Revista solucao ed4

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Marketing estratégico com Philip Kotler

Revista trimestral

nº4

Ano2 Jan/09

A revista da pequena empresa no Paraná

Como superar os desafios em 2009 Empresários de micro e pequenas empresas devem estar atentos aos seus negócios, em tempos de desaceleração econômica

Sebrae/PR atinge mais de 1 milhão de pessoas em cinco dias

A terceira edição da Semana da Pequena Empresa foi um sucesso e mais de 1 milhão de pessoas tiveram acesso a informações técnicas do Sebrae/PR

Serviço

Mercado

TENDÊNCIA

Feiras e Eventos

Capacitação

Comportamento

Giro pelo Paraná 1


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Supervisão Geral Renata Borges Todescato de Moura Gerente de Marketing e Comunicação Coordenação Adriana Schiavon Gonçalves Especialista em Marketing Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Reg. Profissional - 2874/11/57-PR Reportagens: Andréa Bordinhão, Katia Michelle Pires, Leandro Donatti, Maigue Gueths, Maria Tereza Bocardi, Mari Tortato, Mirian Gasparin e Valmir Denardin.

Os empresários de micro e pequenas empresas e empreendedores paranaenses que sonham abrir um negócio próprio encontrarão nesta edição informações sobre mercado, capacitação, tendências, serviços, comportamento, feiras e eventos. A matéria de capa é um dos destaques, com orientações sobre como as pequenas empresas podem enfrentar os reflexos da crise no sistema financeiro mundial. Esta edição traz também uma matéria com Philip Kotler, considerado o “Papa do Marketing” no mundo.

Críticas e comentários, mande um e-mail para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br Anuncie na Revista Soluções: publicidade.revistasolucoes@ pr.sebrae.com.br Impressão Artes Gráficas Renascer Ltda. (Mult-graphic) Tiragem 18.000 exemplares Periodicidade Trimestral Design Gráfico e Diagramação Ingrupo//chp Propaganda

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Consumidores das faixas C, D e E representam 65% dos domicílios urbanos e respondem por um consumo anual de aproximadamente R$ 520 bilhões, no Brasil.

Quatro projetos de inovação e difusão tecnológica são desenvolvidos no Paraná, graças a um convênio entre Sebrae/Finep.

O editor PÁG. 19 – COMPORTAMENTO Formalização, sinônimo de crescimento

Conheça as histórias de dois empreendedores paranaenses que saíram da informalidade, viraram empresários e prosperaram.

O empresário de Maringá Jefferson Nogaroli é o novo presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR. Presidente do Conselho Superior da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Nogaroli presidiu a Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) entre os anos de 1998 e 2001. Também foi presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap) no período de 2002 a 2006. Nogaroli vai substituir Darci Piana na presidência do Conselho e sua gestão é para o biênio 2009-2010. A eleição de Nogaroli foi em novembro e a posse no dia 15 de dezembro passado. O novo presidente foi eleito por aclamação, durante reunião dos representantes do Conselho Deliberativo, Fiscal e Diretoria Executiva do Sebrae/PR, na sede da entidade em Curitiba. Na mesma reunião, houve a escolha

de novos membros do Conselho Fiscal. Compõem o Conselho Fiscal, para o biênio 2009-2010: João Luiz Rodrigues Biscaia (titular) e Livaldo Gemin (suplente), indicados pela Faep; Gerson José Lauermann (titular) e João Gogola Neto (suplente), indicados pela Ocepar; e José Georgevan Gomes de Araújo (titular) e Odair Ceschin (suplente), indicados pela Fiep. “O Sebrae/PR possui um excelente corpo técnico, o que vai facilitar as ações. É um grande desafio assumir a presidência do Conselho”, afirmou Nogaroli, minutos após sua aclamação como presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR. Para o novo presidente, as micro e pequenas empresas paranaenses estão mais fortes, sobrevivem mais. Porém, há desafios a serem superados, na área de acesso ao crédito e no oferecimento de garantias para os empresários que buscam financiamentos, por exemplo. Para Nogaroli, os reflexos da crise financeira mundial, desencadeada nos Estados Unidos, pode ser um sinônimo de oportunidades para os empresários de micro e pequenas empresas que estiverem preparados.

PÁG. 6 - ENTREVISTA

Negócios em família

Inovar é a chave para sobreviver e competir

Boa leitura!

Jefferson Nogaroli assume comando do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR

Varejo cresce com ascensão dos emergentes

PÁG. 40 – SERVIÇO

PÁG. 15 – MERCADO

Esta edição é para você, empreendedor e empresário de micro e pequena empresa que quer fazer a diferença em 2009.

Foto: Luiz Costa/Agência La Imagen

sebrae@pr.sebrae.com.br http://asn.sebraepr.com.br

Philip Kotler diz que a formação de grupos de pesquisa ajuda empresários de pequenas empresas a conhecer melhor o hábito dos consumidores.

Bem como uma entrevista com Marcos Braga, da HSM, líder no ranking de empresas especializadas em educação executiva, e reportagens especiais sobre inovação, franquias, formalização, mão de obra, tecnologia da informação, sucessão familiar, dentre outros temas.

Fotos: Cristiane Shinde, Fernando Dias, Luiz Costa, Mauro Frasson, Cesar Cola, Nilton Moura e Wilson Vieira. Colaboraram nesta edição: Carla Cristina Werkhauser Brustulin, Cesar Giovani C. Gonçalves, Edite Viana dos Santos Alves, Edvaldo Pires Correa, Emerson Cechin, Giselle Ritzmann Loures, Heverson Morigi Miloch, João Luiz de Moura, Maria Auria Mülhmann, Patrícia Albanez, Paula Andréia de Castro, Pedro Cesar Rychuv Santos e Walderes Bello.

PÁG. 37 – TENDÊNCIA

Marketing estratégico: a força motriz das empresas

PÁG. 24 – TENDÊNCIA Tecnologia ao alcance das pequenas empresas

Software como serviço, já utilizado por grandes empresas, é uma forma econômica e rápida de acessar sistemas sofisticados.

PÁG. 27 – CAPACITAÇÃO Como agarrar a mão de obra

Saiba como melhorar sua equipe e manter um quadro estável de funcionários, especialmente nos segmentos carentes de profissionais.

Foto: Divulgação

Vitor Roberto Tioqueta Diretor de Gestão e Produção

PÁG. 12 – MERCADO

Empresas administradas por parentes podem virar uma dor de cabeça, se a sucessão não for planejada com orientação profissional.

Marcos Braga, presidente da HSM Brasil, fala sobre gestão empresarial e a sua importância no mundo dos negócios. Foto: Divulgação

Julio Cezar Agostini Diretor de Operações

Há um ano, o Sebrae/PR lançava a primeira edição da Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná, uma publicação trimestral focada em empreendedorismo e nos pequenos negócios. Foram três edições em 2008 e esta, para começar bem 2009.

Foto: Agência La Imagen

Allan Marcelo de Campos Costa Diretor Superintendente

Foto: Luiz Costa/Agência La Imagen

Jefferson Nogaroli Presidente do Conselho Deliberativo

Índice

Foto: Agência La Imagen

Editorial

Sebrae/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná

PÁG. 53 – ARTIGO

PÁG. 44 – FEIRAS E EVENTOS

O articulista José Cezar Castanhar, professor da FGV, manda um recado para os empresários de pequenas empresas: crises são momentos para identificar e explorar novas oportunidades.

A terceira edição da Semana da Pequena Empresa, realizada em novembro, foi um sucesso.

PÁG. 54 – GIRO PELO PARANÁ

Sebrae/PR atinge mais de 1 milhão de pessoas em cinco dias

PÁG. 48 – SERVIÇO Franquias crescem, mercado agradece

Setor de franchising registrou alta procura e crescimento de 21,6% no faturamento, de acordo com pesquisa no terceiro trimestre de 2008.

PÁG. 51 – SERVIÇO

Profissionalismo ajuda a evitar ações trabalhistas

As relações pessoais e o cumprimento da legislação são fatores que devem ser observados pelos empresários.

Um apanhado dos principais acontecimentos e eventos envolvendo o Sebrae/PR, nas regiões centro-sul, noroeste, norte, oeste e sudoeste e com repercussão no Estado.

PÁG. 60 – ARTIGO

Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae/PR, fala sobre a relação entre as micro e pequenas empresas e o desenvolvimento econômico.

PÁG. 8 - CAPA

PÁG. 31 – CAPACITAÇÃO

Como superar os desafios em 2009

Qualificação, diversificação e personalização são as estratégias de empresários no litoral do Paraná, para manterem negócios rentáveis o ano inteiro.

Mesmo sendo craques em administrar conflitos, os empresários de micro e pequenas empresas devem estar atentos aos seus negócios. Boa gestão, adequação dos prazos de pagamento, melhoria de produtividade e readequação dos planos de negócio são algumas dicas em tempos de desaceleração econômica.

Bons negócios o ano todo

PÁG. 35 – TENDÊNCIA

Pequenas empresas também precisam monitorar números

Veja como a gestão com base em indicadores pode melhorar o desempenho da sua empresa.

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Marcos Braga

Por Andréa Bordinhão

Em meio à grande quantidade de trabalho e com o foco das preocupações em questões financeiras e burocráticas, muitos empreendedores deixam de lado um ponto que pode ajudar a evitar muitos problemas comuns de gestão: a formação. Movidos pelo espírito empreendedor, a maioria dos pequenos empresários se aventura em ramos que conhecem, mas sem experiência em negócios. Muitos até buscam as orientações básicas na hora de abrir a empresa, mas grande parte enfrenta problemas para manter uma gestão de qualidade. Isso traz muitos problemas que poderiam ser evitados com uma capacitação mínima. “Muitas vezes, a empresa não vai para frente não só pela questão financeira, mas também porque o empreendedor se desilude porque tinha uma visão que depois se tornou mais complicada. E para evitar isso, é preciso um processo de preparação. Sem dúvida, aquele que tem um conhecimento básico de gestão acaba conseguindo antever melhor pontos importantes”, explica o presidente da HSM Brasil, empresa com foco na capacitação de gestores, Marcos Braga. Por meio de seminários, fóruns e pela mídia impressa e online, a HSM leva informações e exemplos de sucesso a gestores de todos os tipos e portes de empresas.

Segundo Braga, um dos fatores que eleva a taxa de mortalidade de pequenas empresas é justamente o fato de uma boa idéia não ser acompanhada de um bom processo de gestão. Em entrevista à Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná, Braga fala da importância da capacitação e da busca de conhecimento, por meio de outras experiências, para o bom processo de gestão, e ressalta quais os principais desafios que os empresários, principalmente os de menor porte, têm pela frente. Soluções Sebrae - Como o senhor avalia os gestores no Brasil? Os empresários que estão à frente de pequenas e médias empresas estão mais preocupados com a capacitação? Marcos Braga - O perfil é muito diverso. É difícil traçar um panorama claro. Entre os gestores de negócios menores, eu percebo que há cada vez mais interesse pela capacitação porque com a rapidez das mudanças nos mercados, com o processo de internacionalização dos negócios e com a globalização, a questão do conhecimento acaba se tornando um fatorchave de diferenciação. Para ser mais produtivo e para ter pessoas mais produtivas, é fundamental que se tenha a preocupação de adquirir o conhecimento de gestão. Normalmente, mais da metade das pessoas presentes nos nossos eventos são ligadas a pequenas e médias empresas. Soluções Sebrae - Qual o principal foco do trabalho da HSM? Marcos Braga - Nosso lema é o inspiring ideas (inspirando idéias). O que queremos é que os executivos, por meio

“Em pequenas e médias empresas, é comum uma prática de gestão de pessoas muito simples, que basicamente se resume a fazer a gestão de folha de pagamento, sem se preocupar com motivação e valorização das pessoas.”

Soluções Sebrae - O senhor poderia dar exemplos de técnicas, métodos ou experiências de gestão que os empresários buscam nos seminários ou fóruns? Marcos Braga - São temas que tratam de atitudes práticas que, muitas vezes, os empresários não têm conhecimento claro. E participando de um evento e vendo como isso funciona bem em outras organizações, pode abrir uma nova maneira de lidar com determinadas questões. Um fórum de alta performance, por exemplo, ensina como liderar pessoas, como fazer as pessoas renderem ao máximo na empresa. Em pequenas e médias empresas, é comum uma prática de gestão de pessoas muito simples, que basicamente se resume a fazer a gestão de folha de pagamento, sem se preocupar muito com a questão de motivação, com a questão da valorização das pessoas, de autonomia, de dar às pessoas liberdade de ação. Ouvir outras experiências ajuda também aos que querem abrir um negócio. Muitos chegam com várias idéias diferentes e percebem no que precisam focar, já que um dos pontos importantes na definição do modelo de negócio é saber exatamente qual é a es-

Marcos Braga,

tratégia, qual é a proposta única de valor que essa empresa vai ter para oferecer e que vai fazer com que ela seja diferente das outras e portanto mais competitiva. Muitas vezes, é preciso escolher o que não se vai fazer. Soluções Sebrae - Hoje muitas empresas que passam por dificuldades estão pecando principalmente em noções de gerenciamento? Quais os passos importantes a serem seguidos? Marcos Braga - O que a gente observa é que sim. Um dos fatores que faz a taxa de mortalidade das empresas recém-constituídas ser alta é que nem sempre uma boa idéia é acompanhada de um processo de gestão. Ter muito claro qual é o modelo de negócio, como vai se viabilizar financeiramente e estar preparado do ponto de vista de caixa, de recursos para suportar o processo de implantação e desenvolvimento do negócio, são coisas que muitas vezes acabam não sendo tão valorizados como deveriam pelos empreendedores. Então é comum a empresa começar com uma boa idéia, um bom potencial de negócio, mas não conseguir fôlego para se desenvolver e assim acaba se desperdiçando uma boa oportunidade. E muitas vezes, a empresa não vai para frente não só pela questão financeira, mas também porque o próprio empreendedor se desilude porque ele tinha uma visão que depois se tornou mais complicada. E, para evitar isso, é preciso um processo de preparação. Sem dúvida, aquele que tem um conhecimento mais básico de gestão acaba conseguindo antever melhor pontos importantes como de onde vão vir os fundos para o negócio, como vai ser o desenvolvimento da empresa, em quais momentos ele vai precisar de mais fundos, qual o momento ele começa a realmente se financiar sozinho, quais são as barreiras de entrada, quais são os concorrentes. Tem uma série de perguntas fundamentais que deve ser respondida antes de se começar um negócio e durante o gerenciamento. Soluções Sebrae - Qual seria o próximo passo, quando o empresário fez bem

Fotos: Divulgação

Capacitação melhora qualidade de gestão

dos nossos eventos, tenham acesso a uma série de conhecimentos e informações relevantes que façam com que eles saiam de lá com algumas boas idéias para aplicar nos seus negócios ou na sua atuação dentro das empresas. Ele vai para receber insights, para saber de novidades, de técnicas de gestão que estão sendo aplicadas nas melhores escolas e empresas do mundo. Nossos eventos normalmente são para pessoas que já estão em posições de relevância nas empresas.

essa primeira etapa? Marcos Braga - Assentar bem as bases da gestão da empresa. Uma empresa que já foi implantada, deu certo, está em processo de crescimento rapidamente, ela vai começar a ter necessidade de uma gestão mais cuidadosa. O gestor é um empreendedor. Portanto, pela sua própria natureza, é comum ele estar sempre buscando algo mais, querendo desenvolver seu negócio. Mas não pode perder o foco no gerenciamento. Então precisa de alguém ou de meios para que a empresa seja sempre bem gerida. Por isso, a segunda etapa é um processo de amadurecimento da gestão. Soluções Sebrae - A Pesquisa Cenários para as Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo 2009/2015, do Sebrae/SP, mostra que em sete anos deve haver uma empresa para cada 24 habitantes no Brasil. Como o senhor acha que vai ficar a questão da capacitação neste cenário? Marcos Braga - A não ser que haja mudança cultural muito grande, a tendência é que continue havendo muito empreendedorismo misturado com voluntarismo. As pessoas abrem negócios sem ao menos responder àquelas perguntas básicas. A menos que haja essa mudança, a tendência é que esse processo de fechamento precoce das empresas não mude muito. Mas é opinião pessoal, não tenho nenhum dado estatístico. Soluções Sebrae - E como o senhor vê esse boom no empreendedorismo? Marcos Braga - Tem de tudo aí. Tem a questão de buscar melhor condição, fuga do desemprego, mas também tem o fato das mudanças que estão acontecendo trazerem muitas oportunidades de negócios, algumas que nem imaginamos. Então uma boa idéia torna-se, talvez, mais fácil de se concretizar porque hoje em dia não é preciso construir uma fábrica, produzir algum bem para ter um negócio. Existem muitos negócios na área de serviços que podem ser feitos até pela internet, por exemplo.

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Soluções Sebrae - Quais são, na sua visão, os principias desafios para quem está gerenciando uma empresa? Marcos Braga - Acho que existem dois desafios principais. Um, mais imediato, é a situação financeira internacional. E acredito que, para o mercado brasileiro, ela deve ser menos agressiva, mas vai exigir atenção. Mas, pensando num contexto mais amplo e em uma situação de normalidade, acho que o grande desafio é lidar com a velocidade das mudanças. Os negócios mudam muito mais rapidamente hoje em dia do que há 20 anos. É quase impossível uma empresa usufruir confortavelmente de um determinado mercado, de um determinado negócio, por muito tempo, sem mudanças, porque rapidamente uma novidade aparece para colocar em xeque o que ele está fazendo. E o empresário tem que estar atento e preparado para isso. Soluções Sebrae - Em relação à crise financeira, na sua opinião, qual atitude que os empresários de micro e pequenas empresas devem tomar? Marcos Braga - A primeira providência deve ser mais do que nunca cuidar do caixa, já que, por alguns meses, o financiamento ficará mais caro e mais restrito. O segundo ponto é não tratar a crise como se tivesse que ficar entrincheirado, esperando passar uma tempestade. Pelo contrário. Acredito que é um momento, com critério e cuidado com o caixa, para fazer novos negócios, buscar novas oportunidades. Entender como a crise afeta determinados setores pode significar oportunidades. Tem de ser uma atitude de agressividade responsável. Não ficar na defesa, mas sim ir para o ataque com precaução. S

“O gestor é um empreendedor. Portanto, pela sua própria natureza, é comum ele estar sempre buscando algo mais, querendo desenvolver seu negócio. Mas não pode perder o foco no gerenciamento.”

presidente da HSM Brasil

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Como superar os desafios em 2009

Foto: Wilson Vieira/Videographic

e oportunidades que o panorama se apresenta”, explica Rambalducci.

