Foto: Mauro Frasson
Vendas no varejo continuam em alta Darci Piana
Revista trimestral nº3 Ano1 Set/08
A revista da pequena empresa no Paraná
Empreender sem riscos no futuro A análise prévia das variáveis que podem afetar os negócios ajuda não só a evitar problemas, como também a enxergar novas oportunidades.
Serviço
Mercado
Associativismo
Feiras e Eventos
Bancos facilitam acesso ao crédito Empresários de micro e pequenas empresas têm inúmeras linhas de crédito e financiamento à disposição, porém orientação técnica, nessa hora, é fundamental.
Capacitação
Comportamento
Giro pelo Paraná 1
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Anuncie na Revista Soluções: publicidade.revistasolucoes@ pr.sebrae.com.br Impressão Artes Gráficas Renascer Ltda. (Multigraphic) Tiragem 10 mil exemplares Periodicidade Trimestral Design Gráfico e Diagramação Ingrupo//chp Propaganda
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Boa leitura!
O editor
Paraná perde Adílio Marcomim O Paraná perdeu em julho deste ano Adílio Marcomim Milanez, que, durante mais de três décadas, ajudou a construir a história do Sebrae/PR. Adílio Marcomim nasceu no sudoeste do Paraná, era contador por formação e ingressou no Sebrae/ PR na década de 1970, quando passou a atuar na área financeira. Foi responsável por vários projetos de apoio às micro e pequenas empresas no Paraná, com destaque especial para o “Sistema Fácil”, criado para facilitar a abertura e formali-
zação de pequenos negócios, e o “Contabilizando o Sucesso”, para ampliar a atuação dos profissionais de contabilidade junto ao segmento. Adílio Marcomim foi diretor de Administração e Finanças do Sebrae/PR até abril de 2007, quando se aposentou. Foi também conselheiro suplente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC) do Paraná. Adílio faleceu aos 58 anos e deixou a viúva Olga Yayoi Hatsushikano Milanez. Deixou também um legado de profissionalismo, austeridade e competência, e uma história de vida que seguramente continuará inspirando e servindo de exemplo àqueles que tiveram o privilégio de desfrutar de sua convivência.
PG 28 - ASSOCIATIVISMO
Idéias para problemas comuns
Apicultores do oeste do Paraná participam do Programa Empreender e mostram como a união de esforços torna pequenos mais fortes.
PG 14 – MERCADO
A hora de aproveitar e crescer Conheça os setores que mais geram empregos no Paraná. Momento econômico é bom, mas exige profissionalismo.
PG 32 – CRÉDITO
Bancos facilitam acesso ao crédito Demanda das micro e pequenas empresas, por financiamentos, cresceu nos últimos dois anos.
PG 18 – MERCADO
Vendas no varejo continuam em alta
PG 6 – ENTREVISTA
Romero Rodrigues, sócio-fundador do BuscaPé, diz que a internet é um campo aberto para os negócios e que micro e pequenas empresas não podem perder a oportunidade. Foto: Divulgação
Método já começa a ser utilizado por pequenas empresas e permite trabalhar com uma visão focada e a longo prazo.
Foto: Divulgação
Foto: Christian Rizzi
Gestão com foco em resultados
PG 36 – SERVIÇOS
Passo a passo para abrir uma pequena empresa
Pesquisa Fecomércio prevê aumento de 10% nas vendas em todo o Estado para 2008.
PG 22 – CAPACITAÇÃO
Crises que levam ao sucesso Empresários paranaenses falam da importância do conhecimento nos negócios e contam como superaram dificuldades.
PG 25 – CAPACITAÇÃO
Lideranças fortes, negócios fortes As histórias de dois líderes do cooperativismo do Paraná que usaram suas potencialidades e valores pessoais para obter resultados.
A quantidade de documentos pode assustar, mas abrir uma micro ou pequena empresa não é tão complicado assim.
PG 40 – COMPORTAMENTO
Etiqueta: da mesa, para a empresa
Regras de comportamento se tornam fundamentais no mundo corporativo. Confira dicas de como agir na empresa.
PG 44 – FEIRAS E EVENTOS
Paraná na vitrine
A segunda edição do Paraná Business Collection se consolida como o grande evento de moda e negócios do Estado.
PG 48 – FEIRAS E EVENTOS
Feira do Empreendedor 2008 O maior evento de empreendedorismo do Paraná reuniu mais de 17 mil visitantes em Londrina.
PG 51 – ARTIGO
José Cezar Castanhar, da FGV, fala das crises econômicas, riscos e oportunidades que não podem ser perdidas pelos empresários.
PG 52 – GIRO PELO PARANÁ
Um resumo dos principais acontecimentos e eventos envolvendo o Sebrae/PR.
PG 56 – ARTIGO Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae/PR, fala sobre competitividade e como o empresário deve agir para se manter no mercado.
Foto: Mauro Frasson
Críticas e comentários, mande um e-mail para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br
PG 11 – TENDÊNCIA
José Salomão
Foto: Mauro Frasson
Darci Piana Presidente do Conselho Deliberativo Allan Marcelo de Campos Costa Diretor Superintendente Julio Cezar Agostini Diretor Técnico Vitor Roberto Tioqueta Diretor de Administração e Finanças Coordenação Geral Renata Borges Todescato Gerente de Marketing e Comunicação Leandro Donatti Jornalista Responsável Registro Profissional 2874/11/57 - PR sebrae@pr.sebrae.com.br http://asn.sebraepr.com.br
Um momento econômico favorável não se revela suficiente para mudar a realidade dos pequenos negócios. A sustentabilidade que deve ser perseguida pelos empresários de micro e pequenas empresas vai muito além. Está diretamente ligada ao grau de maturidade e ao preparo empresarial. Nesta edição, a Revista Soluções, uma publicação do Sebrae/PR, traz boas notícias para os empresários de pequenos negócios. A economia aquecida, apesar de ainda alta a taxa de juros e um tímido retorno da inflação, tem ampliado a participação do segmento na geração de empregos e renda, por exemplo. O sucesso dos empresários de micro e pequenas empresas está na sua superação. Seja na busca de soluções eficazes como o associativismo, seja na utilização de ferramentas ainda pouco exploradas como a gestão de riscos e a gestão com foco em resultados, temas também abordados nesta edição. Por melhores que sejam, as oportunidades se perdem quando a qualificação empresarial está aquém do que espera o mercado. Razão pela qual, o Sebrae/PR oferece soluções para micro e pequenas empresas, com o objetivo de torná-las mais competitivas, transformando-as em negócios sustentáveis. O leitor poderá conferir ainda nesta edição algumas mudanças no rumo editorial. A Revista Soluções está com ‘cara nova’, repaginada e com seu conteúdo cada vez mais afinado com o que de fato importa para as micro e pequenas empresas. Um exercício constante que nos move a cada publicação.
Índice
Foto: Hugo Harada
Editorial
PG 8 – CAPA
Empreender sem riscos no futuro A identificação e a gestão adequada dos riscos não somente minimizam perdas, como podem ser um fator de vantagem competitiva.
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Romero Rodrigues
Internet: um campo aberto para os negócios
O e-commerce está em crescimento no Brasil, requer baixo investimento e pode ser uma oportunidade para micro e pequenas empresas Por Andréa Bordinhão
No começo, eram 35 lojas cadastradas. Hoje, são 60 mil. Esse é apenas um exemplo do crescimento que o site de comparação de preços BuscaPé obteve entre junho de 1999 e julho deste ano. A pequena empresa, formada inicialmente por três estudantes de engenharia que tinham apenas 20 anos e que mais tarde ganhou um quarto sócio, começou dentro de uma faculdade e teve um investimento inicial que não passou de R$ 2 mil. Hoje, recebe cerca de 16 milhões de acessos por ano e faz a intermediação de cerca de um terço do e-commerce brasileiro. Apesar de já ter nove anos de vida, o BuscaPé continua um exemplo de que os pequenos também podem conquistar o meio on-line. E os números atuais da internet reforçam essa aposta. De acordo com dados do e-bit, que mede
o comércio eletrônico no Brasil, e do Ibope/NetRatings, o e-commerce aumentou 43% na comparação de 2006 com 2007. E o potencial futuro de crescimento é enorme, já que atualmente apenas cerca de 25% das pessoas que têm acesso à rede compram por ela. Em entrevista à Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná, o sócio-fundador do BuscaPé, Romero Rodrigues, contou um pouco da sua história e de como funcionam atualmente o investimento on-line e as estratégias para atrair clientes. O empresário vê o comércio eletrônico como um dos mercados mais aquecidos no mundo e ressaltou que o investimento para quem está interessado em entrar nesse ramo ainda é baixo. Soluções Sebrae - Como surgiu a idéia de um site de buscas de preços? Romero Rodrigues - Um dia o Rodrigo (Vasconcelos Borges, um dos sócios) estava procurando uma impressora para comprar e começou a buscar informações na internet. Ele procurou em inúmeros sites e não encontrou lojas e preços. Aí comentou que podia existir um site totalmente especializado em busca de informações de compra de produtos. Foi quando veio a idéia de desenvolver um site de comparação de preço. Soluções - Quando começou a investir em empreendedorismo eletrônico? Rodrigues - Com o BuscaPé, eu comecei em junho de 1998. Mas, na prática, eu já tinha tentado alguns outros negócios anteriormente. O site foi para o ar em junho de 1999.
Fotos: Divulgação
Soluções - E vocês não precisaram de investimento financeiro? Rodrigues - Para colocar a empresa de pé, não. Na época, tínhamos uma bolsa de pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) de R$ 300 cada um por mês. Uma parte ia para o ônibus, outra parte para o lanche e outra parte para pagar a hospedagem do BuscaPé. Conjuntamente, nós três investimos cerca de R$ 2 mil no
primeiro ano. Depois o projeto entrou no ar e no final de 1999 recebemos a primeira rodada de investimento. Soluções - E quais foram as principais dificuldades que vocês enfrentaram? Rodrigues - O projeto estava indo bem porque pegamos a onda de crescimento da internet. Mas quando a internet entrou em crise (2000, 2001 e começo de 2002) tínhamos um projeto que achávamos viável, mas de repente o mercado ficou incrédulo. Foi muito difícil conseguir convencer as pessoas durante um tempo. Para nossa sorte, recebemos investimento um pouco antes. Usamos esse aporte para sobreviver esse período. Aqueles foram anos bem difíceis para o mercado. Praticamente, todas as empresas na internet sumiram. E também tivemos dificuldades menores, como por sermos muito jovens. E tivemos concorrência de sites internacionais, que acabaram desistindo do mercado daqui.
“A internet é um mercado em forte expansão. Temos mais de 40 milhões de brasileiros usando a internet e quase 10 milhões que compram on-line.” Soluções - Como você vê o aumento do e-commerce no Brasil? Rodrigues - É um mercado em forte expansão. Está crescendo à taxa de 40% ao ano e não tem previsão de desaceleração. Hoje, temos mais de 40 milhões de brasileiros usando a internet e quase 10 milhões que compram on-line. Isso é, somente 25% do potencial total da internet usam o e-commerce. Os outros 75% vão começar a comprar a qualquer momento. E hoje, a maioria dos brasileiros compra menos de duas vezes por ano. O potencial de crescimento brasileiro, portanto, é gigante. Soluções - É vantagem para as micro e pequenas empresas investirem no mercado eletrônico?
Romero Rodrigues sócio-fundador do BuscaPé
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Rodrigues - Sim, porque em um mercado que cresce rápido, há mais chances de tocar um projeto. E são tantas oportunidades que, apesar de existir uma competição muito grande, as empresas maiores estão mais distraídas tentando correr atrás desse crescimento e se preocupam menos com os concorrentes que estão começando. Soluções - E essas empresas precisam de muito investimento para entrar nesse filão de mercado? Rodrigues - O custo de entrada na internet é mais barato, já que não demanda grandes lojas. A distribuição também é barata, porque é possível ter um relacionamento direto com a ponta (consumidor). Isso traz eficiência para o processo e é revertido em menores despesas. Além disso, é uma área que tem possibilidade de se criar um negócio sem grandes necessidades de financiamento porque desenvolvimento de software requer mais capital intelectual do que financeiro. Soluções - E é válido para as micro e pequenas empresas convencionais investirem no mercado on-line também? Rodrigues - Com certeza. No BuscaPé, 65% do usuários não compram on-line. Eles pesquisam lá, entram no site da loja e depois vão até o local comprar. O varejista, seja ele pequeno, médio ou grande, tem que olhar a internet não só como um canal para vender seus produtos diretamente, mas também como uma mídia complementar para trazer as pessoas para as suas lojas físicas ou seus callcenters. Soluções - É interessante associar sites novos a domínios que têm nomes consolidados? Rodrigues - Existe essa carona, sim. Estar listado no Google, no BuscaPé e ter selo do e-bit, por exemplo, traz reputação. Essas marcas já conquistaram o mercado on-line. Soluções - Quais as principais estratégias do meio on-line para atrair clientes? Rodrigues - Eu diria que hoje a maioria
dos sites tem que contar com viralidade, ou seja, criar um projeto tão bacana a ponto de as próprias pessoas divulgarem para você. Isso acontecia muito lá trás e o próprio BuscaPé foi beneficiado com isso. Hoje, é mais difícil criar algo tão novo, mas ainda é possível ver projetos inovadores. A segunda estratégia é já ter uma marca estabelecida e a partir disso levar tráfego para outras marcas. Atualmente, 60% das pessoas que visitam o nosso site vêm diretamente e, a partir dele, entram nos nossos outros oito domínios. A última é marketing on-line. A vantagem do marketing da internet é que você consegue mensurar melhor do que o marketing fora dela. Mas ele vem se tornando mais caro. Cada vez mais é preciso de um projeto que utilize mais, as duas estratégias iniciais do que essa última.
“Hoje, a maioria dos sites tem que contar com viralidade, ou seja, criar um projeto tão bacana a ponto de as próprias pessoas divulgarem para você.” Soluções - A internet virou uma mídia cara? Rodrigues - Comparativamente com qualquer outra mídia, é mais barata. Mas ela está se tornando mais cara. Quem está desenvolvendo um projeto na internet, não pode ficar dependente só de mídia on-line. Na internet, o que se destaca é o serviço. As pessoas usam o Google, por exemplo, porque é o melhor. Na hora que aparecer outro melhor, vão migrar. Então é muito fácil um usuário deixar um site para utilizar outro. Por isso, o serviço tem que ser excelente e tem que ter algum tempero de ineditismo e de viralidade para que as pessoas possam divulgar para você. Só divulgar de uma forma paga é uma conta difícil de fechar. Soluções - Muitas pessoas ainda têm resistência de fechar negócios pela internet? A falta de segurança é o principal problema? Rodrigues - Existe na verdade uma per-
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
cepção de insegurança que não é muito real. As pessoas ainda têm receio, mas esse medo diminui cada vez mais. Entre as pessoas que já compraram on-line, a grande maioria fez uma compra só em 12 meses. E o segundo grupo fez nove compras ou mais. É possível ver, portanto, que ao mesmo tempo tem muita gente experimentando a compra na internet e por outro lado pessoas que já utilizam no diaa-dia. Isso indica que a partir do momento que as pessoas começam a ganhar confiança, compram mais e mais. O vendedor também tem medo de não receber, já que na venda on-line o cartão de crédito não é responsável em caso de fraude. Por isso, o BuscaPé adquiriu uma empresa chamada Pagamento Digital, que auxilia o consumidor a comprar de uma forma segura, e outra chamada F-Control, que auxilia o vendedor a detectar se aquela transação é uma passível de fraude. Soluções - Como funcionam essas proteções? Rodrigues - Toda vez que a loja estiver fazendo uma venda, o F-control checa informações na Serasa e checa os dados da compra para mostrar, por exemplo, se o mesmo usuário já comprou o mesmo objeto em outra loja naquele dia e mandou entregar para o mesmo CEP, que muitas vezes nem é o da casa dele. O F-Control é gratuito, mesmo para lojas que não usam o BuscaPé. É importante que as lojas diminuam o nível de fraude e passem a acreditar mais no e-commerce. Com o Pagamento Digital, o dinheiro fica retido até o cliente receber o produto. E se ele não receber, o dinheiro é devolvido. S
“As empresas maiores estão mais distraídas, tentando correr atrás desse crescimento, e se preocupam menos com os concorrentes que estão começando.”
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Gestão de riscos
A análise prévia das variáveis que podem afetar os negócios ajuda não só a evitar problemas, como também a enxergar novas oportunidades Por Andréa Bordinhão
Uma boa idéia, capital para o investimento inicial e disposição para trabalhar. Para muitas pessoas que querem empreender em um novo negócio, tudo isso pode ser um bom começo. No entanto, apesar de fundamentais, se esses itens não vierem acompanhados de um plano de negócios e da análise dos riscos futuros, as possibilidades de a empresa encontrar dificuldades são grandes. Especialistas garantem que antes
de se aventurar em um novo mercado, o potencial empresário precisa levar em conta critérios que parecem pouco importantes no início, mas podem causar problemas sérios em médio prazo. A gestão de riscos é necessária independentemente do porte do negócio. No entanto, as micro e pequenas empresas dificilmente conseguem sobreviver com as portas abertas a uma grande
crise de gerenciamento. Por isso, mais do que saber o ramo que se quer atuar e buscar capital para isso, antes de empreender, o pequeno empresário precisa procurar mais informações sobre as variáveis que podem afetar seus negócios. A identificação e a gestão adequada dos riscos não somente minimizam perdas como podem ser um fator de vantagem competitiva.
