PONTO DE ENCONTRO RTRS 2023 4 A 5 DE OUTUBRO DE 2023 EXPO CENTER NORTE | SÃO PAULO, BRASIL
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Apresentações de abertura O Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) por suas siglas em inglês), a agricultura regenerativa, rastreabilidade, sustentabilidade e a importância das parcerias foram temas da agenda do evento “Ponto de Encontro 2023” da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), intitulado “Na Raiz da Nossa Missão”. Ao todo, o evento reuniu 91 organizações de 14 países e 175 pessoas, entre eles o setor comercial, alimentação animal, alimentação, varejo e financeiro, Organizações Não Governamentais (ONGs), governo, associações industriais, produtores, universidades, entre outros. Os participantes presentes puderam ouvir palestrantes e especialistas no assunto, trocar ideias e formar novas conexões.
Lieven Callewaert
Na abertura, o presidente da RTRS, Lieven Callewaert, discursou sobre o papel da RTRS em fomentar o diálogo no setor para contribuir com uma indústria mais sustentável.
“Eu tenho certeza de que ao longo desses dois dias de evento, nós vamos voltar a raiz da nossa missão. A raiz da nossa missão é uma mesa redonda global, é reunir e conectar partes interessadas da cadeia de suprimento para compartilhar ideias e experiências e discutir soluções para um terreno comum para a soja responsável. Nós queremos que os grãos de soja sejam produzidos de forma responsável para reduzir o impacto social e ambiental e para preservar ou melhorar o valor econômico”.
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Apresentações de abertura Lieven destacou que os países produtores entregam um valor agregado importante quando se trata da mitigação a mudança climática, e que é possível um cenário em que os grãos de soja sejam produzidos de forma sustentável.
“Talvez no futuro a gente possa ser visto com uma associação de mesa redonda regenerativa. Produzindo soja para poder regenerar a natureza, a sociedade e a economia”. Gisela Introvini
Por sua vez, a Vice-presidente da RTRS, Gisela Introvini, destacou durante sua fala o papel dos produtores e a importância da resiliência e da visão de futuro para enfrentar os desafios na agricultura. Ainda, ressaltou que o Brasil tem uma grande responsabilidade como produtor de alimentos para o mundo e como isso impactará bilhões de pessoas que habitarão o mundo em 2025.
“Nós temos que ter o equilíbrio de defender os nossos biomas e, ao mesmo tempo, entender sobre a segurança alimentar”. Além disso, enfatizou a importância da certificação da agricultura regenerativa, que é capaz de produzir alimentos ao mesmo tempo em que propicia condições para a natureza se recuperar e para que as pessoas e comunidades participem e prosperem.
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Sessão 1 Legislação na origem e internacional Heleen Van Den Hombergh, Assessora Sênior de Políticas, Agro Commodities Sustentáveis da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN NL) e Coordenadora da Collaborative Soy Initiative (CSI), moderou a primeira sessão do encontro RTRS 2023, “Legislação na origem e internacional”, cujo objetivo foi entender como as leis internacionais podem ser aplicadas em territórios nacionais e distintos, como é o caso de Brasil e Argentina, que possuem legislações locais diferentes. Heleen destacou que é necessária uma combinação de medidas além daquelas consagradas na EUDR para alcançar a soja sustentável em grande escala. Isso inclui o uso responsável de produtos químicos, manejo adequado do solo e da água, e medidas em escalas de paisagem para apoiar a conservação e restauração da natureza, bem como a melhoria das práticas sustentáveis em uma ampla gama de produtores de soja. Ao longo da discussão, Paul Van de Logt, Conselheiro Agrícola para o Brasil da Embaixada do Reino dos Países Baixos, André Nassar,
Heleen Van Den Hombergh
Presidente Executivo da ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), Sebastián Malizia, Diretor Executivo da Fundación Proyungas, e Federico Ucke, Responsável de Sustentabilidade da Molinos agro S.A., juntaram-se à mesa e compartilharam como a regulamentação da EUDR se compara com as legislações do Brasil e Argentina, assim como o seu impacto na cadeia. Além disso, destacaram sobre a questão da rastreabilidade das safras.