Empresários de micro e pequenas empresas devem estar atentos aos negócios e a uma possível desaceleração econômica

economista

A valorização do dólar, segundo o economista, deverá encarecer custos de matérias-primas importadas, e a volatilidade cambial que aflige a economia brasileira neste momento afetará as empresas exportadoras, e mais especialmente empresas que tenham dívidas dolarizadas. Já a queda do preço do petróleo minimizará a pressão de custos.

saber usar a sua tradição de comprador e de bom pagador. “Se essa estratégia não funcionar, o empresário não deve ter receio de mudar de fornecedor”, argumenta. Na avaliação de Cerqueira, é difícil prever se a crise chegou ao topo. “O pior já passou em termos de crise global, mas ainda as consequências virão. Certamente teremos problemas na área da construção civil, que é um dos setores que mais geram empregos”, prevê.

Quanto ao crédito, o diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, tranqüiliza as micro e pequenas empresas, citando os R$ 5,25 bilhões que o governo está liberando do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), visando atenuar os efeitos da crise global no segmento. Para ele, a medida é importante porque significa que, havendo bons projetos ou necessidade de capital de giro, não faltarão recursos.

Marcos Rambalducci,

Por Mirian Gasparin

A crise no sistema financeiro internacional, deflagrada nos Estados Unidos, no final do ano passado, deixou as empresas do mundo inteiro em estado de alerta. Alguns reflexos já foram sentidos, logo após o primeiro solavanco. Outros são esperados para 2009 e 2010, na avaliação de especialistas. Independentemente, se a crise chegará ou não a afetar os pequenos negócios, puxadores de empregos e renda hoje no Paraná e no Brasil, os empresários de micro e pequenas empresas precisam estar atentos. “Essa não é a primeira e nem será a última crise que as micro e pequenas empresas enfrentam, mas sem dúvida alguma, elas têm algumas peculiaridades de adaptação, o que as permite que reajam de forma mais rápida a períodos de instabilidade.” A afirmação é do diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, garantindo que as pequenas

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empresas têm maior resistência às dificuldades do que as grandes companhias. Mesmo sendo craques em administrar crises e conflitos, os empresários de micro e pequenas empresas devem estar atentos aos negócios, para enfrentar os desafios de 2009. Nesse sentido, o diretor do Sebrae Nacional recomenda uma boa gestão, a adequação dos prazos de pagamento, melhoria de produtividade e a readequação dos planos de negócio. “Não é hora de fazer coisas diferentes. Os empresários de micro e pequenas empresas terão que atuar de forma mais intensa na questão financeira. As empresas vinculadas à cadeia produtiva poderão ter dificuldades em função dos problemas das empresas-âncora”, alerta Carlos Alberto. De acordo com o especialista em crédito e diretor da Credit Solutions, Luiz Afonso Cerqueira, os empresários de micro e pequenas empresas,

nesse momento, devem, em primeiro lugar, enxergar as necessidades de seus clientes. Em vez de insistir em vender determinados produtos ou serviços, que os empresários julgam ser bons, devem ver o que seus clientes acham necessário. Outra preocupação que os empresários devem ter, a partir de agora, é com o fluxo de caixa. Segundo Cerqueira, o grande esforço dos empresários deve ser no sentido de vender bem, não com preços altos, mas com a certeza de que vai receber. “Em vez de trabalhar com cheques pré-datados, o melhor é vender com cartão de débito ou crédito. Isso pode reduzir a margem de lucro, mas dá a garantia do recebimento”, destaca o analista. Outra dica é não manter estoques elevados, comprando apenas o necessário e negociando ao máximo com os fornecedores. Para o diretor da Credit Solutions, os empresários, nessa hora, devem

Para o especialista em Economia Empresarial, de uma forma ou de outra, todos os setores de nossa economia estarão sujeitos ao impacto provocado pela escassez de crédito, falta de liquidez e, por consequência, menor força no crescimento econômico mundial.

Para o economista e especialista em Economia Empresarial, Marcos Rambalducci, situações como essa, pela qual o mundo passa, levam à falta de disponibilidade de capital para investimento e tendem a retrair o consumo em um processo que gera um agravamento da crise. Entretanto, ele lembra que é nesses momentos que os empreendedores vêem surgir as oportunidades que em outras situações jamais seriam possíveis. Embora lembre que o empreendedor é aquele que sabe explorar ao máximo uma oportunidade, não é, no entanto, um jogador de cassino. “É um sujeito que sabe exatamente onde está colocando seus pés, planeja cada passo de seu negócio e percebe onde estão os riscos e ameaças inerentes àquela opção de investimento. Por isso, é de suma importância analisar o cenário brasileiro e mundial de maneira a valorizar seus pontos fortes e minimizar seus pontos fracos a partir das ameaças

O Sebrae recomenda uma boa gestão, a adequação dos prazos de pagamento, melhoria de produtividade e readequação dos planos de negócio Também o diretor de Micro e Pequena Empresa do Banco do Brasil, José Carlos Soares, tem garantido que não faltarão recursos para aqueles que querem continuar produzindo. A instituição é a principal operadora do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). De janeiro a outubro de 2008, as operações de crédito feitas pelo Banco do Brasil com micro e pequenas empresas, garantidas pelo Fampe, atingiram R$ 1,2 bilhão e há ainda grande espaço para crescimento. Ou seja, havendo recursos disponíveis e empresários dispostos a obterem financiamento comprovando capacidade de pagamento, as operações continuarão fluindo.

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Carlos Alberto dos Santos, diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional

Foto: Nilton Rolin

Pé direito

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Os setores da economia estarão sujeitos ao impacto provocado pela escassez de crédito, falta de liquidez e, por consequência, menor força no crescimento econômico mundial

SETOR AGRONEGÓCIO

Claudio Motta,

Claudio Motta, diretor da Dona Dita, indústria de confecções em Rolândia, norte do Paraná, acompanha de perto os acontecimentos econômicos e, antes que a crise batesse à sua porta, traçou alguns caminhos, visando se proteger e manter o faturamento da sua empresa.

do prazos de carências para pagamento dos clientes. “Nós decidimos também conceder alguns benefícios aos nossos clientes, como vestir os funcionários de lojas clientes com a nossa marca, sem qualquer custo para o lojista, estamos participando de promoções de Natal junto com os lojistas e quando fechamos um pedido em escala de valor elevado reduzimos o preço das mercadorias”, informa.

Desde novembro do ano passado, está fazendo vendas programadas com preços inalterados e conceden-

Segundo o diretor da Dona Dita, que fabrica há quatro anos moda casual e fitness (que é o seu carro-chefe),

quando a crise começou a dar sinais que estava chegando, em outubro, a opção foi fazer parcerias com academias e produzir roupas com a marca dos clientes. Outra medida adotada foi prestar serviços para outras empresas de confecções.

Segundo o diretor da Ambiental Iguassu Travel, de Foz do Iguaçu, Astir Brietzke, com a moeda norteamericana em alta, os turistas brasileiros deixarão de viajar para o exterior, aquecendo o mercado nacional. Além do que, com o real valendo

Situação de ameaça

Apesar do desaquecimento da China e demais países asiáticos, os preços internacionais se manterão da média histórica, mesmo que menores que os praticados em ago/2008.

Grau de endividamento do setor pode coprometer rentabilidade devido à elevação nos custos de produção e queda nos preços de vendas.

A queda no preço do barril de petróleo torna a gasolina e o diesel mais baratos podendo diminuir a demanda por álcool e etanol.

Com isso, os negócios cresceram e a empresa encerrou 2008 com um aumento de 40% no faturamento em relação a 2007. Hoje sua produção é de 3.500 peças/mês e para 2009 está em busca de representantes em Santa Catarina. S

No mercado interno aumento da renda das classes D e E.

VESTUÁRIO

menos e o dólar mais, o estrangeiro também deverá buscar o Brasil como opção de turismo. O empresário paranaense prevê um crescimento de 20% para este ano no turismo interno. Para atrair os turistas, a Ambiental Iguassu Travel está lançando um novo produto: o cartão Iguassu Travel Card. O turista que fizer uso do cartão turístico terá descontos nos vários pontos turísticos de Foz do Iguaçu.

Observar que a compra dos insumos foi realizada com o dólar em uma cotação muito alta, o que não deverá se manter no momento da comercialização.

Aumento no custo de produção em função da alta dos insumos importados via depreciação cambial.

Cuidado com o amadorismo visto que grande parte das empresas deste setor são de pequeno porte e tem gestão familiar.

Concorrência dos produtos chineses que buscarão novos mercados para colocar sua produção, antes demandada pelos Estados Unidos.

Aumenta a demanda nacional por pacotes para destinos domésticos.

Olho no aumento do nível de violência que pode afugentar turistas.

Depreciação cambial encarece pacotes de viagem ao exterior.

Aumenta a demanda internacional por pacotes com destino ao Brasil.

Acirramento da concorrência pode acarretar queda na rentabilidade.

Diminuição dos prazos no financiamento deverá retrair a demanda por pacotes ao exterior.

Aumento da renda e do emprego manterá a demanda aquecida principalmente para as faixas de menor renda. Valorização do real tira competitividade dos concorrentes externos e aumenta a competitividade do produto nacional.

Crise dá vida nova ao setor de turismo A crise financeira, que acabou fazendo com que as cotações do dólar disparassem, deu um novo ânimo para o turismo interno.

Situação de atenção

Desvalorização cambial ajudará na competitividade internacional.

empresário

Caminhos traçados antes da crise

Situação de oportunidade

TURISMO

Menor poder de compra para entretenimento, lazer e turismo. Fonte: entrevistas com especialistas ouvidos pela reportagem

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“O marketing estratégico é a força motriz de uma empresa. Qualquer tipo de negócio tem que passar por conceitos. Os empresários de pequenas empresas precisam se perguntar por que estão no mundo dos negócios e definir e conhecer o público-alvo que pretendem trabalhar.” Na avaliação de Kotler, os clientes mudam a cada instante e os empresários precisam buscar sempre as oportunidades, precisam pensar no que os consumidores querem.

Marketing: a força motriz das empresas

Para conhecer os clientes, não são necessários grandes investimentos. Novas técnicas de pesquisa de mercado têm ajudado nesse processo de conhecimento dos consumidores. Kotler cita algumas opções: estudos etnográficos, baseado na cultura e aspectos sociais; observação de clientes nas lojas; pesquisas quantitativas de consciência, atitude e comportamento; e focus groups (grupos de consumidores, em inglês), como forma de descobrir tendências.

Empresários de micro e pequenas empresas precisam se perguntar por que estão no mundo dos negócios, diz especialista Por Leandro Donatti

Para os empresários que dizem que fazer marketing custa caro, o especialista sugere o associativismo e por que não o apoio de universitários. “Formem grupos de pesquisa e observem os hábitos das pessoas.”

Suas teorias e ensinamentos já provocaram (e ainda provocam) uma “revolução”, quando o assunto é marketing. Philip Kotler, um dos homens mais influentes no mundo dos negócios, dispensa apresentação. Teórico e prático, Kotler é considerado uma autoridade no assunto. No final do ano passado, ele esteve em Curitiba, para falar para estudantes, profissionais de marketing e empresários. Na rápida passagem pela Capital, Kotler deu uma “aula” sobre marketing, com conselhos e sugestões válidos para os empresários de micro e pequenas empresas.

Foto: Fernando Dias

O marketing é um processo bastante simples, seja para um executivo de uma grande companhia seja para um empresário de uma pequena empresa, no entendimento de Kotler. O empresário, primeiro de tudo, precisa conhecer seu mercado-alvo. Há tantos tipos de mídia disponíveis, que a coisa fica mais fácil, na sua avaliação. Além das mídias tradicionais, como folhetos, cartazes, jornais, telefone, rádio, mala direta e catálogos, por exemplo, há ainda mídias digitais disponíveis, dentre as quais os e-mails, os banners, blogs, sites de relacionamento, podcasts. “Comecem a examinar um novo mix de mídias, associando-os às mídias tradicionais.”

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“Quem faz o marketing para a empresa são as pessoas que gostam dos seus produtos e serviços. É o boca a boca, o burburinho. É o cliente fazendo o marketing.”

Kotler sugere ainda o uso no Brasil de uma figura bastante comum nos Estados Unidos, o chamado buzzer (quem cochicha, em inglês). Ele explica que existem empresas que distribuem gratuitamente produtos e serviços para algumas pessoas selecionadas, para que gerem comentários positivos. “Criar o burburinho é uma técnica profissional, que ainda não chegou no Brasil”, assinala. “O marketing está se tornando mais científico, apesar de ainda baseado na criatividade.” Outro ensinamento de Kotler: o marketing precisa fazer parte da alta administração de uma empresa, ou seja, o dono do negócio precisa compreender a sua importância. O profissional de marketing precisa ser um integrantechave na empresa, porque o marketing busca oportunidades, faz as empresas conhecerem os clientes. “O mercado é muito grande e os empresários não têm como abraçá-lo. Os empresários precisam definir quem são os seus clientes. Existem empresas que jogam dinheiro fora, no alvo errado. Não basta atingir o alvo, mas tem que acertar o centro do alvo”, assinala.

Novos tempos Kotler diz ainda que a prática do marketing virou uma exigência, por conta da globalização. Segundo ele, “a idéia de

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

“Os empresários precisam definir quem são seus clientes. Existem empresas que jogam dinheiro fora, no alvo errado. Não basta atingir o alvo, mas tem que acertar o centro do alvo.”

Foto: Fernando Dias

Philip Kotler

Segundo Kotler, os empresários não precisam, por exemplo, da tevê para divulgar sua marca ou seus produtos. Os anúncios, tanto em revista quanto na tevê, cada vez mais, têm menos influência na hora de se definir uma compra. Portanto, o sucesso do produto está numa boa aceitação do público e em seu preço justo. “Você tem que se perguntar como as pessoas querem o seu produto daqui a 5 anos. E ser criativo. A criatividade vai fazer a diferença.”

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Para Kotler, os empresários precisam acompanhar a evolução, inclusive aspectos como o que denominou de “empoderamento do cliente”. “Antigamente, quando queríamos comprar um Volvo, as informações eram muito limitadas. Hoje, você vai na internet, no Google, num Orkut ou manda um MSN para 10 mil amigos. É possível até dar uma nota para esse carro. De repente, o cliente passou a ter a oportunidade de uma compra inteligente.” O mestre do marketing faz, no entanto, um alerta. Os consumidores não são somente influenciados pela publicidade, na sua avaliação. “Atualmente, a marca está sendo discutida por e-mails, familiares e amigos e é

isso que vai influenciar. A publicidade influencia cada vez menos o poder de compra”, observa. Críticas à marca? Kotler não vê problema nenhum. “É uma forma de melhorarmos nossos serviços.” O especialista aconselha os empresários a enxergarem o lado positivo das críticas e usá-las a seu favor, como um dado importante para a melhoria da sua marca e de seus produtos. “Só elogios? Todo mundo gosta? Também é uma dávida, mas precisamos saber explorar isso”, completa Kotler.

Novas técnicas de pesquisa de mercado ajudam a conhecer melhor os clientes, diz especialista Para conhecer melhor a marca, Kotler diz aos empresários que contratem alguém para cuidá-la, mas alguém que também preste atenção

5 dicas úteis de marketing, por Philip Kotler 1. Pense em suplementar as mídias tradicionais com outras mais novas, como sites, e-mail, blogs, podcasts, webcasts, celulares, sites de relacionamento em buzz marketing; 2. Use o poder das novas técnicas de pesquisa de mercado para entender melhor seu mercado e seus clientes; 3. As tecnologias de marketing – por exemplo, modelos de marketing, automação das vendas e automação do marketing – podem aumentar a produtividade do marketing;

no que está acontecendo fora da empresa. Ele cita uma pesquisa recente, realizada nos Estados Unidos, que elegeu as 25 companhias mais queridas do povo americano. “Curiosamente, essas 25 empresas são as que menos gastam com marketing. Quem faz o marketing para a empresa são as pessoas que gostam dos seus produtos e serviços. É o boca a boca. É o cliente fazendo o marketing. Esse é um tipo de pesquisa que poderia ser feita no Brasil.” Mais que uma “aula” de marketing, os ensinamentos de Kotler servem como reflexão. Você, empreendedor que tem um pequeno negócio no Paraná, já questionou, por exemplo, quem é seu cliente, qual é o seu mercado, o que seus clientes pensam de sua empresa e qual é o grau de satisfação deles com sua marca e produtos? Se não se perguntou, ainda há tempo. O mestre do marketing no mundo dá as dicas. S

Objetivo, processo e filosofia do Marketing Objetivo:

criar, comunicar e entregar valor para um mercado-alvo com lucro

Processo:

4. Organize o marketing de maneira mais holística (como sistema) e estabeleça relações melhores com vendas e com o desenvolvimento de novos produtos;

pesquisa, segmentação, posicionamento, mix de marketing, implementação e controle

5. Explique ao cliente o diferencial da sua marca/ produto/serviço, os seus benefícios e as diferenças em relação aos concorrentes, para que ele possa distinguir a diferença entre o valor e o preço.

o cliente é rei

Filosofia:

Quem é Philip Kotler é autor das mais importantes obras já editadas em marketing, traduzidas para mais de 20 idiomas e que ultrapassam a marca de 5 milhões de cópias vendidas em 58 países. Eleito em 2005 como o quarto maior guru de negócios pelo Financial Times, em 2008, o Wall Street Journal o listou como a sexta pessoa mais influente no mundo dos negócios. Kotler é professor na Kellog School of Management, da Northwestern University, eleita como a melhor escola especializada no tema. Esteve no Paraná, em novembro, como um dos conferencistas do Fórum de Marketing Curitiba 2008, realização da Universidade Positivo. Kotler falou para uma platéia de mais de 3 mil pessoas sobre “As novas tendências do marketing”.