Entre os primeiros passos para se fazer a análise dos riscos do futuro negócio, Valverde aconselha estudar a dinâmica do ramo que se pretende atuar. “É preciso saber quem compra, quando compra, como paga, se é comum se receber à vista ou a prazo e o índice de inadimplência”, afirma. “E o empresário precisa estar permanentemente atento ao que está acontecendo à sua volta, como mudanças em tendências ou econômicas, porque tudo isso pode influenciar o seu negócio para o bem ou para o mal”, completa. Conhecendo bem o ramo, é a hora de analisar os riscos. E os primeiros itens da lista devem ser o financiamento para médio prazo e o capital de giro. Ao contrário do que alguns pensam, o capital apenas para dar o pontapé inicial na empresa geralmente não é suficiente. Um negócio que está se iniciando nem sempre se paga nos primeiros meses. Por isso, o empresário tem que estar preparado financeiramente para a falta inicial de lucro. E sem falar que muitos clientes pagam a prazo. Por isso, até o giro da empresa ficar maior, é preciso capital para mantê-la ou para repor estoque, quando for o caso, até entrar dinheiro no caixa. Justamente pelo fato de o negócio poder demorar a se pagar, o financiamento para além da abertura da empresa também deve ser pensado. O empresário precisa levar em conta que pode vir a precisar de empréstimos em médio prazo. Por isso, mais do que contabilizar as taxas de juros nos seus possíveis gastos, deve conhecer o mercado de financiamento. Isso porque muitas instituições de crédito são conservadoras para em-
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prestar dinheiro àqueles que ainda não estão consolidados. Portanto, deixar para analisar essa questão depois pode significar enfrentar dificuldades. O professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e autor do livro “Analise de Crédito – empresas e pessoas físicas”, José Odálio dos Santos, explica que conhecer bem os futuros clientes antes de começar a atuar também é parte da gestão de riscos. Além da análise prévia da capacidade de pagamento deles, é preciso ver a idoneidade dos futuros compradores. “E não se deve começar um negócio concentrando o faturamento em alguns poucos clientes. A diversificação, seja geográfica, por setor público ou privado, por mercado externo ou interno, é importante”, aconselha Santos.
A identificação e a gestão dos riscos minimizam perdas e se transformam em vantagem competitiva
As variáveis financeiras do País também precisam ser bem analisadas. Entre as principais estão a inflação, as taxas de
Belmiro Valverde,
Foto: Luiz Costa
Uma forma de empreender sem sustos no futuro
“Boa parte dos novos empreendedores não avalia quais são os riscos e as oportunidades. Eles abrem o negócio no impulso. A avaliação preliminar é fundamental principalmente na abertura de pequenas empresas, que têm recursos limitados”, alerta o consultor empresarial, professor da FAE Business School e autor do livro “Tamanho não é documento: estratégias para a pequena e microempresa brasileira”, Belmiro Valverde.
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consultor empresarial, professor da FAE Business School e autor do livro “Tamanho não é documento”
juros e o câmbio. “Com inflação alta, o governo aumenta as taxas de juros. Como conseqüência, as empresas que devem no mercado vão ter que deduzir do seu lucro um gasto maior com os juros. E se o produto for sensível à inflação, principalmente nos produtos que são de baixa rotatividade, o consumidor vai postergar a compra”, lembra o professor da PUC-SP. A carga tributária a que as pequenas empresas estão sujeitas atualmente também deve entrar na conta antes de se empreender.
A gestão de pessoas é outra questão importante. Santos ressalta que é aconselhável ter mais de uma pessoa apta a tomar decisões. Isso porque na falta de alguma delas, os clientes e financiadores terão certeza da continuidade da empresa da mesma forma como acontecia antes, o que mantém a credibilidade no mercado. Além disso, é importante separar quem é o sócio-investidor e o sócio que vai trabalhar, e receber salário por isso, para que não haja divergências depois.
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Foco em resultados Como planejar
Foto: Divulgação
“O fechamento de uma empresa está muito ligado à falta de percepção. O empreendedorismo é um exercício de percepção, de criatividade. Mas é preciso ter técnica. E a sua falta é que gera a mortalidade. Os empresários muitas vezes não sabem planejar o que percebem”, explica o consultor de empresas e professor de Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor do livro “Salve-se quem souber: conhecendo os caminhos do mundo empresarial”, Luciano Salamacha.
Luciano Salamacha
consultor de empresas e professor de Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Para o professor, a consultoria é importante no desenvolvimento do projeto e na análise dos riscos justamente porque fornece as técnicas necessárias. No entanto, Salamacha ressalta que um consultor não substituiu a visão do empreendedor. “O diferencial do negócio depende do empresário. Não se pode passar essa responsabilidade para o consultor”, salienta. S
Monitoramento contínuo Mesmo depois de implantando o plano de negócios e controlados os riscos, o monitoramento destas variáveis também é importante para o crescimento contínuo do negócio. O professor José Odálio dos Santos explica que muitas vezes o empresário está tão envolvido com a rotina da empresa que não se dá conta de que pode ganhar benefícios com a credibilidade que conquistou. “Se o risco da empresa quebrar é menor, as taxas de juros para eventuais financiamentos, por exemplo, têm quer ser menores. Aumenta o poder de barganha e o empresário tem que ter esta percepção para saber aproveitar”, afirma. Mas, do lado contrário, ressalta o professor, acontece o mesmo. “Se o momento financeiro da empresa é ruim, o mercado vai ser conservador para vendas a prazo ou empréstimos”, exemplifica Santos. Um ponto importante para se manter o equilíbrio financeiro é nunca mistu-
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rar o patrimônio da empresa com o pessoal dos sócios. “Às vezes o empresário abre um negócio e precisa tirar uma quantidade determinada de dinheiro de lá para se manter. E alguns tiram mesmo se a empresa não estiver lucrando o suficiente. Daí fatalmente quebra”, alerta o consultor Luciano Salamacha. Além de todos os cuidados já citados, os especialistas recomendam ainda que, para garantir a saúde do negócio, é preciso manter as finanças pessoais e empresariais bem separadas e os nomes da empresa e dos sócios limpos. Este último ponto conta na hora em que o mercado for avaliar o risco que a empresa oferece em futuros negócios ou para o pagamento de empréstimos. Na hora de se fechar uma transação comercial ou fornecer financiamentos, não só a idoneidade da empresa é verificada por meio do CNPJ, mas os CPFs dos sócios também são checados.
A sustentabilidade dos pequenos negócios ‘Pecados’ que devem ser evitados • Não estudar bem a dinâmica do ramo que se pretende atuar; • Não fazer plano de negócios; • Não calcular a necessidade de financiamento em médio prazo; • Subestimar a importância do capital de giro;
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
Método já começa a ser utilizado por pequenas empresas e permite trabalhar com uma visão focada e a longo prazo Por Sandra Santos
Em 2004, o Sebrae/PR fez um diagnóstico da rede hoteleira de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Como resultado, foi criado no ano seguinte o Unihotéis, um núcleo setorial que se desenvolveu dentro de uma metodologia chamada Gestão Estratégica Orientada para Resultados (Geor). Foi aí que o empresário Jaime Filho viu a oportunidade e fixou uma meta para seu negócio se profissionalizar e se tornar auto-sustentável.
“Naquela época já havíamos mudado o foco do hotel, que, quando nasceu em 1986, era destinado aos sacoleiros do Paraguai. Nós desejávamos um hotel para turista, então passamos a investir naquele sonho. Assim, ingressamos no núcleo setorial”, lembra ele, destacando que hoje o Hotel Del Rey está entre os únicos dois hotéis três estrelas do Brasil.
• Não analisar a capacidade de paga- mento dos clientes previamente; • Concentrar o faturamento em poucos clientes; • Calcular mal o preço de venda; • Não controlar os custos; • Centralizar demais as informações, decisões e funções na empresa; • Fazer dívidas maiores que a capaci- dade de fazer dinheiro com o negócio; • Usar o dinheiro da empresa para pa- gar suas contas pessoais e familiares; • Tentar pagar as dívidas da empresa com seu limite de crédito pessoal; • Não levar em conta o cenário econômico do País.
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Foto: Mauro Frasson
Foto: Divulgação
Sistema Geor constrói projetos coletivos
João Baptista Vilhena
Método identifica erros e melhora processos O presidente do Instituto MVC - Educação Corporativa com Foco no Resultado, João Baptista Vilhena, diz que o tamanho de uma empresa não pode ser medido exclusivamente pelo seu faturamento ou número de empregados. “Embora pequena em termos absolutos, uma organização começa a crescer quando passa a adotar metodologias que lhe permitam efetivamente saber que resultados vem obtendo em função de seus esforços. A gestão com foco em resultados ajuda a empresa a identificar seus erros e permite que processos sejam aperfeiçoados. Isso é importante para qualquer empresa, independentemente do seu porte”, afirma. Ele também explica o fato de muitas empresas ainda resistirem a um método como esse, que lhes permite maior prosperidade: “Micro e pequenas empresas viveram historicamente do que sobra no caixa, o chamado regime de caixa. Sem pensar em outros objetivos senão o da sobrevivência. A empresa não pensava em crescer, experimentar, por que não havia formação técnica para o empresário de micro e pequena empresa. “Essa pessoa era o sujeito que tinha característica de empreendedor e que acreditava ter como sobreviver mesmo não sendo detentor de um grande negócio. Ele procurava uma formação, mas na faculdade a linguagem que se aplicava era para os empresários de grandes empresas.” Ainda de acordo com o presidente do Instituto MVC, quem começa a falar com os pequenos é o Sistema S, onde entra o Sebrae, no fim da década de 1970 e início dos anos de 1980. “Esse Sistema começou a formar gestores e mão-de-obra para os pequenos negócios, e as empresas de pequeno porte começaram a se profissionalizar. Hoje, elas já conseguem pensar no futuro, por que Gestão por Resultados significa realizar objetivos num prazo mais longo.”
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Luiz Carlos Zanona
diretor-presidente da Danka Indústria e Comércio de Bolsas Para atingir o resultado, Jaime Filho seguiu à risca o método. “Fizemos o Planejamento Estratégico em 2005, passamos a trabalhar com o Programa de Controle de Alimentação Segura (PAS) e com Programa de Resíduos Sólidos, evitando multas. Começamos a participar de feiras, o que era mais difícil individualmente. Dentro do núcleo, também fazíamos compras em conjunto e trocávamos diversas informações, o que foi muito valioso. Essa integração permitiu uma grande troca de experiência e uma concorrência sadia”, destaca. “Nosso negócio continua a ser de pequeno porte, mas, eu deixei de ser dono de hotel para ser um hoteleiro”, afirma, ressaltando a profissionalização da empresa. A metodologia também nos permitiu trabalhar com uma visão a longo prazo, a fazer planejamento, a conhecer melhor os nossos valores, nossos clientes e fornecedores, e a ter controle do fluxo de caixa. Também passamos por treinamentos na área de segurança do trabalho, recebendo as certificações *NR5 e *NR1, que toda empresa deve ter, porém, muitos não sabem”, explica. “Hoje estamos participando do Prêmio Sucesso Empresarial e implantando o Programa de Sustentabilidade Bem Receber, que nenhum hotel no Brasil possui. Para isso, precisamos estar enquadrados na norma **NBR 15401, do Instituto de Hospitalidade. Teremos a auditoria em agosto próximo e esperamos ser os pioneiros.” O empresário Luiz Carlos Zanona, diretorpresidente da Danka Indústria e Comércio de Bolsas, que atua no mercado há mais de 30 anos, diz que a empresa, fixada em Curitiba, já internalizou tanto o conceito de gestão por resultados que nem percebe que trabalha com essa ferramenta. “Iniciamos o
Planejamento Estratégico [que faz parte do Geor] em 2003. Com isso, buscamos não perder o rumo. Ao mesmo tempo em que ficamos atentos a todas as oportunidades, não dispersamos nossa atenção e investimos somente naquilo que sabemos que irá gerar lucro para a empresa.” Orgulhoso, Zanona conta que já está planejando o crescimento do negócio para 2010. “Após o primeiro planejamento, o faturamento da empresa cresceu 10%, no segundo 20%, e se multiplicou do ano passado para este”, diz, explicando que seguindo o método, a empresa que antes produzia apenas bolsas, passou a investir em outros segmentos, como o de mochilas, nécessaires, estojos, pastas e cases termolados. “Também fugimos das barreiras. Evitamos trabalhar, por exemplo, com produtos e serviços que competem com a China.”
O gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae/PR, Luiz Marcelo Padilha, explica que a aplicação do Geor pelo Sebrae/PR é realizada de maneira coletiva, em grupos organizados e com resultados comuns entre os participantes. O empresário participa, junto com o Sebrae/PR e outros parceiros, da construção do projeto, definindo o seu direcionamento, bem como as ações que são necessárias para alcançar esses resultados esperados”, explica. “São tratadas as oportunidades e necessidades das empresas, sempre com foco no seu cliente, e assim são empregadas ações que farão diferença positiva para as empresas. Isso, com certeza, contribui para o aumento da longevidade dos
pequenos negócios. As empresas que adotam a gestão por resultados individualmente representam ainda um número pequeno, mas que cresce a cada ano.” Dentre os resultados imediatos e visíveis dessa metodologia, de acordo com Padilha, estão a criação de novos produtos, novas vitrines, participação em feiras, mudança de layout de produção, negociações conjuntas e exportação. “Outros resultados de médio e longo prazo são: aumento de vendas, novos clientes, diminuição de custos e aumento de lucro.” Para Padilha, a gestão orientada para resultados é uma tendência mundial irreversível, impulsionada pela busca de competitividade sistêmica no contexto da globalização. “Organismos internacionais e agências públicas ao redor do mundo também estão seguindo esse caminho e o Brasil não é uma exceção.”
Uma organização começa a crescer quando passa a adotar metodologias que projetem resultados
Para Zanona, as empresas que não fizeram o planejamento fecharam as portas na última crise, com o juro alto e o desaquecimento do mercado. “Agora com o aquecimento da economia novamente, estamos tendo mais retorno, pois temos menos concorrência e o mercado está carente de produtos com qualidade”, diz ele, lembrando que investiu também na qualificação de seus colaboradores e no processo de fabricação dos produtos. “Com isso, passamos a vender mais, e o negócio se tornou sustentável.” S *NR5 e NR1 são normas que regulamentam e fornecem orientações sobre os procedimentos obrigatórios relacionados à medicina e segurança do trabalho no Brasil. ** Publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), no final de 2006, a Norma Brasileira 15401 - Meios de Hospedagem - Sistema de Gestão da Sustentabilidade traz parâmetros relativos à sustentabilidade de hotéis e pousadas, ou seja, ao uso de recursos de maneira ambientalmente responsável, socialmente justa e economicamente viável.
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Economia aquecida
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
A hora é de aproveitar e crescer Micro e pequenas empresas da construção civil, comércio e serviços lideram na geração de empregos; mesmo com cenário favorável, sucesso exige profissionalismo e agressividade Por Mari Tortato
A fábrica instalada no bairro São Braz, em Curitiba, começou bem, mas o caixa ia mal. ”Foi tudo muito rápido. Em dois anos, minha empresa cresceu desordenadamente. Eu vendia bem, mas estava à beira da falência”, lembra a proprietária. A performance da Get Shape Confecções Ltda. hoje mostra que Raquel tira proveito do bom momento da economia brasileira e na aposta de investidores internacionais no mercado brasileiro.
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A empresa deu um salto de produção, oferece novas vagas e lucra colocando seu produto em centros como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás. A lista de clientes também registra importadores de Portugal e Irlanda. “Em dois anos, dobramos a carteira de clientes e conseguimos entrar em São Paulo, Minas Gerais e Brasília. Saímos de dois funcionários para 20 e há vagas para mais cinco. O faturamento acompanha esse crescimento”, relata a empresária sobre a trajetória da curva ascendente no caixa da empresa. A virada foi possível depois de Raquel procurar consultoria do Sebrae/PR. A teoria aprendida nos programas de competitividade construiu a ferramenta com que a grife Get Shape agora compete em pé de igualdade no mercado aquecido. As vendas para a Europa começaram em 2006.
Foto: Mauro Frasson
Raquel Cesiuk, 31 anos, fez o movimento contrário que se espera de alguém que corre atrás de um futuro seguro: abandonou um curso de medicina e abriu uma fabriqueta de confecções. “O sonho de trabalhar com moda” foi a razão que lançou a empresária à aventura de trocar os livros de anatomia e a sala de aula pela montagem de uma sala de máquinas de costura.
Raquel Cesiuk “Em dois anos, dobramos a carteira de clientes e conseguimos entrar em São Paulo, Minas Gerais e Brasília.”
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“Os pedidos nos chegam e em cinco ou seis dias saem da fábrica. Não importa se o cliente está em Porto Alegre, Brasília ou Lisboa, ele recebe tudo no prazo.”
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Relatório baseado no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que o Ministério do Trabalho atualiza todo mês informa que, no primeiro semestre deste ano, foram criados 109.162 novos postos formais de trabalho no Estado. Na comparação com o mesmo período de 2007, a contratação com carteira assinada cresceu 14,6%. Construção civil, comércio e serviços lideram
“Você não tem só a construção civil ou a indústria de transformação, mas todos os setores crescendo de forma homogênea no País”, analisa ele. Os números do Caged acumulados no semestre fizeram o governo federal elevar de 1,8 milhão para 2 milhões a estimativa de empregos gerados no Brasil em 2008. S
Para ele, o índice deste ano pode fechar em 6,5% e não nos 4,5% da previsão inicial, e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) pode desacelerar e baixar de 5% para 4%. A avaliação de Cordeiro é que o País paga um pouco com crescimento menor para conter a inflação, mas a credibilidade alcançada lá fora e a demanda por logística em vários segmentos manterão o investimento aquecido.
1998
2000
2002 2003
2004
2005 2006
122.361 2007
109.162
2001
86.396
O levantamento vem mostrando crescimento nacional que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, garante não ser apenas uma bolha.
