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Aline Yasmin

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Karen Debertolis

Karen Debertolis

(1966)

Poeta paulistana, historiadora, ensaísta, crítica de arte e literatura. Recebeu em 2010 o prêmio Literatura da Comunidade África Brasil pela publicação do seu livro de poemas Tela de Letras. Na introdução, Rita adverte preferir as palavras brutas, as palavras sem lapidação.Textualmente, confessa: “Procuro palavras que completem os veios de esmeralda sob a profundidade do ser”. Rita é a responsavel pelos Caminhos Efêmeros da Poesia, projeto que fixou a poesia no chão de vários parques de São Paulo. Versos de vários poetas podem ser vistos no Parque Ibirapuera, Parque Ecológico do Tietê, Parque da Juventude e Villa Lobos.

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AS PALAVRAS Entre o pensamento e a palavra Entre palavra e o sentimento Há um enorme espaço deserto Plátano, oásis, miragem Até que a mão chegue ao caderno Para libertar as palavras Agarradas ao tinteiro Leva uma vida e o mundo inteiro Paridas e ainda molhadas Não se reconhecem nos pais Tomam formas inesperadas Em desespero se agitam Presas às folhas, condenadas A serem postas à prova Pelos olhos de quem as lê, Não dizem o que são São o que se vê.nos seus braços

A CASA, AS ROSAS Arranquem as roseiras e plantem daninhas Substituam abelhas e borboletas por cigarras e formigas E nas paredes da casa Só palavras: As mais sonoras E independentes.

(1966)

Poeta carioca, contista e ensaísta. Participou de diversos concursos literários, tendo obtido vários prêmios. É colaboradora da Revista Samizdat e do site Escritoras Suicidas, já tendo escrito para os sites Anjos de Prata, Cronópios e Germina Literatura. É filiada à APPERJ, à Academia Cachoeirense de Letras e à AEILIJ. Possui quinze livros publicados. É doutora em letras e leciona Língua Portuguesa e Literatura no CEFET.

HARPOESIA Minha língua viva e sedenta Saliva Maldita E roça em profanas palavras Minhas mãos suadas e errantes Tateiam Malditas E tocam profanas palavras Por entre línguas e mãos Toma forma a poesia Sádica Lúdica Lúbrica No prazer do trava-língua No ardor de uma mão-boba A poesia se toca Harpoesia

DELÍRIO Batidas na porta: Aldrava Ofício maldito: Escrava Vulcão que se agita: A lava Voz que se liberta: Destrava Delírio poético: Palavra

(1966)

Poeta gaúcha, é cineasta, jornalista e produtora cultural. Participou de várias antologias de contos e de poesia. Publicou os livros Medusa, poemas infantis (2011) e Carne e Trigo (2012).Já foi premiada algumas vezes e está à frente do projeto Cidade Poema, que vem levando poesia às ruas e espaços públicos de Porto Alegre.Já dirigiu o Instituto Estadual do Livro, está à frente do selo editorial Casa Verde, e dirigiu, roteirizou e produziu o documentário Canto de Cicatriz (38min, 2005).Seu último livro de poemas, Segue Anexa Minha Sombra, saiu este ano.

CACTUS Seguem regando cactus com seus versos consumados, seus desejos de fatiota, seus gestos de pince-nez. No ar, punhais se aposentam, restam punhos descerrados, pulsões de terno e gravata e impulsos protocolares. Seguem regando cactus, aram desertos, cimento. Há vigilância nos atos e assepsia nos leitos.

DEPOIS Aí veio aquela dorzinha que não é dor de morte, muito menos de amor perdido. Veio aquela coisa inefável que se sente ao retirar o último enfeite da árvore de Natal, ao recolher os copos no final de festa, ao arrumar a cama na manhã seguinte.

PRESSA Era um tipo de angústia que ansiava por engolir o mundo. E em seu desespero errava as garfadas e mordia a própria língua. E morria à míngua.

(1966)

Poeta gaúcha, é jornalista formada pela Universidade Católica de Pelotas. Funcionária pública concursada trabalha há mais de 19 anos na Prefeitura local. Atua também como free-lance em rádio e tv a cabo. Começou a escrever em 2009 e publica seus poemas em blogs e sites da internet.

ALUADA fatio o dia em pedaços de mil delícias saboreio lentamente mas se à noite a lua cheia de açucar escorrer pela janela pra dormir no meu umbigo me melar e virar calda perco o foco e as metas dou adeus às dietas devoro de colherada

EMBOSCADA não é na força bruta que se ganha a luta nessa guerra de arranha é preciso alguma manha um olhar de emboscada uma língua revirada destemida e servil que mire o inimigo e finja que não o viu pernas firmes e ligeiras deslizando sorrateiras frente à zona de perigo chamando pro combate sem direito de resgate lábios seios e umbigo 130 AS MULHERES POETASe tudo mais NA LITERATURA BRASILEIRA que morra e mate

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