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Made in Paraná

Inovar é a chave para sobreviver e competir

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Quatro projetos de inovação e difusão tecnológica são desenvolvidos no Paraná, graças a um convênio firmado entre Sebrae/Finep Por Maigue Gueths

Em 2005, o empresário Luis Fernando Matiuzzi Lemos, da Saneabas Plásticos, fabricante de abas de bonés de Apucarana, no norte do Paraná, se viu diante de um desafio: ou produzia uma aba de boné “sem memória”, capaz de se manter na forma moldada pela pessoa, ou perderia seu lugar como fornecedor para os quase 200 fabricantes de bonés existentes na cidade, para empresas de outros países, como Estados Unidos e Japão, que já faziam as abas curvadas, grande exigência do mercado. Três anos depois, Matiuzzi respira aliviado. Sua empresa produz 3 toneladas de abas por dia, 80% sem memória. Além de conseguir manter-se no mercado, a inovação veio agregar valor ao produto, que hoje vale pelo menos 10% a mais do que os modelos antigos. “Acabo de chegar da China, onde fui visitar uma feira, e não vi nenhuma novidade sobre o que estamos fazendo. Conseguimos desenvolver um produto com padrão praticamente igual ao do importado”, constata. O pontapé para essa reviravolta foi um convênio entre o Sebrae e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão vinculado ao Ministério de Ciências e Tecnologia. Ao todo, a parceria liberou R$ 1,4 milhão para quatro projetos de inovação e difusão tecnológica de interesse de micro e pequenas empresas.

Foto: Portal do Boné

acessar produtos e serviços a qualquer momento é a essência da globalização”. A regionalização, na sua avaliação, também é uma opção interessante. O Brasil, para Kotler, pode estar conectado com países vizinhos, por meio de arranjos regionais.

Luis Fernando Lemos, empresário

No caso das abas de bonés, o projeto foi executado pelo Centro de Educação Tecnológica Tupy - Sosiesc Educação e Tecnologia, com a participação de três fabricantes de abas: a Saneabas, Alineplast e Pandaplast. Segundo Gilberto Paulo Zluhan, técnico da Sosiesc e coordenador do projeto, as abas desenvolvidas têm um diferencial importante em relação às importadas. Elas utilizam matéria-prima reciclada, que é mais barata do que a matéria-prima virgem usada por outros países. O resultado é um produto mais competitivo e empresas mais comprometidas com o meio ambiente.

Produzir abas de bonés “sem memória” foi um desafio vencido por empresários de Apucarana

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Projeto ajuda empresários no desenvolvimento de sonda que detecta acidentes tecnológicos

Os donos da Pipeway Engenharia Ltda., empresa especializada em inspeções sediada no Rio de Janeiro, também comemoram os resultados do convênio Sebrae/Finep. A parceria propiciou o desenvolvimento do PIG Inercial, uma sonda com sistema eletrônico para medir a trajetória de dutos para gases e derivados de petróleo, capaz de detectar problemas técnicos nas vias, causa principal de acidentes tecnológicos. Até então, sem o PIG Inercial, a empresa tinha que subcontratar empresas estrangeiras que dispunham dessa tecnologia.

Para o consultor da Área de Inovação e Tecnologia da Unidade de Apoio a Projetos do Sebrae/PR, Aloísio Cerqueira, essas duas empresas são bons exemplos da importância de se apostar em inovação. “A inovação é hoje o marco da sobrevivência para as micro e pequenas empresas”, diz, ressaltando que as empresas já passaram por várias fases, na busca por maior competitividade. “Já tivemos o processo da reengenharia, de cortes de gordura, da terceirização, da qualidade, ou as empresas estariam fora do mercado. Renovar é a nova fase de sobrevivência empresarial”, enfatiza.

Cuidado ambiental As lavanderias industriais de Maringá sabem a importância de investir em novas tecnologias. Elas enfrentam um sério problema. Ao fazer a tintura ou descoloração do jeans usado pela indústria têxtil, geram grande quantidade de efluentes que têm cor, são tóxicos e que não podem ser lançados no meio ambiente. Pelo método tradicional, o tratamento dos efluentes gera um resíduo sólido, chamado de lodo, que tem que ser disposto em um aterro industrial, que não existe na região. As lavanderias são obrigadas, então, a transportar o lodo até os aterros de Curitiba ou Paulínea, em São Paulo. Para ter uma idéia do tamanho do problema, basta dizer que 70% da produção de jeans do País estão concentradas no Paraná, em especial no norte do Estado. Foi assim que a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e o Instituto para o Desenvolvimento Regional (IDR) apresentaram um projeto de tratamento dos efluentes pelo processo de fotooxidação catalítica. “O projeto partiu da necessidade da indústria dar um

fim a este resíduo”, conta Célia Regina Grahen Tavares, professora da UEM e coordenadora do projeto. Ela explica que o processo é feito com uso de luz ultra-violeta e um catalisador para acelerar a reação. A lavanderia Scalon foi escolhida para implantação do projeto-piloto. Ela lava 20 mil peças por mês e gera cerca de 8 toneladas de resíduo por ano. Os testes já mostraram que o processo tem vantagens. Tanto a água quanto o catalisador são reutilizados, causando menor custo e menor impacto ao ambiente. Depois de reduzir a quantidade de resíduo, eles estudam, agora, formas de aproveitamento do lodo gerado. Segundo o empresário Agostinho Scalon, uma das alternativas é usar o lodo combinado à argila na fabricação de tijolos e lajotas. A outra é usá-lo como adubo. “Essa solução seria muito interessante porque nós consumimos lenha para as caldeiras, e o lodo poderia ser usado em áreas de reflorestamento”, diz.

Célia Regina Grahen Tavares,

professora da UEM

Fotos: Cristiane Shinde/Studio Alfa

“O equipamento construído no Brasil não só atinge a eficiência dos equipamentos estrangeiros como também supera em precisão e autonomia”, diz a empresária Maria Cristina López Areiza. De acordo com ela, o fato de ter um PIG Inercial coloca a Pipeway em situação de igualdade com outras empresas concorrentes, todas em nível internacional. “A empresa ficou 100% autônoma nos serviços de inspeção. Hoje não dependemos de outra empresa para participar de licitações”, completa.

Segundo o professor Winderson Eugênio dos Santos, que coordenou o desenvolvimento do PIG Inercial pela Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Cefet/PR (Funcefet), outro objetivo do PIG Inercial é identificar deslizamentos de terreno, comum em encostas de morros. “Quando há um deslizamento, o duto não rompe, mas fica com a trajetória alterada, o que pode dar problemas depois”, explica.

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Cidadania empresarial

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Formalização, sinônimo de crescimento

Conheça as histórias de dois empreendedores que viraram empresários e prosperaram em seus negócios Por Mari Tortato

A inovação, exigência de mercado, é fundamental para o fortalecimento das pequenas empresas

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No meio rural, a parceria Sebrae/Finep escolheu um projeto para desenvolvimento de um chip para rastreamento do rebanho bovino. O projeto do chip foi feito pelo Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em parceria com três empresas de Curitiba: Sistronic Sistemas Eletrônicos, Shira Investimentos, Empreendimentos e Participações e Microsistemas Sistemas Eletrônicos, além de outras pequenas empresas. Atualmente, o rastreamento já pode ser feito, mas só com chips importados. “A inovação é ter uma tecnologia brasileira. A idéia é reduzir custos e ter uma tecnologia nacional, sem depender do produto estrangeiro”, diz Álvaro Henrique Costa, técnico do Lactec e coordenador do projeto. A identificação e rastreamento são feitos por rádio-freqüência. O chip, por sua vez, é instalado em um brinco de plástico que é colocado na orelha do boi.

O projeto do chip foi desenvolvido. O Darci Pianacom o emdesafio, agora, de acordo presidente dodaConselho presário Mário Shirakawa, Shira Indo Sebrae/PR vestimentos,Deliberativo é encontrar uma empreSistema Fecomércio sa fabricanteede chips que se disponha a fabricar o chip-boi e outra empresa que monte os brincos. Para isso, ele está contatando empresas nacionais e de outros países. Ele acredita que o preço final ficará menor do que o chip importado. A expectativa é que o preço do chip fique em menos de U$ 1. O chip, por sua vez, corresponde a cerca de 25% do valor total do brinco. O mercado é promissor. O Brasil tem o maior rebanho do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças, incluindo bovinos e bubalinos. E os criadores de gado têm que se adequar às exigências do mercado externo, que condicionam a compra da carne importada à garantia de qualidade e procedência do produto, informações estas garantidas pelo chip. S

A formalização foi o caminho para a prosperidade. O estabelecimento que começou pequeno, há apenas três verões, hoje é um restaurante de 1.500 metros quadrados na Avenida Atlântica, com capacidade para servir até 400 pessoas. O sucesso do Canoa Quebrada ainda deu fôlego a Garvin para expandir o negócio. Ele arrendou o espaço de uma antiga danceteria da orla e fez dele um restaurante de eventos, o Mirante, que tem o mar de Caiobá como cenário.

Valmir Dias Garvin, empresário

Fotos: Luiz Costa/Agência La Imagen

Difícil imaginar que apenas quatro temporadas atrás o dono do restaurante Canoa Quebrada, da orla de Caiobá, no litoral do Paraná, disputava veranistas na areia como vendedor ambulante de coco. A palestra de um consultor do Sebrae/PR, sobre perspectivas de negócios no litoral, fez Valmir Dias Garvin, 35 anos, deixar de lado a areia e um pequeno quiosque de 5 metros quadrados na praia, montar uma empresa e encarar o negócio de restaurantes.

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O informal não tem como crescer vendendo para empresas estabelecidas, por falta de documentação que comprove as transações comerciais

De padeiro artesanal a industrial de pão No interior do Paraná, outro exemplo de empresário que deixou o mercado informal para trás, com o objetivo de fazer seu negócio crescer é o Leandro Santi, 34 anos. Ele monta uma pequena indústria de panificação em Maringá. Foi de Santi a iniciativa de procurar o Sebrae/PR, em busca de assessoramento para formalizar sua empresa. Chegou há quatro meses com plano de conseguir empréstimo em banco para equipar sua indústria. Já sabia que só negócio registrado dá acesso a crédito bancário. “Fui assistir a uma palestra de um rapaz do Sebrae/PR chamado Pedro Cesar (Rychuv Santos) e no meio da conversa ele contou que foi comer na Avenida Atlântica e não encontrou um lugar. Disse que havia espaço na orla não para um, mas para uns dez restaurantes. Peguei esse gancho e pensei: vou dar uma virada radical na minha vida”, lembra Garvin o que o motivou a começar. Assessorado de perto pelo Sebrae/PR, o dono do Canoa Quebrada conseguiu fazer seu restaurante ``bombar´´ no verão, quando contrata até 60 funcionários temporários, com carteira assinada. No resto do ano, o estabelecimento permanece aberto, tocado pelo casal de proprietários, uma chefe de cozinha e mais três funcionários. Atitudes como a de Garvin dão vida própria ao litoral do Paraná também fora das temporadas de praia.

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”Antes os concorrentes não abriam porque ninguém abria e o turista não vinha porque não tinha nada aberto. A gente resolveu apostar no contrário.” Ainda que em número reduzido, a freguesia que chega fora da temporada é conquistada com divulgação do estabelecimento em eventos de turismo Brasil afora, e pelas atrações do cardápio. O serviço é à la carte. Entre os pratos de frutos do mar e peixes nobres, o mais famoso é o caranguejo gigante, importado do Alasca, Estados Unidos. O crustáceo chega já preparado, mas o tempero é incrementado na casa. “Um caranguejo desses serve bem até seis pessoas”, garante Garvin. O prato custa R$ 200,00. Desde que se iniciou no negócio, o empresário reinvestiu cerca de R$ 150 mil em reformas e melho-

rias nos estabelecimentos. A vida antes não era nada fácil: por seis anos, a família sobrevivia o ano inteiro com o que acumulava no verão, com a venda ambulante na praia e com bicos de pedreiro que Garvin arranjava. Natural de Foz do Iguaçu e há nove anos morando em Matinhos, o hoje empresário de pequena empresa banca uma vida de qualidade à família, paga aluguel dos imóveis, impostos e funcionários, com o que fatura nos restaurantes. “Antes eu estava na praia muito acomodado. Pegava as mercadorias em consignação e não tinha compromisso com impostos, funcionários, com nada. Trabalhava só na temporada e passava o inverno apertado. O Sebrae/PR ajudou a mudar meu horizonte, virei empreendedor da noite para o dia.”

No Sebrae/PR, o empresário passou pelo Próprio, programa de abertura de empresa, fez análise de viabilidade do seu negócio e se inscreveu pela Central Fácil, outro programa facilitador de abertura de empresas. Cumpridas as etapas no Sebrae/PR, o empresário agora aguarda sinal verde do banco para receber os R$ 80 mil que pleiteou. Quando a indústria instalada no bairro Laranjeiras estiver em plena

produção, a meta é fornecer 500 pães caseiros ao dia a casas de comércio estabelecidas de Maringá. O começo da produção industrial representará o fim da fase artesanal de fazer pães a que Santi se dedicava há três anos. O produto da venda era oferecido de porta em porta. “Não tenho como entrar no mercado de atacado sem estar formalmente legalizado, com tudo certinho. E minha meta é crescer, não mais a venda de porta”, diz Santi. Antes de se especializar na fabricação de pães, o empresário era vendedor em Mato Grosso do Sul. A perspectiva de passar a pagar impostos e registrar funcionários em carteira não desestimula Santi. “Muitos (na informalidade) não acreditam, mas a gente aprende a trabalhar com imposto. Mesmo que a carga seja grande, ele é benéfico.” Hoje trabalhando em parceria com a mulher e a sogra, o empresário estima contratar dois funcionários para completar o quadro. S

O Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa - 2008, elaborado pelo Sebrae/Dieese, aponta que existem cerca de 10,3 milhões de empreendedores informais em funcionamento no País. No Paraná, são cerca de 600 mil empresas. Um manual do Sebrae elaborado a partir de estudos de campo alerta que: 1. A informalidade desorganiza a atividade econômica local: estabelece concorrência desleal com empresas que pagam tributos e geram empregos com carteira assinada e leva o município a perder arrecadação; 2. A informalidade significa negócios com baixo potencial de crescimento, baixa arrecadação e estímulo à sonegação e empregos informais sem direitos sociais.

Riscos e danos da informalidade A ação de um empregado na Justiça do Trabalho tem muita possibilidade de quebrar uma empresa informal, por falta de cumprimento dos direitos trabalhistas, segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná Sandro Silva. Ainda segundo ele, a informalidade é uma situação de risco para quem não tem como justificar para o Fisco o movimento da conta bancária de uma atividade lucrativa, mesmo que não criminosa. Um terceiro ponto negativo apontado por Silva é que a pequena informal não tem como crescer vendendo para empresas estabelecidas, por falta de documentação que comprove as transações comerciais.

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Cascavel, Umuarama, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Santo Antonio da Platina e Paranavaí. “O movimento em serviços oferecidos pela Junta Comercial, como certidões, cópias de contrato, livros

mercantis, também cresceu em 23%, se comparado com o mesmo período em 2007. “A vida das pequenas e microempresas também tem aumentado. Em 2008, de janeiro a novembro, foram extintas

17.279 empresas. Para quatro novas empresas, apenas uma fecha no Paraná. Os novos empresários estão, obviamente, mais preparados e atualizados com o novo contexto econômico”, avalia Maito Filho. S

NOVAS EMPRESAS – Janeiro a Novembro de 2008

Paraná registra recorde na abertura de novas empresas, em 2008 Por Leandro Donatti

O Paraná fechou 2008 com um recorde na abertura de novas micro e pequenas empresas. Até o fechamento desta edição, a Junta Comercial do Paraná já havia totalizado, entre janeiro e novembro, cerca de 50 mil novas empresas no Estado, 96% micro e pequenas. “É o maior número de novas empresas criadas em um só ano, na história da Junta Comercial do Paraná, e que mantém o Estado dentro os três maiores do País, ficando apenas atrás de São Paulo e Minas Gerais, estados com populações bem maiores que o Paraná”, diz Julio Maito Filho, presidente da Junta Comercial do Paraná. Dentre as causas para explicar esse recorde, Maito Filho cita a Lei Geral da Micro e Pequena

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Empresa, em vigor desde o final de 2006; os incentivos do governo do Paraná que isentou mais de 170 mil empresas do pagamento de ICMS e concedeu alíquotas mínimas a outros; e a pulverização e descentralização da economia paranaense. “Dessas quase 50 mil novas empresas criadas até 30 de novembro, 62% estão estabelecidas no interior do Estado. Os outros 38% em Curitiba e Região Metropolitana, onde existem a Central Fácil (do Sebrae, em Curitiba) e agências da Junta Comercial no bairro Portão e em municípios como Colombo, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande, Araucária e Campo Largo. “No interior, possuímos agências em 33 municípios”, contabiliza Maito Filho.

Do total de novas empresas, registradas pela Junta Comercial, 23% estão na região norte, com destaque para Londrina e Maringá, de acordo com a divisão geográfica levada em conta pela Junta Comercial; 14% estão na região centro-sul, com destaque para Ponta Grossa; 10% na região oeste (10%), com destaque para Cascavel e Foz do Iguaçu; e 7% para a região noroeste (7%), com destaque para Umuarama. As cidades que mais registraram novas aberturas, levando-se em conta que as agências que formalizam os processos também somam as cidades periféricas que exercem a função de cidades-pólo, são: Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa,

1º Curitiba 2º Londrina 3º Maringá 4º Ponta Grossa 5º Central Fácil (do Sebrae, em Curitiba) 6º Cascavel 7º Agência Portão Curitiba 8º Umuarama 9º Foz do Iguaçu 10º Francisco Beltrão 11º Sto. Antonio da Platina 12º Apucarana 13º Pato Branco 14º Paranava 15º Guarapuava 16º Paranaguá 17º Arapongas 18º São José dos Pinhais 19º Campo Mourão 20º Cianorte 21º Toledo 22º Cornélio Procópio 23º Mal. Cândido Rondon 24º Goioerê 25º Araucária 26º Ivaiporã 27º Medianeira 28º União da Vitória 29º Campo Largo 30º Irati 31º Dois Vizinhos 32º Laranjeiras do Sul 33º Rolândia 34º Fazenda Rio Grande 35º Assis Chateaubriand 36º Colorado 37º Colombo 38º Prudentópolis 39º Cononel Vivida 40º Rio Negro 41º Palmas Total

2007

2008

10.106 3.804 3.024 2.572 1.932 1.693 1.337 1.044 1.238 1.137 1.028 751 892 790 912 777 674 512 681 476 549 0 388 389 370 354 0 355 0 0 0 0 0 0 187 0 0 0 0 0 0 37.972

10.249 3.690 3.081 2.815 2.013 1.990 1.321 1.249 886 996 1.051 835 727 926 829 773 682 635 725 565 526 482 365 430 411 377 327 365 262 285 250 245 240 229 201 199 182 152 106 116 130 41.918

2007/2008

comparativo com mesmo período de 2007 (*)

(*) Neste quadro, que registra 41.918 novas empresas, de janeiro a novembro, não está incluída a criação de filiais em todo Estado que, em 2008, foram mais de 7 mil. Somadas, totalizam no período quase 50 mil novas empresas.

