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Célia Musilli

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Silvia Camossa

Silvia Camossa

(1957)

Poeta capixaba, jornalista e atriz, é uma das primeiras vozes poéticas do Espírito Santo a cantar a negritude. Já fez incontáveis recitais divulgando seus poemas. Montou uma peça com seus poemas e ficou 6 anos em cartaz. Criou a Casa do Poema, no Rio , a TV Escola Lucinda de Poesia Viva e mantém um site na internet com parte expressiva de sua obra. Estreou em livro com Aviso da Lua que Menstrua (1990). Seguiram-se Sócia dos Sonhos (1994) O Semelhante (1994) e A Fúria da Beleza(2006).

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ZUMBI SALDO Zumbi, meu Zumbi. Hoje meu coração eu arranco Zumbi hoje eu fui ao banco E ainda estou presa Escuto os seus sinos e ainda estou presa na senzala Bamerindus Presa definitivamente Presa absolutamente à minha conta corrente.

PENETRAÇÃO DO POEMA DAS SETE FACES

A Carlos Drumond de Andrade Ele entrou em mim sem cerimônias Meu amigo seu poema em mim se estabeleceu Na primeira fala eu já falava como se fosse meu O poema só existe quando pode ser do outro Quando cabe na vida do outro Sem serventia não há poesia não há poeta não há nada Há apenas frases e desabafos pessoais Me ouça, Carlos, choro toda vez que minha boca diz A letra que eu sei que você escreveu com lágrimas Te amo porque nunca nos vimos E me impressiono com o estupendo conhecimento Que temos um do outro Carlos, me escuta Você que dizem ter morrido Me ressuscitou ontem à tarde A mim a quem chamam viva Meu coração volta a ser uma remington disposta Aprendi outra vez com você A ouvir o barulho das montanhas A perceber o silêncio dos carros Ontem decorei um poema seu Em cinco minutos Agora dorme, Carlos.

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