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Rosana Chrispim
from As Mulheres Poetas
(1958)
Poeta pernambucana, residiu por longo período na Paraíba e mora há mais de duas décadas em São Paulo. “Não pertenço a lugar algum, embora me sinta vaga e inequivocamente nordestina”. Possui três livros publicados e outros três ainda inéditos, esperando proposta editorial. “O primeiro deles é meu olhar para o mundo natural. Chamei-o naturalmente de ‘Natural’. No segundo, mais emotivo, o olhar recai sobre mim, é o ‘De mim’. O último livro, depois de algumas dúvidas, veio a se chamar ‘Outros’.
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TESTAMENTO Aos meus, que são tão poucos deixo, dos tempos e da distância o cheiro passado das flores, tola ilusão de bondade.
Aos que em vida não me notaram existência, só para eles, sim, serei justa: nem terei partido
JOGANDO PEDRA Por vezes, desarrazoado, vem o impulso de me lançar da cadeira, pular da ponte, cair do galho carregando pedra.
E meticulosamente largar esse inferno, pisar outra lua, ir para o céu. Meter os pés no céu.
Os dois pés.
MONUMENTO De pequena, antes das primeiras palavras, já era sábia.
Após as primeiras letras, comecei a construção de minha ignorância, esse enorme palácio.