1 minute read

Ilma Fontes

Next Article
Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1946)

Poeta paulista, fez parte da Catequese Poética e atuou como jornalista em São Paulo e na Bahia. Dirigiu, criou e apresentou programas na TV. Recebeu título de Cidadã da Cidade de Salvador e publicou Amor/Ação(1995), Contos &Cartas Memórias de um Coração e Reticências (2011). É também artista plástica e vive em Salvador. 6

Advertisement

Calcei os chinelos velhos de deus E caminhei pelas águas Pela mão de todos os meus irmãos, E dançamos a ciranda das ondas junto com todos os peixes Depois, Exaustos E em paz, Deitamos no leito marinho Entre algas. Adormecemos para acordar Ao lado dos velhos chinelos.

44

Eu tenho todas as raças liquidadas em meu sangue, Eu tenho todos os povos tombados em meus braços, Eu tenho o estigma desse tempo, E tenho o sangue e a terra misturando-se e restaurando-se In memorian. Eu tenho as trincheiras nas costas e asas nos pés, Que me levam a todos os continentes. Eu tenho em cada olho uma bomba detonada, E na boca uma granada por explodir. Eu sou o produto desse tempo discutido em dialética. Eu sou a hipótese e a síntese matemática dos acontecimentos. Eu sou a criança metralhada, Eu sou a angústia da humanidade toda, Que se desfaz, Aprendendo a morte, Dia a dia.

(1946)

Poeta potiguar, nasceu em São João de Sabugi/ RN,e m 19 de janeiro de 1946, é graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN),escreveu alguns livros entre os quais,Caminho do Invisível, Abstração, Lucidez de Navalha, Rascunho, Entrenós, Derramares e Sob a luz das lamparinas(pequenos contos).Participou de várias antologias e coletâneas nacionais e internacionais.Ela confessa que busca alcançar o leitor através de uma tessitura textual introspectiva, construída entre as vivências de seu tempo e a inventividade, onde o real e o imaginário se contrapõem.

MULHERES Tecelãs incansáveis Tecem vidas Fazem vivos Os seus lares Repartindo alegria Em pedaços Pintando,bordando E rebordando a vida Com a esperança De meninas Que rezam enquanto Esperam Para que o tempo Seja breve. ENTRENÓS Entre a vida e o sonho os meus caminhos (entrenós) Entre a vida e a morte a sós (entrenós) num quase chegar sob guarda-sóis colados calados (entre nós)

This article is from: