o ROSTOS dos seus leitores. Esta primeira edição é um projecto piloto. Um ponto de partida que iremos aperfeiçoando. Esperamos no futuro, valorizar cada vez mais a vertente audiovisual. MAIS UMA VEZ ESTAMOS A SER PIONEIROS Sabemos que, mais uma vez, estamos a ser pioneiros e a rasgar os caminhos do futuro, neste grande mundo da comunicação, onde, são cada vez mais diferenciadas as formas de produzir e estabelecer a ponte entre o jornal e os leitores. Para nós, no imediato, o importante é darmos este passo em frente, abrir um novo caminho, porque, desde sempre, tem sido nosso lema, tal como diz o poeta – caminhar, caminhando – porque o caminho faz-se caminhando. Sentimos orgulho de sermos nós a editar a 1ª Revista online na Região de Setúbal. Continuaremos a dar sentido ao nosso lema: Damos Rostos às Cidades!
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EM DESTAQUE
REGISTOS E HISTÓRIAS – PÁGINA 5 A 10 Luis Rodrigues - Investigador de História, Filosofia e do fenómeno religioso Luís Ferreira Rodrigues, nasceu no Barreiro. Arquitecto. Dedica actualmente parte do seu tempo à investigação histórica e filosófica do fenómeno religioso. Recentemente publicou a obra livro “História do Ateísmo em Portugal”. Nesta edição um registo do seu percurso sobre o «falar de Deus fora de um quadro de referência institucional» e uma reflexão sobre «um Deus omnisciente é inconciliável com Liberdade».
MOSAICOS DA REGIÃO – PÁGINAS 11 A 14 Sofia Martins, Vereadora da Câmara Municipal do Barreiro Sofia Martins, vereadora da Câmara Municipal do Barreiro, fala-nos de si, do seu percurso de vida, recorda a sua “veia contestatária” dos tempos de estudante, o seu amor pela fotografia, a sua filha Maria, e, nos tempos de hoje, onde – “o dia não tem horas” – a alegria que sente de estar a dar o seu contributo para que o “Barreiro que seja uma terra com qualidade”.
FIXANDO NO TEMPO – PÁGINAS 16 E 17 . Pólo de Museologia Industrial do Barreiro Pode ser o motor de um projecto de «Turismo Cultural» . Mata da Machada e Sapal do Rio Coina Um recurso com potencialidades ambientais e económicas
EM FOCO – PÁGINAS 18 A 20 Ana Lourenço Monteiro Rosto do Ano da Comunicação Social Ana Lourenço Monteiro, jornalista, 27 anos, nasceu em Lisboa, mas, sublinha “fui registada no Barreiro, sou do Barreiro”. Foi eleita «Rosto do Ano da Comunicação Social-2009», pela o painel da imprensa local, com ela conversámos sobre a vida e jornalismo que lhe – “está no sangue”.
Director: António Sousa Pereira sousa_pereira@rostos.pt; Redacção: Andreia Catarina Lopes, Claudio Delicado, Maria do Carmo Torres; Colaboradores Permanentes: Marta Sales Pereira, Luís Alcantara, Rui Nobre (Setúbal), Ana Videira (Seixal); Colunistas: Manuela Fonseca, Ricardo Cardoso, Nuno Banza, António Gama (Kira); Carlos Alberto Correia, Pedro Estadão, Nuno Cavaco e Paulo Calhau; Departamento Relações Públicas: Rita Sales Sousa Pereira; Departamento Comercial: Lurdes Sales lurdes@rostos.pt; Paginação: Alexandra Antunes xana@rostos.pt; Departamento Informático: Miguel Pereira miguel@rostos.pt Contabilidade: Olga Silva; Editor e Propriedade: António de Jesus Sousa Pereira; Redacção e Publicidade: Rua Miguel Bombarda, 74 - Loja 24 - C. Comercial Bombarda - 2830 - 355 Barreiro - Tel.: 21 206 67 58/21 206 67 79 - Fax: 21 206 67 78 E - Mail: jornal@rostos.pt; Website: www.rostos.pt; Nº de Registo: 123940; Nº de Dep. Legal: 174144-01;
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Luís Rodrigues – Investigador de História, Filosofia e do fenómeno religioso
«Se o ser humano descobrisse a fórmula da vida eterna, o conceito de Deus deixaria de fazer qualquer sentido» Luís Ferreira Rodrigues, nasceu no Barreiro. Arquitecto. Tem colaborado no jornal “Rostos”. Dedica actualmente parte do seu tempo à investigação histórica e filosófica do fenómeno religioso. Recentemente publicou o obra livro “História do Ateísmo em Portugal” e, nos Estados Unidos da América, publicou o livro “Open Questions: Diverse Thinkers Discuss God, Religion, and Faith”.