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Software como serviço

Tecnologia ao alcance das pequenas empresas Software como serviço é uma forma econômica e rápida de empresas acessarem sistemas sofisticados Por Andréa Bordinhão

Alto custo com licenças e implantação, taxas e profissionais especializados para manutenção. O uso de softwares que ajudam na gestão do negócio e na melhoria da prestação de serviços ainda é uma realidade distante da maioria das micro e pequenas empresas, por causa da barreira financeira. E, justamente de olho nas empresas que buscam redução de custos ou que têm o orçamento apertado, companhias de Tecnologia da Informação (TI) estão difundindo a oferta de Software como Serviço (SaaS, sigla em inglês para Software as a Service). Com esse modelo de fornecimento de software, o empresário usa um sistema e paga apenas uma espécie de “aluguel” por isso. Por meio da internet, o usuário pode acessar todo o sistema como se os programas estivessem instalados no seu computador, dispensando o pagamento de licenças e de implantação de infra-estrutura dentro sua empresa. E não é preciso funcionários para manutenção. “O custo de investimento inicial com compra de software passa para custos contínuos onde o pagamento é sobre demanda. E não gera patrimônio imobilizado”, resume o coordenador do setor de TI do Sebrae/PR, Ricardo Pereira. O SaaS não demanda profissionais especializados dentro da empresa porque os fornecedores são os responsáveis pela manutenção e atualizações e capacitam o próprio staff da companhia para usar os programas.

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Os componentes da mensalidade do SaaS normalmente são o fornecimento do sistema, o custo da hospedagem e segurança dos dados e a conectividade. Com o custo diluído em mensalidades, esse valor pode ser encaixado no orçamento sem maiores dores. O preço também sai mais em conta porque, dessa forma, o fornecedor consegue atender várias empresas com um mesmo sistema. A vantagem financeira não se aplica somente à pequena empresa. No caso das grandes corporações, o custo de licenças, que teriam que pagar para que um grande número de funcionários utilize o software, é alto. O SaaS também economiza tempo. Além do alto custo, implantar sistemas dentro da empresa é demorado. “Um software de gestão, por exemplo, pode custar R$ 300 mil para ser implantado e levar até 12 meses para entrar no ar. Por isso, as empresas de softwares perceberam que o SaaS é uma alternativa para captar clientes menores, que não demandam tanta personalização e que podem pagar mensalidades muito mais baratas que o custo de implantação. E o sistema pode estar disponível em 15 dias”, exemplifica o diretor da MobiOn, empresa fornecedora de sistemas em SaaS, José Manuel Catarino Barbosa. O Software as a Service permite, portanto, que empresas menores usem sistemas de “grife”, por um custo mais baixo e apenas durante o tempo que quiserem.

Cuidados O negócio do SaaS é composto por quatro pilares básicos: o fabricante de equipamentos, o data center, que vende espaço para armazenamento dos dados, as empresas que disponibilizam o link de acesso ao sistema (internet) e os fabricantes de softwares, que vendem o produto final. O sistema de venda é parecido com o tradicional, já que quem puxa a cadeia é o vende-

dor de software. No caso do SaaS, a diferença que um serviço é vendido, em vez de um produto.

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Mas, como é um serviço que está há pouco tempo no mercado, o empresário precisa se certificar das credenciais do fornecedor, já que ainda há muitas tecnologias incompletas sendo oferecidas no mercado. Além disso, os fornecedores têm que dar garantias em relação ao data center. Afinal, eles têm que ter grande capacidade de armazenamento e o serviço não pode ficar indisponível. “Nem todas as arquiteturas de softwares estão preparadas para suportar muitas empresas usando um mesmo sistema. E esse é um elemento que faz o SaaS andar lentamente. A maioria dos sistemas não está adaptada para isso”, afirmou Barbosa.

Utilizações O SaaS pode ser usado pela própria empresa assim como ser contratado para a terceirização de um serviço. Por exemplo, uma entidade pode contratar um sistema de consulta de crédito por meio de SaaS para que seus filiados usem pagando uma mensalidade. Neste caso, os lojistas entram no site da entidade, consultam os dados que querem sobre seus clientes, mas quem fornece aquela busca, na verdade, é uma empresa que vende um sistema em SaaS. Gilberto Vallio, gerente da Tecpoint, empresa que terceiriza um produto que contrata como SaaS, conta que as empresas que optam pelo serviço não têm pessoal para desenvolver softwares internamente e, por isso, o SaaS facilita a operação. “A evolução do sistema é mais precisa. E é mais barato quando não é o foco da empresa o desenvolvimento de softwares”, afirma. Vallio explica que com o SaaS, a empresa pode pegar as indicações de atualizações e apenas repassar para o fornecedor, simplificando o trabalho interno. S

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Recursos humanos

Como agarrar a mão de obra O Software as a Service não fornece apenas sistemas complexos. Programas mais simples, com serviços mais básicos, também estão no rol de oferta do SaaS. Um dos maiores exemplos é o Google. Muita gente não sabe, mas quando entra na página de buscas do Google está usando um software como serviço. O Google fornece ferramentas simples como serviço, mas que são de uso básico do dia a dia de muitas empresas, como sistema de e-mail. Outro exemplo são programas de texto e planilha fornecidos pelo Google Docs.

“É uma tendência. Às vezes as pessoas não percebem tanto, mas o SaaS já está enraizado no dia a dia. Cada vez mais as pessoas tendem a passar mais tempo navegando no browser”, afirma o engenheiro de vendas do Google Enterprise no Brasil, Francisco Gioielli. O uso de ferramentas simples em SaaS permitem não só redução de custos, mas compartilhamento mais simplificado. Usando um software de texto pela internet, por exemplo, a empresa permite que funcionários acessem o conteúdo de qualquer lugar sem custos extras com redes.

Compare Como funciona o software convencional

Quando o cliente compra o programa, está adquirindo, normalmente, uma licença perpétua. Daí tem direito a suporte e atualização. Mas se para de pagar a taxa de manutenção, não perde o direito de uso do software, só as atualizações.

Como funciona o SaaS Como é um serviço, é quase como um aluguel pago para fazer uso de uma estrutura que já vem com manutenção e atualização embutidas no preço. Quando o cliente fica inadimplente, o serviço é cortado. Ele não vai perder os dados porque o fornecedor é legalmente obrigado a devolvê-los.

Estímulo à qualificação, benefícios e transparência são estratégias que ajudam a empresa a manter funcionários Por Valmir Denardin

Comum em todos os setores da economia, a evasão de mão de obra golpeia com mais força segmentos como construção civil, vestuário e informática – grandes portas de ingresso no mercado de trabalho. As principais “vítimas” dessa situação são as micro e pequenas empresas, com forte presença nessas áreas e já acostumadas a perder funcionários para concorrentes de maior porte.

mudem o cenário descrito acima. “Já é comum também profissionais trocarem uma grande empresa por uma pequena, que ofereça boas condições de trabalho e até maiores possibilidades de satisfação pessoal”, afirma Alba Silva Anastacio Soares, gerente de Gestão de Pessoas do Sebrae/PR, com a experiência de quem atuou por quase duas décadas em grandes conglomerados brasileiros e multinacionais.

O empresário de micro e pequena empresa pode – e deve – desenvolver políticas de retenção dos profissionais que

Para atrair e conservar bons profissionais, o empregador deve se preocupar com os aspectos humano, fa-

Alba Silva A. Soares, gerente de Gestão de Pessoas do Sebrae/PR

Foto: Mauro Frasson

Dos sistemas mais complexos aos mais simples

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Histórico O conceito de SaaS começou a aparecer com mais força na década de 2000. Foi quando os fabricantes de hardware enfrentaram uma crise. Eles se deram conta que seu produto havia virado uma commodity e precisavam achar uma forma para reverter isso. A operação dos data centers, que usavam seu espaço para guardar dados de grandes clientes, estava se tornando uma commodity também. Visando mudar esse cenário, eles começaram a transformar o foco de produto para serviço.

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vice-presidente do Sinduscon/PR

O primeiro passo é assinar a carteira do trabalhador. Embora dados do Ministério do Trabalho apontem as micro e pequenas empresas como responsáveis por metade dos empregos formais gerados no Paraná nos últimos meses, a informalidade ainda é preocupante nessa área. Na construção civil, por exemplo, chega a 50% da mão de obra, segundo o próprio Sinduscon/PR, entidade que reúne 450 empresas do setor.

Gargalo Resolvida a formalização, o passo seguinte é o investimento na qualificação da mão-de-obra. “Com a crise que afetou o setor nos últimos 20 anos, empresas e poder público não deram importância a esse problema sério”, reconhece Finatti. Agora, os dois setores se unem para enfrentar o desafio. O governo federal mobilizou três ministérios – Trabalho, Desenvolvimento Social e Casa Civil – e, com o apoio do setor privado, lançou o Plano Setorial de Qualificação da Construção Civil (Planseq). A meta é investir R$ 150 milhões para qualificar 185 mil trabalhadores em 13 regiões metropolitanas – necessariamente desempregados hoje beneficiados pelo programa Bolsa Família. Com a iniciativa, o governo quer garantir a oferta de pedreiros, carpinteiros, operadores de máquinas e auxiliares especialmente para as obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Somente na Região Metropolitana de Curitiba, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) deverá formar, a partir de 2009, 7.500 profissionais. Esse número representa quase 8 vezes o volume anual de pessoas qualificadas anualmente pelo Senai no Estado. Segundo o Sinduscon, o setor, que projeta crescimento de 9% em 2008

e média de 5% nos próximos anos, está preparado para absorver toda a mão de obra gerada pelo Planseq. Na avaliação de Eduardo Marques Guerra, diretor da Puntual Engenharia, a baixa qualificação é o principal gargalo da construção civil. “O pessoal chega muito despreparado”, diz o engenheiro, que utiliza estratégias como treinamento e melhorias constantes de salário para manter os quase 50 funcionários da empresa, criada há 20 anos. “Eu e meus funcionários sempre aproveitamos os cursos oferecidos pelo Senai, o Sesi e o Sebrae”, conta o empresário, de 48 anos.

Endomarketing Outro setor preocupado em qualificar mão de obra é o da Tecnologia da Informação (TI). Essa preocupação se justifica por uma crescente demanda de pessoal que o setor não consegue suprir. Pesquisa realizada em 2007 apontou que, apenas para a área operacional, haverá 15 mil vagas de programador de sistemas não-preenchidas até 2011 na Região Metropolitana de Curitiba. Mesmo com salários atrativos – que começam na faixa de R$ 1 mil, para o trainee, e atingem os R$ 5 mil, para o programador sênior – o setor enfrenta dificuldade para atrair jovens qualificados, avalia Mauro Sorgenfrei, presidente da Assespro/PR, associação que reúne empresas de TI, internet e produção de softwares. Com o apoio do Sebrae/PR, a Prefeitura de Curitiba e empresas do segmento, a Assespro criou o programa Lapidando Talentos, cujo objetivo é formar pro-

Mauro Sorgenfrei,

presidente da Assespro/PR

gramadores. Com duração de seis meses, o programa beneficia principalmente estudantes do ensino médio de escolas públicas, que podem receber bolsas de até 80% do valor do curso.

O endomarketing pode ser utilizado com eficácia em ambientes profissionais pequenos, onde o dono do negócio lida diretamente com os empregados A FBits, fábrica de softwares, é uma das patrocinadoras do Lapidando Talentos. Rodrigo Schiavini, diretor de Negócios, aposta na iniciativa para amenizar a carência de mão de obra que a empresa enfrenta. “Procuro dois analistas há três meses”, revela. Nem a reconhecida política de valorização

Foto: Agência La Imagen

“Em primeiro lugar, o empresário precisa garantir as condições mínimas asseguradas pela convenção coletiva da categoria, como carteira assinada, vale-transporte e vale-compras”, defende Euclesio Finatti, vice-presidente do Sinduscon/PR para a área de Política de Relações do Trabalho. Obrigação legal do empregador, o registro

na carteira profissional garante ao trabalhador o acesso a benefícios como aposentadoria, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), férias e 13º salário.

Foto: Post Comunicação

Foto: Sinduscon

Euclesio Finatti,

miliar, profissional e até intelectual de seus funcionários. Na prática, esses conceitos podem ser traduzidos em políticas de formalização, qualificação e benefícios que trarão ao trabalhador uma sensação de bemestar, satisfação e crescimento, com reflexos positivos em sua produtividade, criatividade e realização.

Para manter bons profissionais, o empregador deve valorizar aspectos humano, familiar e profissional dos funcionários

Eduardo Marques Guerra, diretor da Puntual Engenharia

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Na avaliação da gerente de Gestão de Pessoas do Sebrae/PR, é exatamente esse conceito de transparência que tem atraído muitos profissionais para as micro e pequenas empresas. Segundo Alba Soares, o princípio do endomarketing – ações de marketing voltadas ao público interno –, muito comum em grandes corporações, pode ser utilizado com ainda maior eficácia em ambientes profissionais pequenos, onde o próprio dono do negócio lida diretamente com os empregados. “O profissional se sente participante das decisões, torna-se mais leal e passa a se preocupar com o futuro da empresa.” S

19 anos,

salário de R$ 2 mil

Jhonatan de Oliveira Taborda tornou-se um bom exemplo de como o mercado valoriza um bom profissional, especialmente nos segmentos em que há grande carência de mão de obra. Aos 19 anos, ele é analista de sistemas da gigante alimentícia Sadia, que há três anos transferiu seu centro administrativo de Concórdia, Santa Catarina, para Curitiba. Filho único de uma diarista e um vigilante, Jhonatan ganha quase R$ 2 mil mensais e é o mais alto salário da família. O sucesso não aconteceu por acaso. O rapaz co-

meçou a trabalhar cedo, aos 15 anos, como atendente da rede de lanchonetes McDonald´s. Um ano depois, quando o patrão de sua mãe abriu uma empresa de TI, conseguiu emprego na área de teste de softwares. Depois, passou a programador. Com a experiência adquirida, foi contratado por uma grande empresa de softwares. Há um ano, trabalha na Sadia, onde desenvolve um programa com indicadores de gestão e produção da indústria. Jhonatan cursa o terceiro ano do curso superior de Sistemas de Informação e pretende seguir carreira na área.

COMO RETER EMPREGADOS • Formalização: Registre o funcionário. Isso dá segurança aos dois lados. Para o empregado, é a garantia de benefícios como aposentadoria, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), férias com abono e 13º salário. • Benefícios: Ofereça plano de saúde subsidiado, auxílio-alimentação e vale-transporte, que atendam as necessidades básicas do funcionário e sua família. • Formação: Patrocine, integral ou parcialmente, os custos de formação do funcionário, por meio de bolsa de estudos.

Bons negócios o ano todo

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

O litoral do Paraná tem potencial para a exploração de diversos tipos de turismo e empresários não perdem as oportunidades Por Maria Tereza Bocardi

Quando “o mar não está para peixe”, Célio Manoel de Borba, de 47 anos, pescador “desde que nasceu”, vai para “seu” pedacinho de Mata Atlântica cuidar das 76 caixas de abelhas que possui. Produtor de mel orgânico, não originado de regiões com plantas expostas à poluição e agrotóxicos, é assim que ele e outros 26 pescadores de Guaratuba, no litoral paranaense, garantem a complementação da renda e o sustento durante a desova dos peixes, de fevereiro a abril. Eles integram a Associação dos Apicultores do Litoral do Paraná e Criadores de Abelhas Apis Meliferas (AALPCAAM), criada em 2007. Com aproximadamente 15 caixas cada um e produção garantida para a retirada dos favos duas vezes ao ano, juntos produzem cerca de cinco toneladas. “Já temos advogado, veterinário, técnicos da Emater e do Sebrae que nos ajudam, voluntariamente.” Outros 45 interessados em ingressar na Associação iniciaram a atividade, que Borba começou há cerca de cinco anos “por acaso’, após ler matéria de uma publicação do Sebrae, sobre apicultura nos mangues do Maranhão.

“Tenho um barco só, que uso para pescar e levar o pessoal que me procura. Um dia, o Bialli (José Guilherme, do Sebrae/PR) trouxe uma revista e pensei: se no mangue conseguem essa maravilha, imagina nós com essa Mata Atlântica.” Começou na informalidade e, “nas conversas com o Bialli”, percebeu que sozinhos não eram nada. “Era preciso trabalhar com o associativismo.” O grupo contou com o Sebrae/PR na estruturação da Associação, passou por cursos de capacitação e, periodicamente, recebe apoio técnico de consultores e voluntários especializados sensíveis à causa.

Célio Manoel de Borba,

pescador e apicultor

Foto: Luiz Costa/Agência La Imagen

funcional desenvolvida pela FBits tem sido suficiente para atrair e segurar profissionais. A empresa, com 40 funcionários, investe em treinamento interno, possui plano de carreira e oferece bolsa de estudo para a universidade e a pós-graduação. Além disso, a FBits implantou uma política de transparência, com sistema de avaliação funcional constante e clareza sobre metas e resultados esperados.

Foto: Luiz Costa/Agência La Imagen

Mais qualidade

• Capacitação: Incentive e favoreça o funcionário a buscar cursos de qualificação e atualização na área em que ele atua. • Transparência: Informe seus funcionários sobre as decisões, a realidade, os desafios, as dificuldades e as metas da empresa. Ele se sentirá participante e motivado a contribuir.

