Márcia Peltier

(1958)

Poeta carioca, ficcionista,compositora, cantora e instrumentista. É formada em física, violoncelo e fez pós-graduação em filosofia. Já publicou 20 livros, entre poesia e romances. Estreou muito jovem, com Geração de Estrela (1975) e com Lampadário(2008) conquistou o prêmio ABL de poesia. Outros prêmios conquistados pela poeta: APCA, UNESCO e Pen Clube do Brasil. Compôs para trilhas sonoras de novelas e já ganhou até disco de ouro. Outros títulos: O Inventor de Enigmas(1989), Cantares de Amor e Abismo(1995) ,Poesia Reunida(2002)e Discursos para Desertos.

Das rochas escuto rimas Deixo que passem pássaros As palavras as vertigens Não me aproprio ainda Do seu imprevisto canto Escalo a página em branco.

INVENÇÃO DO AMOR Assim, delicado, a passos de piano que te sonhei chegando em minha noite também lá os pássaros são meus pares de orquestra e tocaremos uma sonata de belezas.

As horas choram na janela onde te vejo aproximares de mim com tua roupa de inventos e me chamar para dentro de teus parques para dentro, para poder calar-te o meu silêncio.

Hei de esperar-te sempre, a nossa história escreverá o círculo do eterno quando o infinito é só um passo à frente e o impossível, um pensamento vago.

Podes chorar em mim, a tua dor é minha ao te avistar longínquo e não te saber quando terei que desprender o céu e toda a planetária, para que caias com teus choros em meus prantos. Tenho a dizer-te tanto que nem sei por onde começar, se pelo fim do mundo ou pelas frases prontas, o que sequer os dicionários saberiam dizer, com a clarividência de um segredo.