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stas foram razões mais que suficientes para entrevistarmos Luís Rodrigues, nesta primeira edição da revista online do «Rostos», afinal um percurso sobre o «falar de Deus fora de um quadro de referência institucional» e uma reflexão sobre «um Deus omnisciente é inconciliável com Liberdade». CONVERSA «PERDIDA» COM JOSÉ SARAMAGO Que motivação o levou a escrever esta obra de diálogos com pensadores de renome mundial? Começando com uma ironia, diria que, com a crise que nos assola, os pensadores de renome nacional (os poucos que restam) estão mais preocupados em sobreviver do que em dialogar. Como tal, apenas me restavam os pensadores de renome mundial. Sem ironias, diria que este projecto começou a germinar em paralelo com um outro: a
História do Ateísmo em Portugal. Enquanto recolhia informação para a História do Ateísmo, senti a necessidade de aprofundar conhecimentos acerca da religiosidade e da irreligiosidade através do diálogo com pessoas que estivessem envolvidas nestas temáticas e que as encarassem de diversas perspectivas—nomeadamente, através da perspectiva histórica, científica, filosófica, teológica, literária, etc. No início, pretendi encetar esse diálogo apenas com figuras de âmbito nacional, contudo, como já não será de estranhar, não encontrei da parte dos portugueses que contactei, muita receptividade para a conversa. Uma das raras pessoas que aceitou falar comigo, foi essa grande personalidade de dimensão universal chamada José Saramago. Conversámos cerca de hora e meia na sua Fundação, aqui em Lisboa no dia 17 de Junho de 2008. Quando pensava que finalmente tinha conseguido a primeira (e talvez a melhor) de muitas entrevistas que agora começariam finalmente a
surgir, por absurdo que pareça, o gravador que levei não funcionou correctamente e a conversa perdeu-se! Um desastre. Obviamente, já não tive cara para voltar a entrevistar José Saramago. Restava-me apenas ficar com a memória dessa conversa. Perante este facto, afiguravam-se-me duas alternativas: a atitude de vitimização tipicamente lusitana—que consistia em lamentar-me, chorar, bater com a mão no peito e esperar que alguém me aplacasse a tristeza, ou então, a atitude optimista e inconformista que sempre me guiou: teria de ignorar a adversidade e começar algo de novo; algo ainda mais ambicioso. Quando não conseguimos fazer uma coisa bem, só nos resta como alternativa, fazer várias coisas melhores. E foi assim que estes diálogos surgiram. FALAR DE DEUS FORA DE UM QUADRO DE REFERÊNCIA INSTITUCIONAL Depois de um percurso a escrever um livro sobre Ateísmo em Portugal, porquê uma reflexão filosófica e científica sobre Deus, religião e fé ? Tal como referi, ambos os livros foram desenvolvidos praticamente em simultâneo. Durante esse percurso, constatei que em Portugal, nunca existiu a propensão para falar de Deus fora de um quadro de referência institucional—já que sempre se misturou a reflexão acerca de Deus com a reflexão acer-
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ca do Deus da Igreja Católica. Mesmo aqueles que tiveram a ousadia de abandonar a visão Católica do mundo, nunca caíram no ateísmo explícito: tornaram-se simplesmente em místicos ou em anti-clericais. Por estas bandas, Deus, a religião e a fé, estão demasiado confinados ao debate monocórdico, típico de países católicos. Por isso, tendo em vista uma maior quantidade e qualidade de informação, voltei-me especialmente para os Estados Unidos da América, um país onde o debate contemporâneo acerca da religião, é vibrante e abundante—talvez fruto da existência de inúmeras denominações de tradição Protestante. Se em meados e fins do século XIX, esse debate teve o seu epicentro na Alemanha, hoje em dia, esse epicentro encontra-se no mundo anglófono. Quer seja numa perspectiva de apologia anti-religiosa (nas intervenções de Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Sam Harris, A.C. Grayling, etc.) quer seja numa perspectiva religiosa (através das publicações da InterVarsity Press, através das intervenções e debates de apologistas evangélicos como William Lane Craig, professores como Alvin Plantinga, Richard Swinburne, etc.), numa perspectiva histórica (através do Jesus Seminar, de professores como Bart Ehrman, E.P. Sanders, Geza Vermes, John Dominic Crossan, etc.), ou até mesmo numa perspectiva científica (através de cientistas como Francis Collins, Steven Weinberg, John Polkinghorne, Victor Stenger, Stephen Hawking, Paul Davies, etc.), constatamos que as reflexões mais interessantes sobre este tema se fazem em inglês. Por tudo isto, pensei que uma reflexão filosófica e científica sobre Deus, religião e fé poderia eventualmente ser mais esclarecedora se me voltasse para os EUA. PREENCHER O PERCURSO EXISTENCIAL HUMANO Que lições pessoais foram retiradas destas conversas? Uma lição muito simples: maior compreensão acerca das múltiplas perspectivas com que cada ser humano tenta preencher as dúvidas inerentes à incapacidade de apreensão da totalidade cósmica. Ninguém conhece os mistérios do Universo no seu todo; segundo dados científicos, sabemos apenas que a coisa se terá iniciado com um Big Bang há cerca de 13 biliões de anos atrás, mas desconhecemos o que deu origem a esse Big Bang, se existem outros Universos além do nosso, etc. Assim, todo o conheci6 /// REVISTA ROSTOS ONLINE
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«A pergunta que se coloca é: que deus é esse que irá preencher a minha interioridade? O deus cristão? O Deus islâmico? O deus hindu (se é que podemos falar de um deus hindu no singular)? Os múltiplos deuses ou energias tão em voga nos livros new age como O Segredo? Se quisermos falar de interioridade, acho que a ideia de deus é perfeitamente dispensável.»
mento que retiramos das coisas é inevitavelmente parcial, restando sempre uma margem de dúvida que a perspectiva subjectiva de cada um irá preencher com a resposta que lhe parece mais adequada. Um crente olhará para o desconhecido como algo que transcende a realidade e se coloca num plano divino. Um ateu como eu olhará para o desconhecido como a extensão da realidade que a nossa vista ainda—e eu ressalvo este “ainda”—não conseguiu alcançar. Um ateu olha para o horizonte e pressupõe que existe algo para lá do mesmo que não é mais do que a extensão de uma realidade ainda não alcançada. O crente olha para o horizonte e está convicto que para lá do mesmo, existe um espelho que lhe permite ter acesso a outra dimensão da realidade: uma espécie de mundo fantástico de Alice no País das Maravilhas. Isso é bom? Isso é mau? Isso é verdadeiro? Isso é falso? Nas conversas que realizei, o que se realça é exactamente a diversidade de perspectivas e respostas para esta questão. Algumas serão mais coerentes e lógicas do que outras, mas no final, tudo se resume à justificação de um sentido para essa condição extraordinária chamada “existência” e para as grandes interrogações que giram à sua volta: porque estamos aqui? O que devemos fazer com o tempo finito que nos resta? Etc. A única coisa que se altera é a perspectiva subjectiva com que cada um preenche essas interrogações, tentando encontrar a resposta que melhor lhes optimiza a noção de um sentido existencial: se para mim essa busca pelo Feiticeiro de Oz é simplesmente quimérica, não tenho problemas em compreender que, para outras pessoas, a busca por esse Feiticeiro de Oz chamado Deus, constitui a