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Sessão 1 Legislação na origem e internacional Paul Van de Logt, da Embaixada do Reino dos Países Baixos em Brasil, enfatizou que um ponto de extrema importância para ele é reconhecer que o Brasil ocupa uma posição favorável para liderar a abordagem dos desafios ambientais. Ele ressaltou a notável infraestrutura técnica já existente no país, incluindo o Código Florestal e a capacidade de monitoramento por satélite, bem como as organizações que possuem entendimento das dinâmicas em diversas regiões. Paul também comentou sobre a importância da implementação completa do Código Florestal como um elemento crítico para construir a confiança necessária. Além disso, ele mencionou que a RTRS foi bem-sucedida não apenas na redução do desmatamento, mas também na promoção das boas práticas agrícolas em questões não diretamente ligadas ao meio ambiente. Ele alertou para o risco de que um foco excessivo no desmatamento possa negligenciar outros aspectos ambientais e a inclusão de produtores menores na cadeia de suprimento. No entanto, ele elogiou a RTRS por encontrar maneiras de abordar essas preocupações de maneira equilibrada. Ele mencionou a existência de convites para grupos de trabalho envolvendo a Europa, Brasil e Ásia e reforçou a necessidade de promover mais eventos como o Ponto de Encontro para engajar outras partes do governo e discutir como avançar nesse processo.
“Há um risco real de que o foco na desmatamento possa se afastar dos
Paul Van de Logt
aspectos ambientais destinados a envolver os produtores menores na cadeia de abastecimento. Acredito que a RTRS encontrou uma maneira de fazer isso, ao mesmo tempo em que oferece boas práticas agrícolas para questões não ambientais”. Além disso, Paul também se referiu à regulamentação europeia: “A EUDR é a
nova realidade para a Europa, que está moldando as demandas dos consumidores quanto à transparência e proteção ambiental nas cadeias de abastecimento. Apesar de sua complexidade, será implementada, portanto, há um desafio real para a cadeia de abastecimento de soja. Diante disso, o Brasil é um dos países mais bem posicionados”, acrescentou.
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Sessão 1 Legislação na origem e internacional
André Nassar
André Nassar da ABIOVE reconhece que há um aspecto importante e desafiante dentro da legislação da EUDR: a rastreabilidade. Segundo ele, é importante que a o governo brasileiro se envolva nessa questão por conta das comprovações de cumprimento da legislação nacional, sobretudo nas questões ambientais. O executivo ainda ressalta que a EUDR poderia ajudar nessa questão de implementação, estimulando adoção de soluções e sistemas que comprovadamente já funcionam nos países de origem do produto a ser exportado para a UE. Adicionalemente, segundo ele, é preciso fazer o processo juntos aos produtores e indústria por etapas.
“A estratégia é que a indústria se comprometa com o desmatamento zero, mas precisamos de tempo e fixada no passado”, sem criar uma cadeia de suprimentos segregada. Essa é a nossa estratégia agora. A RTRS está bem-posicionada quanto a isso. Precisamos entender como vamos interpretar a questão do desmatamento zero, com uma data de corte que é muito rígida e fixada no passado”, disse André.
Sebastián Malizia, da Fundação Proyungas, abordou questões sobre legislação ambiental e conservação de florestas na Argentina, especialmente no Chaco. O país busca equilibrar a preservação da vegetação nativa com as necessidades produtivas, enfrentando desafios como a degradação das florestas e a conformidade com regulamentações europeias de combate ao desmatamento, como a EUDR. A EUDR incentiva abordagens conservacionistas em regiões produtivos, e nesse contexto, protocolos de sustentabilidade e certificações, como a da RTRS, podem apoiar produtores à atingir os requerimentos, mas também fortalecer debates que vão além do desmatamento zero, passando para um olhar de gestão da conservação, benéfico para produtores, consumidores e para os governos.