Números do emprego no Paraná em 10 anos:
122.648
Não é bolha
O coordenador do Departamento Inersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, Cid Cordeiro, diz que, neste cenário, a hipótese de descontrole da inflação do passado já não existe.
2008
(janeiro a junho)
Mesmo com cenário favorável, o sucesso do empreendimento exige profissionalismo e agressividade. Ela diz que a empresa hoje produz só o que o mercado pede, e rapidamente.
Performances de micro e pequenas empresas como o exemplo da Get Shape têm puxado os sucessivos recordes de empregabilidade registrados no Paraná do ano passado para cá.
“Medida tempestiva para tentar trazer a inflação para uma trajetória desejada” foi a razão apontada em nota do Banco Central.
72.374
Mas Raquel alerta que só a economia em bom momento não basta para garantir retorno a quem arrisca o investimento.
Oferta de empregos
O índice subiu de 11,25% ao ano em abril para 11,75%, depois foi a 12,25% para então saltar a 13% em julho.
62.370
“Fui atrás do meu sonho e hoje posso dizer que não trocaria isso por nada.”
Ao tirar o Brasil da nota BB+ para BBB-, a S&P justificou que o país alcançou maturidade das instituições e da estrutura política, obteve melhora na dívida fiscal e externa e tem perspectiva de crescimento econômico.
No primeiro semestre deste ano foram criados 109.162 novos empregos com carteira assinada no Paraná
A expectativa do coordenador do Dieese se confirmou na última reunião do Copom, em julho. O resultado foi a elevação da taxa de juros pela terceira vez consecutiva este ano.
58.857
Raquel Cesiuk
Os recordes já vêm de 2007, quando a boa performance do Paraná o integrou no bloco dos três estados que mais empregam, junto com São Paulo e Minas Gerais. O Estado também lidera com folga o crescimento da Região Sul. Santa Catarina somou 56.816 novos empregos e o Rio Grande do Sul, 81.441, no primeiro semestre deste ano.
Em abril deste ano, a agência americana de avaliação de risco Standard & Poor´s elevou a nota do Brasil que orienta investidores estrangeiros sobre os mercados mundo afora. O país deu o primeiro passo na escala de grau não especulativo. O mesmo fez a agência Fitch.
A vantagem para agentes econômicos em relação a tempos passados, na análise de Cordeiro, é que hoje se pode dizer que “a política monetária é transparente”.
53.857
Foram estabelecimentos enquadrados nessa classificação que contrataram 44,5% dos 95.218 trabalhadores absorvidos pelo mercado formal de janeiro a maio. As micro e pequenas empresas garantiram o emprego de 42.334 pessoas.
Tanto autoridades do governo como consultores independentes avaliam que os investidores internacionais continuarão atraídos e colocando dinheiro no Brasil. Esse comportamento deve amenizar os efeitos da crise mundial de preços brotada na escassez dos alimentos no mercado interno.
“Todo mundo sabe como o Banco Central vai trabalhar. Sabe que ele não vai desistir do aumento dos juros se a inflação não estiver nos eixos”, diz, ao lembrar que a mesma política de manter a inflação na meta aplicada desde 1999 é elevar a taxa de juros se a inflação ameaça.
28.143
Uma análise da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social do Paraná sobre os números do Caged dos cinco primeiros meses confirmou que são as micro e pequenas empresas as responsáveis pelo maior número de emprego gerados no Estado.
O cenário de volta da inflação e de taxa de juros voltando a crescer ainda não afetou a conquista do grau de investimento que o Brasil obteve de agências de risco internacionais, segundo analistas do mercado.
O coordenador do Dieese atribui à mão dura do Copom a garantia de inflação sob controle.
- 16.549
O levantamento também conferiu às empresas do interior do Estado posição de líderes na geração de empregos (74.262 postos do total contado), uma tendência de anos anteriores, mantida.
Juros altos e inflação nos eixos
- 35.657
Foto: Mauro Frasson
o desempenho. Para a indústria e a agricultura, porém, os resultados são negativos, na comparação com o período de 2007.
1999
Fonte: Caged/Ministério do Trabalho e Emprego
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Varejo no Paraná
Foto: Mauro Frasson
Os ventos têm soprado a favor do comércio paranaense e a tendência, mesmo com a ligeira alta da inflação, é que as vendas continuem crescendo. No primeiro semestre deste ano, segundo pesquisa conjuntural da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), as vendas do comércio varejista aumentaram 8% sobre o verificado nos primeiros seis meses de 2007.
Darci Piana presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR e Sistema Fecomércio
Vendas no varejo continuam em alta
Empresário paranaense está preparado para atender o aumento da demanda; pesquisa Fecomércio projeta aumento de 10% em relação a 2007 Por Mirian Gasparin
Na avaliação do presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR e Sistema Fecomércio, Darci Piana, as vendas do comércio varejista do Paraná devem terminar o ano com aumento de 10% em relação ao ano anterior. Para Piana, o empresário está otimista. Pelo menos foi isso que revelou uma pesquisa realizada junto a 2.200 empresas dos diversos segmentos do comércio, na qual 89% dos empresários ouvidos afirmaram que o mercado continuará crescendo nos mesmos níveis ou acima do registrado no primeiro semestre. Piana diz que o bom desempenho das vendas do comércio paranaense se deve principalmente ao agronegócio. “O Paraná, por ser um estado agrícola, vem sendo beneficiado pela alta dos preços das commodities. O aumento da renda do produtor se reflete nas vendas de máquinas, equipamentos, insumos, automóveis e caminhões e, por sua vez, acabam movimentando todo o comércio”, explica. O presidente da Fecomércio também destaca o crescimento este ano de mais de 30% das vendas do setor de informática, beneficiado pela queda do dólar. A expansão do crédito favoreceu os negócios na área de automóveis e caminhões. Já com a retomada da construção civil, as vendas do setor cresceram 28% no primeiro semestre do ano. A grande pergunta que se faz no mo-
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mento é até que ponto os empresários do comércio estão preparados para acompanhar esse ritmo de crescimento? Na avaliação da consultora do Sebrae/PR, Walderes Bello, o comércio é muito dinâmico e por isso o empresário deve estar sempre atento às inovações. “Depois de sentir as conseqüências dos vários planos econômicos e levar alguns tombos, causados pela política do governo, o empresariado paranaense está aprendendo a lição e cada vez mais vem se preparando para empreender”, completa o consultor de varejo Moacir Moura. E os números não mentem. A taxa de sucesso das micro e pequenas empresas no Paraná, nos dois primeiros anos após a abertura, que chegou a ser de 50%, hoje é de 75%, de acordo com pesquisa divulgada pelo Sebrae/ PR em 2007. Walderes Bello lembra que, no passado recente, a indústria era que ditava as normas. Hoje, as regras são ditadas pelo comércio. “É o comércio que faz a ponte entre a indústria e o consumidor final”, observa. Segundo ela, há pouco mais de dez anos, havia fila para comprar uma linha telefônica e se pagava ágio para comprar um carro ou até mesmo um quilo de carne.
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
Pesquisa Fecomércio mostra empresários otimistas com a alta das vendas no Estado
Atualmente, a diversidade de produtos mudou o perfil do comércio. Isso fez com que o consumo crescesse, mas também deixou o cliente mais exigente. “O consumidor mais informado passou a exigir mais garantias dos produtos. Nas lojas, o novo consumidor busca comodidade, lojas amplas, mercadorias bem distribuídas e estacionamento”, observa Moacir Moura. Para o diretor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, consultoria especializada em bens de consumo e varejo, que assessora redes de varejo 19
Missões técnicas e programas de competitividade tornam comércio mais profissional
“Na realidade, o varejo, de forma geral, não está bombando. O que tem um crescimento extraordinário são alguns poucos setores varejistas, como é o caso, especificamente, da venda de veículos zero quilômetro. Aliás, este setor tem sido nos últimos três anos, o grande beneficiário do aumento do consumo no varejo, constituindo-se em verdadeira esponja do dinheiro do consumidor, já que uma expressiva parcela de consumidores está aproveitando o bom momento econômico para adquirir seu veículo novo”, afirma.
Foto: Mauro Frasson
Além desse fator, destaca Foganholo, há de se considerar que, hoje, o consumidor dispersa muito mais seus gastos em categorias de produtos e serviços que há alguns anos não existiam ou, ainda que existissem, não eram tão expressivas, como educação, celular, internet (e tudo a ela relacionado como computador, equipamentos diversos, provedor, acesso à banda larga, etc), tevê por assinatura, e assim por diante. S
Eugênio Foganholo diretor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial
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VarejoMAIS torna empresas mais competitivas Sebrae/PR e Fecomércio organizam missão técnica de varejo para Miami Empresários do comércio varejista paranaense terão uma oportunidade ímpar de conhecer modelos em gestão empresarial que podem ajudar no aumento da competitividade e da lucratividade de suas empresas. O Sebrae/PR e o Sistema Fecomércio organizam uma missão técnica de varejo para Miami, nos Estados Unidos. A missão técnica está programada para ocorrer entre 18 e 25 de outubro e os interessados devem entrar em contato com o Sebrae/PR, pelo telefone 0800-570 0800. Durante a missão, explica o coordenador estadual do Programa do Varejo do Sebrae/PR, Osmar Dalquano Junior, os empresários farão visitas técnicas e conhecerão práticas e tecnologias utilizadas por pequenas empresas até grandes redes do comércio varejista nos Estados Unidos. Após as visitas, os comerciantes participam de workshop com o consultor e especialista em varejo, Eugênio Foganholo, para que as informações adquiridas sejam assimiladas e o conhecimento transformado em ações práticas, que promovam melhorias na gestão empresarial.
O Programa VarejoMAIS – Mais Vendas, Mais Competitividade, desenvolvido pelo Sebrae/PR e Fecomércio, tem sido uma grande ferramenta utilizada pelos empresários do comércio paranaense para tornar suas empresas mais competitivas por meio da profissionalização da gestão e do desenvolvimento das pessoas. A empresária Cristina Stump, proprietária das lojas Beichor e Hangar 88, de Maringá, noroeste do Paraná, participou de abril a outubro do ano passado da primeira fase do Programa e se inscreveu para a segunda fase, que começou em 24 de julho último. Segundo Cristina, depois de participar do VarejoMAIS, conseguiu melhorar os controles gerenciais, aprimorar a administração da loja, desenvolver e incentivar equipes de funcionários, fidelizar clientes e também trabalhar ações cooperadas. “Foi uma experiência ótima, principalmente porque pude trocar idéias com empresários de diversos setores. E tenho recomendado a vários empresários para que também participem do VarejoMAIS”, ressalta Cristina. Até o final do ano, o Programa terá capacitado, des-
de 2005, 6 mil empresas em quase 100 municípios. Um número que tem potencial para crescer, considerando que existem em todo o Estado 250 mil estabelecimentos de comércio e serviços, segundo dados da Fecomércio. Em diversos municípios, há fila de espera de empresários que querem participar do Programa. Por meio do VarejoMAIS, com a assistência de um consultor do Sebrae/PR, os empresários envolvidos realizam um auto-diagnóstico organizacional do empreendimento para identificar como está a estrutura física, o atendimento e a gestão financeira da loja. A partir daí, o empresário tem subsídios para elaborar um plano de ação que vai contribuir para detectar quais são as potencialidades e as vulnerabilidades da empresa. Com o VarejoMAIS, os empresários também podem participar, por exemplo, de consultorias e treinamentos relacionados a promoções coletivas, finanças, atendimento, comunicação visual e vitrinismo. “Eu achei sensacional o curso de vitrines. A partir daí, reformulei as vitrines das minhas lojas e passei a tomar mais cuidado com a iluminação”, afirma a empresária Cristina Stump.
Foto: Bruna Moreschi
e fabricantes de bens de consumo, Eugênio Foganholo, jamais se consumiu tantos bens de consumo como hoje no Brasil. Entretanto, de acordo com ele, é preciso desmistificar este suposto extraordinário crescimento de vendas do varejo.
“Foi uma experiência ótima, principalmente porque pude trocar idéias com empresários de diversos setores. E tenho recomendado a vários empresários para que também participem do VarejoMAIS” Cristina Stump empresária
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Volta por cima
Crises que levam ao sucesso Empresários paranaenses falam da importância do conhecimento nos negócios e contam como superaram as dificuldades Por Maria Tereza Boccardi cializado em automação de sistemas. Eles se superaram. Deram a “volta por cima” pelo conhecimento de mercado e apoio técnico de profissionais e cursos oferecidos por entidades como o Sebrae/PR. Após 20 anos, desde os anos de 1970 atuando como representante comercial de uma empresa de fertilizantes, Salomão, aos 44 anos, viuse desempregado e sem renda para sustentar a mulher e os três filhos. “Fui convidado para ser diretor social
de um clube de campo. Cheguei a ser presidente, tudo como voluntário. Me dediquei muito, fui perdendo a clientela, até que saí da empresa. O tempo foi passando e fui me desfazendo do que tinha. Casa, carro, sítio e até um apartamento em Camboriú foram virando arroz e feijão.”
Saída José Salomão soube pela televisão de uma feira que aconteceria em São Paulo. Decidiu ir com a mulher e, sem dinheiro para as passagens, teve a viagem “patrocinada” pelo irmão. Voltou para Ponta Grossa disposto a montar uma padaria. “Tinha só o meu nome e a amizade.” Procurou pelo Sebrae, que fez um estudo de viabilidade do negócio.
Foto: Hugo Harada
Os empresários José Salomão, 59 anos, radicado em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e Luiz Carlos de Souza, 54 anos, com empresa em Curitiba, não se conhecem, possuem perfis profissionais distintos, mas suas histórias têm muito em comum. Dos anos 1990 a 2000, chegaram a um limite econômico que os fizeram trilhar o longo caminho do fracasso eminente ao sucesso empresarial. Salomão, segundo grau completo, e Luiz Carlos, formado em engenharia elétrica, espe-
José Salomão empresário
“Os empreendedores têm que investir em si próprios. Os cursos do Sebrae nos dão grande vantagem em relação aos que nada fazem. A evolução da pessoa vem através do conhecimento.” (José Salomão, empresário)
“Há pessoas com sensibilidade aguçada, mas é uma minoria. A criação de um negócio pressupõe muito estudo, pesquisa, análise e conhecimento de mercado. É preciso andar, conversar com pessoas, pesquisar, conhecer. O Sebrae nessa medida é valiosíssimo. Oferece informações, metodologias, aponta meios e disponibiliza esse poder de debater, trocar”, afirma o professor e doutor em Administração da Universidade Positivo, Bruno Fernandes. Com o projeto de viabilidade, o empresário recorreu ao banco para buscar o financiamento. “Havia uma linha de crédito para ser ‘utilizada’ por microempresas na compra de equipamen-
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Foto: Mauro Frasson
Aposentado pela Petrobras, onde atuou de 1974 a 1994, Luiz Carlos teve que demitir de uma só vez os 120 funcionários da empresa que criou em 1995, a Autosiste Manutenção e Controle Ltda., prestadora de serviços em automação industrial para o setor de petróleo. De 1995 a 1998 foram anos de “crescimento violento”, com faturamento e despesas altíssimas. Começou com oito e até 1999 estava com 129 funcionários de alta qualificação, tendo a Petrobras como único cliente. “Em 1999, quando a Petrobras deixou de contratar, me deparei com uma dívida de R$ 1,5 milhão. Administrava com a emoção, com o coração.”
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
Luiz Carlos de Souza empresário
tos e capital de giro. O Sebrae me deu uma mão danada. Era atendido pelo próprio gerente.” O primeiro empréstimo, de R$ 30 mil, foi investido na compra do maquinário e em parte do mobiliário. O restante necessário veio de outro empréstimo, R$ 20 mil, também obtido com prévia análise do Sebrae. Em março de 1993 abriu, em sede alugada de 120 metros quadrados, a Padaria Premeata, com três balconistas, dois padeiros, Salomão e a mulher. “O primeiro ano foi cheio de dificuldade. Na época, o Sebrae não era estruturado com tantos cursos. As orientações foram especialmente na organização das finanças. ” O planejamento financeiro é parte essencial na criação e no gerenciamento de micro e pequenas empresas. A coragem de empreender não pode ser cega. É preciso estar muito antenado, conectado com a idéia do conhecimento, de metodologias mais acuradas, conforme os feedbacks que a realidade vai dando”, alerta o professor Fernandes. Passados 14 anos, a padaria, ainda uma microempresa, possui 23 funcionários e está instalada em sede própria de 450 metros quadrados. Os negócios prosperaram e Salomão estruturou, a partir de 1999, outras duas pequenas empresas e agora preparase para constituir o quarto negócio. Os filhos, com curso superior, estão no comando dos novos empreendimentos do pai.
O valor do conhecimento “Em média, 75 % das empresas abertas conseguem sobreviver após o segundo ano, ou seja, de cada 10 empresas 7 ultrapassam esse período. E 100% das empresas que morrem não buscaram qualquer tipo de apoio especializado. Para a sobrevivência das empresas, é necessário planejar, planejar e planejar com conhecimento. Planejem da melhor forma possível e procurem o Sebrae.” A orientação do diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa, está calcada numa pesquisa, divulgada no ano passado pela instituição, sobre o perfil das empresas que sobrevivem após dois anos, considerado o período mais crítico para os pequenos negócios. Como planejamento passa obrigatoriamente pelo conhecimento, as lacunas negativas constatadas na pesquisa, a curto e médio prazo, podem caminhar para uma significativa redução, na avaliação do diretor-superintendente. O cenário recém apresentado pelo Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2008, parceria do Sebrae Nacional e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta o aumento no número de trabalhadores com segundo grau completo e nível superior, seguido da redução do analfabetismo, sinalizando ainda que o nível de escolaridade afeta nos salários pagos.
