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SALVADOR TERÇA-FEIRA 8/1/2013
Arte André Leal / Reprodução A TARDE
HQ Álbum O Quarto Ao Lado, de Marcelo Lima e André Leal, será lançado amanhã
Possíveis sexualidades em quadrinhos feitos na Bahia CHICO CASTRO JR.
O Quarto Ao Lado, álbum em quadrinhos (e alguma prosa) de Marcelo Lima e André Leal (com participações de Bruno Marcello e Daiane Oliveira), é uma obra que, por si só, já nasce histórica: salvo engano, é a primeira HQ baiana dedicada ao tema da diversidade sexual. Longe do panfletarismo das cartilhas de ONGs, O Quarto Ao Lado centra sua narrativa principal no relacionamento ambivalente de dois amigos de infância, Rafa e Matias. Há três outras tramas menores envolvendo personagens periféricos à trama principal, mas que ajudam a ilustrar a ampla gama de afetos bi e homossexuais que eram o objeto de interesse do idealizador da HQ, o roteirista Marcelo Lima. Talento em ascensão após os bons resultados de seu álbum anterior, Lucas da Feira (em parceria com Marcos Franco), Lima começou a se interessar pelo tema da diversidade sexual ao integrar o grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade (CUS), orientado pelo professor Leandro Colling (Ufba). “Aí surgiu a oportunidade de me aprofundar nesse tema, até porque muitos amigos meus tinham se assumido gays. Achei que HQ seria uma boa mídia
FPC/ 104 p./ R$ 15/ facebook.com/OQuartoAoLado
O espantoso domínio de expressões faciais do desenhista André Leal é um dos destaques desta HQ
MARCELO LIMA, roteirista
para abordar o assunto e aí fui compondo a história”, detalha Marcelo Lima. Com uma linguagem adulta e narrativa baseada em longos diálogos, Lima construiu sua história dispensando a estrutura clássica início-meio-e-fim, preferindo enfocar um período de tempo na vida dos personagens – um tempo de (in)definições.
“Assim como na vida, também na sexualidade muitas vezes as coisas não estão definidas. Então, quando pensei na estrutura da história, achei que eu tinha que acompanhar com naturalidade o que estava acontecendo, como numa passagem do tempo”, observa Lima. “Tudo depende da configuração de cada relacionamento.
Tem gente que se define e outras não. Mas, mesmo assim, passa por experiências. Alguns personagens são gays de fato, mas precisam se identificar e passar por experiências diferentes”, diz Marcelo. Ele não sabe se O Quarto Ao Lado é, de fato, a primeira HQ baiana dedicada ao tema da homossexualidade, mas fica feliz Fábio S. Tavares / Divulgação
CÊNICAS
Destruição da natureza é tema do espetáculo Lenda das Yabás THUANNE SILVA
O espetáculo Lenda das Yabás, com texto e direção de Fábio Tavares, entra em pré-estreia neste mês, em sessões aos sábados e domingos, às 20 horas, no Centro Cultural Ensaio. Com destaque para a história da ancestralidade da cultura afro-brasileira, a peça tem como foco as lendas das orixás femininas (Yabás) Yansã, Obá, Ewá, Nanã e Oxum. “A ideia da peça partiu de uma vontade pessoal de organizar as lendas dramaturgicamente”, afirma Fábio. O texto foi escrito há 11 anos, após uma pesquisa sobre a temática. Entretanto, o processo de montagem do espetáculo vem sendo feito desde março do ano passado com a Companhia de Teatro Terra Brasilis, através de ensaios, laboratórios e pesquisa em grupo.
Humanização
Lenda das Yabás traz à tona um Deus humanizado, que age de
porque só o tema em si, acredita, deverá atrair leitores não usuais de quadrinhos. “O teor de sexualidade traz leitores não tão familiarizados com HQ. Muita gente me falou que este foi o primeiro álbum de quadrinhos que comprou na vida. Isso mostra que HQ serve para abordar qualquer tema: não-ficção, jornalismo etc. Isso me deixa feliz. Gostaria que mais gente explorasse esses outros caminhos nos quadrinhos baianos”, exorta Lima.