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Emoções o ano inteiro A experiência do pescador, “inicialmente intuitiva”, valida a afirmação do coordenador estadual de Turismo e Artesanato do Sebrae/PR, Aldo Carvalho. Segundo ele, “o litoral do Paraná não é só faixa de areia. A praia é um tipo de turismo”. Ele elenca outros cinco tipos, incluindo o ecoturismo, o turismo de pesca, náutico, de aventura e cultural, que agrega o gastronômico, religioso e histórico. Carvalho coordena projetos como o “Turismo no Litoral – Emoções o Ano Inteiro”, iniciado em 2005 e com duração prevista de 10 anos. “O Sebrae é um apoiador do turismo no Paraná, alinhado com a política pública do Estado.” O projeto atende os sete municípios do litoral do Paraná e conta com oito técnicos diretos para a região. Na primeira fase, de mobilização, o projeto teve a adesão de 250 empresários de micro e pequenas empresas. Diagnosticado os níveis de conhecimento, foram selecionados em três categorias: a maioria, 55%, tinha necessidade de qualificação; para outros 30%, a qualificação para a promoção de produtos; e para apenas 15% a necessidade era a de melhorar e aumentar a clientela, a competitividade e o ganho de novos mercados. Os cursos são repetidos e aplicados conforme a evolução dos grupos.

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Boas-vindas escritas à mão “A principal falha que percebemos é a falta de melhor cultura empresarial, com embasamento teórico. Nosso papel é transformar potencial em produto e trabalhar a região para ganhar novos mercados.” É a estratégia de Carlos César de Paula Gnata, de 44 anos, proprietário da Pousada Enseada, em Ilha do Mel, aberta em 1992. Fora da temporada, Gnata participa de feiras e eventos de turismo, como presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur), para divulgar as ações da entidade no litoral e fechar negócios junto aos operadores representando a região. “Trabalhamos para a recepção de, no mínimo, um grupo por mês.” A partir de metas anuais e controles financeiros mensais, o empresário divide a arrecadação do verão com a baixa temporada, tendo

como foco a garantia de funcionamento o ano todo. Para cativar e fidelizar clientes, tratamento personalizado na pousada de quatro quartos e banheiros privativos. “São poucos hóspedes, fazemos a recepção pelo nome de cada um e nos quartos deixamos cartas escritas à mão.” Outro diferencial é oferecer na pousada estrutura de hotel. “Investi na troca de camas e instalei equipamentos de hotelaria, frigobar, internet e wireless. Estávamos perdendo clientes.” O marketing também é feito pelo site e o “ganho extra” vem da lanchonete, que representa 40% da arrecadação no verão. “Tinha controles básicos, sem conhecimento teórico. O Sebrae/PR nos estruturou e deu base em cursos de capacitação. Conheci novas planilhas e passei a estabelecer metas. Ano a ano, complementam nosso trabalho.” Ele ingressou no projeto em 2001. Ano passado, estruturou a Adetur.

Empresários precisam potencializar os roteiros turísticos existentes e formatar novos

Foto: Pri scilla Fo rone

Foto: Luiz Costa/Agência La Imagen

Ainda sem a cobrança de taxas, a entidade garante a todos a utilização de equipamentos para a extração, embalagem, rotulagem e certificação do mel. Diversificaram e já produzem velas artesanais e cosméticos, como xampu e sabonetes à base de mel. “Ganhamos até uma Picape. Ajudamos os colegas no manejo, vamos buscar o mel para ser centrifugado e ainda fazemos um trabalho de inclusão social.” Réus primários, condenados por crimes ambientais como corte ilegal de palmito, realizam trabalho voluntário no apiário durante um ano. “Recebemos seis pessoas, três já saíram, gente daqui que nos pede ajuda. Melhor que limpar banheiro de delegacia. Além de aprender uma atividade, aprendem a amar e respeitar a natureza.”

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Gestão com indicadores Fotos: Luiz Costa/Agência La Imagen

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Pequenas empresas também precisam monitorar números Gestão com indicadores é uma estratégia para controlar o presente e o futuro do negócio Por Andréa Bordinhão

empresária

11 estrelas Mesmo com as 11 estrelas, somada cada estrela ganha desde 1996 no Guia Quatro Rodas, Norma Santos de Freitas, 59 anos, proprietária da Casa do Barreado, em Paranaguá, pensou várias vezes em desistir do negócio. Ela integra o projeto do Sebrae/PR e parceiros desde 2005 e com as capacitações e a participação na Adetur ganhou novo ânimo. “Foi uma luz no fim do túnel. Com esses projetos, entendi que posso melhorar tanto o produto como o fluxo de turistas.” Para Norma, seu barreado é bem avaliado pela qualidade no preparo e porque segue a receita original, como era “há mais de 200 anos”. Para isso, investe em cursos do Sebrae/ PR, relacionados a alimentos e gestão administrativa.

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“Em todo o Brasil, o Guia indica 2.340 estabelecimentos pela qualidade. Desses, 234 são estrelados e apenas nove indicados como os melhores na categoria de pratos típicos brasileiros. Neste ano, estamos entre eles. Sinal que mantemos o padrão, porque da mesma forma que dão a estrela, a cada ano, tiram.” Ela aguarda a implantação de um plano de marketing para associar o barreado a Paranaguá, mais conhecido como prato típico de Morretes. “O turismo já existe, precisamos potencializar o roteiro já existente e formatar novos”, conclui Aldo Carvalho, coordenador estadual dos projetos de turismo e artesanato do Sebrae/PR. “Iniciamos com 30 roteiros e hoje já temos 52 roteiros turísticos mapeados.” Atualmente, participam do projeto 300 empresários do litoral. S

A gestão com indicadores não é uma realidade presente em boa parte dos pequenos negócios no Brasil. E, as empresas que medem seus números, normalmente focam no resultado. Porém, apesar de importante, medir lucro ou prejuízo significa medir apenas o passado e não ter foco em negócios futuros. Como os indicadores mostram aspectos fundamentais para o sucesso do negócio, torna-se peça importante para o gerenciamento. “Existe uma máxima da área de qualidade que só se consegue gerenciar

o que se consegue medir. Gerenciar na base do ‘achômetro’ não dá certo. A idéia de gestão com indicadores é um esforço para medir aspectos críticos, para tomar decisões mais acertadas”, explica o professor do programa de mestrado e doutorado de Administração da Universidade Positivo, Bruno Fernandes. Uma empresa, por exemplo, que mede a satisfação dos consumidores já está dando um passo à frente porque está medindo a propensão de fechar novos negócios. Entre alguns indicadores importantes para a gestão, estão os financeiros, de satisfação dos clientes, qualidade de processo interno, qualidade do produto, satisfação dos empregados da empresa e competência das pessoas. Mas a escolha de

Bruno Fernandes, professor

Foto: Luiz Costa/Agência La Imagen

Norma Santos,

Das 5,1 milhões de empresas formais no Brasil, 99,3% são micro ou pequenas. Elas representam em média 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e são responsáveis por 67% dos empregos no setor privado. Os dados do Sebrae Nacional mostram a importância desse segmento para o País. No entanto, apesar de representar uma fatia tão significativa da economia, muitas micro e pequenas empresas desconhecem seus próprios números. Algumas sequer medem seus indicadores financeiros.

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Fator de quebra

muitos deles depende do que é mais importante para cada ramo de atuação. O ideal, lembra Fernandes, é começar com os indicadores mais simples, como a parte financeira e os principais fatores que a afetam. “À medida que vai implantando é possível sofisticá-los”, afirma o professor. “Um sistema mais complexo é um conjunto de indicadores que traduzem bem toda a saúde do negócio. É como um painel de controle de um avião. Quanto mais complexo o painel, mais complexo é o avião. O mesmo vale para a relação entre os

indicadores e o crescimento da empresa”, exemplifica. O consultor do Sebrae/PR, Emerson Cechin, diz que, para implantar um processo de registro e controle de informações, é preciso tempo e pessoas, mas ressalta que o resultado final compensa. “As maiores empresas usam com mais frequência indicadores para a gestão. Mas é uma necessidade para as pequenas também e traz retorno”, afirma. As grandes empresas, muitas vezes, buscam uma consultoria para ajudar na implantação do monitoramento dos indicadores. Mas como

A falta de gestão com indicadores é uma das grandes causas de quebra de pequenas empresas, aponta o professor de finanças da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fábio Gallo. Por isso, a importância da busca de capacitação e aplicação do sistema de controle. “Na maioria das vezes, o empresário de pequena empresa abre um negócio no ramo que ele entende. Mas boa parte esquece que não basta saber o ofício, mas também é preciso saber as técnicas para planejamento e gestão. E às vezes ele até tem os dados, mas não sabe interpretá-los”, assinala. Além de usar o monitoramento por indicadores, é necessário que o empresário envolva todos os seus funcionários nesse processo. É preciso que os funcionários sintam a importância dos levantamentos e se sintam em parte responsáveis por eles. “O empresário pode ouvir as pessoas que trabalham com ele, trocar idéias, envolver as pessoas no problema e depois envolvê-las na solução”, aconselha o professor Bruno Fernandes. S

Varejo cresce com ascensão dos emergentes

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Consumidores das faixas C, D e E representam 65% dos domicílios urbanos e respondem por um consumo anual de R$ 520 bilhões no Brasil Por Mirian Gasparin

Foto: Divulgação

isso é inviável economicamente para as menores, os empresários de micro e pequenas empresas podem buscar apoio de entidades como o Sebrae.

Novo nicho

Sérgio Lage, mestre em Sociologia

Balanced Scorecard Normalmente usado por empresas de grande porte, o Balanced Scorecard é um conceito que congrega uma série de indicadores que servem de base para um sistema de medição e gestão estratégica. Esta técnica foca em conceitos como dimensão financeira, clientes, processos internos, aprendizagem e crescimento. O consultor do Sebrae/PR, Emerson Cechin, destaca que a idéia surgiu com a necessidade das empresas em ter indicadores mais sofisticados, mas salienta que apesar de complexo, alguns itens do Balanced Scoredcard podem ser adotados por pequenas empresas.

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Um dos mercados consumidores que mais tem atraído a atenção do varejo, nos últimos anos, é o de baixa renda. Os emergentes são considerados hoje a nova classe média mundial somando 4 bilhões de pessoas. No Brasil, as faixas C, D e E representam 65% dos domicílios urbanos e respondem por um consumo anual de R$ 520 bilhões, criando oportunidades de crescimento para as empresas de todos os portes. Segundo o mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Estudos Estratégicos de Comportamento do Consumidor, Globalização e Tendências de Consumo do Canal Varejo, Sérgio Lage Carvalho, que em 2008 participou de uma semana de atualização para empresários do comércio varejista, even-

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Na avaliação do professor de Economia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas, Robson Gonçalves, o que está fazendo com que o varejo de baixa renda cresça e resista aos problemas econômicos é o fator emprego. “Enquanto novas vagas continuarem sendo criadas, o emprego sustentará as vendas”, observa.

O mais interessante disso tudo, segundo Belotti, é o imenso abismo que separa a percepção das classes mundo afora: o tipo de produto que gera sentimento de mais valia às classes menos favorecidas está tão abaixo na pirâmide de importância para os mais favorecidos que é até mesmo difícil entender a importância dada a esses produ-

Robson Gonçalves,

Deni Belotti,

tos, geralmente, bens de consumo pessoal, itens de higiene e beleza, alimentos.

empresas que, em vez de fartaremse do binômio promoção/preço visando vender cada vez mais, se dispuserem a estabelecer canais de comunicação com seus clientes, auxiliando-os no processo de entendimento de sua necessidade real X capacidade de pagamento, fazendo com que a roda da fortuna não pare de girar. Na sua avaliação, vender sem perspectivas de receber nunca foi uma boa estratégia. Porém, como esse mercado é relativamente novo, nem consumidores nem estabelecimentos comerciais sabem, ainda, a melhor forma de ajustar seu ponto de equilíbrio. “Eu diria que o segmento de baixa renda ainda vai ensinar muito sobre ética e bons costumes ao Brasil”, observa Belotti.

professor de Economia

Com o aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E e sua consequente ascensão a outros itens na cadeia de diferenciação, o que se vê é a ampliação do interesse por móveis, eletrodomésticos, automóveis e, mais recentemente, imóveis. “Aqui temos até mesmo uma situação que beira à graça. Vivemos num País onde um imóvel popular custa mais de R$ 100 mil e um carro popular perto dos R$ 30 mil. Marchamos, porém, a passos largos na ampliação da chamada classe média, que hoje tem muito menos de B/C+ e muito mais de C-/D/E na sua composição”, explica Deni Belotti.

Crise financeira Com relação à crise no sistema financeiro mundial, desencadeada em 2008, enquanto Sérgio Lage Carvalho prevê que ela deve ter um impacto maior em 2009, Deni Belotti não acredita que seja um fator de risco para os consumidores das classes C, D e E. “O maior risco desses consumidores é cultural. A falta de instrução e a enorme demanda reprimida podem levar uma parcela desses consumidores a passar do ponto no grau de endividamento e, conseqüentemente, gerar uma crise financeira e existencial ligada ao zelo pelo bom nome”, adverte Belotti. E é por essa razão, que o especialista acredita que sairão na frente as

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Foto: Divulgação

“Por ser mais informado, esse consumidor se tornou cauteloso, passou a pesquisar preços, indo atrás de promoções e ofertas, a avaliar o atendimento e o ponto de venda e, conseqüentemente, a exigir mais inovação”, alerta. O curioso é que esse segmento compra impulsivamente mais que as classes A e B (33% dos consumidores de C e D contra 28% da A e B). De olho nesse segmento, a indústria vem pesquisando e desenvolvendo novos produtos. “O grande desafio é identificar e construir novos modelos de negócios para atender esse tipo de público”, destaca Lage.

Para o especialista e consultor em Marketing, Deni Belotti, as classes C, D e E sempre foram tratadas com certo desprezo pelos meios de comunicação e pela sociedade em geral. “Está nos nossos cromossomos a segregação histórica que recebemos de nossos antepassados. As mudanças nos cenários das principais economias do mundo e sua conseqüente expansão nesse mundo globalizado nos colocaram cara a cara com essa realidade que, durante tantos anos, fingimos não ver. Mantivemos nossa autoestima isenta das mazelas que nos cercavam até que as classes menos favorecidas fizeram valer a sua autoestima, evidenciando sua necessidade de ser vista, de sentir-se orgulhosa de sua capacidade de sobrevivência, de ser reconhecida e, principalmente, de obter sucesso”, explica.

Foto: Divulgação

to promovido pelo Sebrae/PR em Curitiba, a classe C, que hoje tem melhor nível de escolaridade (40% possuem ensino médio e superior) está em busca de novas categorias de produtos.

Com a valorização do real a importação de produtos populares cresceu no Brasil, motivada pelo ganho real de quase 50% no salário mínimo dos emergentes

consultor em Marketing acesa. “Isso não significa deixar de importar, mas sim planejar melhor e buscar driblar a situação inovando.” Quando o dólar está valorizado, o especialista em consumo do Canal Varejo recomenda que o empresário repasse apenas parte do aumento do valor cobrado para o consumidor. Também as margens de lucro devem ser reduzidas, bem como diminuir os custos sem perder qualidade e competitividade. Outra alternativa é investir na importação de produtos mais competitivos e sem similares nacionais.

Para a coordenadora do curso de Marketing da Universidade Positivo, Deise Bautzer, dólar alto traz prejuízos aos importados destinados à baixa renda, principalmente aqueles importados por ocasião, ou seja, mercadorias que apenas incham o mercado com uma perspectiva de baixa qualidade. Já com relação aos produtos de baixo custo, atraentes por uma questão de posicionamento de mercado em relação à concorrência nacional, Deise entende que dólar alto impacta na precificação e nas vendas. S

Importação Com a valorização do real nos últimos anos, a importação de produtos populares cresceu a passos largos no Brasil, motivada também pelo ganho real de quase 50% no salário mínimo dos emergentes. O segmento de importados já representa mais de 40% do faturamento do setor de produtos populares e, só em 2007, o faturamento superou a casa de R$ 12 bilhões. Entretanto, segundo Sérgio Lage Carvalho, os empresários do setor de importados já aprenderam que as oscilações da moeda estrangeira podem trazer sensíveis perdas. A valorização do dólar e a crise nos mercados internacionais fizeram com que uma luz amarela fosse

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Filho de peixe...

zer muitas vantagens. “Se bem conduzida, a empresa não deixa de ser a garantia do sustento da família. É a continuação do sonho do patriarca e uma galinha de ovos de ouro.” Além disso, ela cita a autonomia sobre a caminhada profissional como um benefício incalculável. “Mas é preciso ter uma visão estratégica. Não se deve olhar a empresa com o vínculo familiar e sim profissionalmente. Por fim, a consul-

tora, formada em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), convida aos empresários de micro e pequenas empresas que apostam na sucessão familiar a responderem uma pergunta: “O que é mais importante, a empresa ou a família?” Se a resposta for a empresa, aconselha, esta deve ser conduzida por profissionais capacitados, independente de serem parentes ou não.

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Fotos: Cesar Cola/Foto Zanella

Negócios em família Mais do que filhos e parentes interessados, sucessão requer planejamento e profissionalização Por Katia Michelle Pires

Família Galeazzi

Sucesso familiar Seguir os passos profissionais da família nem sempre está nos planos de um jovem no momento de decidir a carreira a seguir, mas as estatísticas mostram que a realidade nem sempre combina com a vocação. No Brasil, 80% das empresas privadas foram construídas e são controladas por famílias. No contexto mundial, o número é ainda maior: 95% das empresas são familiares. A Itália sai na frente, com 99% das empresas controladas por um núcleo familiar. Isso significa que na hora de escolher a carreira, a necessidade de manter o negócio e garantir a centralização do poder pode influenciar. E muito. O problema é que nem sempre esse processo sucessório é feito de forma profissional, o que implica em números nada animadores. De acordo com a especialista e consultora Cláudia Consentino, credenciada do Sebrae/ PR, dentro do Programa de Sucessão Familiar, apesar da pouca biografia sobre o tema no Brasil, pesquisas recentes mostram que 33% das empresas brasileiras que realizam sucessão familiar são feitas da primeira para a segunda geração. Desse universo, apenas 1% continua na segunda geração e dessas apenas 50% passam para a terceira.