“Não desmatar não é a mesma coisa que conservar. O maior problema desses 80% das florestas em ambientes naturais, temos a degradação que as vezes compromete seriamente a prestação de serviços e a condição de vida das pessoas da região. Tem projetos que estão sendo feitos para considerar esse ambientes naturais. Hoje em dia a produção rentável intensiva e extensiva, são os responsáveis pela conservação por boa parte dos espaços silvestres”, relatou Sebastián.
Sebastián Malizia
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Sessão 1 Legislação na origem e internacional
Federico Ucke
Federico Ucke da Molinos agros S.A. comentou sobre diversos tópicos relacionados à agricultura e exportação na Argentina, com ênfase em mudanças na produção e certificação para exportação para a Europa. Ainda destacou que na Argentina está em andamento o desenvolvimento de algumas soluções que abrangem toda a cadeira de valor.
“O grande desafio da nova Lei é a rastreabilidade ligada à uma logística muito complexa da soja e seus derivados, e como os sistemas desenvolvidos serão expandidos para todas as regiões produtivas do país”.
Os painelistas destacaram a relevância do Brasil e Argentina para liderar desafios ambientais e a necessidade de agilizar a implementação das regulamentações locais, além de equilibrar o combate ao desmatamento com outras questões ambientais e sociais. Também falaram sobre a importância da rastreabilidade, nesse sentido, com a EUDR está disposta a apoiar a implementação nos países produtores. No geral, os palestrantes apontaram a complexidade dessas questões e a importância da colaboração entre governo, indústria e organizações internacionais.
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Sessão 2 Cadeia de suprimentos: uma jornada da regulamentação à implementação Petra Ascher, Diretora de projetos da agência alemã de cooperação internacional GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH), fez a abertura da sessão dizendo que mantêm uma sólida parceria com a RTRS, ABIOVE e outras associações, colaborando com diversos produtores para aprimorar a sustentabilidade e a cadeia de valor em geral.
“Estamos focados em discutir e implementar soluções sustentáveis, promovendo a visão de produção sustentável de soja, com foco especial na região do MATOPI1. Além disso, e neste mesmo sentido, estamos envolvidos em iniciativas na Alemanha para promover a conscientização sobre o consumo, envolvendo traders e varejistas alemães na elaboração de uma política de compra sustentável. Reconhecemos a importância do diálogo, aproveitando as diversas experiências e esforços existentes para tornar nossa produção mais sustentável, embora haja a necessidade de uma visão abrangente da cadeia como um todo”.
Estados do Maranhão, Tocantins e Piauí.
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Petra Ascher
Em seguida, deu a palavra para Luiz Iaquinta, moderador do painel e responsável pela Certificação Socioambiental do Imaflora, e os painelistas, Ricardo Arioli Silva, Presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Thiago Masson, Coordenador de Soja Sustentável da The Nature Conservancy (TNC), Randal Couceiro, Diretor do TEGRAM (Terminal de Grãos do Maranhão) e Gilson Ross, Diretor de Commodities da BRF, que discutiram temas como a importância de reconhecer os produtores que estão no caminho certo em relação à sustentabilidade; regulamentações que estão acontecendo para além da União Europeia, em países como Estados Unidos e China, além de exemplos do setor privado, que também tem se comprometido com iniciativas em prol da produção de grãos sustentáveis.
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Sessão 2 Cadeia de suprimentos: uma jornada da regulamentação à implementação Gilson Ross da BRF apresentou a Política de Compras Sustentáveis de Grãos, destacando que todos precisam estar prontos para entregar um processo auditável e enfatizando a importância do trabalho em cooperação com os produtores. Ele afirmou que poucos deles são cortados quando não estão dentro da conformidade e da análise da BRF. A empresa segue o padrão de, em conjunto, resolver e ajudar as pendências que eles possam ter para que assim nem a empresa e o produtor saiam perdendo em produtividade.
Ricardo Arioli da CNA destacou a importância do estado do Mato Grosso na produção de soja, sendo responsável por 28% da produção brasileira e 7% da produção mundial, ocupando apenas 10-12% do território do estado. Ainda, mencionou o projeto Soja Plus para promover práticas sustentáveis entre os produtores, principalmente em relação às questões ambientais.