Três desenhistas, um projeto
O QUARTO AO LADO / MARCELO LIMA, ANDRÉ LEAL, D. OLIVEIRA E B. MARCELLO
“Assim como na vida, também na sexualidade muitas vezes as coisas não estão definidas”
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Contemplado com financiamento pelo Fundo de Cultura da Bahia através do Edital Culturas LGBT, o projeto de Lima se materializa neste belo álbum P&B, no qual três artistas se esmeraram para visualizar os personagens e tramas do autor. A principal, de Rafa e Matias, e a que abre o álbum, de Warren e Uíliam (que trata de um affair entre um turista inglês e um soteropolitano da Gamboa de Baixo), tem desenhos de André Leal, que também vem mandando muito bem em HQs como São Jorge da Mata Escura. “Leal foi meu parceiro nesse projeto desde o início. Mesmo sem edital, já tinhamos páginas prontas”, conta Lima. Leal, dado a desenhar belas mulheres em trajes de ginástica, conta que nunca tinha trabalhado com personagens homossexuais antes, mas “não tive nenhuma dificuldade porque encarei como um serviço de qualquer outro quadrinho. É pegar as orientações contidas no roteiro e executar os desenhos dentro do prazo”, conta. A Bruno Marcello coube quadrinizar a história da espevitada Isa, namorada de Rafa, contada em flashback. E Daiane Oliveira ilustra o conto em prosa Um Corpo Estranho, que fecha o álbum. Após o lançamento em Feira de Santana no mês passado, um coquetel na Livraria Cultura marca o lançamento na capital, amanhã. LANÇAMENTO: AMANHÃ, 19 HORAS / LIVRARIA CULTURA (SALVADOR SHOPPING)
DJANGO LIVRE
Tarantino diz que não quer “perder tempo” discutindo com Spike Lee
“Os orixás contam suas histórias, com destaque ao texto e aos diálogos. A música vem apenas em função da expressão dramática”
FOLHAPRESS São Paulo
GARCIA / R$ 20 E R$ 10 /
O cineasta Quentin Tarantino diz que não vai “perder tempo” respondendo ao colega Spike Lee, que criticou o seu mais recente trabalho, Django Livre, propondo o boicote do filme – pelo menos entre o público afro-americano. Django Livre conta a história de um mercenário (interpretado por Christoph Waltz) que liberta um escravo (Jamie Foxx) para que este o ajude a resgatar a mulher, presa na propriedade de um fazendeiroinescrupuloso,vividopor Leonardo DiCaprio. Segundo Lee, o filme trata de forma desrespeitosa a memória dos negros. “A escravidão nos EUA não foi um faroeste ‘spaghetti’ de Sergio Leone. Foi um Holocausto. Os meus antepassados são escravos, capturados da África. E preciso honrá-los”, escreveu em sua página do Twitter.
Digitalia tem inscrições abertas
Comédia de Gala no Teatro Sesi
Estão abertas as inscrições para o Digitália - Festival/Congresso de Música e Cultura Digital, que acontece entre os dias 1º e 5 de fevereiro no Teatro Vila Velha (Campo Grande), no Goethe Institut/Icba (Corredor da Vitória) e na Concha Acústica (Campo Grande). Os interessados podem se inscrever gratuitamente através do site www.di gitalia.com.br. Além de performances com VJs, DJs e bandas, o evento apresenta mais de 50 convidados de todo o mundo, que vão discutir temas relacionados ao mundo digital.
A partir de hoje, sempre às 20 horas, as terças-feiras de janeiro, no Teatro Sesi Rio Vermelho, recebem a temporada da stand up comedy Comédia de Gala. O espetáculo é uma realização do grupo Comédia de Novo, composto pelos comediantes Tiago Banha, Diego Barreto e Lucas Carasek. No palco da stand up, o trio aborda assuntos do cotidiano de maneira divertida, e garante boas risadas ao público. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). A classificação etária é de 14 anos.
FÁBIO TAVARES, diretor
Os atabaques são tocados pelos atores durante o espetáculo, em interação com a história contada
acordo com as emoções. Olorum, revoltado com a destruição e discórdia que os homens causaram na Terra, resolve infertilizar todas as mulheres (as Yabás) para extinguir a raça humana e prender a chuva para secar a Terra. A partir daí a trama se desenrola, com a participação das Yabás, representadas cada uma com um perfil femi-
nino característico. “O texto é contemporâneo, pois aborda a destruição da natureza pelo homem e sua própria autodestruição, consequentemente”, explica o diretor. Outro aspecto destacado é a centralização da história nas figuras femininas. “A mulher é uma grande administradora, tudo vem dela. O
homem é um grande coadjuvante”, explana Fábio Tavares, que demonstra admiração pelo gênero feminino.
Projeto Olubajé
A peça faz parte do projeto Olubajé, realizado no centro cultural, que conta também com uma série de workshops, além da exposição Bahia Minha Preta, que
reúne obras como quadros, turbantes, esculturas artesanais, além da exibição de fotos e filmes com o objetivo de homenagear a cultura afro-baiana e suas raízes. ESPETÁCULO LENDA DE YABÁS / DE 12 A 30 DE JANEIRO, ÀS 20 HORAS (SÁBADOS E DOMINGOS) / CENTRO CULTURAL ENSAIO,
CURTAS Bloco carnavalesco homenageia Vinicius Nesta quinta-feira, às 16 horas, o bloco Boca de Brasa homenageia o poeta Vinicius de Moraes. O festejo será por meio de uma grande roda de poesia, que acontecerá na praça Vinicius de Moraes, em Itapuã. Na ocasião, serão lidos poemas e outros textos, incluindo aqueles voltados ao público infantojuvenil. A programação contempla ainda a apresentação de uma performance desenvolvida a partir da canção Tarde em Itapuã. O evento marca o lançamento do poeta como tema do Carnaval 2013 do bloco, e é uma prévia do que deve rolar
nos dias 9 e 11 de fevereiro, no Carnaval, quando o Boca de Brasa participará da tradicional Mudança do Garcia.
O poeta Vinicius de Moraes foi o tema escolhido pelo bloco Boca de Brasa para o Carnaval deste ano
Hamlet no Arte do Artista de hoje Wagner Moura é o convidado do programa Arte do Artista, com Aderbal Freire-Filho. O bate-papo é hoje, às 23 horas, na TV Brasil. TVE / Divulgação