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A consultora salienta que um dos principais problemas na gestão e sucessão familiar é a falta de planejamento. Claudia revela que essa característica pode vir a ser um “calvário” para a empresa. “Os pais idealizam a entrada dos filhos na empresa, mas não enxergam o seu despreparo.” A falta de limites na discussão dos problemas familiares e dos negócios também pode atrapalhar o desenvolvimento da empresa. “Muitas vezes, os filhos não se comportam como sócios e sim como herdeiros”, defende. Para ela, uma das questões mais importantes para garantir o sucesso da empresa, independente do ramo ou do porte, é a profissionalização. “As pessoas acham que conhecem o negócio porque cresceram nele e nem sempre funciona assim.” Outro ponto que influencia na sucessão familiar, quando o negócio passa de pai para filho, são questões pessoais que são discutidas dentro da empresa. Ou vice versa. “Problemas profissionais não se resolvem num almoço de domingo”, enfatiza. Se bem planejada e feita com profissionalização, no entanto, Claudia reforça que a sucessão familiar pode tra-

Apostar no negócio da família foi muito mais do que uma opção para a empresária Marlene Capele Galeazzi. Gerente de um banco em Pato Branco, no sudoeste do Paraná, ela se viu obrigada a optar entre mudar de cidade, já que a agência em que trabalhava havia fechado, ou mudar completamente de ramo em prol da família. Ficou com a segunda opção. O marido, Edemar Galeazzi havia montado na garagem de casa, uma pequena loja de som. “Chamávamos o lugar de porão”, brinca. Formada em contabilidade, Marlene levou a experiência para a pequena empresa. Pouco tempo depois, ela e o marido já estavam mudando para uma sede maior e hoje a loja está instalada num espaço de 3,2 mil metros quadrados. O casal ampliou os serviços e o ramo de atuação. Vende som, autopeças, faz reparos e atende empresas maiores, como seguradoras.

Os dois filhos, Alessandro de 18 anos e Ana Paula, de 16, já trabalham na área e demonstraram interesse pela empresa. O rapaz já está cursando Administração e passa por todos os setores da empresa para ganhar experiência. A garota também nem pensa em mudar de ramo. “Acho bem importante o interesse deles. Pois se construímos essa empre-

Edemar e Marlene Galeazzi,

empresários

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sa esses anos todos, vamos querer uma continuação.” O relacionamento, conta Marlene, nem sempre é fácil. “Uma vez disse para meu filho que se ele fosse meu funcionário estaria demitido”, brinca. Mas quando o expediente acaba, o funcionário volta a ganhar o status de filho. E esse “emprego” está garantido. Para Marlene,

uma das questões fundamentais para garantir o sucesso da empresa é o planejamento. “Por isso procurei ajuda do Sebrae/PR. Uma orientação profissional faz a gente olhar pra frente”, considera a empresária, complementando: “Criar a empresa até que é fácil. O difícil é manter-se no mercado”.

“A gente deve abrir as portas para os filhos, mas agir com a razão. Ter força suficiente para dizer não. Isso implica em incentivá-los a seguirem seu ideal e sua vocação, mesmo que isso não esteja na empresa”, Luiz Caramori, empresário em Curitiba

Fotos: Cristiane Shinde/Studio Alfa

Agir com a razão

Família Dias Borborema

“A grande família” A moderna nomenclatura hair stilist ainda nem existia quando Canuto Dias Borborema decidiu abrir uma barbearia, em Maringá, noroeste do Estado, há 30 anos. A empresa cresceu e a família de seu Canuto também. Casado duas vezes, ele teve sete filhos. Hoje, todos trabalham na área, além de uma neta que já segue os passos do avô. “É uma grande família e todos trabalham juntos, conta Isabel Rosa, atual mulher do patriarca. Como a família, a empresa cresceu e hoje o Stilo é um dos maiores salões de Maringá. Além dos irmãos, genros, noras e agregados também trabalham na empresa, que conta com mais de 40 funcionários e muita história pra contar. “Para nós é natural. A gente convive muito e o salão aparece sempre como tema das nossas conversas”, conta Isabel.

Isabel e Canuto Dias Borborema, empresários

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O segredo para uma convivência harmoniosa, ela tem na ponta da língua: “tolerância”. E contrariando a regra de que trabalho não se discute em casa,

ela faz questão de preparar o jantar todos os domingos na casa dela e receber todos os parentes. “O assunto, claro, acaba sendo o salão”, diz. E foi por não ter “assunto” nesses encontros familiares que o mais novo dos filhos do primeiro casamento de seu Canuto decidiu deixar o curso de Engenharia Civil já no terceiro ano para se dedicar aos negócios da família. Adenilson Dias Borborema revela que o pai sempre insistiu para que ele fizesse Engenharia e ele acabou aceitando. A princípio não queria se dedicar aos negócios do pai. “Eu até gostava, mas achava que isso ocupava muito tempo e não queria essa vida pra mim”, revela. Mas com o tempo, todos os irmãos de Adenilson foram entrando no negócio e ele se viu de fora. “Eles foram ficando mais unidos”, analisa. Ele chegou a ir para os Estados Unidos em busca de outras experiências profissionais, mas há dois anos e meio não resistiu. Voltou ao Brasil e decidiu trabalhar com a família. “Eu só me arrependo de não ter entrado antes.” S

A necessidade de aumentar o capital foi uma das motivações do empresário Luiz Caramori quando abriu a empresa curitibana de cosméticos Buona Vita. Técnico em mecânica, ele passou a trabalhar para um amigo no sistema de vendas de porta em porta, na década de 1980. Com o passar do tempo, abriu a própria empresa no ramo, em sociedade com a primeira mulher. Veio a separação e uma questão que nem sempre as pessoas levam em conta na hora de abrir um negócio. “Uma separação acaba com a empresa. Ficamos sem nada e eu precisei recomeçar do zero.” Mas Caramori usou a experiência para profissionalizar a empresa. Com três filhos, hoje com 29, 28 e 9 anos, ele já trabalhava com as filhas mais velhas quando decidiu focar no planejamento e na razão. “A gente deve abrir as portas para os filhos, mas agir com a razão. Ter força suficiente para

dizer não. Isso implica em incentivar os filhos a seguirem seu ideal e sua vocação, mesmo que isso não esteja na empresa.” Atualmente, as duas filhas mais velhas do empresário, Tatiane, que está se formando em Administração, e Gisele, tecnóloga em estética, estão sendo preparadas para assumir a empresa em um processo de sucessão que já começou com bastante planejamento e implicou em algumas situações pertinentes. “Elas precisaram de um distanciamento da empresa para entender e valorizar o que tinham. Foi mais ou menos a história do filho pródigo”, exemplifica. Para Caramori, a empresa familiar não pode ser um cabide de empregos, os parentes devem estar preparados profissionalmente para assumí-la. E independente do vínculo familiar, ele salienta a importância de trabalhar com transparência. “Definir quem são os herdeiros atuantes, quem são os cotistas é muito importante. Além disso, a sucessão deve acontecer gradativamente e

com planejamento, para que os clientes e fornecedores não sintam o impacto.” Casado há 14 anos com a segunda mulher, Isabel Luiza Piati, que também trabalha na empresa, Caramori já está preparando esse processo de sucessão na gestão da empresa. No final de 2007, ele procurou o Sebrae/PR para conhecer mais sobre essa gestão familiar e buscar amparo legal. “Esse amparo é fundamental para garantir que não haja uma ação por causa de uma divergência familiar, por exemplo,” cita. Aos 48 anos, ele planeja o afastamento estratégico da empresa. “Tenho mais sete anos aqui. É preciso sair quando se está ganhando, quando se está por cima. Além disso, com o passar do tempo, a renovação é muito importante para o sucesso da empresa, desde que feita com planejamento e profissionalização.”

O que pesar no momento da sucessão • Preparação dos sucessores • Descentralização do poder • Incentivar experiências dos herdeiros fora da empresa • A vocação para o ramo não deve ser forçada • As dificuldades da empresa não devem ser resolvidas no almoço de domingo Fonte: Programa Sucessão Familiar, do Sebrae

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Semana da Pequena Empresa

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Sebrae/PR atinge mais

Empresários e futuros empresários participaram de intensa programação Por Leandro Donatti

Empresários e futuros empresários participaram em peso da terceira edição da Semana da Pequena Empresa, uma realização do Sebrae/PR, de 17 a 21 de novembro, em todo o Paraná. Durante cinco dias, com uma intensa programação, foram oferecidas gratuitamente soluções empresariais customizadas e sob medida. Para os que já são empresários, o evento foi uma oportunidade para ampliar o conhecimento, fortalecer empresas e dar um novo rumo aos negócios. Para os que desejam ser empresários, a Semana da Pequena Empresa foi um primeiro contato com o Sebrae/PR, um estímulo à abertura planejada e orientada de uma pequena empresa. Com o mote “Monte a sua programação igual à sua empresa: do seu jeito”, mais de 45 mil empresários e futuros empresários participaram da programação, comparecendo em palestras-magnas, workshops, consultorias especializadas e minicursos, oferecidos em cerca de 50 municípios, pelas Regionais do Sebrae/PR em Cascavel, Curitiba, Londrina, Maringá e Pato Branco. Mais de 1 milhão de pessoas foram atingidas pela Semana, com o repasse de informações técnicas por meio de encartes em jornais e revistas, hot site, campanhas de e-mails e atendimentos efetuados pela Central de Relacionamento do Sebrae/PR, o dobro do número atingido na edição de 2007. Celebridades como Oscar Schmidt, Giovane Gávio, Amyr Klink, Caco Barcelos e Maurício Kubrusly foram convidadas pelo Sebrae/PR, para fazer palestras-mag-

nas sobre perseverança, sucesso e atitude, características fundamentais no empreendedorismo. Bem como consultores de renome nacional, em Estratégia, Marketing e Recursos Humanos, como César Souza; Carlos Alberto Julio; Sávio Normando; Daniel Godri; Frederico Mourão; Carlos Hilsdorf e Valdez Ludwig. Para as palestras-magnas, o Sebrae/PR pediu a doação de um quilo de alimento não-perecível. Foram arrecadadas em todo o Estado mais de 16 toneladas de alimentos, repassados para entidades assistenciais. “A cada ano que passa, a Semana da Pequena Empresa está cada vez maior, cada vez melhor, com mais opções e soluções empresariais”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa. “O Sebrae/PR quer levar aos empreendedores informações de qualidade, quer estar cada vez mais próximo das micro e pequenas empresas”, diz o diretor-superintendente. Allan Marcelo de Campos Costa afirma que a entidade tem compromisso em ajudar as micro e pequenas empresas que não sobrevivem ao mercado. Compromisso de levar soluções, para que se fortaleçam. O diretor-superintendente do Sebrae/ PR cita pesquisa, divulgada em 2007, que mostra que 25% das pequenas empresas fecham suas portas no Paraná, após dois anos, e que 100% delas não procuraram apoio de qualquer entidade. “Temos o dever de estar cada vez mais próximos dos empresários e dos futuros empresários. As micro e pequenas empresas são a força da economia do Paraná e do País. Geram empregos e renda”, assinala.

Amyr Klink

Celebridades foram convidadas pelo Sebrae/PR, para fazer palestras-magnas sobre perseverança, sucesso e atitude, características fundamentais no empreendedorismo

Caco Barcelos

Maurício Kubrusly Fotos: Agência La Imagen

1 milhão

de de pessoas em cinco dias

Oscar Schmidt

César Souza

Carlos A. Júlio

Minicursos

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Na pousada de oito chalés, localizada entre a BR-369 e o Rio Tibagi, em Jataízinho, no norte do Estado, os clientes não têm o primeiro contato com a equipe na recepção, mas antes, no estacionamento, além de, ao longo da estadia, serem agraciados com cortesias - como uma cesta de pães recém-saídos do forno, por exemplo - surpreendentes e gratuitas.

Qualificação Regina Maria Turek brincava nas instalações da pequena empresa administrada pelo pai. Hoje é uma das responsáveis pela gestão do negócio, em parceria com os irmãos. Formada em Administração de Empresas, Regina diz que sempre busca informações e orientações para melhorar a gestão do pequeno negócio.

Mais de 45 mil empresários e futuros empresários participaram da programação, oferecida em cerca de 50 municípios, pelas Regionais do Sebrae/PR em Cascavel, Curitiba, Londrina, Maringá e Pato Branco

Conhecimento Proprietária de uma loja da franquia Drogasul em Cascavel, no oeste do Estado, a farmacêutica Neide Coutinho Damasceno Campestrini não arredou pé da Regional do Sebrae/PR, durante a Semana. Ela se inscreveu e participou de mais de uma dezena de minicursos e consultorias individuais e coletivas. “Foi uma semana maravilhosa, que abriu horizontes e acrescentou conhecimentos e ferramentas de aplicação imediata.”

Pedron também analisou a programação, como líder empresarial, e acredita que foi uma forma importante de disseminar conhecimento. “Vejo na grande participação dos empreendedores um avanço nessa questão que envolve o conhecimento. Com a Semana da Pequena Empresa, podemos dizer que o Sebrae/PR socializa o treinamento pela oportunidade que oferece e o empresário acaba ganhando com isso, aprendendo e conhecendo”, destaca Pedron.

Na Semana da Pequena Empresa, a empresária participou de uma consultoria na área de finanças, em Curitiba. Regina conta ainda que a busca por conhecimento também é uma constante entre os colaboradores. “Os funcionários fizeram um revezamento para participar das palestras e minicursos da Semana, e também, acompanharam todas as palestras-magnas. O Sebrae tem ajudado muito a nossa empresa. Têm situações que, no dia a dia, você não percebe e os consultores ajudam a preparar a empresa para um crescimento sustentável”, avalia Regina. Isabel Cristina Paese Tardelli, que também participou da programação da Semana na Capital, disse estar decidida a abrir uma pequena empresa, mas sabe que para isso é preciso planejar. “Nós sabemos que empresários que não se preparam, não estudam mercado, não têm uma estratégia encontram dificuldades, que podem ser evitadas quando há planejamento”, assinala.

“Mas o mais importante ainda vai acontecer. Cheguei à conclusão de que até onde eu podia crescer sozinha, cresci. Para expandir mais e com segurança, agora preciso buscar conhecimento e consultoria especializada. Em 2009, vou voltar ao Sebrae/PR, agora em busca de orientação e consultoria continuadas”, diz a empresária. Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Francisco Beltrão, o empresário Antonio Pedron participou em palestras e minicursos na Semana, no sudoeste do Paraná. Na condição de empresário, Pedron também levou a equipe de colaboradores e disse que a receptividade foi positiva. “Posso dizer que já tive o feedback. Todos aprovaram e gostaram de participar das atividades realizadas pelo Sebrae/PR.”

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“A cada ano que passa, a Semana da Pequena Empresa está cada vez maior, cada vez melhor, com mais opções e soluções empresariais”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa

Reciclagem

Nos minicursos, foram abordados temas de interesse para empresários e futuros empresários Na programação da Semana da Pequena Empresa, Isabel escolheu as palestras “O comportamento dos empreendedores de sucesso” e “Novos mercados e oportunidades”. A idéia da empreendedora é abrir uma franquia, na área de alimentos. “Fui para me preparar e saber por onde começar.”

Perspectivas Quem também procurou os eventos do Sebrae/PR em Londrina, na Semana da Pequena Empresa, foi o pastor evangélico Márcio Fernandes, atraído pelas palestras e minicursos que trataram de um tema de grande importância em sua área de atuação: a liderança. “O pastoreamento de igrejas exige aperfeiçoamento constante. Nosso campo de atuação se ampliou. A visão que se tinha antes, de que uma boa pregação seria suficiente, já é outra. Atualmente, o pastoreamento de igrejas é muito mais que um bom culto. Exige a formação de equipes, administração, gerenciamento”, explica Fernandes, ligado à Igreja Brasil em Cristo. Fernandes, que participou do evento com o objetivo de participar de pelo menos dez palestras, demonstra interesse nos eventos dos quais participou. “Os vídeos a que assisti e, depois, os bate-papos com os consultores do Sebrae/PR trouxeram coisas que a gente deixa de observar no dia a dia”, diz o pastor.

Ainda em Londrina, todos da equipe de atendimento da Estância Terra Dourada - a recepcionista, a estagiária de hotelaria, a cozinheira, a auxiliar de cozinha, a camareira e os gestores operacional e de negócios participaram da Semana. Os funcionários assistiram à palestra-magna “Atendimento ao cliente: você faz a diferença” e foram em peso ao minicurso “Como atender com qualidade”. A intenção, explica a proprietária Luciana Masson Scaramal, foi a de capacitar ainda mais a equipe para o que ela considera um dos grandes diferenciais do empreendimento, que é a acolhida.

Em Maringá, noroeste do Estado, na Semana da Pequena Empresa, o empresário do ramo de telefonia móvel, Marcos Antonio de Moura, participou de dois minicursos ligados à área de empreendimento. “Trabalho há 12 anos no ramo. Logo quando comecei fiz um curso no Sebrae/PR que me ajudou muito na abertura de uma empresa e, até mesmo, no relacionamento com meu sócio que não dava muito valor às informações repassadas pelos consultores. Comecei um novo negócio no mesmo ramo. Agora estou aqui para renovar as idéias e melhorar minha performance.” Entusiasmado, Moura participou de mais dois minicursos até o final da programação. “Pretendo começar um trabalho na área de capacitação e treinamento. Falta mão-deobra especializada na minha área e a solução é caminhar nessa direção. Mas para isso preciso me preparar”, comenta. S

Consultorias especializadas foram oferecidas gratuitamente durante os cinco dias

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Em alta

crescimento das franquias em 2008

Franquias crescem, mercado agradece

O crescimento do setor motivou o Sebrae/PR a criar um segmento de orientação sobre o tema. Desde 2007, a entidade oferece consultoria para quem quer transformar sua empresa num potencial franqueador

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Alimentação

16%

Vestuário

Setor é um dos que mais crescem no Brasil: faturamento aumenta ano a ano

8%

Por Katia Michelle Pires

“A expansão das franquias é vista a olho nu”, analisa o consultor da área de negócios do Sebrae/PR Leandro Krug Batista. O crescimento do setor motivou a instituição a criar um segmento de orientação sobre o tema. Desde outubro de 2007, o Sebrae/PR está oferecendo consultoria para quem quer transformar sua empresa num potencial franqueador. “Primeiro analisamos se a empresa se enquadra no ramo e se o negócio tem chance de ser franqueado. Depois damos suporte para estruturação e implantação de franquias, num processo que pode levar de 6 a 12 meses”, explica. O programa já existia em outros estados, mas é novidade no Paraná. As vantagens, tanto para o franqueador, quanto para o franqueado, conforme analisa Leandro Batista, são grandes. “Primeiro, porque você já está abrindo uma empresa com uma marca conhecida. Alguém já testou o produto antes”, salienta. Apenas isso, não é garantia de sucesso da empresa, mas as estatísticas brasileiras mostram que, enquanto 25% em média das pequenas empresas quebram dois anos depois de abertas, quando as lojas são franquias, este percentual cai para 15% no mesmo período de tempo. “Os franqueados precisam ter uma gestão mais profissional”, diz o consultor. Abrir uma franquia, ensina Batista, demanda tanta pesquisa e dedicação quanto arriscar-se a lançar uma nova marca. “É importante verificar se o per-

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5%

64%

Serviços automotivos

Fonte: ABF

3%

Educação e treinamento

4%

fil do empresário está de acordo com a franquia que ele pretende abrir”, diz. Ele explica que, para abrir uma franquia é preciso aceitar as normas dos franqueados e concordar com elas. “Se a pessoa tem um perfil mais empreendedor, às vezes é melhor investir numa nova marca”, conclui.