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Na colocação do visor de chamas no mercado, o empresário investiu em marketing, divulgação e levou o produto para demonstração em feiras no exterior. “Como o Programa da Cadeia Produtiva de Petróleo, Gás e Energia, o Sebrae foi o início de tudo em 2006, 2007. Fui buscar o Sebrae e para surpresa minha encontrei os programas, uni o útil ao agradável. ” Luiz Carlos chegou até a Organização Nacional do Petróleo (ONIP), participou da Feira de Petróleo e Gás em Macaé, no Rio de Janeiro, e lá foi apresentado a funcionários do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) e da Agência de Exportação do Brasil (Apex), integrantes de programas do governo federal. Logo veio o convite para participar de missões no exterior, parte subsidiada pelo governo brasileiro. Desde o ano passado, já esteve em Bogotá, Buenos Aires e Madri. Atualmente, mantém representantes da empresa na Argentina e Colômbia. Ele aposta num cenário econômico externo propício para começar a exportar. Luiz Carlos quer uma sede própria para a empresa e espera saldar, em 2008, a dívida restante com impostos que incidem sobre o faturamento. Em 1999, a dívida com impostos representava 20% do total do débito de R$ 1,5 milhão; 20% com o banco, que com a cobrança de juros antecipava o pagamento das faturas que o empresário
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“Negociei com os 120 funcionários e deixei claro que aqueles que acreditavam que eu iria me erguer que ficassem. Ficaram oito. Pedi para que não entrassem com ação trabalhista, que saldaria com juros a dívida de todos. Nenhum entrou com ação e em um ano a dívida foi quitada. Procurei os 135 fornecedores para negociar, mas tive 106 protestos e 42 cheques prédatados devolvidos. Levei dois anos para pagar. A dívida com o banco, que era de R$ 68 mil, em dois anos saltou para R$ 400 mil, por causa dos juros e da taxa Selic. Não encontrava meios de saldar. Em uma negociação firme, consegui renegociar a dívida para 20%, que já era bem maior que o básico, R$ 120 mil. Só ficaram os impostos.”
“Aproveitei as oportunidades. Fui ao fundo do poço. Não esmoreci. Honrei com os compromissos. Depois de muito tempo, o Sebrae entrou na minha vida para dar a grande virada.” (Luiz Carlos de Souza, empresário) Hoje, Luiz Carlos evita ter apenas um cliente e busca novos contratos, embora mantenha negócios com a Petrobras, que representa 70% de seu faturamento. O número de funcionários fixos caiu para 45 e oscila entre 100 e 120 o de temporários. Os cortes incisivos na gestão do negócio o levaram a encontrar no Sebrae o apoio que faltava para consolidar a nova fase. “Aproveitei as oportunidades. Fui ao fundo do poço. Não esmoreci. Honrei com os compromissos. Depois de muito tempo, o Sebrae entrou na minha vida para dar a grande virada.” “A coragem de empreender não pode ser cega. É preciso estar muito antenado, conectado com a idéia do conhecimento, de metodologias mais acuradas, conforme os feedbacks que a realidade vai dando”. (Bruno Fernandes, professor e doutor em Administração) S
Luiz Carlos de Souza e o seu visor de chamas
Investimento a longo prazo Luiz Carlos estima que investe mensalmente cerca de 2% a 3% do faturamento em cursos dirigidos aos setores de sistema de programas de qualidade, segurança, saúde, meio ambiente e na reciclagem da área administrativa. “De acordo com as necessidades e com o crescimento da empresa, investimos em formação, reciclagem e especialização.” Em processos de admissão da empresa de Luiz Carlos, o grau mínimo de escolaridade exigida é o segundo grau para a área produtiva. Para os setores de qualidade e gerência depende da função, geralmente o superior completo. Mas, para qualquer vaga aberta é exigido no mínimo cinco anos de experiência. “Os cursos oferecidos pela empresa são ministrados por empresas especializadas, principalmente os cursos do Sebrae, porque são mais baratos e acessíveis.” Na Premeata de José Salomão o valor nominal do investimento em cursos é menor, em média R$ 4 mil ao ano, mas a especialização é grande, embora predomine ainda a exigência do segundo grau para a maioria das funções. Em 2007, um “padeiro francês” ministrou em Ponta Grossa um curso de panificação, do qual participaram funcionários da Premeata. Dezoito funcionários de Salomão também aprendem com o VarejoMAIS, um programa do Sebrae e Fecomércio para o comércio varejista, além da participação em feiras do setor “Os empreendedores têm que investir em si próprios. Os cursos do Sebrae nos dão grande vantagem em relação aos que nada fazem. A evolução da pessoa vem através do conhecimento.”
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
Lideranças fortes, negócios fortes Conheça a história de dois líderes do cooperativismo do Paraná que usaram suas potencialidades e valores pessoais para mudar rumos Por Vânia Casado
A participação em clubes e comitês de jovens cooperativistas, que surgiram na década de 1970, deflagrou o aparecimento de lideranças que hoje ocupam posições de destaque nas cooperativas paranaenses. E essas lideranças estão fazendo a diferença na história do cooperativismo. São líderes que agregaram valores pessoais, comportamentais e de conhecimento para fortalecer e consolidar os negócios. Há algum tempo, as cooperativas do Paraná perceberam que o investimento na formação é o caminho natural para esculpir lideranças e garantir administrações eficientes. É o caso de Miguel Tranin, 49 anos, que lidera uma das mais importantes cooperativas agropecuárias na região noroeste do Paraná, a Cooperativa Agroindustrial do Noroeste Paranaense (Copagra), com faturamento de R$ 115 milhões no ano passado. E também de Ricardo Chapla, 53 anos, presidente da Cooperativa Agrícola Mista Rondon (Copagril), em Marechal Cândido Rondon, uma cooperativa com quase 4 mil associados na região oeste. Ambos assumiram a presidência das cooperativas num momento de crise e forte endividamento, quando as potencialidades e valores intrínsecos de cada um contribuíram com a reversão desse quadro.
Miguel Tranin Lider da Copagra
Foto: Divulgação
“É muito importante ter uma visão clara do negócio, do que se quer, conectada à oportunidade de mercado e à necessidade da sociedade”, afirma o professor Fernandes. Foi uma das estratégias utilizadas por Luiz Carlos de Souza para encerrar seu período de crise. Durante o auge da gestão da dívida de sua empresa, o engenheiro desenvolveu um visor de chamas, “hoje indispensável em fornos de refinarias e petroquímica”, buscou novos clientes além da Petrobras e renegociou a dívida. Reviu a gestão da Autosiste Manutenção e Controle Ltda., criada a partir de recursos próprios e ainda em sede alugada.
teria a receber da Petrobras; e 60% com fornecedores de matéria-prima. Para gerir dívida tão alta, o empresário a segmentou em três grupos: funcionários, credores, banco e impostos, nessa ordem.
Foto: Mauro Frasson
Redirecionamento
Atitude
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Mesmo nos períodos de turbulência, Tranin se mantém uma pessoa calma. “A serenidade também é uma habilidade para enfrentar os desafios”, diz. Para ele, a construção e o exercício de uma liderança se fazem também com humildade, conhecimento, segurança da palavra empenhada, incentivo ao profissionalismo e bom relacionamento com os associados. Desde o período de estudante, aprendeu que a liderança exercida com serenidade mas com firmeza era uma aliança necessária para se obter bons negócios. Ele acredita que essa foi sua arma para reconduzir a Copagra para uma situação de prosperidade após ter passado um período de endividamento que ameaçava o fim do associativismo entre os agricultores da região.
Humildade e transparência Chapla, da Copagril, é outro líder que desenvolveu suas habilidades empreendedoras e capacidade de planejamento desde quando freqüentava o clube de jovens da cooperativa na década de 1970. Depois participou do curso de formação para dirigentes,
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O Sebrae/PR mantém diferentes programas com o objetivo de identificar e aperfeiçoar as competências pessoais de lideranças e futuras lideranças. Um exemplo é o Programa Avançado para Líderes Empresários, que trabalha conteúdos que abrangem liderança, visão, desafio, confiança e ação, e oferece ao empresário ferramentas para conduzir sua equipe à excelência, aumentando a competitividade da empresa e permitindo a conquista de um mercado cada vez maior. O objetivo é fortalecer a liderança do proprietário dentro da empresa. Por meio do estudo de casos, troca de experiências, trabalhos práticos e discussões em grupo, os empresários aprendem, por exemplo, a identificar as diferenças entre liderança e gestão de negócio, a incorporar formas de convivência entre líder e gerente, a transformar sua visão da empresa em uma ferramenta motivacional e a construir um plano de ação a partir dos conteúdos desenvolvidos.
Cultua valores aprendidos com a família como humildade, transparência e se nega a fazer algo que não vê como correto. “Não me chamem para ocupar cargos ou tarefas para ter benefício próprio ou para um grupo”, avisa. Além dos valores humanos, destaca que o conhecimento é imprescindível para a realização de bons negócios. Outros fatores como visão, conhecimento de mercado, ou seja a famosa aliança entre a teoria e a prática, consolida uma administração com credibilidade e confiança, afirma. Em 2001, um ano após equacionar o endividamento da cooperativa, procedimento acompanhado de redução de custos e dispensa do primeiro escalão, apareceram os primeiros resultados positivos no balanço. Foi quando empreendeu um projeto de industrialização de aves que deu impulso à Copagril. Desde então, com respaldo dos associados, vem se dedicando a projetos inovadores na área de suinocultura, leite e hortigranjeiros que se somam à atividade tradicional de produção de cereais da cooperativa.
No campo, o Programa Empreendedor Rural, uma parceria do Sebrae/PR, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado do Paraná (Senar) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), também capacita líderes. O objetivo é a formação de lideranças que possa ajudar no desenvolvimento de projetos comunitários. Pessoas que possam aglutinar forças, principalmente em momentos de dificuldade, e estimular o desenvolvimento das áreas rurais, do agronegócio e das comunidades ligadas ao setor. Há também o Programa de Estudos Avançados para Líderes Públicos, que procura estimular e preparar gestores
São empreendimentos que fizeram a cooperativa saltar de um faturamento de R$ 140 milhões em 2000 para R$ 550 milhões atualmente. S
públicos para atuarem como estrategistas e articuladores. O Programa oferece capacitações voltadas para a implementação de políticas públicas em favor das micro e pequenas empresas e do desenvolvimento sustentável local e regional. O Líderes Públicos é uma parceria entre o Sebrae/PR, governo do Paraná, Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e Federação das Associaçõs de Municípios do Paraná (Femupar). Outro destaque é o Programa de Desenvolvimento Sindical, uma parceria da Faep, Sebrae e Senar, no desenvolvimento de lideranças sindicais e de sindicatos rurais e do comércio. Há ainda o Programa de Formação de Executivos e Líderes cooperativistas, fruto do processo de cooperação Paraná/Emilia-Romagna, que iniciou em junho deste ano. O Programa é uma parceria do Sebrae/PR, Sistema Ocepar/Sescoop, Universidade de Bologna, governo da EmiliaRomagna, centrais cooperativas italianas Legacoop e Confcooperative, Presidência da República do Brasil e Sebrae Nacional. A idéia é capacitar executivos e líderes cooperativistas com base na experiência do cooperativismo de outros países; estabelecer processos de geração de cooperação e negócios entre cooperativas brasileiras e do exterior; promover o intercâmbio entre as instituições tecnológicas brasileiras com as de outros países e gerar mecanismos para multiplicação do projeto em outras regiões brasileiras. O Programa de Formação tem duração de seis meses e é dividido em quatro módulos, dois teóricos e missões técnicas para a Itália, Alemanha e Argentina.
‘Porta’ para o mundo
Ricardo Chapla Presidente da Copagril
Exemplos de boas lideranças têm impulsionado o desenvolvimento do cooperativismo paranaense, cujos produtos ganharam os mercados nacional e internacional, destaca o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski. Para ele, a liderança é o que implementa as ações estratégicas para que a empresa possa estar focada em relação ao que ocorre no mundo. “O líder tem o papel de acompanhar a evolução no mundo, o papel de buscar inovações e estar predisposto a aprender”, afirma. “Se o líder estiver buscando avanços e focado na vontade de aprender, terá condições de projetar sua empresa em qualquer mercado.”
Outra importância do líder é manter a equipe motivada para obter resultados. “Ele tem o papel importante de estimular seus liderados para criar e buscar alternativas para manter a empresa modernizada”, observa. Segundo Koslovski, as lideranças paranaenses do setor cooperativista estão implementando o planejamento estratégico de longo prazo. “Eles tiveram e têm visão das tendências de futuro da economia mundial e estão projetando ações nas cooperativas para o médio e longo prazo”, afirma.
Foto: Divulgação
Com a conquista da confiança e credibilidade implementou projetos pioneiros como a co-geração de energia a partir de uma destilaria de álcool anexada à fecularia de mandioca. Como 90% dos associados são produtores de pequenas propriedades que não tinham condições de empreendimentos de forma individual, o sistema escolhido era o que faltava para unir o quadro associativo. “Era uma forma de me dedicar aos projetos das cooperativas e atender a todos os associados.”
Sebrae/PR aposta na formação de lideranças
quando pode dar vazão a esse perfil. Na presidência da cooperativa, exerce o cargo com o olho no futuro, sempre com a preocupação de executar projetos que agregam renda ao associado.
Foto: Divulgação
Quando Tranin assumiu a presidência da Copagra, mais de 90% dos ativos estavam comprometidos com as dívidas que somavam cerca de R$ 18 milhões na época. “Foi um período muito difícil, de ameaças de greves e muita insegurança entre os cooperados”, conta. A primeira iniciativa foi recorrer ao diálogo para ganhar a credibilidade dos colaboradores e associados e depois optou por investir no profissionalismo e capacitação dos quadros, prometendo estar sempre ao lado do associado para reverter o cenário de dificuldades.
João Paulo Koslovski presidente do Ocepar
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Núcleos setoriais
Idéias para problemas comuns
Com sede em Santa Helena, a cooperativa nasceu com 40 associados e agora está com 83. Segundo o presidente da Coofamel, Pedro da Silva, a instituição surgiu pela necessidade de aumentar a comercialização do mel, visto que os núcleos não têm estrutura para as vendas. “O Empreender é co-responsável por nossas conquistas e aumento da lucratividade”, destaca Pedro da Silva.
Apicultores do oeste do Paraná participam do Programa Empreender e mostram como a união de esforços torna pequenos mais fortes
Um vôo ainda maior
O Sebrae destinou R$ 125 mil aos núcleos de apicultura com o objetivo de elevar a produtividade e as vendas em 10%. Já os parceiros —Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Central de Apoio ao Pequeno Produtor (Caopa) e prefeituras — entraram com contrapartida de R$ 62.640.
Ari Petri Produtor
O recurso foi investido em pesquisas, diagnósticos individual e coletivo, capacitação para melhoria do processo produtivo, pesquisa de mercado, elaboração de plano de marketing da cooperativa, participação em feiras e congressos, capacitação gerencial, cursos, seminários e consultorias para fortalecimento da cultura da cooperação, viabilização da sede da Coofamel e disponibilização de funcionário para atividades administrativas.
A conquista de clientes estrangeiros é apenas a realização de um pedacinho do sonho dos produtores. Ela faz parte do conjunto de objetivos traçados durante a série de ações realizadas nos últimos meses com foco na qualificação do produto e expansão dos clientes. Outros bons negócios estão engatilhados com empresas do Canadá, Itália, Arábia Saudita e Venezuela.
As vendas ao mercado externo são resultado das viagens financiadas pelo Empreender Competitivo. Só para exemplificar uma: em junho passado, uma comitiva participou do 17º Congresso Brasileiro de Apicultura, realizado em Belo Horizonte. Lá, foram feitos contatos com uma empresa catarinense que intermediou a venda de 30 toneladas de mel a granel aos europeus. O balanço desse trabalho é o aumento das vendas, que passaram de duas toneladas de mel para sete toneladas por mês. Incremento resultado da qualificação, dos contatos comerciais e também da liberação do Serviço de Inspeção Federal (SIF) –certificado que comprova a qualidade e os processos corretos de fabricação do mel e garante a comercialização do produto.
Cientes da importância da união para vencer barreiras, os apicultores aderiram à proposta. Eles sabem que têm em mãos um mel gostoso e de coloração suave — um amarelo quase transparente como exige o mercado. Mas os produtores ainda tinham dificuldades para manter todas essas qualidades na hora de extrair o produto das colméias.
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Foto: Christian Rizzi
O otimismo é justificável, afinal o Empreender é realidade nas associações comerciais em que existem núcleos setoriais. Funciona assim: empresários do mesmo ramo formam um grupo de trabalho para discutir problemas comuns e buscar soluções em conjunto. Hoje, o programa está presente em 40 municípios do Estado e reúne 1.815 empresas em 167 núcleos setoriais.
O Programa Empreender está presente em 40 municípios do Estado e reúne 1.815 empresas em 167 núcleos setoriais
Pedro da Silva Presidente da Coofamel
Foto: Alexandre Palmar
Graças à união, os trabalhadores avançaram mais ainda: conseguiram apoio do Empreender Competitivo — uma modalidade avançada do Empreender —, que financiou, por meio de licitação, melhorias em vários núcleos setoriais espalhados pelo Brasil. No Paraná, dos oito projetos apresentados na concorrência, três foram escolhidos: apicultura, no Oeste; móveis, em Pato Branco; e gastronomia, em Toledo.
Por Alexandre Palmar
O mel produzido no Paraná tem causado reações mundo afora. Enquanto estrangeiros saboreiam o produto, apicultores da região oeste riem à toa com a conquista de novos clientes. Considerado algo distante demais até pouco tempo atrás, o mercado externo começa a ser alcançado graças ao Programa Empreender, projeto que tem ajudado no desenvolvimento e fortalecimento de empresários de micro e pequenas empresas paranaenses.
