Rui Miguel Ribeiro de Campos Leitão
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890
Dissertação elaborada sob a orientação do Professor Doutor Manuel Carlos de Brito e apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências Musicais na especialidade de Musicologia Histórica.
Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas 2006
Agradecimentos
Quero aqui manifestar os meus agradecimentos ao Professor Doutor Joseph Scherpereel, ao Senhor Eugénio Vieira e à Doutora Catarina Latino pela ajuda prestada na consulta dos arquivos documentais por que são responsáveis; designadamente, os arquivos históricos do Montepio Filarmónico, da Sé Patriarcal e do Centro de Estudos Musicológicos da Biblioteca Nacional de Lisboa. Também à Doutora Conceição Correia, ao Professor Doutor Manuel Carlos de Brito, que apoiou desde o primeiro momento esta minha iniciativa, e à Professora Doutora Teresa Cascudo, pelos seus avisados conselhos. Por último, a todos aqueles que demonstraram o seu interesse pelo desenvolvimento deste trabalho.
3
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Índice
Índice Introdução
p. 9
Ambiência musical e sonora: o conceito
p. 9
A cidade de Lisboa
p. 11
O ano de 1890
p. 12
A música em Portugal em fins do século XIX: estado da questão
p. 13
Metodologia e recursos documentais
p. 16
Capítulo 1 – A música nos teatros
p. 21
1.1.
Os teatros de Lisboa: localização e caracterização
p. 21
1.1.1.
A disposição topográfica dos teatros públicos
p. 21
1.1.2.
Os teatros públicos
p. 24
1.2.
O reportório teatral
p. 31
1.3.
A música cénica
p. 32
1.3.1.
O reportório musical
p. 32
1.3.2.
Nos circos
p. 38
1.4.
Para além da música teatral
p. 40
1.4.1.
As Cançonetas
p. 41
1.4.2.
Fora do palco
p. 42
Os agentes musicais
p. 45
1.5. 1.5.1.
Compositores e ensaiadores
p. 46
1.5.2.
As formações musicais nos teatros
p. 49
1.5.3.
Os professores de música
p. 62
1.6.
Os teatros privados e associativos
p. 64
Capítulo 2 – A música sacra
p. 67
2.1
Os eventos religiosos com música
p. 67
2.2
As igrejas de Lisboa
p. 70
2.3
Os agentes musicais
p. 73
2.4
A Sé Patriarcal de Lisboa
p. 80
Capítulo 3 – Os concertos
p. 83
3.1.
p. 84
As academias
3.1.1.
A Real Academia de Amadores de Música
p. 86
3.1.2.
A Academia Musical de Lisboa
p. 90
3.1.3.
Os concertos extraordinários
p. 93
A música de câmara e as audições escolares
p. 98
3.2.
4
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Índice
Capítulo 4 – Espaços exclusivos: particulares e associativos
p. 103
4.1.
Os salões de Lisboa
p. 103
4.2.
Os amadores de música
p. 111
4.2.1.
As aulas de música
p. 112
4.2.2.
As lojas de música
p. 114
4.3.
As caixas de música
p. 116
4.4.
As actividades associativas: os bailes, as festas e os saraus
p. 118
Capítulo 5 – A ambiência sonora e musical dos espaços públicos
p. 123
5.1.
O som das ruas
p. 124
5.2.
Os jardins e as bandas de música
p. 130
5.3.
O Jardim Zoológico
p. 135
Capítulo 6 – As mutações da ambiência sonora ao longo do ano de 1890
p. 137
6.1.
A agenda social
p. 137
6.2.
Os dias da semana
p. 138
6.3.
Os períodos festivos
p. 140
6.3.1.
Os dias feriados
p. 140
6.3.2.
O Carnaval
p. 142
6.4.
Os períodos sazonais
p. 144
6.4.1.
As épocas teatrais
p. 144
6.4.2.
As estações do ano
p. 150
As circunstâncias extraordinárias
p. 151
6.5. 6.5.1.
O surto de gripe
p. 151
6.5.2.
O Ultimatum
p. 153
6.5.3.
O novo coliseu e a crise dos teatros
p. 155
Capítulo 7 – Os públicos
p. 159
7.1.
Uma quantificação dos públicos
p. 159
7.2.
O preço dos ingressos
p. 163
7.3.
A «sociedade elegante» nos teatros
p. 164
7.4.
A «moda» do Jardim zoológico
p. 166
Capítulo 8 – A expressão musical das causas políticas
p. 167
8.1.
«A portuguesa» e outros hinos
p. 168
8.2.
A proibição das bandas filarmónicas
p. 171
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Índice
5
Capítulo 9 – A escuta
p. 173
9.1.
A escuta praticada
p. 173
9.2.
A consciência do ruído
p. 177
Conclusão
p. 179
Fontes documentais
p. 185
Fontes manuscritas
p. 185
Publicações periódicas
p. 185
Monografias (anteriores a 1950)
p. 185
Monografias (posteriores a 1950)
p. 186
Anexos
p. 191
Anexo A1
Listagem das récitas apresentadas no Teatro de São Carlos no ano de 1890.
p. 192
Anexo A2
Listagem das óperas exibidas no Teatro de São Carlos no ano de 1890.
p. 196
Anexo B1
Listagem de representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro de D. Maria II.
p. 197
Anexo B2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro de D. Maria II.
p. 200
Anexo C1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de1890 no Teatro da Trindade.
p. 201
Anexo C2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro da Trindade.
p. 208
Anexo D1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de1890 no Teatro da Rua dos Condes.
p. 209
Anexo D2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes.
p. 217
Anexo E1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de1890 no Teatro do Ginásio.
p. 218
Anexo E2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro do Ginásio.
p. 222
Anexo F1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de1890 no Teatro do Príncipe Real.
p. 224
Anexo F2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real.
p. 232
Anexo G1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de1890 no Teatro da Avenida.
p. 233
Anexo G2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro da Avenida.
p. 238
Anexo H1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro Alegria.
p. 239
Anexo H2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro Alegria.
p. 244
Anexo I1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Rato.
p. 245
Anexo I2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro do Rato.
p. 250
Anexo J1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro Luís de Camões.
p. 251
Anexo J2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro Luís de Camões.
p. 252
Anexo K1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Real Coliseu de Lisboa.
p. 253
Anexo K2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Real Coliseu de Lisboa.
p. 259
Anexo L1
Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Coliseu dos Recreios.
p. 260
Anexo L2
Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Coliseu dos Recreios.
p. 263
6
Anexo M Anexo N Anexo O Anexo P Anexo Q
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Índice
Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. Listagem de ocasiões musicais em domínio privado e com acesso exclusivo ocorridas no ano de 1890. Listagem de ocasiões musicais em espaço público com acesso restrito ocorridas no ano de 1890.
p. 264
Listagem de ocasiões musicais em espaço público ocorridas no ano de 1890.
p. 287 p. 289
p. 280 p. 282
Anexo T
Listagem dos nomes dos músicos vinculados à Associação MúsicaVinte e Quatro de Junho no ano de 1890, com respectivo instrumento e orquestra/s. Relação dos valores entregues à Associação Música Vinte e Quatro de Junho por parte de cada músico ao longo do ano de 1890 e referentes às funções profanas e divinas remuneradas. Listagem dos eventos religiosos com prática musical no ano de 1890 apurados a partir da pesquisa efectuada sobre os documentos referentes às «funções divinas» guardados no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho com o respectivo número de elementos que constituíam as formações. Listagem de concertos ocorridos no ano de 1890.
Anexo U
Preços dos ingressos nos teatros de Lisboa no ano de 1890.
p. 307
Anexo V
Circunstâncias sociais e políticas mais relevantes do ano de 1890.
p. 309
Anexo R Anexo S
p. 296 p. 298
p. 305
Tabelas, gráficos e figuras Capítulo 1 Figura 1.1. Figura 1.2. Gráfico 1.1. Gráfico 1.2. Tabelas 1.1.
Tabela 1.2. Tabela 1.3. Tabela 1.4. Tabela 1.5. Tabela 1.6. Tabela 1.7. Tabela 1.8. Tabela 1.9. Tabela 1.10.
Planta do centro da cidade de Lisboa indicando a localização de cada um dos teatros e respectivas ilustrações. Plantas dos teatros de Lisboa.
p. 22
Número de eventos teatrais verificados em cada casa de espectáculos em 1890. Percentagem relativa de eventos teatrais ocorridos em cada teatro no ano de 1890. Composição das formações musicais inscritas num orçamento assinado pela direcção da Associação Música Vinte e Quatro de Junho a 15 de Março de 1891. Guardado no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho (Expediente de 1890). Nomes dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro da Trindade em Janeiro de 1890. Dimensão aproximada da Orquestra do Teatro da Trindade em cada um dos meses do ano de 1890. Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro da Rua dos Condes em Janeiro de 1890. Dimensão aproximada da Orquestra do Teatro da Rua dos Condes em cada um dos meses do ano de 1890. Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro Alegria em Dezembro de 1890. Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro da Avenida em Julho de 1890, aquando das três representações da Opereta Barba Azul. Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro de São Carlos em Janeiro de 1890. Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Real Coliseu de Lisboa em Maio de 1890. Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Coliseu dos Recreios em Setembro de 1890 e respectiva proveniência.
p. 28
p. 25
p. 29 p. 50
p. 52 p. 52 p. 54 p. 54 p. 57 p. 58 p. 59 p. 60 p. 62
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Índice
7
Capítulo 2 Gráfico 2.1.
p. 68
Tabela 2.6.
Número de eventos religiosos com música registados em cada mês do ano de 1890. Número de incidências musicais registadas em cada espaço de culto ao longo de 1890. Formação musical que se apresentou na igreja de São Roque e Misericórdia no período da Páscoa. Formação musical que se apresentou na igreja de São Roque e Misericórdia no período da Páscoa. Listagem dos músicos da Associação Música Vinte e Quatro de Junho cujos valores recebidos pelas funções divinas corresponde a uma percentagem sobre o seu rendimento global compreendida entre dez e quarenta por cento. Seis exemplos de formações que se apresentaram em igrejas da cidade Lisboa lideradas pelos músicos Firmino Barata e Francisco Araújo Apresentações conhecidas do organista Francisco Manuel Gomes Ribeiro
Tabela 2.6.
Listagem dos músicos vocais vinculados à Sé Patriarcal de Lisboa
p. 81
Tabela 2.8.
Listagem dos músicos instrumentistas que interviram na Festividade da Nossa Senhora da Purificação celebrada da Sé Patriarcal de Lisboa em Fevereiro de 1889
p. 82
Tabela 2.1. Tabela 2.2. Tabela 2.3. Tabela 2.4. Tabelas 2.5.
p. 71 p. 74 p. 75 p. 76 p. 78 p. 79
Capítulo 3 Tabela 3.1.
Obras interpretadas por Victor Hussla, Alexandre Rey Colaço, João Cunha e p. 101 Silva, Filipe Duarte e Alfredo Gazul em Maio de 1890 no Salão do Teatro de São Carlos
Capítulo 4 Tabela 4.1.
p. 105
Tabela 4.2.
Listagem das casas que organizaram saraus em 1890 – a partir da consulta da imprensa de 1890. Lojas de artigos de música abertas ao público na cidade de Lisboa em 1890.
Tabela 4.3.
Listagem das instituições que organizaram bailes, festas ou saraus em 1890.
p. 118
Tabela 5.1.
p. 131
Figura 5.1.
Bandas que se apresentaram em Lisboa no ano de 1890 e que foram anunciadas na imprensa. «O maestro Gaspar com a Banda da Guarda Municipal»
Figura 5.2.
«Banda de música»
p. 133
p. 114
Capítulo 5 p. 132
Capítulo 6 Gráfico 6.1. Gráfico 6.2. Gráfico 6.3. Gráfico 6.4. Gráficos 6.5. Gráfico 6.6. Gráfico 6.7.
Percentagem relativa de eventos com música registados em cada dia da semana. Número de eventos religiosos com música registados em cada dia da semana.
p. 138
Percentagem relativa dos eventos teatrais ocorridos em cada dia da semana no ano de 1890. Número de concertos registados em cada dia da semana. Evolução do número de récitas registadas em cada teatro de Lisboa ao longo de 1890. Número de espectáculos teatrais registados em cada mês do ano de 1890. Percentagem relativa de eventos teatrais ocorridos em cada teatro nos últimos cinco meses do ano de 1890.
p. 140
p. 140
p. 140 p. 145 p. 150 p. 157
Capítulo 7 Tabela 7.1.
Ensaio de cálculo sobre o número de espectadores das casas de espectáculo de Lisboa em 1890, se as casas estivessem esgotadas em todas as representações.
p. 160
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Introdução
9
Introdução Este trabalho assume um propósito prospectivo cujo objectivo consiste em servir a análise e a compreensão do universo auditivo da população de Lisboa em finais do século XIX. A sua pesquisa incide, portanto, num exemplo concreto de cultura urbana; designadamente, sobre as fontes que permitem a reconstrução da ambiência musical e sonora da capital portuguesa de há mais de um século. Com tal procedimento pretende-se favorecer uma leitura do passado liberta, quanto possível, de distorções provenientes de assunções estéticas, ideológicas e morais dos nossos dias, mediante as quais só podemos interpretar a nossa própria vivência.
Ambiência musical e sonora: o conceito A designação «ambiência musical e sonora» aqui aplicada deriva do conceito de «paisagem sonora», o qual está profundamente ligado ao universo citadino e que, metodologicamente, se enquadra na corrente emergente da denominada Historiografia Urbana. Esta tendência tem vindo a traduzir-se numa série de estudos sobre a vida cultural e musical das cidades, sobre a história das instituições musicais e sobre a história social dos músicos. Que tipo de sons se escutariam se pudéssemos percorrer uma qualquer cidade num passado distante? E que significados teriam para os seus habitantes? Quem eram os músicos que interpretavam a música que se ouvia? Onde e em que condições se ouvia essa música? Estas perguntas, têm orientado e servido de estímulo para muitos investigadores. São também elas que encaminharam a pesquisa que aqui se apresenta. O exemplo mais utilizado para ilustrar este tipo de abordagem é o capítulo introdutório do livro Music in Late Medieval Bruges, de Reinhard Strohm. Sugestivamente intitulado «Townscape – Soundscape»,1 é nele feita uma descrição da paisagem sonora de uma cidade medieval. Foi, porém, Murray Schafer quem enunciou as premissas do conceito «paisagem 1
Reinhard STROHM, Music in Late Medieval Bruges, New York, Oxford University Press, 1985.
10
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Introdução
sonora», em finais dos anos sessenta do século XX. Desde então, as suas ideias têm sido apropriadas com os mais variados sentidos. A definição mais abrangente do conceito é o de envolvimento sonoro de um espaço físico. Pode referir-se a ambientes concretos ou a construções abstractas, – como a composição musical sempre que esta é entendida como ambiência auditiva – ou, ainda, à forma como tudo isto é escutado. Na sua origem, Schafer anunciou através do World Soundscape Project 2 o interesse pela pesquisa dos aspectos científicos, estéticos, filosóficos e sociológicos de uma ecologia do ambiente sonoro. Em The Tuning of the World 3 apresentou, sobretudo, uma preocupação com a estetização do ambiente acústico e com as relações que se estabelecem entre este e o reportório musical. Ele entende que o envolvimento acústico, incluída a música, é um reflexo da sociedade em que está estabelecido. Para melhor explicar o seu raciocício encontrou uma das mais belas alegorias de toda a História da Musicologia. Pede que imaginemos que o termo «paisagem sonora» significa uma gigantesca composição musical que nos circunda sem qualquer interrupção; sem sabermos quando começou nem quando terminará; que se trata de um concerto onde temos reservado um lugar na plateia e pelo qual não precisámos de pagar qualquer bilhete. Embora Schafer nunca tenha abdicado da sua condição de compositor, na sua produção teórica, a música assume um menor protagonismo e aparece diluída num domínio mais vasto, o qual, constitui no seu todo, a composição de uma determinada paisagem sonora. Aponta também nos músicos uma exagerada preocupação com os detalhes da sua arte e o seu desconhecimento dos contextos social, político e ambiental que os envolvem e das implicações destes sobre a obra de arte musical. O presente trabalho identifica-se parcialmente com a sua linha de estudo. Contudo, adopta a designação «ambiência musical e sonora» para determinar a caracterização do todo sonoro envolvente do espaço físico de uma cidade. Tal opção está determinada por três factores: não se 2
Grupo de pesquisa formado no final dos anos 60 por investigadores Canadianos da Simon Fraser University. Tinha como finalidade inicial estudar o meio ambiente sonoro. 3 Murray SCHAFER, The Tuning of the World, New York, A. Knopf, 1975.
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Introdução
11
pretende apelar à responsabilidade cívica pelo universo acústico da humanidade; as conotações visuais da palavra «paisagem» não favorecem o entendimento do meio em que o Homem habita na perspectiva de um todo vivencial, o qual integra necessariamente a componente auditiva; por último, as fontes consultadas impuseram uma grande relevância à componente musical, que não queremos contornar. Porém, a música não deixa de ser aqui considerada como um recurso colocado ao serviço da estetização e funcionalização de uma conjuntura social específica – não como obra artística.4 Interessa, primeiramente, caracterizar a relação que esta estabelece com as pessoas. Existem em todas as sociedades lugares de contemplação, de usufruição estética, de aprendizagem ou de entretenimento nos quais a música está presente. Na verdade, ela ocupa um privilegiado segmento do campo auditivo das pessoas, pois beneficia de uma atenção por parte de quem a ouve que pouco tem a ver com a distraída percepção dos sons que nos rodeiam no quotidiano funcional. Serão, portanto, aqui considerados em torno da música cinco aspectos: os reportórios que dominavam a efectiva experiência musical dos habitantes da cidade de Lisboa; as condições específicas em que era interpretada e recepcionada – considerando o sistema produtivo, a caracterização de públicos e a sua relação com espaço; e toda a realidade sonora que, não convencionada como música, circundava a prática musical e, como fruto dessa convivência, se afirmava como parâmetro de referenciação.
A cidade de Lisboa Em fins do século XIX, a sociedade lisboeta estava em profunda transformação. Era uma metrópole pacata que manifestava graves carências na comparação com as principais cidades europeias, designadamente no que se refere aos modelos civilizacionais então considerados. Só por esta altura se começou a implantar de forma generalizada a água canalizada ao domicílio, o 4
Sobre o conceito de Obra ver Michael TALBOT (ed.), Musical Work: Reality or Invention?, Liverpool, Liverpool University Press - Liverpool Music Symposium, 2000.
12
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Introdução
telégrafo, o telefone ou a iluminação eléctrica. Este estigma de atraso, amplamente documentado em escritos da época, era no entanto combatido com um esforçado empenho no desenvolvimento, o qual se fez reflectir fortemente na paisagem urbana de uma cidade que se situava num contexto geográfico que, até então, se caracterizava por imensas áreas por construir e que eram ocupadas por terrenos agrícolas e casas dispersas.5 Ao ser escolhida a cidade de Lisboa para o desenvolvimento deste estudo não se ignora de que se está a tratar uma pequena parte que integra um universo mais amplo e relativamente ao qual é implícita a sua dependência. Trata-se de um período da história em que também se registaram importantes mudanças nas principais capitais europeias, designadamente por intermédio do desenvolvimento das indústrias e dos meios de comunicação. Criaram-se as condições que, entre outros fenómenos, propiciaram o crescimento da classe média assim como a migração de muitas pessoas para as grandes cidades. Lisboa sofreu o mesmo processo de crescimento e de industrialização. Consolidou-se então como capital comercial e administrativa e viu nela crescer a pequena burguesia urbana.6 O que ocorreu em Lisboa, não obstante as suas especificidades, nunca deixou de ser a contracção de uma realidade que transcendeu os seus limites. Impõe-se, contudo, obter uma descrição bem documentada desta realidade para mais tarde permitir um estudo comparativo com o que se passava noutros lugares.
O ano de 1890 Uma das datas mais importantes do final do século XIX português (v. Anexo V) é o dia 11 de Janeiro de 1890. O governo inglês enviou então um ultimato a Portugal após um período de grandes desavenças diplomáticas, as quais tinham origem nas políticas das colónias seguidas pelos dois países.7 Na sequência deste acontecimento político verificaram-se movimentos sociais
5
Cf. António BARRETO e Maria Filomena MÓNICA, Retrato da Lisboa Popular, 1900, Lisboa, Editorial Presença, 1982. Cf. Manuel VILLAVERDE CABRAL, Portugal na alvorada do século XX – Forças sociais, poder político e crescimento económico de 1890 a 1914, Lisboa, A Regra do Jogo, 1979. 7 Cf. Nuno Severiano TEIXEIRA, O ultimatum inglês– política interna e política externa no Portugal de 1890, Lisboa, Alfa, 1990. 6
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Introdução
13
bastante expressivos, designadamente sob a forma de manifestações de protesto e de sentimento de ódio relativamente à Inglaterra. O governo e a monarquia foram responsabilizados na rua e na imprensa pela sua alegada inoperância. Assistiu-se, portanto, a uma forte exposição pública das vontades da população, sendo disso exemplo a composição e recepção d’A portuguesa, de Alfredo Keil.8 Os excessos da imprensa conduziram inclusivamente a uma legislação, posta em vigor a partir de Março, que restringia os direitos da sua liberdade. É também o ano que se seguiu à morte do Rei D. Luís I e dos primeiros passos do reinado de D. Carlos. O 1.º de Maio foi então comemorado pela primeira vez em Portugal e, em Junho, foi inaugurada a estação de caminhos de ferro do Rossio. O mesmo viria a acontecer em Agosto com o Coliseu dos Recreios. A escolha de um período de tempo de tão curta dimensão pretendeu favorecer uma eficaz execução de um projecto que nunca esteve vocacionado para a detecção de estruturas sociais ou de padrões de comportamento que só seriam verificáveis num período de tempo mais alargado. Como fez notar Jacques Le Goff,9 uma história de curto termo não é capaz de explicar as permanências e as mudanças, pelo que esse propósito fica automaticamente afastado. Esta condição é compensada pelo pressuposto de que neste trabalho a história dos hábitos de escuta e a descrição do universo sonoro que estavam estabelecidos naquele ano em Lisboa poderão revelarse como importantes contributos para um conhecimento mais alargado, nomeadamente das duas últimas décadas do século XIX.
A música em Portugal em fins do século XIX: estado da questão O recente interesse da Musicologia Histórica Portuguesa pelo século XIX já resultou nalguns trabalhos que nos fornecem uma quantidade de informação e um conhecimento sobre a maneira como os cidadãos experimentavam o fenómeno musical que não podem ser negligenciados. Não são, todavia, ainda suficientes para imaginar o som – entendido este no 8
V. Capítulo 8; Cf. Rui RAMOS, «O cidadão Keil: “A Portuguesa” e a cultura do patriotismo cívico em Portugal no fim do século XIX», in António Rodrigues (ed.), Alfredo Keil 1850-1907, Lisboa, Galeria de Pintura do Rei D. Luís, 2001, pp. 475-509. 9 Jacques LE GOFF (dir.) [1978], La nouvelle Histoire, Bruxelles, Ed. Complexe, 1999.
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Introdução
sentido mais amplo – que envolvia a vida urbana de finais do século XIX. Só com grande esforço de dedução nos podemos entregar à tarefa de perceber qual a música que se praticava. Para além das paredes do Teatro de São Carlos e das do Conservatório Real de Lisboa, continuamos a ter a percepção de uma cidade silenciosa e a não entender a presença da música e do som em geral como parte integrante fundamental do espaço citadino. No todo que constituem as referências bibliográficas a que nos estamos a referir é possível notar a presença persistente de dois tipos de abordagem: a interpretação e sistematização de estruturas sociocomunicativas verificáveis no seio das práticas musicais, com quase exclusivo enfoque nos espectáculos operáticos;10 e o estudo da música na perspectiva das origens do nacionalismo musical no nosso país.11 Verificamos também que são comuns a estas duas tendências, práticas argumentativas de dois géneros que pretendemos aqui salientar: o recurso à comparação da realidade musical portuguesa com as de cidades europeias que então serviam de modelo civilizacional,12 sendo que aqui os conceitos de «música absoluta» e de «público ilustrado» têm uma presença recorrente; e o recurso a escritos de alguns dos intelectuais mais importantes da época, tais como Eça de Queirós e Teófilo Braga. Existem, ainda, outros trabalhos importantes que incidem sobre uma pesquisa documental mais sistemática e que dessa maneira se integram de forma mais evidente nos modelos teóricos da Musicologia Histórica.13 Os estudos mais relevantes para a História da Música da cidade de Lisboa em finais do século XIX revestem-se de um incontornável interesse para a Musicologia e, mais particularmente, para o estudo das circunstâncias socio-culturais do período pré-republicano. Mário Vieira de Carvalho, recorrendo a ferramentas de análise provenientes da Sociologia 10
E.g. Mário VIEIRA DE CARVALHO, Pensar é morrer ou o Teatro Nacional de São Carlos na mudança de sistemas sociocomunicativos desde fins do séc. XVIII aos nossos dias, Lisboa, Imprensa Nacional, 1993; CRUZ, Gabriela Gomes da, «L’Africaine’s savage pleasures: Operatic listening and the Portuguese historical imagination», in Revista Portuguesa de Musicologia, n.º 10, 2000, pp. 151-180. 11 Paulo Ferreira de CASTRO, «Nacionalismo musical ou os equívocos da portugalidade», in Salwa Castelo Branco (ed.), Portugal e o mundo: o encontro de culturas na música, Lisboa, Dom Quixote, 1997, pp. 155-162; Teresa CASCUDO, «A década da invenção musical de Portugal (1890-1899)», in Revista Portuguesa de Musicologia, n.º 10, 2000, pp. 181-226. 12 E.g., Mário VIEIRA DE CARVALHO, Eça de Queirós e Offenbach: a ácida gargalhada de Mefistófeles, Lisboa, Colibri, 1999, p. 18. 13 E.g. Luísa CYMBRON, A Ópera em Portugal (1834-1854): O sistema produtivo e o reportório nos Teatros de S. Carlos e de S. João, Dissertação de Doutoramento em Ciências Musicais (especialidade de Ciências Musicais Históricas), Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 1998; Joaquim Carmelo ROSA, «Essa pobre filha bastarda das Artes»: a Escola de Música do Conservatório Real de Lisboa, Dissertação de Mestrado em Ciências Musicais (especialidade de Ciências Musicais Históricas), Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 1999.
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desenvolveu um consistente discurso sobre os sistemas socio-comunicativos do público do Teatro de São Carlos e, em menor escala, de alguns outros teatros públicos da capital. Privilegiando os testemunhos de intelectuais da época, o seu trabalho permite-nos hoje conhecer com detalhe o carácter da partilha musical que ocorria no único teatro da capital portuguesa exclusivamente dedicado à ópera. A exibição do artista, em detrimento da contemplação da obra artística, adquiria uma dimensão que ultrapassava o domínio estritamente musical. A recepção que era feita das óperas apresentadas, na sua grande maioria italianas, estava longe de se apoiar numa escuta concentrada que permitisse apreciar esse reportório em toda a sua amplitude dramática. Servia como pretexto para o convívio social e para actos de afirmação individual – só em raras ocasiões para uma apreciação dedicada daquilo que se passava em cena. Mediante a interpretação e sistematização de estruturas sociocomunicativas, o público português é aí caracterizado de forma pejorativa. Partindo de Eça de Queirós, Mário Vieira de Carvalho aponta que em Lisboa não se constituira uma esfera pública burguesa com as mesmas características da que estava estabelecida noutros países da Europa; que a vida musical portuguesa era, no plano sociocomunicativo, essencialmente entretenimento, decoração e etiqueta e que o programa iluminista burguês de transferência para a arte do modelo de identificação da religião estava longe de ter aplicação em Portugal.14 É assim indicado que naquela época e naquele lugar a música transcendia o seu universo e participava na vida pública das pessoas e na conformação das estruturas sociais da sociedade lisboeta. O estudo da recepção musical cumpre aí a função de demonstrar as formas como a prática operística reflectia e alimentava uma sociedade alheia aos ideais iluministas que haviam sido anunciados de forma tão promissora após o triunfo do liberalismo. Por seu turno, a questão do nacionalismo também tem merecido a atenção dos nossos investigadores. Trata-se de um fenómeno que cruzou todos os países da Europa durante o século XIX. Mais uma vez, e no que diz respeito aos estudos desenvolvidos sobre a especificidade do nacionalismo musical português, confrontamo-nos com a questão do atraso português. Segundo 14
Cit. M. VIEIRA DE CARVALHO, Op. cit.
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Paulo Ferreira de Castro, o movimento nacionalista musical apresenta algumas anomalias relativamente às suas congéneres europeias.15 Por seu turno, Teresa Cascudo situa-o num contexto de normalidade no seio deste fenómeno transnacional.16
Metodologia e recursos documentais No presente trabalho é feito um ensaio para ultrapassar as paredes do São Carlos e das questões mais frequentemente debatidas em torno desta época. Pretende-se percorrer de forma transversal a sociedade lisboeta, afim de tentar melhor conhecer a efectiva presença da música junto das trezentas mil pessoas que a habitavam no ano de 1890. A estimulação auditiva era radicalmente diversa daquela a que estamos expostos nos nossos dias: na quantidade, na qualidade, e mais genericamente no contexto que estava associado à prática musical. Não podemos arriscar uma transposição directa das conotações que hoje atribuímos aos diferentes reportórios para uma realidade tão distante no tempo. Os testemunhos da época, por mais ilustres que sejam os seus autores, não podem ser isolados da realidade em que estão inseridos. Impõe-se, por isso, procurar uma sustentação argumentativa composta de dados concretos extraídos das fontes disponíveis de maneira a tentar evitar as ideias preconcebidas que sempre se atravessam no entendimento de qualquer realidade. Conhecer os locais onde a música era escutada, a frequência e o carácter das ocasiões performativas, é apenas um primeiro passo para perceber como a música era escutada. Este estudo incide num espaço temporal e geográfico bastante diminuto. A dimensão do período de tempo abrangido por qualquer pesquisa determina em boa parte a sua exequibilidade. No presente caso ela traduz a necessidade de fazer um levantamento sistemático da informação referente ao contexto sonoro, aos hábitos de escuta e, por inerência, ao todo que constitui a prática
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Paulo Ferreira CASTRO, «Nacionalismo musical ou os equívocos da portugalidade», in Salwa Castelo Branco (ed.), Portugal e o mundo: o encontro de culturas na música, Lisboa, Dom Quixote, 1997, pp. 155-162. 16 Teresa CASCUDO, «A década da invenção musical de Portugal (1890-1899)», in Revista Portuguesa de Musicologia, nº10, 2000, pp. 181-226.
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musical do final do século XIX lisboeta. A circunstância de se abordar somente um ano também está fortemente comprometida com o tipo de investigação que se pretendeu adoptar. Trata-se de uma abordagem histórica realizada sobre um âmbito cultural que não se ocupa exclusivamente da descrição e contextualização da acção dos mais ilustres intervenientes, tão pouco de um qualquer evento que se tenha relevado pelo seu impacto no meio. Não se quer a reconstituição de um contexto social, económico ou político em função de uma obra artística nem a explicação de uma obra musical a partir de condicionalismos externos. Ao invés, existe a preocupação em reconstituir a vivência que enreda os hábitos de escuta estabelecidos no quotidiano de toda a população da cidade. De certa forma, assume-se um esforço no sentido de interpretar o passado tal como dele se aperceberam os seus protagonistas a partir de categorias mentais que lhe são próprias. Tal empreendimento obrigou a uma observação global dos hábitos lisboetas e ao desenvolvimento de uma pesquisa que atravessou os diferentes estratos sociais, os inúmeros espaços de sociabilização e as múltiplas práticas cívicas – fossem elas quotidianas ou cerimoniais. Foi, portanto, contemplado um extenso conjunto de realidades que se estendeu por múltiplos domínios de actuação: os teatros, as mais variadas formações musicais, os pregões, as igrejas, o ruído urbano, as associações, os bailes, os salões, as escolas de música, etc. Por isso, uma das principais dificuldades que se colocaram à execução deste projecto foi a selecção das fontes documentais. Devido à dispersão do objecto de estudo não existe um acervo de documentos reunido num só local. Acresce a isso o facto de a partitura musical assumir um valor relativamente pequeno no que se refere à sua importância para a reconstituição da vida musical no seu todo. Apesar da sua incontestável importância temos de reconhecer as suas limitações na resposta a tudo aquilo que se relaciona com a interpretação e a recepção musical. Privilegiámos, por isso, a consulta dos periódicos, sem deixar de considerar outras fontes documentais como arquivos históricos, monografias da época, censos de população e fontes iconográficas. A pesquisa resultou na construção de uma base de dados com cerca de 5000 entradas que permitiu
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sustentar todo o discurso. Os periódicos não nos dão conhecimentos musicais mas permitem-nos questionar as funções que a música cumpria junto dos seus destinatários. Eles têm uma vocação de síntese e, de certa forma, encarnam a modernidade ao comprometerem-se com os modelos de normalização e de seriação da sociedade. Constituem, portanto, uma revelação do comportamento e das actividades das pessoas. A metodologia adoptada na presente pesquisa condicionou – como condicionaria qualquer outra – os resultados obtidos. A informação recolhida a partir da leitura da imprensa pôde ser, em certos casos, complementada com outas fontes. Existem, todavia sectores da vivência cívica e da sua expressão sonora e musical que, pelas suas características, colocaram mais obstáculos ao seu estudo. Foram os casos dos cafés, hotéis, tabernas e restaurantes – uma realidade musical extremamente importante, mas que permanece ausente deste trabalho por nunca ter sido publicitada na imprensa e por não termos tido acesso a outros documentos que pudessem compensar essa penalização. Nesta pesquisa foram consultadas minuciosamente todas as edições dos periódicos generalistas O dia e Diário ilustrado publicadas durante o ano de 1890. A finalidade foi reconstituir a agenda dos eventos do domínio público ocorridas naquele período de tempo e nos quais o som teve uma importância significativa. As publicações generalistas com tiragem diária mostraram ser a fonte mais indicada para atingir o fim pretendido. O dia era um jornal progressista cuja componente editorial tinha um relevo muito grande. Podemos nele encontrar em quase todas as edições uma coluna dedicada à divulgação de espectáculos e ao comentário crítico dos mesmos. Foi assim possível datar com precisão, não somente os mais importantes acontecimentos político-sociais mas também os inúmeros eventos culturais de índoles variadas nos quais a música esteve presente: representações teatrais, cerimónias religiosas, bailes festivos, saraus musicais e literários, concertos, etc. Por sua vez, o Diário ilustrado publicava informação semelhante, o que serviu para cruzar e confirmar a informação obtida. Mais próximo do Partido Regenerador, este jornal permitiu ainda analisar o confronto de interpretações diversas sobre um
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mesmo facto – como por exemplo a famosa Lei das Rolhas que tão discutida foi no decorrer deste ano. De resto, a grande parte dos periódicos que foram publicados neste ano foi consultada, com particular atenção para os jornais especializados em música: como o Amphion, a Gazeta musical de Lisboa e a Arte Musical. Os arquivos históricos da Associação Música Vinte e Quatro de Junho e da Sé Patriarcal foram também fundamentais para perceber a dinâmica do sistema produtivo da música teatral e da música religiosa. No primeiro estão conservados os registos de pagamentos das percentagens aplicadas sobre os vencimentos a que os músicos estavam obrigados. Encontram-se aí também importantes listagens das representações ocorridas. Elas permitem, se bem que de forma parcial, reconstituir a actividade musical e as formações musicais que se apresentavam nos diferentes teatros e igrejas. Já os documentos que foram encontrados no arquivo da Sé são menos proveitosos, se bem que os cadernos da despesa corrente tenham fornecido informação bastante importante. No futuro, muitos outros manuscritos virão a ser localizados neste último arquivo, os quais virão revelar muito acerca da prática musical religiosa do século XIX.
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1. A música nos teatros Os teatros de Lisboa: localização e caracterização As casas de espectáculo abertas ao público em 1890 garantiam a permanente animação da cidade. Eram, no seu conjunto, oito teatros e dois coliseus: nomeadamente, o Teatro de São Carlos, o Teatro de D. Maria II, o Teatro da Trindade, o Teatro do Ginásio, o Teatro da Rua dos Condes, o Teatro do Príncipe Real, o Teatro da Avenida, o Teatro Alegria, o Teatro do Rato, o Teatro Luís de Camões, o Real Coliseu de Lisboa e o Coliseu dos Recreios. Para além destas, havia também pequenos teatros, privados ou pertencentes a organizações associativas.
A disposição topográfica dos teatros públicos Havia em 1890 uma enorme diversidade de lugares onde se podia escutar música. Como escreveu Leon Botstein, o espaço é uma categoria do entendimento,17 pelo que o lugar onde a música é tocada e como se posiciona no espaço físico e nos costumes do quotidiano vivencial têm que ser tidos em conta. Os dados aqui reunidos permitem melhor entender os contextos da escuta musical na sua relação com as rotinas temporais, físicas e geográficas do dia a dia dos ouvintes. A disposição dos teatros públicos na malha urbana da cidade permite observar uma distribuição da oferta teatral por três cintas urbanas distintas: o Chiado, centro da actividade comercial, por excelência; a Avenida da Liberdade, que até 1886 acolhia o Passeio Público e que se mantinha ao serviço de semelhante utilização; e a Rua da Palma, integrada numa região emergente da cidade a partir da qual viria a ser traçada a Avenida Almirante Reis (v. Figura 1.1).
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Leon BOTSTEIN, «Toward a History of Listening», in The Musical Quarterly: «Music as Heard», vol. 82, n.º 3/4, Outono-Inverno, 1998, pp. 427-431.
Fig. 1.1. – Planta do centro da cidade de Lisboa indicando a localização de cada um dos teatros e respectivas ilustrações.
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Se os teatros do Chiado já tinham sido construídos havia longo tempo (o Teatro de São Carlos em 1793, o Teatro do Ginásio em 1852 e o Teatro da Trindade em 1867) o mesmo não se pode dizer dos que se situavam na envolvência da Avenida da Liberdade, onde se registou, só em 1890, a abertura de dois novos espaços: o Teatro da Alegria, em Janeiro, e o Coliseu dos Recreios, em Agosto. A estes junta-se a inauguração do Teatro da Avenida, dois anos antes, e a remodelação do Teatro da Rua dos Condes, pela mesma altura. Tal circunstância é reveladora da apetência que esta zona evidenciava em finais de século para acolher este tipo de actividade. A noção de periferia estava perfeitamente implantada no discurso da época, pelo que nos ajuda a perceber o valor das distâncias para as pessoas de então. Entendia-se como centro da cidade os locais mais frequentados durante os dias da semana, como se pode verificar neste texto publicado na Gazeta Musical de Lisboa acerca do Teatro da Avenida: Tem tido altos e baixos este pobre theatro. Atirado para fôra de todo o movimento da capital, funccionando por assim dizer, quasi que em Sacavem, lá vae contudo appelando para os moradores de Campolide e Val de Pereiro e se a Empreza não tem conseguido fazer fortuna, lá tem ido contrabalançando o Deve e Haver. Pobrinho mas alegrinho.18
Então, não bastava para uma casa de espectáculos estar situada numa zona densamente habitada. Era necessário estar localizada numa zona de grande movimento de pessoas para que a empresa fosse bem sucedida. Efectivamente, quando nos últimos meses do ano a forte concorrência entre os teatros e a excessiva oferta conduziram à escassez de público, foram os teatros periféricos os primeiros a sofrer as consequências, tais como o Teatro da Avenida e o Teatro Alegria. Mas se estes só acusavam a falta de público nos momentos mais desfavoráveis, o Teatro do Rato e o Teatro Luís de Camões viam penalizado o seu desempenho desde sempre. Na Figura 1.1. vê-se assinalada a localização do primeiro, que se pode considerar bastante longe dos restantes. Já o segundo ficava situado em Belém, na Calçada da Ajuda, ao fim da Rua da Junqueira. Portanto, muito afastado da área representada nesta planta topográfica. Para melhor
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«Avenida», in Gazeta Musical de Lisboa, 1 de Outubro de 1890.
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percebermos esta situação, recorremos ao que António de Sousa Bastos escreveu no seu dicionário acerca do Teatro do Rato, Este theatro dava quase sempre prejuizo por estar longe, por não ter commodidades e por ser edificado dentro d’uma quinta e ao lado de uma casa de comidas e bebidas.
e do Teatro Luís de Camões, O publico não concorre aos theatros de Belem e Alcantara, por mais tentativas que se façam. 19
Os teatros públicos A partir da consulta dos periódicos da época foi possível obter um número aproximado de representações que terão ocorrido em cada um destes teatros. Isso permite-nos caracterizar melhor a actividade de cada um deles. Ao longo dos doze meses registámos mais de dois mil espectáculos com a presença de músicos profissionais. Por si só, a grande dimensão deste número torna fundamental conhecer o que se passava nestes espaços, a fim de perceber o que era oferecido aos espectadores e poder avaliar os paradigmas de entendimento dos cidadãos acerca do fenómeno musical. É com grande certeza que podemos agora afirmar que as salas de espectáculos incluíamse entre os sítios onde as pessoas escutavam música com mais frequência. Exceptuando os Coliseus, a arquitectura da maoria dos teatros seguia o modelo italiano, com plateia e camarotes. Isso revela a importância que era dada à componente sociabilizante que aí era proporcionada, enquanto locais que suportavam a convivência pública tão necessária a uma cidade que nesta altura sofria um significativo crescimento demográfico. Somente o Teatro da Trindade e o Teatro Alegria apresentavam uma arquitectura francesa – com balcão –, mas todos eles permitiam uma demarcada diferenciação da posição social, designadamente através da disposição dos camarotes. A Figura 1.2. representa as plantas de cada teatro.20
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António de Sousa BASTOS, Diccionário do theatro português, Lisboa, Imprensa Libânio da Silva, 1908. Não tivemos acesso às plantas do Coliseu dos Recreios, Teatro do Rato e Teatro Luís de Camões.
Fig. 1.2. – Plantas dos teatros de Lisboa. Ilustrações retiradas da publicação Plantas dos theatros (7.ª ed., [s.l.], 1890) com excepção da ilustração do Teatro Alegria, que está publicada na revista Ocidente de 1 de Junho de 1890.
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Podemos verificar que são, todos eles, espaços amplos, ainda de que dimensões bastante variáveis. Sem considerar os Teatros do Rato e Luís de Camões, que deveriam ser mais pequenos,21 as lotações rondariam entre um mínimo de 450 pessoas, os casos do Teatro da Avenida e do Teatro da Rua dos Condes, e o máximo de 5.000, do Coliseu dos Recreios. Relativamente a este último, era precisamente o seu exagerado tamanho que parecia contrariar a vocação sociabilizante anteriormente referida. Num artigo publicado no Ocidente, logo após a sua abertura, isso era considerado «defeito». Analisaremos as motivações da audiência quando falarmos da caracterização dos públicos. Serve agora esta citação para melhor nos apercebermos da grandeza física do espaço julgada pelos olhares da época. [...] Outro defeito que encontramos no novo Colyseu é o defeito d’uma das suas primeiras qualidades, o ser extraordinariamente grande. É preciso ter uma vista excellente para das cadeiras enxergar quem está nos camarotes, para d’um lado do circo para o outro, reconhecer quem lá está. […] 22
Esta ideia é reforçada no Diário ilustrado, mas dando ênfase a uma faceta que nos diz mais directamente respeito: a dificuldade de se ouvir. [...] Quanto á casa de espectaculos, diremos que se realizaram ante-hontem as previsões de quem a tinha examinado durante a sua construcção. De grande parte da sala não se ouve. [...] 23
Efectivamente, as condições acústicas destes espaços nem sempre eram as mais adequadas ao tipo de espectáculos que aí se apresentavam. A propósito da eventualidade de se apresentar Ópera no Real Coliseu de Lisboa, como alternativa à Zarzuela, escrevia-se assim em Maio no jornal Novidades: [...] Agora o que esta [a música de Ópera] exige é theatro em condições acústicas e artistas de bons recursos dramaticos e vocaes, e nem uma nem outra se deve esperar no Colyseu. Ali não se póde cantar a serio, porque é trabalho perdido [...] 24
Todos estes teatros eram explorados com uma lógica financeira. O Teatro de D. Maria II era propriedade do Estado e estava concessionado à Sociedade de Artistas Dramáticos Portugueses.25 Por sua vez, Teatro de São Carlos também pertencia ao Estado e era por ele
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«Vae entrar num nova epocha aquelle modesto theatrinho popular.», in O dia, 14 de Novembro de 1890. Ocidente, 21 de Agosto de 1890. 23 Diário ilustrado, 16 de Agosto de 1890. 24 Novidades, 12 de Maio de 1890. 25 Sobre a História do Teatro de D. Maria II ver Gustavo de Matos SERRA, História do Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa, [s.e.], 1955. 22
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financiado.26 A empresa que explorava no princípio do ano o teatro lírico – liderada pelo compositor Augusto Machado e por Mattoso da Câmara –, era fortemente contestada e, após a subida ao poder do Partido Regenerador, não era bem aceite pelos governantes, mais concretamente pelo recém-criado Ministério da Instrucção Pública confiado a João Arroyo: Todos os nossos collegas dizem que os srs. Augusto Machado e Mattoso da Camara deixam de fazer parte da Empreza do Theatro de S. Carlos por divergencias entre os seus collegas, e que o sr. Arroyo ministro das Bellas Artes vae mandar por a concurso a empresa d’este theatro porque os actuaes administradores nem cumpriram com as condições do contracto, nem indemenizaram os crédores da Empreza Campos Valdez. Não faltam motivos para tal deliberação, porque a continuação do que succedeu na epocha passada importava d’um descredito para a nossa primeira scena lyrica que até então se conservára á altura das primeiras da Europa.27
Este testemunho descreve bem as dificuldades que a direcção do Teatro de São Carlos estava a enfrentar. Ao longo dos primeiros meses do ano tornaram-se comuns na imprensa as manifestações de lamento pela falta de qualidade do desempenho artístico que aí vinha sendo apresentado. A edição do Diário ilustrado de 2 de Fevereiro refere-se a uma récita de Dinorah, apresentada a 1 de Fevereiro. A empresa havia anunciado a apresentação da soprano Van Zandt, o que veio a acontecer. Mas o papel de tenor era para ser cantado pelo famoso tenor Giovanni Paroli e, afinal, foi interpretado por um membro do coro. O espectáculo acabou por ser interrompido devido aos protestos da assistência e a peripécia resultou no seguinte relato: E ás oito horas começou o chimfrim, desafinando por egual o pobre corista, a quem por vezes faltou a voz, a orchestra e os córos. Houve tumultos, assobios, gritando muitos espectadores: – A empreza, a empreza!28
Mas nem só o Diário ilustrado dava eco aos desagrados do público. Também O dia, depois de descrever que a interpretação d’A estrela do norte, a 4 de Janeiro, não teria estado à altura da partitura, afirma o seguinte: [...] Ora, em São Carlos faltaram, quasi por completo, todos estes elementos, e por isso a opera não agradou e fez lembrar á platéa que estava attacada de influenza, provocando-lhe uma tosseira impertinente.29
Apesar destes protestos a empresa permaneceu em funções durante todo o ano, conforme podemos aferir deste excerto de uma notícia publicada em Setembro n’O dia.
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«Bem sabemos que a pseudo empresa está de luto por causa da dissolução da câmara, mas nem por isso o theatro deixa de ser do estado e por elle subsidiado.», in Diário Ilustrado, 22 de Março de 1890. 27 Gazeta musical de Lisboa, 27 de Abril de 1890. 28 Diário ilustrado, 2 de Fevereiro de 1890. 29 O dia, 5 de Janeiro de 1890.
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Já se pensa em organisar o repertorio para a proxima estação lyrica que, a julgar pelo elenco da companhia, se annuncia mais auspiciosa do que no anno passado, accrescendo que a direcção artistica alguma devia ter ganho com a experiencia.30
O Teatro de São Carlos tinha obrigações bastante rígidas contratadas com o Estado, as quais não lhe permitiam afastar-se muito da mais corrente prática dos teatros de ópera italiana. Essa condição confere-lhe uma grande singularidade e até um certo privilégio no panorama teatral lisboeta. Todavia, como se pode verificar no Gráfico 1.1., o número de récitas aí apresentadas no decorrer de 1890 é tão-somente de 113.
Gráfico 1.1 – Número de eventos teatrais verificados em cada casa de espectáculos em 1890.
Foi no teatro público onde registámos o menor número de espectáculos, sendo, inclusivamente, inferior aos registados nos mais pequenos teatros da periferia urbana. O Gráfico 1.2. dá-nos a percentagem relativa do número de espectáculos ocorridos em cada teatro e permite-nos verificar que a actividade do São Carlos se limitava a 5% da oferta dos espectáculos cénicos.
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O dia, 8 de Setembro de 1890.
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Gráfico 1.2. – Percentagem relativa de eventos teatrais ocorridos em cada teatro no ano de 1890.
Todos os restantes teatros dependiam directamente das bilheteiras. Lutavam permanentemente pela sua subsistência tentando atrair o maior número possível de espectadores mediante os meios de que dispunham, conforme se pode perceber da seguinte citação. Os theatros portuguezes que nada custam ao estado, ao passo que o theatro lyrico de Lisboa lhe custa 25 contos por anno, o do Porto, seis ou nove contos, não vivem vida farta e desassombrada porque a população de Lisboa é pequena para tantos teatros.31
Para tentar ilustrar a razão da crise teatral que se veio a instalar em Lisboa nos últimos meses do ano, um artigo publicado no jornal O dia no mês de Novembro fornece-nos uma descrição da quantidade de trabalhadores que envolviam a produção teatral em Lisboa e, portanto, a dimensão aproximada desta actividade. Existem em Lisboa 8 theatros [o autor não considera os dois mais pequenos], 2 dos quais nem se atreveram a abrir as suas portas, e os 6 restantes estão ameaçados de terem que fechal-as se o publico continuar animando a concorrencia brutal dos dois circos actualmente abertos. Quer o leitor saber a gente que todas as noites vive do theatro? Leia o seguinte quadro que diz respeito ao theatro da rua dos Condes e que pode ser tomado como média: Pessoal efectivo, actores, etc. 40[;] Porteiros 16[;] Musicos 18[;] Carpinteiros 20[;] Alfaiates e costureiras 12[;] Iluminadores 4[;] Coristas 24[;] Cabelleireiros 4[;] Aderecistas 6[;] [Total] 144 É preciso notar que aqui não figuram os comparsas que ha noites em que se elevam a 40, e que dos outros empregados augmenta o numero segundo o apparato das peças; e que, portanto, tomando-se aquelle numero como média teremos um pessoal de 1:150 individuos vivendo diariamente do theatro, e ainda não entram nesta conta os comparsas, os ensaiadores de musica, os copistas de musica e peças, os scenographos e seus auxiliares, o pessoal de costureiras e alfaiates de varios guarda roupas, os cartazeiros, as typographias; e indirectamente as estancias de madeiras, lojas de ferragens, drogarias, lojas de modas, etc., etc., o que pode elevar sem grande esforço este numero a 1:500 individuos que teem necessidade de theatro para viver!32
31 32
Ocidente, 1 de Agosto de 1890. O dia, 10 de Novembro de 1890.
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O teatro da Rua dos Condes foi o segundo teatro que maior número de vezes abriu as suas portas ao público: 261 contra as 333 do Coliseu de Lisboa. Efectivamente, os teatros dificilmente competiam com os circos. Como aparece indicado no Gráfico 1.2., o Real Coliseu de Lisboa foi responsável por 15% da actividade teatral ao longo do ano. Se considerarmos somente os últimos cinco meses do ano, altura em que o novo coliseu já estava no activo, então o coliseu antigo mantém a mesma percentagem, mas o novo espaço vem a promover 16% das representações (v. Gráfico 6.7. – p. 157). Estas percentagens permitem-nos perceber quais eram os teatros mais representativos da normal vivência teatral da cidade. Eram, então, os dois coliseus, o Teatro da Rua dos Condes, o Teatro do Príncipe Real, o Teatro da Trindade e o Teatro do Ginásio. Todos os outros mantinham peculiaridades muito próprias que condicionavam caracteristicamente a actividade musical neles implementada. O Teatro Alegria, foi inaugurado em 11 de Janeiro «num terreno da Rua Nova da Alegria».33 Foi construído graças à iniciativa de dois empresários e foi descrito como uma sala «elegante» e «confortável», dispondo de quatro frizas, doze camarotes, n’uma só ordem; cento e vinte e seis cadeiras de balcão; trezentas e quarenta de platéa; e cento e vinte seis lugares na galleria que fica ao fundo do balcão, amphitheatro.34
Além disso, O palco tem a altura precisa para os pannos subirem sem se dobrarem. O comprimento do theatro é de trinta e seis metros, a largura de oito e a altura de doze metros. Proximo ao theatro ha um grande salão para pintura, onde se podem estender quatro pannos. Depois do antigo theatro das Variedades e do velho templo da arte mais profanamente conhecido pelo da Rua dos Condes, é decerto o theatro d’Alegria o que melhor preenche a falta de theatros populares, proprios para verão e inverno, assim como que um divertimento de meia estação.35
A data da inauguração deixou uma forte marca no curto percurso deste teatro. Ao longo do ano deu intensas demonstrações de empenhamento político pela causa republicana, como o foram as inúmeras vezes que a marcha patriótica A portuguesa foi ali interpretada, ou a peça patriótica A
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Esta referência é-nos dada por António de Sousa Bastos, embora não tenhamos conseguimos localizar com rigor o local; António de Sousa BASTOS, op. cit., p.336. 34 M.B., «O novo theatro d’Alegria», Ocidente, 1 de Junho de 1890. 35 Ibid.
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torpeza da autoria do dramaturgo António de Campos Júnior. Segundo Sousa Bastos, veio a ser demolido poucos anos mais tarde.36 O Teatro da Avenida, inaugurado em 1888, foi destruído em 1966 por um incêndio. Ficava situado na Avenida da Liberdade, junto à rua das Pretas, e a sua demolição aconteceu em 1970. A 9 de Maio de 1890 o jornal O dia comparava-o com o Teatro da Rua dos Condes como sendo uma «casa maior e mais lavada d’ares».37 Abriu durante todo o ano as suas portas por 162 vezes, apesar de ter atravessado bastantes dificuldades para se manter em actividade nos meses de Outubro e Novembro. Nestes três teatros que referimos anteriormente não parecia existir fosso de orquestra. Na ausência desse dispositivo, as orquestras dispunham-se à frente do palco. A confiar nas plantas da Figura 1.2., e exceptuando os circos e os teatros do Rato e Luís de Camões (pelas suas dimensões), todos os restantes ocultavam a presença física dos músicos. É impossível dissociar a música praticada dos locais onde ela tem lugar. Com as anteriores descrições, pretendeu-se conhecer melhor o espaço físico e alguns condicionalismos operacionais dos teatros de Lisboa em finais do século XIX. Como qualquer outra arte, também a música não pode ser entendida nos termos exclusivos da sua dinâmica interna. A dificuldade surge, no entanto, quando tentamos relacionar o físico com o mental. Entendemos nesta altura, que é necessário estender esta descrição a outros parâmetros e, antes mesmo de falar sobre o que se fazia escutar, conhecer em concreto os espectáculos que aí eram levados à cena.
O reportório teatral A maneira mais eficiente de assinalar as diferenças e as semelhanças entre cada um dos teatros públicos, é enumerar o reportório teatral que era em cada um deles exibido. Com essa
36 37
António de Sousa BASTOS, op. cit., p. 336. O dia, 9 de Maio de 1890.
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preocupação apresenta-se anexas listagens com os títulos das peças que foram representadas em cada local e, sempre que foi possível, com a respectiva tipologia. Genericamente podemos traçar o seguinte panorama: no Teatro de São Carlos representava-se Ópera Lírica; nos coliseus Operetas e Zarzuelas, assim como companhias equestres, de ginástica e acrobáticas; no Teatro de D. Maria II, peças de reportório, dito clássico, por vezes também Comédias; o Teatro do Príncipe Real estava vocacionado para os grandes dramas; o Teatro do Ginásio para a Comédia Ligeira; o Teatro da Trindade apresentava Operetas e outros géneros teatrais de semelhante complexidade cénica; o Teatro da Avenida tinha desígnio semelhante a este último, se bem que não se lhe pudesse comparar em dimensão nem chegasse a fazer-lhe concorrência; o Teatro Alegria variava conforme a companhia que o explorava, mas os propósitos da empresa inicial seriam os de apresentar Revistas e Comédias de sátira política e de costumes; por último, os teatros do Rato e Camões, em que não se pode estabelecer um padrão unitário, já que era bastante variável o tipo de espectáculos que aí tinham lugar. A importância desta informação para o conhecimento da actividade musical nas diferentes casas de espectáculo é evidente. A componente musical variava em função do tipo de representação teatral que era levado à cena. No caso dos espectáculos líricos, conhecemos em concreto a sua música. Mais difícil, é descortinar a música que era apresentada no decorrer dos espectáculos circenses e daqueles onde se apresentavam Dramas e Comédias. Podemos, todavia, pressupor desde já enormes diferenças – que como veremos serão confirmadas.
A música cénica O reportório musical Quando nos referimos a qualquer uma das vinte e uma óperas que foram apresentadas no Teatro de São Carlos ao longo do ano, é-nos relativamente fácil aceder às suas partituras, ou até
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mesmo a registos gravados. Ainda que permaneçam outras dúvidas importantes – acerca das práticas interpretativas, da recepção que delas era feita, etc. –, sabemos qual era a música que era efectivamente tocada. Sobre o teatro lírico, as maiores incertezas residem no reportório para bailado. Permanece, ainda hoje, por tratar um grande número de partituras manuscritas, provenientes do seu espólio. Estão guardadas nos arquivos da Biblioteca Nacional de Lisboa e podem vir a proporcionar no futuro interessantes surpresas neste domínio. Na realidade, as empresas estavam obrigadas a apresentar os bailados que eram parte integrante das óperas. No caso da sua inexistência, como acontecia com Dinorah, de Giacomo Meyerbeer, teria de ser levado à cena um outro bailado. Foi isso o que aconteceu em 2 de Fevereiro e que levou um periodicista do Diário lustrado a lamentar o facto de naquela situação ter sido apresentado o bailado da Gioconda, de Amilcare Ponchielli.38 Era, portanto, expectável que bailados independentes fossem preparados, e que, consequentemente, a orquestra interpretasse composições que não nos são, por ora, acessíveis. No que se refere aos restantes teatros, tentou-se reunir toda a informação que permite caracterizar a intervenção musical que neles tinha lugar. Essa tarefa vê-se dificultada porque, embora a música fosse uma presença indispensável e permanente, não era a principal figurante das récitas teatrais e, como tal, só era referenciada na imprensa quando se destacava pelo manifesto agrado que suscitava junto do público ou, ao contrário, por equivalente desprazer. Começamos por dar relevo a um artigo publicado por F. F. a 16 de Julho, no Amphion, intitulado «A música nos nossos teatros».39 Este texto é-nos particularmente útil, pela sua postura de análise especificamente interessada neste assunto. Começando por se lamentar pela ausência de uma «musica caracteristicamente nacional» nos nossos teatros, cedo estabelece um diagnóstico desfavorável:
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«[…] Mas ainda aqui não ficaram os abusos. A Dinorah não tem bailado, e quando as operas o não tem, a empresa é obrigada a dar qualquer baile. O de hontem foi o da Gioconda, porque estamos a mais de meio da epoca lyrica, e a empresa não tem ainda um só baile em ensaios![…]», in Diário ilustrado, 2 de Fevereiro de 1890. 39 F.F., «A música nos nossos teatros», in Amphion, 16 de Julho de 1990.
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[…] É d’esta falta de musica nacional que nasce por seu turno a falta de originalidade em tudo o que vemos para ahi escripto nos theatros onde ha musica fabricada pelos nossos compositores. […]
No entender de quem escreveu estas considerações, e referindo-se particularmente aos géneros onde mais se apresentava música original – as Revistas e as Mágicas –, o problema passava também pela qualidade dos textos dramáticos, que não se sujeitariam comodamente a serem musicados. Esta era, aliás, uma dificuldade que se via acrescida pelo carácter da língua portuguesa, que não se prestava facilmente a semelhante tratamento. Outro factor seria o abuso das coplas, que mais não eram do que interrupções do diálogo falado, a fim de se cantar em verso: […] Os nossos librettistas abusam por tal forma do couplet, que obrigam o compositor, pela exiguidade de recursos do seu interprete, a produzir trechos quasi sempre de uma trivialidade notoria e a que o publico não liga a menor importancia. O verso poderá ter graça; porém a musica é que a não tem geralmente. […]
É-nos aqui indicada a fraca qualidade dos intérpretes dos teatros lisboetas – situação sobre a qual nos debruçaremos mais à frente, quando nos ocuparmos dos agentes musicais. Mas ainda no mesmo texto, os compositores e os libretistas eram aconselhados a procurar situações em que a componente musical saísse mais favorecida: […] lembramos aos escriptores theatraes d’esta especialidade a grande conveniencia de logo depois de dialogarem a peça, e antes de fazerem o verso, combinarem com o compositor as situações em que melhor fique a musica, o genero em que ella se deve filiar, e, especialmente, tratar com o maior escrupulo e consciencia artistica as peças de ensemble […]
Estavam, portanto, avaliadas algumas causas do problema e eram apontadas soluções. No que respeita à vertente criativa, era necessário investir mais em «effeitos de sonoridade e de harmonia», que podiam «com mais probabilidade impressionar o espectador». Isto, na vez de insistir em «algumas cantilenas monotonas exhibidas por dois ou tres cantores de deficiente intuição artistica», como, no seu entender, acontecia nos teatros que o autor apelida de «theatros de segunda e terceira ordem.» O artigo prossegue, mas é importante determo-nos, por ora, nalguns exemplos que ilustram esta realidade. A presente investigação não se deteve na procura dos manuscritos que registam esta música. Porém, identificámos no fundo de Filipe Duarte conservado na Biblioteca Nacional de Lisboa, as partes instrumentais que foram utilizadas na estreia de Os filhos do capitão Grant (da autoria de Plácido Stichini). O drama foi levada à cena no Teatro da Rua dos
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Condes, em 30 de Maio, e mais tarde, em Julho, no Teatro da Avenida. Trata-se de um romance de Júlio Verne adaptada para o teatro por Adolphe D’Ennery em 1878 e traduzida para português por Salvador Marques e Maximiliano de Azevedo. Apesar de ser uma estreia com música original, as primeiras críticas que são apresentadas no Diário ilustrado e n’O dia não referem por uma só vez a componente musical. Aproveitamos a descrição inscrita neste último para melhor percebermos em que consistia este espectáculo: […] Peças, porém, d’esta ordem quasi não teem critica, visto que são pretexto para desdobramento de scenarios d’efeito, e de mise-en-scène espectaculosa, e por isso limitar-nos-hemos a dizer que os caracteres dos personagens são tratados a traço largo e dentro do convencionalismo theatral e apenas aproveitados os lados propicios ao efeito, que a acção se succede não com logica mas com imprevisto, e que o drama se precipita violento e destinado a espremer para fora dos corações sensíveis correntes de lágrimas.40
Este relato parece reforçar a opinião pessimista do articulista do Amphion. Nota-se de imediato a reduzida expectativa que era criada em torno da parte musical. Neste caso, todo a atenção estava direccionada para a sucessão de cenários e para a impressão que tais efeitos poderiam causar junto do público. A partir da desconjuntada partitura a que temos hoje acesso, é possível saber que eram interpretados quinze curtos números de música, os quais se distribuíam pelos cinco actos. Pelo menos, um desses números, o sétimo, era uma copla em que a orquestra acompanhava os actores. Isso mesmo confirma o Diário ilustrado neste breve comentário expresso aquando da reposição no Teatro da Avenida: A soirée começa ás 8 e meia da noite e termina ás 11 e meia. Durante estas horas faz-se encantadora musica cantada pela graciosa actriz Dorinda Rodriguez.41
Outro número seria um bailado, que é assim referido n’O dia de 1 de Junho: [...] Cahiu especialmente no gôtto ao publico o bailado de caracter da Festa dos mineiros, em que uma das bailarinas absorve as attenções geraes pelo seu salero genuinamente hespanhol.42
Fica claro nos dois únicos testemunhos encontrados a propósito do trabalho de Stichini, que a música de Os filhos do capitão Grant não seria o mais eficaz reclamo para despertar o interesse do público e motivar a sua ida aos Restauradores. Mas tal não significa que a música não fosse do agrado do espectadores. Se fosse esse o caso, o compositor não teria escolhido os mencionados 40
O dia, 31 de Maio de 1890. Diário ilustrado, 12 de Julho de 1890. 42 O dia, de 1 de Junho de 1890. 41
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números de música para serem interpretados na ocasião do seu benefício43 ocorrido em 18 de Junho no mesmo teatro, em que também subiram à cena a comédia O infanticida e a opereta Os carvoeiros.44 Igualmente bem sucedidos haviam sido os trabalhos que Stichini havia concebido anteriormente para a mesma companhia. Mam’zelle Nitouche é um Vaudeville escrito pelo francês Henri Meilhac em 1883 e foi traduzido para português pelo jornalista Guiomar Torrezão. Em Março foi apresentada uma nova versão sob o título Mam’zelle Diabrete e, como era hábito, cabia ao director da orquestra do Teatro da Rua dos Condes, neste caso Stichini, preparar todos os números de música. Foi essa mesma música que mereceu inúmeros reparos na imprensa com recorrentes elogios. Serve esta citação de exemplo: A música de Stichini, um maestro que dia a dia affirma e confirma a espontaneidade do seu estro de compositor, o brilho e a graça, é simplesmente encantadora. Todos os numeros do novo vaudeville são lindissimos, sobrelevando os couplets da entrada da mam’zelle, no 1.º acto, o duetto, originalissimo, de Juliett e Serpin, no 2.º acto, o dueto de Sophia e Serpin, os couplets de Juliet no 3.º acto, etc., etc.45
Obtemos, assim, uma descrição da intervenção musical nestes espectáculos. Escutavam-se bastantes coplas e duetos, entre outros excertos musicais que eram tocados espaçadamente ao longo da récita. Ainda que a coerência dramatúrgica da aplicação da música nestes espectáculos não fosse o parâmetro mais apreciado, havia outros que satisfaziam o público, tais como o «brilho» e a «graça». As noites abriam com um prelúdio instrumental e, no total, estas intervenções da orquestra poderiam ascender às várias dezenas. Era o que acontecia com Os beijos do diabo, uma Mágica que estreou no mesmo teatro a 18 de Janeiro. [...] Quando já a orchestra tocava a symphonia, entrou, em fórma e unido, o batalhão da claque, o club da rua de Santo Antão, au grand complet. […] Couplets ha bem feitos, especialmente os cantados pelo actor Costa, no terceiro acto, em que são habilmente aproveitadas as terminações das palavras, formando outras, que se repetem com effeito comico. […] Quando acima começámos enumerando o bom que teve o espectaculo, deviamos desde logo ter fallado do melhor, a musica de Stichini que, sendo talvez a sua musica menos original, tem ainda assim lindas melodias e numeros de muito effeito. É preciso que tenha realmente merito para agradar, sendo quasi toda mal cantada.46
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Espectáculo cujo proveito financeiro estava previamente destinado a favorecer um qualquer artista ou outra pessoa socialmente carenciada. O dia, 18 de Junho de 1890. 45 Diário ilustrado, 6 de Março de 1890. 46 Tim tim por tim tim, 26 de Janeiro de 1890. 44
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Neste outro texto publicado no periódico especializado em questões teatrais, Tim tim por tim tim, confirmamos a abrangência das ideias que haviam sido avançadas no Amphion. É aí destacada positivamente a forma como Francisco de Freitas Gazul adaptou a sua música ao texto da Opereta O reino das mulheres, que foi estreada em Julho também no Teatro da Rua dos Condes. O texto confirma como fundamental a questão da boa adaptação da música ao texto para a avaliação crítica do desempenho dos compositores. A música foi favoravelmente recebida e, mais uma vez, as coplas que estavam integradas nos trinta e seis números que compunham a parte musical foram as secções mais elogiadas: Foi o maestro Gazul, tão conhecido e apreciado pela sua sciencia musical como pelo gosto d’escolha, o encarregado de coordenar a musica para O Reino das Mulheres. Sahiu-se magistralmente do encargo, respigando e arranjando numeros lindíssimos, de um bello effeito d’instrumentação e de grande propriedade para o canto, e se o espectador á primeira que ouve a peça não sahe trauteando a maioria d’esses numeros, o certo é que durante a execução d’elles esteve n’um encanto suave, tal a cadencia harmoniosa de todos e a sua restricta e conveniente applicação á letra que teem de acompanhar.47
Esta dificuldade em aplicar a música à letra, dever-se-ia à fraca qualidade das traduções dos textos. Mas, por vezes, a situação invertia-se e o embaraço residia na aplicação da letra à música, como foi o caso do espectáculo intitulado Porto que se estreou no Teatro do Príncipe Real em 4 de Setembro. Xavier de Araújo concebeu uma imitação da Zarzuela Cadiz, de Federico Chueca e Joaquín Valverde, transpondo a acção para o início da guerra peninsular em que Portugal se empenhou entre 1807 e 1814. Repete-se hoje o episodio historico o Porto, parodia á Cadiz, que tem agradado pelo poema e pela musica. Não pode de forma alguma conciliar-se a musica da Cadiz com o assumpto da peça portugueza. N’esse ponto é um disparate completo, e se houvesse de satisfazer-se apenas ao bom senso, teria o publico que pedir aos auctores satisfação pela exquisita idéa. […] Enfim, a musica de Chueca Valverde é bonita e será portanto sempre ouvida com agrado, importando pouco a letra que lhe appliquem. É pois de crer que o Porto dê umas récitas com boas casas, porque lhe é garantia d’isso a musica de Cadiz tanto no ouvido do publico, que a escuta com interesse.48
Era nas Operetas e nos seus géneros mais chegados, tais como o Vaudeville, a Zarzuela, as Mágicas e as Revistas, que se fazia escutar mais música. Mas também nos teatros em que se apresentavam comédias ligeiras ou dramas podia estar presente um conjunto musical constituído por vários músicos. Nestes casos a música pontuava o espectáculo com interlúdios instrumentais, 47 48
Tim tim por tim tim, 3 de Agosto de 1890. Diário ilustrado, 8 de Setembro de 1890.
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ou sublinhava uma ou outra cena que se prestava a qualquer efeito mais elaborado. No drama O Conde de Monte Cristo, que foi representado em Abril no Real Coliseu de Lisboa, era estabelecido um tipo de relação bastante próximo entre música e acção, no qual a música sublinhava os picos de tensão emocional e psicológica que a trama dramática ia construindo: [...] A mise-en-scène é excellente; o quadro do mar está tratado de maneira a produzir a perfeita illusão. De vez em quando, a musica rompe pelo meio das scenas patheticas e trata de substituir as lagrimas pelas notas. […] 49
Não conseguimos indagar sobre a relação concretamente estabelecida entre música e acção cénica no Teatro de D. Maria II. O teatro contava com a regular prestação de um sexteto de músicos orientado pelo maestro Manuel Augusto Gaspar. Porém, tudo indica que não houvesse um comprometimento semelhante ao que foi descrito na anterior citação. Independentemente da peça representada, limitar-se-iam os músicos a interpretar o mesmo reportório em sucessivas noites no decorrer dos intervalos. É precisamente isso que se pode inferir da seguinte notícia, pois se havia lugar a reportório musical novo era porque ele vinha substituir o que era habitualmente interpretado: O espectáculo que amanhã se dá n’este theatro é de primeira ordem. Compõe-se elle das magníficas comédias A mãe de minha mulher, Quem morre ... morre … e dos monólogos Os gatos, de D. João da Câmara e A Lágrima, de Guerra Junqueiro; O programa musical é novo e muito variado.50
Nos circos Nos coliseus só existiam semelhanças com o que foi antes descrito naqueles espectáculos onde se apresentavam peças de reportório, fossem elas líricas ou dramáticas. Ora, durante uma grande parte do ano este espaços dedicavam-se exclusivamente às artes circenses. Eram aí oferecidas ao público as mais variadas atracções, entre as quais a própria música. Assim, para além do circo equestre, da exibição de numerosas excentricidades, das demonstrações gímnicas e dos números cómicos, havia frequentemente a apresentação de momentos musicais que se 49 50
Diário ilustrado, 6 de Maio de 1890. O dia, 2 de Junho de 1890.
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demarcavam pelo seu carácter insólito. Nada sabemos sobre a presença de formações musicais fixas nos espectáculos de circo – embora fosse certa a presença de músicos. Fosse como fosse, é seguro afirmar que estes músicos não eram filiados na Associação Música Vinte e Quatro de Junho.51 Nos registos de funções desta Associação só aparecem registadas actuações de músicos nos dois coliseus durante aqueles períodos em que ali era apresentado teatro lírico. Nenhuma referência aparece a propósito dos espectáculos de circo. Na imprensa, a música só aparecia referida quando assumia características extraordinárias. A avaliar pelos exemplos recolhidos eram entendidas como tal, mas mereceriam hoje a mais viva reprovação das ideologias que se opõem à descriminação de género e de raça. Em 13 de Novembro apresentou-se no Real Coliseu de Lisboa uma «orchestra de senhoras» que, apesar da «calorosa ovação» que o Diário ilustrado diz ter obtido, foi, segundo O dia, apenas mais um contributo para a «monotonia enfadonha» que se vinha instalando naquele coliseu. Consta que o interesse despertado na assistência ter-se-á devido mais à invulgar constituição feminina de um agrupamento daquele género do que à sua qualidade intrinsecamente musical.52 Já antes, em Fevereiro, se haviam apresentado no mesmo coliseu as irmãs Lamarque.53 Um duo composto por xilofone e violino, que tocaria em momentos intercalados com as outras actuações, se bem que neste caso o insólito possa ser transferido do género para a combinação instrumental proposta. No mês de Maio tentou-se também apresentar, ainda no Real Coliseu de Lisboa, um «concerto característico pelo pretos de Catumbela». Tratava-se de um grupo de artistas angolanos, oriundos da cidade de Catumbela,54 que havia sido atracção exótica na Exposição Universal de Paris de 1880. Depois de uma série de anos errantes passados nas mãos de alguns empresários sem escrúpulos tinham vindo parar a Lisboa, onde já eram alvo da maior curiosidade antropológica
51
Esta instituição, em conjunto com o Montepio Filarmónico, acumulava na época as funções de sindicato, associação mútua e agente artístico, detendo o monopólio destas áreas de actuação na cidade de Lisboa e assumindo um papel em tudo idêntico à de uma Ordem Profissional. 52 O dia, 13 de Novembro de 1890; Diário Ilustrado, 13 de Novembro de 1890 53 O dia, 17 de Fevereiro de 1890. 54 Esta cidade fica situada próximo de Benguela.
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havia já umas semanas – numerosos cidadãos lisboetas acumulavam-se junto do Governo Civil, onde os estrangeiros pernoitavam. O evento foi anunciado com os seguintes termos: Musica, canto e danças pelos pretos de ambos os sexos, sob a direcção do preto Cambiambia. Este concerto typico será absolutamente egual ao que os pretos executaram no palacio do sr. conde de Burnay. Os pretos apresentar-se-hão com as tangas e adornos que lhes offereceu o sr. conde de Burnay. Os instrumentos de que os pretos se servem são emprestados obsequiosamente pela Sociedade de Geografia. […] 55
Veio-se depois a saber que este evento não foi consentido pelas autoridades responsáveis,56 embora nada saibamos acerca de um anúncio similar para o domingo seguinte, dia 23 de Maio, no Jardim Zoológico. Bem mais convencional, apesar da sua singularidade, foi a apresentação em Outubro d’«[…] o excentrico Visconti, eximio nas variações de voz, nas guizeiras, no piano tocado em todas as posições, etc.»57 Também do Trio Florentino, em Julho, «composto por Mademoiselle Aida, distincta xylophonista, acompanhada pelo Irmãos Caponsacchi, violinista e harpista.»58 Tratava-se de artistas que passavam por Lisboa e aproveitavam a sua estadia para participar num curto número de espectáculos, mais concretamente nos seus intervalos.
Para além da música teatral Os teatros eram, acima de tudo, espaços de convivência social. Estavam ao serviço da ilustração cultural, mas também proporcionavam o entretenimento mundano e os mais variados géneros de manifestações inerentes à vivência cívica. Ora, isso ia muito para além da arte dramática, pelo que eram promovidas outras iniciativas que iam ao encontro dessa dinâmica tão indispensável à sustentabilidade financeira das empresas. A animação das audiências durante os intervalos e nas horas que antecediam o espectáculo era, por isso, frequente.
55
Diário ilustrado, 23 de Maio de 1890. Gazeta musical de Lisboa, 8 de Junho de 1890. 57 O dia, 10 de Outubro de 1890. 58 Diário ilustrado, 7 de Julho de 1890. 56
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As cançonetas A cançoneta era um dos géneros musicais mais populares da época. Não resultava de grandes pretensões artísticas e nem sempre era escrita por compositores com formação musical. É o caso, por exemplo, de «Psst olá!», cuja letra o jornalista Accacio Antunes ofereceu em Outubro ao actor e cançonetista Setta da Silva.59 Este, por sua vez, terá solicitado à também cançonetista Cinira Polonio que a musicasse. Assim aconteceu e em 23 de Dezembro Setta da Silva cantou-a pela primeira vez no Teatro da Rua dos Condes entre a apresentação da opereta O reino das mulheres.60 Não era positiva a avaliação do desempenho destes actores/cantores no já citado artigo artigo do Amphion: […] Se bem investigarmos, não encontramos em todos os theatros do paiz, um unico artista que saiba cantar. Se ha alguns que se ouvem com agrado, nenhum infelizmente satisfaz em absoluto. E no entanto é certo que na mais insignificante companhia de zarzuella que nos tem visitado se encontram melhores elementos lyricos do que em qualquer dos nucleos artisticos dos nossos theatros! Que musica se póde produzir para cantores sem escola, sem methodo, sem gosto ... sem voz? […] 61
Porém, eram eles um dos principais atractivos das noites de espectáculo, sendo inúmeras vezes anunciados na imprensa esses momentos musicais a par do nome da peça teatral que era representada. É comum encontrar frases como esta na imprensa da época – neste caso a propósito de uma representação em Maio no Teatro da Trindade –: «Subsistem os attractivos das cançonetas por Cinira, Fantony e Setta da Silva.»62 As apreciações do desempenho destes artistas sucediamse e eram sempre feitas num tom elogioso, ainda que fossem breves. Ao longo do ano registámos vinte e um títulos de cançonetas que foram interpretadas nos diferentes teatros, sobretudo no Teatro da Trindade, no Teatro da Rua dos Condes, no Teatro Alegria e no Teatro do Ginásio. Como exemplos, podemos referir as cançonetas «O pão fresco», que aparece anunciada dezoito vezes ao longo do ano, «Uh-lá-lá», dezasseis vezes e «Caluda,
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O dia, 22 de Outubro de 1890. O dia, 22 de Dezembro de 1890. 61 F.F., «A música nos nossos teatros», in Amphion, 16 de Julho de 1890. 62 O dia, 19 de Maio de 1890. 60
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José!», vinte e quatro vezes. É, sem dúvida, um fenómeno que não pode ser desprezado no contexto da história da música popular do nosso país. Este reportório era interpretado nos intervalos dos espectáculos e, bastantes vezes, nos dias festivos, o que se pode verificar nas seguintes citações: no Teatro Alegria, 9 de Fevereiro, no intervalo da representação da Revista Ff & Rr, No intervalo, cantará Augusta de Melo uma nova cançoneta.63
no Teatro da Trindade, a 1 de Março, durante a exibição da Opereta em três actos A garra d’Açor, Num dos entre-actos, Cinira cantará umas chansonettes francesas e o couplet parisiense, brotando, finamente detalhado, dos labios de uma actriz que parece nascida nas margens do Sena … 64
ou no Teatro da Avenida a 1 de Março, Hoje, para além da festejada revista Tim tim por tim tim, com a magnifica Homenagem a Serpa Pinto e a Portugueza de Keil, a actriz Pepa cantará n’um dos intervallos a engraçada cançoneta Caluda, José! que sempre obtem enorme sucesso.65
Fora do palco A grande maioria dos teatros dispunha de espaços anexos à sala de espectáculos que permitiam às empresas promover variadas iniciativas, muitas delas de carácter musical. No seu dicionário, Sousa Bastos refere que o tempo de duração regular dos intervalos era de quinze minutos.66 Tudo leva a crer, no entanto, que houvesse numerosas excepções, sobretudo naqueles dias em que se celebrava uma qualquer festividade. No dia 10 de Junho, no Teatro Alegria, dois agrupamentos tocaram nos intervalos da representação do sétimo quadro do drama A Taberna e das comédias Os dois Nénés e O avô: foram a Banda Regimental da Armada Real e a Troupe Gounod.67 68 Este último era um sexteto de bandolinistas que se voltaria a apresentar no Teatro da Rua dos Condes no dia 27 do mesmo mês.69 Já no Teatro do Príncipe Real tocou a 3 de Fevereiro 63
Diário ilustrado, 9 de Fevereiro de 1890. Diário ilustrado, 28 de Fevereiro de 1890. 65 Diário ilustrado, 11 de Março de 1890. 66 António de Sousa BASTOS, Diccionário do theatro português, Lisboa, Imprensa Libânio da Silva, 1908. 67 O dia, 10 de Junho de 1890. 68 A Troupe Gounod era dirigida por Luís Monteiro. 69 O dia, 27 de Junho de 1890. 64
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o guitarrista António Fernandes Maia: «Tocará num dos intervalos uma valsa da sua composição, malageñas, parodia, e o trinadinho.»70 No Teatro do Ginásio, aquando de uma festa dedicada à Liga das Artes Gráficas a 13 de Dezembro, a orquestra tocou uma peça musical intitulada O Canto da liga da autoria do maestro Martins da Motta.71 Por último, damos um exemplo mais evidente, em que na inauguração do Coliseu dos Recreios, a 14 de Agosto, durante «os intervallos, tocou no promenoir a charanga dos marinheiros e executou a orchestra uma marcha do sr. Rio de Carvalho.»72 Um quarto de hora não seria certamente suficiente para a apresentação destas formações musicais. Podemos depreender de tudo isto que a presença das bandas era bastante frequente nos teatros da capital, excepção feita ao Teatro de São Carlos. Nos restantes elas eram chamadas a intervir com o fim de sublinhar o clima festivo de qualquer ocasião que a isso se prestasse. Os seguintes exemplos servem para ilustrar essa prática: no Teatro da Avenida, a 11 de Setembro, quando era apresentada a opereta As vinte mulheres do rei, Ha hoje uma esplendida festa n’este theatro [...] Preparam-se varias surprezas e novidades, que muito devem agradar; e além d’uma excellente fanfarra que tocará no salão do theatro, das 5 ás 9 horas da noite, abrilhantam tambem este espectaculo duas sociedades phylarmonicas muito distinctas que tocarão durante os intervallos um variadissimo reportorio.[...] 73
no Teatro do Rato a 17 de Março, Preparam-se n’este theatro magnificas noites com a Mascotte n.º 3 de Argus e os Operarios e Agiotas de Julio Rocha. Esta ultima peça vae em beneficio do estimado artista José Pedro, na segunda feira 17 do corrente. N’essa noite canta se um hymno operario escripto pelo maestro Rio de Carvalho e nos intervallos executará algumas peças do seu repertório a banda dos bombeiros municipaes. […] 74
e no Teatro da Rua dos Condes a 30 de Outubro, Ámanhã, 30, realisa-se no theatro da rua dos Condes uma festa promovida pela sociedade de instrução Guilherme Cossoul, indo a banda da sociedade tocar no salão do theatro as melhores e mais modernas peças do seu reportório.75
70
Diário ilustrado, 2 de Fevereiro de 1890. Diário ilustrado, 13 de Dezembro de 1890. Diário ilustrado, 16 de Agosto de 1890. 73 Diário ilustrado, 11 de Setembro de 1890. 74 Diário ilustrado, 11 de Março de 1890. 75 «Sociedade Guilherme Cossoul», in Diário Ilustrado, 29 de Outubro de 1890. 71 72
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Até mesmo no Teatro de D. Maria II houve lugar à apresentação da Banda Regimental da Guarda Municipal, nomeadamente no dia 13 de Fevereiro. Não se tratava, porém, de um procedimento comum, sendo esta situação proporcionada pelo benefício do maestro Manuel Augusto Gaspar, que dirigia simultaneamente esta banda e o sexteto do teatro. Naquela noite a companhia de teatro representou as comédias Quem morre ... morre e As surprezas do divórcio, para além do monólogo Os Gatos. O sexteto interpretou o seguinte programa «[…] Marche algerienne, Desormes – L’etoile du nord, grande ouverture. Meyerbeer – Meditation, Ave maria, Prelude de Bach, C. Gounod – Nozes d’or, Gavotte, pour violoncelle. A. Corbin – Doux sommeil, Berceuse pour quartette e orgue, G. Marie – L’Amour, Pizzicato, S. Dodwel. […]».76 A banda, por sua vez, tocou a «grande ouverture dramatique, de G. Wettge, escripta expressamente para o concurso internacional de bandas militares em Paris.»77 Acontecia serem anunciados momentos musicais integrados no próprio programa. Se bem que de forma pouco esclarecedora, a edição de 11 de Abril do jornal O dia informa-nos que por ocasião de um benefício no Teatro do Ginásio haveria lugar, para além das comédias Os dois candidatos, Verdades e mentiras e O Primo Fernando, um concerto musical.78 No Teatro da Rua dos Condes, mais uma vez num benefício, tomou parte uma estudantina de que fazia parte o guitarrista Frontaura.79 E também no Teatro Alegria e no Teatro do Príncipe Real ocorria este tipo de intervenções, se bem que com um carácter mais próximo do que acontecia no Coliseu. A 27 de Setembro surgia anunciado o seguinte evento para o Príncipe Real: O actor Chaves, a quem o publico deve protecção porque é um trabalhador incançavel, dá hoje ali um espectáculo em que exhibirá varias sortes de prestidigitação, fará exercício de ventriloquia com fantoches em tamanho natural, jogará o sabre, executará um concerto excentrico, etc. A comédia Os crimes de Brandão completará o espectaculo, que, como se vê, não pode ser mais variado.80
76
O dia, 13 de Fevereiro de 1890. Ibid. 78 O dia, 11 de Abril de 1890. 79 Diário ilustrado, 18 de Dezembro de 1890. 80 O dia, 27 de Setembro de 1890. 77
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O mesmo havia acontecido anteriormente no Teatro Alegria, onde o mesmo actor Chaves havia interpretado o seu espectáculo, que se pode compreender melhor a partir da leitura deste outro anúncio: Benefício do camaroteiro do teatro e do discípulo Fialho. O actor Chaves vai obsequiosamente tocar algumas peças nas guizeiras e no copophone.81
A tudo isto teremos ainda de juntar os inúmeros hinos e marchas que foram tocados ao longo do ano, sendo a revelação d’A portuguesa o exemplo mais significativo. Não se pode, portanto, reduzir a actividade dos teatros à música especificamente concebida para acompanhar, ou complementar, a acção dramática. A importância destes espaços no âmbito da vivência musical dos lisboetas era, portanto, bastante significativa.
Os agentes musicais Nas secções anteriores já falámos sobre alguns dos mais activos responsáveis pela produção musical nos teatros, nomeadamente os cançonetistas e as bandas regimentais. Falta agora referir os músicos que formavam as orquestras dos teatros, os compositores e os maestros. Havia na época uma clara distinção entre as diversas categorias profissionais, a qual também se verificava no âmbito da música. Assim, os músicos profissionais eram designados professores de música, e integravam, na sua grande maioria, a Associação Música Vinte e Quatro de Junho. Havia, porém, músicos que auferiam remunerações nos teatros e que não faziam parte desta Associação. Era o caso dos membros do sexteto do Teatro de D. Maria II, os quais com as excepções do violinista Filipe Duarte e do seu director Manuel Augusto Gaspar, que era trompista do Teatro de São Carlos, não estavam filiados naquela instituição. Haveria também muitos outros intérpretes que integravam simultaneamente orquestras de teatros e bandas regimentais, pelo que também não poderiam pertencer à Associação. Isso é comprovável a partir da leitura de uma carta
81
Diário ilustrado, 25 de Abril de 1890.
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endereçada em 28 de Janeiro pelo director da orquestra do Teatro da Rua dos Condes, Plácido Stichini, à direcção da Associação, na qual diferenciava os músicos que compunham a sua orquestra e que integravam simultaneamente essas bandas militares.82 Também noutra carta datada de 20 de Janeiro de 1890 e assinada pelo director da orquestra do Teatro da Avenida, Luíz Gonzaga de Sousa Andrade Ferreira escrevia assim a propósito da participação da sua orquestra num concerto patriótico organizado pela Associação e que se veio a realizar no Coliseu: A orchestra do Theatro da Avenida a quem foi presente o officio da 8.ª comissão executiva de 25 do corrente, adhere com o maximo prazer o seu honroso convite para fazer parte da matinée que hade ter logar no Coliseu de Lisbôa no dia 9 do proximo mes de fevereiro, considerando-se desde já à sua disposição. Na relação nominal junta, vae a designação dos que são militares e que teem de tocar nas suas respectivas bandas.» 83
Para além destes, haveria outros que integrariam as orquestras dos teatros mais pequenos e que, por não preencherem os requisitos exigidos no processo de admissão de sócios da Associação, desempenhariam essa função de forma independente e, porventura, em acumulação com uma segunda profissão. Também não se acham nas listas dos arquivos da Associação os nomes dos maestros e dos compositores da música que era interpretada nos teatros. Começamos por estes, para depois nos centrarmos nas orquestras.
Compositores e ensaiadores Regressemos ao artigo publicado no Amphion, onde também aparece uma descrição do modelo de funcionamento da produção musical nos teatros. Isso ajuda-nos a perceber como os compositores desempenhavam a sua actividade e a relativizar a falta de qualidade que tantas vezes é apontada à música teatral portuguesa deste período. As empresas exploradoras do genero de que fallamos, contractam em geral um regente d’orchestra que accumule ainda as funcções de ensaiador de córos e partes e a de fabricante de musica. Dizemos fabricante, attenta a rapidez da manufactura, porque a maior parte das vezes o maestro é obrigado a fazer musica em
82 83
Expediente da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, ano de 1890, arquivo do Montepio Filarmónico. Expediente da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, ano de 1890, arquivo do Montepio Filarmónico.
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curto espaço de tempo, para livrar de embaraços a empreza, que tem de pôr em scena uma peça em determinado praso. A remuneração d’este serviço é quasi sempre dada na razão de mil a dois mil réis por cada numero de musica, por uma só vez. Procede o maestro á organisação immediata do spartito; quanto mais depressa o fizer mais cedo recebe o dinheiro. Em poucas semanas, ou antes em poucos dias, satisfaz o encargo. Sendo, como é tão notorio, difficilimo e moroso achar muitas vezes um motivo original, prevê-se logo o desastre que resulta d’esta incuria em assumpto de tanta monta. Uns trechos mais ou menos plagiados, quando não são totalmente transcriptos, a letra de mal com a solfa, um todo heterogeneo, sem elevação nem espírito; trivialidade completa a que o publico assiste benevolente sim, mas de todo indifferente. Por este processo, nem mesmo resta ao pobre compositor o incentivo de produzir com mais cuidado e estudo, porque se acaso a sua obra tem a infelicidade de agradar, não o encarregam tão cedo de nova encommenda, e apenas recebe o seu magro ordenado de ensaiador emquanto ella estiver em scena.»84
Podemos diferenciar várias classes de músicos profissionais que se dedicavam às actividades de compositor ou maestro neste período. Os primeiros são os maestros contratados pelo Teatro de São Carlos, tais como Cleofonte Campanini, Alberto Pontecchi ou Marino Mancinelli. Estes músicos italianos limitavam a sua actuação praticamente à direcção da orquestra deste teatro. Havia, também, os compositores, que apostavam numa actividade criativa mais ambiciosa, e cujo resultado ainda hoje lhes é reconhecido. Referimo-nos a Augusto Machado, Emilio Lami e Alfredo Keil. Se Augusto Machado estava suficientemente ocupado com a direcção do Teatro de São Carlos, e se sobre Emilio Lami só temos notícia de uma singela intervenção pianística a 31 de Maio no Teatro da Trindade, já Alfredo Keil se encontrava bastante mais activo por esta altura: para além da composição d’A portuguesa, organizou em Junho um evento na sua própria residência em que o já referido sexteto do Teatro de D. Maria II interpretou dez músicas da sua autoria85 e, no final do ano, dedicou-se a escrever a música para um drama que seria estreado nesse mesmo teatro no princípio de 1891, intitulado A morta.86 Havia ainda os maestros das bandas e os professores do Conservatório Real de Lisboa. No que respeita aos maestros e compositores directamente relacionados com a actividade teatral destacam-se três nomes: o já referido Plácido Stichini, Francisco Simaria e Rio de Carvalho. Os perfis dos dois primeiros são os que melhor se ajustam à descrição do periodicista do Amphion. Plácido Stichini, para além de, como já foi aqui referido, ter escrito a música d’Os
84
F.F., «A música nos nossos teatros», in Amphion, 16 de Julho de 1990. Diário ilustrado, 21 de Junho de 1890. 86 O dia, 27 de Dezembro de 1890. 85
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filhos do capitão Grant e de Mam’zelle Nitouche, foi também autor da componente musical de mais seis títulos que foram estreados ou levados à cena em 1890, a maioria das vezes no Teatro da Rua dos Condes. A Mágica Os beijos do diabo foi um dos maiores sucessos deste ano, tendo subido à cena por trinta e nove vezes. Era composta por quatro actos e continha mais de quarenta números de música:87 A música é lindissima e teem sido bisados os primeiros numeros. A serenata do 2.º acto que Correia canta esplendidamente, despertou enorme enthusiasmo. O desempenho é excelente e a peça está bem ensaiada. A casa tem grande concorrencia e o publico tem aplaudido calorosamente.88
Já o Vaudeville Um marido na reserva só registou quatro representações, mas parece tratar-se de uma reposição, tal como o Casamento da Nitouche, Mam’zelle diabrete e Mam’zelle Nitouche, que seriam variações da mesma peça. Esta última motivou os seguinte comentários: A música é simplesmente deliciosa, positivamente o genero vaudeville, que nenhum maestro portuguez comprehende ainda – a nosso modo de ver – como Stichini. Uns cantos muito ligeiros muito simples, com desenhos variados, de modo a deixar dizer a letra, sem que as notas se vão afogar n’um labyrintho horrivel na garganta do diseur. Os nossos sinceros parabens, pois, ao illustre artista.89
A única colaboração deste compositor com outro teatro aconteceu quando musicou a Revista de Sousa Bastos intitulada Tim tim por tim tim, estreada em Fevereiro no Teatro da Avenida. Nessa ocasião houve inclusivamente azo a algumas especulações em torno da eventual transferência de Stichini para aquele teatro. Tratava-se, todavia, de uma colaboração pontual.90 Também esta Revista foi extraordinariamente bem sucedida, como o comprovam as setenta e duas vezes que subiu à cena no decorrer deste ano. Quando em Março foi introduzido um novo acto, foi-lhe acrescentada música de Federico Chueca e Joaquín Valverde.91 Francisco Simaria esteve sobretudo vinculado ao Teatro Alegria. Apesar de a crítica não lhe ter sido muito favorável nalguns periódicos, aquando da concepção da música da Revista Ff & Rr de Baptista Machado, outros houve que lhe elogiaram alguns trechos.
87
O dia, 17 de Janeiro de 1890. O dia, 19 de Janeiro de 1890. 89 O dia, 10 de Março de 1890; citando o jornal A Tarde. 90 O dia, 7 de Fevereiro de 1890. 91 Tim tim por tim tim, 16 de Março de 1890. 88
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[...] A musica é a peior de quantas Symaria tem feito para diversas revistas. Cremos que lhe fez mal a collaboração. Ainda assim, numeros tem que agradam, especialmente a polka do Excelsior, uma valsa de Strauss e outra do sr. Ferreira.92 Tem umas peças musicais de grande sucesso, nomeadamente O Minuto e a Ginginha cantadas por uma pequena chamada Libania e uma Walsa de Strauss cantada por Ernesta Cerri.93
Nem toda a música era, portanto, da sua autoria. Sabemos aliás que esta mesma Revista incluía números musicais da autoria de um músico amador, de seu nome Tibúrcio Ferreira, os quais haviam sido posteriormente instrumentados pelo músico da orquestra do Teatro de São Carlos Luís Filgueiras. Simaria escreveu, ainda, a música para o «apropósito patriótico» A torpeza e para as Operetas As vinte mulheres do rei e A bengala d’el-rei, esta última levada à cena no Teatro do Rato em Novembro, altura em que o Teatro Alegria se encontrava encerrado. Ao longo deste ano o contributo de Rio de Carvalho no domínio teatral foi mais modesto, já que grande parte da sua actividade profissional se desenvolvia no Jardim Zoológico. Contudo, em Março colaborou com o Teatro do Rato, onde teve a oportunidade de exercer as funções de maestro à frente da Mágica em quatro actos Os espirros de Satanaz, cuja música foi elogiada na imprensa.
As formações musicais nos teatros As formações musicais variavam bastante conforme a dimensão do teatro e, sobretudo, em função do reportório que aí era representado. No expediente da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, de 1890, encontra-se um precioso documento que nos dá a exacta ideia sobre a constituição dos agrupamentos instrumentais que deveriam acompanhar as diferentes modalidades cénicas. Trata-se de um orçamento datado de 14 de Março de 1891, assinado pelos directores da Associação, e que descrimina a composição das orquestras para os diferentes tipos de espectáculo então considerados, assim como o valor do custo de cada função. Obtivemos a partir daí as Tabelas 1.1.
92 93
Tim tim por tim tim, 19 de Janeiro de 1890. O dia, 21 de Janeiro de 1890.
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«Grande opera ou opera lyrica»
«Zarzuella ou Opera comica»
«Operetta»
1.os Violinos 2.os Violinos Violas Violoncellos Contra Baixos Flautas Oboes Clarinettes Fagottes Clarinette Baixo Cornetins Trompas Trombones Baixo Timpanos Bateria Total
1.os Violinos 2.os Violinos Violas Violoncellos Contra Baixos Flautas Oboes Clarinettes Fagottes Clarinette Baixo Cornetins Trompas Trombones Baixo Timpanos Bateria Total
1.os Violinos 2.os Violinos Violas Violoncellos Contra Baixos Flautas Oboes Clarinettes Fagottes Cornetins Trompas Trombones Timpanos Bateria Total
10 8 4 4 4 3 2 2 2 1 2 4 3 1 1 3 54
«Trabalhos de Circo» 1.os Violinos 2.os Violinos Violas Violoncellos Contra Baixos Flautas Flautim Oboes Clarinettes Fagottes Cornetins Trompas Trombones Timpanos Bateria Total
8 6 2 3 4 2 2 2 2 1 1 1 3 1 1 3 43
«Bailes de Mascaras» 8 6 2 3 4 1 1 1 2 1 4 2 4 1 3 43
1.os Violinos 2.os Violinos Violas Violoncellos Contra Baixos Flautas e Oitavino Oboe Clarinettes Fagottes Cornetins Trompas Trombones Timpanos Bateria Total
8 6 2 2 3 2 1 2 1 2 2 3 1 3 38
«Banda à Franceza» 8 6 2 3 4 2 1 2 1 4 2 4 1 3 43
Mestre Flautim Clarinettes Saxofones Cornetins Trombones Contra baixo Saxtrompas Baritono Bombardino Contra Baixos de Corda Oboe Fagotte Bateria Total
1 1 6 4 8 4 2 2 2 2 2 1 1 3 40
«Fanfarra» Cornetins Fliscorni Saxofone Trombone Saxtrompa Baritono Contra Baixo Bombardino Total
4 1 1 2 2 1 2 1 14
Tabelas 1.1. – Composição das formações musicais inscritas num orçamento assinado pela direcção da Associação Musica Vinte e Quatro de Junho a 15 de Março de 1891. Guardado no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho (Expediente de 1890)
Outro valioso contributo para o esclarecimento deste assunto é o artigo «Orchestra» incluído no dicionário de Sousa Bastos – uma pessoa que, embora só tenha publicado este texto em 1908, conheceu bem de perto toda esta realidade.
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 1 – A música nos teatros
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[…] a orchestra varia muito, segundo o genero dos espectaculos e segundo as dimensões do theatro. Nem todos os theatros são lyricos, e nem todos os theatros lyricos se encontram em eguaes circunstancias. A formação da orchestra depende pois, naturalmente das condições do theatro. Um theatro de comedia póde prescindir de orchestra, como aconteceu com o de D. Maria, ou póde ter um sextetto, como os do Gymnasio, D. Amelia e Principe Real. Um theatro de vaudeville póde limitar-se a uma orchestra de doze ou quatorze professores; os theatros de opera ou opera comica devem ter, pelo menos vinte executantes; para companhias lyricas, segundo a sua importancia, o numero de musicos deve ser de cincoenta, sessenta ou mais. As pequenas orchestras teem um numero reduzido de instrumentos. Para um theatro onde a orchestra so tem de tocar nos intervallos, ou mesmo para aquelle em que tem de acompanhar couplets ou executar musica de scena, basta que a orchestra tenha dois primeiros violinos, um segundo, um violeta, um contrabaixo, um violoncelo, um flauta, um clarinete, um piston, um trombone, dois trompas e um timbaleiro; total: treze professores. Nos theatros d’opera comica e opereta são precisos quatro primeiros violinos, dois segundos, um violeta, dois contrabaixos, um violoncello, dois flautas, dois clarinetes, dois pistons, um trombone, dois trompas, um fagote, um oboé, um timbaleiro, um bombo e um caixa; total: vinte e quatro musicos. Uma boa companhia lyrica deveria ter sempre uma grande orchestra, composta dos seguintes instrumentos: doze primeiros violinos, doze segundos, oito violetas, oito violoncellos, oito contrabaixos, dois flautas, um flautim, dois clarinetes, dois oboés, dois harpas, quatro baixos, quatro trompas, dois fagotes, dois pistons, tres trombones, um ophiclide, dois saxophones, um timbaleiro, um bombo, uma caixa e triangulo; total: 78 professores. 94
Temos fartas razões para entender estes números como referências ideais, já que a prática demonstrava significativas divergências com estas duas descrições. Recorrendo de novo ao arquivo da Associação Música Vinte e Quatro Junho, desta vez à relação de funções registadas em cada mês do ano de 1890, verificamos uma realidade bem diferente. Estão aí conservadas cerca de setenta listagens que descriminam os nomes dos músicos que estiveram ao serviço de cada teatro em cada mês do ano. Elas referem também o número de récitas verificadas nesse mesmo período e os montantes monetários com que cada músico contribuiu para os cofres do Montepio Filarmónico, achados mediante a aplicação da percentagem de 1% sobre os honorários, conforme estava determinado nos estatutos de 1882.95 Afim de conhecer as formações musicais que, efectivamente, era comum apresentarem-se, vamos analisar alguns exemplos em que confrontamos o reportório levado à cena com os músicos que, como nos informa a relação de funções da Associação, tocaram nessas ocasiões. Comecemos pela Orquestra do Teatro da Trindade, por se tratar de um formação que em todos os meses do ano entregou à Associação a relação de funções que tiveram lugar no teatro, exceptuando os meses de Julho e Agosto por estar fechado; também por verificarmos ser o número de récitas
94 95
«Orchestra», in António de Sousa BASTOS, op. cit., p. 102. No capítulo 3.º (deveres dos sócios), artigo 14.º dos estatutos da Associação era determinado o seguinte: «Os socios effectivos são obrigados; […] 3.º A ceder um por cento dos interesses artisticos que – no exercício da arte de musica – auferirem em orchestras de Theatro, Concerto, ou Baile, e em geral em todos os serviços artisticos que a Associação lhes proporcionar.»
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nelas informadas muito próximo do número de espectáculos que registámos a partir da pesquisa efectuada na imprensa, facto que confere a estes documentos grande fiabilidade. No mês de Janeiro houve vinte e quatro récitas no Teatro da Trindade. Em praticamente todas elas participaram os vinte e dois músicos a seguir listados. Tabela 1.2. – Nomes dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro da Trindade em Janeiro de 1890. João Augusto Metello Anacleto Martins Eduardo Macedo António M. Tasso António Espírito Santo Eugénio A. Gomes Joaquim Cordeiro Fialho César A. França
Amilcar J. dos Santos Francisco Manuel António Cruz Júlio Taborda Bernardino C. Vaz Carlos Talassi Joaquim Costa Braz António Baleirão António Mº Silva
João dos Santos Fernandes José de Castro Curto Eduardo Wagner Agostinho Sedrim Augusto C. Ferreira António Germano
Infelizmente, não nos foi possível saber qual o instrumento que cada um destes músicos tocava, o que nos permitiria reconstituir a formação. Todavia, a distribuição instrumental deveria ser, salvaguardadas as devidas proporções, semelhante às formações da Opereta e da Ópera Cómica apresentadas nas Tabelas 1.1., pois os espectáculos apresentados acercavam-se desses géneros teatrais. Conforme se pode verificar no Anexo C1 os vinte e seis espectáculos exibidos em Janeiro incluíram quatro títulos: a Mágica O gato preto, (quatorze representações); a Opereta A noite e o dia (três representações); o Vaudeville O Homem da Bomba (três representações); e a Ópera Cómica Perichole (seis representações). Nos restantes meses do ano, apresentaram-se formações com uma dimensão bastante semelhante: Tabela 1.3. – Dimensão aproximada da Orquestra do Teatro da Trindade em cada um dos meses do ano de 1890. Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Setembro + Setembro Outubro Novembro Dezembro
N.º de músicos 22 23 22 22 25 26 22 3 26 22 21
N.º de Récitas 24 19 26 26 26 26 11 3 20 26 25
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 1 – A música nos teatros
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A primeira ilação a retirar da leitura destas tabelas, e na medida em que no Teatro da Trindade se apresentou sempre o mesmo tipo de reportório teatral (ver Anexo C2), é a de que o número de músicos que compunha uma orquestra destinada a acompanhar Ópera Cómica ou Opereta estava longe dos quarenta que, segundo os documentos da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, era considerado ideal. Neste teatro mantinha-se uma formação que variava entre os vinte e um e os vinte seis músicos. A única excepção aconteceu nos dias 26, 27 e 29 de Setembro, em que ali se apresentou a companhia lírica italiana que havia actuado anteriormente no Coliseu.96 O número de espectáculos apresentado por esta companhia coincidiu com o número de récitas em que só aparecem três músicos registados. Permanece, portanto, uma dúvida: ou as óperas Lucia de Lammermoor, de Gaetano Donizetti, e La sonnambula, de Vincenzo Bellini, que aparecem anunciadas na imprensa foram interpretadas somente por três músicos – Luís A. Filgueiras, Joaquim Jorge Almeida e António da C. Taborda, todos eles músicos da Orquestra do Teatro de São Carlos –, o que seria decerto muito pouco provável, ou se apresentaram mais músicos que não estavam obrigados a prestar contas à Associação. Também nos chegaram todos os documentos relativos ao registo de funções do Teatro da Rua do Condes. A peça que mais vezes foi exibida naquele palco foi a já referida Opereta Fantástica O reino das mulheres, que teve noventa récitas. Por sua vez a Mágica Os beijos do diabo teve quarenta récitas, o Vaudeville Mam’zelle Diabrete, vinte e oito e o Drama Os filhos do capitão Grant trinta e uma. Neste caso, constatámos que a formação musical deste teatro estaria mais de acordo com aquilo que Sousa Bastos considerava normal para um teatro de comédia do que com uma casa onde se apresentava aquele tipo de reportório. Ao longo do primeiro semestre do ano apresentou-se um quinteto de instrumentistas, de que deixamos aqui o exemplo do mês de Janeiro:
96
O dia, 25 de Setembro de 1890.
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Tabela 1.4. – Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro da Rua dos Condes em Janeiro de 1890 Raimundo José dos Santos Francisco Pereira de Lima Manuel Fernandes de Sá José Faustino da Costa João Augusto Sacramento Ferreira
Se não faziam dela parte músicos que não pertenciam à Associação Música Vinte e Quatro de Junho, era então esta a sua dimensão. Ao longo do ano, como se pode ver na seguinte tabela, não se registaram grandes alterações. Apesar disso, com a apresentação d’O reino das mulheres no mês de Julho, foram integrados mais alguns músicos, o que mereceu num anúncio do jornal Tim tim por tim tim (por sinal, propriedade do produtor e tradutor da peça, António Sousa Bastos) a seguinte informação: 36 lindos numeros de musica [...] Coros e orchestra consideravelmente augmentados.97 Tabela 1.5. – Dimensão aproximada da Orquestra do Teatro da Rua dos Condes em cada um dos meses do ano de 1890. Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro + Novembro Dezembro
N.º de músicos 5 5 5 5 5 5 7 8 9 6 6 1 7
N.º de Récitas 20 24 23 18 9 29 19 31 15 20 17 6 22
Era no Teatro do Ginásio onde permanecia o grupo mais estável de músicos. Ao longo dos mais de duzentos espectáculos que ocorreram neste espaço, apresentaram-se quase sempre os mesmos músicos. Exceptuando o mês de Janeiro, em que não aparece referenciado o contrabaixista Augusto Frederico Haupt, em todos os restantes juntam-se-lhe Frederico Augusto Guimarães, o violetista José Joaquim da Silva, Carlos Augusto Fiorenzola, o também violetista 97
Tim tim por tim tim, 3 de Agosto de 1890.
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Augusto José de Carvalho, Domingos Candido Lacomba e Manuel Martins Sarmento – mais uma vez não dispomos da informação dos instrumentos tocados por todos eles. Foram estes sete elementos que acompanharam ao longo do ano um vasto número de comédias, tais como As mulheres carraças, em cinco actos, traduzida do francês por Gervásio Lobato, e a bem sucedida peça original do mesmo Gervásio Lobato O comissário de polícia, em quatro actos, que foi apresentada por cinquenta e cinco vezes. Embora com uma vocação teatral absolutamente diferente, na medida em que aí se apresentava sobretudo Drama, o Teatro do Príncipe Real manteve ao longo do ano uma orquestra com características muito semelhantes. Era igualmente constituída por um núcleo bastante regular de músicos. Seis nos primeiros três meses do ano e, nos restantes, sete músicos: Augusto C. Araújo, Redolpho Puga, Alfredo N. Martins, Manuel Joaquim Esteves, José Manuel C. Puga, Júlio Umbelino Santos e Eduardo Raiz da Silva. A avaliar pelo registo de funções guardados na Associação, seria mais modesta a realidade musical vivida no Teatro Alegria. Ao longo dos primeiros oito meses do ano, período em que aí se manteve uma actividade regular, só aparecem escriturados Joaquim Antolim e Manuel Sepúlveda. Contudo, várias informações denunciam que o número de músicos seria maior. Por exemplo, a propósito da Revista Ff & Rr da autoria de Baptista Machado, um dos maiores sucessos do primeiro semestre do ano, era referido no periódico Tim tim por tim tim que «a orchestra precisava de ser melhorada».98 Por seu turno, o Diário Ilustrado refere que naquela estreia o maestro foi chamado ao palco.99 Tratar-se-ia certamente do maestro Francisco Simaria, que em Março viria a ser mencionado no jornal O dia, acerca da estreia da peça patriótica A torpeza, da seguinte forma: [...] Finalmente o maestro Symaria irreprehensivel no penteado e nos bigodes, tomou assento, empunhou a 100 batuta, e a symphonia rompeu.[...]
98
Tim tim por tim tim, 19 de Janeiro de 1890. Diário ilustrado, 13 de Janeiro de 1890. 100 O dia, 8 de Março de 1890. 99
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Deveria, assim, existir uma orquestra constituída por um maior número de músicos, a grande maioria dos quais não pertencentes à Associação Música Vinte e Quatro de Junho. A confirmação dessa suspeita surge-nos através de um documento datado de 30 de Dezembro, também conservado no arquivo da mesma instituição. Consiste numa folha de pagamentos referente às sete representações da Mágica Os amores de D. Sirinico XXXI, que tiveram lugar no último mês do ano e que proporcionaram a reabertura daquele espaço após praticamente três meses de inactividade. A música era da autoria de um violinista da Orquestra do Teatro de São Carlos, Pedro Alcântara Ferreira. Na relação de descontos entregues à Associação estão inscritos somente três músicos: Joaquim Antolim, Grimnaldo Ajuda, violinista que ao longo do ano integrou as orquestras do Teatro de São Carlos e do Real Coliseu de Lisboa, e Manuel Fernandes de Sá, contrabaixista do Teatro da Rua dos Condes. Todavia, na referida folha de pagamentos aparecem mais onze músicos nunca mencionados nos documentos da Associação. Três destes músicos são apontados como «augmentos», o que leva a crer que a formação regular deste Teatro rondaria os dez elementos. Em Dezembro, era então esta a constituição da orquestra deste teatro: Tabela 1.6. – Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro Alegria em Dezembro de 1890. Joaquim Antolim Grimnaldo Ajuda Paulo Freire Antunes Xavier Manuel Fernandes de Sá Pirez Moreira José Maria Damasceno Frederico Alfredo de Freitas António Galvão José Maria Adelino José Ventura Gaudêncio Caetano
Chefe de orquestra 1.º Violino 1.º Violino 2.º Violino 2.º Violino Contrabaixo Flauta Clarinete Cornetim Trombone Tímpano 2.º Clarinete 2.º Cornetim Percussão
Também o Teatro do Rato deveria contratar músicos não pertencentes à Associação. Só dispomos de duas folhas de pagamentos, que se referem aos últimos dois meses do ano naquele teatro. Estas indicam duas funções em Novembro e onze em Dezembro, apesar de termos
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registado mais espectáculos anunciados na imprensa. O único nome indicado é o de Manuel Sepúlveda pelo que, tal como no Teatro Alegria e, como veremos adiante, no Teatro da Avenida, deveriam juntar-se a este outros instrumentistas. Acerca do Teatro Luís de Camões não dispomos de qualquer documento. Era, contudo, certo que aí se fazia ouvir música. Isso mesmo comprova a seguinte citação. N’este theatro, em Belem, inaugura-se hoje a série de espectaculos que ali vae dar a empreza do theatro da Avenida. O espectaculo é todo de musica e por certo nunca tão bom se viu n'aquelle theatro, que necessariamente, deve ter esta noite uma enchente.101
Acerca do Teatro da Avenida é possível consultar o registo de quatro entregas de pagamentos à Associação. Duas delas referem somente o nome de Manuel Sepúlveda, o que, tendo em consideração o reportório apresentado – a Opereta As vinte mulheres do rei – indicia que era adoptado o mesmo procedimento do Teatro Alegria, já que a mesma peça vinha sendo apresentada neste último teatro no período imediatamente anterior. Outra lista de músicos referese às vinte e duas representações ocorridas no mês de Novembro. Paradoxalmente, não encontrámos qualquer anúncio na imprensa durante esse mês para o Teatro da Avenida, facto para o qual não achámos qualquer explicação. Ter-se-á, então, apresentado uma formação que integrava sete músicos. Mais fácil de perceber é uma listagem de vinte e sete músicos que nos chegou referente a três funções no mês de Julho. Entre os onze espectáculos que se podem contar a partir da consulta dos periódicos, três consistiram numa «Récita por amadores da extinta sociedade Taborda»102 nos quais participou uma orquestra composta por «professores da Associação 24 de Junho sob a direcção do maestro Antonio Duarte da Cruz Pinto».103 Nessa ocasião era levada à cena a Opereta Barba Azul e foram recrutados músicos das orquestras de quase todos os teatros lisboetas. Esta formação aproxima-se do modelo proposto e firmado pela direcção da Associação para os espectáculos de Opereta em que eram indicados trinta e oito músicos. A Tabela 1.7. apresenta os
101
Diário ilustrado, 1 de Março de 1890; um comentário semelhante pode ser encontrado na edição do Novidades de 21 de Junho de 1890. O dia, 16 de Julho de 1890. 103 Diário ilustrado, 16 de Julho de 1890. 102
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músicos que aparecem aí inscritos, sendo que os respectivos instrumentos foram recuperados das relações de funções dos outros teatros. Tabela 1.7. – Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro da Avenida em Julho de 1890, aquando das três representações da Opereta Barba Azul. Alexandre Ferreira Júlio C. Caggiani Eduardo Ferreira Luís Vaz da Cunha Augusto P. Nascimento Pereira José Joaquim da Silva Jeronymo Lino da Silva João Cunha e Silva Luís Augusto da Silva Amilcar J. dos Santos Cesar Augusto França Francisco Manuel António Cruz Júlio Taborda Ernesto Cyriaco Carlos Talassi Joaquim Costa Braz João Lazaro Azinhaes João Manuel João dos Santos Fernandes José de Castro Curto Joaquim Thomaz Del-Negro Manuel A. A. Tavares José Sargedas Manuel José Cyriaco Augusto V. Ferreira António Germano José Gonçalves
Violino Violino Violino Violino Violino Viola Violino Violoncelo Violoncelo Contrabaixo Violoncelo Madeiras Flauta [não identificado] Clarinete Clarinete Oboé Fagote Cornetim Cornetim Trompa [não identificado] Trompa Trombone [não identificado] Percussão Percussão
A partir dos exemplos anteriores podemos, desde já, assinalar quatro condições genéricas que determinavam a constituição das formações musicais que se apresentavam nos teatros públicos de Lisboa. Primeiro, não existia uma imposição rígida quanto ao número de músicos face ao tipo de reportório teatral que era exibido. Sabemos quais eram então consideradas as formações ideais em função dos diferentes aparatos cénicos mas, na prática, havia algumas variações que dependeriam das possibilidades de cada empresa. Segundo, enquanto nos teatros mais antigos e com uma programação mais regular, tais como o Trindade, o Ginásio, o Príncipe Real e o Condes, havia uma orquestra formada por um núcleo de elementos que se mantinha estável ao longo do tempo, já nos teatros mais inconstantes os músicos que aí figuravam poderiam variar enormemente. Terceiro, nem todos os músicos que formavam as orquestras eram músicos
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profissionais pertencentes à Associação Música Vinte e Quatro de Junho, procedendo-se à contratação de outros músicos, sobretudo naqueles últimos teatros. Quarto, havia mobilidade de músicos entre os vários teatros da cidade, pelo que não era imposto qualquer regime de exclusividade aos instrumentistas. Serve para ilustrar esta última observação a mobilidade dos músicos entre a Orquestra do Teatro de São Carlos e as orquestras dos dois coliseus. Durante os meses em que o teatro lírico permanecia em actividade, apresentava-se em São Carlos uma orquestra composta por um corpo regular de quase sessenta músicos, de que serve de exemplo a seguinte tabela respeitante ao mês de Janeiro.
Tabela 1.8. – Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Teatro de S. Carlos em Janeiro de 1890. J. Castilho Joaquim A. G. Alagarim Augusto C. Ferreira Ernesto Zenoglio João Neumayer Júlio C. Caggiani Agostinho Geadas Eduardo Ferreira Luís Vaz da Cunha Pedro Alcântara Ferreira Grimnaldo Ajuda Manuel Pires Augusto P. Nascimento Pereira Pedro António de Barros Luís Raymundo Santos António Junqueira Augusto C. Monteiro d’Almeida António A. Furtado José Manuel da Cunha Júlio Simões João Carlos da Costa Joaquim Jorge Almeida Manuel Malheiros José Roiz d’Oliveira Jeronymo Lino Francisco José Gomes Carlos Prachadas Eduardo Vidal Francisco Roth João Cunha e Silva Augusto Palmeiro João António da Silva
Violino Violino [não identificado] Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino [não identificado] [não identificado] [não identificado] Violino [não identificado] Violino Viola Cornetim [não identificado] [não identificado] [não identificado] [não identificado] Viola Violoncelo [não identificado] [não identificado]
José Narciso da C. e Silva José Roque Daniel J. Lacueva José F. Braga Pedro Silva João Arroyo Ernesto Cyriaco José J. Pereira João Azinhaes Severo da Silva Zeferino Furtado Leandro Galhasteghi Francisco Ferreira da Silva Francisco C. Mello J. Rodrigues d’Almeida Joaquim Del-Negro Luís Tavares Joaquim A. Martins António da C. Taborda Manuel José Cyriaco António A Segº dos Santos Amilcar J. dos Santos António S. Creswell Miguel José da Silva José Gonçalves Luís A. Filgueiras João Manuel
[não identificado] Contrabaixo Contrabaixo Contrabaixo Trombone [não identificado] [não identificado] Oboé Oboé Clarinete Clarinete Fagote [não identificado] [não identificado] [não identificado] Trompa [não identificado] [não identificado] Trombone Trombone Trombone Contrabaixo Tímpano Percussão Percussão [não identificado] Fagote
Alguns músicos estrangeiros deveriam juntar-se a estes, já que apesar de no final do ano estar registado um conjunto semelhante de músicos, o jornal O dia revela-nos o seguinte:
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Como de costume, abre amanhã a temporada lyrica… Parece que ainda faltam alguns elementos artisticos na orchestra deste theatro; para este fim estão em ajuste alguns professores estrangeiros que em poucos dias chegarão a Lisboa, afim de preencherem as lacunas, ficando assim esta orchestra sendo uma das mais completas que teem tocado em S. Carlos.104
O mesmo jornal havia-nos adiantado no princípio do mês de Outubro que a orquestra deste teatro «é composta de 80 professores; os coros de 80 coristas e a banda marcial de 30 executantes».105 Não possuímos qualquer outra dado que nos permita desenvolver esta informação, mas ela é indicadora de que a componente musical não se quedava, como é evidente, pela orquestra. Uma vez terminada a temporada deste teatro, em Abril, os músicos do São Carlos eram empregados em outros teatros, sobretudo nos coliseus onde por essa altura terminava a época dos espectáculos circenses. Assim, é possível reconhecer na listagem de músicos da Tabela 1.9., respeitante à Orquestra do Real Coliseu de Lisboa do mês de Maio, muitos nomes provenientes da Orquestra do São Carlos. Segundo a Gazeta Musical de Lisboa, isso contribuía para o incremento da sua qualidade. Referindo-se à apresentação da Opereta As mil e uma noites, com a Companhia de Opereta de Alves Rente, escrevia-se assim naquela publicação: 106
A orquestra melhorou com as substituições. Estão agora lá os melhores artistas de S. Carlos.
Tabela 1.9. – Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Real Coliseu de Lisboa em Maio de 1890. Joaquim Alagarim (Junior) Ernesto Zenoglio João Neumayer Agostinho Geadas Júlio C. Caggiani Luís A. Ferreira Grimnaldo Ajuda Pedro Alcântara Ferreira Manuel Pires Augusto N. Ferreira Luís Raymundo Santos Joaquim Jorge Almeida Francisco Roth Jeronymo Lino [da Silva] Manuel Malheiros Augusto Palmeiro Júlio Augusto da Silva José Narciso da C. E Silva José Roque José F. Braga Daniel J. Lacueva 104
Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Violino Viola Viola Viola Viola Violoncelo [não identificado] Contrabaixo Contrabaixo
João Arroyo Luís A. Filgueiras Ernesto Cyriaco José J. Pereira João Lazaro Azinhaes António A. Furtado Severo da Silva Pedro António de Barros Leandro Galhasteghi Francisco C. Mello José Roiz d’Oliveira Joaquim Thomaz Del-Negro Luíz Gonzaga de Sousa Andrade Ferreira Pedro Silva António A. Segº dos Santos António Patacho António da C. Taborda Manuel José Cyriaco António S. Creswell Miguel José da Silva José Gonçalves
O dia, 28 de Outubro de 1890. O dia, 4 de Outubro de 1890; Novidades, 6 de Outubro de 1890. 106 Gazeta musical de Lisboa, 27 de Abril de 1890. 105
Contrabaixo [não identificado] [não identificado] Oboé [não identificado] [não identificado] [não identificado] Clarinete Clarinete Fagote [não identificado] Cornetim Trompa Trompa Trombone Trombone Trombone Trombone Trombone Tímpano Percussão
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De notar que a formação de quarenta e três elementos coincide exactamente com o tipo de orquestra indicado pela Associação Música Vinte e Quatro de Junho para a representação de Zarzuela e Ópera Cómica, por sinal, o tipo de reportório que se apresentou naquele espaço durante o Verão. No Coliseu dos Recreios adoptou-se a mesma estratégia de contratação de músicos da Orquestra do Teatro de São Carlos. Todavia, verificámos que, por exemplo, no mês da inauguração deste espaço só aparecem escriturados quinze músicos, o que poderia apontar para a existência de uma orquestra de menor dimensão. Tal poderia justificar-se por o reportório aí exibido pertencer, sobretudo, à tipologia da Opereta, o que requereria menos músicos. Mas, ainda assim, estaríamos longe dos trinta e oito elementos indicados pela Associação para este tipo de espectáculos. É-nos dada a explicação para este facto num artigo também publicado na Gazeta Musical de Lisboa que diz o seguinte: A empreza d’este theatro escripturou uma orchestra para a sua inauguração, composta de artistas distinctos e não pertencentes á tão decantada Associação Musica 24 de Junho. Entre os artistas escripturados figuram os srs. Manuel Calvo (violoncellista) e D. Izidoro Sanches (violino). Ambos estes distinctos artistas fazem parte do theatro Real de Madrid e portanto será escusado acrescentar mais. Ainda bem que vae acabando a tal lenda da Associação, e isto sirva de exemplo aos emprezarios dos outros theatros.107
Confirmámos a existência de músicos profissionais a exercer em Lisboa que não pertenciam à Associação Música Vinte e Quatro de Junho. Mas fica por saber qual a definitiva constituição da orquestra do Coliseu. Ao contrário do que é afirmado no referido artigo, ela incluía músicos do São Carlos, como se pode comprovar na Tabela 1.10. Fica também por saber qual era a constituição das orquestras dos coliseus durante a temporada de circo, já que não tivémos acesso a qualquer documento administrativo que nos permita averiguar sobre essa matéria. Não foi encontrado, contudo, qualquer sinal que indique a presença dos quarenta e três músicos que a Associação apontava para «Trabalhos de Circo», e será seguro afirmar que nessas ocasiões não se apresentaria qualquer profissional da Vinte e Quatro de Junho pois, como já foi referido anteriormente, chegaram-nos todas as folhas de 107
Gazeta musical de Lisboa, 3 de Agosto de 1890.
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pagamento de percentagens respeitantes aos meses de Verão e nenhuma se refere ao período dos espectáculos de circo. Tabela 1.10. – Listagem dos músicos que formaram a Orquestra do Coliseu dos Recreios em Setembro de 1890 e respectiva proveniência. António M. Tasso Júlio Simões João Carlos da Costa Francisco José Gomes Carlos Prachadas Thomas António Ribeiro Joaquim Cordeiro Fialho João António da Silva João Benevenuto Joaquim Costa Braz Benjamim da Costa António C. Gameiro Francisco Júlio de Almeida João Manuel Francisco Ferreira da Silva José Maria da Cunha
Teatro da Trindade Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Teatro de São Carlos Teatro de São Carlos; Teatro do Príncipe Real [Proveniência não identificada] Teatro da Trindade [Proveniência não identificada] Teatro da Rua dos Condes Teatro da Trindade [Proveniência não identificada] Teatro do Príncipe Real [Proveniência não identificada] Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Teatro de São Carlos
Os professores de música
Não é objectivo deste trabalho estudar a condição social do músico profissional em finais do século XIX. Contudo, é aqui reunido um conjunto de informações que se pode considerar essencial para aprofundar esse conhecimento. Através da consulta do arquivo documental da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, sabemos quantos músicos exerciam essa actividade como profissão na cidade de Lisboa e faziam parte da Associação. Como já foi dito anteriormente, nem todos os músicos profissionais se incluíam neste grupo, contudo, eles representavam um conjunto fortemente representativo, quer pelo seu número quer pela intensa actividade que desenvolviam. Para ser admitido na Associação, para além de outras condições administrativas, era necessário demonstrar capacidade para exercer com competência a profissão. Esse processo de avaliação era facilitado quando se tratava de um músico formado no Conservatório Real de
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Lisboa. Foi, por exemplo, esse o caso do trompetista João dos Santos Fernandes, que se propôs entrar na Associação em Fevereiro de 1890. Provinham do Conservatório, portanto, alguns dos músicos que actuavam nos teatros. Nesta escola estiveram matriculados quatrocentos e vinte e três alunos no ano lectivo 1889-1890, distribuindo-se desta forma pelas diferentes disciplinas: 119 são de rudimentos, 119 de solfejo, 21 de harmonia, 4 de contraponto, 2 de canto, 107 de piano, 25 de rebeca, 6 de violoncello, 2 de contrabaixo, 1 de flauta, 5 de instrumentos de latão, e 12 de lingua italiana.108
Membros da Associação, seriam ao todo cerca de cento e quarenta músicos – se bem que nem todos mantivessem uma actividade regular. Ernesto Vieira, autor do famoso Diccionario biographico de musicos portuguezes, era, por exemplo, um daqueles músicos que realizaram somente alguns descontos esporádicos, no seu caso resultantes da participação em funções sacras. Com actividade regular ao longo do ano contamos cerca de cento e vinte instrumentistas. Os maestros do São Carlos e os compositores não estavam inscritos nesta Associação, já que a sua condição não estava contemplada nos estatutos. A estes juntam-se-lhe outros instrumentistas profissionais, cantores, músicos de fanfarras, etc. No Anexo R podemos consultar os montantes descontados por cada um dos músicos da Associação, com a descriminação dos valores referentes às funções profanas e sacras. Uma análise exaustiva desta tabela permitiria conhecer em pormenor os salários de cada um, e assim diferenciar a forma como era valorizado algum instrumento em detrimento de outro e determinar as diferentes remunerações nos diferentes teatros, etc. A nós interessa-nos aqui quantificar o número de actuações verificado em Lisboa, sendo que utilizámos estes valores para esse fim. Servirão também, mais à frente, para avaliar a representatividade da música religiosa no contexto global da ambiência sonora lisboeta.
108
Gazeta musical de Lisboa, 5 de Janeiro de 1890.
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 1 – A música nos teatros
Os teatros privados e associativos Os teatros lisboetas que não eram alvo de exploração comercial tinham uma actividade bastante menos intensa que os restantes. Também se distinguiam pelo facto de neles se apresentarem, sobretudo, artistas amadores. Através da consulta da imprensa foi possível detectar cinco espaços com estas características: o Teatro Terpsicore, o Teatro Castilho, o Teatro da Rua das Trinas, o Teatro do Clube Recreativo da Lapa e o Teatro Taborda. Infelizmente, a informação de que dispomos não nos permite conhecer o que realmente se passava nestas pequenas salas – quer no que respeita à frequência quer à qualidade –, pois as suas iniciativas só apareciam divulgadas na imprensa em ocasiões muito pontuais, designadamente quando os eventos eram destinados ao público em geral. António de Sousa Bastos, na entrada «Theatros Particulares» do seu dicionário, viria a apresentar uma breve caracterização destes espaços: O gosto pelo theatro, sempre crescente, tem feito crearem-se centenares de sociedades, principalmente em Lisboa e Porto, que mandam construir pequenos theatrinhos, onde os socios representam e que alugam para outras sociedades, que não possuem theatro seu.109
Segundo a edição de 22 de Novembro do jornal O dia, o Teatro Castilho ficava situado na Freguesia de Santa Isabel, perto do actual Largo do Rato. Só conseguimos recolher três notícias acerca de eventos ocorridos nessa sala, sendo que nenhuma delas refere explicitamente a presença de música – ainda que a possamos adivinhar. Como se pode inferir das seguintes citações, o paradigma de espectáculo instituído nas grandes salas era aí adoptado. A recita que devia realisar, n’este theatro, hoje domingo promovida pelo actor Joaquim Lino dos Passos, ficou transferida para quinta feira 14 do corrente. O espectaculo é deveras attrahente e toma parte n’elle a amadora D. Maria Joana Martins.110 Continua despertando vivo interesse a recita que se deve realisar no dia 28 do corrente promovida pela amadora D. Maria Joana Martins. O espectaculo que é deveras attrahente, compõe-se das comedias em um acto Medalha da Virgem, Casa de Babel, Espada e Noiva e O tio Matheus. Podemos desde já augurar uma noite de festa para o theatro Castilho e uma noite de gloria para a distincta amadora.111
109
António de Sousa BASTOS, op. cit. Diário ilustrado, 10 de Agosto de 1890. 111 «Theatro Castilho», in Diário ilustrado, 19 de Setembro de 1890. 110
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No theatro Castilho, a Santa Isabel, realiza-se hoje [22 de Novembro] um attrahente espectaculo por amadores, indo á scena as interessantes comedias O tio padre e Os trinta botões. Os espectadores serão brindados com um premio, tirado á sorte.112
Portanto, estas récitas consistiam na apresentação de pequenas comédias interpretadas por amadores do teatro e poderiam, por vezes, contar com a contribuição de profissionais – como se constata na primeira das três citações com o actor Joaquim Lino dos Passos. A divisão entre palco e plateia parecia estabelecer-se, pois o público é apelidado de «espectadores». Podia, contudo, haver actividades lúdicas que ocorriam paralelamente à representação cénica, como o são, por exemplo, a realização de sorteios. No que respeita à música, podemos, desde logo, considerar a expressão «uma noite de festa» como indício da sua presença. Mas há um dado concreto que a denuncia: é anunciada, entre outras, a comédia O tio Matheus para o espectáculo de 28 de Setembro. Ora, sabemos hoje tratar-se de uma cançoneta, que foi inclusivamente interpretada pelo actor Taborda a 6 de Maio no Teatro do Ginásio.113 Não sabemos qual era o dispositivo instrumental que acompanhava a parte cantada, mas é difícil imaginar, nesta situação, uma interpretação a capella. O Teatro Terpsicore era, por sua vez, um espaço multifuncional situado na Rua da Conceição, à Praça das Flores, e que pertencia à Academia (ou clube) com o mesmo nome.114 Para além dos vários bailes que aí se promoveram ao longo do ano, detectámos quatro ocasiões em que houve representações cénicas – todas elas benefícios. Por exemplo, a respeito da récita de 15 de Março que teve lugar naquele teatro escreveu-se assim: No dia 15 do corrente realisa-se n’este theatro uma recita em beneficio d’um infeliz chefe de familia na qual toma parte, por especial fineza, o grupo dramatico Bayard.115
e dois meses mais tarde, em 18 de Maio, No theatro Therpsicore, na rua da Conceição, realisa-se amanhã o beneficio de Maria do Rosario de Oliveira Tavira, viuva de Antonio Rodrigues de Oliveira Tavira, que foi sachristão da real capella de Queluz, a qual se acha ha dois annos viuva e com filhos, um d’elles desempregado, e tendo a renda da sua casa para pagar (18$000 réis por semestre).116
112
O dia, 22 de Novembro de 1890. O dia, 6 de Maio de 1890. 114 Diário ilustrado, 17 de Maio de 1890. 115 Diário ilustrado, 10 de Março de 1890. 116 Diário Ilustrado, 17 de Maio de 1890. 113
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 1 – A música nos teatros
No Teatro Taborda, situado na Costa do Castelo, não registámos qualquer ocorrência especificamente teatral ao longo de todo ano, mas já no Teatro da Rua das Trinas, à Madragoa, verificaram-se três récitas muito semelhantes àquelas que descrevemos acerca do Teatro Terpsicore, sendo que neste caso é explícita a referência à interpretação de cançonetas. Temos como exemplo o espectáculo ocorrido a 8 de Dezembro. Effectua-se a 8 do proximo mez no theatro das Trinas a inauguração das recitas familiares do Grupo Antonio Portugal, que é dirigido pelo sr. J. Alves Mendes. Representar-se-hão duas comedias e a cançoneta Cose ou anda? parodia ao Pão Fresco que será cantada pelo amador Henrique Alves.117
O Teatro do Clube Recreativo da Lapa regia-se pelo mesmo modelo de funcionamento, designadamente, com a apresentação de pequenas comédias e algumas cançonetas intercaladas e sempre interpretadas por amadores. Estes momentos de convivência social seriam bastante concorridos, a avaliar pela seguinte notícia: Realisou-se ante-hontem uma recita extraordinaria n’este club, de que fasem parte distinctos amadores. Representaram-se as applaudidas comedias: Um marido que é victima das modas, Attribulações de um estudante, Guerra aos Nunes, o monologo A minha familia, Casar por annuncio, as scenas comicas Um criado e Limpa chaminés, a poesia o Poeta e a peccadora, os Descuidos. Os amadores, que são rapazes intelligentes, fôram muito applaudidos e tiveram repetidas chamadas. O elegante theatrinho estava completamente cheio. Foi uma festa que deixou gratas recordações a todos quantos a ella assistiram.118
De notar, também, que a primeira frase desta última citação justifica em parte o reduzido número de eventos teatrais que registámos nestes teatros. É plausível considerar-se que seriam ocasiões bastante esporádicas.
117 118
«Trinas», in Diário ilustrado, 17 de Novembro de 1890. «Club Recreativo da Lapa», in Diário ilustrado, 9 de Agosto de 1890.
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 2 – A música sacra
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2. A música sacra
Os eventos religiosos com música Contrariamente ao que se poderia conjecturar, tendo em conta o impacto coibitivo do liberalismo sobre a prática religiosa, os momentos musicais inseridos no culto católico eram bastante frequentes. Distribuídos por um grande número de igrejas, capelas e conventos, foi possível contar 530 situações devocionais em que a música se fez escutar. Este número peca certamente por defeito, por variadas razões. Desde logo porque entre os cerca de duzentos registos que foram recolhidos a partir da consulta do registo de funções divinas guardado no arquivo histórico da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, os quais estão aqui incluídos no total somado, somente cerca de três dezenas coincidem com os anunciados na imprensa. Esta incongruência revela que nenhuma das fontes consultadas pode ser considerada exaustiva. Mas temos outros sinais desta parcialidade – tais como o registo de somente quarenta e três situações performativas na Sé Patriarcal. Acontece que o universo regular de músicos que estavam vinculados a esta instituição em permanência denuncia que elas eram bastante mais numerosas. Mas a amostra recolhida revela, para além dos números, alguns elementos que nos permitem melhor compreender a forma como a música religiosa era considerada. Antes do mais, é importante destacar o facto de que nos jornais consultados raramente se encontra uma descrição minimamente detalhada dessas situações. O mais corrente era apresentar-se uma pequena caixa informativa na véspera dos dias festivos, na qual eram enumerados os cultos religiosos mais faustosos, com particular relevo para aqueles que incluíam música. Este simples hábito denuncia uma rotina instalada que não favorecia a construção da notícia. Mas também pode significar, caso não se trate de uma mera questão de pudor, que as expectativas criadas em torno da qualidade musical destes momentos não fossem muito elevadas. Também se salienta o facto de nos
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 2 – A música sacra
periódicos especializados em música nunca aparecer qualquer referência à música religiosa. Tudo isso faz crer que nesta época a música religiosa assumia um papel meramente funcional. Estes eventos aparecem anunciados de formas diversas. A mais comum é ser referido o carácter da cerimónia e apontado de seguida o tipo de intervenção musical que nela teria lugar. Como já foi assinalado, os cultos contemplados com música aconteciam na sua grande maioria em dias festivos, pelo que se entende que a função que cabia à música cumprir era, como seria de esperar, o embelezamento do rito e o empréstimo de uma maior opulência ao acto religioso. A celebração mais corrente era a própria missa, mas também acontecia haver música noutros ritos. Por exemplo, no Lausperene, onde se expõe o Santíssimo Sacramento à adoração dos fiéis durante um largo período de tempo. Também nas Novenas, em que ao longo de nove dias seguidos se instalava um clima festivo, tendo em vista o alcance da graça de Deus por parte dos crentes – as mais importantes eram a de Pentecostes, que dava término ao período da Páscoa, a da Imaculada Conceição e a do Natal. Como se pode ver no Gráfico 2.1. estas festividades resultavam no incremento das ocasiões musicais nas igrejas, já que todas aconteciam nos meses de Abril e Dezembro, os mesmos meses em que um maior número de eventos foi registado.
Gráfico 2.1. – Número de eventos religiosos com música registados em cada mês do ano de 1890.
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 2 – A música sacra
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Também se ouvia música em Ladainhas, Te Deums, Exéquias e Terços do Rosário. No que diz respeito às exéquias podemos dar o exemplo das celebrações com música que se registaram no primeiro aniversário da morte do Rei D. Luís, na Sé Patriarcal. Nessa ocasião foram interpretadas com coro e orquestra uma missa de Wolfgang Amadeus Mozart e o Libera-me de Niccolò Jomelli, com a natural presença da família real. Realisaram-se hontem as exequias por alma de El-rei D. Luiz I. Na tribuna real assistiram Suas Magestades El-Rei, as Rainhas D. Amelia e D. Maria Pia e Sua Alteza o Senhor Infante D. Affonso. [...] A orchestra executou a missa de Mozart, officiando o sr. deão da Sé. Ao «Libera-me» officiou o sr. cardeal patriarcha. 119
Tendo em conta os propósitos da reunião, tratar-se-ia certamente da Missa de Requiem, de Mozart, e do responsório Libera me, Domine, de Jomelli, o qual se seguiria à comunhão para reforçar a solenidade do momento. Era este o reportório usual para servir estas cerimónias, realçando-se o facto de a música Jomelli continuar a ser praticada em Lisboa passado mais de um século sobre a sua introdução na corte portuguesa. Cerca de um mês antes, a 24 de Setembro, haviam sido celebradas as exéquias de D. Pedro IV. Aconteceram no mesmo local e, apesar do reduzido número de assistentes, interpretaram-se exactamente as mesmas obras. Muito pouco concorridas as exequias solemnes celebradas hoje na Sé, commemorando o anniversario da morte de D. Pedro IV. […] O côro executou a missa e libera me de Niccolo Jumelli.120
Exceptuando as anteriores referências só foi encontrada nos periódicos mais uma consideração acerca da música que se ouvia nas igrejas. O pretexto foi de novo uma cerimónia fúnebre, desta vez ocorrida na igreja de São Vicente e motivada por outro luto da casa real – a imperatriz do Brasil havia falecido no princípio de Janeiro. A observação inscrita no jornal O dia reforça a ideia de que estava estabelecida uma grande rotina neste tipo de eventos. Na verdade, só nos chegou a seguinte notícia por ter sido quebrado o protocolo: Causou estranheza a muitas pessoas a infracção que se fez do ritual no ultimo serviço funebre por Sua Magestade a imperatriz. Segunda as leis canonicas, no oitavario dos Reis, não podem resar-se missas de 119 120
Diário ilustrado, 21 de Outubro de 1890. O dia, 24 de Setembro de 1890.
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 2 – A música sacra
Requiem. Teem todas de ser cantadas. Ora para isso estavam todos preparados em S. Vicente e até, no côro, os musicos e cantores da Sé. Parece, porém, que alguem, no intuito de abreviar a ceremonia, ordenou que se cumprisse á risca o que a folha official determinára sem attender aos preceitos lithurgicos, e não só a missa não foi cantada, como nem houve Libera-me.121
Encontram-se na imprensa várias designações diferentes para pôr em evidência a componente musical: «por instrumental», «por musica», «por musica vocal e instrumental», «por musica de capella» e «por cantochão». Face à reduzida informação que as fontes nos revelam acerca da prática musical que ocorria dentro das igrejas, restringimo-nos a estas categorias para diferenciar os tipos de prática musical religiosa. Temos, então, comprovada a presença de músicos instrumentistas na celebração do culto. Estes poderiam, por vezes, ser acompanhados de um grupo vocal. Noutras ocasiões apresentar-se-ia somente um conjunto de vozes que, conforme a distinção entre celebrações «por musica de capella» e «por cantochão», permite-nos ensaiar a hipótese de numas vezes se cantar polifonia e noutras cantochão.
As igrejas de Lisboa Como veremos no Capítulo 6, a grande maioria destes eventos religiosos aconteceram em Domingos e dias santificados. Resulta daí evidente que a presença de músicos instrumentistas era condição essencial para assinalar os dias mais importantes do calendário litúrgico. O mesmo acontecia com as festas dos Santos de cada freguesia. Foram identificados noventa e três espaços de culto onde, ao longo de todo o ano, se promoveu alguma iniciativa que contemplou a presença de música. Aqueles onde essa componente tinha uma presença mais regular eram a Sé Patriarcal, a igreja do Sacramento, a igreja dos Mártires e a capela da Ordem Terceira de Jesus. A Tabela 2.1. permite consultar por ordem descendente o volume de incidências musicais registadas em cada espaço, as quais foram reunidas a partir da consulta das fontes referidas anteriormente. 121
O dia, 7 de Janeiro de 1890.
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Tabela 2.1. – Número de incidências musicais registadas em cada espaço de culto ao longo de 1890. Sé Patriarcal Sacramento (Igreja do) Mártires (Igreja dos) Ordem Terceira de Jesus (Capela da) São Paulo (Igreja de) São José dos Carpinteiros (Igreja de) São Mamede (Igreja de) Anjos (Antiga Igreja dos) Encarnação (Igreja da) São Julião (Igreja de) São Roque e Misericórdia (Igreja de) Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de) Santos-o-Novo (Igreja do convento de) Corpo Santo (Igreja do) Graça (Igreja da) Madalena (Igreja da) Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha) São Vicente (Igreja de) São Nicolau (Igreja de) Sagrado Coração de Jesus (Igreja do) Santos-o-Velho (Igreja de) São Sebastião da Pedreira (Igreja de) Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova) Socorro (Igreja do) Arsenal da Marinha (Ermida do) Nossa Senhora de Jesus (Igreja da) (ou Mercês) Ordem Terceira de São Francisco (Capela da) Pena (Igreja da) Carnide (Igreja do convento de) Desterro (Igreja do) Inglesinhos (Igreja e convento dos) Loreto (Igreja do) Nossa Senhora da Encarnação das Commendadeiras da Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convento da) Santa Engrácia (Igreja de) Santa Isabel (igreja de) Santo António da Sé (Igreja de) São Cristóvão (Igreja de) São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz] São Pedro de Alcântara (Convento de) Benfica (Igreja de) [Igreja de Nossa Senhora do Amparo] Bom Sucesso (Igreja do convento do) Menino Deus (Igreja do) Milagres (Igreja dos) Nossa Senhora e Santa Maria Madalena (Ermida e recolhimento da Natividade de) Santa Catarina (Igreja da) São João da Praça (Freguesia de) São Thiago (Igreja de) [Almada]
43 28 27 22 18 15 14 13 13 13 13 11 11 10 10 10 10 10 9 8 8 8 7 7 6 6 6 6 5 5 5 5
Ajuda (Igreja da) Ascenção de Cristo (Capela da) Lumiar (Igreja do) Memória (Igreja da) Ordem Terceira do Carmo (Igreja da) Recolhimento de Lázaro Leitão (Igreja do) São Jorge de Arroios (Antiga Igreja de) São Miguel (Igreja de) São Pedro (Igreja de) Senhor Jesus da Boa Sorte (Ermida do) Bemposta (Capela do Paço da) Caldas (Ermida do) Castelo (Ermida do) Colégio de Nossa Senhora da Conceição (Igreja do) Francezinhas (Igreja do convento das) Glória (Ermida da) [à Avenida] Jerónimos (Igreja dos) Marquês do Pombal (Ermida do) Resgate das Almas e Senhor Jesus dos Perdidos (Ermida do) Rilhafoles (Convento de) Salesias (convento das) Santa Cruz do Castelo (Igreja de) Santa Joana (extinto convento) Santana (Igreja do Convento de) São Bartolomeu (Igreja de ) São Crispim e São Cipriano (Ermida de) Albertas (Igreja do convento das) Arroios (Convento) Campolide (Igreja de) Colleginho (Igreja do) Conceição (Igreja do convento da) Corpo de Deus (Igreja do)
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1
5
Duque de Palmela (Capela do)
1
5 5 5 5 5 5 4 4 4 4
Estrela (Basílica da) Guia (Ermida da) Livramento (Igreja do) Nossa Senhora da Assunção e Santo António do Vale (Ermida d’) Nossa Senhora de Monserrate (Ermida de) Nossa Senhora do Rosário (Ermida de) Nossa Senhora dos Remédios (Ermida de) Olivais (Igreja dos) Santa Luzia (Igreja de) Saúde (Igreja da)
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
4
Senhor Jesus da Salvação e Paz (Ermida do)
1
4 4 4
Senhor Jesus dos Navegantes (Ermida do) Victória (Ermida da)
1 1
Sabemos que estes números são bastante modestos face àquilo que se verificaria na realidade; não só pelo que foi dito anteriormente mas também por se tratar de uma fenómeno que estava instalado no quotidiano citadino e que não justificava grande divulgação mediática. Todavia, a sua dimensão permite tirar algumas ilações. Não é crível que em todos os locais de culto antes enumerados houvesse música com grande regularidade. Na sua grande maioria trata-se de um pequeno número de ocorrências que coincidem, por sinal, com datas do calendário
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particularmente propícias à opulência das cerimónias. Por exemplo: no antigo Convento de Rilhafoles, situado perto do Campo dos Mártires da Pátria, registaram-se somente dois eventos, ambos com música vocal e por ocasião da Festa de Nossa Senhora da Conceição;122 na Ermida de Nossa Senhora dos Remédios, em Alfama, só foi divulgada uma Missa e Te Deum «por instrumental», integrada na festa à Senhora da Saúde em 9 de Novembro;123 também na Ermida de Nossa Senhora do Rosário, na Rua da Verónica, à Graça, deu-se a 12 de Outubro a Festa do seu orago, também com música instrumental. Conforme se pode verificar no Anexo M, existem largas dezenas de situações semelhantes que, por serem esporádicas, permitem especular que nos restantes dias do ano se celebraria o culto de forma mais recatada – certamente sem música instrumental ou até sem nenhuma música. O mesmo não se pode dizer das igrejas do Sacramento, dos Mártires, de São Paulo ou da capela da Ordem Terceira de Jesus, nas quais parecia estar estabelecida uma dinâmica musical bastante intensa. Começamos por verificar que estas igrejas, assim como todas aquelas onde se escutava música com maior regularidade, se situavam em perímetros urbanos coincidentes com aqueles onde estavam os principais teatros. A igreja do Sacramento, como escreveu Eduardo Veloso no seu Roteiro das ruas de Lisboa editado em 1895,124 fica na Calçada do Sacramento, «primeira á direita na rua Garrett, indo da rua do Carmo e finda no largo do Carmo» – portanto, muito próximo do Teatro do Ginásio, do Teatro da Trindade e do Teatro de São Carlos. Na mesma zona fica a igreja dos Mártires (na Rua Garrett), a igreja da Encarnação (no Largo do Chiado), a igreja de São Roque e Misericórdia (no actual Largo Trindade Coelho) e a Capela da Ordem Terceira de Jesus (perto da Calçada do Combro). Ligeiramente afastadas desta zona mas, ainda assim, relativamente perto, ficavam a igreja de São Paulo (ao Cais do Sodré) e a igreja de São Julião (junto da Praça do Município). Nas imediações da Avenida da Liberdade e, consequentemente, do Teatro da Avenida, do Coliseu dos Recreios e do Teatro da Rua dos 122
O dia, 6 e 7 de Dezembro de 1890. O dia, 8 de Dezembro de 1890. 124 Eduardo VELOSO, Roteiro das ruas de Lisboa e concelho de Loures, 7.ª edição, [s.e.], 1895. 123
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Condes, ficava a igreja de São José dos Carpinteiros. Por sua vez, na vizinhança do Teatro do Príncipe Real e do Real Coliseu de Lisboa ficava a antiga igreja de São Jorge de Arroios, que foi demolida em 1908 para facilitar a abertura da Avenida Rainha D. Amélia, hoje Avenida Almirante Reis. A única igreja que ficava mais distante, de entre aquelas onde se registou maior número de ocorrências musicais, é a igreja de São Mamede. Ainda assim, ficava junto do mais importante local de culto da capital: a Sé Patriarcal que, devido à sua peculiaridade, abordaremos mais à frente.
Os agentes musicais A par das funções teatrais, os músicos também estavam obrigados a descontar para a Associação Música Vinte e Quatro de Junho uma percentagem sobre os montantes que recebiam por tocarem nos cultos religiosos. No que respeita às igrejas atrás referidas, assim como a algumas outras incluídas na Tabela 2.1., foram entregues à Associação listas de funções que possibilitam conhecer a diversidade das formações instrumentais que aí se apresentavam. Estas poderiam variar entre um simples organista, para uma missa em dia de semana, até aos vinte e cinco músicos que se apresentaram na igreja de São Roque e Misericórdia por altura da Páscoa. O Anexo S apresenta uma listagem dos eventos que foram apurados a partir da pesquisa efectuada sobre esses documentos e inclui o respectivo número de elementos que integravam as formações que se apresentavam em cada local. O primeiro facto que tem de ser notado, e que se torna evidente a partir da leitura desta listagem, é a prática corrente de se apresentarem nas igrejas músicos profissionais. Portanto, independentemente de se tratar de um fenómeno mais ao menos opulento, o nível do desempenho interpretativo que era esperado pela congregação religiosa era mais elevado do que supusemos à partida. Muitas mais celebrações poderiam acontecer nas quais se apresentavam músicos amadores. Pesquisas futuras poderão um dia dar-nos uma noção mais assertiva desta realidade.
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Todavia, fica para já inscrito o conhecimento de que a presença de profissionais nas igrejas não era negligenciável. Fica também claro que o montante monetário dispensado pelas igrejas para pagar a estes músicos, e porventura a muitos outros não vinculados à Associação, era bastante significativo. A consulta do Anexo R permite verificar o valor total descontado por todos os músicos ao longo do ano pelas suas funções divinas. Ao contrário do que acontecia nos teatros, em que as remunerações podiam variar enormemente entre os vários teatros e até mesmo entre membros da mesma orquestra, o pagamento aos músicos por funções divinas era sempre de mil réis. 3% deste valor era atribuído à Associação, contra o 1% estabelecido para as funções profanas. Somado o total, a Associação Música Vinte e Quatro de Junho recebeu 2.901 mil réis. Este valor corresponde a uma gasto de cerca de 96.700 mil réis por parte das igrejas. Para relativizar este valor, resta considerar que equivale a 10% das remunerações totais recebidas pelos mais de cem músicos da Associação em 1890.
Tabela 2.2. – Formação musical que se apresentou na igreja de São Roque e Misericórdia no período da Páscoa. Músicos
Instrumento
Proveniência
Justino J. Caetano Júlio C. Caggiani Ernesto Zenoglio Agostinho Ferreira Manuel Gonçalves Pires José J. Pereira Grimnaldo Ajuda João Neumayer José Joaquim da Silva João Cunha e Silva José Narciso da C. e Silva José F. Braga José Roiz d’Oliveira João Arroyo Zeferino Furtado Severo da Silva Augusto P. Nascimento Pereira Leandro Galhasteghi Francisco Ferreira da Silva J. J. C. Castilho Augusto C. Araújo António da C. Taborda António José dos Santos Firmino Barata José Manuel C. Puga
[não identificado] Violino Violino [não identificado] Violino Oboé Violino Violino Viola Violoncelo [não identificado] Flauta Cornetim [não identificado] Clarinete Clarinete Violino Fagote [não identificado] Violino [não identificado] Trombone Trombone [não identificado] [não identificado]
[não identificado] Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa [não identificado] Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Teatro do Ginásio Teatro de São Carlos Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Real Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Teatro de São Carlos Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa [não identificado] Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos; Coliseu dos Recreios Teatro de São Carlos Teatro do Príncipe Real Teatro de São Carlos; Coliseu de Lisboa Teatro da Trindade [não identificado] Teatro do Príncipe Real
Podemos ilustrar a formação destes agrupamentos musicais, com recurso aos mesmos documentos. A lista da Tabela 2.2. refere-se a quatro apresentações na igreja de São Roque e
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Misericórdia durante o período da Páscoa. Trata-se do maior número de músicos que aparece registado em toda a documentação e deve estar relacionado com uma ocasião excepcional, pois trata-se da única folha que nos chegou relacionada com esta igreja.125 A lista da Tabela 2.3. refere-se à Novena de 4 a 13 de Maio celebrada na igreja dos Mártires. Mais uma vez a documentação que nos chegou fica aquém das funções instrumentais anunciadas na imprensa. Tabela 2.3. – Formação musical que se apresentou na igreja de São Roque e Misericórdia no período da Páscoa. Músicos Firmino Barata Justino J. Caetano Manuel Gonçalves Pires Christiano J. José Roiz d’Oliveira João Cunha e Silva Augusto Victorino Ferreira Filippe Duarte João Augusto Sacramento Ferreira Francisco José Gomes José J. Pereira Augusto C. Araújo Carlos Talassi Júlio Umbelino Santos Joaquim Antolim José Manuel C. Puga Carlos Augusto Fiorenzola António Baptista Agostinho Sedrim Daniel J. Lacueva Miguel José da Silva
Instrumento [não identificado] [não identificado] Violino [não identificado] Cornetim Violoncelo Violino Violino [não identificado] [não identificado] Oboé [não identificado] Clarinete Cornetim [não identificado] [não identificado] [não identificado] Trompa Trompa Contrabaixo Percussão
Proveniência [não identificado] [não identificado] Teatro de São Carlos [não identificado] Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Teatro de São Carlos Teatro de D. Maria II Teatro da Rua dos Condes Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro do Príncipe Real Teatro da Trindade Teatro do Príncipe Real Teatro da Alegria Teatro do Príncipe Real Teatro do Ginásio Coliseu de Lisboa Teatro da Trindade Teatro de São Carlos Teatro de São Carlos
Estes são dois exemplos seleccionados entre os maiores conjuntos instrumentais encontrados. As fontes consultadas permitiram obter largas dezenas de listas semelhantes a estas, se bem que a sua grande maioria inclua um menor número de músicos. De forma genérica, todas elas mantêm as mesmas características. Trata-se de formações que eram constituídas ad hoc, sendo os seus músicos recrutados nas orquestras dos teatros públicos. Eles variavam bastante, de semana para semana e de igreja para igreja. Cada músico seria contratado pontualmente para uma prestação de serviços isolada e não deveria ser firmado qualquer compromisso a médio ou longo prazo. Ainda assim, este mercado de trabalho era bastante significativo para os instrumentistas que então
125
Isto, apesar de aparecerem anunciados na imprensa pelo menos mais quatro datas em que se ouviu aí música instrumental.
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exerciam a sua profissão em Lisboa – como o demonstra, aliás, a percentagem de 10% atrás referida. Tabela 2.4. – Listagem dos músicos da Associação Música Vinte e Quatro de Junho cujos valores recebidos pelas funções divinas corresponde a uma percentagem sobre o seu rendimento global compreendida entre dez e quarenta por cento. Músicos José Vicente C. Curto Júlio Umbelino Santos Augusto V. Ferreira Carlos Talassi Francisco Gomes Eugénio A. Gomes Eduardo [Raiz] da Silva Júlio Taborda José Manuel C. Puga Anacleto Martins Amilcar J. dos Santos Filipe Duarte João C. da Costa António Espírito Santo António Baptista José Joaquim da Silva João Augusto Sacramento Ferreira Manuel Pires José Roiz Oliveira João Cunha e Silva Augusto P. Nascimento Pereira Christiano J. Júlio A. da Silva Carlos Prachadas João dos Santos Fernandes Joaquim Antolim Agostinho Sedrim João Augusto Metello Júlio C. Caggiani Joaquim C. Braz Alfredo N. Martins Augusto José de Carvalho António Baleirão Joaquim Jorge Almeida Zeferino Furtado Manuel Fernandes de Sá José Roque
Réis recebidos por funções profanas 104000 58500 147500 224500 113500 218500 116500 224500 233000 241500 266000 368000 64500 199500 120500 173000 145500 307000 315000 352500 303000 65000 244000 94500 210500 111500 177500 248500 398000 183000 172500 144500 254600 337000 415500 158000 356000
Percentagem referente às funções profanas 60.5% 65.4% 68.8% 68.8% 69.0% 69.6% 70.1% 71.8% 73.5% 76.8% 79.6% 80.0% 80.1% 81.6% 81.7% 82.8% 82.9% 83.2% 83.6% 83.6% 84.2% 85.5% 85.9% 86.3% 86.6% 86.8% 86.8% 87.0% 87.3% 87.6% 87.8% 88.4% 88.8% 88.9% 89.6% 89.8% 89.8%
Réis recebidos por funções divinas 68000 31000 67000 101667 51000 95333 49667 88000 84000 73000 68000 92000 16000 45000 27000 36000 30000 62000 62000 69000 57000 11000 40000 15000 32667 17000 27000 37000 58000 26000 24000 19000 32000 42000 48000 18000 40333
Percentagem referente às funções divinas 39.5% 34.6% 31.2% 31.2% 31.0% 30.4% 29.9% 28.2% 26.5% 23.2% 20.4% 20.0% 19.9% 18.4% 18.3% 17.2% 17.1% 16.8% 16.4% 16.4% 15.8% 14.5% 14.1% 13.7% 13.4% 13.2% 13.2% 13.0% 12.7% 12.4% 12.2% 11.6% 11.2% 11.1% 10.4% 10.2% 10.2%
Entre os cerca de cento e trinta músicos registados nas folhas de contabilidade da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, só vinte e quatro não tocaram em qualquer igreja em todo o ano.126 Todos os restantes descontaram nalgum momento percentagens resultantes dos pagamentos das funções religiosas. Muitos houve para quem esses valores foram residuais e que correspondem até uma dúzia de intervenções. Incluíam-se neste grupo cerca de trinta músicos. Porém, podem-se contar outros trinta e sete cuja representatividade percentual dos valores
126
V. Anexo R.
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recebidos face ao seu rendimento anual variou entre os dez e os quarenta por cento (v. Tabela 2.4.). Entre os restantes, contam-se pouco mais de cinquenta músicos aos quais corresponde uma percentagem inferior a 10%. Por último, existe um grupo de treze instrumentistas, cuja totalidade dos seus rendimentos é quase exclusivamente devida às suas participações em cultos religiosos. É de notar, porém, que de entre estes últimos poucos teriam como profissão principal a de músico instrumentista. É, por exemplo, o caso do musicólogo Ernesto Vieira, que ao longo do ano participou à Associação trinta prestações de serviços deste género. Vieira não era instrumentista de profissão nesta época – foi director do periódico Gazeta musical de Lisboa desde a edição de 1 de Outubro de 1890. Havia, portanto, somente três músicos instrumentistas que podemos considerar profissionais, pertencentes à Associação, que se dedicavam exclusivamente à música religiosa. Sobre os primeiros dois, Firmino Barata e Francisco Araújo, não sabemos quais eram os instrumentos que tocavam. Eles descontaram em todos os meses do ano um conjunto de quantias que, somadas, apontam setenta e quatro intervenções para o primeiro e noventa e oito para o segundo. Não sabemos se acumulavam este ofício com outra profissão; embora o possamos conjecturar, pois este número de intervenções corresponde a uma média que não atinge duas por semana. Porém, um facto parece indicar que o trabalho destes dois músicos iria para além da interpretação musical: numa grande parte das listas de músicos conservadas no espólio da Associação, e referentes às funções divinas, cada um dos seus nomes aparece no topo da lista. No caso de Firmino Barata, já apresentámos anteriormente uma tabela com uma formação musical que se apresentou na igreja de São Roque e Misericórdia no período da Páscoa, na qual ele aparece em primeiro lugar. O mesmo aconteceu noutras situações. Os seguintes exemplos permitem perceber que noutros eventos estes dois instrumentistas organizariam as formações e, eventualmente, actuavam como agentes. Esta conclusão é reforçada por um documento do mês de Novembro referente às funções dos dias 17 e 19 desse mês, no qual Barata é apresentado como Director.
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As Tabelas 2.5. apresentam três listas encabeçadas por cada um destes músicos e ilustram o facto de essa prática se estender ao longo de todo o ano e em vários locais de culto.
Listagem dos músicos que se apresentaram na Capela da Ordem Terceira de São Francisco em 6 e 8 de Janeiro Firmino Barata Eduardo Ferreira Júlio C. Caggiani Filipe Duarte Jeronymo Lino Zeferino Furtado Francisco Júlio de Almeida José Manuel C. Puga Eduardo [Raiz] da Silva
Listagem dos músicos que se apresentaram na igreja de São Vicente em 22 de Janeiro Francisco Araújo Carlos de Araújo Francisco Gomes Ribeiro António M. Tasso Eugénio A. Gomes Zeferino Furtado José Manuel C. Puga João Benevenuto Júlio C. Caggiani Amilcar J. dos Santos Luís Tavares
Listagem dos músicos que se apresentaram na igreja da Ordem Terceira do Carmo em 14, 15 e 16 de Julho Firmino Barata Francisco José Gomes José Manuel C. Puga Augusto Victorino Ferreira Zeferino Furtado Filipe da Silva Eduardo Ferreira Redolpho Puga Agostinho Ferreira
Listagem dos músicos que se apresentaram na igreja da Graça em 4 de Maio Francisco Araújo Francisco José Gomes João Augusto Metello João Neumayer Joaquim Jorge Almeida Eugénio A. Gomes Júlio Taborda Carlos Talassi Manuel Tavares José Sargedas António da C. Taborda Augusto Palmeiro Eduardo [Raiz] da Silva José de Castro Curto José Maria da Cunha
Listagem dos músicos que se apresentaram na igreja de Nossa Senhora da Conceição (Nova) em 8 de Dezembro Firmino Barata Eduardo Ferreira Zeferino Furtado José Manuel C. Puga João Cunha e Silva Joaquim Jorge Almeida Jeronymo Lino da Silva Filipe Duarte
Listagem dos músicos que se apresentaram na igreja de São Miguel em 17 e 19 de Novembro Francisco Araújo Anacleto Martins Eugénio A. Gomes Carlos Talassi Júlio Taborda Amilcar J. dos Santos José de Castro Curto
Tabelas 2.5. – Seis exemplos de formações que se apresentaram em igrejas da cidade Lisboa lideradas pelos músicos Firmino Barata e Francisco Araújo.
Não se podem encontrar no total das listas consultadas agrupamentos estáveis que pudessem ser considerados orquestras. Todavia, podemos notar nas tabelas anteriores, conforme pertencentes às listas de Francisco Araújo ou de Firmino Barata, que há nomes que se repetem. Este facto, só por si, garante que nas igrejas, não existiam grupos de músicos regulares e que estes transitavam de igreja em igreja conforme as solicitações desse mercado de trabalho. Por sua vez, o organista Francisco Manuel Gomes Ribeiro tinha um perfil bastante diferente. Participou à Associação mais de cem intervenções de índole religiosa. Apresentamos na
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Tabela 2.6. somente algumas delas, o que nos permite perceber que este músico se apresentava nas mais diversas igrejas. Tabela 2.6. – Apresentações conhecidas do organista Francisco Manuel Gomes Ribeiro. Data 23/01/1890 24/01/1890 26/01/1890 28/01/1890 09/02/1890 13/02/1890 15/02/1890 13/04/1890 17/04/1890 17/04/1890 27/04/1890 10/05/1890 11/05/1890 21/05/1890 25/05/1890 5/06/1890 13/06/1890 29/06/1890 30/06/1890 13/11/1890 15/11/1890 16/11/1890 17/11/1890
Local S. Vicente (Igreja de) S. Vicente (Igreja de) São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz] São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz] Santos-o-Novo (Igreja do convento de) Santo António (Igreja da) (da Sé) Santo António (Igreja da) (da Sé) Pena (Igreja da) Graça (Igreja da) Carnide (Igreja do convento de) Carnide (Igreja do convento de) Desterro (Igreja do) Madalena (Igreja da) Duque de Palmela (Capela do) Livramento (Igreja do) Santo António da Sé (Igreja de) Santo António da Sé (Igreja de) Santos-o-Novo (Igreja do convento de) São Pedro de Alcântara (Convento de) Graça (Igreja da) Milagres (Igreja dos) Milagres (Igreja dos) Milagres (Igreja dos)
Observações
Em conjunto com Firmino Barata Em conjunto com Firmino Barata Em conjunto com Francisco Araújo e Augusto Palmeiro
Em conjunto com Jorge Narciso Em conjunto com Jorge Narciso Em conjunto com Jorge Narciso
Para além destas igrejas colaborava também com a Sé Patriarcal. Porém, embora o seu nome apareça inscrito em registos de despesas conservados nos arquivos da Sé,127 essas mesmas funções nunca aparecem participadas nos registos da Associação Música Vinte e Quatro de Junho. A Sé Patriarcal assumia um estatuto diferente dos restantes locais de culto lisboetas.
A Sé Patriarcal de Lisboa Ao contrário do que se passava nas outras igrejas a Sé Patriarcal mantinha um grupo de músicos próprio. Efectivamente, e conforme nos chama a atenção Joseph Scherpereel no final do seu artigo publicado na Revista Portuguesa de Musicologia acerca dos Meninos do Coro da Sé até à revolução liberal de 1834,128 «ao contrário do que se passou com a Revolução francesa que suprimiu, sem distinção, todas as escolas de música das catedrais, a da Sé de Lisboa continuou a 127 128
Foram consultados neste arquivo dois livros de despesas correntes do ano de 1890 que não está catalogados. Joseph SCHERPEREEL, «Os Meninos de Coro da Sé de Lisboa e a sua organização até à Revolução liberal de 1834», in Revista Portuguesa de Musicologia, n.º 13, Lisboa, 2003, pp. 35-52.
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funcionar, apesar de dificuldades financeiras quase insuperáveis.» Scherpereel adianta que a partir da consulta de documentos provenientes do Ministério da Justiça e dos Negócios Eclesiásticos, é possível verificar «a existência de uma escola de música com doze meninos de coro, ao lado dum corpo de cantores renovado por aqueles recuperados da Patriarcal, a que se junta uma orquestra permanente e dois organistas». A pesquisa realizada nos arquivos da Sé Patriarcal permitiu-nos a consulta de um caderno de despesas e receitas que confirmam que em 1890 a realidade ainda tinha muitas semelhanças com a prática que estava estabelecida, pelo menos, desde a segunda metade do século XVIII. Havia, efectivamente, uma escola de música que era frequentada por doze meninos de coro – fazem disso prova as recorrentes referências a despesas relacionadas com pagamentos ao «contínuo da aula de música».129 Na documentação consultada não se incluem os registos dos pagamentos salariais dos empregados da Sé. Contudo, nas despesas extraordinárias incluem-se vários registos, como um datado de 12 de Março de 1890 e intitulado «Distribuição de cera aos Empregados da Sé Patriarchal, no dia 2 de Fevereiro de 1890, como é uso e costume, assim como cirios pintados para SS.as magestades e Eminentissimo Sr. Patriarcha.» Ficamos aí a saber que na sequência das cerimónias celebradas neste dia, que assinalava a Festividade da Nossa Senhora da Purificação, foram distribuídas dezoito velas de 259 gr. aos músicos vocais e organistas, uma vela ao sineiro, doze velas de 230 gr. aos Meninos de Coro e duas velas a dois «supranumerários». Segundo Scherpereel, os «supranumerários» eram alunos externos que se juntavam aos Meninos de Coro, sem qualquer remuneração e na expectativa de ocupar futuramente alguma vaga que viesse a surgir. Embora se refira a uma realidade distante no tempo verificam-se outras semelhanças com o que se passava antes de 1834. Numa carta guardada no espólio da Sé, datada de 8 de Junho de 1890 e dirigida ao Cabido da Sé, «Ex.mo Re.mo Sr. Dr. João Manoel Cardoso de Napoles, Dig.mo Deão Presidente do Cabido da Sé Patriarchal», remetida pela Casa da Irmandade
129
Arquivo da Sé Patriarcal de Lisboa, documentos sem cota: Livro de registo das receitas e despesas correntes da Sé Patriarcal, 1890.
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do Santíssimo Sacramento da Sé Patriarcal de Lisboa verifica-se a continuação do hábito de a capela do Santíssimo Sacramento ceder os seus músicos à Sé Patriarcal. Tendo de realizar-se no proximo domingo 13 do corrente mez a festa annual de Corpus Christi, a meza encarrega-me de solicitar do Rev.mo Cabido por intermedio do Ex.mo seu digno Presidente a honra da sua assistencia e coadjuvação; e de solicitar de S. Ex.a em particular a honra de cantar a missa e de mandar pressar a esta corporação o que é de uso ela carecer para abrilhantar a sua festividade.130
Os dois organistas que estavam ao serviço da Sé eram o já referido Francisco Manuel Gomes Ribeiro e Pedro Fernando Pereira. Este último não pertencia à Associação Música Vinte e Quatro de Junho, pelo que ou trabalhava em exclusivo para a Sé Patriarcal ou não via vantagem nos descontos e respectivos benefícios da condição do seu colega. Por sua vez, os cantores eram os seguintes: Tabela 2.6. – Listagem dos músicos vocais vinculados à Sé Patriarcal de Lisboa Augusto Carlos Araújo Francisco José Gomes Luiz Gonzaga Andrade Ferreira Joaquim Filipe da Silva José Simões Miguel José de Carvalho António Maria Libanio Martins Francisco de Assis Bonifácio Francisco Bibiano Pereira Lisboa 131 Firmino António Barata Augusto José de Carvalho João Portugal Manuel Henriques dos Santos António Duarte Silva José Baptista da Silva Victor da Silva
A estes juntavam-se três cónegos cantores, cujos nomes eram José Marques, Duarte Emilio da Silva e Guilherme de Moraes Reyna. Mais difícil de esclarecer é a presença de instrumentistas. Na mesma documentação aparece a seguinte inscrição: «Os instrumentistas não receberão cera porque não fizerão serviço este anno.» Consultadas as despesas para a mesma festa do ano anterior, verificámos que se mantinha o número de Meninos de Coro, mas que haviam participado quatro cónegos cantores, vinte músicos vocais e os mesmos organistas. Também se apresentaram quinze músicos 130
Arquivo da Sé Patriarcal de Lisboa, documentos sem cota: Expediente da Sé Patriarcal, 1890. Francisco Bibiano cantou durante as décadas de 50 e 60 vários papéis solistas no Teatro de São Carlos; Cf. Mário MOREAU, Cantores de ópera portugueses, vol. 1, Lisboa, Bertrand, 1981, pp. 375-383. 131
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instrumentistas requisitados junto das orquestras dos teatros, nomeadamente o que estão inscritos na Tabela 2.8. Tabela 2.8. – Listagem dos músicos instrumentistas que interviram na Festividade da Nossa Senhora da Purificação celebrada da Sé Patriarcal de Lisboa em Fevereiro de 1889. Nome Francisco de Freitas Gazul Anacleto Martins Eduardo Wagner Augusto Frederico Haupt Joaquim Alagarim (Junior) João Augusto Metello Miguel Gordani Manuel Martins Sarmento João M. Lornas António Patacho João Evangelista Viana Alexandre Ferreira Carlos Augusto Fiorenzola José Rodrigues Oliveira Carlos Talassi
Instrumento [não identificado] Violino Trompa Contrabaixo Violino Violino [não identificado] [não identificado] [não identificado] Trombone [não identificado] Violino [não identificado] [não identificado] Clarinete
Orquestras a que estava vinculado em 1890 [não identificado] Teatro da Trindade Teatro da Trindade Teatro do Ginásio Teatro de São Carlos Teatro da Trindade [não identificado] Teatro do Ginásio [não identificado] Real Coliseu de Lisboa Real Academia de Amadores de Música Teatro da Trindade Teatro do Ginásio [não identificado] Teatro da Trindade
Porque as participações musicais ocorridas na Sé Patriarcal de Lisboa não eram participadas à Associação Música Vinte e Quatro de Junho, não podemos confirmar a presença regular de instrumentistas. Contudo existem alguns indícios que fazem crer que assim acontecesse: em Janeiro, foi aplicada uma multa ao clarinetista Henrique dos Santos por ter faltado a duas celebrações; o mesmo acontece em Outubro ao trombonista António Patacho e em Dezembro «A um musico de fóra, convidado para tocar clarinete nas Matinas de Natal.»; em Abril aparece registado o pagamento do «Ordenado de Março, do falecido Musico instrumentista Lamas – 4$200»; no mesmo mês aparece referido um reforço da orquestra de dois fagotes e um clarinete para a 4.ª feira da Páscoa, e de um clarinete para 5.ª e 6.ª feiras seguintes; por último, no mês de Junho, aparece inscrita a despesa de 300 réis com a compra de uma batuta. Ao longo de todo o ano, encontram-se na imprensa quarenta e três notícias de eventos religiosos com música na Sé Patriarcal. Todos eles sem qualquer desenvolvimento que nos permita melhor perceber o que aí se passava. Muitos outros deverão ter ocorrido, já que era o único espaço de culto da cidade que dispunha de um conjunto de músicos aí vinculado. Futuras investigações, especificamente direccionadas para a prática musical que tinha ali lugar, revelarão certamente muitos outros detalhes que não estão, por ora, ao nosso alcance.
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3. Os concertos
Os nomes referenciados no arquivo documental da Associação Música Vinte e Quatro de Junho constituem um pequeno grupo entre aqueles que se dedicavam à prática musical. Tratavase de músicos profissionais comprometidos com aquela entidade e que, na sua grande maioria, limitavam a sua actuação ao mercado de trabalho proporcionado pelos teatros e pelas igrejas. Porém, como veremos neste e nos seguintes capítulos, havia muitos outros músicos e muitos outros lugares onde se podia ouvir música. Nos concertos de música instrumental todo o protagonismo era dado à obra artística. Escutava-se o reportório sobre o qual os historiadores mais se têm debruçado – música de autores carismáticos que resultava de um sistema produtivo muito específico. Na Lisboa de 1890, as iniciativas em que era exigida uma percepção exclusivamente dedicada à arte dos sons pertenciam a uma oferta cultural diferenciada e esvaziada de qualquer lógica empresarial. Pertenciam também a um universo que costuma ser denominada de alta cultura. Este termo carrega um juízo de valor que não se pretende aqui questionar. Porém, ele provém de uma barreira histórica que se foi acentuando ao longo dos tempos, ora dando mais espaço de intervenção à cultura popular ora a outra de cariz mais elitista. Ao longo do século XIX, os concertos de música instrumental deixaram de ser um produto dependente de um patrono individual. Ainda se ambicionou serem dirigidos a um mercado de consumidores muito alargado mas, na realidade, em poucos momentos atingiu esse objectivo. A transição verdadeiramente empreendida foi o abandono de um modelo de partilha musical obsoleto e consolidado nos paradigmas sociais do Antigo Regime para outro mais adequado às formas de convivência e entretenimento modernas.
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As academias Em Portugal, o percurso dos concertos públicos começou a desenhar-se em 1822, com a fundação da Sociedade Filarmónica de João Domingos Bomtempo. Esse trabalho foi continuado a partir de 1845 pela Academia Melpomenense e mais tarde pela própria Associação Música Vinte e Quatro de Junho, que empreendeu uma importante actividade concertística durante praticamente toda a década que precedeu o ano de que aqui nos ocupamos. O jornal Amphion descreve assim o trabalho desenvolvido pela Associação nesse domínio, designadamente entre 1879 e 1888: […] Tal empreendimento, que tão salutares resultados produziu nos nossos artistas, e que tão grande revolução fez no gosto pela boa musica, não nos cançaremos de repetir, deve-se unica e exclusivamente aos valorosos esforços de uma classe, que tendo apenas a sua arte como unicos meios de subsistencia, por isso tanto mais consagrados, se consagrou a uma causa sympathica, sim, mas financeiramente infrutífera. Mais tarde recebeu a associação um subsidio da camara municipal para a coadjuvar nas enormes despezas que lhe acarretavam os seus concertos. Por motivos absolutamente inexplicáveis, coincide justamente com essa data o resfriamento do publico, com relação àquellas preciosas audições, e é o publico o unico e inabsolvivel culpado de se terem até agora adiado esses espectáculos, visto que elles nenhuma concorrencia tinham. Prova-se isto exhuberantemente nos relatorios e contas de receita e despeza que as direcções da associação teem enviado a meritissima camara. […] 132
A conjuntura da época não era, portanto, favorável à programação concertística, já que o público desviava as suas atenções para os espectáculos teatrais. O autor da anterior citação, Ferreira Braga, esclarece isso mesmo logo à frente: […] Mas, pois que tratamos dos artistas e de seus interesses materiaes, pode affirmar-se que elles teem tido uma justa compensação nos trabalhos artisticos, que nas ultimas estações calmosas se teem proporcionado, trabalhos que teem tendencia a desenvolver-se, visto a disposição do publico que n’esta época frequenta as casa de espectaculo, as quaes por seu turno, tambem tendem a augmentar. Isto evitará que o desanimo os invada. […] 133
Afastada a Associação Musica Vinte e Quatro de Junho, por falta de público, havia em 1890 duas instituições particularmente dinâmicas e vocacionadas para este tipo de actividade. A Real Academia de Amadores de Música e a Academia Musical de Lisboa. A primeira foi fundada em 1884 e desde logo criou uma orquestra sob a direcção do maestro e violinista Filipe Duarte. Devido a problemas que desconhecemos e que Ernesto Vieira designa no seu dicionário por «repetidas desintelligencias»,134 o maestro e também violinista 132
Ferreira BRAGA, «Associação Musica Vinte e Quatro de Junho», in Amphion, 1 de Janeiro de 1890. Ibid. 134 Ernesto VIEIRA, Diccionario biographico de musicos portuguezes: historia e bibliographia da musica em Portugal, vol. 1, Lisboa, Mattos Moreira & Pinheiro, 1900, p. 491. 133
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Victor Hussla substituiu Filipe Duarte em 1887. Esta Academia tinha no início do ano a sua sede no Largo do Barão de Quintela, junto ao Largo Camões. Devido à exiguidade desse espaço, mudou-se em Maio para o n.º 46 da Rua do Alecrim,135 na mesma altura em que passou a apresentar os seus concertos no Salão da Trindade.136 Este texto assinado em Janeiro pelo violinista Júlio Neuparth no Amphion refere o problema de falta de espaço do primeiro local: A sala de concertos é acanhada, as suas dimensões são rachiticas e o plano de sua construção resente-se de ter sido concebido pelo seu proprietário mais para promover interesses futuros, do que para auxiliar e dar impulso animador a tão util instituição. Afim de que todos os socios e familias possam assistir aos concertos, tem estes de ser dados em duas audições, – tal é a pequenez da sala!137
A sua concorrente era a Academia Musical de Lisboa, sendo que sobre a sua actividade nos chegou bastante menos informação. À frente da instituição e da sua orquestra estava o maestro Filipe Duarte,138 pelo que o seu surgimento terá sido consequência directa daquela ruptura. Esta segunda Academia tinha sede no n.º 21 da Rua Nova do Carmo, onde havia um salão em que apresentava os seus concertos. Em ambos os casos as orquestras eram formadas por amadores, e os seus concertos eram dirigidos a um público relativamente restrito, designadamente aos seus sócios e familiares. Por exemplo, quando aparece um anúncio em Agosto para dar a conhecer uma alteração do modelo de programação da Academia Musical de Lisboa, o texto é dirigido aos sócios e não ao público em geral: A direcção da Academia Musical de Lisboa, previne aos srs. socios, de que os saraus musicaes passam a ser quinzenais até outubro proximo, tendo logar o primeiro na noite de quinta feira 21 d’Agosto proximo.139
O mesmo se passava na Real Academia de Amadores de Música, como o comprova a preocupação de Júlio Neuparth anteriormente citada.
135
Novidades, 7 de Maio de 1890. O dia, 5 de Novembro de 1890. 137 Júlio NEUPARTH, «Real Academia de Amadores de Musica», in Amphion, 1 de Janeiro de 1890. 138 Novidades, 6 de Fevereiro de 1890; «Academia Musical de Lisboa», in Diário ilustrado, 25 de Junho de 1890. 139 Diário Ilustrado, 13 de Agosto de 1890. 136
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A Real Academia de Amadores de Música De entre os mais de cinquenta concertos de música instrumental que registámos, e que aparecem listados no Anexo T, catorze foram promovidos pela Real Academia de Amadores de Música. Para a obtenção destes números recorremos à imprensa e a uma colecção de programas de sala conservada na Biblioteca Nacional de Lisboa, a qual nos permite conhecer em pormenor as obras interpretadas e os respectivos músicos. Os programas subscritos pelos sócios apareciam numerados nas brochuras, sendo que somente sete de entre os que foram apresentados estavam incluídos nesse conjunto – os restantes eram concertos extraordinários. Aquele ocorrido a 19 de Janeiro, é apresentado como uma «Matinée». Enumera obras de Ludwig van Beethoven, Joseph Haydn, Carl Heinrich Reinecke e Adolf Jensen, que terão sido interpretadas pela pianista Alda Peixoto, por um quarteto de cordas não discriminado e, a quatro mãos, pela mesma pianista e pelo «ex.mo sr.» Óscar da Silva. Este programa não aparece, portanto, numerado na série de concertos da instituição, ao contrário do que aconteceu com o que foi agendado para os dias 1 e 3 de Fevereiro, no Largo do Barão de Quintela. Trata-se do vigésimo nono programa, segundo da sétima série: 29.º Concerto (2.º da 7.ª serie) na Sede da Academia, Largo do Quintella, 3 Em 1 e 3 de Fevereiro de 1890 sob a direcção do Ex.mo sr. Victor Hussla Roga-se o favor de não sahir da sala durante a execução de qualquer trecho. Primeira parte 1.º– Ouverture “Oberon” ... Weber 2.º– Andante ... Tschaikovski 3.º– Concertstueck, op.92 ... Schumann pour piano forte et orchestre, Mr. Oscar da Silva Segunda parte 4.º– Marche Funebre ... Chopin 5.º– Scherzo en si menor, op.20 ... Chopin pour piano forte, Mr. Oscar da Silva 6.º– Ouverture ... Victor Hussla dediée à l’Orchestre de l’Academie Royale des Amateurs de Musique Terceira Parte 7.º– Danses hongroises ... Brahms 8.º– Chant du soir ... Vogt 9.º– Menuet ... Mozart 10.º– Bachanale ... Gounot [sic]
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O concerto que se seguiu foi apresentado, segundo o Amphion,140 nos dias 15 e 17 de Março, e não nos dias 14 e 15 de Março que aparecem inscritos no folheto de sala. Apesar de se terem dado duas apresentações, certamente devido à referida falta de espaço, são ambas anunciadas como correspondendo ao trigésimo concerto. 30.º concerto (3.º da 7.ª Serie) na séde da Academia, Largo do Quintella, 3 Programa I 1 – Ouverture “Le Mariage de Figaro” ... Mozart 2 – Symphonie en Ré majeur ... Haydn a) adagio e allegro b) andante c) menuetto d) allegro spirituoso II 3 – Concert ... Mendelssohn pour piano forte et orchestre M.eme Palmyra Rangel Baptista III 4 – Scherzo ... J. Neuparth 5 – Chant du soir ... Vogt 6 – Valse d’une poupée ... Delibes 7 – Etude n.º 7 ... Chopin 8 – Rhapsodie hongroise ... Liszt M.eme Palmyra Rangel Baptista 9 – A Portugueza ... A. Keil
Ficamos assim a saber que a numeração inscrita nas brochuras não corresponde obrigatoriamente aos eventos que aconteceram na realidade, pois um mesmo programa podia ser apresentado por mais do que uma vez. Mais complicado torna-se perceber a razão pela qual o programa preparado para o concerto do dia 10 de Maio se apresenta como o quarto concerto da quinta série, o que quebra a ordem sequencial. Este e o programa seguinte, o quinto concerto da quinta série, realizado em 24 de Maio, já vieram a acontecer no Salão da Trindade e, como resultado dessa mudança, só houve lugar a uma apresentação. Foi esta, aliás, a prática adoptada pela direcção da Real Academia de Amadores de Música ao longo de todo o segundo semestre do ano. Concerto 5.º da 5.ª serie Salão da Trindade 24 de Maio de 1890 ás 9 horas da noite sob a direcção Ex.mo Sr. Victor Hussla Programma Primeira parte 140
Amphion, 1 de Abril de 1890.
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1 Symphonia - Prè aux eleves ... Herold 2 a) 1.ª parte Concerto, piano forte ... Hummel b) Rondes des Lutins, piano forte ... Liszt pela Ex.ma sr.a D. Julia da Fonseca 3 Sonate Fantastique – Solo de Flauta ... Luigi Hugues pela Ex.ma sr.a D. Ferreira Cardoso acompanhamento ao piano pela Ex.ma Sr.a D. Luiza da Motta Cardoso 4 Prelude du Déluge ... Saint Saens Violon Solo pelo Ex.mo Sr. Henrique Sauvinet Segunda parte 5 Grande Symphonia Pastoral (n.º6) [de Beethoven] I Parte Allegro – Sensações agradaveis que se experimentam ao chegar ao campo II Parte Andante – Scena junto do arroyo III Parte a Scherzo – Allegre reunião de camponeses b) Allegro – Tempestade c) Allegreto – Canto dos Pastôres, alegria, e reconhecimento depois da tempestade Terceira parte 6 Carillon - De la 1.ª suite arlezienne ... Bizet 7 a) Menuet, solo d’Arpa ... Bach b) Etude de Concert – Em mi bemol, solo d’Arpa ... F. Godefroy 8 Polonaise Brilhante – op. 22 piano forte ... Chopin 9 Marcha ... Joachim
A ordem sequencial foi recuperada em 24 de Novembro com o primeiro concerto da oitava série, que foi apresentado na imprensa como «o primeiro concerto da época da Academia dos Amadores de Musica».141 Nessa ocasião foram distinguidos os melhores alunos da escola, e esteve presente o Infante D. Afonso, por impossibilidade do Rei. O Diário ilustrado anunciou o seguinte programa: Com a assistencia de Sua Magestade El-Rei realisa-se hoje, na Real Academia de Amadores de Musica, cujo programma é o seguinte: 1.ª PARTE 1 – Abertura Freyschuetz, pela orchestra – Weber 2 – Concerto de violino, pela ex.ma sr.ª D. Elvira Peixoto (alumna premiada), com acompanhamento d’orchestra – Viotti 2.ª PARTE 1 – a) Preludio em dó menor; b) Mazurka em fá menor, pela orchestra – Chopin 2 – Rondó brilhante em mi bemol, para piano forte, pela ex.ma sr.ª D, Beatriz Amelia Bizarro (alumna premiada) – Weber 3 – Pescadora Esguisse Hongroise, pela orchestra – Volkmann. 4 – Impromptu em sol, para piano forte, pela ex.ma sr.ª D. Maria Herminia Lopes Monteiro (alumna premiada) – Schubert 5 – Mazurka em si bemol, pela orchestra – Chopin 142
Servem as anteriores transcrições para ilustrar a seguinte caracterização destes concertos: o reportório seleccionado integrava obras que se identificam com os cânones mais representativos da História da Música Ocidental hoje considerados; as intervenções da orquestra alternavam com 141 142
O dia, 25 de Novembro de 1890. Diário ilustrado, 24 de Novembro de 1890.
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a interpretação de pequenas peças tocadas a solo, na maioria das vezes ao piano; havia normalmente dois intervalos; destaca-se a ausência de música vocal em praticamente todos os concertos em que a orquestra tocava; os intérpretes eram quase sempre músicos amadores. Efectivamente, nunca nos é transmitida a ideia de estarmos na presença de artistas com um largo currículo profissional e com um brilhante (ou desastroso) futuro artístico pela frente, tal como era feito com os artistas que se apresentavam nos palcos dos teatros. Pelo contrário, as críticas que nos chegaram acentuam precisamente o carácter amador destas situações. É disso exemplo esta crítica publicada no Diário ilustrado, que nos permite perceber a expectativa que moldava a escuta praticada nestes concertos – refere-se ao concerto de 19 de Abril, em que se apresentaram as irmãs Alda e Elvira Peixoto, respectivamente pianista aluna de Rey Colaço, e violinista aluna de Victor Hussla. Sente-se n’essas duas gentis meninas, D. Alda e D. Elvira Peixoto, que vão a caminho do futuro, amparadas pelo santo amor de sua mãe, que, heroicamento extraiu do seu improbo trabalho os recursos indispensáveis para dar a suas filhas uma educação esmerada, uma alta cultura intellectual; sente-se n’essas adoraveis crianças, impelidas por uma vocação irresistivel, duas artistas de raça, a quem a gloria sorri de longe, começando já hoje a nimbar-lhe suavemente os vultos juvenis. Um numeroso e escolhido auditorio, reunido no salão da Real Academia em a noute de 19 do corrente, juncou-lhe de flores os primeiros passos do caminho que vão percorrer e deu-lhe nos seus bravos effusivos, nas suas palmas enthusiasticas, as credenciaes que hão de acreditar as duas illustres embaixadoras junto da radiosa imperatriz, que se chama Arte. Explendido, sob todos os pontos de vista, o concerto a que acabamos de assistir, discipulas dos insignes professores Rey Collaço e Victor Hussla. A sr.ª D. Elvira Peixoto, uma encantadora criança, loira e insinuante, contando apenas 17 annos, é simplesmente prodigiosa. Vibra no seu violino essa rara dominadora e extranha fascinação que se chama talento. Não se descreve a delicadeza, sonhadora e vaga, e, por vezes, o impetuoso ardor, o brilho deslumbrador, que a distincta virtuosi imprimiu ao concerto de Spohr, á Berceuse e scherzo de Hussla e especialmente á phantasia Fausto de Sarasate, que foi admiravelmente executada. Estudando no breve espaço de dois annos, sob a direcção do eminente Victor Hussla, que tem na sua gloriosa discipula mais um documento evidentissimo da sua profunda sciencia musical, Elvira Peixoto realisa no que lhe ouvimos um verdadeiro milagre de talento que o capricho da arte só sucede aos seus filhos dilectos. Uma ovação estrepitosa correspondeu a essa soberba interpretação, que foi como que a doce e mysteriosa recompensa de uma existencia exemplar feita de sacrificios austeros e consagrada a realisação de um ideal materno que se impõe a todos os corações e que attraie, por espontaneo impulso, todas as sympathias. Ao lado da prestigiosa violinista, que será dentro em pouco uma celebridade, fez-se ouvir sua irmã, a sr.ª Alda Peixoto, uma pianista de incontestaveis dotes, que em dois annos de estudo, dirigido pelo grande concertista Rey Collaço, tem feito rapidos e assombrosos progressos. A sua execução, particularmente na valsa n.º 42 de Chopin, maravilhou o auditorio. Um pouco mais de sentimento no desenho das phrases, e essa criança predestinada tomára logar no grupo das insignes pianistas que o mundo admira. A orchestra da Real Academia, uma instituição notabilissima, a que se deve grandes e assignalados serviços, uma d’aquellas que maior incremento tem imprimido á musica, e que é por assim dizer o porto de abrigo de quantos se propõem navegar no largo oceano da arte; essa orchestra modelo esplendidamente dirigida por Victor Hussla, tocou por uma forma magistral a Abertura do Casamento de Figaro, parte da symphonia n.º 5 de Beethoven, o Reverie de Hussla e a serenata de Tierné.
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D. José d’Almeida, um grande artista disfarçado no transparente loup de um amador, cantou com uma arte surprema e a sua bella voz de baixo, deliciosamente timbrada, o Livro Santo de Tinouli e uma outra romanza. D. Francisco de Sousa Coutinho, uma poderosa voz theatral, de um volume opulento e vibrante, enlevou o auditorio em duas romanzas, brilhantemente vocalizadas. As duas gentis meninas Peixoto foram, como já dissemos, enthusiasticamente applaudidas e chamadas repetidas vezes, conjuntamente com os seus illustres professores Hussla e Collaço, sendo-lhe offerecidos numerosos brindes, corbeilles e ramos riquissimos, etc., etc. 143 Os nossos sinceros parabens, e que o futuro realise o que o presente já hoje promette.
Perante palavras como estas, somos obrigados a relativizar também os adjectivos aplicados ao desempenho da orquestra. Esta era composta por cerca de sessenta elementos que aparecem listados em cada folheto de sala. A sua constituição era bastante estável e as poucas mudanças que se registaram ao longo do ano permitem contar cerca de oitenta intérpretes intervenientes nos seus concertos. Ao contrário do que os nomes dos solistas podem sugerir, a esmagadora maioria dos elementos que compõem a orquestra eram do sexo masculino, já que o número de intérpretes do sexo feminino nunca ultrapassou o valor de quatro.
A Academia Musical de Lisboa Não existe muita informação disponível sobre esta Academia. Na total ausência de brochuras sobre os seus concertos, resta-nos a consulta da imprensa para constatar a realização de treze concertos nas suas instalações. Dispersos ao longo de 1890, constituem um número que se contrapõe àquele que é sugerido pela notícia que anunciava concertos quinzenais em Setembro e Outubro.144 Efectivamente, não encontrámos qualquer correspondência com essa informação. O seu modelo de actuação era muito semelhante ao da Real Academia: tinha uma orquestra formada por músicos amadores e endereçava as suas iniciativas aos sócios. Porém, enfrentava mais dificuldades de funcionamento do que a sua congénere, conforme se pode inferir a partir da leitura do seguinte texto, que aparece publicado no então recém-criado periódico especializado Arte Musical: 143 144
Gabriel CLAUDIO, «Real Academia: Concerto de Alda e Elvira Peixoto», in Diário ilustrado, 28 de Abril de 1890. Diário ilustrado, 13 de Agosto de 1890.
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Quando se fundou a Academia Musical de Lisboa, essa associação que hoje entra em uma nova phase de engrandecimento e prosperidade, não faltaram sorrisos ironicos, a acolher a sua creacção, lamentações sobre o futuro, duvidas sobre o presente, e se as pessoas que organisaram a academia tivessem regrado o seu procedimento pelo acolho obtido, a nova associação não existiria hoje, e o nosso mundo musical teria actualmente um importante centro a menos. [...] Infelizmente porém, a influencia de factos sobre os quaes não queremos usar direito de critica, proferindolhe o silencio, ia minando a existencia da nova Academia, e acabaria talvez por despenhal-a no nada, se a actual direcção não se empenhasse em trabalhar dignamente pelo seu rejuvenescimento, ou antes pelo seu progresso.145
Mas podem ser apontadas outras semelhanças entre as duas Academias. Uma das quais é a escola de música, que vinha sendo preparada no decorrer dos últimos meses do ano e que viria a abrir as suas portas no início de 1891.146 O corpo docente era constituído pelos músicos que compunham o sexteto do Teatro de D. Maria II, ao qual pertencia o próprio Filipe Duarte. É, de facto, notável que nesta época iam haver, pelo menos, três escolas de música em actividade na cidade de Lisboa – incluindo o Conservatório e não contando com a Sé Patriarcal e professores particulares.147 Também os programas que nos chegaram através da imprensa permitem ensaiar comparações. No dia 5 de Fevereiro foi apresentado este concerto: A reunião de hontem n’esta academia esteve concorridissima. A orchestra, dirigida por Filippe Duarte, executou primorosamente a ouverture e Marsh de Kugler e a gavotte, de Clavens. As distinctas pianistas D. Elvira Justes Barros e D. Maria de Jesus Villa Nova, executaram: a primeira, a Sonnambula, de Leybach; e a segunda, a Invitation á la walse, de Weber. O sr. Belem tocou na cythara duas phantasias sendo mais uma vez alvo das maiores manifestações, pela correcta execução que soube imprimir áquelles trechos. O talentoso amador do clarinete, Manuel Marques de Oliveira, fez-se ouvir, executando uma phantasia, sendo acompanhado ao piano pela sr,ª D. Deolinda Rosa da Silva. O amador antonio de Magalhães, acompanhado ao piano pela sr.ª D. Philomena Cabral da Rocha, executou uma phantasia para flauta sobre motivos da Africana, composição de Galli. Os srs. Candido Saturnino, Freião, Graça, Alagarim Junior, Guimarães, Bonni, Lopes e Carreira, executaram em instrumentos de corda o quartetto de Fruhling. Todos os amadores foram calorosamente applaudidos. A reunião acabou á meia noite.148
E no dia 21 de Maio o Diário ilustrado anunciou este outro:
145
Arte Musical, 20 de Dezembro de 1890 Ibid. A estas juntava-se ainda a Real Casa Pia de Lisboa; «Muitos melhoramentos tem realisado a Real Casa Pia de Lisboa e cada dia se vão accentuando os progressos d’este estabelecimento de instrucção. Crear uma banda, crear o ensino da musica é realmente um bello serviço prestado pelo sr. Margiochi, que encontrou no distincto professor o sr. Joaquim José Brandão um executor do seu pensamento de primeira qualidade. Pois a Real Casa Pia obteve, e por preços aliás modestissimos, que a Companhia Propagadora de Instrumentos Musicos fornecesse os instrumentos de madeira de Rampone, o primeiro e melhor de todos os fabricantes, e tanto que fornece exclusivamente o theatro de Scala de Milão; cornetins de Schuster, o allemão que rivalisa vantajosamente com Antonio Courtois em quantidade e qualidade de som; ficando com preço muito áquem e finalmente os outros latões Pelisson, cujo bom nome é de todos conhecido. Foi não só um grande serviço prestado pelo sr. Margiochi ao ensino, como pela Companhia Propagadora á Casa Pia. Brevemente ouvir-se-hão em publico os alumnos, segundo nos dizem.», in Diário ilustrado, 14 de Maio de 1890. 148 Novidades, 6 de Fevereiro de 1890. 146 147
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Na Academia Musical de Lisboa (rua Nova do Carmo, 21) realisa-se hoje um concerto, que promette ser notavel, em beneficio do cofre da associação. O programma é o seguinte: 1.ª Parte 1– Lyre d’or, ouverture pela ochestra – Desormes 2 – Ave Maria, para canto, pela ex. ma sr.ª D. Julia Braga – Lurge Luzzi 3 – La Mia esposa sará la mia bandiera, canto, pelo ex. mo sr. Côrte Real 4 – Rondó, Cenerentola, pela ex. ma sr.ª D. Maria Judice da Costa – Rossini 5 – Gentil anima mia. romanza, pelo ex. mo sr. Paulo de Quental – E. Safino 6 – Phantasia para trompa – Del Negro 7 – Wiedersehen in der Heimath pela orchestra – E. Eale 2.ª Parte 8 – Izabella, ouverture, pelo sexteto de D. Maria – Suppé. 9 – Chanson de ma vie, Reverie, pelo sexteto – A. Corbin 10 – Vorrei morire, canto, pela ex. ma sr.ª D. Ema Emilia Galhardo Silva – F. P. Tosti 11- Ninon, canto, pelo ex. mo sr. João Affonso 12 – Bid me Goodby, valsa, pelo sexteto – H. Camoer 13 – Anillo de Hierro, preludio, dito – C. Marquès 3.ª Parte 14 – Zerline, ouverture, pela orchestra – Auber 15 Serenade, canto, pela ex. ma sr.ª D. Julia Braga – Schubert 16 – La Partida, canto, pelo ex. mo sr. Côrte Real. 17 – Non Tornó, canto, pela ex. ma sr.ª D. Ema Silva – Tito Mattei 18 – Phantasia para piano, pelo ex.mo sr. José Antonio Vieira 19 – Viene Viene, valsa, pela ex. ma sr.ª D. Maria Judice da Costa – Dionezi 20 – Jager, marcha pela orchestra – Kugler Os acompanhamentos de piano serão feitos pelos srs. Henrique Gallo, Marianno Augusto Choquejar e Alberto Sousa.149
Notamos neste programa a marcada presenta de música vocal e a alternância entre a apresentação de músicos amadores com músicos profissionais; designadamente, a meio-soprano Maria Júdice da Costa, os músicos do sexteto do D. Maria II e outros que lhes estavam próximos. Era esse o caso do trompista Joaquim Thomaz Del-Negro, músico da Orquestra do Teatro de São Carlos e «sub-chefe» da banda da Guarda Municipal150 – esta banda era orientada pelo maestro e também trompista Manuel Augusto Gaspar, que também dirigia este sexteto de músicos tão empenhado nas actividades da Academia Musical de Lisboa. Reparamos também que se mantém o modelo de programa dividido em três partes, com dois intervalos. Porém o reportório é substancialmente diferente, limitando-se a orquestra a interpretar aberturas de óperas. Tal não acontecia com a Orquestra da Real Academia, que tocava sinfonias e concertos de mais difícil execução. Este facto, só por si, pode denunciar uma diferença no nível técnico das duas formações. O crítico
149 150
«Musica em Lisboa», in Diário ilustrado, 21 de Maio de 1890. Amphion, 1 de Abril de 1890.
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Júlio Mário comentou desta forma a actuação da Orquestra da Academia Musical no dia 26 de Março: Francamente, não gostámos de a ouvir: não tinha clarinete, os metais muito desafinados, especialmente a 2.ª trompa, que praticou desacatos inauditos contra as regras da harmonia, poucos violinos e muitos violoncellos, emfim um conjuncto mau.151
Porventura, a principal diferença entre as duas academias estava no coro dirigido por Guilherme Ribeiro, maestro e professor do Conservatório Real de Lisboa. O estabelecimento de um coro na Academia Musical resultou da extinção de uma formação equivalente que permaneceu até Fevereiro na Real Academia, conforme nos revela esta breve notícia: «Despediuse da Real Academia de Amadores de Musica o distincto professor do Conservatorio, sr. Guilherme Ribeiro, que ali regia um Orpheon.»152 Como consequência, apresentou-se em 3 de Julho uma «soirée musical» na Academia Musical, na qual se estreou o novo orfeão dirigido por Guilherme Ribeiro.153 No mês seguinte teve lugar outro concerto onde se voltou a contar com a sua participação: Hoje, pelas 9 horas da noite realisa-se n’esta Academia uma brilhante soirée familiar, em que toma parte a distinctissima cantora a ex. ma sr.ª D. Kemp Serrão, que ha dois annos não canta em publico. Abrilhantam tambem o concerto a ex.ma sr.ª D. Julia Braga, os srs. Lazary, Barros e Queiroz, um orpheon sob a direcção do distincto maestro Guilherme Ribeiro, e a orchestra da Academia, dirigida por Filippe Duarte.154
Os concertos extraordinários As academias de música limitavam as suas actividades aos domínios da pedagogia musical e da produção de concertos. Elas garantiam a existência de um espaço de sociabilização com características próprias e frequentado por um público bastante específico. Faziam-no, porém, por intermédio exclusivo da música. Com a excepção do programa do mês de Março, em que foi interpretada no Salão da Real Academia A portuguesa, uma marcha que carregava consigo as conotações políticas que lhe são sobejamente conhecidas, não era costume haver manifestações de 151
Novidades, 27 de Março de 1890. Diário ilustrado, 25 de Fevereiro de 1890. 153 Diário ilustrado, 25 de Junho de 1890. 154 Diário ilustrado, 7 de Agosto de 1890. 152
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carácter ou pretexto extra-musical, com algumas excepções para concertos de beneficência. Estas organizações reuniam, por essa razão, as condições logísticas ideais para acolher, por exemplo, músicos estrangeiros que passavam por Lisboa. Foi o que se passou no Salão da Academia Musical a 24 de Fevereiro, em que a presença em Portugal do pianista brasileiro Henrique Braga proporcionou a realização de um concerto que, sem divergir significativamente do modelo caracterizado anteriormente, situa a orquestra numa mera postura anfitriã. Esta faz as honras da casa dando início e término a cada uma das partes, mostrando-nos desta forma que eram as obras intermédias a razão de ser do evento. É hoje que se realiza no salão da Academia Musical de Lisboa, rua Nova do Carmo n.º 21, o concerto em benefício do distincto pianista Henrique Braga, cujo nome dispensa reclames e recomendações. Por si mesmo se recommenda. O programma não pode ser mais attraente: 1.ª Parte 1–Francke, Ouverture pela orchestra da Academia. 2–H. Braga, Caprice 3–F. Alvarez, La partida canção hespanhola, pelo sr. Francisco de Sousa Coutinho 4–F. Braga, Gavotte para instrumentos d’arco, por amadores da orchestra d’Academia. 5–Mendelssohn, Romance sem palavras para piano, por Henrique Braga. Chopin, Polonaise para piano, por Henrique Braga. 6–Clarens, Gavota pela orchestra da Academia 2.ª Parte 1–Pierne, Aria de Luiz XIII pela orchestra da Academia 2–H. Braga, Ballade sur mer para piano, pelo auctor H. Braga, Pourquoi? para piano, pelo auctor 3–A. Rotoli, Primo bacio melodia pelo sr. Francisco de Sousa Coutinho 4–H. Braga, Mazurka expressiva, para piano, por Henrique Braga Gottachalk, Dernier amour para piano, por Henrique Braga 5–Kugler, Marcha pela orchestra da Academia.155
O mesmo se passou, em 5 de Junho, no Salão da Real Academia. Num concerto privado, o célebre compositor e guitarrista espanhol Antonio Jimenez Manjón fez-se acompanhar ao piano: Chegou a Lisboa o sr. Antonio Jimenez Manjon, um musico cego, hespagnol, que toca viola franceza de 11 cordas, e que na proxima quinta-feira se fará ouvir, em concerto particular, na Real Academia de Amadores de Musica. Vem com ele a sua esposa, a sr.a Salazar Manjon, que é quem o acompanha ao piano. Agradecemos o convite que nos foi feito para essa audição.156
Eram, portanto, este concertos uma porta de entrada destes artistas no diminuto mercado concertístico lisboeta. Uma semana mais tarde, o mesmo guitarrista apresentou-se por três vezes no Real Coliseu de Lisboa: 155
Diário ilustrado, 10 de Fevereiro de 1890; Embora o Diário ilustrado anuncie o concerto para o 10 de Fevereiro, a edição do dia 25 de Fevereiro do jornal Novidades noticia o mesmo evento como se se tivesse passado no dia 24. 156 O dia, 3 de Junho de 1890.
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Amanhã, temos, além das zarzuellas, um concerto de viola franceza de onze cordas e piano pelos celebres artistas mr. e madame Manjon, que já tivemos occasião de apreciar na academia de amadores de musica. Mr. e madame Manjon, dão apenas trez concertos.157
Também os artistas portugueses aproveitavam essas estruturas produtivas para aí tocarem para o seu público. Eram concertos extraordinários que tinham as suas características próprias. Em 25 de Março apresentaram-se na mesma sala os compositores Emilio Lami e Joaquim Thomaz Del-Negro, fazendo-se acompanhar por vários músicos recrutados entre os membros da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, cantores profissionais e, ainda, pela Banda da Guarda Municipal: A 25 do mez passado realisaram a sua festa, na sala da Real Academia de Amadores de Música os professores Emilio Lami e Thomaz Del-Negro. Um escolhido programma em que, além dos beneficiados, promettiam fazer se ouvir alguns artistas do theatro lyrico e a banda da Guarda Municipal, attrahiu uma selecta e numerosa concorrencia á sala da Academia. Foram applaudidissimos todos os trechos executados, sobresahindo a Polaca dos puritanos e a Chansonettte Les canards, cantadas magistralmente pela sr.ª Corsi, um rondó e uma preghiera pela sr.ª Judice, as romanzas a mia sposa sará la mia bandiera, e Sognai, cantadas pelo barytono Coletti, duas romanzas pelo sr. Ercolani, e uma fantasia de violino pelo sr. J. Caggiani. De resto, todas as peças despertaram verdadeiros e justos applausos, prestando inteira justiça não só ao talento indiscutivel dos promotores da festa – dois artistas distinctissimos, como a todos os que os auxiliaram, concorrendo para o brilhante resultado d’aquella audição musical. Não menos digna de louvores se tornou a execução da fantasia da Lakmé, pela banda da Guarda Municipal, habilmente dirigida pelo seu sub-chefe J. Thomaz Del-Negro. A pedido do público foi executada pela mesma banda a marcha Portuguesa que foi ouvida de pé pelos espectadores.158
No que respeita à Academia Musical de Lisboa, pode ser dado o exemplo do Sexteto Quilez que, ao contrário do que aconteceu no ano anterior, em que deu vários concertos no Teatro da Rua dos Condes, se apresentou em 1890 no salão desta academia. Mais uma vez se confirma tratar-se de situações de acolhimento por parte destas instituições, sendo o espectáculo completamente produzido pelos intervenientes e sem qualquer intervenção dos sócios da Academia. Este sexteto de músicos era composto pelos violinistas Theodoro Quilez, Manuel Gonçalves Pires e João Neumayer, o violetista Augusto Palmeiro, o violoncelista Daniel J. Lacueva e outro músico, de seu nome Ferreira, que não conseguimos identificar.159 Todos eles pertenciam à Orquestra do Teatro de São Carlos e agendaram este concerto para o dia 21 de Abril, duas semanas após ter
157
O dia, 10 de Junho de 1890. Júlio NEUPARTH, Amphion, 1 de Abril de 1890. 159 O dia, 9 de Junho de 1890. 158
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terminado a temporada no teatro lírico. Conforme nos informa O dia, nele participaram ainda o violoncelista Carlos Quilez, o violinista Alexandre Bettencourt (pai de Jorge Croner de Vasconcelos) e um tenor espanhol: O distincto professor Theodoro Quillez, que ha annos faz parte da orchestra do real theatro de S. Carlos, realisa no dia 21 do corrente mez, pelas 8 horas e meia da noite, na Academia Musical de Lisboa, o seu costumado concerto annual. São muitos os attractivos d’esta festa. Executará o sextetto Quilez, sob a direcção do fundador as mais escolhidas peças do seu reportório. Fará o seu debute, como violoncellista de vastas esperanças, um filho do beneficiado, que se tem tornado notavel, como alumno do Real Conservatorio Real de Lisboa, e será ouvido pela primeira vez o eximio tenor hespanhol, o sr. Salces que, acompanhando-se á viola, cantará uma bella collecção de canções hespanholas, a que o nosso publico tanto apreço dá. A todos os respeitos se torna recommendavel esta festa.160
Outro espaço que também se prestava para estes concertos esporádicos era, naturalmente, o Salão da Trindade onde, como já vimos, a Orquestra da Real Academia se apresentava regularmente. No dia 14 de Abril apresentou-se aí um concerto vocal e instrumental dedicado ao maestro Alberto Pontecchi com uma orquestra da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, ou seja, formada propositadamente para essa ocasião por músicos da Associação. O programa incluiu uma sinfonia em três andamentos do próprio Pontecchi, árias de ópera acompanhadas por orquestra, algumas canções acompanhadas ao piano e, a terminar, um Scherzo Sinfonico para grande orquestra, também da autoria de Pontecchi.161 Os outros três concertos acolhidos naquele espaço tiveram fins caritativos e, por essa razão, assumiram contornos bastante diferentes. A 3 de Junho, a orquestra de serviço foi a da Real Academia de Amadores de Música. Porém, o conjunto das obras interpretadas era bastante diferente daqueles habitualmente apresentados nos concertos de Victor Hussla. Houve, inclusivamente, lugar à recitação de poesia. O Diário ilustrado divulgou o programa deste concerto que foi presenciado pela família real: Realisa-se hoje, no salão do theatro da Trindade, o grande sarau em beneficio do cofre da Associação das missões ultramarinas. O programma é o seguinte: 1.ª Parte 1 – ‘Egmont’, ouverture, pela orchestra. – Beethoven 2 – ‘Palavras’, pelo sr. Pinheiro Chagas 3 – ‘Milano’, romanza para barytono pelo sr. D. Francisco de Sousa Coutinho, acompanhado pela sr. D. Alda Peixoto – Franchetti 160 161
O dia, 18 de Abril de 1890. Diário ilustrado, 12 de Abril de 1890.
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4 – ‘Arias russas’, solo de rebeca pela sr.ª D. Elvira Peixoto, acompanhamento ao piano pela sr.ª Alda Peixoto – Winiawski 5 – ‘Pouvera Rondinella’, romanza de barytono pelo sr. José Eduardo Pinto Conceição da Cunha, acompanhado pelo sr. Pontecchi 6 – ‘Rondes allemandes’, a 4 mãos pela sr.ª D. Ernestina de Barros Freixo e pelo sr. marquez de Fronteira e Alorna – Moskovsky 2.ª Parte 1 – ‘Danses hongroises’, pela orchestra – Brahms 2 – ‘Forier di morte’, romanza da opera ‘Tanhauser’ pelo sr. Paulo do Quental, acompanhamento pela sr.ª D. Alda Peixoto. – Wagner 3 – ‘Poesia’ do sr. D. João da Camara, recitada pela sr.ª D. Sophia Burnay 4 – ‘Povera mana’, romanza pelo sr. João Affonso, acompanhado ao piano pela sr.ª D. Lizzie Turner Affonso – Tosti 5 – ‘Walsa’ pela sr.ª D. Alda Peixoto – Chopin 6 – ‘Aria do Propheta’, cantada pela sr.ª D. Sarah Motta Vieira Marques, acompanhada pelo sr. Arthur Pontecchi – Meyerbeer 6 – ‘Duo Symphonico’, em dois pianos, pelas sr.as D. Annie e D. Palmyra Rangel Baptista – Lefehure Weiy a) Allegro; b) Andante; c) Tarentella. 3.ª Parte 1 – ‘Raymond’, ouverture pela orchestra – Thomas. 2 – Recitação pelo sr. Luiz Gama 3 – a) Mio pover amor; b) Malia, pela sr.ª D. Sarah Motta Vieira Marques, acompanhada pleo sr. Arthur Pontecchi –Tosti 4 – ‘Walsa’, piano pelo sr. Oscar da Silva – Bordeux 5 – ‘La mia barca’ solo pelo sr. D. Francisco de Souza Coutinho, acompanhado pela sr.ª D. Alda Peixoto – Bordeux 6 – ‘Farandole’, pela orchestra – Bizet 162
Como se pode verificar, este programa assemelha-se aos da Academia Musical de Lisboa, cabendo à orquestra abrir e fechar cada parte do sarau. Permanecia, todavia, a maior exigência técnica das obras interpretadas pela orquestra. Nas duas outras ocasiões os propósitos eram, a 31 de Maio, a reunião de fundos para a construção de um hospital em Almada e, a 7 de Junho, o auxílio à viúva e filhos de um oficial da Marinha. Nestas ocasiões os músicos amadores monopolizaram os papéis solistas, favorecendo dessa forma a representação do grupo social a que pertenciam. O esquema habitual de concerto era preservado, mas sempre havia alguma componente que tornava estes concertos diferentes. Por exemplo, no dia 31 de Maio, «A sociedade incrivel Almadense tocou durante os intervallos e antes de começar o concerto varias peças do seu reportorio.»163 O programa foi o seguinte: 1.ª parte 1 – Ouverture Prometheus, pela orchestra da Real Academia d’Amadores, regida pelo distincto maestro Victor Hussla – Beethoven 2 – Discurso, pelo ex. ma sr. conselheiro Pinheiro Chagas 162 163
Diário ilustrado, 3 de Junho de 1890. Diário ilustrado, 1 de Junho de 1890.
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3 – Serenata, solo de tenor pelo ex.mo sr. João Affonso – ‘Tosti’ 4 – Rapsodie hongroise, solo de piano pela ex.ma sr.a D. Palmira Rangel Baptista – ‘Liszt’ 5 – Preghiera, pela ex.ma sr.a Maria Barbara Judice da Costa – F. Lami 6 – Prelude di Déluge, pela orchestra, executando o solo de violino o ex.mo sr. Henrique Sauvinet – ‘Saint Saens’ 2.ª parte 1 – Carrilon, pela orchestra – Bizet 2 – Palavras, pelo ex.mo sr, Alberto Pimentel 3 – Preghiera, solo do mezzo-soprano pela ex.ma sr.a D. Joaquina Fernandes – Tosti 4 – Promenade, solo de piano pela ex.ma sr.a D. Maria Amelia Ferraz – Bendel 5 – Ernani, Lo vedreno, veglio audace, duetto de barytono e basso pelos ex.mos srs. Thomaz e José Lima 6 – Dopo, solo de mezzo-soprano pela ex.ma sr.ª D. Maria Pery Botto – Tosti 3.ª parte 1 – Ouverture Raymond, pela orchestra – A. Thomaz 2 – Palavras, pelo ex.mo sr. Guerra Junqueiro 3 – Serenade, solo de basso pelo ex.mo sr. Paulo de Quental – Tschaikovsky 4 – Danses hongroises para piano a quatro mãos, pelas ex.mas sr.as D. Palmira e D. Annie Rangel Baptista – Brahms 5 – Favorita, duetto de mezzo-soprano e tenor pela ex.ma sr.a D. Maria Barbara Judice da Costa e o ex.mo sr. João Affonso – Donizetti 6 – Czardas, pela orchestra – Delibes 164
Se estes concertos tinham fins caritativos, outros houve que se destinavam a exaltar os valores patrióticos despertados pelo Ultimatum de Janeiro. No dia 29 de Março foi apresentado no Teatro de São Carlos um grande concerto vocal e instrumental com a orquestra do próprio teatro e vários cantores italianos aí empregados. Mais uma vez se trata de uma situação extraordinária com óbvias implicações no reportório apresentado.
A música de câmara e as audições escolares A realidade descrita anteriormente permite perceber a importância da actividade das duas academias no panorama concertístico lisboeta. Ainda que constituídas por amadores, eram elas que albergavam as duas únicas formações estáveis exclusivamente dedicadas ao reportório orquestral. Ao invés, os três agrupamentos de música de câmara residentes em Lisboa eram constituídos por músicos profissionais e, embora não tivessem uma actividade concertística muito intensa, são representativos do que se passava na capital nesse domínio. Dois deles já foram atrás citados: designadamente, o sexteto do Teatro de D. Maria II e o sexteto Quilez. O primeiro era constituído pelos músicos Filipe Duarte, José Lourenço Duarte, Manuel Tavares, Miguel Ferreira, 164
Diário ilustrado, 31 de Maio de 1890.
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Daniel José Gomes e José Pinto Brandão. Eram dirigidos pelo maestro Manuel Augusto Gaspar e actuavam regularmente no teatro que emprestava o nome à formação, muito embora, como já tivemos a oportunidade de verificar, as suas apresentações não se limitassem àquele espaço. Para além das já referidas intervenções nos concertos na Academia Musical de Lisboa e em casa do compositor Alfredo Keil, também se apresentaram em 19 de Junho no Teatro do Ginásio, por ocasião de um benefício do maestro Gaspar.165 Atitude semelhante tinha o sexteto Quilez, cuja actividade se estendia aos mais variados espaços: no Novidades de 28 de Maio é noticiado que tocaram num casamento durante o almoço; a 23 de Julho o Diário ilustrado informa que esta formação vinha dando concertos às Quintas-feiras no «Club Caldas da Rainha»;166 e no mesmo jornal, em Outubro, podemos ler o seguinte: Esteve muito brilhante e animada a soirée que quarta feira se realisou no Sporting-Club em Cascaes. Eram quatro horas da manhã quando terminou o cotillon composto de lindas e variadas marcas, e dançando ao som da orchestra Quillez. [...] 167
O reportório era, portanto, bastante variado. Em Junho, no dia de Santo António, havia sido promovida uma festa nos jardins da casa dos condes de Ficalho. Aí se juntaram outros músicos ao sexteto e chegou-se, inclusivamente, a tocar «o fado»: Ao fundo [do jardim] uma orchestra composta de guitarras, violas, violões, violoncello e oboé, habilmente dirigida pelo sr. Lacueva executou vários trechos de musicas populares [...] Até depois da 1 hora da madrugada conservou-se animadissima no jardim […]. As visitas recolheram depois ás salas do palacio, onde se passou o resto da noite conversando animadamente, ouvindo-se a orchestra, que n’uma sala de entrada continuou a executar varios trechos de musica, de entre os quais o fado, repenicado n’um tercetto de guitarras. [...] 168
Podemos, então, verificar que o mercado de aceitação destes agrupamentos lhes exigia desempenhos bastante diversos – ora privados, ora públicos –, sendo que isso influía naturalmente no reportório interpretado. Ainda acerca da Sociedade Sexteto Quilez, chegaram-nos duas folhas, conservadas no arquivo documental da Associação Música Vinte e Quatro de Junho, que informam sobre alguns descontos procedentes das suas actuações. Nessas ocasiões o sexteto aparece reduzido a um quarteto de cordas, constituído por Gonçalves Pires (violino), João 165
Ocidente, 1 de Julho de 1890. Diário ilustrado, 23 de Julho de 1890. 167 Diário ilustrado, 25 de Outubro de 1890. 168 Novidades, 14 de Junho de 1890. 166
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Neumayer (violino), Augusto Palmeiro (viola) e Daniel Lacueva (violoncelo). Das sete intervenções que aparecem inscritas na documentação só uma se refere a um concerto público, nomeadamente a 19 de Maio na Sociedade de Geografia. As restantes seis referem-se a intervenções em salões lisboetas, um dos quais bastante peculiar, conforme nos informa o periódico Novidades. Este relato deixa bastante evidente a versatilidade destes intérpretes: Foi brilhantissima a muito concorrida a recepção de hontem na nunciatura. Sua eminencia o cardeal Vanutelli, revestido com as vestes cardinalicias e acompanhado por todo o pessoal da nunciatura, recebia as suas visitas com a dôce e primorosa affabilidade que o caracteriza. As salas estavam ricamente adornadas. Ao fundo da sala da recepção, o sextetto Quilez executou um reportorio escolhido de musicas religiosas. O serviço foi profuso e variado em gelados, manjares e vinhos preciosos. Á recepção assitiram os ministros, membros do corpo diplomático, membros do parlamento, altos dignitarios, titulares, etc., etc. [...] 169
Já acerca do ciclo de concertos de música de câmara que foi realizado no mês de Maio, no salão do Teatro de São Carlos, passamos a reconhecer um formato semelhante ao que é praticado nos nossos dias. Eles tiveram lugar em cinco Quintas-feiras e a formação era constituída por alguns dos mais prestigiados instrumentistas da época: o professor e pianista Alexandre Rey Colaço, que dirigia o agrupamento, o maestro e violinista Victor Hussla, o violoncelista e membro da Orquestra do Teatro de São Carlos João Cunha e Silva, o maestro e violinista Filipe Duarte e o violetista Alfredo Gazul. A Gazeta Musical de Lisboa relatava em Junho a boa receptividade que tinha esta iniciativa que já ia no seu quarto ano de existência. Realizou-se o terceiro concerto de musica de camara, que ha quatro annos foram iniciados em Lisboa. Constou o programma do quartetto em sol menor de Mozart, o quartetto em fa maior de Beethoven e o trio em do menor de Mendelssohn. Primorosa execução que era de esperar por tao distinctos professores. O publico que enchia o salão e corredores, applaudiu com justiça alguns trechos, tais como o andante e rondó de Mozart, o adagio de Beethoven, e o soberbo trio de Mendelssohn que foi bisado. Estes concertos tornaram-se o ponto de reunião de tudo que ha de distincto em amadores de musica. Sendo estes os unicos concertos em que se ouve aquelle genero de musica, é pena que sejam tão poucos.170
A Tabela 3.1. apresenta as obras que foram apresentadas nestes concertos, que começavam sempre pelas 21h00. Como é sublinhado na anterior citação era esta a única oportunidade que os melómanos tinham de ouvir obras camerísticas de compositores indubitavelmente consagrados pela História da Música. Neste caso, já não se tratava de vivenciar
169 170
Novidades, 7 de Julho de 1890. Gazeta Musical de Lisboa, 8 de Junho de 1890.
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a contemporaneidade, mas sim de contemplar obras artísticas provenientes de outra época histórica. Tabela 3.1. – Obras interpretadas por Victor Hussla, Alexandre Rey Colaço, João Cunha e Silva, Filipe Duarte e Alfredo Gazul em Maio de 1890 no Salão do Teatro de São Carlos L. van Beethoven – Trio com piano n.º 3 em dó menor, Op. 1 (pf.; vl.; vlc.) W. A. Mozart – Quinteto de cordas em sol menor, K. 516 (vl.1-2; vla.1-2; vlc.) F. Mendelssohn – Quarteto com piano n.º 2 em fá menor, Op. 2 (pf.; vl.; vla.; vlc.) A. Rubinstein – Trio com piano n.º 2 em sol menor, Op. 14 (pf.; vl.; vlc.) Mendelssohn – Quarteto de cordas n.º 4 em mi menor, Op. 44 (vl.1-2; vla.; vlc.) Beethoven – Trio com piano n.º 1 em ré maior, Op. 70 (pf.; vl.; vlc.) W. A. Mozart – Quarteto com piano n.º 1 em sol menor, K. 478 (pf.; vl.; vla.; vlc.) L. van Beethoven – Quarteto de cordas n.º 1 em fá maior, Op. 18 (vl.1-2; vla.; vlc.) F. Mendelssohn – Trio com piano n.º 2 em dó menor, Op. 66 (pf.; vl.; vlc.) R. Schumann – Quarteto com piano em mi b maior (pf.; vl.; vla.; vlc.) R. Schumann – Fantasiestücke Op. 73 (pf.; vlc.) R. Schumann – Quarteto de cordas n.º 3 em lá maior, Op. 41 (vl.1-2; vla.; vlc.) Schumann – Quinteto com piano em mi b maior Op. 44 (pf.; vl.1-2; vla.; vlc.)
8/5/1890 15/5/1890 22/5/1890
29/5/1890
As outras ocasiões em que foi interpretado «aquelle genero de musica» – assim se escrevia na Gazeta Musical de Lisboa – foi nas audições das alunas de piano do mentor dos anteriores concertos, Alexandre Rey Colaço. Estas audições aconteceram por três vezes ao longo do ano e assumiam um carácter bastante formal. Apesar de serem divulgadas em toda a imprensa a audiência era constituída por convidados.171 Decorriam no Salão Sassetti, situado na Rua Nova do Carmo, e justificavam inclusivamente a impressão de uma brochura de sala. A sua transcrição permite conhecer melhor em que consistiam estas audições. Salão Sassetti Rua Nova do Almada, n.º116 Exercicios de Piano Quarta feira, 4 de Junho de 1890 ás 8 horas da noite Programma 1.º – Allegro maestoso de la sonate n.º7 …Mozart Mademoiselle Telles da Cunha 2.º a) Choral (Albúm op.68) Schumann b) Bagatelle … Beethoven Mademoiselle Laura Palha 3.º – Rondó en Dó … Beethoven Mademoiselle Lise Seruya 4.º a) Prélude en ré mineur … Bach b) Romance (Albúm op.68) Schumann Mademoiselle do Alto Mearim 5.º a) Mignon, album op.68, Bach b) Chansons de matelots, album op.68 … Schumann Mademoiselle Julia Seruya 171
Diário ilustrado, 2 de Fevereiro de 1890.
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 3 – Os concertos
6.º – Barcarolle en sol menor … Mendelssohn Mademoiselle Elise Salusse 7.º – Bagatelle en mi bémol … Beethoven Mademoiselle Marie Palha 8.º – Moment Musical — Schubert Mademoiselle Sophia Burnay 9.º – Impromptu en sol … Schubert Mademoiselle Rawes 10.º – Air varié … Händel Mademoiselle Tedeschi 11.º – Impromptu … Schubert Mademoiselle de Nova Gôa 12.º – Allegro de la Sonate em sol op.14 … Beethoven Joué par M. Mesnier Pereira Leite Puis par Mademoiselle Krug 13.º – Sonate en ré pour 2 pianos … Mozart Mademoiselles Haddock Lobo et Palmyra Baptista 14.º – Allegro du Concerto em la mineur … Hummel Mademoiselle da Fonseca 15.º a) Nocturne em ré bémol … Chopin b) Étude … Liszt Mademoiselle Annie Baptista 16.º – Caprice en la mineur… Mendelssohn Mademoiselle Elvira Mattos 17.º – Andante Spianato et Polonaise en mi bemól … Chopin Mademoiselle Palmyra Baptista
Por se tratar de uma audição de alunos, o reportório tem um nível de dificuldade mais reduzido. Ainda assim, identifica-se com a mesma postura. Não temos conhecimento de audições semelhantes no Real Conservatório de Lisboa. Provavelmente porque o salão ainda não estava operacional neste ano.
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4. Espaços exclusivos: particulares e associativos Os salões de Lisboa A imensa quantidade de peças para piano que foram editadas em Portugal ao longo de todo o século XIX, quase sempre curtas e de fácil execução, permite adivinhar a importância que teria a música no quotidiano privado da época. Numa descrição muito sumária, este acervo musical constitui-se fundamentalmente por hinos, marchas, pot-pourris de temas extraídos de óperas conhecidas e muita música de danças de salão. Estas partituras destinavam-se a um mercado de consumo relativamente alargado. Mas eram, simultaneamente, um reflexo dos palcos de convivência da alta sociedade, onde os saraus eram momentos de sociabilidade bastante frequentes e onde era admitido esse reportório. Em cidades como Paris ou Viena a introdução das novas danças nos salões mais distintos havia sido feita por intermédio do gosto pelo rústico e pela necessidade de renovação dos padrões de comportamento dessas classes sociais. Em Portugal visava-se sobretudo a assimilação das grandes correntes europeias, nomeadamente no que se refere aos modelos de elegância. A consulta dos periódicos de 1890 permite tomar conhecimento da realização de algumas dezenas de convívios sociais em casas de famílias que se destacavam na high life lisboeta. Nalguns casos são apresentadas curtas descrições desses serões de divertimento, onde por entre os mais requintados petiscos e apresentações musico-teatrais se dançavam valsas, polacas e outras danças durante várias horas. A seguinte citação serve de exemplo: Esteve muito animada a ultima soirée semanal em casa do sr. comendador Jose Bellem Correia. Dançou-se animadamente até ás 3 horas e meia da manhã, retirando todos os convidados gratos pela maneira affavel e despretensiosa como foram recebidos pelo dono da casa e sua esposa a sr.ª viscondessa d’Abrigada. O serviço de Buffet foi profuso e escolhido.172
Estas notícias, que pelo seu carácter quase podem ser consideradas anúncios, eram sempre curtas e inseridas numa rubrica do jornal especificamente destinada a esse efeito. Caracterizam-se por um paradoxo evidente, que é o de divulgar publicamente eventos que, à partida, poderiam ser 172
Diário ilustrado, 4 de Junho de 1890.
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considerados do domínio privado, pois aconteciam em casas particulares. Na realidade, todas as casas pertencentes a famílias abastadas em finais do século XIX dispunham de espaços de sociabilidade. Não podem, por essa razão, ser estes eventos denominados privados. Essa vocação era reservada para outros aposentos das moradias. Tratava-se, sim, de eventos exclusivos, aos quais só podiam concorrer indivíduos expressamente convidados. Por vezes a ostentação dessas festas estendia-se aos jardins. Numa festa realizada no Verão no palácio dos condes de Burnay, a determinada altura os cerca de quatrocentos convidados desfilaram pelas ruas do jardim atrás de uma banda de música: […] [os jardins] estavam todos iluminados com balões venezianos. No parque tocava uma banda marcial; em um dos terraços dançava-se animadamente ao som da orchestra Quilez, que, durante toda a noite, executou com extraordinario entrain o mais variado reportorio de quadrilhas e walsas. [...] Ás 2 horas da madrugada, depois de servida a ceia organisou-se no parque uma linda e pittoresca marche aux ballons, em que entraram os convidados, percorrendo todas as ruas. Aquella marcha, precedida pela banda marcial, era realmente phantastica.173
Os jornais eram no meio de tudo isto um óbvio meio de amplificação do efeito pretendido: a promoção pública e social dos nomes envolvidos – fossem eles os nomes dos anfitriões ou dos hóspedes. Por esta razão, qualquer pesquisa realizada sobre periódicos da época com vista ao conhecimento desta realidade tem que resultar numa análise cautelosa. Na verdade, não sabemos qual é a representatividade da amostra aqui recolhida (v. Anexo N), quer no seu número quer nos nomes envolvidos. Na imprensa especializada em música não aparece inscrita qualquer referência a este tipo de eventos. Por sua vez, nos dois jornais generalistas que foram analisados à exaustão – O dia e o Diário ilustrado –, os resultados são absolutamente distintos. No primeiro, de pendor progressista, por vezes quase republicano, a secção destinada a este tipo de notícias limita-se a divulgar de forma ligeira aniversários e doenças de personalidades com títulos nobiliárquicos e outras que não sabemos identificar. Só muito raramente refere uma qualquer soirée que se tenha realizado. Já no Diário ilustrado, a situação é bem diferente. São divulgadas com grande frequência estas ocasiões, o que permitiu reunir a informação agora apresentada.
173
Novidades, 1 de Junho de 1890.
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A Tabela 4.1. apresenta algumas das casas que tinham o hábito de receber convidados em serões animados com dança, música e entretenimentos variados.
Tabela 4.1. – Listagem das casas que organizaram saraus em 1890 (a partir da consulta da imprensa de 1890). Viscondessa da Abrigada Viscondes de Taveiro Duques de Palmela Condes de Burnay Visconde da Graça Dona Maria Augusta d’Alincourt Braga Condessa de Porto Brandão Manuel de Noronha D. Luiz da Câmara Leme Barão de Itankaem de Andrades Condes de Ficalho Madame Rangel Baptista Jorge O’Neill
Condes de Gouveia Polycarpo Pecquet D. Manuel de Noronha Joaquim Leite Jardim Polycarpo Anjos Condes de Magalhães Condes de Almedina Conselheiro António de Serpa Pimentel Presidente do Concelho Dona Guiomar Torrezão Theodoro Ferreira Pinto Basto José António de Andrade
Independentemente de não se saber ao certo a frequência destes eventos, temos algumas indicações que nos permitem afirmar que, apesar de termos assinalado soirées ao longo de todo o ano, haveria uma espécie de «temporada dos salões»: Vão brevemente abrir-se os salões da nossa alta sociedade. Como de costume, haverá matinées em casa dos srs. viscondes de Taveiro, um baile costumé, segundo se affirma em Janeiro, em casa dos srs. duques de Palmella e, segundo nos consta, os srs. condes de Burnay tencionam receber uma vez por semana, á noite, a começar do meiado de dezembro.174
Ainda que, na realidade, pudesse não haver uma correspondência total com esta notícia, era manifestada publicamente a disposição de «receber» semanalmente convidados. Esta regularidade semanal é, aliás, confirmada noutros casos, como o da Viscondessa da Abrigada que, como se pode verificar na primeira citação deste capítulo, que é datada do mês de Junho, e nesta outra do mês de Janeiro também abria as portas da sua casa todas as semanas: «Realisa-se hoje a soirée semanal em casa da sr.ª viscondessa da Abrigada».175 Pode-se concluir, portanto, que eram bastante comuns estas reuniões. Recolhida ao acaso, pode ser aqui lembrada, como exemplo, outra situação em que, por a soprano Nadina Bulicioff se sentir incomodada durante uma
174 175
Diário ilustrado, 26 de Novembro de 1890. Diário ilustrado, 22 de Janeiro de 1890.
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representação no Teatro de São Carlos da ópera Rei de Lahore, de Jules Massenet, foi «necessário que a distincta cantora Corsi viesse á pressa d’uma soirée a que assistia.»176 Mas nem todos os salões teriam uma animação tão periódica como os que já foram referidos. Podia tratar-se de soirées destinadas a assinalar datas festivas, tais como aniversários ou qualquer outra efeméride familiar. Foi esse o caso dos condes de Ficalho que, em Março, para «festejar o anniversario natalício de sua interessantissima filha, a ex.ma sr.a D. Maria Luiza», deram «uma soirée intima, no seu magnifico palacio dos caetanos.»177 Também os condes de Gouveia haviam procedido de igual forma em Fevereiro, por ocasião do aniversário da condessa. Nesse caso, «a soirée terminou ás tres horas da manhã com um animado cotillon» e a «ceia foi servida á uma hora sendo o menu delicadissimo.»178 A avaliar pela forma como a ementa é referida é legítimo supor que o próprio jornalista tenha estado presente. Essa circunstância revelanos um pouco mais sobre a assistência destas festas e dos seus propósitos. Mas, acima de tudo, confere maior veracidade a estes testemunhos, que acabam por revelar alguns pormenores do que aí se passava. Ficamos a saber que o melhor elogio que se podia fazer a estas festas era dizer que haviam sido «animadas», já que tal se encontra em praticamente todas estas notícias. Esteve animadissima a soirée com caracter intimo, que na terça feira se realisou em casa do sr. Polycarpo Pecquet dos Santos. [...] A soirée terminou perto das cinco da manhã por um cotillon esplendidamente dirigido. [...] 179
De facto, é admissível crer que seriam bastante animados estes serões, pois não é com enfado que se dança até às três, ou mesmo até às seis horas da madrugada, como verificámos noutras situações.180 A avaliar pelas partituras que se vendiam na época, poderiam ser tocadas mazurcas, escocesas, redowas, galopes, varsovianas, entre outras. Porém, na sua maioria, seriam valsas, quadrilhas e polacas. Isso mesmo é testemunhado na seguinte notícia: Esteve muito animada a primeira soirée d’este ano em casa da ex.ma sr.a D. Maria Augusta de Alincourt Braga. Sua ex.a reune nos seus salões tudo o que ha de mais distincto na nossa sociedade. São sempre
176
Diário ilustrado, 10 de Março de 1890. Diário ilustrado, 26 de Março de 1890. Diário ilustrado, 16 de Fevereiro de 1890. 179 Diário ilustrado, 20 de Fevereiro de 1890. 180 «A soirée de 16 do corrente em casa da sr.ª viscondessa d’Abrigada correu animadissima dançando-se com entrain até ás 6 horas da manhã.», in Diário ilustrado, 22 de Fevereiro de 1890. 177 178
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agradabilissimas as horas que se passam ali. Macario, ao piano, fazia com que as walsas e quadrilhas se succedessem sem interrupção. […] 181
A fim de melhor conhecer este universo, foram consultadas algumas destas partituras. Por exemplo, todas as quadrilhas respeitam quer as secções quer o número de compassos que o dançarino esperava de cada frase melódica, conforme era enunciado nos tratados da época.182 São invariavelmente constituídas por cinco secções: Pantalon, Été, La Poule, La Pastourelle e Final. O número de compassos de cada secção é fixo. Por exemplo, o Pantalon deve ter oito compassos de introdução, oito para a Châine Anglaise, oito para um Balancé et tour de main, oito para a demi-chaine des dames, mais quatro para o demi-queue de chat e, por último, quatro compassos para a demi-châine Anglaise.183 Já as polacas respeitam a seguinte estrutura: Introdução, Polaca, Trio e Coda. Serve esta constatação para reafirmar a estreita ligação deste reportório com a prática das danças sociais. Destinava-se, efectivamente, a ser dançado e não somente a ser tocado. Uma grande parte destes serões acabavam com um cotilhão, como aconteceu numa soirée em casa de D. Manuel de Noronha realizada em Fevereiro. Nessa ocasião foi publicada a seguinte notícia: Esteve muito animada a soirée intima que deu o sr. D. Manuel de Noronha e sua esposa. Suas ex.as reunem nos seus salões tudo o que ha mais distincto na nossa sociedade. […] Terminou pelas 4 1/2 da madrugada por um cotillon habilmente dirigido pelo sr. Thomaz de Noronha.184
Num livro da autoria de Ernesto Dubeau, publicado em 1896, o cotilhão é apresentado como «imprescindivel nas soirées actuaes». Acrescenta que «não é mais do que uma variante dos conhecidos jogos de prendas; no cotilhão, porém, a dança é obrigatória o que torna este passatempo muito mais galante e attrahente.»185 Ficamos também a saber que «Para dar principio ao Cotillon o cavalheiro director dará signal ao pianista ou ao regente da orchestra. Durante a introducção, todos os pares colocar-se-hão á volta da sala, o par director proximo do piano ou orchestra, os outros pares em seguida, á direita. [...] Notamos que a valsa é quasi a dança 181
Diário ilustrado, 16 de Fevereiro de 1890. Justino Dias Lima SOARES, Elementos de Dança de Sala, 3.ª ed., Lisboa, António Maria Pereira, 1896. 183 Ibid. 184 Diário ilustrado, 20 de Fevereiro de 1890. 185 Ernesto DUBEAU, Thesouro das salas: Escolhida compilação das mais curiosas recreações familiares, Porto, Antonio José Fernandes, 1896, pp. 232. 182
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obrigatoria no Cotillon, todavia póde-se substituil-a pela polka.»186 Este mesmo livro revela-nos ainda uma grande quantidade de actividades lúdicas especificamente pensadas para estas ocasiões, tais como jogos, passatempos, ilusionismo, teatro, etc. A música era, porém, a mais evidente manifestação da maior ou menor opulência destes encontros sociais. Mas nem toda a música que se interpretava nos salões se destinava a ser dançada. Embora em 1890 não se tenham realizado quaisquer concertos com pretensão semelhante à daqueles que a condessa de Proença-a-Velha veio a organizar entre 1899 e 1903,187 também havia momentos especificamente destinados à interpretação de música vocal e instrumental. É disso exemplo a seguinte situação ocorrida em Abril: Foi encantadora a festa de hontem em casa do sr. Jorge O’Neill. Pouco depois das 10 horas, quando nas salas se achavam reunidas quasi todas as senhoras da nossa primeira sociedade entrou a gentilissima prima-dona Eva Tetrazzini, acompanhada de seu esposo e distincto maestro Campanini. Eva Tetrazzini trajava uma rica toilette azul, guarnecida de pennas da mesma côr e adornada de magnificas joias; e a sua figura tão insinuante e sympathica produziu em todos a mais agradavel impressão. A meio da noite, e a pedido da sr.ª D. Maria Isabel O’Neill, que fez á gentil cantora as mais primorosas honras da casa, Eva Tetrazzini dirigiu-se para junto do piano cantando duas deliciosas peças de Tosti, Ideale! e Aprile! a walsa Cuore di dona, uma aria da Aida, a graziosa habanera Paletot e a Juanita. Ninguem havia ali que a não tivesse ouvido e applaudido nas noites em que ella cantou no palco de São Carlos. O mimo, a expressão e o extraordinario talento com que ella cantou hontem aquelles formosissimos trechos, valeram-lhe uma das mais enthusiasticas ovações. Muitas senhoras se fizeram apresentar á insigne artista, prestando-lhe mais uma vez a homenagem da sua sympathia e da sua admiração. A festa de hontem deixará de certo, no coração da prima-dona, uma das mais gratas impressões que leva de Lisboa. Á 1 hora foi aberto o buffete, onde foi servida uma delicadissima ceia. Depois dançou-se com todo o entrain até de madrugada. A sr.ª D. Maria Isabel O’Neill foi, como sempre, d’uma inexcedivel amabilidade para com todas a suas visitas. [...] 188
A casa do diplomata transformou-se nesta ocasião num verdadeiro palco. Noutros salões, tais como o de D. Maria Augusta d’Alincourt Braga, também temos conhecimento de várias soirées em que foram apresentados momentos musicais. Porém, são datadas somente dos meses de Março e Abril, pelo que ficamos sem saber se tal prática se estendeu ao resto do ano. Neste último caso, o facto de se apresentar reportório que não se destinava a ser dançado, estava claramente 186
Ibid. Teresa CASCUDO, «Paris em Lisboa: o salão musical da condessa de Proença-a-Velha entre 1899 e 1903»; comunicação apresentada no 13.º Encontro de Musicologia (Associação Portuguesa de Ciências Musicais), Os Espaços da Música, Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, em Outubro de 2005. 188 Novidades, 12 de Abril de 1890. 187
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relacionado com o período do calendário litúrgico que se atravessava – a Quaresma. Sabemos que aí se interpretaram canções acompanhadas ao piano e peças para piano solo. Foi o caso do dia 7 de Março, uma Sexta-feira em que «Cantaram as ex.mas sr.as D. Palmyra Cardoso de Castilho e D. Amelia Pimenta, acompanhadas pelo sr. Ruy Ferreira de Mesquita».189 Acerca de outra reunião, ocorrida duas semanas mais tarde, escreveu-se que «Durante algumas horas fez-se deliciosa musica. Cantaram as ex.mas sr.as D. Palmyra Cardoso de Castilho e D. Maria Thereza Valdez e o sr. José Pinho da Cunha. Tocou varias peças de musica a ex.ma sr.a D. Magdalena Fornellos.»190 Já sobre a última soirée desse mês, sabemos que «Fez-se bastante musica, e conversou-se muito animadamente. Cantaram as ex.mas sr.as condessa de S. Januario e D. Maria de Sousa Valdez. Sua ex.a cantou com muita correcção e sentimento a Ave Maria, de Gounod, e o sr. José Pinto da Cunha, acompanhados ao piano pelo sr. Ruy Ferreira de Mesquita. Fizeram-se ouvir ao piano as ex.mas sr.as D. Magdalena Fornelhos e D. Rosalina Pinto Coelho.»191 Por último, e a respeito da reunião do dia 18 de Abril, foi publicada a seguinte notícia: O sr. Jorge Ferreira tocou no violino alguns trechos de opera Sans Paroles, de Beliot [sic], acompanhado ao piano por sua esposa a ex.ma sr.a Sophia Serpa; depois da soirée do carnaval foi hontem a primeira em que se dançou, prolongando-se walsas e quadrilhas até ás 2 horas da manhã. [...] Pela meia noite abriram-se as portas do bufete, onde foi servido o chá, findo o qual continuaram as danças com a mesma animação. Terminou a soirée com um cotillon improvisado e dirigido pelo sr. João Ferreira Pinto. Estas reuniões são sempre muito frequentadas pela nossa primeira sociedade.192
Os momentos exclusivamente musicais eram, como ficou demonstrado, rubricas que integravam com frequência os programas destes serões, os quais eram constituídos por entretenimentos variados. Como aconteceu em 26 de Novembro em casa de D. Guiomar Torrezão, as várias disciplinas artísticas sucediam-se com grande naturalidade: Realisou-se ante-hontem em casa da ex.ma sr.a D. Guiomar Torrezão uma soirée litteraria e musical de um profundo cachet artistico. Tocou-se, recitou-se e dançou-se. […] 193
De forma a reforçar a maior relevância que se pretendia que a música assumisse em determinadas ocasiões, eram contratados músicos profissionais – mesmo que isso não transparecesse de forma 189
Diário ilustrado, 9 de Março de 1890. Diário ilustrado, 23 de Março de 1890. 191 Diário ilustrado, 30 de Março de 1890. 192 Diário ilustrado, 20 de Abril de 1890. 193 Diário ilustrado, 28 de Novembro de 1890. 190
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clara na imprensa. Para melhor constatar essa realidade é importante analisar a descrição publicada no jornal O dia a propósito de uma festa realizada em casa do conde de Almedina – uma das figuras mais ilustres da época e um dos principais instigadores da criação do Museu de Arte Antiga em 1884. A notícia fala de tudo menos de música. No entanto, existe um documento no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho que comprova a presença do Quarteto da Sociedade Sexteto Quilez, que como já foi referido anteriormente, era constituído por músicos da Orquestra do Teatro de São Carlos. Foi uma festa em tudo deslumbrante, o esplendido baile dado no domingo pelos illustres condes de Almedina no seu palacio da Avenida da Liberdade. As salas, que encerram os mais preciosos objectos d’arte, estavam lindamente ornadas de flores e eram constantemente atravessadas por tudo o que Lisboa conta de mais elegante e distincto na sua sociedade. A nova salla no mais rigoroso estylo egypcio tem um cachet muito especial e era admirada por quantos tiveram a dita de assistir a tão surprehendente festa. O baile terminou perto das seis da madrugada depois de um dos mais variados e graciosos cotillons a que temos assistido. As marcas do guarda nocturno, dos veus, e as dos sacos de papel eram engraçadissimas. Como souvenir as senhoras levaram uns encantadores quadrinhos pintados a oleo pela dona da casa que é uma distinctissima amadora.194
O Novidades, por seu turno, referia a presença dos músicos: […] O baile principiou ás 10 horas, dançando-se, ao som da orchestra Quilez, até á 1 hora da madrugada, em que foi aberto o buffete para serviço d’uma delicadissima ceia.195
Noutras situações a música poderia também ser apresentada em formato de concerto. Sem que fossem dispensados os outros atractivos, os momentos musicais constituíam a marca distintiva dessas soirées. Em 18 de Junho o pianista Rey Colaço participou num concerto em casa de José António de Andrade, situada na rua de Buenos Aires, junto da Basílica da Estrela. É este o primeiro exemplo, de entre os que foram até aqui referidos, em que se estabelece uma deliberada importação do formato de concerto que se praticava nas academias para dentro dos salões particulares. A propósito dessa ocasião o Diário ilustrado, dizia o seguinte: Fez-se muita e boa musica. A ex.ma sr.a D. Palmyra Feijão cantou admiravelmente algumas romanzas. A ex.ma sr.a D. Maria de Araujo Plantier e o sr. Rey Collaço executaram em dois pianos uma difficil peça de concerto. O sr. Julio de Magalhães tocou vários trechos de musica no violino, acompanhado ao piano pelo sr. Rey Collaço. Nos intervallos do concerto, dançou-se animadamente. [...] 196
194
Diário ilustrado, 21 de Abril de 1890. Novidades, 21 de Abril de 1890. 196 Diário ilustrado, 19 de Junho de 1890. 195
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Nestas situações era o reportório musical e os seus intérpretes que emprestavam o tal «cachet» aos encontros. Ainda que as razões subliminares que estavam na origem da promoção destas iniciativas pudessem ser tudo menos derivadas de uma melomania exacerbada, certo é que a música era a principal figurante. São os casos mais evidentes os concertos realizados em casa do compositor Alfredo Keil e do jornalista do Diário de notícias Eduardo Coelho. Em 19 de Junho, o compositor d’A portuguesa exibiu na sua casa da Avenida da Liberdade as suas pinturas e programou um concerto que contou com a interpretação do Sexteto do Teatro de D. Maria II, em que foi interpretado um programa inteiramente preenchido com obras da sua autoria: O programma, composto de musicas do sr. Alfredo Keil, constou do seguinte: Marche à l’antique (1.ª audição); Paragem (n.º 2), De volta ao castello (n.º4) da suite d’orchestre Uma caçada na corte; Bailado (n.º 2) do poema lyrico As Orientais Musaico da Opera D. Branca; Souvenir de Vienne, valsa; Les Ramiers (n.º 4) da cantata Idyllio Le Poeme du Printemps (1.ª audição); Romances sans paroles (A) autrefois (B) chanson du nord (C) guitarre; A Portugueza (marcha).197
Noutra situação passada no mês de Fevereiro, o pianista Henrique Braga havia-se apresentado em casa do jornalista Eduardo Coelho, antes mesmo de o fazer na Academia Musical de Lisboa. Nessa ocasião estiveram presentes vários convidados, entre os quais jornalistas de vários periódicos. De forma a acentuar o carácter informal da audição, o que porventura resultava de um gesto de cortesia de ambas as partes, regista-se mais uma vez a apresentação conjunta de músicos profissionais e amadores. Ouvimos ha dias n’uma soirée intima, em casa do nosso presado collega do Diário de Noticias sr. Eduardo Coelho, o distincto pianista brazileiro Henrique Braga, um notavel interprete de Chopin, Schubert, etc, que no dia 10 do corrente realisa concerto na Academia Musical de Lisboa. Entre os trechos que o eximio artista executou admiravelmente, destacamos a magnifica walsa Pourquoi?, Ballade sur mer, Celina e uma mazurka sem titulo, composições do sr. Henrique Braga. A sr.ª D. Ernestina Coelho, distinctissima amadora e esposa do sr. Eduardo Coelho, executou tambem no piano difficilimas variações de Gottchalck sobre o hymno brasileiro e varias outras peças de mestria de quem tem dado ja sobejas provas.198
Os amadores de música A realidade descrita anteriormente permite tomarmos consciência da enorme importância da presença musical nos lares da aristocracia e da alta burguesia lisboetas. Essa inferência é tão 197 198
Ocidente, 1 de Julho de 1890. Diário ilustrado, 4 de Fevereiro de 1890.
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mais reforçada quanto tivermos em conta que os exemplos aqui evocados constituíam seguramente uma pequena parte de um universo que a transcendia grandemente. Sem que o possamos quantificar, dispomos de outras informações, também recolhidas nos periódicos, que nos permitem obter essa certeza. Referem-se à educação musical que era ministrada às crianças das famílias de classe média e alta, sobretudo do sexo feminino, e à dinâmica empreendedora do comércio de artigos imprescindíveis na prática musical.
As aulas de música A edição do jornal O dia datada de 10 de Março abre com um extenso editorial dedicado à instrução feminina que era ministrada nos institutos. A avaliação que faz é negativa – de uma forma genérica porque no entender do seu autor a excessiva carga horária lectiva e a desadequação dos conteúdos leccionados não favoreciam a desejada formação das cidadãs em finais de século. Cabe aqui dar atenção à informação que diz respeito à formação musical. A disciplina de música era leccionada nesses colégios. Todavia, tal era feito com um pendor bastante teórico. A ironia que trespassa na seguinte citação deixa isso bem claro. Até a musica, sim, porque é tal a nossa mania de definir, que uns compendios de musica que ahi andam nas mãos de creanças de 7 e 8 annos abrem com definições de musica e de som, em que se falla muito em vibrações, dissonancias e consonancias; e não tardará a apparecer algum compendio de lavores, que obrigue as meninas a decorarem que a costura é – no estylo habitual dos nossos livros de estudo, – a arte de estabelecer adherencia ou continuidade entre duas peças de tela, por meio de fios passados de uma para outra por um estylete a que vulgarmente se chama agulha! 199
Apesar de estudarem canto, reclamava-se uma maior componente prática ao ensino musical. Pois, tal ausência era compensada com aulas particulares. Por outra parte, nos Institutos não se leccionam materias, como a lingua ingleza e o piano, que trivialmente fazem parte da educação feminina, tal qual a teem planeado os costumes; e os seus horarios tirarão o tempo ás alumnas, em grande numero de casos, para as estudarem cá fóra.200
199 200
O dia, 10 de Março de 1890. Ibid.
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A única surpresa que nos traz este testemunho é que, para além de se impor às jovens da época tocar piano, também lhes era exigido falarem inglês, o que em ano de Ultimatum não era politicamente muito correcto. De resto, a prática do piano já era esperada, face a tudo o que já foi aqui descrito. A distribuição dos alunos do Conservatório Real de Lisboa pelos diferentes instrumentos confirmava isso mesmo. Entre os 423 alunos que frequentavam aquele estabelecimento no ano lectivo 1889-90, 107 aprendiam o piano.201 No ano lectivo seguinte só se matricularam 312 alunos, 223 raparigas e 89 rapazes, sendo que a concorrência às aulas de piano até aumentou, atingindo os 112 discípulos.202 Estes números referentes ao Conservatório permitem-nos perceber que a prática musical se estendia não somente aos salões das classes mais favorecidas mas também a famílias com menos posses. Isso é-nos indicado num dos primeiros números da Arte Musical: [...] Como se sabe, a maior parte dos alumnos do Conservatorio, pertencem ás classes menos abastadas da sociedade, e têm de considerar a aprendizagem da musica, não como um divertimento, uma prenda mais a juntar ás de que se orna a sua educação, mas sim como um modo de vida, uma carreira a que se devem entregar com todo o enthusiasmo, visto que gratuitamente se lhes proporcionam os meios de cursar, e que d’essa carreira dependerá muitas vezes o seu futuro e o de suas familias. Ali se têm formado muitos artistas, ha uns annos a esta parte, e para prova do que dizemos vejam-se as orchestras dos nossos theatros compostas quasi exclusivamente de alumnos do Conservatorio, e comparem’as com as de outr’ora, cujos professores havia necessidade de os ir buscar ao estrangeiro, porque os não havia portuguezes.[...] 203
Porém, e apesar deste testemunho, não existe como seria de prever, a mínima correspondência entre o número de músicos do sexo feminino que se achavam no Conservatório e aqueles que integravam as orquestras. Isso permite-nos concluir que muitas famílias recorriam ao Conservatório como forma de complementar a educação dos seus filhos e que isso teria óbvios reflexos nas soirées mais modestas que pudessem acontecer por essa Lisboa fora. Em alternativa ao Conservatório, existiam as escolas das academias e ainda os professores particulares, cujo melhor exemplo é o já referido pianista Rey Colaço, que deu inclusivamente aulas ao príncipe D. Luís Filipe e ao infante D. Manuel, mais tarde, rei de Portugal.204 Os professores de piano
201
Gazeta Musical de Lisboa, 5 de Janeiro de 1890; Amphion, 16 de Janeiro de 1890. Diário ilustrado, 11 de Dezembro de 1890. 203 Arte Musical, 5 de Outubro de 1890. 204 «Alexandre Rey Colaço», in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 25, Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, 1978. 202
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deslocavam-se às casas das famílias que tinham rendimentos para tal. Era esse o caso, por exemplo, do professor Carlos Selecio Ferreira, que em Junho também deu um concerto na Academia Musical de Lisboa a 22 de Junho. 205 Não havendo alternativa, apresentava-se ainda a hipótese de se estudar sozinho, com o auxílio de manuais que estavam à venda para esse efeito. Ao longo do ano encontra-se bastantes vezes na imprensa um anúncio destinado a divulgar uma publicação intitulada «A musica sem mestre», a qual consiste numa tradução do compositor Augusto Machado que foi editada pela Companhia Nacional Editora. Esse mesmo anúncio ajuda-nos a completar a descrição do panorama musical amador lisboeta: A MUSICA SEM MESTRE em 50 lições Obra inteiramente nova, baseada n’um plano tambem novo Com A musica sem mestre poderão ter os collegios o melhor e mais agradável dos recreios. Com A musica sem mestre poderão as escholas municipaes e parochiaes proporcionar um proveitoso passatempo aos seus alumnos. Com A musica sem mestre cessou a difficuldade de apprender nas bandas marciaes. Com A musica sem mestre facilmente se constituirão sociedades de amadores de musica, vocal ou instrumental.206
Havia, portanto, muitas famílias na cidade de Lisboa que investiam bastante na formação musical. É essa situação sui generis característica da vida musical portuguesa ao longo de todo o século XIX que conferiu em muitos momentos um claro predomínio dos amadores na actividade concertística e no reportório instrumental. A prosperidade das lojas de instrumentos então em actividade eram um reflexo disso mesmo.
As lojas de música Tabela 4.2. – Lojas de artigos de música abertas ao público na cidade de Lisboa em 1890. Companhia Propagadora de Instrumentos Músicos F. A. Ventura Casa Favorita, de F. Santos Diniz Antigo depósito de máquinas, de José Rodrigues Coutinho Armazéns de música Neuparth Salão Sassetti Lambertini & irmão
205 206
Novidades, 20 de Junho de 1890. O dia, 23 de Agosto de 1890.
Rua Garrett, 36, 1.º andar Travessa de São Domingos, 48, 50 e 52 Praça dos Restauradores, 50, 52 R. dos Retrozeiros, 11 e 13 Rua Nova do Almada, 97 Rua Nova do Carmo, 56 Praça dos Restauradores, 42 a 49
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Outra prova evidente da grande importância que tinha a música em contextos particulares é a existência de sete casas que comercializavam produtos directamente relacionados com a actividade musical. Todas as lojas inscritas na Tabela 4.2. anunciaram os seus serviços na imprensa. É evidente que os músicos das orquestras, compositores e professores de música, não seriam suficientes para justificar tão grande oferta. Havia um mercado bastante mais abrangente que comprava partituras e instrumentos musicais. Os quinhentos pianos que, segundo o historiador Rui Cascão deram entrada em cada ano na alfândega portuguesa entre 1861 e 1890,207 corresponde plenamente a esta ideia. Para atingir esses valores, os comerciantes haviam desenvolvido estratégias de venda que dinamizavam precisamente esse mercado. Este artigo/anúncio publicado no Diário ilustrado descreve-nos como isso era feito na Companhia Propagadora de Instrumentos Músicos: A companhia comprehendeu que facilitando a venda alargaria as suas transacções, ao mesmo tempo que prestava um serviço publico de não pequena valia. Prestações modicas, faceis de cumprir, por assim dizer ao alcance da pessoa mais humilde, e sem contudo se abusar com exigencias de grandes juros de mora. Uma pequenina percentagem sobre o custo, uma percentagem que habilita a companhia a poder esperar pelo embolso total, sem comtudo aggravar dolorosamente o comprador, e sobretudo a bela qualidade dos instrumentos fornecidos, quer a compra seja realisada a prompto ou a prestações. [...] 208
Tratava-se, portanto, da mais prosaica venda a crédito que tão bem conhecemos nos nossos dias e que permitia que famílias menos abonadas pudessem ter acesso a esse bem tão desejado nos seus salões. Esta empresa tinha sido criada três anos antes e já havia vendido cerca de quinhentos pianos. Outras empresas aplicavam técnicas de gestão igualmente dinâmicas, tais como vendas a prestações, alugueres, trocas e restauros de pianos. Era esse o caso da Lambertini & Irmão que, segundo um anúncio publicado no Diário ilustrado em 1 de Maio, tinha cem pianos em exposição, um valor que também ajuda a avaliar a dimensão deste negócio.209 Para além dos pianos, que eram obviamente importados, vendiam-se nestas casas todos os outros instrumentos e acessórios indispensáveis ao regular desempenho das orquestras dos teatros e das bandas. Comercializavam-se, ainda, as partituras que eram interpretadas por estas bandas – 207
Rui CASCÃO, «Vida quotidiana e sociabilidade», in José Mattoso (ed.), História de Portugal, Lisboa, Editorial Estampa, 1993, p. 524 Diário ilustrado, 1 de Fevereiro de 1890. 209 Diário ilustrado, 1 de Maio de 1890. 208
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civis e militares – e outras para serem lidas ao piano pelos músicos amadores. Aliás, as partituras também eram objecto de campanhas promocionais. Na casa Lambertini & Irmão eram promovidos descontos na sua aquisição consoante a modalidade de pagamento: 500 réis, se se tratasse de uma assinatura mensal; 2.500 réis se fosse semestral; e 4.500 se fosse anual. 210
As caixas de música A descrição da ambiência musical das casas particulares não estaria completa se não fossem referidos os instrumentos mecanizados. A industrialização do fonógrafo dava ainda os seus primeiros passos pelas mãos de Thomas Edison, pelo que, em 1890, tal artefacto era para os portugueses uma mera curiosidade jornalística. N’O dia foi publicada uma notícia acerca de uma representação teatral num teatro londrino que ilustra essa situação: O Phonografo fez já o seu debute no theatro. N’uma obra dramatica de Arthur Law, intitulada O Juiz, que acaba de subir a scena no Terry’s Theatre, havia necessidade de fazer chorar uma creancinha n’um momento determinado da representação. Como era difficil e mesmo cruel obrigar uma creança a semelhante papel, gravou-se a sua voz no phonografo, que no momento preciso começa a funccionar produzindo o som desejado e a illusão mais completa aos espectadores.211
Com a inexistência de registos de gravação áudio, todos os interesses estavam ainda centrados nos sistemas mecanizados, ou seja, que permitiam a reprodução automatizada de partituras musicais. Ora, a citação anterior também serve para apresentar o modo como estes instrumentos mecânicos eram considerados. Como prólogo do longo percurso que as novas tecnologias aplicadas ao som teriam pela frente, estes dispositivos eram tão mais apreciados quanto melhor correspondessem com a simulação do real. Era esse, já nesta época, o principal argumento publicitário que era referido nos jornais por parte das empresas que se dedicavam a esta actividade. Havia três locais onde se vendiam estes instrumentos: a F. A. Ventura, o antigo Depósito de máquinas de José Rodrigues Coutinho e a Casa Favorita. Na casa F. A. Ventura vendiam-se 210 211
Ibid. O dia, 13 de Agosto de 1890.
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aristons e herophons,212 que eram caixas de música capazes de converter em som um registo musical notado em discos de cartão perfurados. O resultado sonoro tinha vagas semelhanças com o som do acordeão, pois tratava-se de um sistema de manivela que alimentava um fluxo de ar que, por sua vez, permitia a vibração de palhetas. Segundo o anúncio do jornal O dia estavam à venda várias versões destes instrumentos, as quais se distinguiam entre si pela capacidade de suportarem «4, 6, 8, 10 e 12 arias» ou as «ditas de pequeno formato», «2, 4 e 6 arias».213 Segundo o mesmo anúncio havia «grande variedade de musicas» para os aristons e uma «variada collecção de musicas para escolher» para os herophons, descriminando de seguida o número de oitenta. Mas a grande novidade da época eram os pianos melódicos. Estes instrumentos mantinham o sistema de cartões perfurados. Todavia, o aspecto exterior, as características organológicas e, consequentemente, o seu som assemelhavam-se bastante aos do piano. Era na Casa Favorita que estes artigos podiam ser adquiridos, conforme nos esclarecem os numerosos e extensos anúncios que aparecem publicados na imprensa ao longo do ano. A notícia chegou no final de Maio através do Diário ilustrado: A Casa Favorita, cujos creditos já de ha muito são conhecidos, acaba de receber uma bonita collecção de pianos que devem fazer sucesso. Assistimos hontem a uma experiencia, ouvindo entre varias peças musicaes o Barbeiro de Sevilha, Marselheza, etc., etc., que podemos affirmar, são d’uma execução primorosa. A remessa feita á casa Favorita é pequena, e por isso quem desejar o piano melodico, deve precaver-se.214
Quando da recepção da segunda remessa, em Junho, esse facto foi noticiado no jornal O dia, desta vez com uma descrição mais pormenorizada: A especialidade deste piano consiste Ser composto de cordas metálicas como o piano forte, mas com a nota presa como o harmonium Poder tocar algumas peças de música sem interrupção Poder tocar fortíssimo e pianíssimo, com trino, segundo a música; tem um tom maravilhoso e uma harmonia deleitosa em todos os géneros de música como, óperas, danças, etc. A construção do piano melódico é a mais perfeita, cujo móvel elegante pode figurar no mais luxuoso salão.[…] 215
Uma semana mais tarde era acrescentado no mesmo jornal: A construção do piano melódico é a mais perfeita, cujo movel elegante pode figurar no mais luxuoso salão. O piano melódico, pelo seu excellente e mavioso som é especialmente recommendavel para clubs de praias e casas de campo, porque substitue com enorme vantagem o piano forte vertical, levando a este a 212
O dia, 4 de Janeiro de 1890. Ibid. 214 Diário ilustrado, 29 de Maio de 1890. 215 O dia, 1 de Junho de 1890. 213
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superioridade de tocar sem interrupção qualquer música de dança como valsas, mazurkas, polkas, quadrilhas, etc. cuja execução é primorosa e pode ser produzida por uma creança de 3 annos porque é levíssimo no seu mechanismo de rotação.216
Estava assim introduzido nos salões lisboetas um novo meio de reprodução musical. Para além da pretensa aproximação do seu desempenho à do mais comum piano e, sobretudo, do mais competente pianista, era ainda anunciada outra característica que nos ajuda a situar a função que era cumprida por este reportório no quotidiano dos seus proprietários. A componente decorativa que é destacada com a referência à elegância do móvel vinculava-se forçosamente à música que dele soava. Tudo se resumia, portanto, e numa simples frase, a «um bello ornato de sala, que recreia o ouvido pela execução das suas musicas.» 217
As actividades associativas: os bailes, as festas e os saraus
Tabela 4.3. – Listagem das instituições que organizaram bailes, festas ou saraus em 1890. Academia Feniana Academia Artística Recreativa Lisbonense Academia de Instrução e Recreio Fraternal Academia Fraternidade Academia Harmonia Lisbonense Academia Filarmónica Verdi Academia Filarmónica Recreio Artístico Academia Terpsicore Academia Victor Hugo Associação 1.º de Dezembro Associação Musical 11 de Março de 1888 (bombeiros municipais) Associação Musical Alfredo Keil Clube Comercial Recreativo do teatro Taborda Clube Filarmónico Sequeira de Assis Clube Recreativo Fraternidade Clube Camões Estudantina 7 de Setembro de 1887 Grupo Dramático Musical Lisbonense Sociedade Alunos de João Rodrigues Cordeiro Sociedade de Instrucção Guilherme Cossoul Sociedade Dramática Júlio Vieira Sociedade Dramática Recreio e Instrucção Sociedade Escolar Recreativa Aurora do Porvir Sociedade Musical 1.º de Janeiro Sociedade Filarmónica Recreio Artístico Sociedade Filarmónica alunos de Minerva Sociedade Recreio Aurora da Mocidade
216 217
O dia, 7 de Junho de 1890. O dia, 4 de Outubro de 1890.
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A actividade associativa era bastante dinâmica em Lisboa no ano de 1890. As associações eram instituições cívicas participadas pela pequena burguesia e pelas classes populares. Na sua maioria destinavam-se a promover actividades lúdicas, as quais dependiam da vocação que estava inscrita nos estatutos de cada uma delas. Bailes, festas e saraus eram promovidos com grande frequência, sendo que nessas ocasiões a música era uma presença indispensável. A Tabela 4.3. apresenta as instituições que foram referidas na imprensa daquele ano a propósito, pelo menos, da organização de um evento deste género. Estes eventos permanecem exclusivos no seu carácter, na medida em que na grande maioria dos casos era imposta uma restrição de acesso, fosse ela uma contrapartida monetária ou o simples facto de se destinar aos respectivos sócios. O único caso conhecido em que foi manifestamente anunciada a entrada livre foi uma matinée de beneficência a favor de um instrumentista impossibilitado de exercer a sua profissão – a determinada altura terá sido feito um peditório em seu proveito.218 Sendo evidente que quer os propósitos que motivavam estas reuniões quer o cerimonial que as envolvia fossem diferentes daqueles dos salões particulares, mantinham-se, todavia, bastantes procedimentos comuns. Em 28 de Setembro a Sociedade Filarmónica Alunos de Minerva apresentou uma soirée familiar, o que demonstra, desta vez, a vontade de importar o modelo de convívio que estava identificado com as classes mais prestigiadas para um espaço menos restrito. Também neste caso, parecia ser respeitada uma regularidade de programação que se inseria numa temporada de saraus. Por sua vez, a componente musical apoiava-se no mesmo modelo de apresentação, com um pianista e músicos amadores. A distincta Sociedade Philarmonica alumnos de Minerva dá amanhã a primeira das suas soirées familiares da estação de inverno, sendo a parte musical desempenhada ao piano pelo sr. Araujo e Cruz e alguns amadores. Começa ás 8 horas da noite. 219
218
«Realisa-se hoje na sala da ‘Associação 11 de março de 1889’ uma matinée, que deve começar ás 2 horas da tarde. A sociedade conserva o bazar aberta até ás 10 horas da noite. Haverá uma quête, cujo producto reverte a favor d’um professor de musica, actualmente impossibilitado de exercer a sua profissão. Entrada na matinée, gratis.», in Diário Ilustrado, 30 de Maio de 1890. 219 Diário ilustrado, 27 de Setembro de 1890.
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Em determinadas soirées o piano era substituído por uma banda de música. Tal facto dever-se-ia à excepcionalidade das ocasiões, que normalmente assinalavam um qualquer momento festivo. Nos dias 1 e 2 de Novembro uma comissão de sócios da Academia Recreio Artístico, com sede na zona do Socorro, promoveu dois saraus. Só no primeiro, Dia de Todos os Santos, é que a soirée foi «abrilhantada pela excelente fanfarra dos marinheiros», pelo que se pode deduzir que no segundo dia tenha sido acompanhada ao piano ou com algum pequeno conjunto instrumental.220 O mesmo aconteceu em muitas outras situações como, por exemplo, na Academia d’Instrucção e Recreio Fraternal em que no dia 11 de Maio se inaugurou uma bandeira nacional. Nesse dia foi anunciado um «concerto musical» para as dezasseis horas e, para as vinte e uma estava agendada uma «soirée literária musical e dançante, sendo a parte musical desempenhada pela banda da academia e a literária por alguns distintos amadores».221 Já no dia 27 de Julho, por altura do quarto aniversário da mesma instituição deu-se uma «soirée musical e dançante» em que participou «uma fanfarra e a banda da Associação Musica 24 de Agosto».222 Aliás, a distinção entre saraus e bailes era neste contexto muito ténue. Este texto publicado no Diário ilustrado no mês de Abril permite-nos constatar isso mesmo – e também conhecer um pouco mais sobre a ambiência destas reuniões. Os saraus tem-se succedido nos dias passados com summa amenidade e prazer. A quadra tem corrido, repartida entre os folguedos do mar, e a saudade, que nos vai separar. Quando a noute vem semeando além as suas sombras negras, e deixando cahir do seu feixe de trevas o clarão funebre da morte, começam as familias a agglomerar-se, e a fundir-se pelo ondular fervido das walsas, e pelos sons maviosos das orchestras que ali descanta o hymno sancto da melodia. É bello então entrar no baile. […] 223
Eram, portanto, os bailes, outra forma de convívio bastante concorrida pelas famílias e pelos populares de Lisboa. Ainda que tal não possa ser tomado como regra, os bailes aconteciam na maioria das vezes ao ar livre. Portanto, se havia uma temporada de saraus que acontecia no Inverno, havia também uma temporada de bailes que acontecia no período mais quente do ano.
220
O dia, 24 de Outubro de 1890. O dia, 10 de Maio de 1890. 222 O dia, 26 de Julho de 1890. 223 «Bailes», in Diário ilustrado, 8 de Abril de 1890. 221
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Esta notícia acerca da actividade da Academia Terpsicore, no início do mês de Março, confirma essa suposição: No beco dos Apostolos (á rua das Flores) inaugura os bailes no proximo domingo 2. O recinto foi brilhantemente decorado por alguns socios do club.224
Ainda que acontecessem ao ar livre, estes eventos mantinham a restrição de acesso e alguns deles seriam inclusivamente promovidos por particulares, como o comprova a seguinte notícia: Luiz d’Oliveira cocheiro, escalou os muros d’um quintal onde se realisava um baile campestre. Um policia mandou sahir o intruso, mas elle não só se recusou a isso, como ainda por cima agrediu o guarda com soccos e pontapés. E lá foi o enthusiasta dos bailaricos parar á esquadra.225
Os bailes começavam ao cair da noite e contavam sempre com a prestação de uma banda de música. Um dos sítios mais explorados para este tipo de iniciativas eram os Recreios Populares, um local descoberto situado no n.º 374 da rua do Salitre, e o recinto de bailes campestres situado na Travessa da Fábrica das Sedas.226 As entradas custavam normalmente 200 réis227 e, conforme as ocasiões, davam direito a participar em sorteios,228 concursos de dança,229 e outras diversões. Tudo terminava por volta das duas horas da madrugada, o que nem sempre era do agrado dos moradores vizinhos. A partir de Junho a lei veio impor que acabassem às 23h45,230 pois os desacatos que por vezes sucediam a tal obrigaram: Todos os dias se repetem os abusos n’estes recintos de prazer barato, e muitas vezes quem soffre as consequencias da falta de policia ou da policia mal feita, são os cidadãos pacificos que teem o mau sestro de morar ou passar perto d’elles. Os frequentadores, depois de se embriagarem ao som das fanfarras, que tocam até alta noite, com prejuízo do socego e commodidade de bairros inteiros – veem para as ruas e, entre outras coisas innocentes, trocam em voz alta os termos mais obscenos, as descomposturas mais improprias, fazem desordens, e, o que é peior, jogam a pedrada com grave perigo dos transeuntes.231
224
Diário ilustrado, 28 de Fevereiro de 1890. «Um enthusiasta dos bailes», in Diário ilustrado, 8 de Abril de 1890. 226 Novidades, 12 de Maio de 1890. 227 O dia, 13 de Setembro de 1890. 228 Ibid. 229 O dia, 15 de Setembro de 1890. 230 Novidades, 7 de Junho de 1890. 231 Novidades, 12 de Maio de 1890. 225
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 5 – A ambiência sonora e musical dos espaços públicos
5. A ambiência sonora e musical dos espaços públicos Como foi referido na introdução, no final dos anos sessenta do século XX um grupo de pesquisadores canadianos da Universidade Simon Fraser formou o World Soundscape Project, o qual, liderado por Murray Schafer, tinha como primeira finalidade estudar o meio ambiente sonoro. Desde que nessa altura se começou a usar o termo soundscape
232
(paisagem sonora)
muitas vertentes de investigação e de criação artística dela se apoderaram. No seu todo, estas abordagens revelam o despertar dos sentidos da audição para a percepção de sons, que na maioria das vezes passam despercebidos apesar de nos emergirem em todos os instantes. Neste capítulo, pretende-se descrever brevemente a ambiência sonora dos espaços públicos da cidade de Lisboa. Trata-se de um tipo de estudo normalmente negligenciado pela Musicologia Histórica. Contudo, a envolvência acústica do quotidiano das pessoas caracteriza-se por múltiplos estímulos sonoros que, sendo ou não música, constituem uma parâmetro de referenciação auditiva que não pode ser ignorado. O som ambiente condiciona expectativas e carrega significados semânticos que são partilhados pelos indivíduos que integram uma mesma comunidade. Por isso, ele faz parte da Cultura de qualquer sociedade. Veremos neste capítulo que a eterna tensão entre o puramente sonoro e o especificamente musical se impõe a partir da leitura destes dados, longe dos formalismos que convencionam aquela distinção. Mas o conhecimento do universo auditivo de uma qualquer realidade distante permite também perceber, por exemplo, como as pessoas se relacionavam com o espaço que habitavam. Para quem, neste início de século XXI, vive num contexto urbano sujeito a tantos eventos e constantes sonoras com tão elevado nível de pressão acústica, a experiência é certamente bastante diferente daquela dos nossos antepassados. No final do século XIX, os sons que carregavam consigo significado eram outros: os pregões, os sinos, o ruído dos cavalos, das rodas das
232
Murray SCHAFER, The Tuning of the World, New York, A. Knopf, 1975.
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carruagens, etc. Sobretudo, ouvia-se mais longe, porque embora os ruídos tivessem menor amplitude distinguiam-se mais claramente num universo de sons menos povoado. Murray Schafer propôs múltiplas ferramentas de trabalho para aplicar nestes estudos, designadamente no livro The Tuning of the World.233 Entre elas encontra-se os três níveis sonoros que, no seu entender, permitem caracterizar a paisagem sonora dos lugares. O primeiro é a keynote, que podemos traduzir por «tonalidade». Refere-se ao «fundo sonoro» que permanece ao longo do tempo. Pode ser o vento ou a chuva, mas também o regular ensaio de um instrumentista num primeiro andar de um prédio ou, ainda, o som das carruagens que passam continuadamente na rua. O segundo, engloba aquilo que Schafer denomina por «sinais sonoros», ou seja, eventos efémeros que se posicionam num plano auditivo mais próximo mas que não exigem de quem os houve uma atenção consciente, pois fazem parte da rotina auditiva das pessoas – podem ser dados os exemplos dos sinos das igrejas e das bandas de música a passar ao longe. Por último, a «marca sonora», que é o som característico de um determinado lugar. No caso da cidade de Lisboa veremos que o exemplo mais evidente é o fenómeno dos pregões dos vendedores ambulantes.
O som das ruas Nos periódicos do final do século XIX não eram muito comuns as referências ao som. Ainda assim, foi possível encontrar vários escritos que nos permitem reconstituir um pouco do quotidiano auditivo dos cidadãos daquela época. Lisboa atravessava um período de grandes mudanças, o que se devia em boa parte ao incremento demográfico que ia sofrendo. Segundo o Censo da População publicado em 1900
234
a população lisboeta cresceu numa razão de 1,72
entre 1878 e 1890 – em vez de 229 mil habitantes passou a albergar 300 mil. Isso era uma enorme evidência para as pessoas que pertenciam à mesma geração de Fialho de Almeida (1857-1911), um intelectual muito interventivo na imprensa da época. O primeiro capítulo do seu livro Lisboa Galante, que foi editado precisamente em 1890, intitula-se «Lisboa velha e Lisboa nova», e nele é descrita a forma como a modernidade se apoderou da cidade. Começa assim: 233 234
Idem. Censo da População do Reino de Portugal no 1º de Dezembro de 1900, vol. 2, Lisboa, Typographia da A Editora, 1906.
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Eu ainda conheci um pouco da Lisboa antiga, como ela teria sido no tempo do Sr. D. João VI, e conforme Beckford a aguarelou nas suas Memórias. Cidade de frades, beatas e desembargadores, soturna de noite, reentrando em becos onde os gatos se moviam num sabbat fosforescente, com lendas de fadistas que enchiam a província de pânico e de epilepsia a prosa dos jornais; e tavernas onde noite e dia o gás flambava, nimbando a fumarada dos cachimbos. […] 235
Mais à frente faz notar a diferença com o que se passava alguns anos mais tarde: […] Lisboa sentira a necessidade de outras ruas, outros estilos, outros interiores: alguma coisa coerente com os ideais, os hábitos e os trabalhos da vida moderna. E ei-la transbordando dos acumulados lúgubres dos velhos bairros, Alfama, Mouraria, Estrela; partindo a cintura de muralhas num charivari de construções podres de chic, fazendo dos arrabaldes, centros; trepando os outeiros, ou alastrando-se como um acampamento nómada, à beira do rio. […] 236
Seria, efectivamente, uma cidade muito diferente. Por isso, também a tal keynote referida por Schafer sofreu grandes transformações. Um dos principais «reflexos» acústicos desta nova dinâmica citadina derivava do enorme movimento de carruagens puxadas por cavalos que transitavam pelas ruas. O barulho constante da sua passagem fazia parte do «fundo sonoro» de toda a urbe e os cidadãos da época conviviam com essa realidade de forma distraída. Contudo, a sua ausência não deixou de ser notada quando no mês de Junho os cocheiros fizerem greve: Estão em greve, desde hontem, todos os cocheiros da praça de Lisboa.[...] A grève principiou hontem pelas 4 horas da manhã, hora a que todos os trens retiraram ás respectivas cocheiras, não tornando a sair. Os cocheiros percorreram as ruas, conservando uma attitude pacifica, vigiando-se mutuamente. Foi sensivel a diminuição do movimento hontem em Lisboa. E ainda hoje as ruas tem estado silenciosas, cortado o silencio apenas pelo ruido pesado d’uma ou outra carroça, ou pelo rodar macio dos trens particulares.237
Este momento de paralisação daquela classe profissional238 serviu para consciencializar a agressão que representava toda essa actividade: As ruas de Lisboa, principalmente o Chiado, onde era constante o ruido das carruagens, continuam silenciosas como se de terra de provincia. Acostumados como estavamos á bulha continua do vae e vem dos vehiculos, custa-nos a acostumar ao socego; e quasi que temos pena de não sermos esmagados ao voltar alguma esquina por batedor emerito de mão segura e chapeu de girassol.239
O Chiado é assim referido como a zona da cidade mais barulhenta. Como é natural, o som característico de cada bairro dependia da sua ocupação ao longo do dia. Neste caso trata-se da zona das principais casas de comércio e de muitos teatros, para a qual convergia diariamente uma grande quantidade de pessoas.
235
Fialho de ALMEIDA [1890], Lisboa Galante: episódios e aspectos da cidade, Lisboa, Círculo de Leitores, 1992, p. 9. Idem., p. 14. 237 «Greve de cocheiros», in O dia, 6 de Junho de 1890. 238 A edição de 22 de Maio de 1890 do jornal Novidades refere um total de duzentos cocheiros. 239 «Grève de cocheiros», in O dia, 7 de Junho de 1890. 236
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Os dados de que dispomos permitem-nos estabelecer duas diferenciações dicotómicas. Por um lado, o exemplo anterior revela-nos que os bairros comerciais tinham uma sonoridade diferente da dos bairros residenciais. Por outro, os bairros povoados pelas classes operárias também se distinguiam grandemente daqueles onde habitavam as famílias com maior riqueza. Este parágrafo de Fialho de Almeida refere essa situação, dando a entender que o silêncio estava conotado com padrões de comportamento mais selectos, enquanto o seu contrário era distintivo das classes menos favorecidas. Nessas ruas de palácios sobranceiros aos bairros fabris, onde o ruído dos passos parece atufar-se em moleza de alcatifas, paira um silêncio de alta vida e um desdenhoso ar de boa sociedade e gente rica desde o berço. Poucos ou nenhuns ruídos – as vizinhas não cochicham de janela para janela, um trintanário passeia à rédea vermelhas horsas inglesas ou moços de estrabaria lavam as rodas dos coupés da noite.240
Porém, e como já vimos no caso das carruagens, o barulho era também sinal de modernidade, pois ele estava directamente conotado com a azáfama dos trabalhos e dos negócios. No jornal Cabrion, em 1 de Maio, foi publicado um texto a propósito da proibição das bandas filarmónicas por parte do governador civil – por sinal, na primeira data em que foi comemorado o dia do trabalhador em Portugal. Por entre a argumentação do seu protesto, o autor, que assina Seth d’Usias, faz uma listagem dos ruídos da cidade, os quais eram, afinal, derivados de fenómenos civilizacionais emergentes: […] Mas, ó senhores, se a sua intenção é evitar o roido, não prohibam só ás philarmonicas que toquem pelas ruas; prohibem-lhes tambem que toquem em casa, para não incommodarem os visinhos; prohibam aos caldeireiros que batam o cobre, aos sineiros que repiquem os sinos, aos vendilhões que apregõem as suas mercadorias; prohibam o rodar das carruagens, as oficinas de funileiro, os piannos das meninas da baixa, as obras dos predios, os papagaios ás janellas, os ferreiros, os ferradores, a campainha da carroça do lixo, tudo em fim que possa ferir os timpanos delicados dos habitantes d’esta serena e pachorrenta cidade de Kinkendorn. […] 241
E depois de sugerir que também se acabasse com todas as actividades de entretenimento público conclui: Acabem de transformar Lisboa n’uma cidade inerte, estupida, silenciosa, morta... E então, sim, então é que poderão regalar-se a dormir a sésta!242
240
F. de ALMEIDA, op.cit., p. 15. Cabrion, 1 de Maio de 1890. 242 Idem. 241
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 5 – A ambiência sonora e musical dos espaços públicos
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O ruído era sinónimo de progresso e modernidade, ao passo que o silêncio estava vinculado às classes ilustradas e a atitudes cívicas marcadas pela nostalgia de uma realidade ultrapassada. Os únicos momentos em que o apaziguamento sonoro se estendia a toda a cidade eram durante a noite, para logo de seguida retomar o padrão habitual. Este excerto do livro de Barros Lobo Do Chiado a S. Bento, também editado em 1890, descreve as impressões auditivas do acordar da cidade. Eram apenas sete horas da manhã. Como todos os bairros de Lisboa, em que a vida prolongada pela noite adeante e arrastadiça em acordar para a lucta quotidiana da existencia, – o meu, [sic] pittoresco de extravagancia no seu emmaranhamento de ruas velhas, apenas n’esse instante principiava o accidentar-se de pregões que soavam claro na frescura de um resto de nevoeiro, ou de patadas pachorrentas de vaccas que mugiam a espaços, incitadas por berros de leiteiros que faziam chocalhar as suas bilhas de leite. […] Ouviase distinctamente o rodar egual e surdo de um americano que passava por traz de uma grande massa de casarias. O oxigenio da atmosphera alegrava-se de um chilrear vivo de pardaes.243
Exceptuando este mesmo chilrear dos pássaros e o passar dos carros de transporte, a grande maioria das anteriores referências sonoras situa-se no plano de diferenciação intermédio indicado pelo World Soundscape Project. A elas podemos ainda acrescentar um «clássico» deste tipo de abordagem, designadamente, o tocar dos sinos. Também nesta matéria se registavam grandes mudanças em finais do século XIX. Em 1879, Maria Rattazzi descrevia no seu polémico livro Portugal de Relance uma realidade verdadeiramente insuportável que era provocada, precisamente, pela grande frequência com que os sinos eram tocados em Lisboa. A Ilha vibrante de Rabelais é um sepulcro, um túmulo silencioso comparado aos carrilhões portugueses. É preciso ter nascido neste país e educado o tímpano no badalado em frente do bronze agitado pelo manhã até à noite para não ser de repente atacado de loucura ou de vibrofobia. Imagine-se o que será?… os sinos dobram para os enterros, repicam para os baptizados e repicam por ocasião de certas solenidades que eu não sei classificar. Em cada torre de igreja há um grande sino especialmente destinado aos sinais de incêndio […] Contudo os sinos continuam no seu alarido aereo, alvoraçando também a cidade nas vesperas das festas, nos dias de festa e nos subsequentes, e celebrando baptizados, casamentos e não sei que outras infinidades de actos religiosos. Tocam todas as músicas mais conhecidas. A filha da senhora Angot, Orpheu nos Infernos, O Hino Nacional Português, Marlboro, etc, etc. Como se vê o repertório de campanário é variado e divertido. O ritmo voluptuoso das valsas e a desenvoltura picante dos cancans aliam-se fraternalmente aos Oremos, ao Aleluia e ao Amen. Na véspera dos dias de festividade os sinos badalam furiosamente desde 8 horas até à meia-noite, entendendo-se reciprocamente e atroando os ouvidos. No dia seguinte começam às quatro horas da madrugada, de modo que apenas há tempo para dormir o primeiro sono e acordar de sobresalto; e ainda é preciso que nesse rápido entre não pegue fogo na fuligem da chaminé do vizinho. Não há suplício comparável. […] 244 243
Barros LOBO [Beldemonio], Do Chiado a S. Bento: apontamentos de jornada de um lisboeta atravez de Lisboa, Porto, Lopes e Cª, 1890, p. 125. 244 Maria RATTAZZI [1879], Portugal de Relance, Lisboa, Antígona, 2004, p. 110.
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Já em 1890 a realidade que estava na origem desta descrição era referida como distante. No meio de uma notícia publicada no Diário ilustrado em 4 de Novembro, a propósito de um pequeno acidente com uma criança, aparece escrito que nessa altura «Os pobres sineiros, viam-se e desejavam-se, e para attender ao rapazio, havia dobres sobre dobres, uma inferneira, sem respeito nenhum pelas posturas municipaes nem pelos tympanos dos habitantes da villa.»245 Para depois dizer que «Do nosso tempo para cá, os apaixonados pelo toque dos sinos teem rareado.»246 Isso devia-se à legislação que entretanto havia entrado em vigor, a qual condicionava o tocar dos sinos. Em Setembro, outro periodista reclamava no jornal O dia igual medida para o entoar dos pregões. A policia ou a camara municipal não encontrarão meio de nos livrar da praga tormentosa de ouvir, em frente das nossas janellas, durante duas e tres horas, um vendedor de cautellas gritar sem descanço nem interrupção o mesmo numero? O que o sr. Arrobas determinou em relação aos sineiros não poderá ser applicado aos vendedores ambulantes? Que cada qual faça o seu negocio, de accordo, mas isto sem incommodo de terceiros.247
Pois os pregões eram uma marca distintiva da cidade de Lisboa. Na edição de 3 de Julho do jornal Pontos nos ii, Fialho de Almeida descreve com grande minúcia os pregões que se faziam ouvir nas ruas de Lisboa. Depois de especular brevemente sobre a origem dos mesmos, distingue três tipos: «o pregão dos que vendem provisões d’origem marinha; o dos que vendem provisões d’origem terrestre; e finalmente o pregão dos belfurinheiros de rua e vendilhoes de jornaes.»
248
No seu entender eles resultavam numa ambiência que era recebida com agrado por
quem se dispusesse a contemplá-los. […] é grato vêr […] quebrarem a monotonia de tudo, essas melopeas d’um inexprimivel sentimento poético, ao som das quais a mulher vende azeitonas, o homem couves, e a rapariga queijos, carapaus, ou marmellos assados. Não quero dizer que esta toada vá deleitar grandemente os dilletanti que se aborrecem de casaca, pelas cadeiras de S. Carlos, nem que as ruas da baixa valham um concerto de Colonne, á hora matinal em que as varinas sahem do mercado, com a canastra prenhe de bezugo e sorda gorda. Porém vão vocês residir ahi para um arrebalde socegado, para uma encosta de monte onde não passem carruagens, para uma ruella humilde e sem passagem; e quando as chaminés fumam na luz, e a pequenada desce para a mestra, escutem ás 8 da manhã, do fundo d’um quarto d’estudo, a mulher da hortaliça, soltando ás ménagéres o cadenciado apello das maravilhas horticulas que ella ali traz na cesta, ou nos ceirões.249 245
Diário ilustrado, 4 de Novembro de 1890. Idem. «Uma praga», in O dia, 6 de Setembro de 1890. 248 Fialho de ALMEIDA, «Os pregões», in Pontos nos ii, 3 de Julho de 1890; Texto compilado em Fialho de ALMEIDA Pasquinadas (jornal de um vagabundo), 3.ª ed., Porto, Livraria Chardron, 1930. 249 Idem. 246 247
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Ainda segundo Fialho de Almeida, os vendedores de artigos domésticos tendiam a desaparecer, em virtude da alteração dos hábitos de vida dos consumidores. Com eles extinguiam-se os seus pregões. Já os cantares das peixeiras permaneciam frequentes, se bem que sofressem a tendência para repetir-se e, por isso, tornavam-se monótonos. No seu julgamento eram os vendedores de produtos hortícolas aqueles que entoavam os mais belos pregões. D’estes tres grupos, o ultimo tende a eliminar-se já porque os pequenos fanqueiros de rua, os vendedores de sapatos, os capellistas de carrinho ambulante, etc, cada vez são mais raros, mesmo nos bairros pobres, mercê da transformação porque estão passando os habitos caseiros das nossas mulheres ... já porque os jornaes, com a feição pratica e antipathica que tomaram, deixaram de se poder apregoar pelos garotos, na cantilena ondeante em que ainda hoje se appregôa o Diario de Noticias. No pregão das peixeiras tambem se notam, de ha uns annos para cá, tendencias rotineiras. As ovarinas são rebeldes á creacção de novos typos musicaes para o pregão, e preferem estagnar em tres ou quatro formulas seculares, invariaveis, como aquella em que se menciona simplesmente o producto – Postas de Pescada! por exemplo – n’um ligeiro cantado que não commenta nem exalta o genero, á freguezia – como ess’outra, em que junto ao nome do peixe, vae especificado o seu destino culinario: ex.: Cadellinha p’ro arroz! ou Irozes p’ra tijellada! – ou ainda aquella em que se elogia o producto, sem lhe dizer o nome, como acontece em – Fresca!... Já não acontece o mesmo ao pregão dos vendilhões de comestíveis hortículas, cuja música tende quotidianamente a enriquecer-se de novos motivos melódicos, originalíssimos estribilhos, e variedades métricas, duma imprevista fragância de expressão. Raro é o dia em que um vendilhão recém-chegado da sua provincia não lance, nas ruas da capital, uma esfusiada inédita de notas Broinhas de milho Quentinhas de erva doce!... Uma destas volatas de travor mourisco, começou por um brado estrídulo, caíndo, depois numa espécie de recitativo a dois ou três haustos, para acabar afinal cadência bucólica ou cascalhada. Todos teem no ouvido a deliciosa melopeia da mulher das melancias … Quem nas quer da várzea! Melancias à faca! E a mulher das azeitonas A vinte e cinco o salamim Quem quer azeitonas novas! 250
No que respeita às «marcas sonoras» distintivas da cidade em 1890 deve ainda ser acrescentada uma referência à venda de perus na altura de Natal. Desta vez não se regista grande diferença com aquilo que Maria Rattazzi descreveu no seu livro. Este outro relato publicado na revista Ocidente retrata um costume que já tinha, pelo menos, vinte anos. Quem compra o casal de perús é este o pregão que mais se ouve, por estes tempos, nas ruas de Lisboa. Um pregão alegre, cantado em differentes vozes, na sua maioria atenoradas, o que faz desconfiar da existencia de varios Gayarres ignorados entre o indigena. Lisboa offerece n’estes dias um espectaculo como não se encontra em outra capital da Europa. Os grandes bandos de perús que invadem as ruas, capitaneados por homens, rapazes e ovarinas empunhando grandes cannas disciplinadoras do irrequieto rebanho, dão uma nota pittoresca e festiva que tanto desafia o lapis do artista como o apetite do gastronomo.[…] 251
250 251
Idem. Ocidente, 1 de Dezembro de 1890.
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Os jardins e as bandas de música Os jardins públicos, com os seus coretos, eram os locais que melhor representavam o movimento de democratização da música, de reinscrição da música na ambiência urbana de forma a permitir o alargamento do público e torná-la acessível a estratos da população que até aí estavam maioritariamente dela excluídos.252 O Jardim da Estrela, a Praça D. Fernando, em Belém, e a Avenida da Liberdade eram os locais de eleição das diferentes bandas de música, que se apresentavam, principalmente, aos Domingos e feriados perante a população. As bandas eram, portanto, os agrupamentos musicais que cumpriam a função de trazer a música para as ruas. Por vezes também eram denominadas de outras formas, sendo que o critério de aplicação desses nomes não era sempre coerente. Todavia, a sua constituição determinava se eram chamadas de filarmónicas ou bandas, o que significava o mesmo, ou, ainda, charangas e fanfarras, se fossem compostas exclusivamente por metais.253 A composição das bandas militares era determinada por um regulamento que estava em vigor desde 1872. Estabelecia os lugares de «um mestre, um contramestre» e outros músicos hierarquizados em classes, sendo alguns deles aprendizes.254
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Segundo Ernesto Vieira a
instrumentação poderia ser a seguinte: requinta (1); flautim (1); clarinetes (6); cornetins e cornetas (4); saxtrompas ou trompas (2); trombones (3); barítonos ou bombardinos (2); baixo (1); contrabaixo (2); bombo (1); caixa de rufo (1); caixa forte (1); pratos (1).256 Este conjunto fazia um total de vinte e seis executantes. Já as fanfarras compreendiam trinta ou quarenta instrumentistas: requinta (1–2); cornetins (3–5); cornetas (3–5); clarins (2–2); trompas (2–2); saxtrompas (3–4); 252
V. Marie-Claire MUSSAT, «Kiosque à musique et urbanisme: Les enjeux d’une autre scène», in Le concert et son public: Mutations de la vie musicale en Europe de 1780 à 1914 (France, Allemagne, Angleterre), Hans Erich Bödeker, Patrice Veit & Michael Werner (eds.), França, Éditions de la Maison des sciences de l’homme Paris, 2002, pp. 317-331. 253 António de Sousa BASTOS, Diccionário do theatro português, Lisboa, Imprensa Libânio da Silva, 1908; Ernesto VIEIRA, Diccionario musical ..., Lisboa, Lambertini, 1899. 254 E. VIEIRA, op.cit., p. 80. 255 O estudo mais recente sobre bandas de música de que temos conhecimento é uma dissertação de mestrado em Artes Musicais da autoria de Luís Correia. Poderá aí ser obtida maior informação sobre esta matéria; Luís Miguel Tomé CORREIA, Bandas e músicos militares em Portugal, Dissertação de Mestrado em Artes Musicais, Lisboa, F.C.S.H. - U.N.L., 2005. 256 E. VIEIRA, op.cit.
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trombones (3–4); saxhornes barítonos (2–4); saxhornes baixos (2–3); saxhornes contrabaixos (2– 2); saxhornes contrabaixos graves (2–2); saxofone soprano (1–1); saxofone contralto (1–1); saxofone tenor (1–1); saxofone baixo (1–1); tímpanos (par) (1–1).257 Estas formações podiam ser reduzidas até oito executantes, sendo que nesse caso os instrumentos indispensáveis eram dois cornetins, duas saxtrompas, dois trombones, um barítono e um baixo.258 Ao longo do ano foi possível encontrar na imprensa trinta e seis referências a bandas de música, sendo que parte delas integravam corporações militares (v. Tabela 5.1.).
Tabela 5.1. – Bandas que se apresentaram em Lisboa no ano de 1890 e que foram anunciadas na imprensa. Banda da Academia d’Instrucção e Recreio Fraternal Banda da Academia Fabril Banda da Academia União Operária 6 de Janeiro Banda da Associação 11 de Março de 1888 Banda da Associação Instrucção Musical 24 de Agosto Banda da Sociedade d'Instrucção Guilherme Cossoul. Banda da Sociedade Filarmónica Alunos de Apolo Banda da Sociedade Filarmónica Alunos de João Rodrigues Cordeiro Banda da Sociedade Filarmónica alunos de Minerva Banda da Sociedade Guilherme Costa Banda da Sociedade Harmonia Recreativa 1 de Julho Banda da Sociedade Incrível Almadense Banda de Bombeiros Municipais Banda de Recreio Occidental Banda do Clube Recreativo Fraternidade Banda Regimental Artilharia 1 Banda Regimental Artilharia 4 Banda Regimental Caçadores 2
Banda Regimental Caçadores 5 Banda Regimental Cavalaria 2 Banda Regimental Cavalaria 4 Banda Regimental da Armada Real Banda Regimental da Guarda Municipal Banda Regimental Infantaria 16 Banda Regimental Infantaria 2 Banda Regimental Infantaria 5 Banda Regimental Infantaria 7 Banda Regimental Marinheiros da Armada Charangas das escolas municipais Fanfarra de Caneças Fanfarra de Cascais Fanfarra dos alunos do Asilo Municipal Filarmónica de Chelas Filarmónica 1.º de Janeiro Filarmónica União e Desejo Fanfarra de Engenheiros
A suas actuações dividiam-se entre os salões dos teatros, os bailes, festas organizadas pelas várias associações cívicas e, ainda, os jardins públicos. No caso das bandas militares tratava-se de músicos profissionais destacados nessa função e presume-se que a sua formação fosse feita no seio da própria instituição em que estavam empregados. A Fotografia 5.1. documenta aquela que seria a melhor banda militar da época:259 a Banda da Guarda Municipal, que era dirigida pelo maestro Manuel Augusto Gaspar.
257
Idem. Idem., p. 243 e ss. 259 E. VIEIRA, op.cit., p. 83. 258
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Figura 5.1. – «O maestro Gaspar com a Banda da Guarda Municipal» (fotografia de finais do século XIX; fotógrafo não identificado; in Albino LAPA, Subsídios para a história das bandas militares portuguesas, Lisboa, Of. da Rev. «Alma Nacional», 1941.)
Segundo um regulamento datado de 1842, que entretanto já não estava em vigor, era competência do mestre da banda ensinar os aprendizes.260 Porém, esta suposição terá de ser confirmada com um estudo especificamente interessado no universo das bandas filarmónicas daquela época. Em 20 de Novembro de 1890, foi publicada uma notícia no Diário ilustrado que informava sobre a concessão de uma licença, por parte do Ministro da Guerra, para que o «contra mestre de musica» Joaquim Braz e o «musico de 1.ª classe» Frederico Manuel, ambos membros do «regimento de caçadores 12», frequentassem aulas no Conservatório.261 Esta situação permite admitir que os músicos com maiores responsabilidades recebessem formação noutros locais, se bem que o carácter excepcional da situação seja aí revelado pelo simples facto de constituir notícia, o que leva a entender que este procedimento não era extensível a todos os músicos que integravam a formação.
260 261
Albino LAPA, Subsídios para a história das bandas militares portuguesas, Lisboa, Of. da Rev. «Alma Nacional», 1941. Diário ilustrado, 20 de Novembro de 1890.
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Figura 5.2. – «Banda de música» (fotografia do início do século XX, da autoria de Alberto Carlos Lima. Conservada no Arquivo Municipal de Lisboa [Arquivo Fotográfico] com o número de cota LIM001514.)
As bandas civis tendiam a aproximar-se da constituição de uma fanfarra. Segundo Ernesto Vieira, «a fanfarra não possue a variedade de recursos que tem a banda, pela ausencia dos instrumentos de madeira, mas produz uma harmonia vigorosa, cheia, susceptivel também de effeitos especiais e caracteristicos. A facilidade relativa com que se aprende a tocar os instrumentos de pistões e a uniformidade d’este instrumentos, que permite a quem apprende um d’elles tocar em qualquer outro sem maior embaraço, dá uma grande vantagem à fanfarra para ser preferida na organisação das sociedade populares [...]»262 O formato adequava-se melhor àqueles músicos, que eram afinal operários que se reuniam à noite nas sedes das associações, não só para fazer música mas também para se sociabilizarem. Esse mesmo propósito é destacado neste artigo de opinião que foi publicado n’O dia, também este acerca da proibição das bandas filarmónicas no mês de Abril. O operario que, á noite, depois d’um dia laborioso, se acolhia á ‘casa da sociedade’ a aprender e a ensaiar musica, deixava, por isso mesmo, de frequentar a taberna, de pejar as ruas estreitas dos bairros mal afamados, de se encafuar nas espeluncas batoteiras, […] 263
262 263
Idem. O dia, 25 de Abril de 1890.
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Recorremos à Fotografia 5.2. para ilustrar estas formações. Desta vez também para comprovar que, em determinados casos, estas bandas também podiam incorporar instrumentos de corda. Como já foi referido, as bandas também tocavam nos salões dos teatros. Isso acontecia, sobretudo, em dias festivos, como aconteceu na festa de aniversário do Teatro da Rua dos Condes, em 23 de Dezembro.264 Também no dia 30 de Agosto, no Teatro Avenida, em que uma banda não identificada tocou «desde as 5 horas da tarde até ao principio do espectáculo».265 Mas a grande parte das suas apresentações públicas aconteciam em plena rua, na maior parte das vezes em coretos colocados nos jardins. Noutras, em procissões religiosas, como no dia 17 de Abril, em que participaram doze bandas na Procissão da Saúde.266 Trinta e oito apresentações públicas das bandas, sem restrição de acesso, aparecem anunciadas nos jornais de 1890 (v. Anexo P). Porém, é evidente que estas intervenções eram muito mais frequentes do que aquilo que este número indica. No final de Junho reuniu-se uma comissão de representantes da Câmara Municipal afim de solicitar aos responsáveis pelas bandas militares que as mesmas tocassem três vezes por semana na Avenida da Liberdade.267 Três dias depois já havia uma resposta positiva: O publico vae ter o seu regabofe. Às terças feiras, quintas e domingos tocará na Avenida da Liberdade, de noite, uma banda marcial. O sr. general commandante da divisão assim o ordenou, accedendo ao pedido da camara municipal.268
Aliás, já no dia anterior tinha tocado a Banda de Infantaria 5: Tocou hontem, das 9 ás 11 da noite, na Avenida da Liberdade, a banda d’Infanteria 5. O reportorio não se limitou, como domingo, a marchas e polkas, porque já houve no coreto um bello foco electrico, o que permitiu que se tocassem peças, lendo-se os papeis.269
A Avenida da Liberdade era, entre todos os outros jardins da cidade, o local mais concorrido por este tipo de manifestações. Em grande medida mantinha a função de «Passeio público», apesar dos muros terem sido destruídos havia quatro anos. Ao longo do ano foram apresentados vários 264
O dia, 23 de Dezembro de 1890. Diário ilustrado, 30 de Agosto de 1890. O dia, 17 de Dezembro de 1890. 267 «Musica na Avenida», in Diário ilustrado, 22 de Junho de 1890. 268 «Musica de noite na Avenida», in Diário ilustrado, 25 de Junho de 1890. 269 Diário ilustrado, 25 de Junho de 1890. 265 266
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apontamentos na imprensa onde se dava conta da presença dos mais ilustres cidadãos lisboetas. De certa forma, era uma extensão dos salões à rua da cidade. O seguinte exemplo relata a presença do Infante D. Afonso: Foi hontem enorme a concorrencia na Avenida; a tarde, amenisissima, convidava os habitantes da cidade a passearem no mais formoso dos seis largos. Sua Alteja o Senhor Infante D. Affonso andou muito tempo guiando o seu carro, e a fila de equipagens e cavalleiros quais enchia a rua central. Vimos a pé e de carruagem entre outras, as ex.mas sr.as […] 270
O Jardim Zoológico Para além dos jardins públicos havia ainda o Jardim Zoológico, na altura provisoriamente instalado no Parque de São Sebastião da Pedreira. Apesar de ser um local de exploração empresarial, permitia ao público usufruir por preços reduzidos de múltiplas diversões e espectáculos musicais de grande aparato. Havia sido inaugurado em 1884 e nele eram promovidas animações variadas em todos os Domingos e dias santificados. Ao longo do ano foram noticiados quarenta e quatro eventos neste local e em todos eles se apresentou pelo menos uma banda de música – quase sempre uma formação militar. A música começava a ouvir-se por volta da uma da tarde, com a apresentação de uma destas bandas ao longo do recinto. Seguiam-se outras diversões, entres as quais era costume incluir a realização de concertos. No dia 13 de Julho apresentou-se a «fanfarra de artilharia 4», que executou o seguinte programa: Primeira parte ‘Senhora da Saude’, marcha triumphal; Silva ‘Cavallaria Ligeira’, ouverture; Suppé ‘Bric á Brac’, grande fantasia original; Cyriaco ‘Gavotte des Pages’; Tavan ‘Recordações do Gerez’, Valsa; Gaspar Segunda parte ‘Vesperas Sicilianas’, fantasia; Verdi ‘Alsira’, valsa; Marques ‘Souvenir de campine’, fantasia campestre; Krein ‘Simplicidade’, polka; Duarte ‘Marcha Final’ 271
270 271
Diário ilustrado, 24 de Fevereiro de 1890. Diário ilustrado, 12 de Julho de 1890.
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Antes, no dia 27 de Abril, um Domingo, o maestro Rio de Carvalho havia dirigido uma «banda à francesa» em que se interpretou, entre «outras peças de concerto a notavel phantasia mourisca de Chopi, que pela 1.ª vez se toca em Lisboa, A côrte de Granada, assim dividida – 1.º Introducção, 2.º Meditação, 3.º Serenata, 4.º Final.»272 Segundo Ernesto Vieira, as bandas francesas regulavam-se por um decreto de 1860 que lhes fixava o número de quarenta músicos com os seguintes instrumentos:273 flautas (2); requinta (2); clarinetes (4); oboés (2); saxofones sopranos (2); saxofones contraltos (2); saxofones tenores (2); saxofones barítonos (2); cornetins (2); clarins (2); trombones (3); saxhorne em si bemol (2); saxtrompas (3); saxhorne barítonos (2); saxhornes baixos (3); saxhorne contrabaixo (1); saxhorne contrabaixo grave (1); caixa de rufo (1); bombo (1); pratos (1). Esta descrição permite avaliar a dimensão que estes concertos alcançavam. Chegaram-nos notícias de formações musicais bem maiores, tais como aquela que se apresentou numa «festa musical» realizada a 18 de Maio em que tomaram parte «uma grande banda, uma fanfarra e uma banda militar», o que correspondia à participação de «130 executantes». Nesta ocasião interpretou-se «a grande fanfarra guerreira e descriptiva: A batalha», naquele que foi anunciado como «O espectáculo musical mais notável dos últimos tempos».274 Evento em tudo semelhante havia sido apresentado a 13 de Abril. Nessa circunstância foram discriminadas na imprensa as secções internas da mesma composição: «1.ª Chamada - 2.ª Descanso - 3.º Recolher, harmonias, silencio, 4.ª Noite, álerta, rondas, sonhos, aurora, - 5.ª Alvorada - 6.ª Revista - 7.ª Alarme, ataque, defeza. (Descargas de artilharia e infanteria). 8.ª Marcha Funebre - 9.ª Continencia, - 10.ª final.» 275 Em 1890 o Jardim Zoológico constitui a prova evidente de que a música tinha uma presença tão importante quanto assídua nos tempos de lazer da população de Lisboa, já que, como veremos no Capítulo 7, a afluência de público a este recinto era bastante expressiva.
272
Diário ilustrado, 25 de Abril de 1890. E. VIEIRA, op.cit. 274 O dia, 16 de Maio de 1890. 275 Diário ilustrado, 10 de Abril de 1890. 273
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 6 – As mutações da ambiência sonora ao longo do ano de 1890
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6. As mutações da ambiência sonora ao longo do ano de 1890 A agenda social As cidades têm uma rotina e uma agenda social que são determinadas não só pelos hábitos de coabitação pública mas também por acontecimentos políticos, efemérides e outras circunstâncias extraordinárias que impõem desvios à regular vivência das pessoas. No ano que nos ocupa, verificaram-se três situações excepcionais que influenciaram o comportamento dos lisboetas no âmbito da esfera pública de convivência: o Ultimatum dos ingleses, dirigido à soberania portuguesa e referente à disputa de territórios no continente africano; a epidemia de influenza que se fez sentir no início do ano, uma espécie de gripe maligna que ataca os órgãos respiratórios; a inauguração do Coliseu dos Recreios no decorrer do mês de Agosto. Como resultado de tudo isto, a cidade experimentou uma calendarização de eventos culturais, com música, que é possível determinar. Como já foi demonstrado, eram bastante numerosas e diversificadas as possibilidades de escutar música. No que respeita às casas de espectáculo já sabemos que animavam a cidade dez teatros públicos e dois coliseus. Mas também foram identificados cerca de uma centena de locais de culto, salões privados, jardins públicos, espaços pertencentes a associações cívicas onde se apresentavam regularmente quer músicos profissionais quer amadores, e ainda as próprias ruas. As estes, juntavam-se certamente as tabernas, os cafés, os hotéis e as casas de pasto, se bem que a pesquisa efectuada não tenha revelado notícias significativas acerca desta última tipologia de espaços. Começamos por verificar que ao longo dos 365 dias do ano foi possível registar 2988 eventos onde se interpretou e escutou música, considerados independentemente do seu género ou função. Destes, 2177 são eventos teatrais, o que representa cerca de 74% do total da amostra recolhida. 530 foi o número de cerimónias religiosas acompanhadas por música – vocal ou
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instrumental – que foi possível recolher na imprensa consultada e na relação de funções divinas conservada no arquivo documental da Associação Música Vinte e Quatro de Junho. As restantes ocorrências referem-se a eventos variados ocorridos noutras situações que também impunham restrições de acesso; tais como o Jardim Zoológico, bailes, festas associativas, apresentações públicas de carácter exclusivamente musical ou situações performativas verificadas em espaços públicos e privados. Esta desproporção entre os eventos teatrais e os restantes não reflecte certamente a realidade. As características da actividade teatral implicavam uma publicitação agressiva e sistemática das suas iniciativas. A concorrência entre as várias empresas exploradoras dos teatros e dos circos conduzia obrigatoriamente a uma disputa de públicos que não podia negligenciar aquele que seria o mais eficaz meio de promoção da época: a imprensa. Podemos, por isso, afirmar que o número de representações teatrais aqui apresentado estará muito próximo daquele realmente verificado. O mesmo não acontecerá com os eventos religiosos ou com as soirées privadas – embora estes não dispensassem a sua divulgação, acontecesse ela antes ou depois da iniciativa ter lugar, não dependiam em tão grande medida de uma notícia publicada num qualquer periódico.
Os dias da semana Os fins-de-semana eram os dias em que os lisboetas mais tempo dedicavam ao entretenimento cultural e às suas devoções religiosas. Considerando todas as situações em que a música esteve presente, 27% das mesmas ocorreram ao Domingo (v. Gráfico 6.1.).
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Gráfico. 6.1. – Percentagem relativa de eventos com música registados em cada dia da semana.
É evidente que os cultos religiosos introduzem aqui um importante desvio, na medida em que era nesse dia da semana que se realizava a maior parte das missas (v. Gráfico 6.2.). Para além desse factor, também uma grande parte dos eventos musicais que tiveram lugar em espaços públicos e em outros de acesso restrito, como é o caso do Jardim Zoológico, aconteciam nesse dia da semana. Ainda assim, é importante relevar o facto de que em todos os dias da semana havia teatros abertos e que, apesar de se verificar uma maior oferta aos Sábados e Domingos (v. Gráfico 6.3.), a média de teatros abertos nos dias de semana era de cinco.
Gráfico 6.2. – Número de eventos religiosos com música registados em cada dia da semana.
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Gráfico 6.3. – Percentagem relativa dos eventos teatrais ocorridos em cada dia da semana no ano de 1890.
Curiosamente, são os concertos que se desviam deste padrão (v. Gráfico 6.4.). De entre os cinquenta e cinco que foi possível detectar, onze deles aconteceram ao Sábado. Todavia, treze tiveram lugar à Segunda-feira e dez à Quinta-feira. Somente oito no Domingo e nos restantes dias números bastante inferiores, sendo que à Sexta-feira nunca houve concertos.
Gráfico 6.4. – Número de concertos registados em cada dia da semana.
Este desfasamento entre a agenda dos eventos de carácter exclusivamente musical e as dos restantes tipos de evento denota uma diferença significativa de propósitos. É possível a partir dela deduzir que preenchiam uma função social diversa. Conforme se pode comprovar no capítulo anterior o público dos concertos não partilhava com as audiências das matinées do circos as mesmas motivações.
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Os períodos festivos Os dias feriados A lei determinava a proibição de espectáculos em determinadas datas do ano – ainda que nelas se pudessem organizar outras manifestações lúdicas de carácter profano.276 Assim, na Quarta-feira de Cinzas (que em 1890 ocorreu a 19 de Fevereiro), no período da Semana Santa (particularmente a 2, 3 e 4 de Abril), no dia da evocação da morte de D. Pedro IV (24 de Setembro), e nos dias 9 (dia de Nossa Senhora) e 11 de Novembro (dia de S. Martinho e aniversário da morte de D. Pedro V), não deveriam decorrer quaisquer actividades teatrais. De entre estes dias, aquele em que essa indicação não foi respeitada foi o 11 de Novembro. Em todos os restantes só se ouviu música em acontecimentos de índole religiosa. Outra excepção deu-se a 2 de Abril, em que a empresa exploradora do Teatro da Avenida terá contornado tal imposição com uma «récita extraordinaria em homenagem á Cidade de Lisboa», tendo embelezado o teatro e colocado uma banda de música a tocar durante toda a tarde no salão. Para além destas datas, todos os restantes dias feriados decorreram sem grandes diferenças, quando comparados com outros dias no ano. Tratava-se de dias de gala na corte com que eram assinalados os aniversários dos monarcas ou factos históricos relevantes, tais como a aprovação da Carta Constitucional. Aparentemente, estas efemérides passavam relativamente desapercebidas: Hontem foi dia de gala, e toda a gente censurou que o theatro de S. Carlos, contra o costume, ainda quando os soberanos não assistem ao espectaculo, não désse o menor signal d’essa gala: nem iluminação, nem hymno real, etc. […] Bem sabemos que a pseudo empresa está de luto por causa da dissolução da câmara, mas nem por isso o theatro deixa de ser do estado e por elle subsidiado.277
Maior importância pareciam ter as manifestações de dias como o Corpo de Deus, festa móvel que teve lugar a 5 de Junho, uma Quinta-feira, em que a animação da cidade se equiparou à de um Domingo. Houve, então, lugar a concertos no Jardim Zoológico, missa com instrumental 276
«Dias em que são prohibidos os espectaculos 19 de Fevereiro, 2, 3 e 4 de Abril, 24 de Setembro, 9 e 11 de Novembro e nos dias de luto por morte de rei ou rainha ou pessoal real, patriarcha ou bispo da diocese, e nos dias em que se fizerem preces publicas.», in Almanaque dos bons fadinhos, p. 2. 277 Diário ilustrado, 22 de Março de 1890.
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na Sé Patriarcal e récitas em praticamente todos os teatros. Outro dia em que os músicos foram amplamente solicitados foi o dia de Natal, que era uma das datas festivas que mais movimentação pública provocava.278 Para além do pleno funcionamento de teatros e circos, também foi dia festivo em muitos locais públicos. Nos coretos apresentou-se um considerável número de bandas filarmónicas e em muitas igrejas apresentaram-se pequenas formações musicais – isto, apesar de a Missa do Galo estar então fora de moda.279
O Carnaval É comum encontrar na literatura da época descrições depreciativas do Carnaval lisboeta. Em 1890 também não foi muito apreciado por alguns periodistas, como aconteceu no Ocidente, onde foi adjectivado de «sensaborão».280 Todavia, a animação durante aquele período seria bastante grande – ao ponto de levar o escritor Guerra Junqueiro a publicar um apelo para que o Carnaval não fosse marcado pelas habituais manifestações. No seu entender elas não se coadunavam com o sentimento geral que derivava da conjuntura política do país: […] Não me parece, pois, decoroso que este movimento, tão nobre e tão sombrio, tão espontâneo e tão viril, seja cortado agora por tres dias carnavalescos e galhofeiros, de troça ao ar livre, de bambochata nas ruas, de pandega nos theatros. […] 281
Efectivamente, no mês de Fevereiro viveu-se o auge da turbulência cívica, com os tumultos do dia 11, nos quais os protestos do movimento patriótico resultaram num comício, perto do Real Coliseu, que viria a ser dissolvido pela polícia. Acontece que desde o início do ano, vinham a ser organizados no Salão do Teatro da Trindade bailes de máscaras,282 uma das folias mais características desta quadra. No dia 7 de Fevereiro já eram anunciadas na imprensa as programações dos teatros para o Carnaval283 – que só estava, no entanto, agendado para os dias 16, 17 e 18. Estes, são sinais inequívocos de que se tratava de uma festa muito apetecida dos
278
«Ao facto de ser dia de Natal, o dia das grande enchentes, allia-se o de haver ali um espectáculo de primeirissima ordem», in O dia, 24 de Dezembro de 1890; a propósito do espectáculo no Teatro da Rua dos Condes do dia 25 de Dezembro; 279 Diário ilustrado, 18 Dezembro de 1890. 280 Ocidente, 21 de Fevereiro de 1890. 281 O dia, 10 de Fevereiro de 1890. 282 Diário ilustrado, 8 de Janeiro de 1890. 283 Diário ilustrado, 7 de Fevereiro de 1890.
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lisboetas e de que as preocupações cívicas não afectariam grandemente as festividades. O único teatro onde não se realizaram bailes de máscaras foi no Teatro Alegria,284 porventura devido ao empenho político que a empresa exploradora deste espaço vinha demonstrando desde a sua abertura. Os bailes carnavalescos eram promovidos não somente pelos teatros, mas também pelas mais variadas organizações associativas. Todos os teatros investiram grandemente nesta ocasião, excepção feita ao Teatro de São Carlos que, apesar de haver promovido as mais importantes festas nos anos precedentes, tinha deixado de o fazer neste mesmo ano, em consequência do aparafusamento das cadeiras ao chão.285 Os bailes aconteciam imediatamente a seguir ao habitual espectáculo cénico ou, até mesmo em simultâneo, conforme as capacidades logísticas de cada sala. Por seu turno, o número de músicos era significativamente reforçado, de forma a garantir a animação dos foliões ao longo de toda a madrugada.286 No Real Coliseu de Lisboa aconteciam os bailes mais concorridos.287 Aí, tal como no Teatro da Trindade,288 a empresa abriu duas salas para a ocasião, colocando uma orquestra de quarenta músicos profissionais a tocar na sala de espectáculos e outros vinte e quatro no salão.289 De resto, cada Carnaval tinha as suas próprias características. A crer na descrição publicada no jornal O dia,290 os bailes da Trindade foram «turbulentos e agitados», pois eram frequentados pela «boémia barata dos vícios». Já no D. Maria «passou-se bem com algumas quezílias». No Condes correu «como em família» e no Rato «quase não havia máscaras coitado». Estas frases permitem perceber um pouco sobre o carácter destes eventos e também que os intentos de Guerra Junqueiro
284
«Da empreza do theatro Alegria, recebemos a seguinte carta, muito para louvar! Sr. Redactor: – A empreza do theatro Alegria, concordando plenamente com o pensamento do ilustre poeta, ex.mo sr. Guerra Junqueiro, exarado na carta publicada em todos os jornaes de Lisboa, e associando-se, de coração, a todas as manifestações periódicas declara: 1.º– Que resolveu não dar bailes de mascaras, nos tres dias de carnaval, como projectava e lhe fôra solicitado por muitas pessoas; 2.º– Que põe á disposição do ex.mo sr. Guerra Junqueiro a sua sala de espectaculos, para o mesmo ex.mo sr. Ali poder realisar quaesquer conferencias, como em todos os outros, que o ex.mo escolher: 3-º Que offerece o seu theatro á grande comissão, que indicará as noites em que deseja levar a effeito quaesquer espectáculos, cujo producto seja applicado á subscripção nacional. Theatro Alegria, 11 de Fevereiro de 1890.», in O dia, 11 de Fevereiro de 1890. 285 Ocidente, 21 de Fevereiro de 1890. 286 «Eram 7 da manhã quando acabou ali, no Colyseu, o último baile.», in O dia, 19 de Fevereiro de 1890. 287 O dia, 19 de Fevereiro de 1890. 288 O dia, 17 de Fevereiro de 1890. 289 O dia, 15 de Fevereiro de 1890. 290 O dia, 19 de Fevereiro de 1890.
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foram gorados. Para além dos teatros, pelo menos dezasseis organizações associativas realizaram os seus bailes291 e as manifestações de rua eram descritas da seguinte forma: «No Chiado era dificil abrir caminho a partir das 3 da tarde. As pessoas atiravam tremoços e bolas cheias de papelinhos, bisnagavam, tocavam corneta.»292
Os períodos sazonais As épocas teatrais O período de tempo contemplado nesta investigação é, rigorosamente, o ano civil de 1890. Tal determinação contraria uma das categorias há mais longo tempo estabelecidas nos modelos produtivos das actividades teatrais e musicais: as temporadas ou épocas teatrais, como então se denominavam. Efectivamente, no final do século XIX o conceito de temporada era válido no âmbito da gestão das empresas dos principais teatros da capital. Contudo, a sua expressão não era tão evidente como viria a ser mais tarde.293 Para além deste facto, entendeu-se que assim se favorecia um entendimento da época menos arraigado ao sistema produtivo e mais atento aos constrangimentos socio-políticos e aos modelos de recepção que também conformam a vida cultural de uma comunidade. Presidiram a essa decisão várias considerações: 1) verifica-se a preocupação, por parte dos proprietários dos circos e dos teatros mais pequenos, de manter o espaço em permanente actividade em todos os meses do ano; 2) nunca nos quisemos ocupar somente da actividade musical e musico-teatral, pois os locais de culto, associações, jardins, etc., são essenciais ao conhecimento da relação das pessoas com a música; 3) os acontecimentos políticos que, como veremos à frente, condicionaram a ambiência musical da cidade ao longo do ano foram desencadeados no mês de Janeiro; 4) podemos desta forma melhor analisar como se estabelece a transição entre as temporadas de Inverno e o período estival.
291
O dia, 17 de Fevereiro de 1890. O dia, 19 de Fevereiro de 1890. 293 «[...] Em Portugal, tempo houve, e ainda nao vae muito longe, em que alguns theatros estavam abertos todo o ano.[...]», in António de Sousa BASTOS, Diccionário do theatro português, Lisboa, Imprensa Libânio da Silva, 1908. 292
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Gráficos 6.5. – Evolução do número de récitas registadas em cada teatro de Lisboa ao longo de 1890.
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A partir da leitura das tabelas que integram os Gráficos 6.5., pode-se conhecer o número de récitas ocorridas em cada teatro em todos os meses do ano. Notamos que no Teatro de São Carlos se apresentavam temporadas com a duração de seis meses: tinham o seu início em finais de Outubro e terminavam no começo de Abril. Tal seria, em boa medida, imposto pelo próprio sistema produtivo da indústria operática italiana, já que a esmagadora maioria dos cantores solistas eram italianos. Nos restantes meses do ano o teatro encontrava-se encerrado. De entre os outros teatros existiram quatro que fecharam as suas portas pelo menos em algum mês durante o Verão. Certamente, as obrigações contratuais acertadas com as companhias residentes e com os restantes funcionários a isso obrigavam. O Teatro da Trindade parou durante três meses, tendo terminado a sua temporada com a opereta Barba Azul em 15 de Junho e começado a temporada seguinte em 14 de Setembro com a mesma obra. Já o Teatro de D. Maria II não levou qualquer peça à cena entre os dias 5 de Junho e 18 de Setembro, o que representa uma pausa de três meses e meio. Por sua vez, o Teatro do Ginásio acolheu, a partir do dia 21 de Maio, a companhia de teatro italiana Fratelli Lambertini. Esta viria a dar vinte e duas representações, doze das quais ainda em Junho, e a partir do dia 15 desse mês o teatro só abriu as suas portas em três ocasiões esporádicas. Nesta casa a paragem estendeu-se por dois meses, pois só a 19 de Setembro voltaria a subir à cena a bem sucedida comédia de Gervásio Lobato O comissário de polícia. Por último, o Teatro da Avenida, se bem que neste caso a situação tenha tido uma subsequência bastante diversa. Deu a sua última representação a 25 de Maio, e no mês de Junho não abriu ao público em qualquer noite. Todavia, a 10 de Julho teve início uma «época de verão» com uma companhia constituída por artistas do Teatro da Rua dos Condes.294 Ainda durante o mês de Julho foram apresentadas algumas récitas por «amadores da extinta sociedade Taborda»295 e sabemos que os empresários do Teatro do Príncipe Real viriam a explorar posteriormente este teatro durante algum tempo.296 A partir dessa altura, e até ao final do ano, nunca mais viria a beneficiar de uma 294
Diário ilustrado, 8 de Julho de 1890. O dia, 16 de Julho de 1890. 296 «A empresa do Príncipe Real vai explorar este teatro durante uns dias», in O dia, 29 de Julho de 1890 295
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exploração regular que desse origem a uma nova temporada. Ainda foi anunciada a temporada de Inverno para o início de Outubro, mas tal não se veio a verificar.297 A actividade do Teatro da Avenida permaneceu a partir daí bastante irregular. Não foi apresentado qualquer espectáculo entre os dias 8 de Outubro e 14 de Dezembro, data em que se estreou uma «Companhia de Zarzuela Cómica».298 Tratava-se afinal de um exemplo da crise teatral debatida na imprensa ao longo dos últimos meses do ano e que aqui abordaremos mais à frente. O que foi anteriormente descrito pode sugerir a existência de um período de grande abrandamento ou até mesmo de paralisação da actividade teatral. Todavia, podemos constatar, mediante a leitura dos Gráficos 6.5., que a redução do número de eventos não se estendeu a todos os teatros. Pelo contrário, na comparação entre os registos dos meses de Maio e de Junho é possível notar um incremento bastante acentuado no número de espectáculos levados à cena no Teatro do Príncipe Real, no Teatro da Rua dos Condes, no Teatro Alegria e no Real Coliseu de Lisboa. Na realidade, assistiu-se a uma dinâmica compensatória que propendeu para uma redistribuição pelos diferentes espaços existentes, não somente do público, mas também das companhias teatrais e dos músicos.299 Também nestes teatros estava em vigor o regime da época teatral. Porém, procedia-se a uma substituição imediata das companhias que se despediam, dando lugar às «épocas de Verão». No Diário ilustrado de 15 de Junho é referido que o Teatro da Rua dos Condes fecharia nessa data e reabriria em Setembro. Verificámos, todavia, que a mesma companhia operou até ao dia 6 de Julho, dando lugar, uma semana mais tarde, a uma nova companhia explorada pelo empresário teatral António de Sousa Bastos (1844-1911)
300
– que aí viria a permanecer durante dois meses
com a opereta fantástica O reino das mulheres. Após uma semana, em que se apresentou uma companhia italiana, foi anunciada para o dia 4 de Outubro a abertura da temporada de Inverno.301 297
«Deve Abrir a 2 d’Outubro a nova epocha do theatro Avenida, parece que com o Porto e As 20 Mulheres do rei», in O dia, 24 de Setembro; «Realisa-se hoje n'este theatro a inauguração da nova epocha de inverno e a estreia da companhia.», in Diário ilustrado, 5 de Outubro de 1890. O dia, 13 de Dezembro de 1890. 299 Esta tendência viria a ser reforçada com a inauguração do Coliseu dos Recreios em 14 de Agosto de 1890. 300 O dia, 17 de Junho de 1890. 301 Diário ilustrado, 4 de Outubro de 1890. 298
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Contudo, não se registou qualquer alteração prática, já que o mesmo reportório, ou seja, a mesma opereta, continuou a ser levada à cena até finais de Novembro. Este exemplo denota que em certos teatros o conceito de temporada não passava de uma convenção que se resumiria a um mero pretexto de promoção publicitária.302 Também no Teatro Alegria essa categoria operativa surgia atenuada. Os meses com maior número de espectáculos foram, inclusivamente, Julho e Agosto. No final de Maio tinha existido uma alteração do tipo de produções apresentadas. É-nos difícil adivinhar do que se trataria, mas a edição de 30 de Maio do jornal O dia refere o seguinte: A 1 de Junho começa naquele teatro a exploração do género escandaloso. Bem que seria que público sensato desse à empresa o correctivo que ella merece bem como aos auctores que a tal se prestam.
O Teatro Alegria sempre foi, desde a sua inauguração no princípio de Janeiro, um espaço bastante dado a manifestações políticas: uma das peças mais apresentadas no primeiro semestre do ano foi o a-propósito patriótico A torpeza; e a marcha A portuguesa foi interpretada inúmeras vezes ao longo de todo o ano. Certo é que manteve durante os meses de Verão uma actividade bastante intensa. A partir de 12 de Julho apresentou-se a opereta com música de Simaria As vinte mulheres do rei, e manteve uma actividade regular até 20 de Agosto. Fechou então as suas portas, praticamente até ao mês de Dezembro, não havendo assim lugar ao restabelecimento de uma programação regular. O anúncio do Diário ilustrado de 14 de Outubro, que refere a «inauguração da nova epocha», não teve qualquer seguimento. No que respeita ao Teatro do Rato é referida na imprensa a suspensão das suas actividades a 20 de Maio e uma pretensa próxima temporada, sob a exploração do Sr. Drummond.303 Contudo, anúncios posteriores confirmam que o teatro se manteve em actividade, notando-se algum decréscimo nos meses de Julho e Agosto, mas nada que denuncie qualquer planeamento no sentido de se fechar a casa durante esses meses. O Teatro do Príncipe Real, como já foi referido, viu crescer a sua actividade nestes meses. Apesar da companhia teatral ter partido para o Brasil 302
«Os frequentadores habituaes d’aquelle theatro vão ter um alegrão: a abertura, na proxima sexta feira, da epoca d’inverno»; in O dia, 29 de Setembro de 1890. 303 O dia, 20 de Maio de 1890.
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em meados do mês de Maio,304 a coerência do reportório apresentado durante os meses de Junho, Julho e Agosto revela que outra companhia tomou conta do espaço, de forma a garantir a habitual frequência desta casa. Nos coliseus, a situação era bastante peculiar. Centremo-nos no Real Coliseu de Lisboa – já que o desempenho do Coliseu dos Recreios, por este ter sido inaugurado somente em meados de Agosto, não nos permite extrair tão amplas interpretações. A leitura da respectiva figura dos Gráficos 6.5., esclarece-nos que no início do Verão esta sala sofreu um aumento do número de espectáculos. O recuo que se fez notar nos meses de Agosto e Setembro terá sido uma consequência directa da abertura do outro coliseu, mas foi imediatamente corrigido nos meses seguintes. Podemos, inclusivamente, concluir que o Verão e o Natal seriam os períodos do ano em que estas casas seriam mais concorridas. Mas a referida curiosidade reside na circunstância de elas avocarem uma singularidade que as distinguem da realidade circense de outros países europeus. Em Junho, os periódicos anunciaram que durante o Verão lisboeta a empresa do Real Coliseu iria contratar uma companhia de circo, reforçando a notícia com o reparo de que a existência de circo no Verão constituiria algo de excepcional.305 Tal não veio a acontecer, pois prosseguiram até meados de Agosto as Zarzuelas e, de seguida, a Ópera. Na prática, podemos distinguir duas temporadas: uma de Inverno, em que se apresentavam companhias de circo; outra de Verão, em que se podia assistir a teatro lírico. Pois, como nos informa o Diário ilustrado,306 ocorria precisamente o inverso nas principais cidades europeias, onde as companhias de circo se apresentavam sobretudo no Verão. Companhias de circo como a do famoso inglês Philip Astley, a Cirque Knie da Suíça ou a Circus Busch da Alemanha, atingiam a sua máxima actividade nessa 304
«Estão a despedir-se as companhias dos theatros de Lisboa, embora o calor ainda não afugente os espectadores. A do Gymnasio despediu-se com o Comissário de Polícia, a peça que na ultima epocha mais enchentes deu ao theatro. A do Principe Real partiu para o Brazil, levando algumas peças do repertorio de D. Maria 2ª, como o drama D. Affonso VI», in Gazeta Musical de Lisboa, 18 de Maio de 1890. 305 O dia, 26 de Junho de 1890. 306 «Desejando corresponder á maneira como o publico tem dispensado a sua protecção ao Real Colyseu de Lisboa, a empreza d'aquella casa de espectaculo, resolveu inaugurar este anno, no verão, a sua temporada de circo. Achamos uma excellente idéa da empreza, tanto mais que em quasi todas as cidades ao estrangeiro é este o costume. Comprehendemos bem, que isto traz encargos muito onerosos para a empreza, em consequencia de estarem funccionando a maioria dos circos no estrangeiro, e por este motivo os artistas bons, contractados. No entanto, como a empreza do Colyseu de ha muito tem esta edeia, conseguiu que os seus agentes lá fóra, contratassem para Lisboa, a estreiarem-se em meados do proximo mez de julho, todas as notabilidades artisticas d'este genero, que fossem apparecendo. Em Berlim, Vienna, Londres, S. Petersbourgo, Paris, Madrid e Barcelona estão trabalhando companhias equestres, alcançando ruidoso exito alguns numeros. [...]», in Diário ilustrado, 29 de Junho.
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altura do ano. Este peculiar modelo de programação registado em Lisboa era determinado pela conjuntura específica dos modelos de produção cultural da capital portuguesa. Assim: por um lado, a contratação das companhias de circo era mais económica durante a estação de Inverno por se encontrem disponíveis; por outro, a cessação de actividade dos principais teatros públicos, onde estava contratada uma grande fatia dos músicos profissionais, só no Verão os deixava libertos para assumirem responsabilidades para com outras empresas. Era portanto no Verão que se podia reunir músicos suficientes, em número e qualidade, para apresentar teatro lírico, e também aproveitar o vazio que o São Carlos deixava durantes esses meses do ano. Assim, a ideia de que havia uma concorrência directa entre os coliseus de Lisboa e o Teatro de ópera tem de ser repensada. A época de Inverno inaugurou-se a 4 de Outubro no Real Coliseu,307 quando os músicos começavam a ocupar os seus postos nos teatros de origem. O mesmo procedimento foi adoptado pelos empresários do novo Coliseu dos Recreios: inauguraram a casa com a opereta Boccacio, de Franz Von Suppé, e continuaram com esse género teatral até ao dia 18 de Outubro, data em que se estreou uma «companhia equestre, gymnasta e acrobata».308
As estações do ano
Gráfico 6.6. – Número de espectáculos teatrais registados em cada mês do ano de 1890.
Ao consultar o número de eventos teatrais registados em cada mês do ano (Gráfico 6.6.), repara-se que foram atingidos dois cumes, no mês de Maio e em Dezembro, e que o decréscimo é 307 308
Diário ilustrado, 25 de Setembro de 1890. Diário ilustrado, 18 de Outubro de 1890.
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progressivo até aos meses de Julho e Agosto, nos quais só terão acontecido 118 apresentações teatrais em cada um deles. Ainda assim, deve assinalar-se que nos estamos a referir ao período mais quente do Verão, no qual, devido ao calor, alguns teatros optavam mesmo por não abrir as portas.309 Também muitos cidadãos lisboetas aproveitavam para ir às praias e a outras zonas de lazer limítrofes de Lisboa. A estação ferroviária do Rossio havia sido inaugurada em 16 de Junho e o novo túnel permitia a ligação directa a Sintra. Acerca do dia 29 de Junho, um Domingo, mereceu notícia o enorme número de pessoas que afluiu para fora de Lisboa: 11490 pessoas por caminhos de ferro, 4800 das quais pelo túnel.310 Estes números são tanto mais significativos se tivermos em consideração que habitavam a cidade cerca de 300 milhares de pessoas. Não podemos afirmar terminantemente que o público que frequentava os locais de entretenimento da cidade não era coincidente com o que se ausentava da cidade nestas ocasiões. Podemos, todavia, ensaiar a hipótese de não se verificar uma penalização drástica da concorrência aos teatros e a outros espaços de lazer, como eventual consequência de tão grande deslocação de gente. A 27 de Julho o Diário de Lisboa refere que «apesar de muitas pessoas da nossa primeira sociedade se acharem pelas praias, ainda as poucas que restam por Lisboa continuam aos sabbados o seu rendez-vous no Colyseu.» Esta afirmação sugere uma menor afluência por parte desta classe social. Todavia, o rol de nomes que elenca de seguida não é nada modesto, pois contámos vinte apelidos e dois et ceteras no final. Podemos também notar que, naquele mesmo Domingo, dia 29 de Junho, registámos sete cerimónias religiosas com música, cinco teatros abertos, um «baile campestre», junto à Praça das Flores, e quatro bandas militares a apresentarem-se em coretos e no Jardim Zoológico. Para reforçar esta leitura, citamos também uma frase publicada no jornal O dia que diz o seguinte: Tantos espectaculos theatrais como se estivessemos em pleno inverno, e crêmos que para todos haverá gente, porque uns teem o attractivo da novidade e os outros quasi todos a consagração do agrado.311
309
O dia, 1 de Junho de 1890. Diário ilustrado, 30 de Junho de 1890. 311 O dia, 14 de Agosto de 1890. 310
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As circunstâncias extraordinárias O surto de gripe Os surtos epidémicos que afligiam as comunidades citadinas em finais do século XIX interferiam significativamente com a normal convivência pública. No princípio do mês de Janeiro uma epidemia de gripe provocou um elevado número de mortes, que se estendeu às centenas de vítimas em cada dia.312 Em centros urbanos como Lisboa, a percepção da tragédia da morte aumentava e provocava tal medo que poderia paralisar alguns sectores de actividade. Os teatros eram meios particularmente potenciadores do contágio, pelo que teriam sido, naturalmente, prejudicados. Embora seja provável que a gravidade das consequências tenha sido mais acentuada nos bairros populares, estas crises atravessavam todas as classes sociais. Temos como prova disso a récita de 11 de Janeiro no Teatro de São Carlos. Enquanto se apresentava a ópera Lakmé que, para além do mais, contava com o interessante apelo de se tratar da estreia da tão esperada diva Maria van Zandt, estavam a assistir muito poucos representantes das famílias mais ricas de Lisboa. Segundo o Diário ilustrado, isso ter-se-ia devido, em parte, ao «luto de muitas familias distinctas».313 É certo que nesse mesmo dia foi entregue o memorando do governo britânico a Portugal. Todavia, sabemos também que os protestos começaram somente no dia seguinte, pelo que a justificação do jornalista poderá ter fundamento. Mas as baixas não aconteciam só do lado da assistência. Durante a primeira quinzena do mês, a doença terá provocado o atraso na preparação de alguns novos espectáculos, com particular destaque para o Teatro da Trindade, Teatro da Rua dos Condes e Avenida.314 Também no Teatro de São Carlos, vários artistas ficaram enfermos, pelo que algumas óperas programadas não se puderam realizar, como foi o caso da A estrela do norte, a 4 de Janeiro.
312
«A influencia continua a decrescer. No sabbado houve 296 obitos e no domingo 247.»; in Diário ilustrado, 15 de Janeiro de 1890 Diário ilustrado, 12 de Janeiro de 1890. 314 O dia, de 7 de Janeiro; Tim tim por tim tim, 4 de Janeiro de 1890. 313
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Este retrato da situação, que nos é dado pelos periódicos, leva-nos a confrontar estas informações com o número de espectáculos que registámos através da agenda cultural dos mesmos e das relações de funções da Associação Música 24 de Junho. Não deixa de ser surpreendente que, apesar de toda esta descrição, o mês de Janeiro tenha sido um dos períodos do ano em que maior número de espectáculos se verificou (v. Gráfico 6.6.). Podíamos, então, supor que os jornais reflectiam um pânico generalizado, mediante o pretenso exagero das descrições apresentadas. Mas tal não parece sustentar-se, já que os exemplos são muitos concretos – tais como a morte do fundador do Teatro da Trindade, Francisco Palha. Poderiam, então, estar os teatros abertos com pouco público? Não dispomos de informação suficiente para responder a esta pergunta. Ficamos, porém, a saber que se realizaram bailes de máscaras no Salão da Trindade, que no Jardim Zoológico as bandas regimentais se apresentaram como habitualmente aos fins-desemana e que, só neste mês, contámos trinta e duas situações em que se celebrou uma cerimónia religiosa com o contributo de músicos. A afectação do dinamismo cultural da cidade parece deste modo não ter sido tão drástica como se poderia imaginar à partida.
O Ultimatum Os primeiros meses deste ano estavam destinados a ser bastante conturbados. Não nos cabe aqui fazer uma descrição dos acontecimentos, já que essa narrativa já está amplamente fixada na bibliografia existente sobre este assunto.315 Interessa-nos sobretudo tentar perceber o alcance da interferência desta tão grande agitação social no âmbito da prática e da escuta musical. Em 1890 a Inglaterra era a maior super-potência industrial e financeira do Mundo e disputava com os Estados Unidos da América, a França e a Holanda os territórios coloniais, assim como a riqueza daí proveniente. Reivindicou, então, a posse dos territórios coloniais africanos situados
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Por exemplo: Nuno Severiano TEIXEIRA, O ultimatum inglês – política interna e política externa no Portugal de 1890, Lisboa, Alfa, 1990; Amadeu Carvalho HOMEM (coord.), Descobrimentos, expansão e identidade nacional, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1992; Maria Teresa Pinto COELHO, Apocalipse e regeneração: o ultimatum e a mitologia da pátria na literatura finissecular, dissertação de doutoramento em Filosofia, Universidade de Oxford, 1994.
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entre Angola e Moçambique. Contrariava, deste modo, a aspiração lusa de construir um eixo de comunicação terrestre entre os dois territórios, o qual está relacionado com o famoso «Mapa Corde-Rosa». No entender da oposição parlamentar, o governo português, denotou impotência e falta de firmeza. Ora, essa opinião era partilhada por um amplo segmento da opinião pública e levou a uma grande contestação nacional que provocou a demissão do governo progressista, logo em 13 de Janeiro, e a dissolução do parlamento, sete dias mais tarde. O acontecimento gerou um clima de ódio contra os ingleses mas, mais importante que isso, foi apropriado pela causa republicana e pela contestação à monarquia, que não parou de crescer até ao dia 5 de Outubro de 1910. A frequência dos locais públicos de entretenimento foi obviamente afectada. As manifestações populares eram permanentes nas ruas da cidade de Lisboa, tendo atingido o seu auge em 11 de Fevereiro, no célebre incidente que ficou conhecido como a «campanha dos apitos». Depois das 8 da noite o regimento de lanceiros destacou um esquadrão para a praça Luis de Camões. Atrás deles foi o povo e alguns elementos do Grémio Henriques Nogueira. Estes últimos levavam a coroa que deveria ser depositada na estátua. A guarda municipal e a polícia supondo que os lanceiros apoiavam os populares começaram a apitar desesperadamente. Foram os apitos que fizeram dispersar as pessoas da praça. O incidente acabou com mais de 100 detenções.316
Nesse dia o comércio fechou, assim como as casas de espectáculo. Como resultado político imediato, para além da convocação de eleições para o dia 30 de Maio, houve medidas repressivas por parte do governador civil que viriam a ser firmadas em decreto e a ficar conhecidas como a «Lei das Rolhas». Uma das primeiras medidas foi precisamente a proibição do espectáculo do Real Coliseu de Lisboa, nesse mesmo dia.317 Apesar de tudo, os eventos culturais não sofreram maior interrupção. Os bailes sucediamse e, a juntar ao concerto da Real Academia de Amadores de Música de 19 de Janeiro, os restantes oito concertos verificados em Fevereiro, fizeram deste mês o período de tempo em que mais eventos de carácter exclusivamente musical conseguimos registar. Ao que parece, o público
316 317
O dia, 12 de Fevereiro de 1890. «Em consequência dos tumultos da noite anterior foi proibido pelo governo o espectáculo no C. Lisboa. Todos os outros teatros fecharam as portas excepto o Teatro da T. Alegria.», in O dia, 11 de Fevereiro de 1890.
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foi-se apercebendo de que o desassossego vivido não colocava em causa a sua segurança nem era impeditivo da habitual animação.318 Nos meses de Janeiro e Fevereiro registaram-se, respectivamente, 223 e 214 espectáculo, o que corresponde a uma média de cerca de 7 espectáculos por dia. Independentemente do grau de comprometimento político assumido pelas manifestações culturais, é preciso aqui assinalar que a desordem pública não provocou a paralisação da actividade teatral e musical. Terá, inclusivamente, provocado o seu incremento, já que, pouco tempo depois, as manifestações de cariz patriótico viriam a originar o surgimento de reportório específico, concertos evocativos da exaltação nacional, e toda uma dinâmica propagandística que muito viria a animar o cidadão alfacinha. O alvoroço político, e a consequente agitação popular, viriam a estender-se ao longo dos meses seguintes. Contudo, só em situações muito pontuais atingiu uma dimensão que tenha afectado a actividade lúdica. Em 17 de Setembro, um dia após a apresentação na Câmara dos Deputados do Tratado Luso-Britânico, com o qual se pretendia pôr fim à contenda, ocorreram violentos confrontos entre a polícia municipal e os manifestantes que se opunham ao acordo político. Mais uma vez, os teatros viram o seu desempenho normal ligeiramente abalado, como é descrito no seguinte testemunho: «O estado anormal da cidade, que tudo tem prejudicado, também estendeu a sua influencia até aos theatros, alguns dos quaes teem interrompido os seus trabalhos ou addiado a abertura da epoca, visto que uma parte do publico sente justificado medo de sahir á noite para a rua sujeito ás prepotencias das auctoridades, e outra, mais destemida, prefere o espectaculo gratuito das ridiculas evoluções e correrias de municipal e policia.» 319
O novo coliseu e a crise dos teatros A primeira vez que se ouviu falar de crise teatral nos periódicos lisboetas foi na edição de 1 de Novembro da Gazeta Musical de Lisboa. Esta publicação quinzenal constituía, em conjunto
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A propósito de um espectáculo no Reatro do Rato, o Diário ilustrado de 29 de Janeiro de 1890 escreve: «Desde que socegaram os espiritos e que as familias comprehenderam que podem estar nos theatros sem sobresalto, estes voltaram á sua habitual animação.» 319 O dia, 18 de Setembro de 1890.
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com o Amphion e a Arte Musical,320 o núcleo de publicações periódicas especializadas em música existentes em 1890. Com uma nova direcção desde Outubro, pois Ernesto Vieira havia substituído José Giorgio Pacini na direcção da revista, a Gazeta Musical de Lisboa refere neste número as dificuldades que os teatros enfrentavam, face ao significativo decréscimo das assistências: Vae-se arrastando. Os dois colyseus em lucta aberta um com o outro arrebatam no mesmo torvelinho os pobres theatros portuguezes que correm risco de morrer de fome, se as almas caridosas dos altos poderes do estado não prestarem um poucachinho de attenção á perigosa concorrencia que as cavalgaduras estão fazendo á arte nacional. Faz realmente dó ver o nosso primeiro theatro, como vulgarmente se diz ás moscas, ao passo que o publico enche á cunha as vastas salas dos colyseus, rindo alvarmente das mimices d’este ou d’aquelle palhaço, estasiando-se ante o sr. Visconti e ficando boqui-aberto perante a tromba de qualquer elephante ou do estupido grasnar de qualquer pato amestrado em liberdade. Triste synthoma este.321
Os dados de que dispomos parecem confirmar este diagnóstico – mais precisamente, a relação directa entre a escassez de público nos teatros com a inauguração do novo circo e a grande competitividade que este veio a estabelecer com o Real Coliseu de Lisboa. Se analisarmos os Gráficos 6.5., verificamos que, a partir dos meses do Verão, se assiste a um acréscimo do número global de espectáculos. De tal jeito que se atinge em Novembro uma quantidade equivalente à de Fevereiro e ainda se viria a alcançar, em Dezembro, a maior cifra de representações cénicas, quando comparada com iguais períodos de tempo deste ano. Podemos, portanto, desde já afirmar que a «crise teatral» não corresponde a uma «crise de público». Houve, sim, um desvio dos espectadores em função de uma alteração da oferta que iria, porventura, mais ao encontro dos seus interesses e expectativas. O Coliseu dos Recreios foi inaugurado na noite de 14 de Agosto e desde logo rivalizou com o Coliseu da Rua da Palma mediante a apresentação de operetas.322 A partir de 18 de Outubro iniciou a sua temporada de circo, pouco tempo depois do seu concorrente e numa altura em que os restantes teatros tentavam restabelecer a regular actividade das companhias fixas. Se consultarmos o Gráfico 6.7. verificamos que 16% dos espectáculos que se apresentaram nos 320
O primeiro número da Arte Musical foi publicado em 20 de Setembro de 1890 sob a direcção de João de Mello Barreto. «D. Maria II», in Gazeta Musical de Lisboa, 1 de Novembro de 1890. 322 Sobre o processo de abertura do Coliseu dos Recreios consultar Ricardo COVÕES, O cinquentenário do Coliseu dos Recreios: 1890-1940, Lisboa, Tip. Freitas Brito, 1940. 321
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últimos cinco meses do ano resultaram da actividade da nova empresa do Coliseu dos Recreios, contra os 7% do Gráfico 1.2. (p. 29) que se referiam à totalidade do ano. Esta alteração veio penalizar somente o Teatro Alegria, o Teatro da Avenida, o Teatro do Rato, o Teatro de D. Maria II e o Teatro de São Carlos. Os restantes mantiveram-se com a percentagem anterior ou até mesmo a viram aumentada. Efectivamente, O Teatro da Avenida esteve praticamente fechado nos meses de Outubro e Novembro e o Teatro Alegria encerrou em Setembro, Outubro e Novembro.
Gráfico 6.7. – Percentagem relativa de eventos teatrais ocorridos em cada teatro nos últimos cinco meses do ano de 1890.
Mais uma vez, a Gazeta Musical de Lisboa ajuda-nos a perceber a situação. Segundo o articulista Artur Nogueira, Lisboa tinha teatros em demasia para o número de habitantes: a cidade de Paris apresentava uma proporção de um teatro para cada 80.000 habitantes; Madrid de um teatro para cada 40.000 pessoas; Lisboa tinha dez teatros para 300.000 pessoas, ou seja, 1 para 30.000 habitantes.323 Segundo este raciocínio a crise era inevitável. A situação ajuda-nos mais a perceber as motivações e os gostos do público lisboeta do que a diagnosticar uma falta de interesse pela actividade teatral.
323
Gazeta Musical de Lisboa, 1 de Dezembro de 1890.
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7. Os públicos A necessidade de conhecer o fenómeno musical surge não só do ímpeto de desvendar esta faceta da condição humana mas também do reconhecimento de que a música actua no âmbito global da nossa existência íntima e social. É imperativo perceber as dinâmicas dos comportamentos que suscita para entender as características das diferentes sociedades. Para isso serve a história, quando se debruça sobre a obra de um compositor, de um movimento estilístico, ou de uma comunidade de indivíduos e a sua relação com a música. Porém, uma das vertentes mais negligenciadas da pesquisa musicológica tem sido a história da escuta musical. Efectivamente, toda a vivência musical, entendida esta nas suas manifestações mais visíveis – como a composição, a interpretação, o sistema produtivo, ou a crítica jornalística – é incondicionalmente moldada pela qualidade da recepção auditiva que dela é feita. Mormente a composição que, enquanto acto de criação artística, tanta atenção tem merecido por parte dos musicólogos e tantas vezes é conformada pela sua relação com as expectativas inerentes ao acto de ouvir. A obra musical revela-se plenamente na interacção com o ouvinte e, tendo sido ou não concebida para determinada circunstância espacio-temporal, ela assume com essa convivência uma identidade que lhe atribui características singulares. O mesmo acontece com a audição que dela é feita. Desde aquela menos dedicada até à escuta mais introspectiva, todas as maneiras de escutar emergem das contingências específicas do momento e do lugar em que acontecem, assim como da vivência acumulada pelo indivíduo, do propósito da sua sujeição a tal experiência e do seu posicionamento social. Os estímulos e os constrangimentos nem sempre são coincidentes na audição, na composição e na interpretação musicais.
Uma quantificação do público Perceber quem eram as pessoas que iam aos teatros e que assistiam a concertos é uma das tarefas mais difíceis que se colocam ao estudo da vivência auditiva no século XIX. No seu todo, são escassos os testemunhos da época sobre os ouvintes e sobre a forma de ouvir. Quando foi aqui
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descrita a actividade teatral, serviu o número de representações conhecido para avaliar a dimensão do fenómeno. Ora, tratando-se de uma actividade empresarial, o número de espectáculos reflecte necessariamente a concorrência do público àqueles eventos. Não sabemos ao certo se as salas estavam muitas vezes repletas de gente ou se estavam muitas noites vazias, mas podemos afirmar que se a afluência de espectadores não fosse suficiente para manter a produção rentável, esta deixava de existir, tal como aconteceu em alguns teatros no segundo semestre do ano. Em jeito de exercício, é possível ensaiar alguns cálculos grosseiros afim de quantificar aproximadamente os cidadãos que frequentavam os teatros. A Tabela 7.1. apresenta uma listagem dos teatros com maior actividade e o respectivo número de espectáculos realizados ao longo do ano. Inclui, ainda, a lotação aproximada de cada um deles e o consequente número de bilhetes que seriam vendidos se, porventura, as lotações estivessem sempre esgotadas. Tabela 7.1. – Ensaio de cálculo sobre o número de espectadores das casas de espectáculo de Lisboa em 1890, se as casas estivessem esgotadas em todas as representações.
Real Coliseu de Lisboa Teatro da Rua dos Condes Teatro do Príncipe Real Teatro da Trindade Teatro do Ginásio Teatro Avenida Teatro de D. Maria II Teatro da Alegria Coliseu dos Recreios Teatro do Rato Teatro de São Carlos Totais
N.º de espectáculos registados ao longo do ano
Lotação aproximada
N.º de espectadores se houvesse um pleno de lotações esgotadas
304 236 230 211 207 162 147 145 142 134 113 2.031
2000 450 500 500 500 600 400 650 4000 300 800 10.700
608000 106200 115000 105500 103500 97200 58800 94250 568000 40200 90400 1,987.050
Como é evidente as salas não estavam sempre lotadas, pelo que estes números apenas servem para ajudar a desenvolver um raciocínio. Já vimos no capítulo anterior que durante o segundo semestre do ano houve uma deslocação do público dos teatros para os coliseus, sem que tal tenha resultado numa diminuição do número de espectadores – antes pelo contrário, já que os lugares disponibilizados nos coliseus eram bastante mais numerosos. Por outro lado, cada teatro teria o seu público e os diferentes reportórios correspondiam a diferentes tipos de assistência. Não é, por isso, possível fazer cálculos estatísticos lineares a partir dos dados de que dispomos.
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No Teatro de São Carlos estava implementado um regime de assinaturas que garantia, de certa forma, a fidelização do seu público. Mas devemos considerar que ao longo das 113 récitas que foram apresentadas em 1890 subiram à cena somente 23 óperas, sendo que as mesmas repetiam em vários dias. Nada nos informa concretamente sobre a assiduidade dos espectadores. Todavia, se porventura fosse hábito do público assistir a uma récita de cada ópera, e se a sala estivesse sempre lotada, isso corresponderia a um universo de cerca de 4.000 indivíduos que frequentaria o teatro. No entanto, o comportamento das pessoas podia ser outro e haver uma maior variedade entre aqueles que ali acorriam. Bastava para isso que uma significativa parte dos frequentadores assistisse a menos do que 23 récitas por ano, o que é admissível, e nesse caso o número seria superior. Mas se tivermos em conta que, conforme nos informa Mário Vieira de Carvalho,324 o que motivava o público do São Carlos a ir àquela sala não era somente a fruição da obra artística mas também o acto de sociabilização, é então de conjecturar que as presenças pudessem ser bastante mais frequentes e, nesse caso, os cidadãos que visitavam o teatro lírico constituiriam um grupo bastante mais restrito. E mais ainda se for lembrado que a sala não estava sempre cheia, como o comprova este testemunho publicado n’O dia a propósito da representação da ópera de Meyerbeer Robert le diable a 6 de Janeiro: «[…] hontem os espectadores podiam contar-se na platéa.»325 No que respeita aos restantes teatros colocam-se dificuldades semelhantes. Sabemos, por exemplo, que no Teatro Alegria houve 159 espectáculos em 1890. Porém, em mais de metade subiu à cena a revista Ff & Rr, o que faz pressupor que apesar de existir a possibilidade dos espectadores assistirem várias vezes à mesma peça haveria uma grande circulação do mesmo público pelos vários teatros. Havia também reportório que suscitava mais agrado e que garantia maior venda de bilhetes. Foi o caso d’Os beijos do diabo, que proporcionou «grandes
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Mário VIEIRA DE CARVALHO, Pensar é morrer ou o Teatro Nacional de São Carlos na mudança de sistemas sociocomunicativos desde fins do séc. XVIII aos nossos dias, Lisboa, Imprensa Nacional, 1993. 325 O dia, 7 de Janeiro de 1890.
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 7 – Os públicos
enchentes»326 à companhia do Teatro da Rua dos Condes porque, segundo o Diário ilustrado, eram «Decididamente as magicas […] as peças que mais agrada[va]m».327 Tal como o circo, que era «[o] espectaculo predilecto do publico e onde elle se encontra melhor e mais á vontade» – escrevia o mesmo jornal em Janeiro. E acrescentava que havia aí «espectaculo todas as noites sempre com bastante concorrencia e aos domingos e dias festivos com enchentes espantosas», lembrando de seguida que tal se devia não somente à boa qualidade do espectáculo mas também ao reduzido custo dos bilhetes.328 Mesmo quando o espectáculo se repetia por muito tempo o público comparecia, se bem que em menor número. Em Outubro, e a propósito do Coliseu dos Recreios, escrevia-se que «apesar do espectáculo visto a concorrencia nas cadeiras e geral era regular».329 O mesmo não se pode dizer acerca do Teatro de D. Maria II, que mesmo apresentando uma comédia, A mãe de minha mulher, não lograva assegurar uma grande concorrência. Os gostos do público estavam decisivamente voltados para o circo e para a comédia. No theatro de D. Maria, embora deliciosamente representada, a comedia, não dispertou o mesmo enthusiasmo nem terá de certo no cartaz, nada que se pareça com a mesma prolongação. Porquê? porque o nosso meio difficilmente se prestará á acclimatação do genero theatral, agora muito usado em França e que tem em Sardou o seu leader que não faz chorar mas que também não faz rir. A Belle Mamam sustenta-se de phrases, a grangeia multicolor que os parisienses adoram; o nosso publico porém, não quer ditos, quer situações; o dito, e é necessário que seja colorido por um bom artista, agrada-lhe, instiga-o a sorrir, mas não consegue fazel-o enthusiasmar.330
Com todas estas variantes e muitas outras que aqui não coube enumerar, resta um procedimento para ir ao encontro da quantificação das pessoas que assistiam aos espectáculos em 1890: podemos apontar um número que serve de referência, construído a partir de uma situação hipotética. Assim, se a média de ocupação das salas fosse a metade da sua lotação, e se a média de frequência dos espectadores fosse a de um espectáculo entre os trinta a quarenta que se realizavam todas as semanas, então o universo de pessoas que frequentava aquelas salas era composto por cerca de 18.500 indivíduos. Com todas as ressalvas que este número merece, não 326
Diário ilustrado, 19 de Janeiro de 1890. Diário ilustrado, 28 de Fevereiro de 1890. 328 Diário ilustrado, 29 de Janeiro de 1890. 329 Diário ilustrado, 24 de Outubro de 1890. 330 Diário ilustrado, 28 de Fevereiro de 1890. 327
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deixa de ser um indicador válido para ser considerado em investigações futuras acerca dos hábitos culturais daquela sociedade. Tomando-o agora em conta, ele significa que uma percentagem de 6% da população de Lisboa, que contava na altura 300.000 habitantes, visitava estes espaços.
O preço dos ingressos A existência de públicos diferenciados parecia ser uma enorme evidência na época. Isso fica bem patente quando se lê no jornal O dia acerca de um espectáculo no Teatro do Príncipe Real ocorrido em Setembro; em que de forma pejorativa se escrevia que ele continuava «a attrahir o povinho».331 Para saber um pouco mais sobre estas disparidades é importante analisar os preços dos direitos de entrada para os espectáculos. O custo dos ingressos variava entre 100 réis, para um lugar nas varandas do Teatro do Ginásio e os 10.000 réis que eram pagos para alguns espectadores poderem ocupar um camarote de primeira ordem no Teatro de São Carlos. Contudo, a primeira conclusão que se pode extrair da leitura da tabela de preços apresentada no Anexo U, é a de que, com a excepção do teatro lírico, o valor das entradas não seria o mais importante factor de discriminação de públicos. Efectivamente, nesse teatro uma posição equivalente à de outra qualquer sala era quase sempre mais cara. Por exemplo, um camarote de segunda ordem custava 6.000 réis, ao passo que o mesmo lugar vendido no Coliseu dos Recreios valia 3.000 réis. Todas as outras segundas ordens dos teatros de Lisboa eram mais baratas. Mas ainda assim, o bilhete mais barato que era vendido no São Carlos – 200 réis para assistir ao espectáculo nas varandas – estava absolutamente equiparado com os preços mínimos dos outros teatros. Era esse o preço dos ingressos mais económicos dos dois Coliseus e era, inclusivamente, impossível obter qualquer bilhete com esse dinheiro no Teatro da Rua dos Condes, no Teatro do Príncipe Real e, durante quase todo o ano,332 no Teatro Avenida. Nos coliseus e nos teatros de Drama e Comédia, a disparidade de preços não era muito expressiva. A diferença estava entre os vários espaços no interior de cada um deles. De resto, 331 332
O dia, 13 de Setembro de 1890. O dia, 23 de Dezembro de 1890.
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todas as casas de espectáculos aplicavam um escalonamento monetário bastante semelhante. Os preços por pessoa variavam entre os valores da «geral» e os dos melhores lugares da plateia – já que nas frisas e nos camarotes entravam três a cinco pessoas e o preço individual resultava semelhante ao daqueles últimos. Isto resulta numa proporção média de três para um, em que a entrada mais cara custaria três vezes mais do que a mais barata. Portanto, a única incidência dos preços dos bilhetes no processo de selecção de públicos resultaria das possibilidades económicas que cada família tinha para poder assistir, toda junta, aos espectáculos. Somente no São Carlos, a selecção imposta pelo preço dos bilhetes era relevante, pois o preço de uma geral era de 1.000 réis, cerca de quatro vezes mais cara do que nos outros teatros. De notar, que 1.000 réis foi também o preço de entrada nos quatro concertos de música de câmara realizados em Maio no salão do mesmo teatro.333 Seria este o valor ideal para seleccionar a composição da assistência.
A «sociedade elegante» nos teatros O jornal O dia descreve um serão ideal em tempo de Verão: «Jantar bem, dar uma volta pela Avenida e às oito e meia entrar na Rua dos Condes e vêr o Reino das Mulheres, é o melhor preservativo contra a cholera, dado que a alegria é saudável e os [...] [actores] não consentem que ninguém esteja triste no theatro».334 Parece referir-se ao mais comum dos cidadãos, cujo principal interesse seria divertir-se e esquecer por alguns momentos as preocupações quotidianas. Mas também as famílias mais distintas da sociedade lisboeta estavam presentes e, contrariamente ao que se poderia supor, a sua frequência não se limitava ao Teatro de São Carlos. A imprensa relata imensas situações, listando inclusivamente o nome dos presentes, em que os apelidos mais notáveis assistiram a espectáculos noutros teatros. Começando pela família real, todas as vezes que algum dos seus membros assistia a uma representação teatral ou concerto isso era, naturalmente, noticiado. Para além da récita de gala
333 334
Valor inscrito nos programas de sala conservado no Serviço de Música da Biblioteca Nacional de Lisboa. O dia, 5 de Agosto de 1890.
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realizada no início do ano no São Carlos, o Rei D. Carlos não terá assistido a muitos mais espectáculos ao longo do ano naquele teatro. O Diário ilustrado informa sobre a sua presença na récita da ópera Linda de Chamounix de Gaetano Donizetti a 22 de Novembro.335 Outra aparição pública aconteceu no sarau de beneficência realizado a 3 de Junho no Salão da Trindade, em que se fez acompanhar pela Rainha D. Amélia e pelo Infante D. Afonso. Poucos dias antes, a Rainha D. Amélia já havia comparecido nesse mesmo local com o Infante, para outro evento semelhante em favor da construção de um hospital em Almada. Só em Novembro se noticiou a presença do rei num concerto, nessa ocasião na Real Academia de Amadores de Musica.336 Em Junho, no dia 12, assistiu a um espectáculo no Real Coliseu de Lisboa, numa ocasião em que a grande atracção era o concerto do guitarrista Jimenes Manjon.337 Em 23 de Outubro, o Infante D. Afonso assistiu a um espectáculo de circo no novo Coliseu338 e acerca do dia 16 de Novembro surgem informações contraditórias: escreve o Diário ilustrado que a família real esteve no São Carlos aquando da representação de Lucrecia Borgia, também de Donizetti;339 porém, O dia informava que o Rei esteve no Coliseu dos Recreios. Este jornal aproveitou a circunstância para solicitar a presença do rei também noutros teatros, de forma a contribuir para a resolução da crise teatral que se atravessava.340 D. Carlos acedeu ao pedido e, em 26 de Novembro, presenciou no Teatro do Ginásio à representação de quatro comédias. Também a «sociedade elegante» frequentava estes mesmos locais. Na imprensa eram regularmente publicadas listas compostas por nomes dos mais ilustres presentes em récitas do Teatro de São Carlos.341 Por sua vez, a empresa exploradora do Real Coliseu de Lisboa promovia todos os Sábados espectáculos especialmente vocacionados para este público,342 os quais seriam muito concorridos, ao ponto de se escrever deste modo na imprensa: «A sala do Real Colyseu de
335
Diário ilustrado, 23 de Novembro de 1890. Diário ilustrado, 24 de Novembro de 1890. 337 Diário ilustrado, 13 de Junho de 1890. 338 Diário ilustrado, 24 de Outubro de 1890. 339 Diário ilustrado, 17 de Novembro de 1890. 340 O dia, 17 de Novembro de 1890. 341 Ver, por exemplo, Diário ilustrado, 21 de Novembro de 1890. 342 Diário ilustrado, 9 de Março de 1890; Diário ilustrado, 5 de Julho de 1890. 336
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Capítulo 7 – Os públicos
Lisboa deve apresentar hoje um aspecto encantador. Visto o numero de camarotes alugados pelas principaes familias, o Colyseu deve parecer um elegante salão aristocratico.»343 Já no Coliseu dos Recreios, os seus responsáveis preferiram as Segundas-feiras para esse efeito, atendendo ao conselho de alguns «habitués de S. Carlos» que lembraram ser aquele o de descanso do teatro lírico.344 Em poucas situações foi destacada a presença destes espectadores noutros teatros. Para tal, parecia ser necessária uma ocasião extraordinária, como foi o dia 2 de Maio no Teatro do Ginásio, em que se deu uma récita em honra do jornalista e dramaturgo Gervásio Lobato.345
A «moda» do Jardim zoológico A tarefa de quantificar o público que frequentava o Jardim Zoológico é bastante mais fácil, pois a empresa que dinamizava aquele espaço facultava esses dados à imprensa. De facto eram números impressionantes para a época, levando mesmo, a partir da Primavera, alguns jornais a afirmarem que aquele recinto estava «em moda».346 Segundo o Diário ilustrado, em 1889 haviam sido vendidas 145.630 entradas, mais 50% do que em 1888.347 No dia 4 de Maio, um dia em que as condições meteorológicas até nem estariam muito favoráveis «concorreram ao Jardim 8:000 pessoas, entre as quaes 3:700 creanças»348 Apresentava-se nesse dia um «concerto excêntrico de guiseiras e ladrilhofone» e o «4º concerto da banda à francesa», para além de «uma das melhores bandas militares».349 Os ingressos custavam 100 réis,350 um valor que era acessível à maior parte das famílias. À medida que o ano foi avançando os números foram crescendo e em Julho escrevia-se no Diário ilustrado que era «raro não encontrar ali 6 a 7 mil pessoas» e que «já ali houve n’[aquela] epocha, um espectaculo em que se venderam 14635 bilhetes e outro em que as entradas se elevaram a 11600.» Era, sem dúvida, o local da cidade de Lisboa onde a música era escutada por mais pessoas.351
343
Diário ilustrado, 28 de Junho de 1890. Diário ilustrado, 13 de Novembro de 1890. 345 Diário ilustrado, 3 de Maio de 1890. 346 O dia, 3 de Maio de 1890. 347 Diário ilustrado, 6 de Janeiro de 1890. 348 Diário ilustrado, 6 de Maio de 1890. 349 O dia, 3 de Maio de 1890. 350 O dia, 6 de Maio de 1890. 351 Diário ilustrado, 8 de Julho de 1890. 344
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8. A expressão musical das causas políticas 1890 foi o ano de todas as exaltações patrióticas, pois o confronto diplomático com os ingleses suscitou inúmeras manifestações por parte de todos os quadrantes políticos e de todos os estratos sociais. Nesse contexto, a música serviu em muitas ocasiões para salientar o fervor patriótico de uns e o ímpeto revolucionário de outros. Entre os muitos eventos públicos que foram promovidos para enaltecer a auto-estima nacional, dois se destacaram pela maior expressão que neles teve a componente musical. O primeiro aconteceu a 10 de Março no Real Coliseu de Lisboa e consistiu num «Grande Sarau litterario musical promovido pela comissão executiva dos aspirantes da marinha e Associação Musica 24 de Junho» em que o produto da venda dos bilhetes revertia para a «Subscrição Nacional»352 – uma inglória recolha de fundos destinada a financiar a aquisição de navios para a armada portuguesa. Nele participaram os músicos de todas as orquestras dos teatros, formando uma orquestra composta por 120 executantes, e algumas bandas militares.353 A direcção musical deste concerto esteve a cargo dos maestros Filipe Duarte, Augusto Gaspar e Francisco Gazul e foi interpretado o seguinte programa: 1ª parte 1.º–A Camões, marcha ... G. Cossoul 2.º Discurso pelo Missionário Barroso 3.º–Preludio da opera D. Branca ... Ex.mo Sr. A. Keil 4.º–Aldighieri Junior, scena comica pelo Ex.mo Sr. Valle ... Ex.mo Sr. Eduardo Garrido 5.º–Airs de Ballets ... Ex.mo Sr. A. Machado 6.º–Um bravo do Mindello, cançoneta pelo Ex.mo Sr. Taborda ... Ex.mo Sr. Accacio Antunes 7.º–Marcha Triumphal ... Ex.mo Sr. Feitas Gazul Intervallo 2.ª parte 8.º–Alvorada, pela bandas e fanfarras da guarnição ... Ex.mo Sr. M. A. Gaspar 9.º–Os Oculos da Avosinha, Historia Antiga, pela Ex.ma Sr.ª D. Lucinda do Carmo ... Ex.mo Sr. Machado Corrêa 10.º–A Cruz Vermelha, marcha ... Ex.mo Sr. A. Taborda 11.º–Juizo Final, poesia recitada pelo Ex.mo Sr. Ferreira da Silva ... Ex.mo Sr. D. João da Câmara 12.º–A Orphã, poesia recitada pelo Ex.mo Sr. Mello ... Ex.mo Sr. Barros Seixas 13.º–A portugueza, pelas bandas e fanfarras ... Ex.mo Sr. A. Keil 354
352
Diário ilustrado, 10 de Março de 1890. Diário ilustrado, 4 de Março de 1890. 354 Programa de concerto conservado no Serviço de Música da Biblioteca Nacional de Lisboa. 353
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No dia 29 de Maio uma comissão académica organizou outro concerto com idêntico propósito. Desta vez no Teatro de São Carlos e com os músicos daquela casa. O programa anunciado era menos comprometido, na medida em que não se baseava em Marchas mas sim em excertos de óperas conhecidas, tais como Guilherme Tell, de Rossini, e Simon Boccanegra, de Verdi. Porém, incluía também a cantata Pátria que Alfredo Keil havia composto seis anos antes a fim de ser interpretada pela então recém-criada orquestra da Real Academia de Amadores de Música no Real Coliseu de Lisboa.355 Embora não constasse no programa, também nessa ocasião foi interpretada a marcha A portuguesa, da autoria do mesmo compositor. Brilhante, o concerto de hontem, em beneficio da subscripção nacional, e promovido por uma commissão academica! O programma, com pequenas excepções, foi todo executado, e muito bem, principalmente a Portuguesa, marcha, e a patria, cantata, composições patrioticas do maestro Keil. A Portuguesa, principalmente, causou enthusiasmo: Tetrazini, Bulicioff, Corsi e Pasqua apresentaram-se com bandeiras nacionaes, e os espectadores, da plateia e camarotes, levantando-se, offereciam um bellissimo aspecto, predominando na toillete das senhoras as cores nacionaes.356
Estava já nesta altura em fase bastante adiantada o processo que transformaria A portuguesa numa «marca sonora» distintiva e um dos principais ícones da causa republicana – como bem explica Rui Ramos no seu artigo «O cidadão Keil: A Portuguesa e a cultura do patriotismo cívico em Portugal no fim do século XIX».357
«A portuguesa» e outros hinos Entre os vários hinos que foram compostos na ressaca política do Ultimatum inglês distinguiram-se quatro: o Hino do povo, o Hino do futuro, a Marcha do ódio e, obviamente, A portuguesa. Na época os hinos que eram tocados em ocasiões oficiais eram o Hino da carta e o Hino da Restauração. O primeiro era tocado em ocasiões em que os membros da família real se encontravam presentes. Isso aconteceu, por exemplo, a 3 de Março, quando o Rei inaugurou uma canhoneira. Nessa cerimónia «A charanga do corpo de marinheiros tocou o hymno da carta.»358 355
Teresa CASCUDO, «Alfredo Keil, compositor», in António Rodrigues (ed.), Alfredo Keil 1850-1907, Lisboa, Galeria de Pintura do Rei D. Luís, 2001, pp. 340-341. 356 O dia, 30 de Março de 1890. 357 In António Rodrigues (ed.), Alfredo Keil 1850-1907, Lisboa, Galeria de Pintura do Rei D. Luís, 2001, pp. 475-509. 358 Diário ilustrado, 4 de Março de 1890.
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Também no Real Coliseu de Lisboa, quando em 12 de Junho a Rainha e o Infante D. Afonso aí assistiram ao espectáculo. «Á sua chegada ao camarote a orchestra tocou o hymno da Carta pondo-se todo o publico de pé, e tirando os chapéus.»359 Por sua vez, o Hino da Restauração era tocado em outras situações menos protocolares. Por exemplo, num sarau de ginástica e esgrima realizado em 27 de Fevereiro no Real Coliseu «foi pedido o hino nacional e a banda tocou o da Restauração».360 Mas os novos hinos serviam melhor a exaltação contestatária à sobranceria inglesa e, sobretudo, a oposição ao regime. Foi essa a razão que fomentou a sua aceitação no seio das bandas de música civis e nos teatros. O Hino do povo foi composto por Plácido Stichini para ser interpretado no Teatro da Rua dos Condes em 24 de Fevereiro. A composição não obteve grande sucesso, já que ao longo de todo o ano só temos notícia de ter sido novamente tocada a 6 de Março no Teatro da Avenida, numa festa em honra do explorador Serpa Pinto. Também a Marcha do Ódio, com música do pianista portuense Miguel Ângelo Pereira e letra de Guerra Junqueiro, terá tido uma difusão modesta. Ainda assim, a sua partitura estava à venda ao público361 e foi tocada no Teatro Alegria durante o mês de Abril. Mais sucesso teve o Hino do Futuro que Rio de Carvalho fez tocar primeiro no Teatro Luís de Camões e depois, no mês de Março e Abril no Teatro do Rato. O circuito deste reportório desenhava-se entre os teatros e as sociedades filarmónicas. Foi também aí que A portuguesa fez o seu percurso. É costume afirmar-se que debutou nos palcos na condição de final do a-propósito patriótico As cores da bandeira, os versos de Lopes de Mendonça que subiram à cena no Teatro da Rua dos Condes.362 Efectivamente, a marcha foi «cantada por toda a companhia, côro e coristas, orquestra e fanfarra»363 desde 19 de Março e durante dois meses nesse teatro. Porém, quando se deu essa estreia já A portuguesa era tocada
359
Diário ilustrado, 13 de Junho de 1890. O dia, 28 de Janeiro de 1890. 361 Amphion, 16 de Abril de 1890. 362 Por exemplo, em Rui RAMOS, op. cit. 363 Diário ilustrado, 18 de Março de 1890. 360
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diariamente havia mais de um mês no Teatro Alegria e havia cerca de duas semanas também no Teatro da Avenida. No dia 12 de Fevereiro publicava-se no Pontos nos ii: A Portugueza é um hymno de revindicta patriotica, que o maestro Alfredo Keil construiu pujantemente, sobre letra do poeta Lopes Mendonça, inspirando-se de phrases dos nossos mais antigos cantos de guerra e canções populares. Foi doado cavalheirosamente, pelo talentoso musico, a um grupo de patriotas que o edictou, e gratuitamente o vae distribuir a todas as bandas e sociedades philarmonicas e musicaes que o reclamarem. Ha exemplares por todas as livrarias e armazens de musica. Nós temos ainda alguns exemplares para o offerecer a quem os desejar.364
Foi, portanto, o próprio Alfredo Keil quem colocou à disposição a sua composição para ser interpretada pelas bandas civis. Mas a partir do dia 13 de Fevereiro os intentos do compositor, fossem eles quais fossem, foram largamento superados. A peça foi pela primeira vez tocada num teatro, no Teatro Alegria. N’aquelle theatro tambem se executou hontem, pela primeira vez, o hymno de Alfredo Keil, A Portugueza. O publico ouviu-o de pé e descoberto. O hymno foi bisado e, quando repetia, o panno subiu apparecendo no palco um dos empresários, o sr. Barata, rodeado de toda a companhia e empunhando a bandeira portugueza. O sr. Enrique Diaz e os artistas do Colyseu Saltamontes e Depps subiram ao palco, e abraçaram-se ao pavilhão portuguez. Saltamontes, enthusiasmado e commovido, sahiu do theatro, foi comprar uma porção de flôres que distribuiu pelos artistas e de confeitos com que mimoseou a pequenina actiz Libania. O Depps, que tem um verdadeiro typo d’inglez, gritava, para que não o confundissem, que era allemão. Houve grande enthusiasmo, sendo a formosa composição do sr. Keil repetida seis vezes.365
Esta descrição permite perceber a origem do fenómeno que resultaria no hino nacional português em 1910. A partir desse dia, e durante largos meses, a música não deixou de ser interpretada regularmente nesse e noutros quatro teatros. Designadamente, nos já referidos teatros da Rua dos Condes e da Avenida e também nos teatros do Ginásio,366 do Rato e Luís de Camões. Nos dias seguintes à sua estreia a marcha era repetidamente tocada e cantada por entre os mais entusiasmados clamores. O próprio compositor se rendeu rapidamente a este movimento, pois logo a 24 de Fevereiro esteve presente no Teatro da Avenida, chegando mesmo a subir ao palco com a bandeira empunhada.367 Por vezes, A portuguesa deu azo a confrontos ideológicos bastante tensos. No dia 16 de Fevereiro, por exemplo, foi tocada no Teatro da Alegria «por umas 5 vezes e em três das quais foi cantada a letra. […] Foi por todos ouvida de pé excepto por um chefe de
364
Pontos nos ii, 12 de Fevereiro de 1890. O dia, 14 de Fevereiro de 1890. 366 Diário ilustrado, 24 de Abril de 1890. 367 O dia, 25 de Fevereiro de 1890. 365
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esquadra que estava presente.»368 Estes episódios constrangedores sucederam-se com grande frequência: No dia 8 de Março um cavalheiro não se quis levantar quando se tocou A portuguesa e no jornal O dia chega a ser sugerido que «estas pessoas deviam ficar em casa, pois já sabem que a marcha vai ser ouvida».369 A portuguesa tornou-se portanto num símbolo de oposição ao regime. Era tão popular que emprestava o seu título aos mais variados produtos, tais como os charutos que eram vendidos por 30 réis na Tabacaria Americana, ao Chiado.370 A determinada altura começou a ser notada uma saturação. Primeiro através da imprensa afecta ao partido que ocupava o poder. O Diário ilustrado, publicou em Maio uma crítica ao drama que se representou no Real Coliseu de Lisboa e não perdeu a oportunidade para comentar: «Tres ou quatro vezes a Portugueza apparece, como Pilatos no Credo e violenta-nos a ouvil-a de pe, á ordem auctoritaria da geral, que berra como possessa!»371 Mais tarde seria O dia a fazer semelhante reparo a propósito de um espectáculo de circo: o excentrico Visconti, eximio nas variações de voz, nas guizeiras, no piano tocado em todas as posições, etc. A proposito de Visconti convém notar que o publico já hontem começou a maçal-o com a Portuguesa, que ele não sabia toda, por sinal. Não seria máu que acabasse a achincalhação do patriotismo por circos e salas de theatro, systema que na epocha passada ía dando já deploraveis incidentes.372
A proibição das bandas filarmónicas Mas, como foi dito, estes hinos também eram tocados pelas diversas bandas civis existentes em Lisboa. Esse facto esteve, aliás, na origem da proibição da regular actividade das mesmas por parte do Governo Civil de Lisboa. Os jornais da oposição aproveitaram o ensejo para criticar a postura autoritária dos governantes. No dia 25 de Abril O dia contextualizava a situação: A população ainda até hoje se não queixou contras as philarmonicas, nem ellas são tantas que a toda a hora, em todos os largos e ruas, se encontre uma tocando; pode-se dizer mesmo que os passeios das sociedades musicaes quasi que são raros, e, quando se realisam, todos gostam porque veem pôr uma nota alegre e 368
O dia, 17 de Fevereiro de 1890. O dia, 12 de Março de 1890. O dia, 29 de Maio de 1890. 371 Diário ilustrado, 6 de Maio de 1890; podem ser consultadas descrições detalhadas destas situações nas edições de 21 e 23 de Abril de 1890 do jornal Novidades, designadamente sobre factos ocorridos no Real Coliseu de Lisboa e no Teatro do Ginásio. 372 O dia, 10 de Outubro de 1890. 369 370
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estridente n’este viver de frade a que Lisboa esta condemnada. Não havia, pois, motivo para que o sr. governador civil prohibisse mais este uso da liberdade. Diz-se que o que provocou mais este escusado auctoritarismo foi o terem vindo os espiões que [auxiliam] o governo civil contar que em todas as philarmonicas se estava ensaiando a Portugueza. Mas o que tem isso? A Portugueza é uma marcha bem feita, sob o ponto de vista musical, por um musico tão pouco revolucionario que até é commendador e que não se converterá em hymno de revolta senão no dia em que a prohibirem.373
As sociedades filarmónicas, que eram por uns considerados um factor de progresso civilizacional, eram, por outros, apontadas como antros de conspiração política. Ou, porventura, mais certo seria que fosse temida a conotação simbólica d’A portuguesa como instrumento de exaltação das ideologias contestatárias dos cidadãos. Mais eficazes na sua disseminação do que as orquestras dos teatros, eram as bandas musicais que andavam pelas ruas e chegavam a toda a gente. Seth d’Usias expressou o sentimento de quem se opôs à sua proibição no já citado artigo d’O Cabrion. Depois da guerra ás flores, a guerra á musica. Em seguida á prohibição dos bouquets nos pedestaes das estatuas, a prohibição das polkas nas philarmonicas da capital. Guerra aos lyrias e aos clarinetes! Abaixo as rosas e os figles! Morram as violetas e os cornetins! D’hoje ávante, o unico instrumento que ao lisboeta é dado ouvir, é o apito policial […]
373
O dia, 25 de Abril de 1890.
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9. A escuta A escuta praticada É relativamente fácil encontrar testemunhos sobre o público de finais do século XIX que não abonam a sua respeitabilidade pela obra artística. As audiências lisboetas daquela época estariam identificadas com um modelo de recepção fortemente afectado pela importância que era dada à componente social inerente a qualquer ida ao teatro, ópera ou concerto. Isso mesmo confirma-se com a leitura dos periódicos de 1890. Quando o Coliseu dos Recreios foi inaugurado, em 14 de Agosto deste ano, uma das principais críticas que lhe foi endereçada consistia no facto de a sua grande dimensão não ir ao encontro das motivações do público: Outro defeito que encontramos no novo Colyseu é o defeito d’uma das suas primeiras qualidades, o ser extraordinariamente grande. É preciso ter uma vista excellente para das cadeiras enxergar quem está nos camarotes, para d’um lado do circo para o outro, reconhecer quem lá está. Ora isto que n’uma grande cidade, em Paris por exemplo, onde quem vae a um espectaculo, não seria de forma alguma um defeito, é em Lisboa onde a maior parte da gente vae ao theatro para ser vista, para se encontrar com as pessoas das suas relações, para estar com gente conhecida, para ver o seu nome no jornal no dia seguinte. Ora no novo Colyseu, quem pensar em lá ir para isso perde absolutamente o seu tempo e parece-me que hade ser muito difficil implantar ali as funcções da moda, que tanto dinheiro tem dado a ganhar ao velho Colyseu.374
Os teatros e os coliseus não seriam os espaços mais indicados para aqueles que estavam exclusivamente interessados em ouvir música. Segundo Ernesto Vieira,375 havia ruídos, as pessoas conversavam distraidamente, riam, fumavam e nem sempre prestavam a maior atenção ao que se passava em cima do palco. No seu entender, com as excepções das Academias, dos poucos concertos de música de câmara e do Teatro de São Carlos, não havia essas condições nem os intérpretes eram sempre da melhor qualidade. Escrevia ele assim referindo-se ao São Carlos: […] fica-se longe das salas onde pianistas sem alma, nem ouvidos, nem educação musical, nem sequer a mais leve idéa do que seja musica propriamente dita, estropiam tudo quanto lhes parece e lhes permitte o 376 mau gosto ou a paciencia de quem os ouve.
374
Ocidente, 21 de Agosto de 1890. Gazeta musical, 16 de Novembro de 1890. 376 Ibid. 375
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Podia haver nestes locais, portanto, a experiência de escutar música em silêncio, como o comprova esta inscrição impressa nos programas de sala da Real Academia de Amadores de Música: «Roga-se o favor de não sahir da sala durante a execução de qualquer trecho». E escutava-se a música com a maior das atenções, como acontecia nos concertos de música de câmara. Este raciocínio publicado no Novidades permite, inclusivamente, nele se reconhecerem os mais elevados ideais do iluminismo. Depois de elogiar os intérpretes Rey Colaço, Hussla e todos os restantes, o jornalista escrevia a propósito do primeiro dos concertos apresentados em Maio no salão do Teatro de São Carlos: Compehendida, como elles a comprehendem e a revelam, essa grande arte terá os mais salutares e fecundos effeitos para todos os que sejam susceptiveis de tornar-se superiores por meio dos fortes estimulos com que as manifestações do genio reflectem, encantam e dão significação suprema á nossa vida. […] Depois de se ouvir attentamente, religiosamente Beethoven, Mozart, Mendelssohn, fica-se certamente melhor pessoa.377
Mas o silêncio podia corresponder a uma manifestação de desagrado, pois quando o público não batia palmas sucessivas e bradava bravos calorosos estava a demonstrar o seu desagrado. No dia 4 de Janeiro, em que se apresentou A estrela do norte, o jornalista do Diário ilustrado escreveu desapontado que a ópera «foi ouvida em silêncio, á excepção da disctinta cantora Emilia Corsi, na sua aria do 3.º acto, e do baixo Ercolani na aria do 2.º»378 – como alternativa, também se podia tossir.379 Mas no São Carlos estava estabelecido um padrão de comportamento que se traduzia num interesse mais dedicado aos protagonistas que se apresentavam nos camarotes do que àqueles que subiam ao palco. O exemplo que melhor ilustra essa situação foi a presença de um grupo de espectadores formado por uma embaixada moçambicana nos camarotes 67 a 70 aquando da representação da ópera Profeta de Meyerbeer em 27 de Março. O jornalista do Diário ilustrado relatava o interesse suscitado junto da assistência. Os bons negros foram alvo de grande curiosidade. Da plateia e dos camarotes assestavam-se-lhes binoculos, e no corredor houve sempre enchente. Apresentaram-se á europea: casacos de varios feitios, chapeus de côco e chancas brancas. E lá se ageitavam a andaina, mal que bem. Até, para cumulo do seu catitismo, se 377
Novidades, 10 de Maio de 1890. Diário ilustrado, 5 de Janeiro de 1890. 379 «Ora, em São Carlos faltaram, quasi por completo, todos estes elementos, e por isso a opera não agradou e fez lembrar á platéa que estava attacada de ‘influenza’, provocando-lhe uma tosseira impertinente.», in O dia, 5 de Janeiro de 1890. 378
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enfeitaram de bouquets, vendidos pela florista do theatro. Prestavam grande attenção, em posturas correctas: braços cruzados, mão encostada á face, etc. Pelas alturas do 3.º acto já applaudiam como os demais espectadores. A musica impressiona-os em extremo, o que já tinha sido notado na Luz, quando ouviram a banda do Collegio Militar. Hontem um d’elles chegou a chorar dolentemente, tocado das harmonias. Depois da musica, as danças: os olhos iam-se-lhes nas dançarinas; riam, e trocavam ditos entre si, com olhares sublinhados. Foram ao palco, e andaram pelo salão, não se mostrando enfadados. Apenas um d’elles, alli pela volta da meia noite, bracejou um espreguiçamento, levando as mãos até ao tecto do camarote. Os espectadores riram, e elle tambem.380
Curiosamente, era um contemporâneo de Ernesto Vieira que chamava a atenção para um outro tipo de escuta. Fialho de Almeida vinha a publicar desde finais de 1889 uma colectânea de textos intitulada «Os Gatos», que mais não era do que uma sagaz crítica de costumes.381 No segundo capítulo do primeiro volume ele descreve um momento musical passado num café de fadistas situado perto da actual praça do Martim Moniz. Aí, José Augusto Sérgio da Silva, que havia sido primeiro violoncelista da Orquestra do Teatro de São Carlos, tocava acompanhado ao piano todas as noites por volta das 20h00. Muita gente se deslocava com o propósito de ouvir música nesse estabelecimento onde eram interpretados, por exemplo, excertos da ópera Fausto de Gounod. Fialho de Almeida descreve detalhadamente um ambiente ao mesmo tempo pitoresco e ébrio, mas todo o artigo é orientado para a caracterização do tipo de escuta. Todo o seu raciocínio é sustentado num conceito: a «plasticização da escuta». Ele consiste numa transformação psíquica que resulta da capacidade que determinadas músicas têm para sugestionar imagens no ouvinte. Temos por um lado sons que «nos fazem gozar, sem dúvida, mas só pela vibração ritmada que produzem, sob cuja martirizante acuidade os outros sentidos visionem a porção de gôzo que a alma assimilou». Não têm, contudo, «poder para evocar dentro de nós estados plásticos». Esta música é escrita ou executada «sem dor» e «sem alma». Por outro lado, temos aquela música em que «a imaginação visual plasticiza rápido». Fialho de Almeida entende a escuta de forma vinculada a algo que lhe é extrínseco – a imagética. Porém, não deixa de ser uma importante distinção que nos vem informar que uma escuta atenta e exclusivista era praticada nos contextos
380
Diário ilustrado, 28 de Março de 1890; Outra ilustração bastante pormenorizada desta situação pode ser lida na edição de 28 de Março de 1890 no jornal Novidades. 381 F. de ALMEIDA, Op. cit.
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mais variados. Desta forma é dada maior importância à componente performativa e à ambiência física e mental que contextualiza a prática musical. Como principal consequência, a obra artística assume uma dimensão que vai muito para além da partitura. A situação que Fialho de Almeida descreve parte de um facto verídico, para depois deambular livremente pela mais pura ficção, que mais não representava do que a concretização da escuta praticada. Sérgio da Silva existiu e o evento da sua morte no início de 1890 foi lamentado nos jornais. Se a Hespanha soffre d’este momento a mais cruel dôr pela perda de Gayarre, o seu artista dilecto, nós temos de concentrar-nos tambem n’um grande sentimento de paixão, porque acabamos de perder egualmente um artista privilegiado, o violoncellista Sergio. Ainda ultimamente foi tão fallada e tão discutida na imprensa a sua sahida da orchestra de S. Carlos, onde não appareceu, nem temos quem o substitua, para ir tocar n’um café popular da Mouraria. Sergio era evidentemente um excentrico; mas era tambem um grande artista, cuja perda todos lamentam. Quantas vezes ouviu elle com a maior indifferença os mais enthusiasticos applausos da illustrada platéa de S. Carlos! E todavia commovia-se ate ás lagrimas com as palmas dos frequentadores do café barato, quando lhes tocava no seu magico instrumento os ‘Ruidos do dia’, em que tirava effeitos de uma execução maravilhosa. Á ultima morada foi acompanhado por muitos dos seus mais distinctos collegas. Sentidos pezames a seu filho, que é já um artista de bastante merito.382
Por ser real, resulta surpreendente constatarmos que, a avaliar pelo que escreveu Fialho de Almeida, se escutava com bastante empenho fora do Teatro de São Carlos. Se alguma voz então corta o silêncio, logo as cabeças todas se levantam num shut! De cólera egoísta, que fecha a bôca dos mais audazes; e o violoncelo cala-se ainda, à espera de que passe na sala o primeiro calafrio d’impaciência, todo êle banhado nessa onda de fluido emocional que rola d’alma a alma, engrossado pela nevrosidade dos mais fracos, e revoluteando de entôrno à indiferença dos rudes, té conquistá-la e fundi-la, como uma cera 383 mole, sob a conturbadora volupia do seu spasmo.
Fala também das condições envolventes necessárias para que esse fenómeno se pudesse verificar, pois «as imagens acordadas pelos músicos reclamam para se produzir, a ausência de sugestões que desviem o espírito, a atenção, doutras matérias.» Essas condições, segundo o autor, dependem da própria música que se faz ouvir e que por vezes não se adequa a lugares tão prováveis como a sala de concerto. Neste salões não estava favorecido aquele tipo de escuta, o que era devido, em boa parte, às «fórmulas artificiais da correcção», mas também às inúmeras distracções: 382 383
«Sergio», in Tim tim por tim tim, 12 de Janeiro de 1890. Op. cit. p.128.
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Um salão de concêrto, com a policromia dos trajos, as distracções da beleza feminina, a afectação dos tipos, e a chateza das opiniões pedantescamente alardeadas, raras vezes é anfiteatro atinente à transformação do fenómeno acústico em luminoso. Tem por demais motivos irritantes, vindo das luzes, das côres, da permuta das idéas e da intensidade rubra dos desejos, que entram em nós como agentes corrosivos da sutilima trama mental sob que poderia dar-se a transposição sensória que lhes disse.
Segundo Fialho de Almeida, o processo que conduzia à afectação artística estava desvinculado da submissão ao conceito de obra de arte, a qual ainda hoje orienta uma grande parte da investigação musicológica. Portanto, não era bastante tratar-se da música dos mestres mais consagrados: Sempre que releio Massenet, ou oiço tocar o Pablo Sarasate, o interêsse domina-me, mas sem nenhuma espécie d’ideação embevecida. Aquilo será bem feito, ou sábio, correcto, inimitável: entanto, eu não consigo, durante a audição, isolar-me de mim próprio. Amordaçar as animalidades do meu ser: e aconteceume ter fome, ouvindo Sarasate tocar Beriot …
Tão pouco era consequente de uma educação mais cuidada: […] nem sempre a espécie de instrumento que transmite a musica, nem sempre a raça de que o auditor faz parte, nem sempre a educação, nem sempre o meio, são factores indispensaveis à juxtaposição de tal trecho a tal sensibilidade.
Era, afinal, um momento de maior predisposição psíquica do indivíduo: O som de um harmónio, por exemplo, tocado na rua por um cavalariço estúpido que passa, consegue às vezes orvalhar de sonho a melancolia de um artista, cujo nervosidade em outras horas se permitiria desdenhar a mais correcta música dum quarteto de mestres europeus.384
Uma frase resume todo o seu raciocínio: Já me tenho surpreendido a pensar se a questão da receptividade psíquica para a música não será exclusivamente um caso de momento.385
A consciência do ruído Resta referir a forma como o desconforto auditivo era considerado na época. Um dos testemunhos sobre o incómodo provocado por determinados sons já foi citado no Capítulo 5, quando foi abordado o assunto dos pregões de Lisboa. Estas entoações repetitivas eram para
384 385
Op. cit. p. 133. Fialho de ALMEIDA [1889], Os Gatos, vol. 1, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1945, p. 132.
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alguns intoleráveis.386 E a sonoridade do realejo, que para outros evocava os sentimentos mais prazenteiros, também podia ser apontada com o maior desagrado. A propósito da inauguração de um ciclorama na Avenida da Liberdade, uma instalação em que o público era convidado a entrar num navio simulado e desde aí apreciar as vistas de cidades como Barcelona ou Cadiz, o articulista teve o cuidado de descrever os sons que lhe eram dados a ouvir: «Para a ilusão ser completa, sente-se até o ruido da machina a vapor e o embate das ondas». Mas antes disso comparava positivamente esta empresa com outras anteriores, as quais propunham basicamente «vistas puxadas a cordelinho» e a «exhibição ronceira de Estampas d’Epinal ou de oleographias más, com peores lentes e o realejo á porta a moer-nos o ouvido». Também neste outro artigo, assinado por Zetho [sic] e publicado no Amphion,387 o realejo não era apreciado. Aí, o autor faculta aos seus leitores uma receita, para que estes se possam livrar de tal «flagelo». Relata um encontro entre os dois dramaturgos franceses Émile Augier – falecido no ano anterior – e Julio Sandeau. Confrontado com a irritabilidade do seu colega, Augier oferece a seguinte receita: Vou indicar um [meio] que produz efeito maravilhoso. Um dia que estava á janella da minha casa da rua dos Martyres, estação obrigada de todos os músicos ambulantes, chegou um d’estes virtuose e começou a moer um bocado do Miserere. Em seguida, uma ária muito interessante, regalando-se logo depois com uma valsa de Strauss. Tomei uma cadeira onde me sentei com a maior commodidade. O algoz que me seguia, com indizivel prazer, todos os movimentos, favoreceu-me com uma quarta peça. Applaudi phreneticamente. Á quinta, chamei á janella toda a gente que tinha em casa e gritamos bis no cumulo do enthusiasmo. O concerto continuou sempre no meio de applausos incessantes e quando se acabou o repertorio, o tocador com o semblante iluminado pela perspectiva d’uma boa esmola, tirou o chapeu e começou a olhar para a janella onde eu estivera, da qual porem já me tinha retirado, fechando as vidraças, e indo espreitar por dentro das cortinas. Era uma crueldade, confesso, mas queria dar um lição. O tocador ficou tempo infinito á espera da esmola, e quando perdida a esperança, despeitado, poz ás costas a sua caixa de musica, deitou um olhar rancoroso para o numero da porta e foi-se embora. D’aquelle estava eu livre para sempre. Repeti a operação com cinco ou seis dos seus companheiros e nunca mais me atormentaram os ouvidos com a sua horripilante musica.
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O dia, 6 de Setembro de 1890. «Curiosidades: receita contra o flagello dos realejos», Amphion, 1 de Março de 1890.
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Conclusão Na introdução falámos de Murray Schafer. Evocamos agora outro raciocínio seu neste derradeiro capítulo. Numa conferência proferida em Março de 2002388 Schafer afirmou que toda a História da «paisagem sonora», assim como a História da Música, pode ser concebida em termos de «paredes»: diferentes tipos de «parede» que deixam passar determinados sons em prejuízo de outros; «paredes» com duas faces cujos acessos são permitidos a alguns indivíduos e negados a outros. Neste trabalho foi possível identificar múltiplas divisórias. Algumas delas já ruiram, outras permanecem até hoje e ajudam-nos a compreender o presente. Assim, verificámos que a dicotomia entre a música germânica e a música italiana era somente uma de entre as muitas «paredes» que se erguiam no final do século XIX. Havia outras igualmente importantes: entre músicos profissionais e amadores de música; entre música sacra e música profana; entre espaços exclusivos e espaços populares; entre os dias do calendário; entre entretenimento e solenidade; entre som e ruído; entre a escuta introspectiva e todas as outras, etc. Esta constatação resultou da leitura da informação que foi recolhida e cuja disponibilização é um dos méritos deste trabalho que pode ser reclamado. Trata-se, afinal, de recuperar uma memória que estava adormecida. Apesar das partituras, a música era, antes da vulgarização do suporte fixo de gravação, uma arte efémera. Só com um minucioso e sistemático tratamento de fontes alternativas é possível reconstituir práticas socio-musicais que permanecem hoje quase inteiramente desconhecidas. Poderia, por exemplo, não parecer importante saber que, a 14 de Setembro de 1890, as bandas da Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul e da Academia de Alunos de João Rodrigues Cordeiro tocaram a bordo de um embarcação que subiu o rio Tejo transportando alguns ilustres lisboetas. 389 Mas, este simples caso, porém, faz surgir as perguntas: é possível desenvolver um raciocínio consistente acerca do reportório que tocavam as bandas de música naquela época sem saber em que contextos se apresentavam?; é possível desenvolver um 388 389
Journées design sonore; conferência promovida pela Sociedade Francesa de Acústica em Boulogne Billancourt, nos arredores de Paris. Novidades, 12 de Setembro de 1890.
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estudo sobre o reportório que tocam hoje as bandas de música sem conhecer a sua proveniência?; pode-se perceber a importância política e social que as sociedades filarmónicas portuguesas tiveram ao longo de todo século XX sem considerar as situações que descrevemos no Capítulo 8? Sintetizamos a seguir as principais evidências que ressaltaram ao longo da presente investigação. O mercado lisboeta de músicos profissionais era relativamente pequeno. A música sacra proporcionava um sector de actividade importante para muitos deles, ainda que para a sua maior parte resultasse em prestações de serviços ocasionais. Os músicos amadores disputavam com os profissionais um espaço que lhes poderia pertencer. A música nos salões era extraordinariamente frequente e beneficiava de um enorme investimento por parte das famílias. A imprensa, porém, deixou-nos algumas lacunas por preencher, designadamente, no que diz respeito aos sons das casas de restauração. Do Fado conhecemos as grandes figuras como a Severa e outras sobre as quais Tinop nos contou,390 mas este fenómeno, durante um ano inteiro, só chegou por uma vez às folhas dos jornais consultados – e para sustentar um argumento contra a banalização da música nos teatros, enquanto contributo idealizado pelo assunto da idiomática musical nacional.391 Isto demonstra que a documentação de que dispomos ainda tem muito para nos revelar acerca deste período histórico. É certo que a selecção das fontes denuncia opções e comprometimentos metodológicos mas, independentemente da linha de investigação adoptada, elas estão sempre na génese do conhecimento. Tornou-se, por exemplo, um lugar comum afirmar que a esmagadora maioria dos cidadãos de Lisboa de finais do século XIX não escutava reportório clássico ou qualquer outro de maior complexidade compositiva. Com efeito, agora sabemos que a esmagadora maioria daquelas pessoas nunca chegou a ouvir uma sinfonia em toda a vida e, no entanto, o reportório mais estudado pela Musicologia continua a ser aquele que era menos ouvido. Não se tratando de uma novidade, foram agora propostos alguns números que, sem
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Pinto de CARVALHO [Tinop], História do Fado, Lisboa, Livraria Moderna, 1903. F.F., «A música nos nossos teatros», in Amphion, 16 de Julho de 1990.
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a pretensão de serem entendidos como absolutos, servem como um primeiro ensaio de quantificação daquela realidade. Saber que o Teatro de São Carlos albergava um máximo de 800 pessoas quando à mesma hora podiam estar reunidas 5.000 no Coliseu dos Recreios, também a ouvir música, e que poucas horas antes se poderiam ter juntado 10.000 no Jardim Zoológico para fazer o mesmo, proporciona-nos uma nova perspectiva. Ter em conta que o Teatro de São Carlos estava fechado seis meses por ano e que o conjunto dos seus espectáculos representava 5% da oferta teatral lisbeta, também dá um novo ponto de vista. Havia na altura uma prevalência da música popular, protagonizada pelas orquestras dos teatros, pelas bandas de música e pelos pianistas de circunstância. É este um caso evidente de como não são as estéticas musicais que, por si só, traçam fronteiras. Elas resultam de uma combinação entre os recursos estilísticos e a função social com que estão comprometidas. Em 1890, ouvir música era um acto de partilha comunitária. No Teatro de São Carlos, nas congregações religiosas, nos bailes, nos outros teatros, nos coliseus, nos salões particulares, nas Academias, nas ruas …, a música era parte integrante de reuniões em que as pessoas se juntavam com motivações comuns. A informação aqui compilada torna claro que o propósito dos eventos onde a música intervinha nunca era exclusivamente dedicado à arte dos sons. Não se pode, por isso, avaliar a dimensão da escuta introspectiva a partir de uma tão diminuta realidade como aquela que era representada pelos concertos e pelas representações operáticas. Essa exclusividade auditiva podia ser favorecida pelo carácter do evento, mas tinha de ser assimilada pela consciência do ouvinte e proporcionada pelo seu estado de espírito. Quando a escuta compenetrada se torna protocolar ela reintegra todas as referenciações externas que são sempre evocadas.392 Portanto, o público oitocentista não estava familiarizado com a passividade muda que se vinha impondo de forma crescente. Era frequente nessa altura a interacção entre a audiência e os intérpretes. A música fazia parte dos divertimentos e dos espectáculos, das
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Em Listening in Paris […], James H. Johnson utiliza o termo inglês «absorption». Nós traduzimos aqui como escuta introspectiva ou compenetrada; James H. JOHNSON, Listening in Paris: A Cultural History, Berkeley, University of California Press, 1996.
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ocasiões cerimoniosas e dos momentos de sociabilização mais recatados. Ela surgia em alternância ou em simultâneo com outras práticas sociais; fossem bailes, banquetes, concertos vocais, instrumentais, jantares, discursos políticos, espectáculos de todas as espécies, conferências, convívios sociais, privados, concursos, etc. A música pela música era algo que acontecia muito raramente. A música era um momento de lazer, ou seja, um manifestação cultural e, como tal, não tem de ser obrigatoriamente comparada em termos de atraso ou de avanço relativamente a quaisquer manifestações culturais características de outras cidades ocidentais da altura. Deve ser caracterizada de forma mais pormenorizada e redescoberta nos meandros da sua dinâmica interna. A música não era um fenómeno absolutamente elitista, nem sequer sinónimo de exclusão social. Ao invés, era de uma forma ou de outra partilhada por todos os habitantes da cidade. Considerando o que foi anteriormente descrito, era impossível haver algum cidadão que não soubesse o que era música. Ela representava Festa, expressão de afectos sociais e distinção social. Resulta evidente que o que a tornava importante em finais do século XIX não era somente a sua validade estética nem a sua qualidade intrínseca. Era também a importância que assumia na Cultura global e nas práticas sociais do seu tempo. A sua utilidade estava fortemente delimitada pela sua condição de instrumento cívico. Um dos maiores contributos deste trabalho consiste em facilitar a compreensão daquilo que seria a consciência colectiva sobre o fenómeno musical naquela época. Nunca teremos uma definição exacta do que representava a música para aquelas pessoas, mas conhecer onde, quando e o que era ouvido, é uma passo essencial para poder perceber o valor que ela tinha para os ouvintes e como era escutada. Só assim podemos referenciar o discurso da época sobre música. Isolar os testemunhos do seu contexto original não pode senão conduzir a uma mascaramento das suas relações funcionais com outros domínios da existência humana. Não deve ser esquecido que para saber como um qualquer estrato social ouvia música é preciso referenciá-lo relativamente ao
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que ouviam os outros estratos sociais. Por isso, é necessário saber o que se passava para além do teatro de São Carlos – nos teatros de comédia, de opereta, de drama e nos Coliseus. No Capítulo 1 foi citada uma notícia acerca de uma representação no Teatro Alegria, na qual se inscreve uma frase que nos parece emblemática. Vamos, por isso, repeti-la: «Finalmente o maestro Symaria irreprehensivel no penteado e nos bigodes, tomou assento, empunhou a batuta, e a symphonia rompeu. Silencio absoluto; ouvir-se-hia o zumbido de uma mosca.»393 Independentemente das circunstâncias em que tal sucedeu, é possível entender este relato como uma chamada de atenção: o público oitocentista não estava sempre a namorar nem a negociar os títulos nobiliárquicos dos seus antepassados; também não pateava invariavelmente depois de cada número, nem se satisfazia com a primeira piada. No último capítulo deste trabalho, ensaiámos a discussão de uma temática que nos parece importante. Parece-nos fundamental saber como é que as pessoas ouviam, centrando o objecto de estudo mais perto do Homem em prejuízo da obra de arte, ou mesmo do contexto social que o envolve. Quando este trabalho foi iniciado perguntámos à bibliografia sobre tudo isto e não obtivemos resposta. Resolvemos então reendereçar a pergunta às fontes primárias, o que resultou num conjunto de informações que podem fomentar o debate sobre este período histórico. Não foi intento avançar com quaisquer reflexões especulativas. Contudo, a imensa quantidade de dados não deixou de ser interpretada e apresentada a partir de uma leitura própria. Pela sua riqueza e transversalidade, esta informação apela à atenção de todas as vertentes metodológicas cujo objecto de estudo é de alguma forma coincidente. Agora sabemos o que se passou durante o ano de 1890 e torna-se evidente a importância que poderá ter o desenvolvimento de esforço semelhante aplicado a um período de tempo mais alargado. Gostaríamos de poder comparar os dados aqui recolhidos com estudos semelhantes focados noutros períodos de tempo.394 Só nessa 393
O Dia, 8 de Março de 1890. A análise da imprensa poderá contribuir decisivamente para este levantamento. Um dos exemplos mais representativos da riqueza destas fontes são os artigos sobre a realidade musical portuguesa escritos por Diane de Monglave entre 1880 e 1883 e publicados no periódico francês L’Art Musical. Podemos aí encontrar importantes descrições sobre todos os domínios de actividade que foram abordados no presente trabalho durante aqueles anos; v. Diana SNIGUROWICZ (ed.), Répertoire International de la presse musicale, L’Art Musicale 1860-1870; 1872-1894, Michigan, University of Maryland, 1988. 394
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altura estariamos em condições de formular conclusões com maior alcance sobre o que era a música na transição do século XIX para o século XX na cidade de Lisboa. A única coisa que se vê concluída nesta tese é o exercício que nos propusémos realizar e cujas consequências foram aqui apresentadas. Elas apontam para um resultado tão embaraçoso quanto profícuo. Parece-nos evidente que o presente trabalho nos interpela com um número muito maior de perguntas do que de respostas. Por isso, estimula-nos uma grande vontade de saber mais. O objectivo será atingido se suscitar essa mesma vontade junto de outros investigadores e se incitar interesse junto daqueles que gostam de som, de música e, sobretudo, de escutar.
