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Arlene Lopes
from As Mulheres Poetas
(1965)
Poeta cearense, é professora universitária. Desde adolescente participa de movimentos literários. Escreve contos, crônicas, poemas e ensaios, que vem publicando esparsamente em jornais, revistas e blogs. Publicou 4 livros de poemas: Desesperadamente Nua (1987), Amálgama (1991) , De olhos entreabertos (2012) e A carne do tempo (2020). Também publicou Os fantásticos mistérios de Lygia (2009), Literatura no Ceará (2019).
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SEPARAÇÃO Deixo teu corpo como quem deixa a pele e em carne viva se expõe ao sol.
Como o filho que deixa a casa, deixo teu corpo em silêncio sem itinerário e só.
Deixo teu corpo como quem abandona o cais e perde-se mar adentro sem medo de não voltar.
Como quem naufraga, deixo teu corpo e minha alma nele nua a dardejar. Como quem se mutila, deixo teu corpo como quem deixa a vida.
AUSÊNCIAS O que me habita é feito de ausências: a casa perdida nos abismos da memória, o amor feito lembranças do que poderia ter sido, a criança que insiste em rasgar o tecido do tempo em que borda sua história. O que tenho são metades, nunca inteiros. Sou feita assim, dessa argamassa vil dos crédulos que sonham sem medo dos interditos e dos desesperos.