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Su Angelote
from As Mulheres Poetas
(1957)
Poeta carioca, escreve contos e ensaios. É mestre em literatura brasileira pela UFRJ e professora de língua e literatura do Colégio Pedro II. Publicou o livro de contos A dona das palavras(2015). Até o fim deste ano de pandemia, 2020, deverá sair seu livro de estréia no universo da poesia.Ainda sem título.
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AZUL REAL LAVÁVEL
Para meu pai Como o sangue corria-lhe nas veias a tinta enchia-lhe as folhas caligrafia indelével pingava sobre o branco perfeita combinação nenhum traço nenhum senão. Me coloria os dias o conteúdo do pote nada detinha a letra no linho, no algodão floria a pétala azul nenhum borrão nenhuma mácula ardia. A pena corria leve sem rasuras rumo à folha coisa viva aquela tinta que lhe escorria das mãos.
SINA Assim o mar se fez em mim concha, ostra, sereia, me navego e me transbordo. No começo de mim, era a água. Mar, córrego ou rio, é nela que me recolho e me refaço enfim. Navegar é sina de imigrantes. Eu me navego, imigrante de mim.