Gilson Ross
Ricardo Arioli
“Quando o produtor não cumpre algum requisito, ele não é descartado. Fazemos uma análise para entender o motivo por trás da restrição. Exigimos e promovemos de perto um processo de fornecimento responsável”,
“Nos últimos 15 anos, houve mudanças significativas na produção de soja. A soja desempenha um papel crucial na sustentabilidade alimentar, ração animal e produção de combustíveis. O objetivo é alcançar uma maior produção na mesma área”, afirmou Ricar-
afirmou.
do.
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Sessão 2 Cadeia de suprimentos: uma jornada da regulamentação à implementação Randal Couceiro do Consórcio TEGRAMItaqui apresentou o caso do Terminal de Grãos do Maranhão, instalado Porto do Itaqui, no Maranhão, Brasil, um dos terminais graneleiros mais jovens do país. Este terminal tem uma capacidade de 15 milhões de toneladas na exportação de soja e milho.
“O diálogo é fundamental para construir uma parceria com a União Europeia, acredito que como uma organização, a RTRS está pronta para promover essa cooperação”, enfatizou Randal.
Randal Couceiro
Thiago Masson da TNC falou sobre a importância e os desafios globais para se eliminar o desmatamento e a conversão do sistema agroindustrial da soja. Durante o painel, mencionou a regulamentação da União Europeia, seus benefícios à conservação os riscos associados a ela, como a não inclusão de áreas não florestais na primeira versão do regulamento. Também destacou e a necessidade da cooperação entre Bruxelas e países
Thiago Masson
produtores e de incentivos financeiros a produtores rurais com excedentes de reserva legal no Brasil. Para a TNC, a União Europeia é um parceiro estratégico na busca do desmatamento zero e da rastreabilidade socioambiental da cadeia global da soja.
“Temos uma importante missão de evitar um cenário no qual o desmatamento continue aumentando. Precisamos envolver outros atores nessa discussão. É imprescindível eliminar o desmatamento e a conversão de sistemas agroindustriais até 2025 para evitarmos o aumento da temperatura do planeta a níveis superiores às metas globais. O ecossistema como um todo é afetado”, afirmou. Este painel que percorreu questões da sustentabilidade na cadeia de suprimentos, a importância do reconhecimento de produtores sustentáveis, regulamentações globais fora da União Europeia, e exemplos de boas práticas do setor privado. Destacou especialmente os desafios regulatórios e a importância da cooperação para alcançar a sustentabilidade, destacando a União Europeia como parceira estratégica para a realização dos objetivos.
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Sessão 3 Da fazenda ao garfo, passando pela alimentação animal e varejo Rossano de Angelis, Vice-Presidente de Agronegócio para América do Sul da Bunge abriu a terceira sessão destacando o papel fundamental da agricultura no combate ao aquecimento global. Ele também mencionou que a Bunge tem feito significativos investimentos em certificação, resultando em um total de 600 mil toneladas de soja certificadas pela RTRS em 2022.
“Na Bunge, a sustentabilidade é par-te decisiva na estratégia dos negócios da empresa. Essa premissa vem sen-do usada há cerca de 10 anos quando anunciamos nosso compromisso de ter cadeias livres de desmatamento em 2025. Além disso, a Bunge tra-balha de forma transparente, para que todos nossos stakeholders ten-ham visibilidade do que fazemos”,
Rossano de Angelis
disse Rossano.
Em seguida, Jane Siqueira Lino, Diretora Adjunta do Proforest, Patricia Regina Campos Sugui, Gerente de ESG na CJ Selecta, Henk Flipsen, Diretor da Associação Holandesa do Setor de Rações (Nevedi), Will Schreiber, Representante do Retail Soy Group e Marie Tarrisse, Gerente Sr. do Compromisso Social e Desenvolvimento Sustentável do Arcos Dorados, compartilharam a perspectiva do mercado, da indústria de alimentos e dos varejistas sobre políticas de sustentabilidade e a implementação das regras da EURD.
