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Sandra Santos
from As Mulheres Poetas
(1963)
Poeta carioca, formou-se em tradução literária pela PUC-RJ. Dirigiu, durante cinco anos, o jornal cultural Verve. Tem cinco livros de poesia publicados: Os Dias Gagos (1991); Saxífraga (1993); Zona de Sombra (1997); Corola (2001 – Prêmio Jabuti de Poesia/2002) e Margem de Manobra (2005), finalista do Prêmio Portugal Telecom, em 2006.
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NO ÉDEN peça a ela que se desnude começa pelos cílios segue-se ao arame dos utensílios diários (insônia alinhavando-se de tiros, a infância seus disfarces) é preciso que se arranque toda a face deixar que os olhos descansem lado a lado com os sapatos na camurça oscilante de um quarto isso, se quer (sequer desconfia) tocar o que se fia (um par de presas, topázios) entre os vãos das costelas abra o fecho ela desfecha no escuro o quadrante onde vaza a luz e suas arestas
NUMA ESTRADA a noite é um sopro doce e degenera o bafo do que ainda vai morrer o som da roda o asfalto não sossega e chispa o trilho do trem o trilho do trem a noite é uma espera fraudulenta que as horas tecem sempre recomeça as árvores esgarçam sua pele com unhas de fumaça a noite insone torce e mastiga o som que a boca nunca pronuncia a noite entrega a carne arrependida à avidez da lâmina do dia.