Foto: Christian Rizzi
Para contornar o problema, apicultores criaram núcleos setoriais em Santa Helena, Entre Rios do Oeste, Laranjeiras do Sul, Vera Cruz do Oeste, Guaíra, Terra Roxa e Pato Bragado. O trabalho deles evoluiu tanto que deram um passo adiante e fundaram, em julho de 2006, a Cooperativa Agrofamiliar Solidária dos Apicultores da Costa Oeste do Paraná (Coofamel). Hoje, são 104 produtores em sete núcleos.
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
O futuro é promissor para esses produtores, que, unidos, já articulam outro bom negócio: a exportação mensal de 20 toneladas de mel para o Canadá. “Matéria-prima existe. Só precisamos construir uma unidade de beneficiamento. Já estamos montando um projeto para viabilizar mais esse sonho”, completa o presidente da Coofamel. S
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Produtor ri até de picada das abelhas far menos fumaça nas abelhas, para deixar o mel mais saboroso (a prática serve para acalmar os insetos).
O sucesso é resultado de dois fatores. O primeiro é o aprendizado acumulado quando ele e a mulher, Marta Roseli, iniciaram na atividade, com oito caixas de abelha, em 1986. Depois veio a orientação passada pelos técnicos do Sebrae/PR e a participação em palestras e cursos por meio do Núcleo Setorial de Apicultura de Entre Rios do Oeste e do Empreender Competitivo. “O aumento na produção veio de dois anos para cá. Pegamos muitas dicas no mane-
Essas são apenas alguns dos ensinamentos que cruzaram o oceano. Isso mesmo. A dedicação de Ari Mauri Petri deu tanto retorno que ele foi ensinar os colegas africanos de Nampula, capital da província com o mesmo nome em Moçambique, numa missão organizada e viabilizada pelo Empreender Competitivo, em junho passado.
Marta Roseli e Ari Petri jo das caixas, no tratamento das abelhas, extração do mel e armazenamento do produto, que nos ajudaram a chegar a um ótimo nível”, conta Ari Petri. Ele destaca um macete fundamental para o atual bom desempenho: borri-
“Eles são carentes, precisam de gente para ajudá-los, então levei minha experiência para os produtores da África”, frisou o produtor e funcionário da Prefeitura de Entre Rios do Oeste. “Consegui comprar uma casa com o dinheiro do mel. Vou reclamar das picadas de abelhas por quê?”, completa o apicultor.
Não existe uma fórmula pronta para solucionar os problemas. É a velha história de cada caso é um caso. Os participantes fazem os relatos sobre o dia-a-dia dos negócios e identificam as deficiências em comum. Depois, de forma conjunta e com orientação de um consultor, definem quais medidas serão tomadas para resolver a questão. “O Empreender Competitivo é como se fosse um troféu que o núcleo recebe para efetivamente fazer uma ação mais contundente sobre o setor no qual atua. É uma vitrine por meio da qual se evidenciam os projetos do Empreender, destacando o
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Para Agnaldo Castanharo, gerente da Unidade de Apoio a Projetos do Sebrae/PR, o desempenho das empresas é resultado da união de forças. “Os empresários buscam, de forma coletiva, alternativas para seus problemas que isoladamente não teriam condições. Juntos eles têm maior poder de fogo. Conseguem, por exemplo, maior poder de barganha com fornecedores”, exemplifica. O superintendente da Faciap e gestorexecutivo do Empreender, Márcio Vieira, por sua vez, comenta que através da cooperação é possível discutir carências, como falta de mão-de-obra ou deficiência na gestão financeira. “Os núcleos trabalham o princípio do associativismo. O receio da concorrência no começo até existe, mas com o trabalho do moderador, o grupo entende que juntos somos mais fortes”, resume Vieira.
Foto: Divulgação
êxito de alguns núcleos, fazendo disso um estímulo para que outros busquem melhores resultados, se superando”, diz Ardisson Naim Akel, presidente Faciap.
empresário
Empresários de Pato Branco produzem móveis com grife A indústria moveleira de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, é reconhecida pela qualidade, mas o mercado consumidor do município está limitado para os fabricantes. A solução encontrada pelo núcleo setorial da cidade foi criar uma grife para assinar uma série especial de móveis, que agora é o cartão de visita dos empresários paranaenses em outras praças — em especial, São Paulo. “A concorrência local estava muito grande. As empresas não estavam mais conseguindo lucratividade. Então sentamos com o pessoal do Sebrae/PR e perguntamos o que poderia ser feito para solucionar o impasse. Desse problema, veio o apoio do Empreender Competitivo para a viabilização de uma série especial de móveis”, conta o empresário Francisco Gava.
“Juntos somos mais fortes” Desde 1998, o Empreender tem ajudado as micro e pequenas empresas paranaenses por meio dos núcleos setoriais. O programa é fruto da parceria entre o Sebrae Nacional, Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Sebrae/ Paraná e Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap).
Francisco Gava
Móveis Sudoeste – Linha Pato Branco – Fotos: Divulgação
O motivo para tamanha alegria está na pureza e quantidade de mel extraída das colméias espalhadas pela mata. Somente na última safra, foram 52 quilos do produto, em média, produzidos por caixa de abelha — total bem acima da média de 35 quilos registrados em outras regiões. Como os Petri têm 210 caixas pela cidade, a colheita passada rendeu 10,9 toneladas de mel.
Petri obteve outras orientações sobre o manejo: aprendeu a limpar a parte inferior da caixa durante o inverno e descobriu a importância de alimentar as abelhas no frio com xarope feito a partir da mistura de quatro quilos de açúcar com um litro de água. E não menos importante: acabou com a invasão de formigas e cupins nas colméias após substituir o suporte de madeira por um modelo de cano, com óleo e concreto por dentro. Foto: Antônio Menegatti
Foto: Christian Rizzi
Ari Mauri Petri já levou algumas picadas de abelhas nesses 22 anos dedicados à apicultura em Entre Rios de Oeste, município com 4 mil habitantes no oeste do Paraná. Apesar de usar roupa especial de proteção, volta e meia, ele leva uma ferroada. Mas não liga muito. Quando o assunto é mel, sobram risadas, seguidas de piadas num doce sotaque alemão.
A marca Móveis Sudoeste – Linha Pato Branco ganhou a assinatura de uma designer de renome, Flávia Pagotti Silva, formada em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e com mestrado em Design de Produtos, pela Royal College of Art, de Londres. A profissional desenvolveu objetos distintos para 11 indústrias do Sudoeste. São mezaninos, mesas, cristaleiras, carrinhos multiuso e cabeceira de cama. O lançamento conjunto das peças acontece em setembro, num show-room, em Curitiba, organizado pela Associação Comercial e Empresarial de Pato Branco (ACEPB), Associação da Indústria Moveleira de Pato Branco (ASSIMOP) e Sebrae/PR, para profissionais do setor, representantes comerciais, designers, lojistas e distribuidores. O setor moveleiro de Pato Branco possui aproximadamente 40 empresas, com a geração de 600 empregos diretos.
Ardisson Naim Akel Presidente Faciap
O próximo passo do grupo de empresários é expor os produtos em feiras, sempre de forma conjunta e coletiva, até para baixar os custos, porque os fabricantes não têm condições de participar de eventos sozinhos. Em breve, também será lançado um site para facilitar as vendas aos consumidores de várias regiões do Brasil. “Acredito bastante no sucesso da iniciativa”, completa o empresário Francisco Gava.
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Empresários de micro e pequenas empresas têm inúmeras linhas de crédito e financiamento à disposição; orientação, nessa hora, é fundamental Por Mirian Gasparin
Tanto o superintendente do BB no Paraná quanto o gerente regional da Caixa afirmam que os empresários de micro e pequenas empresas no Paraná continuam animados e dispostos a investir em seus negócios. O ligeiro aumento da inflação verificado nos últimos meses não trouxe preocupação aos empresários, embora já comece a se refletir na elevação das taxas de juros.
A pedido dos bancos, técnicos do Sebrae/PR dão consultorias para avaliar a capacidade de pagamento das empresas que estão acessando essas linhas. Assim, os empresários têm uma boa visão, antes de fechar contratos com os bancos, sobre como suas empresas deverão se comportar caso o financiamento seja feito. Além disso, os técnicos recomendam que além de simplesmente buscar o crédito, os empresários procurem encontrar os motivos que estão levando suas empresas a tomar recursos no mercado.
Embora as tendências continuem sendo positivas para a economia e os bancos tenham recursos para emprestar, os empresários de micro e pequenas empresas devem analisar as vantagens de emprestar dinheiro.
Nos dois últimos anos, a demanda por financiamentos de micro e pequenas empresas paranaenses aumentou entre 25% e 30% no Banco do Brasil, segundo o superintendente do BB no Paraná, Danilo Angst. Somente nos primeiros cinco meses do ano, foram fechadas 6.329 operações, totalizando R$ 222,5 milhões, sendo 3.238 para capital de giro no valor de R$ 128,4 milhões. Para investimentos foram 3.091 operações que somaram R$ 94,1 milhões.
Nunca os empresários de micro e pequenas empresas tiveram acesso a tantas linhas de crédito e facilidades de financiamento como agora. É que os bancos, além de se conscientizarem da importância que o segmento exerce sobre a economia, também têm encontrado maior profissionalismo dos empresários e futuros empresários que buscam nas instituições financeiras os recursos para ampliar a capacidade de produção ou criar novos negócios.
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A Caixa Econômica Federal realizou financiamentos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) entre janeiro e maio para 1.238 micro e pequenas empresas do Paraná no valor de R$ 50,6 milhões. Do total, R$ 40,5 milhões foram para investimento e R$ 10,1 milhões para capital de giro. Segundo o gerente regional da Caixa, Vilmar José Smidarle, isso representou aumento de 26,8% em valores em relação a janeiro a maio de 2007.
A sócia-gerente da consultoria ValuConcept, Emanuele Caroline de Oliveira, recomenda que a empresa avalie conservadoramente as ofertas de empréstimo e evite o capital de giro, pois o juro é bem mais oneroso do que o incidente para compra de bens como máquinas e equipamentos (em tese menos arriscado para quem financia já que a garantia real é o próprio bem). Outro alerta é que os empresários devem analisar o custo de oportunidade incorrido ao deixar seu próprio capital investido na empresa, por exemplo, na compra de uma máquina, em vez de em aplicações
Nos últimos dois anos, a demanda das micro e pequenas empresas por financiamentos cresceu
Foto: Divulgação Banco do Brasil
Bancos facilitam acesso ao crédito
A relação empresário-gerente de banco também mudou. Hoje, os empresários quando se dirigem a uma instituição financeira não o fazem mais de forma amadora. O Sebrae/PR vem prestando informações e orientações sobre linhas de crédito, prazos de pagamento e taxas de juros voltadas para as micro e pequenas empresas, graças a convênios firmados com agentes financeiros.
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
Foto: Divulgação Caixa Econômica
Recursos para investir
Danilo Angst
superintendente do BB no Paraná
Vilmar José Smidarle
gerente regional da Caixa
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O microcrédito é uma das opções menos burocráticas para a concessão de um financiamento
financeiras que poderiam proporcionar rentabilidade com alta liquidez e baixo risco.
Linhas de crédito disponíveis
Uma falha muito cometida por uma boa parte dos empresários ocorre ao se fazer o planejamento sem deixar uma boa margem para imprevistos e adversidades. “Se o empresário no seu planejamento não tiver fluxo para pagamento do empréstimo dentro da margem de segurança, ele deve fugir do financiamento”, adverte o diretor da Acal Consultoria e Auditoria, Wesley Montechiari Figueira.
Com os empresários dispostos a investir em seus negócios, o que não falta nos bancos são linhas de crédito para micro e pequenas empresas. Somente para capital de giro, o Banco do Brasil oferece oito linhas. Na Caixa Econômica, são dez linhas. Nas duas instituições, o valor do financiamento vai variar de acordo com o limite do crédito e os prazos vão de dois dias até 24 meses, dependendo da linha. Praticamente todos os bancos privados têm linhas disponíveis para micro e pequenas empresas.
A estratégia de obter um financiamento para cobrir outro é também prejudicial e, por muitas vezes, tem levado as empresas a dívidas crescentes e difíceis de serem quitadas. “Nem sempre o dinheiro é a solução. Por isso o empresário deve procurar verificar a verdadeira causa que está levando sua empresa a fazer o empréstimo, pois poderá ter problemas internos de custos, produtividade, preço de venda, e tantos outros que, se não resolvidos, trarão problemas ainda maiores em um curto espaço de tempo”, destaca o consultor do Sebrae/PR, Flávio Locatelli Júnior. S
Entre as dezenas de linhas de crédito oferecidas para as micro e pequenas empresas do Paraná, as que possuem menor custo são aquelas que utilizam os recursos do FAT/Proger e que podem ser encontradas apenas nas agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. O Proger Urbano Empresarial financia até 80% do valor do investimento, que pode chegar até R$ 400 mil. O prazo para pagamento é de até 72 meses, com até 12 meses de carência. O Proger Turismo Investimento empresta 90% do valor do investimento limitado a um máximo de R$ 400 mil. O prazo é de até 120 meses, com até 30 meses de carência.
Na Caixa, uma das linhas recomendadas é o Producard, um cartão de crédito que disponibiliza até R$ 100 mil para atender às necessidades de investimento e aquisição de insumos para produção das micro e pequenas empresas com faturamento anual fiscal de até R$ 7 milhões. O Cartão Producard PJ pode ser utilizado para efetuar compras em diversas lojas conveniadas e o valor da compra é creditado diretamente na conta do vendedor. O prazo de utilização varia de dois a seis meses e o de amortização, de um a 36 meses. O prazo máximo, portanto, é de até 42 meses.
do BNDES, foi criado o Cartão BNDES, atualmente operado pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco, que permite ao titular a utilização automática de uma linha de financiamento pré-aprovada. O cartão oferece crédito rotativo, pré-aprovado, que pode chegar a R$ 250 mil, para aquisição de produtos credenciados no banco. Duas bandeiras de cartões de crédito trabalham com o BNDES: Visa e Redecard. Os valores das taxas administrativas ficam por conta dos intermediários, por isso, é bom pesquisar com o banco.
O empresário interessado em financiar as suas exportações conta com duas linhas de crédito do BB: o Proex Financiamento (financiamento direto ao exportador brasileiro ou ao importador com recursos do Tesouro Nacional) e o Proex Equalização (exportação financiada pelas instituições financeiras no País e no exterior, na qual o programa paga parte dos encargos financeiros, tornando-os equivalentes aos praticados no mercado internacional). Os prazos variam de acordo com o valor agregado da mercadoria ou complexidade dos serviços. Nas exportações de bens, variam de 60 dias até 10 anos.
Outra opção para a micro e pequena empresa é comprar uma franquia. A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e Banco do Nordeste têm linhas de crédito específicas para os franqueados. A princípio, os créditos são muito parecidos com o de outras instituições. A vantagem é que, como o banco já conhece o negócio que está consolidado pelo franqueador, a burocracia e os trâmites para concessão do crédito são facilitados.
Com o objetivo de desburocratizar e agilizar o acesso das micro, pequenas e médias empresas às linhas de crédito
O microcrédito é uma das opções menos burocráticas para a concessão de financiamento, principalmente, às microempresas e empreendedores que ainda estão na informalidade e excluídas do sistema financeiro. Organizações não-governamentais, órgãos públicos e associa-
ções sem fins lucrativos são as principais promotoras do microcrédito, cujos valores emprestados podem variar de R$ 200 a R$ 10 mil. No Paraná, o governo do Estado lançou o programa no dia 15 de janeiro último, em parceria com o Sebrae/PR e prefeituras. Com juros de 0,95% ao mês, nessa primeira fase de implantação o programa de microcrédito do Banco Social conta com recursos de R$ 40 milhões, voltado principalmente aos municípios do Paraná com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), no chamado Centro Expandido e para alguns setores identificados como representativos das principais aglomerações produtivas na região. São 127 cidades, localizadas próximas de grandes centros urbanos e com grande precariedade social. Para o empresário que quer comprar máquinas e equipamentos, a linha de financiamento ideal é a Finame do BNDES. Essa linha teve suas regras alteradas no mês de junho último. As principais mudanças se referem à ampliação do prazo de financiamento de 60 para 120 meses, agora também aplicado à indústria de transformação, e redução da parcela compreendida ao BNDES da taxa de juros de 3% para 0,9% para aquisição de máquinas e equipamentos nacionais novos.
Outro programa interessante e barato de financiamento é o Juro Zero da Financiadora Nacional de Estudos e Projetos (Finep). Ele foi criado com o objetivo de estimular o desenvolvimento das micro e pequenas empresas ”inovadoras” brasileiras nos aspectos comerciais, de processo ou de produtos/serviços, viabilizando o acesso ao crédito por parte dessas empresas. Embora tenha como nome Juro Zero, os contratos assinados entre as empresas e a Finep têm uma taxa de atualização monetária mensal igual à variação do IPCA e mais 10% ao ano a título de “spread”. Porém, enquanto a empresa se mantiver em dia com os pagamentos, o spread será integralmente subsidiado com recursos do Fundo Verde e Amarelo e, portanto, a empresa pagará apenas a variação do IPCA.