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Sessão 3 Da fazenda ao garfo, passando pela alimentação animal e varejo Os painelistas mencionaram a necessidade de existir transparência em toda a cadeia de abastecimento. Neste sentido, o papel, entre outros, de certificações como a RTRS, já que asseguram ao consumidor final que eles estão fazendo uma escolha responsável ao consumir esses alimentos. Outro aspecto mencionado durante o painel foi a importância da certificação em promover conexão com consumidores e produtores.
Patricia Sugui da CJ Selecta, ainda enfatizou a importância da colaboração com diversos stakeholders, e destacou que a voz dos produtores deve ser valorizada desde o início, uma vez que são eles que impulsionarão as mudanças no campo. Além disso, Patricia ressaltou como esse diálogo constante com a indústria e os produtores tem gerado um impacto positivo tanto nos negócios quanto no dia a dia da empresa.
“O selo facilita a comunicação entre empresa e consumidor, para que ele entenda que estamos seguindo boas práticas. Por isso, é importante que esses selos sejam cada vez mais conhecidos”, disse Marie Tarrisse, da Arcos Dorados.
“A certificação RTRS nos permite estabelecer uma relação mais próxima com os produtores, garantindo que nossas políticas estejam alinhadas. Isso é parte integrante de nossa estratégia para cumprir nossos compromissos, inclusive no que diz respeito às mudanças climáticas”, declarou Patricia.
Marie Tarrisse
Patricia Sugui
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Sessão 3 Da fazenda ao garfo, passando pela alimentação animal e varejo
Henk Flipsen
Will Shreiber
Will Shreiber do Retail Soy Group levantou pontos relacionados à produção sustentável de soja e a pressão exercida sobre os varejistas na cadeia de suprimentos. Segundo ele, muitos varejistas questionam quais são as origens de sustentabilidade dos produtos que estão vendendo. Além disso, a sociedade civil e os consumidores exercem pressão para que ações sustentáveis sejam tomadas por parte das grandes empresas.
“O grande desafio é que toda a cadeia adote práticas sustentáveis, desde o comprometimento do produtor até o produto final que vai na mesa do consumidor”, afirmou Will. Henk Flipsen da Nevedi destacou alguns tópicos relacionados à EUDR e à necessidade de ação no contexto da produção de soja e como os produtores da América Latina veem a postura da Europa em relação à nova legislação e ao desafio para a sustentabilidade na produção de soja para a alimentação animal. Disse também que todas as empresas da Europa, principalmente da Holanda,
querem ser responsáveis, enfatizando que tomam essa responsabilidade por muitos anos na Nevedi. Henk destacou que acredita que é muito importante provar que a soja que se está comprando é fabricada de maneira responsável.
“É importante a cooperação entre diversos setores e países para cumprir os requisitos legais para garantir a sustentabilidade na produção para que chegue um produto de qualidade e sustentável para o consumidor”, observou Henk. O painel proporcionou uma visão abrangente das perspectivas do mercado, da indústria de alimentos e dos varejistas em relação às políticas de sustentabilidade e à implementação. Os representantes destacaram a importância da transparência na cadeia de abastecimento e o valioso papel de certificações, como a RTRS, para garantir escolhas responsáveis ao mesmo tempo em que destaca o desafio do custo e da escala. A necessidade de colaboração com diversos stakeholders, dando voz aos produtores, foi enfatizada como um ponto fundamental para impulsionar mudanças positivas. O diálogo constante entre a indústria, os produtores e outros envolvidos foi reconhecido como essencial para impactos positivos nos negócios e na vida cotidiana das empresas.
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Sessão 4 A soja responsável além do desmatamento: sustentabilidade e agricultura regenerativa
“A sustentabilidade é um desafio multifacetado que vai muito além do desmatamento. Inclui a saúde do solo, sequestração de carbono, água e ar limpos, práticas comerciais éticas, respeito à comunidade e condições humanas de trabalho”, declarou Lukas Vogt, Desk Manager da ACT Commodities Group, abrindo a sessão 4, no segundo dia do Ponto de Encontro RTRS 2023. Durante a sessão 4, “A soja responsável além do desmatamento: sustentabilidade e agricultura regenerativa”, Marina Piatto, moderadora do painel e Diretora Executiva do Imaflora, Marco Antônio Nogueira, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Jônadan Ma, Presidente da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (FEBRAPDP), Juan Carlos Cotella, Diretor Adjunto da Associação Argentina de
Lukas Vogt
Produtores de Semeadura Direta (Aapresid) e Marcella Giudice, Gerente de Compras de Óleos da Unilever, discutiram sobre boas práticas agrícolas, como geração de energia sustentável para produção de soja, uso de bioinsumos, plantio direto, princípios de agricultura regenerativa e integração da sustentabilidade com as questões sociais.
