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Carmen Moreno
from As Mulheres Poetas
(1958)
Poeta paraense, é advogada e escritora. Já foi revisora e produtora editorial. Participou de vários projetos editoriais de pesquisa histórica realizados no Estado do Pará e sempre publicou seus textos literários em revistas literárias, blogs e sites. Publicou O Beijo da Chuva, (2009), Anverso, (2011), Duas Mulheres Entardecendo, (2011) e Aquatempo – Sementes líricas ( 2016)
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O meio é fenda Breu que guarda a luz De línguas cegas Em abissal mergulho de desejos INTERDITO De mãos em punho O Passado Chega a cada instante E investe contra meu peito O Passado é o murro que me açoita A cada açoite A face do Presente evanesce O Futuro a recolhe Sorvendo-a Roubando-me o Meio O Tempo erra-me Decreta-me Interdito! Sou apenas um patético corpo Orgânico E hipotético de uma história inacabada Existência fadada à eternidade etérea da memória Povoada por fantasmas Eu perdi meu itinerário
CAIS Turva água a tua Que de teus olhos Escorre nua
Molha o muro da face tua Abre-lhe fenda Funda Escura Fina janela para teu subterrâneo Cais Abismo de teus Ais.