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Lígia Dabul

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Silvia Camossa

Silvia Camossa

(1959)

Poeta mineira, é formada em letras pela UFMG e trabalha como professora e revisora. Desde pequena escreve, mas foi a era dos blogs que tornou seus textos mais conhecidos. Colabora com alguns blogs e revistas literárias e alguns de seus poemas foram publicados no livro ‘Maria Clara: universos femininos’. Em 2015 publicou o seu primeiro livro solo: Mil noites e um abismo.

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não te amei logo de cara levou exatamente quarenta e sete dias e uma noite foi quando vi que seus olhos choraram quando te contei sobre as noites de chuva em uma casa velha que eu morava foi quando te falei de um poema sobre a solidão das pessoas nas noites de um bar e você mordeu levemente os lábios e me pediu mais uma dose de uísque levou exatamente quarenta sete dias e uma noite para eu ver que você era a pessoa que eu queria ao meu lado quando chovesse ou quando o dia fosse claro e te vejo agora como te vi aquela noite e no rádio toca uma música e você me chama pra ouvir e talvez vamos dançar juntos mais uma vez

FERIDAS CUSTAM A SECAR tenho em mim o resto de meus dias e não sei de que são feitos sei que horas são quando me chamam pra almoçar ou qualquer outra besteira cotidiana a não ser quando incendeia a lua me importo menos com as coisas que me atormentavam tanto e desisto de pular a janela vou acumulando sorrisos e caretas feridas custam a secar lobos passam silenciosos e com medo percebo só as suas sombras e isso me basta um drink, amor? para celebrar o vazio o que importa se os degraus são altos e não posso alcançá-los? enojam-me as tragédias humanas e sou uma delas

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