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Reca Poletti

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Silvia Camossa

Silvia Camossa

(1955)

Poeta paulistana, é formada em filosofia pela USP e em jornalismo pela Casper Líbero. Atua em publicidade. Estreou em 1999, com o livro de poemas em prosa Ruelas Profanas, seguido por Meio-Fio, Sopro de Vitrines e Refrão de Fuligem. Participou das antologias Paixão por São Paulo e Roteiro da Poesia Brasileira – Anos 90, além de revistas literárias, como Zunái, Mallarmargens, Alguma Poesia, Zona da Palavra, entre outros. Atualmente está vivendo em Curitiba.

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ESCULTURA VIVA previsível bailarina torneada pela brisa sapatilhas dois piões acetinados giram por qualquer trocado um segundo e ao encanto retornam tendões de mármore branco ela ou as águas do lago sem cílios nem cigarros da neblina onde dorme o cisne

PINÇAS DA MORTE Quando olhei o mundo lá de cima, vi um terrível caranguejo. As patas luziam como metralhadoras, cresciam e cresciam e cada uma disparando 6.000 relâmpagos ________ por minuto. Ardia na carapaça uma estrela de Davi. Deformada, é verdade (o peso das quelas vermelhas de fogo) Esmagaram duas cidades ________ mulheres lavavam panelas, crianças sujavam os pés na rua os velhos colavam o ouvido numa rádio reticente para se deitar depois à luz de velas usadas, duas cidades do cedro vi queimada a semente, com a roupa rasgada partirem anjos tal flocos de neve os pássaros debandaram ________

menos a dor pombo retraído sem uma das asas esse ficou

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