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melhor resposta para justificar e preencher o percurso existencial humano que levam. DEUS É PERFEITAMENTE DISPENSÁVEL Acha que o homem pode viver sem discutir na sua interioridade a ideia de Deus? A partir do momento em que vive numa sociedade já imbuída dessa ideia, isso será inevitável. Contudo, a pergunta que se coloca é: que Deus é esse que irá preencher a minha interioridade? O Deus cristão? O Deus islâmico? O Deus hindu (se é que podemos falar de um Deus hindu no singular)? Os múltiplos deuses ou energias tão em voga nos livros New Age como O Segredo? Se quisermos falar de interioridade, acho que a ideia de Deus é perfeitamente dispensável. O que nos preocupa verdadeiramente (e tentamos camuflar essa preocupação com o conceito de Deus) é o sentido existencial—e totalmente natural—que atribuímos à finitude humana (nossa e daqueles que amamos). Não tenho dúvidas que, se o ser humano descobrisse a fórmula da vida eterna, o conceito de Deus deixaria de fazer qualquer sentido (neste contexto, esse conceito poderia até ganhar um novo sentido: as Igrejas do futuro seriam aquelas que anunciassem um Deus que libertaria o ser humano do enorme peso de uma existência terrena eterna. Aliás, tanto o Hinduísmo como o Budismo perfilham um pouco dessa filosofia). Existem obviamente outras formas de relacionamento com Deus que nada têm a ver com interioridade: para algumas pessoas, Deus significa simplesmente, prática ritual (ir à Missa), educação social (frequentar a catequese), envolvimento comunitário
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(dinamizar grupos de voluntariado), etc. No entanto, gostaria ainda de referir talvez a forma mais inocente como se olha para Deus: a forma deslumbrada. Achamos extraordinário o cosmos, a vida, as leis da física, etc., e pretendemos atribuir a uma divindade, um “muito obrigado!” por todas estas coisas maravilhosas que nos deslumbram. Contudo, a nossa perspectiva de agradecimento é bem dispensável se pensarmos que daqui a alguns anos (esperemos que muitos!) morreremos, daqui a 7 biliões de anos o Sol irá destruir a Terra, e muitos biliões de anos depois, todo o universo (pelo menos, aquele que conhecemos) irá desvanecer-se por via da exaustão das estrelas existentes—aquilo a que os cientistas chamam de “morte térmica do universo”. Devemos agradecer a Deus por isso? Talvez para ele o espectáculo possa ser divertido! Deus, qual criança soprando bolhas de sabão, divertindo-se a vê-las surgir e a dissiparem-se… UM DEUS OMNISCIENTE É INCONCILIÁVEL COM LIBERDADE Como relaciona a ideia de Deus – mesmo do mero ponto de vista filosófico – com a ideia de Liberdade? Presumo que estejamos a falar da ideia de um Deus cristão, correcto? Se assim for, por muito que teólogos e filósofos cristãos se tenham esforçado ao longo do tempo para tentar alicerçar numa doutrina coerente as faculdades de Deus que o poderiam compatibilizar com a ideia de Liberdade, constatamos que isso não é possível de realizar. Por exemplo, a ideia de um Deus omnisciente, omnipotente e omnipresente, é totalmente inconciliável com a ideia de Liberdade—a Liberdade Dele e a nossa. No que a Ele diz respeito, se a omnisciência é uma das suas faculdades, Deus soube e saberá tudo o que irá fazer desde sempre e até sempre. Logo, não é livre de escolher algo que sempre soube e saberá que só poderia ser de determinada maneira. Deus encontrar-se-ia assim, prisioneiro de si mesmo. Da mesma forma, se Deus tudo pudesse sem qualquer grau de restrição ou impossibilidade, deveria também estar capacitado para contrariar a faculdade de “saber” ou de “ser”. Ora, essa capacidade, anularia assim as faculdades de omnipresença e omnisciência; Deus não pode decidir “não-ser” ou decidir “não-saber” porque isso implicaria uma impossibilidade lógica: não é suposto que Deus tenha a capacidade de escolher anular-se ou aniquilar-se. Nestes termos, teria de se
anular a lógica em face das faculdades inconciliáveis da omnisciência, omnipotência e omnipresença de Deus. Em relação àquilo que à Humanidade diz respeito, utilizar Deus como condicionador da nossa Liberdade (essencialmente de um ponto de vista ético e moral), também se revela uma falácia: em primeiro lugar, teríamos de saber se Ele quer algo de nós e, em caso afirmativo, o quê? Recorremos à Bíblia para conhecer as suas intenções? Ao Corão? Às Páginas Amarelas? Porque deveríamos tomar como autorizada determinada fonte que se afirma detentora de um plano divino para a nossa existência? Só porque essa fonte assim o diz? Só porque alguns intérpretes dessa fonte assim o dizem? Com que legitimidade o fazem? Se confiássemos apenas nesse grande conceito legitimador do conformismo a que chamamos “tradição”, ainda hoje estaríamos a tomar como credíveis, algumas mitologias pré-históricas. Hoje em dia não reparamos na incompatibilidade entre a ideia de Deus e a ideia de Liberdade, porque a mensagem que nos é dada de Deus, é uma mensagem de um “Deus-amor”. Contudo, a parangona do “amor” serviu para formas muito diversas de o manifestar: queimar hereges numa fogueira poderia ser justificado como um acto de amor que visava manter a integridade da alma católica e a correcta doutrina de Cristo. No mesmo sentido, também alguns regimes ateus cometeram atrocidades por
amor à Mãe-Pátria estalinista, maoista, etc. Quantas vezes não ouvimos ainda hoje dizer que indivíduo A ou B “matou por amor”? A mim, mais do que os conceitos, interessam-me as formas através das quais eles se manifestam. Se olharmos para o discurso na Arquitectura ou no Urbanismo, por exemplo, só ouvimos falar de coisas boas: sustentabilidade, qualidade, excelência, beleza, etc. Contudo, a pergunta inevitável é esta: como é que isso se tem reflectido na realidade? Correspondem verdadeiramente esses conceitos às características que os qualificam, ou não passam simplesmente de retórica balofa para tentar mistificar as evidências? Voltando à questão de Deus, sempre que existe uma autoridade—e Deus é visto como a representação máxima de autoridade (essencialmente, uma autoridade moral)—existe sempre uma limitação da Liberdade. Não digo que uma certa limitação de Liberdade seja só por si, algo de mau (até porque é isso que mantém a ordem social e refreia exageros individualistas que poderiam prejudicar a comunidade), contudo, pretender fazer de Deus a autoridade que legitima essa limitação, constitui uma menorização e desresponsabilização da Humanidade que é, a todos os títulos, deplorável. ARQUITECTURA PORTUGUESA TORNOU-SE SNOB E RETÓRICA E já agora, como foi que um Arquitecto partiu para esta viagem pelo «mundo divino»? Por dois motivos; um positivo e outro negativo. Comecemos pelo positivo: como já se deve ter reparado, sou um apaixonado pela História e pela Filosofia. Como tal, não foi muito difícil encontrar no tema da Religião, o cruzamento perfeito entre estes dois assuntos. Constatei ainda que, no nosso país, muito se encontra por dizer em relação a esta temática. É certo que existem centenas de livros que abordam seriamente o tema da religião, de Jesus Cristo, da história da Igreja, etc. Contudo, a perspectiva é quase sempre a mesma: a perspectiva da ortodoxia vigente. Se aos portugueses fosse facultada a possibilidade de lerem autores clássicos como David Friedrich Strauss, F. C. Baur, Albert Schweitzer e Walter Bauer, ou mais contemporâneos como Robert Price ou Earl Doherty, teriam de olhar de outro modo para as concepções convencionais que nos são diariamente incutidas acerca do Cristianismo, por exemplo. No que diz respeito ao motivo negativo que me levou a partir para este viagem pelo «mundo divino», terei de
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salientar a decepção suscitada por muito daquilo que se tem vindo a fazer da Arquitectura e do Urbanismo em Portugal. Apesar das apresentações exuberantes, fotografias deslumbrantes ou prémios de arquitectura, a verdade é que muito daquilo que nos impingem como ouro, não passa de latão. A arquitectura portuguesa tornou-se snob e retórica, desprezando o diálogo entre forma e função, desprezando as necessidades das populações, a história, o respeito pelo território e ambiente, etc. A arquitectura hoje em dia, aspira apenas à fotogenia ou à negociata; copiam-se ou «reciclam-se» meia dúzia
coragem para questionar uma autoridade. As universidades, por exemplo, já não estão interessadas em transmitir conhecimento numa dimensão abrangente: apenas lhes interessa produzir mão-de-obra especializada, convenientemente formatada para ser eficiente na produção e totalmente alienada em relação ao porquê dessa produção. Andamos a formar arquitectos de secretária, treinados em AutoCad (um programa de computador que serve para conceptualizar projectos de arquitectura) aos quais não se lhes pede que pensem mas que executem.
de preparação e o excesso de advogados, encontra-se triplicado ou quadruplicado na classe dos arquitectos. Pior ainda: concede-se a determinadas pessoas com pouca preparação técnica ou ética (repare-se que metade dos arquitectos portugueses tem menos de 35 anos), a capacidade de assinar projectos e pareceres cujos verdadeiros impactos muitas delas desconhecem. Cedendo ao deslumbramento de assinar o primeiro projecto ou o primeiro parecer técnico, ou cedendo à miséria da sua condição profissional, alguns arquitectos não temem
«Andamos a formar arquitectos de secretária, treinados em AutoCad (um programa de computador que serve para conceptualizar projectos de arquitectura) aos quais não se lhes pede que pensem mas que executem. Aqueles que não trabalham em AutoCad, não têm melhor sorte: pede-se-lhes que sejam meros burocratas, seguidores dogmáticos de uma legislação desastrosa e permissiva»
de modelos estereotipados publicados em revistas da especialidade (ou melhor dizendo: revistas do establishment vigente) sem preocupações de carácter funcional, ambiental, económico ou social. Empoleirados no seu sobranceiro estatuto de «estrelas», alguns grandes nomes da arquitectura mais não fazem do que produzir objectos arquitectónicos convenientemente dispendiosos e exuberantes, destinados a ser venerados como bezerros de ouro. Professores universitários e arquitectos premiados que nos impingem essas maravilhas, tentam convencer-nos que o “rei não vai nu” quando na realidade, é isso que sucede; infelizmente, poucos são aqueles que denunciam essa nudez já que poucos são também aqueles que possuem o know-how para fazê-lo ou a
Aqueles que não trabalham em AutoCad, não têm melhor sorte: pede-se-lhes que sejam meros burocratas, seguidores dogmáticos de uma legislação desastrosa e permissiva, vertida por exemplo, no recente Decreto-Lei n.º 26/2010 (Regime Jurídico da Urbanização e Edificação). Dos cerca de 18.800 arquitectos que existem em Portugal (um rácio absurdo de cerca de 1 arquitecto por cada 532 habitantes quando a média europeia é de 1 arquitecto por cada 1000 habitantes), quantos é que vão realmente pensar e fazer Arquitectura ou pensar e fazer Urbanismo a sério num país em que a construção civil mergulhou numa crise dramática e profunda? O problema para o qual o bastonário dos advogados chamou a atenção em relação à sua classe—ou seja, a falta
assinar irreflectidamente muitos projectos, nem sempre realizados com as melhores motivações. Ao longo destes anos, consumiram-se milhões de euros em «elefantes brancos», negociatas mal explicadas, opções urbanísticas, modelos de intervenção e gestão urbana (Projectos de Interesse Nacional, Fundos de Investimento Imobiliário, Parcerias Público-Privadas, Sociedades de Reabilitação Urbana, Empresas Municipais, etc.) verdadeiramente desastrosas, sugadoras de dinheiros públicos, e cujos resultados económicos negativos estão hoje reflectidos na infame factura que alguns políticos e técnicos hipócritas, corruptos e despudorados querem passar à maioria dos portugueses. Constato com bastante decepção que, aquilo que durante anos andei a escrever—e agradeço ao Sousa Pereira por me ter dado
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a oportunidade de o fazer—no Jornal do Barreiro e no Rostos acerca da «irracionalidade imobiliária», não serviu para nada a não ser confirmar a razão que me assistia quando denunciava alguns desses exercícios despesistas. Por tudo isto e muito mais, senti a necessi-
NOTA BIOGRÁFICA Luís Ferreira Rodrigues nasceu em 1976 no Barreiro. É licenciado em Planeamento Urbano e Territorial pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, mestre em Ordenamento do Território e Planeamento Ambiental pela Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa encontrando-se actualmente a realizar o doutoramento em História e Teoria das Ideias. Tendo realizado várias exposições Livro publicado nos Estados Unidos PUB
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dade de alternar a minha prática profissional como urbanista com outros interesses de carácter mais nobilitante—e que não me desregulam tanto a bílis—nomeadamente, o estudo da temática religiosa. Talvez continuando a estudar Religião, volte a ter fé na Arquitectura e no Urbanismo. de pintura e escrito artigos sobre urbanismo e ordenamento do território no “Jornal do Barreiro” e no jornal “Rostos”, dedica actualmente parte do seu tempo à investigação histórica e filosófica do fenómeno religioso. Publicou pela Editora Guerra & Paz a “História do Ateísmo em Portugal” e pela editora norte-americana ABC-Clio, o livro “Open Questions: Diverse Thinkers Discuss God, Religion, and Faith”. Desenvolve a sua actividade profissional como urbanista em Lisboa.