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Sessão 4 A soja responsável além do desmatamento: sustentabilidade e agricultura regenerativa Jônadan Ma da FEBRAPDP enfatizou que a certificação é mais que um simples documento nas mãos dos produtores. Ele ressaltou a importância da integração de nossos cultivos e do solo, assegurando que cumpram efetivamente sua função de produzir alimentos, capturar carbono, preservar recursos hídricos e promover a biodiversidade em benefício de todos. Além disso, Jônadan destacou que o Brasil tem o potencial de triplicar sua produção de grãos sem a necessidade de desmatar uma única árvore, e afirmou que esse objetivo está sendo buscado ativamente.
Jônadan Ma
“O solo tem multifuncionalidade, o solo é a base de sustentação para a produção das nossa agricultura, das nossas vidas, de absorção de toda a água. Precisamos garantir os recurso hídricos necessários. O solo hoje armazena 79% do carbono e temos a grande responsabilidade de preservá-lo”. Juan Carlos Cotella da Aapresid destacou durante o painel que 90% da produção agrícola na Argentina é realizada por meio do plantio direto e que o desmatamento é uma preocupação. Ainda ressaltou a importância de melhorar a qualidade de vida das comunidades locais, especialmente em regiões como o Gran Chaco. Segundo ele, muitos habitantes da região enfrentam desafios, como falta de acesso à água potável e educação relacionada às oportunidades de trabalho que o setor propõe, diante dos desafios tecnológicos e ambientais da atividade.
Juan Carlos Cotella
A agricultura regenerativa é apresentada como um valor agregado. Juan Carlos comentou sobre a importância das ações dos países produtores na mitigação das mudanças climáticas.
“Entendemos que a RTRS pode ter um papel importante voltada para a regeneração da natureza para os próximos anos, além de um olhar para a sociedade”, assegurou Juan Carlos.
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Sessão 4 A soja responsável além do desmatamento: sustentabilidade e agricultura regenerativa Marcella Giudice destacou a estratégia da Unilever lançada em 2020 que se baseia em três pilares principais: melhorar a saúde do planeta; saúde e confiança nas pessoas e construir um mundo mais justo e inclusivo. Além disso, ela destacou que a empresa publicou princípios de agricultura regenerativa, incluindo práticas agrícolas para melhorar a nutrição do solo, a captação de água e a qualidade da água. A executiva ainda destacou a importância da colaboração, uma vez que ela busca regenerar a terra, mesmo sem possuir terra e que está trabalhando em parceria com seus fornecedores e parceiros para atingir seus objetivos de sustentabilidade a longo prazo, reconhecendo que as ações tomadas agora podem demorar alguns anos para mostrar resultados significativos.
Marcella Giudice
As perspectivas debatidas durante a sessão, refletiram a busca ativa por práticas agrícolas sustentáveis, mitigação de desafios ambientais e a importância da colaboração na consecução de metas de sustentabilidade a longo prazo.
Marco Antônio Nogueira da Embrapa deu ênfase na geração de tecnologia para a produção de soja.
“A Embrapa Soja está trabalhando na criação de de um protocolo, denominado Soja Baixo Carbono, monitorar e quantificar as emissões de gases de efeito estufa na cultura de soja. Pretende-se que esse protocolo esteja em pleno funcionamento até 2026, com parcerias com empresas privadas para demonstrações práticas e validação em unidades-piloto”.
Marco Antônio Nogueira
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Sessão 5 Rotas para um amanhã sustentável: caminhos e parcerias principais desafios que ele considera cruciais para o futuro do setor, incluindo a necessidade de aumentar a eficiência tecnológica, lidar com o desmatamento na América do Sul e entender como esses esforços se traduzirão na valorização de produtos sustentáveis.