Em expansão Uma pesquisa realizada no final do ano passado pela ABF em parceria com o Provar – Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração (FIA) e a Felisoni & Associados, mostrou o desempenho do setor em 2008. O trabalho avaliou os resultados a partir de uma amostra de 46 redes de franquias. Para o terceiro trimestre de 2008, foi apurado crescimento de 21,6% no faturamento das redes que compõem a pesquisa, comparado ao mesmo trimestre de 2007. O estudo apurou um crescimento de 23,9% no faturamento do período de janeiro a setembro de 2008, comparado a 2007. Dos segmentos presentes na pesquisa, Alimentação, com maior número de empresas, se destaca na partici-

pação de lojas com 16% do total. Em seguida, aparece Vestuário com 8%; Bebidas, cafés, doces e salgados conta com 5%; Educação e treinamento com 4% e Serviços automotivos com 3%. Os demais segmentos respondem por 64%. Depois de analisar os dados, o diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo, diz que a pesquisa comprova que o setor de franchising é um dos que mais crescem na economia brasileira. De acordo com a ABF, a quantidade de franquias dobrou de 2001 a 2007, passando de 600 para 1.197 neste período.

Foto: Mauro Frasson

Abrir o próprio negócio, apostando em uma nova marca, ou investir em uma franquia, com produtos já desenvolvidos e implantados, é uma dúvida que acomete a maior parte de novos empreendedores. Quando se analisa o mercado, no entanto, os números das franquias surpreendem e mostram que a escolha tem agradado os investidores. Entre os meses de julho e setembro de 2008, por exemplo, o setor registrou crescimento de 21,6%, se comparado com o mesmo trimestre de 2007. Os dados são da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Bebidas, cafés, bolos e salgados

Demais segmentos

Quando o assunto é distribuição das sedes das empresas franqueadas, o estado de São Paulo sai na frente, abrigando 52%, seguido pelo Rio de Janeiro, com 14%. Paraná e Minas Gerais dividem o terceiro lugar, com 7% das sedes das empresas franqueadas. Quanto à distribuição das unidades franqueadas, a colocação é parecida. São Paulo está em primeiro lugar, com 40% das unidades, seguido de Rio de Janeiro. Novamente Paraná e Minas Gerais dividem o terceiro lugar, com 7% das unidades franqueadas. S

Leandro Krug Batista, consultor

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Relações de trabalho Escolhas certas Apesar de ter seguido os passos do pai advogado e ter se formado em Direito, o sonho da hoje empresária Luciana do Rocio Bittencourt sempre foi abrir o seu próprio negócio. Ela passou dois anos pesquisando, até ter certeza de que queria abrir uma franquia, em Curitiba. “A franquia te dá maior suporte para o seu investimento”, acredita. Definido o sistema, ainda faltava escolher o setor. “Eu queria que fosse um produto dedicado à mulher”, lembra.

2005. De lá para cá, Luciana abriu mais sete franquias e estuda investir no segmento de luxo da marca. “A marca cresceu gradativamente”,

analisa Luciana, que nem de longe se arrepende de ter trocado a advocacia pela decisão de ser franqueada.

Foto: Wilson Vieira/Videographic

Foi assim que ela escolheu abrir uma franquia da marca de cosméticos Contém 1g; Isso foi em

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Profissionalismo ajuda evitar ações trabalhistas As relações pessoais e o cumprimento da legislação são fatores que devem ser observados pelos empresários

Foto: Wilson Vieira/Videographic

Por Maria Tereza Bocardi

Kiyomi Takabayashi, empresária

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A empresária Kiyomi Takabayashi, de Londrina, norte do Estado, compartilha a experiência de sucesso. Pernambucana, ela foi para o Japão na década de 1990, para trabalhar.

Tempos depois, o mesmo franqueado, dono da rede Jim Jim, passou a investir no ramo de acessórios femininos e o casal também embarcou no setor.

O objetivo era conquistar capital para abrir um negócio no Brasil, mas ela trouxe na bagagem bem mais do que isso. Lá, ela conheceu o marido e sócio, Milton Takabayashi, e os dois voltaram para o Brasil com o mesmo sonho.

Foi assim que Kiyomi abriu uma loja da Morana Acessórios. “A franquia te dá muito suporte”, avalia a empresária. “Por outro lado ficamos bastante presos também.

Optaram pela franquia, primeiro do ramo de alimentação, e abriram um restaurante da rede de comida chinesa Jim Jim.

Não posso vender um outro produto dentro da loja nem sair dos padrões porque isso gera multa”, diz, mas conclui: “Uma coisa compensa a outra”.

Não existe nenhuma fórmula pronta, capaz de evitar ações trabalhistas. A avaliação é do advogado trabalhista Sidnei Machado, especializado em Direito Previdenciário. Enfático, diz que a única forma de minimizar o risco de uma ação é cumprir a lei, válida para todas as empresas, sejam micro, pequenas ou grandes. “Os empresários de micro e pequenas empresas não devem ter medo, basta cumprir a legislação trabalhista e buscar uma assessoria jurídica.”

Machado salienta que o empregador deve compreender que “o trabalho não é uma mercadoria”, como define o artigo 1º da Convenção n.1 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 1919. “Hoje, há uma preocupação muito grande com a promoção dos direitos da pessoa, dos direitos humanos fundamentais. Isso implica na responsabilidade social das empresas de também preservar os direitos trabalhistas, não apenas na garantia de empregos, mas de trabalho decente,

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Artigo conceito hoje utilizado pela OIT.” O juiz do Trabalho, titular da 1ª Vara do Trabalho de São José dos Pinhais e presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho da 9ª Região (Paraná), Bráulio Gabriel Gusmão, analisa que as micro e pequenas empresas, normalmente, são administradas pelos próprios donos e que, quando os negócios não vão bem, os encargos estão na lista dos débitos não pagos mais freqüentes, como o recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da Previdência Social. Isso ocorre de duas maneiras. A mais radical é o não pagamento desses encargos, pura e simplesmente. A outra maneira é a sonegação, com a declaração de um valor oficial do salário (base de cálculo dos encargos) inferior àquele realmente contratado. Nesta segunda situação, estamos diante do chamado ‘por fora’, uma ilegalidade. “A falta de pagamento de horas-extras trabalhadas é outra infração comum”, lembra Sidnei Machado. De acordo com ele, a primeira exigência legal é a contratação de funcionários por meio do Contrato de Trabalho, que “pressupõe a ano-

tação da Carteira de Trabalho” do empregado. Os direitos decorrentes são os básicos: pagamentos corretos de salários, 13º salário e férias.

Relação de respeito “Além dos direitos básicos, a natureza do contrato impõe automaticamente ao empregador outras obrigações com o empregado: ambiente seguro e respeito à pessoa, por exemplo”, ressalta Machado.

influenciam diretamente na disposição do empregado para o conflito judicial. A melhor forma de evitar ações trabalhistas é agir com profissionalismo, assim como ocorre em relação ao consumidor e fornecedores.

A contratação de temporários é exceção, e somente é admissível em situações específicas previstas na CLT e na legislação, para o qual o empresário deve fazer dentro dos critérios da lei e com a consultoria de um advogado especialista. O trabalho informal é o não registrado, “ilegal, portanto”.

A relação de emprego é um contrato cujo objeto é o trabalho humano e, por isso, além de profissional ela deve ser respeitosa. Independente da atividade desenvolvida pelo empregado, o profissionalismo deve estar sempre presente. Um exemplo: a existência de acordos informais com os trabalhadores para pagamento de valores ou concessão de benefícios que não constam claramente do contrato. Acordos informais devem ser evitados”, afirma o juiz.

O advogado e o juiz são unânimes quando o assunto é a relação a ser estabelecida entre funcionário e patrão em empresas de pequeno porte. Ambos alertam que uma relação pautada no respeito e no profissionalismo de ambos os lados pode interferir na hora da demissão. “Nesse ambiente de micro e pequenas empresas, as relações pessoais

Ele considera, ainda, importante que os empreendedores tenham uma boa assessoria nessa área, que pode ser obtida por meio de entidades como o próprio Sebrae/PR e os sindicatos patronais. Gusmão orienta que, no caso de não ser possível evitar a ação trabalhista, a melhor opção é sempre contratar um advogado especialista na matéria. S

Além dos direitos básicos, a natureza do contrato impõe automaticamente ao empregador outras obrigações com o empregado

Um lembrete aos empreendedores: crises são momentos para identificar e explorar novas oportunidades José Cezar Castanhar

Em face da crise financeira internacional que fechou 2008 com contornos avassaladores nos países desenvolvidos, a grande pergunta que todos se fazem nesse momento é: teremos recessão no Brasil? Se sim, qual será a sua intensidade e duração? A dúvida e a preocupação se acentuam à medida que vão surgindo os sinais das economias desenvolvidas indicando queda no Produto Interno Bruto e aumento nas taxas de desemprego. Para começar, as perspectivas para a economia brasileira é comparativamente muito melhor do que o que se prevê para os países desenvolvidos. Aqui deveremos ter uma redução do crescimento econômico. As projeções dos analistas sugerem uma taxa de crescimento do PIB para 2009 que pode variar entre 3% e 4%. Ou seja, teremos crescimento econômico, embora inferior ao observado em 2008 e 2007, o que é uma situação muito mais confortável do que a dos países em que se espera queda do PIB neste ano. Além disso, alguns dos impactos que a crise provocou no mercado financeiro poderão trazer benefícios e oportunidades para o setor produtivo, em particular para as pequenas e médias empresas. Esse é o caso, por exemplo, da desvalorização cambial. Como é sabido, vários setores da economia, tais como móveis, calçados, confecções, sofreram muito nos últimos quatro anos com a valorização do real, que reduziu a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Ora, com a desvalorização acentuada, o que provavelmente será mantida por um bom tempo, esses produtos recuperam parte de sua competitividade, o que significa a

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possibilidade de expandir as vendas para o exterior. Inversamente, o dólar valorizado torna os produtos importados mais caros, o que pode significar recuperar parte do mercado doméstico perdido para empresas de outros países nos últimos anos. Cabe lembrar também que, até como uma forma de atenuar os efeitos da crise no Brasil, o governo se esforçará para manter os investimentos previstos no PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), o que significa oportunidades interessantes em setores ligados à infraestrutura, saneamento e habitação, entre outros. Em alguns desses setores, as pequenas e médias empresas podem atuar diretamente e de forma competitiva, ou podem participar da cadeia de produção, fornecendo serviços para grandes empresas.

ceiro e, portanto, dependem menos dele. Segundo porque, em geral, as pequenas e médias empresas atuam predominantemente em setores que não dependem de crédito de prazo mais longo (acima de dois anos ou mais), onde o problema da redução do crédito é mais grave. Além disso, para tentar atenuar os impactos negativos da crise sobre o crescimento, o governo vem tomando medidas paliativas que envolvem a abertura de linhas de crédito para determinados setores através dos bancos estatais, como Banco do Brasil, CEF e BNDES e, mais recentemente, aumentou o prazo de recolhimento dos impostos, o que significa aumentar o capital de giro das empresas. Assim, essas medidas poderão trazer benefícios para o setor produtivo que mais do que compensem as eventuais perdas imediatas produzidas pela crise internacional. Em resumo: crises são momentos propícios para identificar e explorar oportunidades. Requer mais do que nunca o exercício das habilidades que caracterizam os empreendedores, dentre as quais se destacam a capacidade de inovar e assumir riscos. S

Para isso, uma iniciativa importante é investir na qualificação, com vistas a obter certificações que permitam participar dessas cadeias produtivas. Nesse sentido, um exemplo interessante pode ser encontrado na iniciativa da Petrobras de qualificar pequenas e médias empresas para participar de várias etapas dos investimentos bilionários programadas pela companhia, na exploração de petróleo e gás e na construção naval. Em parceria com o Sebrae, a empresa já selecionou e treinou dezenas de empresas. No que toca à perspectiva de redução de crédito, outro efeito imediato da crise, é muito provável que o impacto sobre as pequenas e médias empresas seja menor, por duas razões. Primeiro, porque essas empresas já contam com dificuldade de acesso ao crédito no mercado finan-

José Cezar Castanhar

é engenheiro civil e doutor em Gestão e professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

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Sebrae/PR

Os municípios do Paraná têm à disposição, desde o final do ano passado, uma importante ferramenta para medir o grau de desenvolvimento das micro e pequenas empresas. O Sebrae/PR, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), oferece uma nova metodologia para avaliar o impacto dos pequenos negócios nos 399 municípios do Estado. É o Índice de Desenvolvimento Municipal para Micro e Pequenas Empresas, o ID-MPE. A apuração do índice segue a mesma metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano - Municipal (IDH-M), só que focado nos pequenos negócios. O

Foto: Nilton Rolin

Índice mede ambiente para o desenvolvimento de pequenas empresas Sebrae/PR pretende divulgar anualmente o ID-MPE. O primeiro ranking, com o ID-MPE dos 399 municípios, pode ser consultado pelos prefeitos e empresários no www.sebraepr.com.br. O ID-MPE é fruto do cruzamento de 17 indicadores e da análise de três ambientes: empresarial, mercado e institucional. Uma das conclusões do primeiro levantamento é a vinculação direta entre o IDH-M e o ID-MPE. Quanto menor o IDH, menor o grau de desenvolvimento das micro e pequenas empresas. Nos municípios onde o ID-MPE é mais alto, o ambiente empresarial é mais favorável aos negócios.

Da esquerda para a direita: Faisal Saleh, presidente do Instituto Internacional Pólo Iguassu; Benjamin Chamorro Cortesi, da Secretaria Nacional do Turismo do Paraguai; Calixto Saguier, coordenador do Parque Tecnológico Itaipu - Paraguai; Santiago Gallo, secretário do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul); Darci Piana, então presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR; Carlos Alberto dos Santos, diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional; Jorge Samek, diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional; Violeta Lucila Prates, deputada da Argentina; Liz Cramer, vice-ministra de Turismo do Paraguai; Julio Cezar Agostini, diretor de Operações do Sebrae/PR; Juan Carlos Sotuyo, diretor-superintendente da Fundação Parque Tecnológico Itaipu - Brasil

Centro tecnológico integra negócios Brasil-Mercosul Autoridades e representantes de entidades de fomento empresarial da Argentina, do Brasil e do Paraguai realizaram no final de 2008 uma reunião técnica para discutir a criação e instalação do Centro de Desenvolvimento de Tecnologias para Integração Transfronteiriças entre Micro e Pequenas Empresas do Brasil e do Mercosul, em Foz do Iguaçu.

Foto: Agência La Imagen

Entrevista Mercado Comportamento Capacitação Tendência Serviço Feiras e Eventos Giro pelo Paraná

Instalado no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), o Centro atuará na geração, adaptação, desenvolvimento e transferência de tecnologias e no apoio ao desenvolvimento de projetos que estimulem a cooperação e a geração de negócios na fronteira do Brasil com os demais países do Mercado Comum do Sul (Mercosul). A iniciativa, do Sebrae Nacional, Sebrae/PR, em parceria com a Itaipu Binacional, a Fundação PTI e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), faz

parte do Projeto Fronteiras do Brasil e receberá investimentos na ordem de R$ 5,8 milhões, até 2011. O Centro funcionará como uma unidade do Sebrae especializada no desenvolvimento de tecnologias que facilitem a integração produtiva transfronteiriça entre micro e pequenas empresas. Também será um centro de excelência e instrumento de integração do Sistema Sebrae com organizações políticas, econômicas e sociais dos países vizinhos. Com isso, será possível incrementar as possibilidades e as modalidades de interação e de colaboração entre as empresas, abrindo novos mercados e permitindo que as empresas envolvidas compartilhem custos de logística. Na foto, autoridades do Brasil, Paraguai e Argentina que participaram da reunião técnica, em Foz.

Sistema Regional de Inovação começa a funcionar no sudoeste Empreendedor Rural ganha revista dirigida A Revista Programa Empreendedor Rural, uma publicação do Sebrae/PR, Senar/PR, Faep e Fetaep, foi lançada oficialmente, no início de dezembro, durante o Encontro Estadual de Empreendedores, que contou com a participação de mais de 3,5 mil produtores rurais de todo o Paraná. A primeira edição da revista, com tiragem de 5 mil exemplares, trouxe casos de sucessos, experiências bem sucedidas de produtores rurais que participaram do Programa em todas as regiões do Estado, e abordou também temas de interesse, re-

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lacionados ao agronegócio paranaense. Na foto, a presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Kátia Abreu, apresenta ao púbico a nova revista. O Programa Empreendedor Rural começou em 2003 e hoje é modelo para 21 estados brasileiros e Distrito Federal. O Programa, idealizado pelo Sebrae/PR, Senar/PR, Faep e Fetaep, é dividido em três etapas e trabalha com três componentes básicos: desenvolvimento humano, gestão do conhecimento e criação e implantação de projetos.