MOSAICOS DA REGIÃO
SOFIA MARTINS
VEREADORA DA CÂMARA MUNICIPAL DO BARREIRO
«Sinto que é um privilégio participar neste tempo de mudança do Barreiro» Sofia Martins, vereadora da Câmara Municipal do Barreiro, fala-nos de si, do seu percurso de vida, recorda a sua “veia contestatária” dos tempos de estudante, o seu amor pela fotografia, a sua filha Maria, e, nos tempos de hoje, onde – “o dia não tem horas” – a alegria que sente de estar a dar o seu contributo para que o “Barreiro seja uma terra com qualidade”. /// TEXTO: S.P.
S
ofia Amaro Martins, nasceu no dia 20 de Julho de 1974, em Lisboa, na Maternidade Alfredo da Costa, como muitos barreirenses. Mas, como diz, “a minha terra é o Barreiro”. Viveu a sua infância na freguesia da Verderena. Frequentou o Externato Manuel de Melo, desde os 4 meses até aos 4 anos. Posteriormente integrou o grupo de crianças que inaugurou a Creche «O Comboio». Frequentou a Escola do Ensino Básico nº 4, na freguesia da Verderena, tendo concluído o ensino Preparatório na antiga Escola Mendonça Furtado, onde actualmente funciona a Escola Seixas. Seguiu-se a Escola Alfredo da Silva, onde completou o 7º e 8º ano. No 9º ano fez a opção pelo Teatro – “Gostava muito de teatro. Frequentei um Curso de Teatro, nos Penicheiros, no âmbito de uma Férias Desportivas. Dos meus 11 aos 13 anos fiz essa formação de iniciação ao Teatro. Por isso ganhei uma paixão pelo Teatro. Foi essa a razão que me motivou a fazer a opção pelo Teatro no 9º ano”. A VEIA CONTESTATÁRIA Recorda que, enquanto estudante, sentiu nascer – “a minha veia contestatária” – quando aos 10 anos, no Ensino Preparatório integrou um grupo de alunas que formaram uma associação de estudantes.
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MOSAICOS DA REGIÃO
«Gosto muito de ver fotografia, assim como gosto de fazer. A fotografia é uma forma de transmissão de emoções que mexe comigo e me comove, com a fotografia sinto-me realizada, sempre que consigo captar uma fotografia e com ela transmitir aquilo que quero transmitir.
Mais tarde, refere, foi uma activista nas lutas estudantis de combate à PGA, sem qualquer ligação a juventudes partidárias. “Foi neste tempo que despertei para as questões sociais” – sublinha. Salienta que seus pais eram ambos militantes do Partido Comunista Português – “lutaram, ainda antes do 25 de Abril e estiveram envolvidos em muitas lutas antifascistas, mas, em casa, não falavam muito das suas actividades políticas, embora conversassem sobre todos os acontecimentos que faziam a vida no dia a dia”. ADESÃO À JUVENTUDE COMUNISTA PORTUGUESA A sua adesão à Juventude Comunista Portuguesa concretizou-se no ano de 1992, já a frequentar o Ensino Superior, no ISEL, quando participou num Encontro de Jovens, organizado pela JCP. “Quando aderi já o fiz porque tinha uma grande concordância de ideias e sentia-me em condições de participar nas actividades da JCP” – sublinha. OPÇÃO POR ENGENHARIA CIVIL No Ensino Superior, frequentou o ISEL, o Curso de Engenharia Civil, que concluiu aos 23 anos – “esta era a área de trabalho do meu pai, a minha mãe estava licenciada em Geografia Urbana, acabei por optar por esta área, embora a minha área de formação tivesse sido Engenharia Química”. “O meu desejo era tirar uma formação que me permitisse trabalhar. Fui trabalhar ainda antes de concluir a licenciatura” – refere. Iniciou a sua actividade profissional em Beja, exerceu funções no Barreiro e posteriormente em Lisboa. ELEITA DEPUTADA MUNICIPAL No ano de 1993, ainda militante da JCP, foi candidata e eleita para a Assembleia Municipal do Barreiro. Nas eleições seguintes foi candidata à Câmara Municipal do 12 /// REVISTA ROSTOS ONLINE
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MOSAICOS DA REGIÃO
Barreiro em lugar não elegível, e, com o objectivo de dar apoio na vida familiar esteve um pouco afastada da vida política. No ano 2005, voltou a integrar a lista de candidatos à Câmara Municipal do Barreiro tendo sido eleita vereadora, integrando a equipa de Carlos Humberto. PAIXÃO PELA FOTOGRAFIA Na Faculdade foi sempre uma activista da vida associativa, integrando a associação de estudantes. No Barreiro participou de forma activa no CUP - uma associação promotora de actividades culturais, integrando os núcleos de Teatro e de Fotografia. “Ainda fiz umas exposições de fotografia na faculdade. Sou uma amante da fotografia” - recorda. “Gosto muito de ver fotografia, assim como gosto de fazer. A fotografia é uma forma de transmissão de emoções que mexe comigo e me comove, com a fotografia sinto-me realizada, sempre que consigo captar uma fotografia e com ela transmitir aquilo que quero transmitir. Mas não faço fotografia há muito tempo” – sublinha. “Há muito tempo que não saio para a rua à procura de bons momentos e emoções. Às vezes faço, quando tenho a máquina junto a mim e posso” – refere. MARIA NASCEU HÁ 4 ANOS Casada. Tem uma filha, a Maria que nasceu há 4 anos – “quando fui eleita para a Câmara tinha acabado de ser mãe. Saía a meio das reuniões para ir a casa dar mama à Maria e voltava de novo para as reuniões”. “Esta minha experiência autárquica tem sido muito boa, muito cansativa, mas tenho tido oportunidade de fazer coisas que me agradam bastante. Não conseguimos sempre fazer tudo o que queremos, mas tem sido muito bom” – refere. UMA VITÓRIA TER MOTIVADO OS TRABALHADORES “No meu primeiro mandato autárquico o que mais destaco é o facto de termos sido capazes de trabalhar todos como uma equipa, desde os eleitos aos trabalhadores da Câmara, acho que foi uma grande vitória ter motivado os trabalhadores para a importância de realizarmos trabalho em conjunto, porque só um trabalho de equipa produz um bom trabalho. Esta para mim foi uma referência” – salienta. “Senti que os trabalhadores aderiram ao projecto, isso foi muito importante, consegui a sua adesão, e, por outro lado, sinto que conseguimos realizar alguns projectos muito importantes para o concelho do Barreiro. Fizemos muito trabalho. Fomos uma equipa dinâmica.” – acrescenta. >>
Foto central: numa manifestação de alunos no Barreiro Restantes fotografias: vários momentos da sua vida NOVEMBRO/DEZEMBRO
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MOSAICOS DA REGIÃO
«As querelas, as polémicas, sobre quem fez o quê, ou quem faz o quê, isso em nada ajuda a desenvolver o Barreiro. O que eu pergunto é sempre: Qual é o objectivo? E, para mim, o objectivo é fazer um Barreiro Novo, um Barreiro que seja uma terra com trabalho, um Barreiro com riqueza, um Barreiro que seja uma terra com qualidade» VIVER ESTE TEMPO DE MUDANÇA DO BARREIRO “Sinto, de facto, que é um privilégio estar a viver este tempo de mudança do Barreiro. Para quem vive no Barreiro, para quem conhece o Barreiro, uma das nossas características é sermos muito bairristas, é gostarmos muito da nossa terra, gostamos mesmo muito da nossa terra.