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Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
Meu primeiro negócio
Passo a passo para abrir uma pequena empresa A quantidade de documentos pode assustar, mas abrir uma micro ou pequena empresa não é bicho-de-sete-cabeças; confira o que deve ser feito Por Ellen Taborda
Central Fácil
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Foto: Rodolfo Buhrer
Mas o sonho de abrir uma micro ou pequena empresa não é missão impossível e pode demorar muito menos tempo, até cerca de 20 dias úteis no Paraná. “O planejamento é essencial”, argumenta o consultor do Sebrae/PR Paulo Tadeu Graciano. A agilidade na hora de abrir o negócio próprio depende do quanto e de como o empreendedor se preparou antes de dar entrada na papelada. Erros em documentos e formulários e mudanças nos planos originais podem
atrasar a abertura da empresa e trazer despesas imprevistas. Assim que surge a idéia de que tipo de negócio vai abrir, o futuro empresário tem que dar início a dois processos: a elaboração de um plano de negócios e a consulta comercial. Graciano ressalta que os dois devem começar a ser tocados simultaneamente. O plano de negócios é um documento no qual o empreendedor estrutura as principais idéias e opções. É esse estudo que deve definir a viabilidade da empresa a ser criada. Nele, estão aspectos como análise de mercado, plano de marketing, processo operacional e análise financeira. No site do Sebrae/PR (www.sebraepr. com.br), o empreendedor vai encontrar uma planilha e também uma cartilha sobre como elaborá-lo. A identificação e o conhecimento do ramo de atividade também devem ser muito bem ponderados nessa parte do processo. O presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná, Paulo
A Central Fácil, um serviço oferecido pelo Sebrae/PR, agiliza e reduz custos para a abertura de uma micro ou pequena empresa. Desde que foi criada em 1998, mais de 200 mil empresas foram abertas somente em Curitiba. Por mês, são 133 mil atendimentos em média.
Foto: Antônio Menegatti
Desde o início do processo de abertura, é fundamental contratar um contador de confiança e com experiência
“Eu sempre trabalhei como empregada. Até algum tempo atrás, não esperava ser empresária. Sempre achei que fosse muito difícil.” A afirmação é da jornalista Daline Rosa da Cruz, de 27 anos, hoje sócia de um jornal em Chopinzinho, no sudoeste do Paraná. Daline não é a única a pensar dessa maneira. A burocracia assusta os futuros empreendedores no Brasil. Um relatório deste ano do Banco Mundial (BIRD) coloca o País na 122ª posição com relação à facilidade para a abertura de empresas: seriam necessários, em média, 152 dias e 18 procedimentos diferentes.
“Foram dois meses conversando e amadurecendo a idéia”, conta Daline Cruz, a sócia-proprietária do recém-lançado jornal Gazeta Regional, semanário com tiragem de 2 mil exemplares, em Chopinzinho.
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Foi o que fez a jornalista-empresária de Chopinzinho, Daline Cruz, que optou por abrir um negócio que conhece bem. “Foram dois meses conversando e amadurecendo a idéia”, conta a sócia-proprietária do recém-lançado jornal Gazeta Regional. O semanário, que começou a circular em julho, tem tiragem de 2 mil exemplares. Hoje, ela sobrevive com a publicação de anúncios, uma vez que a distribuição é gratuita. O objetivo é vender assinaturas em breve. A abertura da empresa, para Daline, foi mais rápida, pois ela não precisou começar o processo desde o início. O sócio da empresária já possuía uma gráfica com CNPJ. O trabalho, a partir daí até a conquista do alvará, levou apenas duas semanas.
Nessa hora é que o planejamento se mostra importante. Se o empreendedor aluga um ponto, investe nele e descobre bem mais tarde que o ramo de atividade que ele quer desenvolver não é permitido naquela área da cidade, é prejuízo na certa. “A mudança é traumática. A reforma feita no imóvel não pode ser levada para outro local”, argumenta o consultor do Sebrae/ PR. Isso sem contar o aluguel pago num ponto fechado, sem retorno financeiro. Assim que tiver o resultado da consulta comercial, é hora de fazer a busca de nome na Junta Comercial do Paraná (no caso de sociedade empresarial ou empresário individual) ou no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (sociedade simples – prestação de serviços). Devese preencher um formulário com três opções de nome comercial. O órgão verifica a disponibilidade das denominações pretendidas para a definição da razão social da empresa. De acordo com o consultor Graciano, além da denominação comercial, o empresário pode registrar um nome Foto: Antônio Menegatti
Ao mesmo tempo em que trabalha no plano de negócios, o futuro empresário deve fazer a consulta comercial. O
procedimento demora em média uma semana e deve ser feito na prefeitura municipal. O objetivo da consulta é a aprovação do local de funcionamento da empresa. É aí que será verificada a viabilidade legal das atividades a serem desenvolvidas na área escolhida para a instalação do negócio. Cada prefeitura tem um formulário próprio a ser preenchido. Uma cópia do carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) deve ser anexada. Dependendo da atividade da empresa, podem ser necessárias vistorias de órgãos como Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, entre outros.
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fantasia no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Esse procedimento não é obrigatório, “mas agrega valor ao produto”. Graciano lembra o caso de uma fábrica de biscoitos paranaense que teve que mudar o nome que usava no produto desde o final do século XIX porque não havia registrado a marca. Após decidir o nome comercial, o empreendedor precisa redigir o contrato social, que será registrado na Junta Comercial ou no cartório. O documento deve conter dados como a razão social da empresa, ramo de atividade, endereço e informações sobre os sócios. Se não houver sociedade, deve ser apresentada uma declaração de empresário individual. O contrato é a “certidão de nascimento” da empresa. Entretanto, para começar as atividades, o empresário ainda tem mais etapas a vencer. O próximo passo é solicitar o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) na Receita Federal do Brasil. O pedido é feito pela internet (www.receita. fazenda.gov.br), onde o empreendedor preenche um formulário de requisição que deve ser enviado eletronicamente para a Receita. Se houver pendências com o órgão, elas serão indicadas e deverão ser solucionadas antes da conclusão do processo. Em seguida, é necessário imprimir o Documento Básico de Entrada (DBE), que deve ser assinado com firma reconhecida. O DBE e uma cópia autenticada do contrato social devem ser encaminhados à Receita pelo correio ou diretamente na unidade cadastradora de jurisdição. Quando consegue o CNPJ, a empresa é inscrita, ao mesmo tempo, no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Com o CNPJ em mãos, já é possível solicitar o alvará de funcionamento na prefeitura municipal. É esse documento que vai conferir ao empreendedor a licença para atuar no local pretendido. Para dar entrada, é necessário apresentar a consulta comercial aprovada, cópias do CNPJ e do contrato social e laudos de órgãos que tenham sido
solicitados pela prefeitura no início do processo. Com a obtenção do alvará, a sociedade simples já pode começar a funcionar. A emissão de notas fiscais e a autenticação dos livros fiscais são feitas com autorização da prefeitura. Já o empreendedor que optou pela sociedade empresarial tem uma última etapa a vencer, a Inscrição Estadual, para que possa recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O órgão a ser procurado é a Receita Estadual. O procedimento pode ser feito inteiramente pela internet (www.fazenda.pr.gov.br). É também com a Receita Estadual que se consegue a autorização para notas e livros fiscais. Por último, caso algum sócio ou funcionário da empresa não tenha registro na Previdência Social, é necessário providenciar sua inscrição para que possa ser recolhida a contribuição ao INSS. O procedimento pode ser feito em qualquer agência da Previdência ou então pelo telefone 135 (ligação gratuita).
Central agiliza abertura Uma iniciativa pioneira no País foi criada em Curitiba, há 10 anos, com o objetivo de diminuir prazos e custos para a abertura da micro e pequena empresa. A Central Fácil reúne, num mesmo local, vários órgãos envolvidos no processo. O sistema funciona nas unidades do Sebrae/PR de Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel e já foi adotado em mais dez estados brasileiros. A iniciativa nasceu de um convênio do Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC) com o Sebrae. No mesmo espaço, o empreendedor dispõe dos serviços do Sebrae/PR, Junta Comercial, Prefeitura Municipal, Receitas Estadual e Federal, Conselho Regional de Contabilidade (CRC), Sindicato dos Contabilistas do Paraná (Sescap), Sindicato dos Contabilistas de Curitiba (Sincotiba) e Corpo de Bombeiros. “O objetivo é legalizar a empresa e orientar o empreendedor. Priorizamos nos órgãos conveniados atendimento diferenciado e preferencial, monitorando tudo para agilizar o processo”, conta a coordenadora da Central Fácil, Mariléa Britto. A primeira providência do serviço é a consulta prévia, que tem o objetivo de verificar quaisquer pendências do empreendedor e dos sócios em todos os órgãos envolvidos, eliminando qualquer obstáculo que possa causar atrasos já no início do processo. A abertura de uma sociedade empresarial através da Central Fácil pode levar apenas 20 dias úteis. Desde 1998, 212.928 micro e pequenas empresas foram abertas através da central, somente em Curitiba. A cada mês, a unidade faz uma média de 133 mil atendimentos.
Desde o processo de abertura da empresa, é fundamental contratar um contador de confiança e que tenha experiência na área de atuação. “Sem esse profissional”, conclui o consultor do Sebrae/PR, “o empreendedor deixa de fazer a sua atividade principal para se preocupar com burocracia. Ele precisa ter a cabeça fria para fazer o seu negócio ter sucesso”. S
Foto: Rodolfo Buhrer
César Caetano de Souza, lembra casos de ex-funcionários de bancos estatais que saíram das instituições em programas de demissão voluntária (os famosos PDVs) e resolveram aplicar o valor recebido em um negócio próprio. “Uma pessoa que está acostumada a trabalhar seis horas diárias de segunda à sexta-feira resolve, de repente, abrir uma padaria, que tem funcionamento de 24 horas. É claro que essa empresa quebrou. A principal preocupação inicial é escolher certo o ramo de atividade.”
CNPJ e alvará num só local Desde janeiro deste ano, a abertura de empresas em Curitiba tem uma etapa diferenciada dos outros municípios paranaenses. A Capital foi a primeira a adotar no Estado o Cadastro Sincronizado Nacional, que une a Receita Federal e a Prefeitura para a emissão, em um único local, do CNPJ e do alvará. O projeto é um primeiro passo para implementar o que prevê a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O tempo para a obtenção dos papéis hoje é de 30 dias, devido à demanda de processos de abertura de empresas em Curitiba. Durante o mês de julho, em reunião entre representantes da Receita Federal, prefeitura e CRC, foram discutidas propostas para reduzir o prazo para a emissão dos documentos. A idéia é que ele seja de, no máximo, uma semana. O objetivo é fazer ajustes antes que o cadastro seja adotado em outras cidades, o que deve ocorrer ainda neste ano em Londrina e Maringá.
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Etiqueta Corporativa
Da mesa, para a empresa Regras de comportamento se tornam fundamentais no mundo corporativo; bom senso é a melhor saída para separar o pessoal do profissional Por Katia Michelle Pires
No mercado de trabalho, a palavra etiqueta pode soar estranha. Mas é só apurar os ouvidos e a leitura para entender que o significado do verbete vai bem além das regras básicas de comportamento. A etiqueta corporativa hoje é essencial para a colocação profissional e quem não leva a sério esse conjunto de normas pode estar perdendo tempo e dinheiro. O assunto é tão sério que algumas empresas já têm cursos próprios de comportamento, que ensinam como melhorar a relação entre os funcionários e principalmente com os clientes. “A etiqueta é fundamental para qualquer setor, seja pessoal ou profissional. É por meio do comportamento dos funcionários que a empresa pode transmitir suas verdadeiras características”, analisa o gerente nacional de Recursos Humanos da empresa de telefonia TIM, Richard Allan Vieira. A empresa hoje conta com mais de 10 mil empregados em todo o Brasil e, para manter um padrão do atendimento, lança mão de cursos de valores e éticas empresariais sugeridos a todos os funcionários. A medida não acontece por acaso e é fruto de um planejamento necessário. “Não se trata de buscar um padrão de comportamento, mas sim dar algumas orientações para melhorar a convivência no trabalho”, diz Allan Vieira. Regrinhas básicas como o modo de se vestir e se comportar, o que exigem muito bom senso dos funcionários, estão no curso, que também dá dicas de abordagem ao cliente. “É preciso entender que a etiqueta corporativa é um conjunto de características que revelam os próprios valores da empresa”, revela o gerente. Mas ele salienta que é preciso respeitar as culturas de cada estado ou região, o que faz das regras de etiqueta um conjunto de ações bastante subjetivas e variáveis e, portanto, não tão fáceis de serem determinadas. “Dentro do bom senso, os costumes locais precisam ser levados em consideração”, alerta Allan Vieira.
Bom senso é fundamental É sempre bom ter em mente que a etiqueta corporativa vai muito além de saber o modo adequado de se vestir para o trabalho. E isso vale para homens e mulheres. Ambos os sexos devem evitar chamar atenção para características pessoais que demonstrem uma personalidade exacerbada. E isso não é tudo.
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“A etiqueta é hoje um fator de sobrevivência”, garante Dani Moro, gerente de Marketing Corporativo das empresas Battistella. Ela vê as regras de etiqueta como uma maneira de transmitir confiabilidade. E ressalta: “Saber usar essas regras é um fator de ascensão profissional”. Para a executiva, o fato de uma pessoa conhecer – e saber utilizar – as regrinhas que visam a um bom relacionamento empresarial não está relacionado ao poder aquisitivo, mas sim a uma boa educação e principalmente ao tão falado bom senso.
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“Em uma reunião, é preciso estar seguro dos ideais e da proposta que se vai apresentar. Se for necessário falar amenidades antes ou se comportar de uma maneira diferente, é uma questão que depende muito de cada caso.” (Vicente Frare, empresário)
Etiqueta cosmopolita Levar em conta esse conjunto de regras que determinam a etiqueta corporativa é algo relativamente novo no meio empresarial, mas está presente em todos os setores, independente da cultura e do país de origem. O empresário Vicente Frare, dono de uma empresa de comunicação em Curitiba, sabe o que isso significa. Formado em Administração de Hotéis pelo Centro Internacional de Glion, na Suíça, ele trabalhou no ramo de hotelaria por seis anos e na aviação por três, antes de criar a Pulp, Idéias e Conteúdos, focada, entre outras metas, na descoberta de tendências do mercado. Juntos, os três trabalhos já renderam viagens para cerca de 70 países, o que pede bastante jogo de cintura na hora de se comunicar com as pessoas. “Existe uma cultura geral que é a educação, o bom senso. O resto você se adapta”, ensina Frare. Para ele, o mais importante é o profissional estar preparado para defender suas idéias. “Em uma reunião, principalmente, é preciso estar seguro dos ideais e da proposta que se vai apresentar. Se for necessário falar amenidades antes ou se comportar de uma maneira diferente, é uma questão que depende muito de cada caso.” Quando a profissão exige também o convívio social, a preocupação deve ser dobrada. Frare acredita na máxima “a primeira impressão é a que fica”, então aconselha que as pessoas se vistam de maneira adequada à ocasião e à profissão para causar um bom impacto. Já no que depende da diferença cultural, ele defende que as pessoas devem agir conforme sua própria cultura. “Mas mostrar conhecimentos da cultura do cliente conta pontos. No Japão, por exemplo, o cartão de visita se entrega com as duas mãos, se você seguir a regra pode causar uma boa impressão”, aconselha. Nesse caso, a conversa - e também os negócios - podem fluir melhor.
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Não exagere A consultora de etiqueta social e corporativa Maria Cora Chaves entende bem quando assunto é limite no local de trabalho. Ela já foi requisitada várias vezes para ministrar cursos de etiqueta corporativa em grandes e pequenas empresas. Vinda de uma família de diplomatas, ela aprendeu regras de comportamento desde criança e levou a educação recebida em casa para a vida profissional. Para Maria Cora, o maior desafio dentro do tema hoje é a linha tênue que separa o pessoal e o profissional. “Hoje as coisas estão muito misturadas. Muitos negócios são fechados em almoços e happy hours. O que acontece é que os funcionários acabam confundindo e achando que o cliente é amigo. Não é. A amizade acaba quando acontece a primeira barbaridade.”
Outra dificuldade que a vida moderna trouxe quando o assunto é postura profissional são as grandes salas das empresas. “Computador do trabalho é do trabalho. Mesa do trabalho é do trabalho. Não dá para deixar esse ambiente muito pessoal, colocando ursinhos, penduricalhos, a foto da namorada de biquíni e outros objetos que devem ficar em casa”, exemplifica a consultora.
A consultora revela que é preciso resgatar valores simples da educação que se recebe em casa para manter também uma boa relação no trabalho. Questões como falar baixo ao celular, evitar toques histriônicos nos aparelhos, manter hábitos de higiene tanto pessoal como no local de trabalho são fundamentais para uma boa convivência na empresa. Quando é preciso trabalhar também nos limites sociais, o tão falado bom senso deve imperar. Sempre. S
Roupas
“Hoje, a maior força do mercado vem do marketing de relacionamento. Os profissionais que demonstram uma inteligência social, fruto da etiqueta corporativa, sabem se colocar e conquistam a ascensão.” (Dani Moro, gerente de Marketing Corporativo das empresas Battistella)
Maria Cora 42
A consultora de etiqueta corporativa e social, Maria Cora Chaves, elaborou algumas regrinhas quando o tema é comportamento no trabalho. Confira.
A organização nesse caso é fundamental. Maria Cora ressalta que mesmo que a empresa seja pequena e que teoricamente não receba clientes, é preciso manter a ordem. Os funcionários transmitem os valores que a empresa defende. “Não é adequado trabalhar de chinelo, roupas decotadas e nem tampouco manter uma mesa desorganizada. Isso depõe contra a empresa.” Foto: Mauro Frasson
Exemplos não faltam, como o abuso de bebidas alcoólicas nos momentos em que lazer e trabalho se confun-
dem. “As pessoas acham que podem beber cinco doses de uísque. Não pode. No dia seguinte o trabalho continua e o que você fez ou falou naquele momento, ninguém esquece.”
