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O desencadeamento psicótico

ou técnico de saúde mental a sustentação de uma posição de aprendiz diante da psicose como orientação ao seu tratamento possível. O que se passa no nível da foraclusão determina as estratégias que o sujeito desenvolverá para lidar com sua psicose após seu desencadeamento.

Apresentada a constituição do sujeito na psicose, é preciso, pois, antes de prosseguirmos, entendermos de que maneira o sujeito pode ser afetado a ponto de se desorganizar psiquicamente. Trata-se, como acabamos de verifi car, do fenômeno que Lacan denominou de desencadeamento da psicose. Nele localizamos elementos que serão, posteriormente, essenciais ao trabalho de reconstrução subjetiva, donde sua importância para nossa refl exão. Vamos conferir.

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O desencadeamento psicótico

Ainda que Lacan já fale de comportamento desencadeado em seu estudo sobre o Homem dos Lobos, em 1951 e 1952, quando ainda ministrava seminários em sua própria casa, o termo será elevado à categoria de conceito somente com a análise do caso Schreber, no seminário dedicado às psicoses, em 1955-56. Ao discutir a relação entre o moi (eu especular) e a pulsão sexual, Lacan relembra, em relação ao Homem dos Lobos, que ele possui uma vida sexual realizada. E sobre ela diz tratar-se de um ciclo de comportamento que, uma vez desencadeado, vai até o fi m, estando entre parênteses em relação ao conjunto da personalidade do sujeito.

Como se vê, o desencadeamento aqui ainda não ganha ares de conceito, funcionando simplesmente como adjetivo.

Diferente tratamento é dado ao termo no seminário sobre as psicoses. Aí, Lacan reúne as condições clínicas do desencadeamento, assentado na teoria estruturalista e no registro da fala e da linguagem. Para ele, a primeira condição do desencadeamento seria o acidente no registro da linguagem que implica a foraclusão do signifi cante da Lei, o Nome-do-Pai, no lugar do simbólico. Esse acidente provoca um fracasso da metáfora paterna e deixa o sujeito habitado e invadido pelos fenômenos de alteração de código e de mensagem, característicos da psicose.

O segundo aspecto diz respeito à quebra da identifi cação imaginária que mantinha o sujeito articulado a uma imagem, apoiado. “Seja qual for a identifi cação pela qual o sujeito assumiu o desejo da mãe, ela desencadeia, por ser abalada, a dissolução do tripé imaginário.” É preciso que seja tocada exatamente a identifi cação através da qual o psicótico assumiu o desejo da mãe. Quando a via que sustenta essa identifi cação na constituição subjetiva do psicótico é abalada, a segunda condição do desencadeamento se realiza.

A terceira condição implica a convocação do Nomedo-Pai foracluído em oposição simbólica ao sujeito. Mais uma vez é no detalhe que reside a sutileza dessa terceira condição. A casualidade dos acontecimentos na vida do psicótico só conduz a um desencadeamento se toca o ponto no qual falta “nada mais nada menos que um pai real, não forçosamente, em absoluto, o pai do sujeito, mas Um-

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