Depois, às vezes não conseguimos fazer que a nossa terra vá para onde queremos que devia ir, porque, sentimos que, aquilo que somos e temos capacidade, isso, é faz-nos sentir algo redutor, e, como estamos longe das nossas potencialidades. Daí que sinta um grande orgulho por estar a dar o meu contributo, hoje, para ajudar a dar um empurrão para que o Barreiro avance e se transforme nos próximos anos.” – sublinhou Sofia Martins. CONTRIBUTO PARA CONSTRUIR O BARREIRO “O que costumo dizer é que as pessoas, os trabalhadores disponham, contribuam para que o Barreiro vá para a frente, mesmo que não sejam da minha força política, porque, hoje, é essencial que existam plataformas de entendimento para que o Barreiro se desenvolva” – refere. “As querelas, as polémicas, sobre quem fez
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o quê, ou quem faz o quê, isso em nada ajuda a desenvolver o Barreiro. O que eu pergunto é sempre: Qual é o objectivo? E, para mim, o objectivo é fazer um Barreiro Novo, um Barreiro que seja uma terra com trabalho, um Barreiro com riqueza, um Barreiro que seja uma terra com qualidade. Por essa razão, sentir que hoje, como Vereadora estou a ter a oportunidade de dar o meu contributo para construir esse Barreiro, faço-o com muita satisfação, até, porque sinto, que esta é uma oportunidade que poucos têm, ajudar à mudança” – salienta. Sofia Martins, tem sob a sua responsabilidade, na Câmara Municipal do Barreiro as áreas de Saneamento, Águas, Espaços Verdes, Obras Urbanas, o Trânsito, Rede Viária e Frota Municipal, e por essa razão, sublinha - “Para mim o dia não tem horas”. Com o presidente da CMB Na entrega do Prémio Rostos do Ano Em trabalho: Reunião Pública da CMB
FIXANDO NO TEMPO
Pólo de Museologia Industrial do Barreiro
Pode ser o motor de um projecto de «Turismo Cultural»
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o Museu Industrial, no Parque Empresarial da Baía Tejo, realizou-se a apresentação das «Actas do Colóquio Internacional – Industrialização em Portugal no Século XIX- O caso do Barreiro», uma iniciativa que foi realizada, no Barreiro, no âmbito das comemorações do centenário da CUF no Barreiro (1908-2008).
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SEMINÁRIO “150 ANOS DA FUNDAÇÃO DA CUF” José Amado Mendes, coordenador do Colóquio, sublinhou que a investigação científica iniciada com a realização deste colóquio, demonstra que “há um campo extraordinário de investigação para explorar”, e, neste contexto, lançou o repto de nas comemorações dos 150 anos da CUF, dentro de 5 anos, dando continuidade a este trabalho, venha a realizar-se um Seminário para tratar o tema: “150 anos da fundação da CUF”. CRIAR UM PÓLO DE MUSEOLOGIA INDUSTRIAL Miguel Faria, do Instituto de Investigação
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da Universidade Autónoma de Lisboa, salientou que o livro agora editado vai permitir a continuidade da reflexão iniciada – “com pluralidade de ideias”. Miguel Faria, salientou – “a oportunidade que é para o Barreiro e para os barreirenses ter as bandeiras da arqueologia industrial”, referindo que, esta, é uma vertente que pode contribuir para o desenvolvimento da cidade – “criando um pólo de museologia industrial”. BARREIRO UM PÓLO LIGADO AO «TURISMO CULTURAL» “Esta cidade pode ter uma terceira ou quarta vida, aproveitando o passado que é preciso preservar” – sublinhou, Amado Mendes, coordenador do Colóquio, acrescentando que o Barreiro pode transformar-se num pólo ligado ao «Turismo Cultural». Amado Mendes, defendeu o desenvolvimento no Barreiro de um pólo de «Turismo Industrial, transformando recursos existentes em produtos», porque, disse, - “O Barreiro tem um futuro com um passado riquíssimo”.