• As mulheres devem sempre evitar decotes exagerados, roupas curtas, jóias e bijuterias grandes. Lembre-se: há um limite tênue entre o exagero e a vulgaridade. • Para estarem bem vestidos, os homens não precisam usar, necessariamente, terno e gravata, mas algumas dicas devem ser levadas em conta: guarde a camiseta do time para os dias de folga. Agasalhos e regatas também devem ser evitados. • A moda é mutante, mas você não precisa ser. Só por que estão usando shorts com meia, não precisa ir ao trabalho vestida assim, respeite sempre os limites do seu corpo e idade. • O que é comum nem sempre é normal. Não se trata de preconceito, mas de se portar adequadamente independente do local de trabalho. Trabalhar em um setor criativo não justifica exageros.
No ambiente de trabalho • Nem todos são extremamente organizados, mas nem por isso as pessoas precisam ser bagunceiras. Mantenha mesa e local de trabalho arrumados. Lembre-se que você divide o ambiente com outras pessoas.
Nos almoços, encontros de negócios e festas empresariais • Evite bebidas alcoólicas, mas se for inevitável ou para acompanhar o cliente, beba com moderação.
• Computador do trabalho é do trabalho. Nada de manter arquivos pessoais na máquina.
• Se o evento é uma festa corporativa, circule. Não crie rodinhas apenas com as pessoas que “você mais gosta”.
• Evite porta-retratos e objetos pessoais. Personalizar o ambiente não é proibido, mas sem exageros.
• O mais simples é sempre o mais adequado. Se for o anfitrião, sirva opções de pratos e bebidas que agrade a todos os paladares.
• Fale baixo ao telefone. • Celular é um objeto de uso pessoal. Carregue com você. E se não quer atender, desligue. Ninguém precisa escutar o hino do seu time ou o tema do seu filme predileto ecoando na sala.
• Mesmo que você esteja fora do local de trabalho, se o evento for focado em negócios, você continua a representar a empresa. Não fale mal de colegas e nunca revele informações sigilosas.
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Paraná Business Collection
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
Foto: Luiz Costa
Paraná na vitrine Com R$ 4,5 milhões em negócios gerados, o Paraná Business Collection se consolida como o grande evento do setor, por reunir todos os elos da cadeia produtiva do vestuário Por Valmir Denardin
Em apenas duas edições, o Paraná Business Collection se consolidou como o principal encontro da moda no Estado. Promovido pelo Sebrae/PR e a Federação das Indústrias do Estado (Fiep), o evento resultou em R$ 4,5 milhões de negócios fechados e prospectados, volume 80% superior ao da primeira edição, em 2007, com R$ 2,5 milhões. O grande diferencial do Paraná Business Collection é reunir, num mesmo ambiente, fabricantes, varejistas, criadores e estudiosos de moda. Durante cinco dias, de 28 de julho a 1º de agosto, o Centro de Exposições Horário Sabino Coimbra recebeu um show-room de negócios com 36 marcas paranaenses, 11 desfiles de estilistas do Estado – muitos deles com projeção internacional, como Jefferson Kulig, representante paranaense na São Paulo Fashion Week –, oficinas de criação, palestras, debates, lançamentos de livros e a quinta edição do Prêmio João Turin, que incentiva os novos estilistas. “Num mesmo local, empresários de micro e pequenas empresas do setor e detentores de grandes grifes estiveram em igualdade de condições, todos com o objetivo de mostrar suas coleções para o verão 2009 e fechar negócios”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa. Apenas o show-room recebeu 600 compradores, de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Espírito Santo e Bahia, além do Paraná.
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Casamento Boa parte dos expositores – principalmente os de menor porte – participava de um evento do gênero pela primeira vez. “É uma oportunidade excelente para tornar a marca mais conhecida”, diz Fátima Frizzo, 33 anos. Há quatro anos, ela montou, com o marido, Valdecir, a Estrela Guia Confecções, única indústria de Bom Jesus do Sul, município do sudoeste paranaense com pouco mais de 3,8 mil habitantes. Com o apoio do Sebrae – o casal não perde um curso e aproveita todas as consultorias oferecidas pela entidade –, a Estrela Guia já produz 2 mil peças mensais de jeans e emprega 26 pessoas. Fátima acha que chegou a hora de as calças, jaquetas e saias jeans da marca chegarem a outros mercados. “Atendemos o sul e sudeste do Paraná, o oeste de Santa Catarina e o norte do Rio Grande do Sul. Agora, planejamos expandir para a metade norte do Paraná e todo o Rio Grande do Sul. O Paraná Business Collection foi importante porque fizemos contatos e marcamos visitas a lojistas dessas regiões”, anima-se Fátima. Para Roseli Aparecida Ferreira, 38 anos, sócia da Nítido Jeanswear, de Cianorte, o evento terá a capacidade de atrair ainda mais compradores ao já nacionalmente conhecido pólo de vestuário do noroeste paranaense. “Convidamos todos os visitantes a conhecer Cianorte”, conta. Criada há 16 anos, a confecção familiar chega a produzir 14 mil peças mensais e tem 46 funcionários.
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22
Visitantes:
15 mil
Negócios gerados:
R$ 2,5 milhões
2008
Expositores:
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Visitantes:
20 mil
Negócios gerados:
R$ 4,5 milhões
“Havia visitado o Paraná Business Collection no ano passado e, nesta edição, achei importante participar como expositor”, conta Paulo Roberto Zaparolli, 57 anos, pai de Edgard e sócio no empreendimento, que soma 17 funcionários. A Íon Positivo já possui duas lojas próprias (em Ibiporã e Londrina) e costuma participar de eventos de moda.
Na avaliação de Marcelo Surek, diretor comercial da confecção curitibana De’Celo, o Paraná Business Collection está em maturação, com a tendência de se fortalecer a cada ano. Para ele, o que impressiona é o grande número de visitantes de outros estados. Especializada em moda masculina, a empresa produz cerca de 5 mil peças por mês.
Sem abandonar a vocação natural para a agropecuária, o Paraná amplia a cada ano sua participação no mercado nacional do vestuário. Com 5 mil indústrias, a maior parte micro e pequenas empresas, o Estado ocupa a quarta posição no ranking nacional (atrás de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina), com faturamento bruto anual de R$ 4 bilhões.
O Paraná Business Collection tornou-se o segundo evento anual do qual participa a Paraíso Bordados, a maior empresa do pólo de moda bebê instalado em Terra Roxa (Oeste do Estado). Em janeiro e julho, a confecção – com 360 funcionários e produção mensal de 120 mil peças – participa das edições inverno e verão da Feira de Moda Infanto-Juvenil e Bebê (FIT), a maior do segmento, em São Paulo. “Ambas são importantes para a divulgação da marca”, afirma a gerente de Marketing, Simone Francisco dos Santos. S
Foto: Luiz Costa
Oferta e qualidade surpreendem visitantes A moda produzida no Paraná chega cada vez mais longe. A segunda edição do Paraná Business Collection recebeu caravanas de lojistas de todo o Brasil e visitantes de outros países. Donas de quatro lojas de enxovais para bebês em Feira de Santana (BA), as sócias Rita de Cássia Melo e Ada Carolina Fadigas se disseram encantadas com o evento.
“Com oito pólos segmentados, distribuídos geograficamente por todo território estadual, a moda paranaense é diversificada e de alta qualidade”, afirma Edvaldo Pires Corrêa, coordenador estadual de Vestuário do Sebrae/PR. O setor emprega 90 mil profissionais, que produzem 150 milhões de peças por ano.
Foto: Luiz Costa
Outra que se surpreendeu foi a catarinense Wilma Maria Rosa. “Não imaginava algo tão organizado e com tanta variedade”, conta ela, que acumula as funções de vitrinista e consultora de moda da Atenas Sports, loja de moda esportiva localizada no Shopping Neumarkt, de Blumenau. Viajou 250 quilômetros atrás de novidades para a loja, em ampliação. “Fiz muitos contatos e negociei prazos de entrega. Depois, volto só para fechar os negócios.” A qualidade das confecções paranaenses levou a estilista boliviana Liliana Castellanos a fabricar no Estado sua coleção primaveraverão. Inspiradas no Brasil, as peças serão apresentadas, em outubro, no Crystal Fashion, um dos grandes eventos da moda paranaense. Nesse shopping center de Curitiba, a estilista instalou sua única loja no Brasil. Ela possui outras cinco lojas próprias em grandes cidades das Américas e da Europa e exporta para 30 países. “Minhas criações utilizam muito trabalho artesanal e a qualidade da mão-de-obra no Paraná é excelente”, afirma Liliana.
Marcelo Surek
Roseli Ferreira
Simone dos Santos
O MAPA DA MODA Os principais pólos produtores do Paraná O SETOR NO ESTADO Empresas:
5 mil
Londrina multisegmento
“Nos desfiles, pudemos acompanhar as tendências de cores e estampas, já que hoje a moda infanto-juvenil segue os padrões adultos”, afirma Ada. Clientes há sete anos da Paraíso Moda Bebê, de Terra Roxa, as lojistas baianas aproveitaram o evento de Curitiba para conhecer outros possíveis fornecedores paranaenses.
Valdecir e Fátima Frizzo
Foto: Luiz Costa
Setor em crescimento
Foto: Luiz Costa
2007
Expositores:
Maturação
Foto: Luiz Costa
CRESCIMENTO
“Uma feira como essa pode ser comparada a um namoro. Aqui, a gente conhece o cliente, apresenta o produto e divulga a marca. O casamento, muitas vezes, vem depois”, compara Edgard Zapparoli, 24 anos, sócio da Íon Positivo Sportwear, criada há sete anos em Ibiporã (norte do Estado). A empresa – que produz 3.500 peças mensais de roupas para ginástica, natação e ciclismo, além de uniformes escolares – tem bons motivos para buscar exposição. Está lançando uma linha para outras práticas esportivas, como tênis e golfe.
Produção:
150 milhões
Maringá jeans Cianorte jeans
de peças/ano
Apucarana bonés
Faturamento bruto:
R$ 4 bilhões/ano Empregos diretos:
Terra Roxa moda bebê
90 mil
Imbituva malhas moda masculina
Curitiba multisegmento
Francisco Beltrão Pato Branco
Edgard e Paulo Roberto Zapparoli
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Feira do Empreendedor no Paraná
Foto: Adair Carneiro
Diversidade de eventos e público diferenciado garantem sucesso Realizada em Londrina, a Feira do Empreendedor reuniu 17.102 visitantes, 231 caravanas, 191 eventos de conhecimento, 92 empresas expositoras de todo o Brasil e mais de 100 oportunidades de negócios
A presença maciça de caravanas – foram 231, com 7.129 empreendedores e empresários de todas as regiões –, somada à procura pelos eventos de conhecimento, confirma um interesse cada vez maior dos paranaenses pelo empreendedorismo. Só no estande do Sebrae/PR, que funcionou durante a Feira, foram realizados 2,4 mil atendimentos, para empreendedores interessados em avaliar as oportunidades oferecidas na área de exposição e também para empresários que puderam conhecer as soluções da entidade para pequenas empresas. Jorge Nonura, de Assaí, norte do Estado, foi um dos 2,4 mil empreendedores atendidos pelo estande do Sebrae/PR. Ele e a mulher integraram uma das caravanas organizadas para a Feira do
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Foto: Adair Carneiro
Empreendedor e tiraram dúvidas sobre a abertura um posto de gasolina para os filhos. “Já temos o terreno, mas buscamos novas idéias”, disse. Novas idéias, aliás, não faltaram na Feira do Empreendedor em Londrina. Os visitantes puderam conhecer desde a história de empreendedores de sucesso como Chieko Aoki, que da crise passou à presidência da Blue Tree, a maior rede de hotéis do Brasil, até oportunidades de negócios inovadores e com potencial para serem explorados.
Negócios e contatos O empresário José Evangelista Terrabuio Jr. divide com o irmão Rawlinson a sociedade da ImagiNail Brasil, empresa com oito funcionários em Curitiba. Na Feira do Empreendedor, a máquina que decora unhas graças a um software, parceria que nasceu com um grupo de investidores americanos, reuniu curiosos e empreendedores de olho nas tendências do consumo. Nos quatro dias de Feira, os
empresários venderam 15 máquinas, a um preço de R$ 13 mil a unidade. “Foi uma excelente oportunidade para mostrarmos o nosso produto e expandirmos a distribuição do nosso equipamento”, disse Terrabuio Jr. A Walex, empresa familiar de São Paulo, também expôs na Feira do Empreendedor, mas com o objetivo de fazer contatos, para entrar no mercado paranaense. Wagner Gabassi desenvolveu uma máquina de música personalizada, ideal, segundo ele, para restaurantes, festas de aniversário, bares e até casamentos. Junto com o equipamento, o usuário pode conectar um pen-drive com as músicas de sua preferência. “Não perderei mais a Feira do Empreendedor no Paraná. Foi excelente a integração do público com o equipamento. Pude fazer uma série de contatos, que renderão num futuro próximo negócios no Estado”, aposta o empresário. Rogério Pellissari é empresário no oeste do Paraná. Cliente do Sebrae/PR, participou do evento de negócios, com a intenção de criar uma rede de distribuição de alimentos especiais, produzidos em sua pequena indústria em Cascavel. “Foi muito bom, porque pudemos mostrar aos visitantes o modelo para a
José Evangelista Terrabuio Jr. Conhecimento e informação que foram repassados por técnicos e especialistas para 11.002 participantes inscritos, por meio de palestras, conferências magnas, talk-shows, oficinas profissionalizantes e espaço de debates para jovens empreen-
Fotos: Gabriel Teixeira
O Paraná voltou ao circuito nacional da Feira do Empreendedor em grande estilo. Depois de um ‘jejum’ de quatro anos – a última Feira do Empreendedor foi realizada em Curitiba em 2004 – o maior evento de empreendedorismo do Paraná, realizado neste ano em Londrina, de 14 a 17 de agosto passado, foi um sucesso pela diversidade de eventos e pelo público diferenciado. Foram 17.102 visitantes de todas as regiões do Estado que circularam pelo Centro de Exposições e Eventos de Londrina em busca de conhecimento, informação e oportunidades de negócios.
Máquina decora unhas
Foto: Gabriel Teixeira
Por Leandro Donatti
Foto: Gabriel Teixeira
dedores, totalizando 191 eventos gratuitos. E mais de 100 oportunidades de negócios, para todos os gostos e bolsos, expostas por 92 empresas de todo o Brasil que foram selecionadas pelo Sebrae/PR para compor um mix que ofereceu aos visitantes oportunidades com investimentos variáveis, entre R$ 30 e R$ 300 mil.
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
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Osvaldo Dias
O plano da It Beach Brasil, franquia de São Paulo que comercializa sandálias femininas em shopping centers, ao participar da Feira, era conseguir candidatos para abrir filiais em shoppings de Londrina e Maringá. “O resultado foi acima do esperado. Temos oito candidatos e, para escolher qual deles vai
FEIRA DO EMPREENDEDOR 2008 visitantes
17.102 caravanas de todo o Estado
231 atendimentos
2,4 mil palestras, talk-shows e oficinas
191
Sonhos, estratégia e desenvolvimento
Fotos: Gabriel Teixeira
“Nós do Sebrae fazemos parte de uma instituição que tem condições de realizar os sonhos de muita gente, mas para isso os empreendedores precisam ter conhecimento e informação. Estamos realizando 12 Feiras do Empreendedor em todo o Brasil porque a nossa responsabilidade é contagiar o povo brasileiro com o empreendedorismo”, disse Paulo Okamotto, presidente do Sebrae Nacional, na sua passagem pela Feira em Londrina. Para o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Darci Piana, a Feira do Empreendedor é estratégica na medida em que fortalece as micro e pequenas empresas, estimula a geração de novos empreendimentos e oferece oportunidades e
Parte da Feira do Empreendedor foi dedicada aos jovens que se preparam para o mercado de trabalho e desejam abrir uma pequena empresa. Leonardo de Abreu, 21 anos, mora em Maringá e está no terceiro ano de Administração. Quer abrir uma loja de produtos naturais com o pai, assim que se formar, mas antes da Feira do Empreendedor pouco conhecia sobre empreendedorismo. Leonardo e os colegas de universidade deslocaram-se para Londrina para participar do ‘Espaço Jovem’, uma arena montada numa das salas do Centro de Eventos, com layout diferenciado, criando um ambiente descontraído e levantando questões que preocupam jovens entre 17 a 23 anos. Leonardo participou do debate sobre como vencer a timidez. “Foi muito legal, porque em grupo podemos discutir várias questões, importantes para a nossa vida.”
conhecimento. “Esse País cresce e precisa de uma base, e as micro e pequenas empresas são as que mais geram empregos e renda”, destacou Piana. “A Feira do Empreendedor foi planejada durante 20 meses e nasceu de um compromisso compartilhado por toda a sociedade de Londrina. Representou para o Paraná muito mais que negócios, mas um instrumento de desenvolvimento que vai fazer a diferença nos próximos anos, com novos empreendimentos”, contabiliza o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa. “O sucesso do evento serve como um termômetro para o Sebrae/PR e abre perspectivas para o Paraná sediar novas edições.”
Foto: Gabriel Teixeira
negociação de nossos produtos. Criar uma boa equipe de vendas leva de 6 a 8 meses. Além de farmacêutico, também tenho de ser empresário. Saímos da Feira do Empreendedor com um outro horizonte.”