O Sistema Regional de Inovação (SRI) no Sudoeste do Paraná, iniciativa do Sebrae/PR, Agência de Desenvolvimento Regional, Fiep e Prefeituras, com o apoio da Reparte, para potencializar os ativos econômicos da região, criando um ambiente de inovação e uma rede de relacionamento entre instituições, entidades e empresas prestadoras de serviços, começou a funcionar oficialmente. Representantes de prefeituras, entidades de apoio e instituições de ensino superior assinaram em outubro um termo de cooperação e adesão ao SRI. A assinatura foi na Regional Sudoeste do Sebrae/PR, que fica em Pato Branco. Desde a assinatura, empresários e representantes de entidades e instituições de ensino, interessados em se valer das informações

armazenadas, têm aderido e feito uso, gratuitamente, do SRI, pelo www.sudoesteinovativo.com.br. O SRI funciona como uma agência de desenvolvimento focada nos pequenos negócios. As micro e pequenas empresas são as principais beneficiárias dos centros de empreendedorismo que se desenham com a implantação do SRI, e têm acesso ao conhecimento que envolve inicialmente os ativos econômicos de quatro municípios da região. Pato Branco tem um parque tecnológico sendo estruturado em software, biotecnologia e eletroeletrônicos. Em Francisco Beltrão, o forte é a indústria de alimentos. Em Dois Vizinhos, o vestuário e software. Em Chopinzinho, a riqueza natural e a extração de pedras ametistas.

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Missão técnica paranaense visita Japão O comando do Sebrae/PR participou de uma missão técnica ao Japão, em novembro de 2008. Darci Piana, presidente da Fecomércio e então presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, e Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae/ PR, percorreram as regiões de Aichi, Shizuoka e Tóquio, numa viagem que durou cerca de 10 dias. Eles fizeram a abertura da Promofest, um evento tradicional em Hamamatsu, que concentra a maior comunidade de nipo-brasileiros no Japão. O Sebrae montou estande (foto) e realizou atendimentos durante o evento. O comando do Sebrae/PR, durante a missão ao Japão, fez contatos com representantes de incubadoras tecnológicas japonesas, de empresas administradas por brasileiros, da Confederação Nacional do Comércio, da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, do Ministério do Trabalho e de Câmaras do Comércio. Em pauta, futuras parcerias e o intercâmbio de negócios.

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Os empresários do comércio varejista têm uma oportunidade imperdível. O Sebrae/PR e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) passam a oferecer a partir deste ano o MBA em Gestão do Varejo. O MBA tem duração de 18 meses e as aulas serão ministradas na sede do Sebrae/PR, em Curitiba.

Meinberg, especialista em Administração (Planejamento Estratégico) pela Columbia University. O MBA em Gestão do Varejo foi formatado especialmente para empresários e gerentes de varejos do Paraná, com o objetivo de contribuir na formação e capacitação do setor.

A aula inaugural será no dia 27 de março e as atividades, mensais, começam em abril. Os professores da FGV João Baptista de Paula Villena Soares e José Luiz Meinberg vão coordenar o MBA. Villena é vice-presidente e sócio do Instituto MVC – Educação Corporativa.

As inscrições vão até o dia 6 de março e os interessados passarão por uma pré-seleção (análise de currículos), de 9 a 13 de março. As matrículas podem ser feitas de 16 a 20 de março. Mais informações pelo 0800 570 0800 ou pelo site www.sebraepr.com.br.

MPE Brasil divulga vencedores no Paraná

Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa

Foto: Marcos Aurélio Gonçalves

Sebrae/PR e FGV lançam MBA em Gestão do Varejo

Nove micro e pequenas empresas do Paraná venceram o Prêmio Sucesso Empresarial 2008, uma parceria do Sebrae/PR, Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e Grupo Gerdau: Escola Pequeno Príncipe (Nova Londrina), na categoria serviço de educação; FBITS Desenvolvimento de Software (Curitiba) e Accion (Maringá), na categoria serviços de TI; JPA Viagens e Turismo (Londrina) na categoria serviços de turismo; Armando Pertuzati (Cascavel), na categoria agronegócio; Vininha Panificadora (Curitiba), Panificadora Nervis (Foz do Iguaçu) e Eriton Motos (Maringá), na categoria comércio; Case Plásticos (Curitiba), na categoria indústria; e Escola Pequeno Príncipe (Nova Londrina), na categoria responsabilidade social. O Prêmio, que neste ano passou a se chamar MPE Brasil, chegou à final, no Paraná, com 24 empresas de 12 municípios. A edição 2008 teve 4,5 mil empresas inscritas, um crescimento de 375% em relação a 2007, que contou com 951 participantes. O número de municípios representados no concurso também teve um salto significativo, passando de 93 em 2007 para 194 em 2008, registrando um aumento de 110%. No ranking regional, destaque para as regiões sudoeste, que registrou participantes de 17 municípios; centro-sul, de 43 municípios; e a região oeste, que, de seus 60 municípios, 44 tiveram empresas inscritas no concurso. A solenidade de premiação foi no dia 15 de dezembro. O Prêmio MPE Brasil é uma ferramenta de gestão que já auxiliou mais de 2 mil micro e pequenas empresas no Paraná, na busca por excelência empresarial, medindo sua capacidade de gestão e seu grau de competitividade, com base nos critérios de excelência da Fundação Prêmio Nacional de Qualidade (FPNQ): liderança, estratégias e planos, clientes, sociedade, informação e conhecimento, pessoas, processos e resultados.

Bairro Empreendedor leva soluções para pequenas empresas, em Maringá O Projeto Bairro Empreendedor levou, em 2008, um conjunto de soluções empresariais para 225 micro e pequenas empresas, distribuídas em bairros que ficam no entorno das avenidas Mandacaru, Das Palmeiras, Kakogawa e Alexandre Rasgulaeff, em Maringá, no noroeste do Estado. As ações do Bairro Empreendedor, uma parceria do Sebrae/PR, Prefeitura e entidades, foram de maio a novembro. Consultores do Projeto realizaram diagnóstico que levantou os pontos fortes, e também, identificou quais eram as oportunidades de melhorias nas empresas. Com essas informações, um plano de ação foi desenvolvido para oferecer soluções pontuais às demandas dos empresários. Ainda foram realizados ciclos de seminários e palestras sobre temas como liderança e empreendedorismo, e também, treinamentos nas áreas de finanças, marketing, recursos humanos e vendas. Ao todo,

foram realizadas 400 horas de capacitação e 3 mil horas de consultorias nas empresas. Pesquisa realizada pelo Sebrae/PR, para avaliar a efetividade das ações desenvolvidas pelo Projeto, demonstra que os empresários aprovaram a estratégia do Bairro Empreendedor. O levantamento foi realizado com 188 empresas, das 225 participantes. Dos empresários ouvidos, 91% declararam que o Bairro Empreendedor atendeu às expectativas; 86% disseram que os conteúdos abordados durante o Projeto são práticos e aplicáveis nas empresas, e ainda, 93% avaliaram que as consultorias recebidas foram efetivas. A previsão é que em 2009 as atividades do Bairro Empreendedor aconteçam em outros bairros da cidade. A proposta é criar um ambiente favorável ao desenvolvimento dos pequenos negócios, levando informações aos empresários de micro e pequenas empresas e contribuindo para o aumento da geração de renda e para o desenvolvimento social e econômico do município.

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Foto: Nilton Rolin

Fotos: Divulgação

Sessenta lotes de cafés especiais despertaram o interesse dos visitantes

1ª Ficafé projeta cafés especiais do norte pioneiro A 1ª Ficafé - Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro, uma realização do Sebrae/PR e Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), realizada em novembro, representou o início de uma nova fase para os cafeicultores da região. Primeiro evento do gênero no Estado, foi um sucesso de público e de expectativas. Cerca de 1,5 mil produtores, compradores, fornecedores, lideranças e representantes de entidades da cafeicultura, de diversos estados brasileiros e também do exterior, participaram da programação, no Pavilhão de Convenções do Centro de Eventos de Jacarezinho. Dos 60 lotes de cafés especiais expostos, 30 despertaram o interesse de compradores. Compradores e comercializadores da bebida, representando 16 empresas de Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná, garantiram a prospecção de negócios. Quinze caravanas da região visitaram a Ficafé.

Lotes da bebida foram vendidos a 3 vezes em média a mais que o valor normal. Os contatos com o mercado externo também entusiasmaram os produtores de café da região. Uma missão espanhola desembarcará, em 2009, no norte pioneiro, para conhecer a qualidade do produto. Um representante da Starbucks, na Suíça, participou da Ficafé e levou amostras dos cafés especiais produzidos na região para análise. O lançamento da marca Café do Norte Pioneiro do Paraná também vai ajudar a conquistar o mercado nacional e internacional. A idéia é agregar valor ao produto, dando uma identidade territorial, o que é fundamental para ganhar o mercado, fechar bons negócios e virar referência. O norte pioneiro é responsável por quase 50% do café produzido no Paraná, quinto maior produtor brasileiro da bebida.

Empreendedorismo feminino em alta O Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2008/2009 recebeu cerca de 400 inscrições no Paraná, nas categorias “Proprietárias de Micro e Pequenas Empresas Formais” e “Membros de Associações ou Cooperativas de Pequenos Negócios”. Em sua quinta edição, o Prêmio é uma iniciativa do Sebrae Nacional, Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres, Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (BPW) e Fundação Nacional da Qualidade, com o objetivo de estimular e valorizar o empreendedorismo feminino. A cada ano que passa, cresce o número de inscrições paranaenses ao

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Prêmio. Em 2005, foram 40 inscrições. Em 2006, 36. E no ano passado, 275. Em março deste ano, serão divulgadas as ganhadoras por região, de cada categoria, que totalizarão 10 mulheres (cinco de cada categoria). Será também divulgado o prêmio extra, concedido para duas mulheres, uma de cada categoria. Essas duas mulheres serão consideradas as ganhadoras nacionais. A participação na etapa nacional também é tradição paranaense. O Estado já teve vencedoras em todas as edições do Prêmio: Joice Roncaglio (2004), Adriane Muller (2005), Sheila Chamecki Rigler (2006); e Cleide Matos (2007).

Sebrae/PR inaugura novo escritório em Foz, no oeste O novo escritório do Sebrae/PR em Foz do Iguaçu (foto), no oeste do Paraná, foi inaugurado em novembro. Durante a cerimônia, na Rua das Guianas, 151, no bairro Jardim América, foi descerrada uma placa inaugural, para marcar o início oficial das atividades da entidade na nova sede. O Sebrae/PR atende em Foz do Iguaçu desde os anos 1990. Nasceu como um pequeno ponto de atendimento, numa parceria firmada na época com a Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (ACIFI). Durante quase cinco anos, o Balcão Sebrae, como era chamado o ponto de atendimento da entidade, funcionou nas dependências da ACIFI. Mais tarde, o escritório passou a atender em dois endereços, na Rua Marechal Floriano Peixoto. O úl-

timo, inclusive, dividia espaço com o Sindicato Rural. Desde então, crescem a cada dia as atividades e os serviços desenvolvidos pela entidade não somente em Foz, mas em diversos municípios da microrregião. São feitos em média de 300 atendimentos ao mês, em Foz e microrregião, em finanças, gestão, marketing, Recursos Humanos e mercado. Os consultores do escritório levam ainda soluções empresariais do Sebrae/PR para setores estratégicos como o turismo e o comércio. Com destaque especial para os programas Ñandeva, Caminhos do Turismo e VarejoMAIS - Mais Vendas, Mais Competitividade, todos desenvolvidos em parceria com diversas entidades da cidade e região.

Roteiro cria turismo industrial, nos Campos Gerais O Sebrae/PR, o Convention & Visitors Bureau de Ponta Grossa, a Secretaria de Estado do Turismo (SETU), a Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG) e Rotas do Turismo lançaram no final de 2008 um novo roteiro turístico na região dos Campos Gerais. É o Roteiro Turístico Industrial, com duração entre dois e três dias com paradas nos principais parques industriais instalados na região, intercaladas com visitas a roteiros turísticos tradicionais. O roteiro, com foco empresarial, tem como objetivo transformar a vocação industrial regional em atrativo turístico. Representantes de agências

e operadoras de Curitiba e Ponta Grossa participaram de uma viagem de familiarização para conhecer o novo roteiro, que prevê paradas em seis indústrias com alto grau tecnológico, número que chegará a 11, em 2009. Na primeira viagem de familiarização, os representantes de agências e operadoras, que são os responsáveis pela comercialização dos pacotes, conheceram a Fundição Hubner, fornecedora da indústria automobilística; a Beaulieu do Brasil, de origem belga e produtora de revestimento têxtil para pisos; e a Femsa, cervejaria com capacidade de produção de 250 milhões de litros/ano.

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Artigo

SOLUÇÕES PARA PEQUENAS EMPRESAS

O processo de desenvolvimento e as pequenas empresas

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Allan Marcelo de Campos Costa

“As micro e as pequenas empresas são fundamentais no processo de transformação e desenvolvimento.”

Allan Marcelo de Campos Costa é mestre pela Universidade de Lancaster, Inglaterra – MSc in IT, Management and Organizational Change - e mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, tem MBA em Gestão de Negócios pela IBMEC Business School e é pós-graduado em Desenvolvimento Gerencial para Executivos pela FAE/CDE. Diretor-superintendente do Sebrae/PR possui artigos publicados em jornais, revistas e conferências no Brasil e no exterior, em países como Chile, África do Sul, Reino Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia.

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A região de Emilia-Romagna está localizada no centro da Itália e, até a década de 70, sua economia era eminentemente agrícola e de baixo desenvolvimento. Desde então, esta região transformou sua dinâmica a partir da criação de distritos industriais apoiados no desenvolvimento de uma forte cultura de cooperação e no fortalecimento de redes de pequenas empresas. Como resultado, a região hoje apresenta indicadores de renda per capita, qualidade de vida e distribuição de renda entre os melhores da Europa. A Irlanda foi, por mais de dois séculos, um dos países mais pobres da Europa, com baixos níveis de escolaridade e elevados níveis de emigração. No final da década de 80, o governo reduziu a carga tributária do setor produtivo ao mesmo tempo em que investiu fortemente em educação, desburocratização e no tratamento diferenciado a pequenas empresas. Desde então, o PIB irlandês atingiu os níveis da União Européia em 1998, o desemprego caiu de 16% para 4% em uma década e o país tornou-se um dos maiores centros mundiais de software e tecnologia. Castilla y Leon é uma região espanhola que, até o início da década de 90, era essencialmente uma área rural com alto nível de desemprego. Em 1994, a região criou um Sistema Regional de Inovação baseado numa rede de agentes locais que visitavam áreas isoladas, levando inovação às pequenas empresas de forma concreta e in loco. Desta iniciativa, resultaram centenas de projetos que, a partir de sua

implantação, alavancaram os níveis de competitividade das empresas com conseqüente dinamização da economia de toda a região e drástica redução nos níveis de desemprego. Embora alguns elementos da abordagem utilizada em cada uma destas histórias de sucesso sejam diferentes (cooperação na Emilia-Romagna, educação e desburocratização na Irlanda, inovação em Castilla y Leon), temos entre elas um ponto em comum: as micro e as pequenas empresas como elementos fundamentais do processo de transformação e desenvolvimento. E são exemplos como estes que evidenciam o acerto de estratégias que privilegiem e dêem tratamento diferenciado aos pequenos negócios. Em 1º de janeiro, prefeitos e prefeitas eleitos e reeleitos começaram a escrever uma nova página na história dos municípios paranaenses e brasileiros. Esperamos que, no futuro, estas páginas descrevam histórias de êxito ainda maiores do que as descritas anteriormente, a partir de iniciativas que propiciem um ambiente de desenvolvimento profícuo para os pequenos negócios. Desburocratização, participação das pequenas empresas nas compras governamentais e incentivos à formalização e à geração de empregos nos municípios são apenas alguns dos muitos exemplos de ações que podem contribuir com a construção deste futuro e podem ajudar a construir uma economia próspera, com os pequenos negócios ocupando o lugar que lhes é de direito. Este é um caminho que, comprovadamente, vale a pena ser trilhado.

REGIONAL SUDOESTE Pato Branco Avenida Tupi, 333 - Bairro Bortot – CEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250 – Fax: (46) 3220-1251

REGIONAL CENTRO-SUL Curitiba Rua Caeté, 150 - Bairro Prado Velho – CEP: 80.220-300 Fone: (41) 3330-5800 – Fax: (41) 3330-5768/ 3332-1143

Escritório Francisco Beltrão Rua São Paulo, 1212 - sala 01 Bairro Centro – CEP: 85.601-010 Fone: (46) 3524-6222 – Fax: (46) 3524-5779

Escritório Guarapuava Rua Arlindo Ribeiro, 892 - Bairro Centro – CEP: 85.010-070 Fone: (42) 3623-6720 – Fax: (42) 3623-6720

REGIONAL NOROESTE Maringá Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto, 1116 Bairro Zona 07 – CEP: 87.030-010 Fone: (44) 3220-3474 – Fax: (44) 3220-3402 Escritório Campo Mourão Avenida Manoel M. de Camargo, 1111 Bairro Centro – CEP: 87.302-080 Fone: (44) 3523-5386 – Fax: (44) 3523-5386 Paranavaí Rua Mato Grosso, 1874 A – Bairro Centro CEP: 87.702-030 Fone: (44) 3423-2865 – Fax: (44) 3423-2794 Umuarama Avenida Brasil, 3404 – Bairro Zona I CEP: 87.501-000 – Fone/fax: (44) 3622-7028 Fax: (44) 3622-7065

Ponta Grossa Rua XV de Novembro, 120 - Bairro Centro – CEP: 84.010-020 Fone: (42) 3225-1229 – Fax: (42) 3225-1229

REGIONAL NORTE Londrina Av. Santos Dumont, 1335 – Bairro Aeroporto CEP: 86.039-090 Fone: (43) 3373-8000 – Fax: (43) 3373-8005 Escritório Apucarana Rua Osvaldo Cruz, 510 13º andar Bairro Centro CEP: 86.800-720 Fone: (43) 3422-4439 – Fax: (43) 3422-4439 Ivaiporã Rua Professora Diva Proença, 1190 Bairro Centro – CEP: 86.870-000 Fone: (43) 3472-1307 – Fax: (43) 3472-1307 Jacarezinho Rua Dr. Heráclio Gomes, 732 – Bairro Centro CEP: 86.400-000 – Fone: (43) 3527-1221 Fax: (43) 3527-1221

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