Niels Wielaard
Niels Wielaard, CEO da Satelligence, abriu a sessão 5 e enfatizou a importância das parcerias e compartilhou mais sobre o core business da Satelligence, que consiste em monitorar dados via satélite para auxiliar o setor no cumprimento dos regulamentos de sustentabilidade. Gisela Introvini, Superindentente da FAPCEN, Cristina Delicato, CEO da CAT Sorriso, Marina Born de Engels, Sócia da Caldenes Agropecuaria, e Pamela Moreira, Gerente de Sustentabilidade da América do Sul da Bunge, reuniram-se para compor um painel representando as mulheres do setor do agronegócio, com moderação de Charton Locks, da Produzindo Certo. Ele destacou os
Durante a discussão, abordaram o que acreditam ser as ferramentas fundamentais para um amanhã mais sustentável e digno para todos, incluindo a certificação RTRS; iniciativas de educação ambiental, com programas que incentivem e ensinem sobre o cultivo da soja; agricultura familiar; apoio às comunidades locais e a função do setor privado de envolver e instrumentalizar toda a cadeia como um todo.
Charton Locks
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Sessão 5 Rotas para um amanhã sustentável: caminhos e parcerias moção da agricultura regenerativa. Nosso objetivo é colaborar com os produtores e clientes finais na implementação de práticas sustentáveis”.
Pamela Moreira
Pamela Moreira, da Bunge enfatizou que a empresa reconhece que a agricultura do futuro deve ser de baixo carbono e livre de desmatamento. Ela compartilhou que atualmente monitoram e rastreiam 100% de suas cadeias, e quando falam das ações que implementam, a certificação RTRS é uma das principais. Ela ainda destacou o papel da Bunge em conectar as cadeias ao longo dos anos, especialmente devido à sua presença global. Em 2021, a Bunge lançou o programa ‘Parceria Sustentável’ para também obter monitoramento e rastreabilidade de sua cadeia de indiretos, compartilhando conhecimento, ferramentas e tecnologias revendas e cooperativas.
“Dentro da nossa visão, a Bunge continuará trabalhando para conectar toda a cadeia, com foco na descarbonização e práticas sustentáveis, livres de desmatamento e na pro-
Cristina Delicato
Cristina Delicato mencionou durante sua fala que atualmente a CAT Sorriso teve um aumento no número de produtores certificados, somando 20 fazendas em 2023.
“Ressalto que há um grande engajamento dos produtores em questões sociais e ambientais, e que eles estão cumprindo seus deveres e demonstrando o que fazem. A certificação não é apenas uma moeda de troca, mas um benefício na gestão para as propriedades produtoras”, explicou Cristina.
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Sessão 5 Rotas para um amanhã sustentável: caminhos e parcerias Gisela Introvini da FAPCEN ressaltou a necessidaded a união entre governos e produtores para juntos contribuirem no fortalecimento da produção diversificada de alimentos. Ela menciona a presença de líderes do agronegócio no Brasil que podem desempenhar um papel importante nesse processo.
“Precisamos repensar em conceitos antigos para atingir nossos objetivos”. Marina Born de Engels
Marina Born de Engels da Caldenes Agropecuaria enfatizou a importância das parcerias com foco em alcançar objetivos sustentáveis,, destacando o conceito de “ganha-ganha” na colaboração. Ela menciona a certificação RTRS atende a essa premissa e é, portanto, uma ferramenta valiosa à disposição do produtor. Na sua opinião, o principal objetivo a alcançar é continuar expandindo a produção certificada de soja e milho RTRS, a fim de satisfazer a crescente demanda global e o objetivo de agregar valor ao produtor.
“Para que a soja seja certificada, e apenas como um exemplo, um dos aspectos mais importantes a serem cumpridos pelos produtores é a preservação e regeneração do recurso solo. Este é um elemento-chave para evitar perdas econômicas presentes e futuras que afetarão toda a cadeia de valor da soja, as gerações futuras e o nosso planeta.”
