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Martha Medeiros
from As Mulheres Poetas
(1960)
Poeta paranaense, é psicóloga, educadora e ativista cultural. É autora de livros infantis, consultora editorial, criadora de projetos de formação para professores em estados e municípios. Coordenadora interina do Fórum das Entidades Culturais de Curitiba. Publicou o livro de poemas Sozinhes.
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DESINSPIRAÇÃO Não! Não me ame. Não me ame por motivos que te fazem achar que me ama. As razões desse amor não estão em mim. E também não sei onde estão. Não me ame. Eu te imploro. NÃO ME AME. O amor que sente por mim é um fardo, um peso. Um muro no meu caminho que me faz parar. Como qualquer amor, não liberta. Então não me ame. Seremos dois não amados, mas livres. Eu prefiro...mil vezes eu prefiro. As rédeas brilhantes do amor cegam a visão, enganam os caminhantes e nos tiram a inspiração. Quero minha inspiração. Ela não vem desse amor. Ela vem do caos,das noites insones, ela vem da falta de amor...mas quando ela vem ela é plena,e me completa. Então não me ame. Mas se ainda assim me amar, não explique, nem justifique e Por deus – não me culpe. E por favor não me conte. Me ame em silêncio. É sublime e lírico...e me deixe ir. Porque por amor algum eu ficarei refém de nada, além de mim. E entenda enfim, que esse amor não existe. O amor só existe em si mesmo. Mas, se por desatenção ainda assim, quiser me amar, não ponha as razões da alma, não ponha as razões do corpo. Não fale dos motivos de Deus (estes ninguém explica). Não fale dos motivos meus (não existem). Se quiser me amar, me ame sem motivos. Não existem motivos no amor. Os motivos querem explicação. O amor ama. Os motivos não