FIXANDO NO TEMPO
Mata da Machada e Sapal do Rio Coina
Um recurso com potencialidades ambientais e económicas
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uno Banza, vereador responsável pela área do Ambiente da Câmara Municipal do Barreiro, tem sido um incansável defensor da preservação da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina, como espaços estruturantes e de referência nos compromissos que o Barreiro assume relativamente às questões da sustentabilidade ambiental. CLASSIFICAÇÃO DO SAPAL DO RIO COINA E MATA DA MACHADA Neste contexto está em curso o processo de
Classificação do Sapal do rio Coina e Mata da Machada e a elaboração de um plano estratégico. A Mata da Machada, um espaço com cerca de 80 hectares é, na realidade, “o grande pulmão do Barreiro”. São muitos barreirenses que, ainda hoje, desconhecem as potencialidades da Mata da Machada e, até, a existência do Centro de Educação Ambiental, apesar de, nos últimos anos, terem sido realizadas muitas acções de divulgação, nomeadamente com a promoção de visitas de milhares de crianças das Escolas do Ensino Básico e assinatura de Acordos
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de Cooperação com diversas entidades. MATA DA MACHADA NA “ROTA DO TRABALHO E INDÚSTRIA” É cada vez mais, essencial, motivar os barreirenses para a preservação da Mata Nacional da Machada e do Sapal do Rio Coina, de forma a descobrirem as suas potencialidades do ponto de vista ambiental, lúdico, desportivo, histórico, e patrimonial. A Mata da Machada, é, também uma das referências a integrar na futura “Rota do Trabalho e Indústria”, que a Câmara Municipal do Barreiro está a dinamizar. A Mata da Machada, como foi defendido por Carlos Humberto, presidente da Câmara Municipal do Barreiro, tem que – “ser potenciada, para além da sua vertente ambiental, como um importante recurso económico do concelho do Barreiro”. NOVEMBRO/DEZEMBRO
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EM FOCO
Ana Lourenço Monteiro Rosto do Ano da Comunicação Social
«O jornalismo está-me no sangue» Ana Lourenço Monteiro, jornalista, 27 anos, nasceu em Lisboa, mas, sublinha “fui registada no Barreiro, sou do Barreiro”. Foi eleita «Rosto do Ano da Comunicação Social-2009», pelo painel da imprensa local, e, com ela conversámos sobre jornalismo e sobre a vida. Licenciada em Comunicação Social e Mestrado em «Estudo dos Média e do Jornalismo», diz-nos – “O jornalismo está-me no sangue”.
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na Monteiro, viveu a sua infância na freguesia da Verderena, recorda os seus tempos de infância, a Escola do Ensino Básico e a sua professora Teresa, um tempo quer marca o amor à terra onde nascemos. Frequentou a Escola da Quinta Nova da Telha – “ainda não havia Parque da Cidade”. Depois seguiu-se a Escola Secundária Augusto Cabrita, na área das Humanidades. JORNALISMO: VAMOS VER SE GOSTO DISTO “Foi aí, quando acabei, que decidi escolher uma área onde tivesse contacto com o público, não necessariamente o jornalismo. Ainda pensei ser professora de Inglês ou Francês, até pensei na área da Advocacia. Mas, acabei por optar pela área da Comunicação Social. Entrei para o ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas” – recorda. “Quando entrei para a Faculdade pensei: vamos ver se gosto disto. Começou a agradar e acabei por concluir aí o meu curso” – refere. MESTRADO EM «ESTUDO DOS MÉDIA E DO JORNALISMO» Ana Lourenço Monteiro, recorda as formações extras – “daquelas mais práticas” na Escola Profissional do Jornalistas - CENJOR. O seu interesse e motivação para o jornalismo estimula a sua 18 /// REVISTA ROSTOS ONLINE
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EM FOCO
«O jornalista é um pouco assim, nós queremos sempre mais»
vontade de prosseguir a formação e, neste percurso, conclui, na Universidade Nova, o Mestrado em «Estudo dos Média e do Jornalismo». UM COMEÇO NO JORNALISMO DIGITAL Depois parte à descoberta do mundo profissional, começou na Antena 1, ainda frequentava o curso, depois exerceu diversas actividades profissionais. “A minha primeira actividade como profissional do jornalismo foi no «Diário do Barreiro», jornal online, depois seguiu-se o Setúbal na Rede, também jornal online” – recorda. “Havia um pouco a ideia, quando começaram a surgir os jornais online, que toda a gente ia deixar de ler o jornal em papel. Eu acho que os dois funcionam como complementaridade. As pessoas, umas utilizam mais um meio, outras o outro, ou, até utilizam ambos.” – salienta Ana Monteiro. “Para os jornalistas o trabalho é igual, embora, no jornalismo online é necessário utilizar formas mais apelativas. Na prática o trabalho para o jornalista é o mesmo, há apenas a adaptação ao papel ou ao digital” – refere. JORNALISMO DIGITAL E PAPEL SÃO COMPLEMENTARES Ana Lourenço Monteiro refere que -“há também quem tenha a ideia que o jornalismo online dá menos importância aos jornalistas, porque não existe o seu nome no papel”, mas discorda dessa opinião. “O jornalismo online é mais dinâmico. Porque uma coisa é um jornal diário, como é um órgão online, onde temos que estar sempre atentos para o que em cada momento tem que entrar, outra coisa é um jornal semanal que nos dá, naturalmente, outro tipo de organização da nossa agenda. No jornalismo online se vou fazer um trabalho tenho que o fazer de imediato, num semanário posso programar o trabalho” – salienta. O JORNALISMO ESTÁ NO SANGUE Ana Monteiro iniciou a sua actividade de jornalista, no «Jornal do Barreiro», no ano 2006. “Inicialmente comecei como Colaboradora, depois fiz o meu estágio profissional, poste-
Topo da página: actualmnte. Em baixo: com 4 e 6 anos; Na queima das fitas, com 22 anos;
riormente passei a efectiva, e, desde 2008 exerço as funções de Editora” – refere “Esta é uma função que me dá mais responsabilidades, mas, eu gosto bastante de fazer o trabalho de jornalista.” – sublinha Ana Monteiro com um sorriso no seu olhar. “O jornalismo está-me no sangue. Foi para isso que eu me formei, para ser jornalista” – afirma. ENTRE A ROTINA E A EXPECTATIVA Sobre o jornalismo, no Barreiro, Ana comenta que – “há trabalhos que já encaramos como uma rotina, já sabemos o que vão dar, e, até já sabemos o que as pessoas vão dizer, mas, há outros trabalhos que nos entusiasmam, que geram alguma expectativa e dão algum prazer, para não estarmos sempre a fazer mais do mesmo”. “O jornalista é um pouco assim, nós queremos sempre mais” – salienta. ROSTO DO ANO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL Ana Monteiro expressa a sua satisfação por, actualmente, ter alguma estabilidade na sua vivência profissional. “O importante é caminhar passo a passo e manter sempre em aberto as expectativas de fazermos o melhor” – refere. Ana Monteiro, no ano 2009, foi reconhecida pelo painel de imprensa local que atribui as distinções Rostos do Ano, como sendo «Rosto do Ano da Comunicação Social do Barreiro». “Agradeço essa distinção. Sinto como um reconhecimento do trabalho que vou realizando. É talvez um registo da nossa dedicação” – salienta. AMIZADE PARA ALÉM DA ACTIVIDADE PROFISSIONAL Recorda que os jornalistas que exercem a sua actividade, no concelho do Barreiro, são um grupo de pessoas que mantêm entre si uma amizade e cooperação que vai para além da actividade profissional – “hoje somos menos, mas, todos, sempre mantivemos uma boa relação para além do que pode ser considerada a rivalidade entre os órgãos de comunicação social”. “Nós, mantemos uma amizade que vai para além da actividade profissional” – sublinha Ana Lourenço Monteiro, numa conversa ao fim da tarde, depois de mais um dia de intensa e permanente dedicação a esta missão de informar e partilhar os sonhos da cidade.