No encerramento do Ponto de Encontro 2023, os painelistas apontaram a importância das parcerias e a necessidade de políticas governamentais e envolvimento dos líderes do agronegócio para fortalecer a indústria brasileira na questão do desmatamento zero.
Gisela Introvini
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Cases em destaque:
Experiência em aquicultura e Demanda por soja, sustentabilidade e clima na China de peixes de criação e as empresas optam por compensar sua pegada de soja com Créditos RTRS Apoiando a Soja Responsável. A empresa chilena Skretting está adotando os Créditos RTRS como forma de compensar a pegada de soja na produção de alimento balanceado animal para as fazendas de salmão e camarão.
Juan Manuel Leiva
Juan Manuel Leiva, gerente de Garantia de Qualidade na Skretting, Humberto Mena, gerente comercial de Kabsa S.A., Patrícia Sugui, gerente de ESG da CJ Selecta e Isabel Nepstad, CEO da BellaTerra Consulting e consultora externa da RTRS na China, apresentaram cases em destaque: Experiência em aquicultura da RTRS e Demanda por soja, sustentabilidade e clima na China. Desde 2017, o setor de aquicultura está crescendo em termos de adoção de materiais certificados RTRS. Isso ocorre porque a soja é um ingrediente fundamental na alimentação
A CJ Selecta, empresa que se dedica à fabricação de produtos derivados de soja, começou a envolver seus clientes com Créditos RTRS em 2019, adquirindo em média 60.000 créditos por ano. Desde 2022, a CJ Selecta trabalha com produtores certificados com o selo RTRS no Brasil e certificou uma planta de processamento em Araguari, Minas Gerais, sob o Padrão de Cadeia de Custódia RTRS. A Kabsa S.A. é uma empresa formada por profissionais especialistas em fontes de proteína e óleo para ração animal especializada, em setores como o da aquicultura, que tem como objetivo oferecer produtos e serviços abrangentes na área de ração animal.
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Cases em destaque:
Experiência em aquicultura e Demanda por soja, sustentabilidade e clima na China
Humberto Mena
regulamentos ou um sinal claro dos governos locais para que as empresas implementem medidas de baixo carbono. Além disso, destacou que as multinacionais têm um papel importante a desempenhar nos seus compromissos globais de trabalhar em conjunto com parceiros chineses, incluindo produtores, fornecedores e clientes, para promover cadeias de abastecimento sustentáveis. Destacou que a China ainda dá prioridade à segurança alimentar, aumentando a eficiência da produção e os rendimentos para aumentar os ganhos dos agricultores e a vantagem competitiva da China nos mercados globais.
“Este interesse das empresas brasileiras e chilenas representa uma confirmação do compromisso mantido há mais de cinco anos e indica uma evolução gradual na visão das empresas. Estamos muito felizes com este passo que estamos dando em direção à Cadeia de Custódia RTRS”, disse Humberto.
Durante a apresentação do case “China: demanda por soja, sustentabilidade e clima”, Isabel Nepstad, da BellaTerra Consulting, pontuou que a China ainda precisa de tempo para traduzir os compromissos do governo em relação às mudanças climáticas e biodiversidade. Disse que não há leis e
Isabel Nepstad
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Encerramento E até breve! No encerramento do Ponto de Encontro RTRS 2023, Lieven Callewaert, presidente da RTRS, compartilhou suas impressões finais. Ele expressou sua admiração pelas ideias e diálogos enriquecedores e agradeceu pela valiosa oportunidade de aprender com perspectivas globais diversas. Além disso, Lieven enfatizou que, em vez de focar apenas nos desafios, é essencial reconhecer as inúmeras oportunidades destacadas ao longo dos dois dias do evento. Lieven Callewaert
“Eu convido vocês a pensarem conosco no futuro!”
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Agradecimento Patrocinadores Um agradecimento especial aos nossos patrocinadores pelo apoio e acompanhamento no Ponto de Encontro RTRS 2023, no Brasil.
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responsiblesoy.org
Round Table on Responsible Soy (RTRS) ResponsibleSoy