Jovens discutem empreendedorismo
Circuito nacional 2008 Campo Grande – MS.....................julho Belém - PA .........................................julho Fortaleza - CE.....................................julho Londrina - PR.................................agosto Florianópolis - SC.........................agosto Aracaju - SE....................................agosto Belo Horizonte - MG.............setembro Palmas - TO..............................setembro Caruaru - PE................................outubro Teresina - PI............................novembro Mossoró - RN.........................novembro Porto Alegre - RS.................novembro
Artigo
Crises Econômicas: riscos e oportunidades
Uma curiosidade freqüentemente mencionada em relação ao idioma chinês diz respeito ao fato de que o ideograma que expressa a palavra crise é o mesmo usado para a palavra oportunidade. Essa peculiaridade do idioma oriental antecipava em milênios um fenômeno hoje reconhecido pelos estudiosos e praticantes da gestão: as crises trazem, no seu bojo, oportunidades para aqueles mais ousados e criativos; e, inversamente, a exploração das oportunidades de hoje podem levar a crises amanhã. Em certa medida, a crise econômica internacional de hoje, caracterizada pelas flutuações imprevisíveis de preços de mercadorias, em especial o petróleo, pela volatilidade das bolsas de valores no mundo todo e pelo agravamento dos problemas no setor imobiliário americano, é mais um episódio desse ciclo interminável de oportunidades e riscos. Na última década, a vitalidade das denominadas “economias emergentes” (China, Índia, Rússia e Brasil, dentre outros) impulsionou o crescimento mundial, levando a um aumento expressivo do consumo de matérias-primas e insumos. Além disso, a participação agressiva desses países no mercado internacional de produtos industriais permitiu que o crescimento ocorresse com baixa inflação, o que possibilitou manter os juros em patamares bastante baixos, estimulando ainda mais o consumo e, no caso particular dos Estados Unidos, a aquisição de moradias. O Brasil aproveitou de forma agressiva as oportunidades resultantes desse momento positivo da economia mundial. Os produtores nacionais aumentaram de forma expressiva sua participação nos mercados internacionais, num momento de preços em alta, aumentando sua renda e permitindo ao País gerar saldos expressivos na balança comercial e acumular reservas internacionais. Tudo isso permitiu ao País melhorar sua
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José Cezar Castanhar
situação macroeconômica, resultando na queda dos juros, aumento da renda e na tão aguardada aceleração do crescimento econômico. A “conta” desse momento favorável começa a ser entregue. O aumento da taxa de inflação em todo o mundo provoca, em resposta, um aumento das taxas básicas de juros, o que deve reduzir o crescimento econômico. Esse efeito pode ser amplificado pela crise no setor imobiliário americano. Mesmo no Brasil, que permaneceu afastado do bojo da crise até o momento, os analistas já projetam uma redução do crescimento econômico para os próximos dois anos. É nesse momento que o empresário com espírito empreendedor deve identificar o lado “positivo” da crise atual e as oportunidades que podem se apresentar. Assim, por exemplo, a decisão do Banco Central do Brasil de aumentar os juros e forçar uma queda do crescimento econômico neste ano e no próximo, pode permitir a manutenção de um crescimento robusto por um período mais longo, interrompendo a sina do “vôo da galinha” que marcou a economia brasileira nas últimas décadas.
“Na última década, a vitalidade das denominadas economias emergentes (China, Índia, Rússia e Brasil) impulsionou o crescimento mundial, levando a um aumento expressivo do consumo de matérias-primas e insumos.”
Além disso, a desaceleração do crescimento não ocorrerá de maneira uniforme. Alguns setores manterão seu dinamismo, como por exemplo, a construção civil. Alguns segmentos do mercado consumidor ainda demonstram capacidade para crescerem, como as classes C, D e E. Em todos esses setores e segmentos, as micro, pequenas e médias empresas nacionais têm uma participação expressiva, que pode ser ampliada. O fato de que esses setores e atividades se caracterizam por serem disseminados por todo o País amplia a possibilidade de as micro, pequenas e médias empresas aproveitarem essas oportunidades. Assim, aqueles que enxergarem o copo pela metade como estando “meio cheio”, em vez de “meio vazio”, poderão sair da crise fortalecidos e capacitados para explorar um novo ciclo de oportunidades. S
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Gabriel Teixeira
abrir a filial, vamos ter que fazer um processo de seleção dentro da empresa e verificar qual tem o nosso perfil”, afirmou o diretor de Marketing da It Beach, Osvaldo Dias, que já participou da Feira do Empreendedor em Salvador, na Bahia. “Fiquei impressionado com o interesse dos visitantes e a qualidade do público no Paraná. A vantagem de feiras como essa é que podemos manter contatos com um público regional”, assinalou. S
José Cezar Castanhar
é engenheiro civil e Doutor em Gestão e professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
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Sebrae/PR Carros equipados reforçam atendimento
Cooperação Paraná/Emilia-Romagna é destaque na Itália
Foto: Divulgação
Foto: Associação Comercial do Paraná
O processo de cooperação entre o Paraná e a região da Emilia-Romagna foi um dos destaques do congresso mundial organizado pela IFOAM - Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica, em Modena, na Itália. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR e do Sistema Fecomércio, Darci Piana (foto), foi um dos
Liquida Curitiba
Cinco carros equipados estão dando reforço ao atendimento itinerante oferecido pelo Sebrae/PR nos municípios onde não há uma estrutura física da entidade. Cada Regional do Sebrae passou a ter à disposição um veículo com TV LCD 32 polegadas; notebook ligado à internet com tecnologia de telefonia celular; um DVD; uma impressora; aparelho de som; sistema de iluminação; duas mesas de atendimento e seis cadeiras dobráveis; suporte para montagem de uma tenda de atendimento com área de 14 metros quadrados e suporte com cinco gavetas para acomodar folder, CDs, DVDs, cartilhas e material de apoio. Os carros (foto) já estão circulando pelo Estado, levando soluções empresariais.
Emilia-Romagna
conferencistas no seminário “Agricultura sustentável, biodiversidade, proteção e comércio justo, juntos contra a pobreza”. Piana falou da importância da cooperação com os italianos e dos primeiros projetos que já estão em execução no Paraná. A cooperação Paraná/Emilia-Romagna é fruto de uma articulação do Sebrae/PR, Ocepar, Sescoop-PR, Faep, Senar, Governo do Estado, Sebrae Nacional, Presidência da República, cooperativas italianas Legacoop e Confcooperative e Universidade de Bologna. A EmiliaRomagna é uma das primeiras regiões da Itália em renda per capita e é uma das 15 regiões mais ricas da Europa. As micro e pequenas empresas e o cooperativismo são os principais responsáveis pelo desenvolvimento.
Cerca de 350 empresários do comércio de Curitiba participaram do lançamento do Liquida Curitiba, uma iniciativa da Associação Comercial do Paraná (ACP) em parceria com Sebrae/PR, Governo Estadual, Prefeitura e Mastercard. Os empresários conheceram a estratégia que visou ampliar, no início de setembro, o volume de vendas do comércio, com dias de liquidação em benefício dos consumidores com preços mais acessíveis e atraentes. Cerca de 3 mil pontos de vendas da capital participaram do Liquida Curitiba e realizaram promoções com descontos aos clientes. O jornalista Paulo Henrique Amorim (foto) falou à platéia sobre as perspectivas para o varejo com o crescimento do poder de compra das classes C, D e E.
PE&GN destaca ações no norte O trabalho do Sebrae/PR na região de Londrina foi destaque no Pequenas Empresas & Grandes Negócios, da Rede Globo. Três reportagens especiais foram ao ar entre os meses de junho e julho, todas tendo como gancho a forte atuação da entidade. A primeira, em alusão aos 100 anos da imigração japonesa, abordou o Dekassegui Empreendedor em Londrina, projeto do Sebrae, BID, Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD) e Fundo Multilateral de Investimentos (MIF-Fumin), que auxilia os nipo-brasileiros que vão para o Japão em busca de dinheiro para depois de um tempo voltar ao Brasil e abrir um pequeno negócio. A segunda reportagem focou a produção diferenciada de bonés em Apucarana. E a terceira trouxe informações do APL de Tecnologia da Informação/ Software em Londrina.
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Liquida Curitiba atrai empresários
Entrevista Tendência Mercado Capacitação Associativismo Serviço Comportamento Feiras e Eventos Giro pelo Paraná
MPE/Brasil: recorde de inscrições no PR O Paraná registrou um recorde de inscrições no Prêmio Sucesso Empresarial 2008/MPE Brasil. Ao todo, 4.111 empresários inscreveram-se em todo o Estado, 332% a mais que em 2007, quando foram 951 inscrições. O Prêmio, uma parceria do Sebrae/ PR, Grupo Gerdau e IBQP, é uma ferramenta de gestão que auxilia pequenas empresas na busca por excelência empresarial, medindo sua capacidade de gestão e seu grau de competitividade, com base nos critérios de excelência da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ). Uma das novidades desta edição é a mudança de nome para MPE Brasil - Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas 2008, em função da nacionalização do Prêmio, que contará com a participação de empresas premiadas em estados que também adotam a mesma metodologia e os critérios da FNQ.
Seminários estimulam cooperação no campo O conhecimento e a informação como estratégias de desenvolvimento e competitividade para as agroindústrias familiares, na região noroeste. Foi com essa visão que o Sebrae/PR e parceiros realizaram o ciclo de seminários “Desenvolvimento das Agroindústrias do Noroeste do Paraná”, com o tema “Redes de Cooperação na Pequena Agroindústria”, em Umuarama, Paranavaí e Campo Mourão. Foram palestras e oficinas temáticas com especialistas, sobre a importância da cooperação no fortalecimento de pequenas propriedades, e ainda, apresentação de casos de sucesso, para mostrar aos produtores as vantagens do associativismo. Ao se unirem, as agroindústrias aumentam o volume de produção, têm preços mais competitivos e aumentam o mix de produtos, por exemplo.
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Planeta Digital gera R$ 1,5 mi Guia orienta candidatos O Sebrae/PR está distribuindo gratuitamente, desde agosto, o Guia do Candidato Empreendedor para os candidatos a prefeito, vice e vereador nessas eleições. É uma cartilha do Sebrae Nacional, para sensibilizar os candidatos a assumir um compromisso com as pequenas empresas, que mostra a realidade dos pequenos negócios, as vantagens de apoiar o segmento e como fazer. O documento traz dez iniciativas para a criação de um ambiente favorável às pequenas empresas: enfrentar a burocracia, reduzir a informalidade, criar ou melhorar a política tributária, planejar e estruturar o desenvolvimento do município, prioridade nas compras governamentais, investir no acesso à tecnologia, apoiar o associativismo, facilitar o acesso ao crédito e aos serviços financeiros, promover a educação empreendedora profissionalizante e aprovar e implantar as Leis Gerais Municipais.
O Planeta Digital, um dos maiores eventos de tecnologia do Brasil, realizado em Curitiba no início de agosto, numa parceria entre Sebrae/PR e Assespro Paraná, gerou R$ 1,5 milhão em negócios, fechados e prospectados. A informação é do coordenador estadual de Tecnologia da Informação/Software do Sebrae/PR, Ricardo Almeida (foto). Mais de 2,5 mil pessoas circularam nos quatro dias de feira e fórum técnico. O evento reuniu empresas de tecnologia, como software, hardware, conectividade, games e robótica; indústrias; empresas do comércio e prestação de serviços; profissionais e acadêmicos. Nesse universo, gigantes como Microsoft, Positivo Informática, IBM, HP, Samsung e Claro dividiram espaço com pequenas empresas de seis núcleos de tecnologia da informação/software, distribuídos em Arranjos Produtivos Locais (APLs) em Curitiba, Maringá, Londrina, Cascavel, Pato Branco e Ponta Grossa.
Pesquisa mostra perfil empreendedor na região sudoeste Pesquisa realizada pelo Sebrae/PR em Pato Branco, com os participantes do Programa Próprio entre o início de 2005 e meados de 2008, na região sudoeste, revela dados interessantes, que reforçam a importância do planejamento na hora de abrir um negócio. Dentre os 101 participantes ouvidos pela entidade, 61% dos que buscaram orientação técnica demonstraram cautela e não abriram empresa; 18% abriram empresa e se mantêm no mercado; 17% já tinham empresas constituídas; e 4% abriram e fecharam seus negócios. Dentre os que abriram, 82% continuam com as portas abertas, registrando aumento no faturamento, e 18% fecharam as portas. Outro dado curioso mostra a força do empreendedorismo feminino na região: do total de participantes do programa do Sebrae/PR, 56% são mulheres e 44% homens.
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Agentes locais levam inovação Os empresários de micro e pequenas empresas do Paraná, que apostam na inovação como diferencial competitivo, contam agora com novos aliados. O Sebrae/PR e a Fundação Araucária, com o apoio da Secretaria de Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, capacitaram a primeira turma do “Agentes Locais de Inovação”, um projetopiloto desenvolvido no Estado em parceria com o Sebrae Nacional. Os agentes locais já estão a campo, atendendo
empresas da construção civil, agronegócio e vestuário, em Apucarana; Capanema; Cascavel; Cianorte; Curitiba; Foz do Iguaçu; Francisco Beltrão; Guarapuava; Jacarezinho; Londrina; Maringá; Ortigueira; Paranavaí; Pato Branco; Ponta Grossa, São José dos Pinhais e Toledo. A idéia é sensibilizar os empresários sobre a cultura da inovação e a necessidade de inserir soluções inovadoras nos pequenos negócios. Na foto, a formatura da primeira turma, realizada em junho no auditório do Sebrae/PR em Curitiba.
Rodada une empresas brasileiras e argentinas Empresários de micro e pequenas empresas brasileiras e argentinas participaram no início de agosto, em Capanema, sudoeste do Paraná, de uma rodada internacional de negócios, promovida pelo Sebrae/PR, Associação Comercial e Empresarial de Capanema (ACEC), Comitê Profronteira e Prefeitura, para estreitar os laços comerciais entre os dois países e fechar negócios entre pequenas empresas da fronteira. Trinta empresas participaram da rodada e de um workshop sobre cooperação transfronteiriça, duas ações do Profronteira - Projeto de Desenvolvimento do Sudoeste do Paraná e Oeste de Santa Catarina na Região da Faixa de Fronteira com o Extremo-Oriente da Argentina. Experiência inédita de cooperação, o Profronteira cria um sistema integrado de inclusão do sudoeste paranaense e oeste catarinense no Mercosul.
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Artigo
SOLUÇÕES PARA PEQUENAS EMPRESAS
Competitividade ao seu dispor
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Allan Marcelo de Campos Costa
Foto: Mauro Frasson
“O máximo da sofisticação é a simplicidade.”
Allan Marcelo de Campos Costa
é mestre pela Universidade de Lancaster, Inglaterra – MSc in IT, Management and Organizational Change - e mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, tem MBA em Gestão de Negócios pela IBMEC Business School e é pós-graduado em Desenvolvimento Gerencial para Executivos pela FAE/CDE. Possui artigos publicados em jornais, revistas e conferências no Brasil e no exterior, em países como Chile, África do Sul, Reino Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia.
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Um dos temas mais discutidos no mundo empresarial é a famosa competitividade. Ela está nas revistas, nos livros, nos jornais, nas palestras e em tudo que cerca o ambiente das empresas no Brasil e no mundo. Mas afinal de contas, o que torna uma empresa competitiva? Como entender e aplicar no universo das Micro e Pequenas Empresas este conceito, ao mesmo tempo tão amplo e tão subjetivo? Comecemos entendendo que o que torna de fato uma empresa competitiva é sua capacidade de ser única, de se diferenciar da concorrência. Esta diferenciação pode ser percebida de várias formas. Por exemplo, uma empresa pode ser competitiva porque pratica um preço inferior ao da concorrência (sem que isso implique em menor qualidade); porque presta um serviço diferenciado; porque possui uma rede de distribuição imbatível; ou porque seu produto apresenta características reconhecidas como únicas pelos seus clientes. Em outras palavras, uma empresa verdadeiramente competitiva tem diferenciais decorrentes de um ou mais fatores que a colocam em condições de enfrentar com maior probabilidade de sucesso as demais empresas no seu mercado. Feito este raciocínio, fica a pergunta: quais os caminhos para elevar a competitividade dos pequenos negócios? A resposta a esta questão passa necessariamente por uma mudança do modelo mental muitas vezes predominante, que preconiza a necessidade de altos investimentos como condição necessária e inegociável para tornar uma empresa competitiva. Este raciocínio
é obsoleto, pois exclui da equação o fato concreto de que, muitas vezes, imaginação, criatividade e velocidade tornam-se ativos muito mais relevantes do que o capital. E são justamente estes fatores que, somados a uma atitude pró-ativa do empreendedor, podem fazer a diferença. Leonardo Da Vinci, o gênio renascentista, dizia que “o máximo da sofisticação é a simplicidade”. Por trás desta singela frase esconde-se a resposta para muitos dos problemas e dificuldades que tipicamente afligem nossos empreendedores. A estrada da competitividade não passa obrigatoriamente por soluções mirabolantes e dispendiosas. Muitas vezes, as melhores idéias decorrem justamente das perguntas mais simples e que, por conseguinte, geram respostas igualmente simples. O que faz a diferença para o seu cliente? O que levará um potencial cliente a escolher a sua empresa, e não a do concorrente? Que fatores incentivarão o seu cliente a desenvolver um relacionamento de longo prazo com a sua empresa? O que você pode oferecer ao seu cliente que ninguém mais oferece? Em suma, o que a sua empresa faz de diferente? Estas perguntas triviais na maioria das vezes levam a respostas que podem fazer toda a diferença no sucesso de um empreendimento. Em última análise, podem ser a porta de acesso para um processo de diferenciação e criação de vantagens competitivas que, na essência, é exatamente o que define o nível de competitividade de uma empresa. S
REGIONAL SUDOESTE Pato Branco Avenida Tupi, 333 – Bairro Bortot – CEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250 – Fax: (46) 3220-1251
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Ponta Grossa Rua XV de Novembro, 120 – Bairro: Centro – CEP: 84.010-020 Fone: (42) 3225-1229 – Fax: (42) 3225-1229
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