O LUGAR EM QUE VIVEMOS41
Desejo examinar o lugar, utilizando a palavra em sentido abstrato, em que permanecemos a maior parte do tempo enquanto experimentamos a vida. Pela linguagem que empregamos, demonstramos nosso interesse natural com relação a esse tema. Posso estar num emaranhado, e, logo, libertar-me dele, ou então, tentar colocar as coisas em ordem, de modo a poder, durante algum tempo pelo menos, saber onde estou. Ou, encontrando-me no mar, oriento-me de modo a poder chegar a um porto (numa tempestade, a qualquer porto) e, depois, em terra firme, procuro uma casa construída sobre rocha, de preferência a areia, e em minha própria casa que (como inglês) é o meu castelo, fico no sétimo céu. Sem violentar a linguagem cotidiana, posso falar de minha conduta no mundo da realidade externa (ou compartilhada), ou desfrutar uma experiência mística ou interna; enquanto de cócoras no chão contemplo meu próprio umbigo. É possível que constitua emprego bastante moderno da palavra 'interno', utilizá-la para designar a realidade psíquica: reivindicar que existe um interior onde a riqueza pessoal se constrói (ou a pobreza se mostra), à medida que fazemos progressos no crescimento emocional e no estabelecimento da personalidade.
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Trata-se de um reenunciado do tema do capítulo anterior, escrito para urna outra, e diferente, audiência.