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UM OLHAR NA CIDADE
Plano de Urbanização da Quimiparque e Zonas Envolventes
REQUALIFICAR UM TERRITÓRIO Sentir o prazer de trabalhar e viver nas margens do Rio Tejo
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Plano de Urbanização da Quimiparque é, sem dúvida, o grande tema da actualidade do concelho do Barreiro, pela sua importância no grande objectivo estratégico de colocar o Barreiro como uma das principais referências na construção da «cidade de duas margens», ou seja abrir as portas para a construção da «grande cidade de Lisboa» na sua expansão para a margem sul. CONSTRUIR A CIDADE DE DUAS MARGENS Nos últimos tempos entrou-se na fase de
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discussão pública do Plano de Urbanização da Quimiparque e áreas envolventes. Espera-se que o Plano possa ser aprovado no 1º trimestre de 2011. Recorde-se que, actualmente, também está, também, em apresentação pública o Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML), o qual prevê que Lisboa do futuro se afirma como cidade-região, assumindo um papel âncora de desenvolvimento do País, uma perspectiva que vai de encontro á estratégia definida para o território da Quimiparque e zonas envolventes.
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O território que está envolvido no Plano de Urbanização da Quimiparque e áreas envolventes, em uma extensão de 500 hectares, dos quais 300 pertencem ao território da Quimiparque. TRÊS GRANDES CENTRALIDADES O Plano prevê três zonas nucleares: uma empresarial, outra logística e a zona portuária. Igualmente está enquadrada neste plano a construção da futura GARE DO SUL – a grande Estação ferroviária da Margem Sul – que é considerada uma das centralidades
UM OLHAR NA CIDADE
do plano. A outra centralidade situa-se onde hoje é o porto da Atlanport onde está prevista a construção de um amplo jardim urbano. Na zona do actual terminal rodo-ferro-fluvial, está pensada outra centralidade, esta mais ligada à náutica de recreio e equipamentos de diversão de elevada qualificação. 18 ANOS PRAZO DA SUA CONCRETIZAÇÃO. A recente criação do Arco Ribeirinho Sul - Sociedade constituída com o Arco Ribeirinho Sul, com 60 por cento do capital social e a Câmara com 40 por cento - enquadra o desenvolvimento estratégico do território da Quimiparque, projectando até 18 anos o prazo da sua concretização. Este território poderá vir a contribuir para
um crescimento populacional do concelho do Barreiro na ordem dos 20 mil habitantes. CONSOLIDAR O PARQUE EMPRESARIAL De referir que neste processo tem existido uma excelente parceria entre a Câmara Municipal do Barreiro e o Conselho de Administração da Baía do Tejo (Quimiparque). Recorde-se que actualmente no Parque Empresarial estão instaladas cerca de 200 empresas e, ali, trabalham cerca de duas mil pessoas. A Baía do Tejo – Quimiparque- continua apostada em manter o parque empresarial, consolidando e está a estudar as eventuais deslocalizações de empresas de forma a garantir a sua permanência no parque e continuar esta visão do território como zona geradora de emprego.
Uma das preocupações imediatas é a solução dos problemas ambientais, estando em marcha uma candidatura, no âmbito do QREN, de quatro milhões de euros, com o objectivo de resolver o passivo ambiental do território da Quimiparque. PRAZER DE VIVER NAS MARGENS DO RIO TEJO Todo o conjunto de ideias estratégicas do Plano de Urbanização da Quimiparque e áreas envolventes, visam a requalificação do território da Quimiparque e todos o espaço urbano envolvente, com a finalidade de associar três ideias chave – promover emprego, criar espaços de lazer com condições ambientais de grande qualidade e proporcionar zonas onde se sinta o prazer de trabalhar e viver nas margens do Rio Tejo. PUB
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UM OLHAR NA CIDADE
Manuel Malheiros, Governador Civil do Distrito de Setúbal
Rostos «princípios de qualidade, rigor e dinamismo que o tornaram um projecto de sucesso»
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este momento em que o Rostos Online celebra o seu 8.º aniversário, quero expressar votos sinceros de parabéns ao seu Director, António de Sousa Pereira, pela persistência e entusiasmo que sempre imprimiu ao projecto, e a toda a equipa que, diariamente, contribui para o sucesso deste que é um dos primeiros jornais digitais do Distrito de Setúbal. A nossa imprensa distrital desempenha uma missão essencial no enriquecimento informativo e cultural de todos os municípios e no aprofundamento e reflexão dos temas de maior interesse para os cidadãos, e que normalmente não têm espaço na imprensa nacional.” – sublinha Manuel Malheiros, Governador Civil de Setúbal. UM MEIO PRIVILEGIADO AO ALCANCE DE TODOS “O trabalho que o Rostos tem vindo a desenvolver no sentido de chamar a atenção para aspectos económicos, sociais e culturais, tornam o vosso jornal digital um meio privilegiado, ao alcance de todos, não só da população
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local mas, também, de quem, mesmo estando fora do Distrito ou do País, tem acesso às notícias regionais e, assim, vai-se mantendo informado sobre o que de relevante se passa no seu concelho, na sua freguesia, na sua aldeia, na sua vila.” – acrescenta o Governador Civil de Setúbal. UM PROJECTO DE SUCESSO COMPROVADO “O próximo ano será repleto de novos desafios e o Rostos vai com certeza acompanhar todos os acontecimentos, tal como aconteceu nos últimos 8 anos, mantendo os mesmos princípios de qualidade, rigor e dinamismo que o tornaram um projecto de sucesso, comprovado pela número de visitantes que, mensalmente, consultam o site e confirmam o seu crescimento e êxito. Desejo a toda a equipa um grande sucesso no seu trabalho de informação sobre a Península de Setúbal, o Vale do Sado e o Litoral Alentejano, os seus problemas, mas também sobre o seu progresso” – refere Manuel Malheiros, na sua mensagem a propósito do 8º aniversário do Rostos on line.