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Fontes documentais
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A ambiĂŞncia musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
ANEXOS
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A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo A1 – Listagem das récitas apresentadas no Teatro de São Carlos no ano de 1890. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
2/1/1890
Quinta-Feira
Othello
4/1/1890
Sábado
A estrela do norte; bailados da ópera
5/1/1890
Domingo
Aida
6/1/1890
Segunda-Feira
Robert le diable
8/1/1890
Quarta-Feira
Gioconda; bailados da ópera
11/1/1890
Sábado
Lakmé; bailados da ópera
12/1/1890
Domingo
A estrela do norte
14/1/1890
Terça-Feira
Mignon
15/1/1890
Quarta-Feira
Mignon
16/1/1890
Quinta-Feira
Gioconda; bailados da ópera
17/1/1890
Sexta-Feira
A estrela do norte; bailados da ópera
18/1/1890
Sábado
Profeta; bailados da ópera
19/1/1890
Domingo
Mephistopheles
21/1/1890
Terça-Feira
Mignon; bailados da ópera
22/1/1890
Quarta-Feira
Profeta
24/1/1890
Sexta-Feira
Robert le diable; bailados da ópera
25/1/1890
Sábado
Hamlet
26/1/1890
Domingo
Profeta; bailados da ópera
28/1/1890
Terça-Feira
Hamlet; bailados da ópera
29/1/1890
Quarta-Feira
Othello
31/1/1890
Sexta-Feira
Gioconda; bailados da ópera
1/2/1890
Sábado
Dinorah; Gioconda (bailados da ópera)
2/2/1890
Domingo
Profeta
3/2/1890
Segunda-Feira
Lakmé; Gioconda (bailados da ópera)
4/2/1890
Terça-Feira
Othello
6/2/1890
Quinta-Feira
Gioconda
7/2/1890
Sexta-Feira
Othello; bailados da ópera
8/2/1890
Sábado
Rei de Lahore; bailados da ópera
9/2/1890
Domingo
Rei de Lahore; bailados da ópera
10/2/1890
Segunda-Feira
Othello
12/2/1890
Quarta-Feira
Rei de Lahore; bailados da ópera
14/2/1890
Sexta-Feira
O barbeiro de Sevilha
15/2/1890
Sábado
O barbeiro de Sevilha
16/2/1890
Domingo
O barbeiro de Sevilha; divertissement
(pág 1 de 4)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
193
Anexo A1 – Listagem das récitas apresentadas no Teatro de São Carlos no ano de 1890. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
17/2/1890
Segunda-Feira
Hamlet
18/2/1890
Terça-Feira
O barbeiro de Sevilha; divertissement
20/2/1890
Quinta-Feira
Mignon
21/2/1890
Sexta-Feira
Othello
23/2/1890
Domingo
Gioconda; bailados da ópera
24/2/1890
Segunda-Feira
A estrela do norte; bailados da ópera
25/2/1890
Terça-Feira
Profeta
27/2/1890
Quinta-Feira
Rigoletto (bailados da ópera)
28/2/1890
Sexta-Feira
Gioconda; bailados da ópera
1/3/1890
Sábado
Dinorah; Rei de Lahore (bailados da ópera)
2/3/1890
Domingo
Profeta
3/3/1890
Segunda-Feira
Lakmé; bailados da ópera
4/3/1890
Terça-Feira
Robert le diable (2.º e 3.º acto); Mephistopheles (3.º acto); Les Canards (benefício)
6/3/1890
Quinta-Feira
Mignon (2.º acto); Fausto (3.º acto); Dinorah (2.º acto)
7/3/1890
Sexta-Feira
Robert le diable; bailados da ópera
8/3/1890
Sábado
Gioconda
9/3/1890
Domingo
Rei de Lahore; bailados da ópera
11/3/1890
Terça-Feira
Lohengrin
12/3/1890
Quarta-Feira
Rigoletto; Gioconda (bailados da ópera)
14/3/1890
Sexta-Feira
Lohengrin
16/3/1890
Domingo
Lohengrin
17/3/1890
Segunda-Feira
Rigoletto; Gioconda (bailados da ópera)
18/3/1890
Terça-Feira
Lohengrin
20/3/1890
Quinta-Feira
Mephistopheles; bailados da ópera
21/3/1890
Sexta-Feira
Lohengrin
23/3/1890
Domingo
Lohengrin
24/3/1890
Segunda-Feira
Carmen; bailados da ópera
25/3/1890
Terça-Feira
Othello
26/3/1890
Quarta-Feira
Carmen; bailados da ópera
27/3/1890
Quinta-Feira
Profeta; bailados da ópera
28/3/1890
Sexta-Feira
Carmen; bailados da ópera
30/3/1890
Domingo
Carmen
31/3/1890
Segunda-Feira
O barbeiro de Sevilha
1/4/1890
Terça-Feira
A Favorita (1.º e 3.º actos); Capuletos e Montechios (4.º acto); bailados da ópera
(pág 2 de 4)
194
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo A1 – Listagem das récitas apresentadas no Teatro de São Carlos no ano de 1890. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
5/4/1890
Sábado
Fausto (benefício)
6/4/1890
Domingo
Carmen; Canções russas cantadas pela sr.ª Bulicioff; bailados da ópera
7/4/1890
Segunda-Feira
Carmen (1.º, 2.º e 3.º actos); Fausto (3.º e 4.º actos e bailados da ópera)
8/4/1890
Terça-Feira
Carmen (1.º, 2.º e 3.º actos); O barbeiro de Sevilha (1.º acto); Canções espanholas de Tetrazzini (ben efício)
9/4/1890
Quarta-Feira
Concerto em benefício da cantora Júdice Costa
30/10/1890
Quinta-Feira
Gioconda; bailados da ópera
1/11/1890
Sábado
Aida; bailados da ópera
2/11/1890
Domingo
Rigoletto; bailados da ópera
3/11/1890
Segunda-Feira
Gioconda
4/11/1890
Terça-Feira
Gioconda
5/11/1890
Quarta-Feira
Aida
7/11/1890
Sexta-Feira
Gioconda
8/11/1890
Sábado
Fausto
11/11/1890
Terça-Feira
Mephistopheles; bailados da ópera
13/11/1890
Quinta-Feira
Lucrecia Borgia
14/11/1890
Sexta-Feira
Aida; bailados da ópera
16/11/1890
Domingo
Lucrecia Borgia
17/11/1890
Segunda-Feira
Lucrecia Borgia; divertissement
18/11/1890
Terça-Feira
Lucrecia Borgia
19/11/1890
Quarta-Feira
Aida; bailados da ópera
20/11/1890
Quinta-Feira
O O pescador de pérolas; bailados da ópera
22/11/1890
Sábado
Linda de Chamounix; divertissement
25/11/1890
Terça-Feira
Mephistopheles; bailados da ópera
27/11/1890
Quinta-Feira
Aida; bailados da ópera
29/11/1890
Sábado
Lucrecia Borgia; divertissement
2/12/1890
Terça-Feira
O pescador de pérolas; divertissement
4/12/1890
Quinta-Feira
Rei de Lahore; bailados da ópera
6/12/1890
Sábado
Mephistopheles
7/12/1890
Domingo
Gioconda; bailados da ópera
8/12/1890
Segunda-Feira
Rei de Lahore
11/12/1890
Quinta-Feira
Aida; bailados da ópera
12/12/1890
Sexta-Feira
Rei de Lahore; bailados da ópera
14/12/1890
Domingo
Rei de Lahore
16/12/1890
Terça-Feira
O pescador de pérolas; divertissement
(pág 3 de 4)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
195
Anexo A1 – Listagem das récitas apresentadas no Teatro de São Carlos no ano de 1890. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
18/12/1890
Quinta-Feira
A Favorita; bailados da ópera
20/12/1890
Sábado
Norma; divertissement
21/12/1890
Domingo
Favorita; bailados da ópera
24/12/1890
Quarta-Feira
A Favorita; bailados da ópera
25/12/1890
Quinta-Feira
Norma
26/12/1890
Sexta-Feira
Fausto
27/12/1890
Sábado
Lucrecia Borgia; divertissement
28/12/1890
Domingo
Aida
30/12/1890
Terça-Feira
Fausto
31/12/1890
Quarta-Feira
A Favorita; divertissement
(pág 4 de 4)
196
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo A2 – Listagem das óperas exibidas no Teatro de S. Carlos no ano de 1890 (pág 1 de 1)
Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A favorita
Ópera
Gaetano Donizetti (1891-1864)
Aïda
Ópera
Giuseppe Verdi (1813-1901)
Carmen
Ópera
Georges Bizet (1838-1875)
Dinorah
Ópera
Giacomo Meyerbeer (1791-1864)
Estrela do Norte
Ópera
Giacomo Meyerbeer (1791-1864)
Faust
Ópera
Charles Gounod (1818-1893)
Gioconda
Ópera
Amilcare Ponchielli (1834-1886)
Hamlet
Ópera
Ambroise Thomas (1811-1896)
Lakmé
Ópera
Léo Délibes (1836-1891)
Linda de Chamounix
Ópera
Gaetano Donizetti (1891-1864)
Lohengrin
Ópera
Richard Wagner (1813-1883)
Lucrecia Borgia
Ópera
Gaetano Donizetti (1891-1864)
Mefistófeles
Ópera
Arrigo Boito (1842-1918)
Mignon
Ópera
Ambroise Thomas (1811-1896)
Norma
Ópera
Vincenzo Bellini (1801-1835)
O barbeiro de Sevilha
Ópera
Gioachino Rossini (1792-1868)
O pescador de pérolas
Ópera
Georges Bizet (1838-1875)
O profeta
Ópera
Giacomo Meyerbeer (1791-1864)
Othello
Ópera
Giuseppe Verdi (1813-1901)
Pátria
Cantata
Alfredo Keil (1851-1907)
Rei de Lahore
Ópera
Jules Massenet (1842-1912)
Rigoletto
Ópera
Giuseppe Verdi (1813-1901)
Robert le diable
Ópera
Giacomo Meyerbeer (1791-1864)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
197
Anexo B1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro de D. Maria II Data
Dia da semana
Títulos apresentados
2/1/1890
Quinta-Feira
O deputado de Bombignac; Quem morre... morre
5/1/1890
Domingo
A Dionisia
6/1/1890
Segunda-Feira
A Dionisia
9/1/1890
Quinta-Feira
O grande industrial
11/1/1890
Sábado
A belle maman
11/1/1890
Sábado
O grande industrial
12/1/1890
Domingo
O grande industrial
14/1/1890
Terça-Feira
O grande industrial
15/1/1890
Quarta-Feira
O grande industrial
19/1/1890
Domingo
D. Cesar de Bazan
21/1/1890
Terça-Feira
Hei-de Pilhal-o; As surprezas do divórcio
22/1/1890
Quarta-Feira
As surprezas do divórcio; Hei-de Pilhal-o
23/1/1890
Quinta-Feira
Marquês de Villemer
26/1/1890
Domingo
A Fédora
28/1/1890
Terça-Feira
A Fédora
30/1/1890
Quinta-Feira
Marquês de Villemer
1/2/1890
Sábado
Guerra em tempo de paz
2/2/1890
Domingo
Leonor Telles
4/2/1890
Terça-Feira
Leonor Telles
8/2/1890
Sábado
Guerra em tempo de paz
9/2/1890
Domingo
A Fédora
9/2/1890
Domingo
A Fédora
13/2/1890
Quinta-Feira
As surprezas do divórcio; Quem morre ... morre; Os gatos (Festa do Maestro Gaspar)
15/2/1890
Sábado
As surprezas do divórcio
16/2/1890
Domingo
D. Cesar de Bazan
17/2/1890
Segunda-Feira
As mulheres nervosas
18/2/1890
Terça-Feira
A herdeira; Quem morre morre; Os gatos
22/2/1890
Sábado
A mãe de minha mulher; Hei de pilhal-o
23/2/1890
Domingo
A mãe de minha mulher; Hei de pilhal-o
26/2/1890
Quarta-Feira
A mãe de minha mulher; Quem morre… morre
27/2/1890
Quinta-Feira
A mãe de minha mulher; Quem morre ... morre
1/3/1890
Sábado
A mãe de minha mulher; Quem morre ... morre
2/3/1890
Domingo
A mãe de minha mulher; Quem morre ... morre
3/3/1890
Segunda-Feira
A mãe de minha mulher; Quem morre ... morre
4/3/1890
Terça-Feira
A mãe de minha mulher; Quem morre ... morre
6/3/1890
Quinta-Feira
A mãe de minha mulher
8/3/1890
Sábado
A mãe de minha mulher
9/3/1890
Domingo
A mãe de minha mulher; Prisioneiro sob palavra
12/3/1890
Quarta-Feira
D. Afonso VI
13/3/1890
Quinta-Feira
D. Afonso VI
15/3/1890
Sábado
D. Afonso VI
16/3/1890
Domingo
D. Afonso VI
18/3/1890
Terça-Feira
D. Afonso VI
19/3/1890
Quarta-Feira
D. Afonso VI
20/3/1890
Quinta-Feira
D. Afonso VI
21/3/1890
Sexta-Feira
D. Afonso VI
22/3/1890
Sábado
D. Afonso VI
23/3/1890
Domingo
D. Afonso VI
25/3/1890
Terça-Feira
D. Afonso VI
27/3/1890
Quinta-Feira
D. Afonso VI
29/3/1890
Sábado
D. Afonso VI
30/3/1890
Domingo
D. Afonso VI
31/3/1890
Segunda-Feira
A mãe de minha mulher; A morte de D. João
1/4/1890
Terça-Feira
D. Afonso VI
5/4/1890
Sábado
D. Afonso VI
6/4/1890
Domingo
D. Afonso VI
8/4/1890
Terça-Feira
D. Afonso VI
10/4/1890
Quinta-Feira
D. Afonso VI
(pág 1 de 3)
198
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo B1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro de D. Maria II Data
Dia da semana
Títulos apresentados
12/4/1890
Sábado
D. Afonso VI
13/4/1890
Domingo
D. Afonso VI
14/4/1890
Segunda-Feira
Guerra em tempo de paz; Já lá está
15/4/1890
Terça-Feira
D. Afonso VI
18/4/1890
Sexta-Feira
A sociedade onde a gente se aborrece
19/4/1890
Sábado
Marquês de Villemer
20/4/1890
Domingo
A Fédora
21/4/1890
Segunda-Feira
A sociedade onde a gente se aborrece
22/4/1890
Terça-Feira
A sociedade onde a gente se aborrece
23/4/1890
Quarta-Feira
Marquês de Villemer
24/4/1890
Quinta-Feira
A sociedade onde a gente se aborrece
27/4/1890
Domingo
A sociedade onde a gente se aborrece
28/4/1890
Segunda-Feira
Hamlet
29/4/1890
Terça-Feira
Hamlet
1/5/1890
Quarta-Feira
Hamlet
4/5/1890
Domingo
Hamlet
6/5/1890
Terça-Feira
Hamlet
9/5/1890
Sexta-Feira
O grande industrial (benefício)
10/5/1890
Sábado
O duque de Viseu
11/5/1890
Domingo
O duque de Viseu
13/5/1890
Terça-Feira
O duque de Viseu
14/5/1890
Quarta-Feira
A sociedade onde a gente se aborrece
15/5/1890
Quinta-Feira
O duque de Viseu
17/5/1890
Sábado
D. Afonso VI
18/5/1890
Domingo
D. Afonso VI
20/5/1890
Terça-Feira
D. Afonso VI
22/5/1890
Quinta-Feira
D. Afonso VI
24/5/1890
Sábado
D. Afonso VI
25/5/1890
Domingo
D. Afonso VI
27/5/1890
Terça-Feira
D. Afonso VI
29/5/1890
Quinta-Feira
D. Afonso VI
31/5/1890
Sábado
D. Afonso VI
1/6/1890
Domingo
Guerra em tempo de paz
3/6/1890
Terça-Feira
A mãe de minha mulher; Quem morre ... morre; Os gatos; As Lágrimas
5/6/1890
Quinta-Feira
A mãe de minha mulher; Quem morre ... morre; Os gatos; As Lágrimas
18/9/1890
Quinta-Feira
A estrangeira
20/9/1890
Sábado
A estrangeira
21/9/1890
Domingo
A estrangeira
25/9/1890
Quinta-Feira
As surprezas do divorcio
28/9/1890
Domingo
D. Cesar de Bazan
3/10/1890
Sexta-Feira
A Fédora
5/10/1890
Domingo
A Fédora
9/10/1890
Quinta-Feira
Luta pela vida
10/10/1890
Sexta-Feira
Luta pela vida
11/10/1890
Sábado
Luta pela vida
12/10/1890
Domingo
Luta pela vida
14/10/1890
Terça-Feira
Luta pela vida
16/10/1890
Quinta-Feira
Luta pela vida
18/10/1890
Sábado
Luta pela vida
19/10/1890
Domingo
Luta pela vida
21/10/1890
Terça-Feira
Luta pela vida
23/10/1890
Quinta-Feira
A Fédora
25/10/1890
Sábado
Leonor Telles
1/11/1890
Sábado
A mãe de minha mulher; O riso; A lágrima
2/11/1890
Domingo
O duque de Viseu
4/11/1890
Terça-Feira
O duque de Viseu
8/11/1890
Sábado
A estrangeira
13/11/1890
Quinta-Feira
Luta pela vida
(pág 2 de 3)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
199
Anexo B1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro de D. Maria II Data
Dia da semana
Títulos apresentados
15/11/1890
Sábado
O duque de Viseu
16/11/1890
Domingo
O duque de Viseu
17/11/1890
Segunda-Feira
Luta pela vida
18/11/1890
Terça-Feira
Luta pela vida
20/11/1890
Quinta-Feira
Os penedos do inferno
21/11/1890
Sexta-Feira
Os penedos do inferno
22/11/1890
Sábado
Os penedos do inferno
23/11/1890
Domingo
Os penedos do inferno
24/11/1890
Segunda-Feira
Os penedos do inferno
25/11/1890
Terça-Feira
Os penedos do inferno
26/11/1890
Quarta-Feira
Os penedos do inferno
27/11/1890
Quinta-Feira
Os penedos do inferno
27/11/1890
Quinta-Feira
Os penedos do inferno
29/11/1890
Sábado
N’guvo; Uma ideia genial
30/11/1890
Domingo
N’guvo; Uma ideia genial
1/12/1890
Segunda-Feira
N’guvo
2/12/1890
Terça-Feira
N’guvo; Quem morre … morre
4/12/1890
Quinta-Feira
N’guvo; Quem morre … morre
6/12/1890
Sábado
N’guvo; Quem morre … morre
7/12/1890
Domingo
N’guvo; Quem morre ... morre
8/12/1890
Segunda-Feira
N’guvo; Quem morre … morre
10/12/1890
Quarta-Feira
N’guvo; Quem morre … morre
10/12/1890
Quarta-Feira
N’guvo; Quem morre … morre
11/12/1890
Quinta-Feira
D. Afonso VI
12/12/1890
Sexta-Feira
D. Afonso VI
13/12/1890
Sábado
D. Afonso VI
14/12/1890
Domingo
D. Afonso VI
16/12/1890
Terça-Feira
D. Afonso VI
19/12/1890
Sexta-Feira
O abade Constantino; Os noivos (benefício)
20/12/1890
Sábado
O abade Constantino; Os noivos; A morte de D. João
21/12/1890
Domingo
O abadade Constantino; Os noivos; A morte de D. João
25/12/1890
Quinta-Feira
D. Cesar de Bazan
28/12/1890
Domingo
A Fédora
30/12/1890
Terça-Feira
A morta
(pág 3 de 3)
200
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo B2 – Listagem do reportório exibido no Teatro de D. Maria II no ano de 1890 Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A belle maman
[Não identificado]
[?]
A Dionisia
Comédia
[?]
A estrangeira
Comédia
[?]
A Fédora
Drama
[?]
A herdeira
Comédia
[?]
A mãe de minha mulher
Comédia
[?]
A morta
Drama
Alfredo Keil (1851-1907)
A morte de D. João
Drama
[?]
A sociedade onde a gente se aborrece
Comédia
[?]
As lágrimas
Monólogo
[?]
As mulheres nervosas
[Não identificado]
[?]
As surprezas do divórcio
Comédia
[?]
D. Afonso VI
Drama
[?]
D. Cesar de Bazan
Comédia
[?]
Guerra em tempo de paz
Comédia
[?]
Hamlet
Tragédia
[?]
Hei-de pilhal-o
Comédia
[?]
Já lá está
[Não identificado]
[?]
Leonor Telles
Drama
[?]
Luta pela vida
Drama
[?]
Marquês de Villemer
Comédia
[?]
N’Guvo
Drama
[?]
O abade Constantino
Comédia
[?]
O deputado de Bombignac
Comédia
[?]
O duque de Viseu
Drama
[?]
O duque de Vizella
Paródia
[?]
O grande industrial
Drama
[?]
O riso
Monólogo
[?]
Os gatos
Monólogo
[?]
Os noivos
[Não identificado]
[?]
Os penedos do inferno
Comédia
[?]
Prisioneiro sob palavra
Comédia
[?]
Quem morre ... morre
Comédia
[?]
Uma ideia genial
Comédia
[?]
(pág 1 de 1)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
201
Anexo C1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Trindade Data
Dia da semana
Títulos apresentados
1/1/1890
Quarta-Feira
O gato preto
3/1/1890
Sexta-Feira
O gato preto
4/1/1890
Sábado
Peerichole
5/1/1890
Domingo
O gato preto
6/1/1890
Segunda-Feira
O gato preto
7/1/1890
Terça-Feira
O gato preto
8/1/1890
Quarta-Feira
Perichole (benefício)
9/1/1890
Quinta-Feira
O gato preto
14/1/1890
Terça-Feira
Perichole
15/1/1890
Quarta-Feira
O homem da bomba
16/1/1890
Quinta-Feira
O homem da bomba
17/1/1890
Sexta-Feira
O homem da bomba
18/1/1890
Sábado
Perichole (benefício)
19/1/1890
Domingo
O gato preto; Baile de máscaras
20/1/1890
Segunda-Feira
Perichole
21/1/1890
Terça-Feira
O gato preto
22/1/1890
Quarta-Feira
O gato preto
23/1/1890
Quinta-Feira
O gato preto
24/1/1890
Sexta-Feira
A noite e o dia
25/1/1890
Sábado
Perichole
26/1/1890
Domingo
O gato preto
27/1/1890
Segunda-Feira
O gato preto
28/1/1890
Terça-Feira
A noite e o dia
29/1/1890
Quarta-Feira
A noite e o dia
30/1/1890
Quinta-Feira
O gato preto
31/1/1890
Sexta-Feira
O gato preto
1/2/1890
Sábado
Perichole
2/2/1890
Domingo
O gato preto
3/2/1890
Segunda-Feira
O gato preto
6/2/1890
Quinta-Feira
O gato preto
8/2/1890
Sábado
O gato preto
9/2/1890
Domingo
O gato preto
10/2/1890
Segunda-Feira
Os sinos de Corneville
12/2/1890
Quarta-Feira
O rouxinol das sala; Os trinta botões; O ditoso fado
(pág 1 de 7)
202
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo C1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Trindade Títulos apresentados
(pág 2 de 7)
Data
Dia da semana
13/2/1890
Quinta-Feira
O rouxinol das salas; Os trinta botões; O ditoso fado
14/2/1890
Sexta-Feira
Perichole (benefício)
15/2/1890
Sábado
O rouxinol das salas (1.º acto); Os trinta botões; O ditoso fado
16/2/1890
Domingo
A noite e o dia
16/2/1890
Domingo
A noite e o dia
17/2/1890
Segunda-Feira
A garra d’Açor; O rouxinol das salas (1.º acto); Os trinta botões; O ditoso fado
18/2/1890
Terça-Feira
Perichole
22/2/1890
Sábado
Perichole
23/2/1890
Domingo
O gato preto
24/2/1890
Segunda-Feira
O gato preto
25/2/1890
Terça-Feira
Perichole; Os trinta botões (benefício)
27/2/1890
Quinta-Feira
Os sinos de Corneville
28/2/1890
Sexta-Feira
O rouxinol das salas (1.º acto); Os sinos de Corneville (2.º acto); Os trinta botões (benefício)
1/3/1890
Sábado
A garra d’Açor (benefício)
2/3/1890
Domingo
A garra d’Açor
3/3/1890
Segunda-Feira
A garra d’Açor
4/3/1890
Terça-Feira
Os sinos de Corneville
5/3/1890
Quarta-Feira
A garra d’Açor
6/3/1890
Quinta-Feira
A garra d’Açor
8/3/1890
Sábado
A garra d’Açor
9/3/1890
Domingo
A garra d’Açor
10/3/1890
Segunda-Feira
A garra d’Açor; O rouxinol das salas (1.º acto) (benefício)
12/3/1890
Quarta-Feira
A garra d’Açor; O rouxinol das salas (1.º acto)
13/3/1890
Quinta-Feira
Os sinos de Corneville
14/3/1890
Sexta-Feira
A gripe...; Os espinhos da rosa; O sr. Governador
15/3/1890
Sábado
Bocaccio
16/3/1890
Domingo
A garra d’Açor; Os trinta botões
17/3/1890
Segunda-Feira
A garra d’Açor; Os trinta botões
19/3/1890
Quarta-Feira
Bocaccio
20/3/1890
Quinta-Feira
Bocaccio
22/3/1890
Sábado
Bocaccio
23/3/1890
Domingo
Bocaccio
24/3/1890
Segunda-Feira
Bocaccio
25/3/1890
Terça-Feira
O gato preto
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
203
Anexo C1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Trindade Data
Dia da semana
Títulos apresentados
26/3/1890
Quarta-Feira
O gato preto
27/3/1890
Quinta-Feira
O gato preto
28/3/1890
Sexta-Feira
Bocaccio
29/3/1890
Sábado
O gato preto (benefício)
30/3/1890
Domingo
Bocaccio
31/3/1890
Segunda-Feira
Bocaccio
1/4/1890
Terça-Feira
O moleiro d'Alcalá; Nana Tata
5/4/1890
Sábado
Boccacio; Grande baile de máscaras
6/4/1890
Domingo
Bocaccio
7/4/1890
Segunda-Feira
Boccacio
10/4/1890
Quinta-Feira
Boccacio
12/4/1890
Sábado
O gato preto
13/4/1890
Domingo
Bocaccio
14/4/1890
Segunda-Feira
Os sinos de Corneville
15/4/1890
Terça-Feira
Os sinos de Corneville
16/4/1890
Quarta-Feira
Bocaccio (benefício)
18/4/1890
Sexta-Feira
A filha da Srª Angot (benefício)
19/4/1890
Sábado
A filha da sr.ª Angot
20/4/1890
Domingo
A filha da sr.ª Angot
21/4/1890
Segunda-Feira
A filha da sr.ª Angot
23/4/1890
Quarta-Feira
A filha da sr.ª Angot
25/4/1890
Sexta-Feira
A filha da sr.ª Angot
26/4/1890
Sábado
Os sinos de Corneville; Canção espanhola e romanza pelo sr. Serra (benefício)
27/4/1890
Domingo
A filha da sr.ª Angot
28/4/1890
Segunda-Feira
A filha da sr.ª Angot
29/4/1890
Terça-Feira
A filha da sr.ª Angot
1/5/1890
Quarta-Feira
A filha da sr.ª Angot
2/5/1890
Sexta-Feira
Os sinos de Corneville
3/5/1890
Sábado
O gato preto (benefício)
4/5/1890
Domingo
A filha da sr.ª Angot
5/5/1890
Segunda-Feira
A filha da sr.ª Angot
6/5/1890
Terça-Feira
Os sinos de Corneville
7/5/1890
Quarta-Feira
O gato preto (benefício)
8/5/1890
Quinta-Feira
A filha da sr.ª Angot
(pág 3 de 7)
204
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo C1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Trindade Data
Dia da semana
Títulos apresentados
9/5/1890
Sexta-Feira
A noite e o dia (benefício)
10/5/1890
Sábado
O gato preto (benefício)
11/5/1890
Domingo
A filha da sr.ª Angot
12/5/1890
Segunda-Feira
A filha da sr.ª Angot; Pendant l’exposition (benefício)
13/5/1890
Terça-Feira
Os sinos de Corneville; Troupe Gounod, Cançonetas (benefício)
16/5/1890
Sexta-Feira
O gato preto (benefício)
18/5/1890
Domingo
O gato preto
19/5/1890
Segunda-Feira
Benefício de Fantony
20/5/1890
Terça-Feira
Os sinos de Corneville
21/5/1890
Quarta-Feira
A filha da sr.ª Angot; Cançonetas
22/5/1890
Quinta-Feira
A filha da sr.ª Angot; Cançonetas
23/5/1890
Sexta-Feira
Barba azul
24/5/1890
Sábado
Barba azul
25/5/1890
Domingo
Barba azul
27/5/1890
Terça-Feira
Barba azul
28/5/1890
Quarta-Feira
Barba azul
29/5/1890
Quinta-Feira
Barba azul
30/5/1890
Sexta-Feira
Barba azul
31/5/1890
Sábado
Barba azul
1/6/1890
Domingo
Barba azul
4/6/1890
Quarta-Feira
Barba azul
5/6/1890
Quinta-Feira
Barba azul
6/6/1890
Sexta-Feira
Pericholes; Os trinta botões (benefício)
7/6/1890
Sábado
Barba azul
8/6/1890
Domingo
Barba azul
10/6/1890
Terça-Feira
Barba azul
11/6/1890
Quarta-Feira
Barba azul
12/6/1890
Quinta-Feira
Perichole (benefício)
13/6/1890
Sexta-Feira
Barba azul
14/6/1890
Sábado
Barba azul
15/6/1890
Domingo
Barba azul
14/9/1890
Domingo
Barba azul
16/9/1890
Terça-Feira
Barba azul
18/9/1890
Quinta-Feira
Barba azul
(pág 4 de 7)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
205
Anexo C1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Trindade Data
Dia da semana
Títulos apresentados
20/9/1890
Sábado
Barba azul
21/9/1890
Domingo
Barba azul
23/9/1890
Terça-Feira
Barba azul
25/9/1890
Quinta-Feira
Barba azul
26/9/1890
Sexta-Feira
La sonnambula
27/9/1890
Sábado
La sonnambula
28/9/1890
Domingo
Barba azul
29/9/1890
Segunda-Feira
Lucia de Lammermoor
1/10/1890
Quarta-Feira
Barba azul
2/10/1890
Quinta-Feira
Barba azul
5/10/1890
Domingo
Barba azul
6/10/1890
Segunda-Feira
A filha da sr.ª Angot
7/10/1890
Terça-Feira
A filha da sr.ª Angot
9/10/1890
Quinta-Feira
A noiva dos girassóis
11/10/1890
Sábado
O gato preto
12/10/1890
Domingo
O gato preto
13/10/1890
Segunda-Feira
O gato preto
14/10/1890
Terça-Feira
O gato preto
15/10/1890
Quarta-Feira
O gato preto
16/10/1890
Quinta-Feira
O gato preto
17/10/1890
Sexta-Feira
O gato preto
18/10/1890
Sábado
O gato preto
19/10/1890
Domingo
O gato preto
21/10/1890
Terça-Feira
Mam'zelle Nitouche
22/10/1890
Quarta-Feira
Mam'zelle Nitouche
23/10/1890
Quinta-Feira
Barba azul
25/10/1890
Sábado
Barba azul
26/10/1890
Domingo
O gato preto
27/10/1890
Segunda-Feira
Barba azul (benefício)
30/10/1890
Quinta-Feira
Barba azul
1/11/1890
Sábado
O gato preto
3/11/1890
Segunda-Feira
Mam'zelle Nitouche (benefício)
4/11/1890
Terça-Feira
A noiva dos girassóis
5/11/1890
Quarta-Feira
A noiva dos girassóis
(pág 5 de 7)
206
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo C1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Trindade Data
Dia da semana
Títulos apresentados
5/11/1890
Quarta-Feira
A noiva dos girassóis
6/11/1890
Quinta-Feira
A noiva dos girassóis
7/11/1890
Sexta-Feira
Mam'zelle Nitouche (benefício)
8/11/1890
Sábado
O gato preto (benefício)
9/11/1890
Domingo
A noiva dos girassóis
10/11/1890
Segunda-Feira
O gato preto (benefício)
11/11/1890
Terça-Feira
O gato preto (benefício)
12/11/1890
Quarta-Feira
A noiva dos girassóis
14/11/1890
Sexta-Feira
A noiva dos girassóis
15/11/1890
Sábado
Mam'zelle Nitouche; Os trinta botões (benefício)
17/11/1890
Segunda-Feira
A noiva dos girassóis
18/11/1890
Terça-Feira
A noiva dos girassóis
20/11/1890
Quinta-Feira
A noiva dos girassóis
21/11/1890
Sexta-Feira
A noiva dos girassóis
22/11/1890
Sábado
Mam'zelle Nitouche; Os trinta botões (benefício)
23/11/1890
Domingo
A noiva dos girassóis
24/11/1890
Segunda-Feira
A noiva dos girassóis
26/11/1890
Quarta-Feira
Barba azul; Cançonetas por Cinira Polonio
27/11/1890
Quinta-Feira
A noite e o dia
27/11/1890
Quinta-Feira
A noiva dos girassóis
28/11/1890
Sexta-Feira
A noite e o dia (benefício)
29/11/1890
Sábado
O gato preto; O sacristão da revista (benefício)
30/11/1890
Domingo
A noiva dos girassóis
1/12/1890
Segunda-Feira
A noiva dos girassóis
3/12/1890
Quarta-Feira
A noiva dos girassóis
4/12/1890
Quinta-Feira
Barba azul (benefício)
6/12/1890
Sábado
Barba azul (benefício)
7/12/1890
Domingo
O gato preto (benefício)
8/12/1890
Segunda-Feira
O gato preto
10/12/1890
Quarta-Feira
A noiva dos girassóis
11/12/1890
Quinta-Feira
Mam'zelle Nitouche (benefício)
13/12/1890
Sábado
Bocaccio
14/12/1890
Domingo
Boccacio; Baile de máscaras
15/12/1890
Segunda-Feira
Boccacio (benefício)
(pág 6 de 7)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
207
Anexo C1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Trindade Títulos apresentados
(pág 7 de 7)
Data
Dia da semana
15/12/1890
Segunda-Feira
Boccacio (benefício)
16/12/1890
Terça-Feira
O gato preto (benefício)
17/12/1890
Quarta-Feira
Perichole (benefício)
18/12/1890
Quinta-Feira
A noiva dos girassóis
19/12/1890
Sexta-Feira
Bocaccio (benefício)
20/12/1890
Sábado
O gato preto
21/12/1890
Domingo
A noiva dos girassóis; Baile de máscaras
22/12/1890
Segunda-Feira
Amor e Marisco; O defeito; A noite e o dia (1.º acto); Ventura, o bom velhote; Os trinta botões; Cançoneta pela Cinira; O defeito (cançoneta)
23/12/1890
Terça-Feira
O gato preto (benefício)
24/12/1890
Quarta-Feira
Bocaccio (benefício)
25/12/1890
Quinta-Feira
A noiva dos girassóis
26/12/1890
Sexta-Feira
Bocaccio (benefício)
27/12/1890
Sábado
Bocaccio (benefício)
28/12/1890
Domingo
A noiva dos girassóis; Os trinta botões; Baile de máscaras
29/12/1890
Segunda-Feira
Boccacio (benefício)
30/12/1890
Terça-Feira
Barba azul (benefício)
31/12/1890
Quarta-Feira
O gato preto (benefício)
208
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo C2 – Listagem do reportório exibido no Teatro da Trindade no ano de 1890 (pág 1 de 1) Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A filha da sr.ª Angot
Opereta
Alexandre Charles Lecocq (1832-1918)
A garra d’Açor
Opereta
Jacques Offenbach (1819-1880)
A gripe ...
Monólogo
[?]
A noite e o dia
Opereta
[?]
A noiva de Silves
Opereta
Mendes Guerreiro; Francisco de Freitas Gazul
A noiva dos girassóis
Opereta
Edmond Audran (1842-1901)
Amor e Marisco
Opereta
[?]
Barba azul
Opereta
[?]
Boccacio
Opereta
Franz Von Suppé (1819-1895)
Caluda, José!
Cançoneta
[?]
La sonnambula
Ópera
Vincenzo Bellini (1801-1835)
Lucia de Lammermoor
Ópera
Gaetano Donizetti (1891-1864)
Mam'zelle Diabrete
Vaudeville
Plácido Stichini (1854-1897)
Mam'zelle Nitouche
Vaudeville
Plácido Stichini (1854-1897)
Não se deve dizer
Comédia
[?]
O defeito
Cançoneta
[?]
O ditoso fado
Comédia
[?]
O gato preto
Mágica
[?]
O homem da bomba
Vaudeville
Francisco de Freitas Gazul (1842-1925)
O Moleiro d’Alcalá
Opereta
[?]
O ovo vermelho
Opereta
Edmond Audran (1842-1901)
O pão fresco
Cançoneta
[?]
O rouxinol das salas
Opereta
Angelo Frondoni (1812-1891)
O sacristão da revista
Cena Cómica
[?]
O sr. Governador
Comédia
[?]
Os espinhos da rosa
Comédia
[?]
Os sinos de Corneville
Opereta
Jean-Robert Planquette (1850-1903)
Os trinta botões
Comédia
[?]
Pendant l’exposition
Cançoneta
[?]
Perichole
Ópera cómica
[?]
Un gâteux
Cançoneta
[?]
Ventura, o bom velhote
Cançoneta
[?]
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
209
Anexo D1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes Data
Dia da semana
Títulos apresentados
1/1/1890
Quarta-Feira
A doutora e as letras falsas; Os carvoeiros
1/1/1890
Quarta-Feira
A patifa da primavera
5/1/1890
Domingo
A doutora e as letras falsas; Os carvoeiros
6/1/1890
Segunda-Feira
A doutora e as letras falsas; Os carvoeiros
7/1/1890
Terça-Feira
Mam'zelle Nitouche
12/1/1890
Domingo
A doutora e as letras falsas
13/1/1890
Segunda-Feira
A doutora e as letras falsas
18/1/1890
Sábado
Os beijos do diabo
19/1/1890
Domingo
Os beijos do diabo
20/1/1890
Segunda-Feira
Os beijos do diabo
21/1/1890
Terça-Feira
A doutora e as letras falsas
23/1/1890
Quinta-Feira
Os beijos do diabo
24/1/1890
Sexta-Feira
A cigarra; O infanticida
25/1/1890
Sábado
Os beijos do diabo
26/1/1890
Domingo
Os beijos do diabo
27/1/1890
Segunda-Feira
Mam'zelle Nitouche
28/1/1890
Terça-Feira
Os beijos do diabo
29/1/1890
Quarta-Feira
A doutora e as letras falsas; O infanticida
30/1/1890
Quinta-Feira
Os beijos do diabo
31/1/1890
Sexta-Feira
Os beijos do diabo
1/2/1890
Sábado
Os beijos do diabo
2/2/1890
Domingo
Os beijos do diabo
3/2/1890
Segunda-Feira
Os beijos do diabo
4/2/1890
Terça-Feira
A doutora e as letras falsas; O infanticida
5/2/1890
Quarta-Feira
A doutora e as letras falsas; O infanticida
6/2/1890
Quinta-Feira
Os beijos do diabo
7/2/1890
Sexta-Feira
Os beijos do diabo
8/2/1890
Sábado
Os beijos do diabo
9/2/1890
Domingo
Os beijos do diabo
10/2/1890
Segunda-Feira
A doutora e as letras falsas; O infanticida
12/2/1890
Quarta-Feira
Os beijos do diabo
13/2/1890
Quinta-Feira
Os beijos do diabo
14/2/1890
Sexta-Feira
Os beijos do diabo
15/2/1890
Sábado
Os beijos do diabo
(pág 1 de 8)
210
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo D1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes Data
Dia da semana
Títulos apresentados
16/2/1890
Domingo
Os beijos do diabo
17/2/1890
Segunda-Feira
Os beijos do diabo
18/2/1890
Terça-Feira
Os beijos do diabo
20/2/1890
Quinta-Feira
A doutora e as letras falsas; Infantecídio (benefício)
21/2/1890
Sexta-Feira
Os beijos do diabo
22/2/1890
Sábado
Os beijos do diabo
23/2/1890
Domingo
Os beijos do diabo; Pela Pátria!
24/2/1890
Segunda-Feira
Os beijos do diabo
26/2/1890
Quarta-Feira
Os beijos do diabo
28/2/1890
Sexta-Feira
Os beijos do diabo
2/3/1890
Domingo
Os beijos do diabo
4/3/1890
Terça-Feira
Mam'zelle Diabrete
5/3/1890
Quarta-Feira
Mam'zelle Diabrete; A macaca
6/3/1890
Quinta-Feira
Mam'zelle Diabrete
7/3/1890
Sexta-Feira
Mam'zelle Diabrete; A macaca; O infanticida
8/3/1890
Sábado
Mam'zelle Diabrete; Os beijos do diabo (3.º acto)
9/3/1890
Domingo
Mam'zelle Diabrete; Os beijos do diabo (3.º acto)
11/3/1890
Terça-Feira
A doutora e as letras falsas; O infanticida (benefício)
12/3/1890
Quarta-Feira
Mam'zelle Diabrete; O infanticida
13/3/1890
Quinta-Feira
O infanticida; Mam'zelle Diabrete
15/3/1890
Sábado
Os beijos do diabo
16/3/1890
Domingo
Mam'zelle Diabrete; Os carvoeiros
17/3/1890
Segunda-Feira
Mam'zelle Diabrete; Os carvoeiros
19/3/1890
Quarta-Feira
As cores da bandeira (A portuguesa)
20/3/1890
Quinta-Feira
As cores da bandeira (A portuguesa); Mam'zelle Diabrete
21/3/1890
Sexta-Feira
Os beijos do diabo; Caluda, José!
22/3/1890
Sábado
Mam'zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa)
23/3/1890
Domingo
Mam'zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa)
24/3/1890
Segunda-Feira
Mam'zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa)
25/3/1890
Terça-Feira
Mam'zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa)
26/3/1890
Quarta-Feira
Mam’zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa)
27/3/1890
Quinta-Feira
Mam'zelle Diabrete; Galeria de Roque; Tim Tim junior; O náufrago
28/3/1890
Sexta-Feira
Mam'zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa)
30/3/1890
Domingo
Os beijos do diabo
(pág 2 de 8)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
211
Anexo D1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes (pág 3 de 8)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
1/4/1890
Terça-Feira
Mam'zelle Diabrete; Os carvoeiros
5/4/1890
Sábado
Um marido na reserva (benefício)
6/4/1890
Domingo
Um marido na reserva (benefício)
7/4/1890
Segunda-Feira
Um marido na reserva
9/4/1890
Quarta-Feira
Um marido na reserva
11/4/1890
Sexta-Feira
Os beijos do diabo (benefício)
12/4/1890
Sábado
As cores da bandeira (A portuguesa); Mam'zelle Diabrete; A portuguesa
13/4/1890
Domingo
Os beijos do diabo
15/4/1890
Terça-Feira
Mam'zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa)
16/4/1890
Quarta-Feira
Mam'zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa)
17/4/1890
Quinta-Feira
Mam'zelle Diabrete
18/4/1890
Sexta-Feira
Barba azul; A Grã-duqueza em Cacilhas; Os beijos do Diabo (benefício)
19/4/1890
Sábado
A doutora e as letras falsas; O infanticida; Um verso pela jovem Lisbonne
20/4/1890
Domingo
Récita dedicada à coorporação da Armada Real Portuguesa
21/4/1890
Segunda-Feira
Mam'zelle Diabrete; O infanticida (benefício)
27/4/1890
Domingo
As cores da bandeira (A portuguesa); Mam'zelle Diabrete
28/4/1890
Segunda-Feira
A doutora e as letras falsas; O infanticida (benefício)
29/4/1890
Terça-Feira
Mam'zelle Diabrete; As cores da bandeira (A portuguesa) (benefício)
4/5/1890
Domingo
As cores da bandeira (A portuguesa) (Fanfarra da Armada); Mam'zelle Diabrete;
11/5/1890
Domingo
As cores da bandeira (A portuguesa); A Cigarra
15/5/1890
Quinta-Feira
As cores da bandeira (A portuguesa); Mam'zelle Diabrete
16/5/1890
Sexta-Feira
Os beijos do diabo (benefício)
17/5/1890
Sábado
Os filhos do capitão Grant
18/5/1890
Domingo
A doutora e as letras falsas; O infanticida; A costureirinha
22/5/1890
Quinta-Feira
O infanticida; O Limpa Chaminés; A doutora e as letras falsas; A costureirinha (benefício)
27/5/1890
Terça-Feira
A doutora e as letras; Traço d’União (benefício)
30/5/1890
Sexta-Feira
Os filhos do capitão Grant
31/5/1890
Sábado
Os filhos do capitão Grant
1/6/1890
Domingo
Os filhos do capitão Grant
2/6/1890
Segunda-Feira
Os filhos do capitão Grant
3/6/1890
Terça-Feira
Os filhos do capitão Grant
4/6/1890
Quarta-Feira
Os filhos do capitão Grant
5/6/1890
Quinta-Feira
Os filhos do capitão Grant
6/6/1890
Sexta-Feira
Os filhos do capitão Grant
212
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo D1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes (pág 4 de 8)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
7/6/1890
Sábado
Os filhos do capitão Grant
8/6/1890
Domingo
Os filhos do capitão Grant
10/6/1890
Terça-Feira
As cores da bandeira (A portuguesa); A cigarra (benefício)
11/6/1890
Quarta-Feira
Os filhos do capitão Grant
12/6/1890
Quinta-Feira
Os filhos do capitão Grant
13/6/1890
Sexta-Feira
Os filhos do capitão Grant
14/6/1890
Sábado
Os filhos do capitão Grant
15/6/1890
Domingo
Os filhos do capitão Grant
16/6/1890
Segunda-Feira
Os filhos do capitão Grant
17/6/1890
Terça-Feira
Os filhos do capitão Grant
18/6/1890
Quarta-Feira
O infanticida; Os carvoeiros; Os filhos do capitão Grant (5.º e 4.º quadros); Uma valsa e uma ária p ela actriz Dorinda Rodrigues (benefício)
19/6/1890
Quinta-Feira
Os filhos do capitão Grant
21/6/1890
Sábado
A alegria da casa; Cançoneta Ao Luar (6º quadro); Os filhos do capitão Grant
22/6/1890
Domingo
Os filhos do capitão Grant
23/6/1890
Segunda-Feira
Os filhos do capitão Grant
26/6/1890
Quinta-Feira
Os filhos do capitão Grant
27/6/1890
Sexta-Feira
Quem desdenha; A doutora e as letras falsas
28/6/1890
Sábado
Sombras de Satanás; Galeria do Roque; A alegria da casa
29/6/1890
Domingo
Os filhos do capitão Grant
1/7/1890
Terça-Feira
Os filhos do capitão Grant
2/7/1890
Quarta-Feira
Os filhos do capitão Grant
5/7/1890
Sábado
Os filhos do capitão Grant
6/7/1890
Domingo
Os filhos do capitão Grant
13/7/1890
Domingo
O sacristão da revista; Os sinos de Corneville (Paródia); Ensaio da actriz; Uh lá lá; O pão fresco; Par a homem só
15/7/1890
Terça-Feira
Caluda, José!; Os sinos de Corneville; Ensaio da actriz; Criados Patrões; Uh-lá-lá; O sacristão da revi sta; Para homem só; O pão fresco; N.º 3 ao Chiado
18/7/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres (récita especial)
19/7/1890
Sábado
O reino das mulheres (récita especial)
20/7/1890
Domingo
O reino das mulheres
21/7/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
22/7/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
23/7/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
24/7/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
25/7/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
26/7/1890
Sábado
O reino das mulheres
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
213
Anexo D1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes Data
Dia da semana
Títulos apresentados
27/7/1890
Domingo
O reino das mulheres
28/7/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
29/7/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
30/7/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
31/7/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
1/8/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
2/8/1890
Sábado
O reino das mulheres
3/8/1890
Domingo
O reino das mulheres
4/8/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
5/8/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
6/8/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
7/8/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
8/8/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
9/8/1890
Sábado
O reino das mulheres
10/8/1890
Domingo
O reino das mulheres
11/8/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
13/8/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
14/8/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
15/8/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
16/8/1890
Sábado
O reino das mulheres (Festa de Sousa Bastos)
17/8/1890
Domingo
O reino das mulheres
18/8/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
19/8/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
20/8/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
21/8/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
22/8/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
23/8/1890
Sábado
O reino das mulheres
24/8/1890
Domingo
O reino das mulheres
25/8/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
26/8/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
27/8/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres; O velhinho do asilo
28/8/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres; Caluda, José! (festa de Pepa)
29/8/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
30/8/1890
Sábado
O reino das mulheres; O pão fresco; Atrás da música
(pág 5 de 8)
214
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo D1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes (pág 6 de 8)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
31/8/1890
Domingo
O reino das mulheres; O pão fresco
31/8/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
1/9/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
2/9/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
3/9/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
4/9/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres (benefício F. Gazul)
6/9/1890
Sábado
O reino das mulheres; Caluda José; O pão fresco
7/9/1890
Sábado
O reino das mulheres; O pão fresco; Caluda, José!
8/9/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres; Caluda José; O pão fresco; O sacristão da revista; O bombeiro; Os sete pecad os mortais
9/9/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
11/9/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
13/9/1890
Sábado
O reino das mulheres
14/9/1890
Domingo
O reino das mulheres
15/9/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
25/9/1890
Quinta-Feira
Lucrecia Borgia; A cega; A orphãsinha
26/9/1890
Sexta-Feira
Uma página de amor; Uh-lá-lá
27/9/1890
Sábado
O duque forçado; O nomastico della manana; Uh-lá-lá
28/9/1890
Domingo
Anjo redemptor; Carta ao padre eterno
29/9/1890
Segunda-Feira
Anjo redemptor; Carta ao padre eterno; Uh-lá-lá
30/9/1890
Terça-Feira
Uma página de amor; Uh-lá-lá
4/10/1890
Sábado
O reino das mulheres (Abertura da temporada no Condes)
6/10/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres
7/10/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
8/10/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
10/10/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
11/10/1890
Sábado
O reino das mulheres
12/10/1890
Domingo
O reino das mulheres
16/10/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
17/10/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
19/10/1890
Domingo
O reino das mulheres
21/10/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
22/10/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
23/10/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
24/10/1890
Sexta-Feira
O assassino de Macario
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
215
Anexo D1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes Data
Dia da semana
Títulos apresentados
24/10/1890
Sexta-Feira
O assassino de Macario; Pai Adão; O pão fresco; Um cavalheiro particular
25/10/1890
Sábado
O assassino de Macario; Pai Adão; O pão fresco; Um cavalheiro particular
26/10/1890
Domingo
O reino das mulheres
27/10/1890
Segunda-Feira
O assassino de Macario; Pai Adão; O pão fresco; Um cavalheiro particular
28/10/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
30/10/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres
1/11/1890
Sábado
O reino das mulheres
1/11/1890
Sábado
O reino das mulheres
2/11/1890
Domingo
O reino das mulheres
3/11/1890
Segunda-Feira
Os criados
4/11/1890
Quarta-Feira
O assassino de Macario; Pai Adão; O pão fresco; Um cavalheiro particular (benefício)
5/11/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
7/11/1890
Sexta-Feira
Os criados
8/11/1890
Sexta-Feira
Os criados; Casados e solteiros
10/11/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres (benefício)
13/11/1890
Quinta-Feira
Os criados; Casados e Solteiros
16/11/1890
Domingo
O reino das mulheres
17/11/1890
Segunda-Feira
Os criados
18/11/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
19/11/1890
Quarta-Feira
O reino das mulheres
20/11/1890
Quinta-Feira
Os criados; Casados e Solteiros (benefício)
22/11/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
23/11/1890
Domingo
O reino das mulheres
25/11/1890
Terça-Feira
Heroe á força
29/11/1890
Sábado
Os criados
30/11/1890
Domingo
O reino das mulheres; As cores da bandeira (A portuguesa)
1/12/1890
Segunda-Feira
O reino das mulheres; A portuguesa
6/12/1890
Sábado
O capitão metralha
7/12/1890
Domingo
O capitão metralha
8/12/1890
Segunda-Feira
O capitão metralha
9/12/1890
Terça-Feira
O capitão metralha
10/12/1890
Quarta-Feira
O capitão metralha
11/12/1890
Quinta-Feira
O capitão metralha
12/12/1890
Sexta-Feira
O capitão metralha
(pág 7 de 8)
216
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo D1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes Data
Dia da semana
Títulos apresentados
13/12/1890
Sábado
Os criados; Um cavalheiro particular; O pão fresco (benefício)
14/12/1890
Domingo
Capitão Metralha
15/12/1890
Segunda-Feira
Os criados; O pão fresco; O sacristão da revista (benefício)
16/12/1890
Terça-Feira
Os criados; O pão fresco; O sacristão da revista (benefício)
17/12/1890
Quarta-Feira
Os criados; O pão fresco; O sacristão da revista (benefício)
18/12/1890
Quinta-Feira
O capitão metralha (benefício)
19/12/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
19/12/1890
Sexta-Feira
O reino das mulheres
20/12/1890
Sábado
Os criados; O pão fresco; Um cavalheiro particular
21/12/1890
Domingo
O reino das mulheres
23/12/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres; Caluda, José!; Psst olá!
25/12/1890
Quinta-Feira
O reino das mulheres; Caluda, José!; Psst olá!
27/12/1890
Sábado
Casamento da Nitouche; Aimée e Jouquet; Cupido em Bolandas
27/12/1890
Sábado
Casamento da Nitouche; Aimée e Jouquet; Cupido em Bolandas
29/12/1890
Segunda-Feira
Casamento da Nitouche
31/12/1890
Quarta-Feira
Casamento da Nitouche
(pág 8 de 8)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
217
Anexo D2 – Listagem do repertório exibido no ano de 1890 no Teatro da Rua dos Condes (pág 1 de 1)
Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A alegria da casa
Comédia
[?]
A cega
Drama
[?]
A cigarra
Opereta/Zarzuela
Francisco de Freitas Gazul (1842-1925)
A Costureirinha
Monólogo
[?]
A doutora e as letras falsas
Vaudeville
[?]
A Grã-duqueza em Cacilhas
[Não identificado]
[?]
A Macaca
Monólogo
[?]
A orphãsinha
Canção
[?]
A patifa da primavera
Comédia
[?]
Aimée e Jouquet
Comédia
[?]
Anjo redemptor
Drama
[?]
Ao luar
Cançoneta
[?]
As cores da Bandeira
Quadro patriótico
[?]
As surprezas do divórcio
Comédia
[?]
Atrás da musica
Cançoneta
[?]
Caluda, José!
Cançoneta
[?]
Carta ao padre eterno
[Não identificado]
[?]
Casados e solteiros
Comédia
[?]
Casamento da Nitouche
Vaudeville
Plácido Stichini (1854-1897)
Cupido em Bolandas
Comédia
[?]
Ensaio da actriz
[Não identificado]
[?]
Galeria do actor Roque
Imitações
[?]
Heroe á força
Opereta
[?]
Hino do povo
Hino/Marcial
Plácido Stichini (1854-1897)
Lucrecia Borgia
Comédia
[?]
Mam'zelle Diabrete
Vaudeville
Plácido Stichini (1854-1897)
Mam'zelle Nitouche
Vaudeville
Plácido Stichini (1854-1897)
O assassino de Macario
Comédia
[?]
O bombeiro
Cena Cómica
[?]
O capitão metralha
Opereta
Cyriaco Cardoso (1846-1900)
O infanticida
Comédia
[?]
O limpa chaminés
Comédia
[?]
O náufrago
Monólogo
[?]
O nomastico della manana
Comédia
[?]
O pão fresco
Cançoneta
[?]
O reino das mulheres
Opereta fantástica
Francisco de Freitas Gazul (1842-1925)
O sacristão da revista
Cena Cómica
[?]
O velhinho do asilo
[Não identificado]
[?]
Os beijos do diabo
Mágica
Plácido Stichini (1854-1897)
Os carvoeiros
Opereta
[?]
Os criados
Opereta
[?]
Os filhos do capitão Grant
Drama
Plácido Stichini (1854-1897)
Os sete pecados mortais
Monólogo
[?]
Pae Adão
Monólogo
[?]
Para homem só
[Não identificado]
[?]
Psst olá!
Cançoneta
[?]
Quem desdenha
[Não identificado]
[?]
Sombras de Satanás
[Não identificado]
[?]
tam-tam
Revista
[?]
Tim Tim junior
[Não identificado]
[?]
Traço d’união
Opereta
[?]
Uh-lá-lá
Cançoneta
[?]
Um cavalheiro particular
Comédia
[?]
Um marido na reserva
Vaudeville
Plácido Stichini (1854-1897)
Um verso pela jovem Lisbonne
[Não identificado]
[?]
Uma página de amor
Drama
[?]
218
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo E1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Ginásio. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
3/1/1890
Sexta-Feira
As mulheres carraças; Ventura, o bom velhote
4/1/1890
Sábado
As mulheres carraças
5/1/1890
Domingo
As mulheres carraças
6/1/1890
Segunda-Feira
As mulheres carraças
8/1/1890
Quarta-Feira
As mulheres carraças
9/1/1890
Quinta-Feira
As mulheres carraças
10/1/1890
Sexta-Feira
As mulheres carraças
11/1/1890
Sábado
As meninas Rodrigues; Os milagres; A sanguesuga
12/1/1890
Domingo
As mulheres carraças
13/1/1890
Segunda-Feira
Durand & Durand; Juiz e parte (benefício)
14/1/1890
Terça-Feira
Piperlin; Juiz e parte; Os chapéus
15/1/1890
Quarta-Feira
As meninas Rodrigues; Juiz e parte; Os milagres
16/1/1890
Quinta-Feira
A patifa da primavera; Juiz e parte; Os milagres
18/1/1890
Sábado
A patifa da primavera; Juiz e parte; Os chapéus (benefício)
19/1/1890
Domingo
As mulheres carraças
20/1/1890
Segunda-Feira
Durand & Durand; Os Milagres (benefício)
22/1/1890
Quarta-Feira
A patifa da primavera
24/1/1890
Sexta-Feira
Um homem político; Tempestade conjugal; Quem morre ... morre
25/1/1890
Sábado
As mulheres carraças
26/1/1890
Domingo
As mulheres carraças
27/1/1890
Segunda-Feira
Durand & Durand; Os milagres; A sanguesuga
29/1/1890
Quarta-Feira
As mulheres carraças
30/1/1890
Quinta-Feira
Não se deve dizer; Hipnotismo
31/1/1890
Sexta-Feira
No dia do casamento; O filho do meu amigo
1/2/1890
Sábado
No dia do casamento
2/2/1890
Domingo
No dia do casamento; O filho do meu amigo
3/2/1890
Segunda-Feira
No dia do casamento; O filho do meu amigo
4/2/1890
Terça-Feira
As mulheres carraças
5/2/1890
Quarta-Feira
As mulheres carraças
6/2/1890
Quinta-Feira
Não se deve dizer; Juiz e parte; Os chapéus; Uma poesia
7/2/1890
Sexta-Feira
As mulheres carraças
9/2/1890
Domingo
As mulheres carraças
10/2/1890
Segunda-Feira
Piperlin; Aldighieri Junior; Os Huguenotes
12/2/1890
Quarta-Feira
Não se deve dizer; Juiz e parte; Os chapéus (benefício)
13/2/1890
Quinta-Feira
Os Huguenotes; A minha família; O sr. Governador
14/2/1890
Sexta-Feira
Que trapalhada!; Juiz e parte; Verdades e mentiras; Os milagres (benefício)
15/2/1890
Sábado
Que trapalhada!; Juiz e parte; Verdades e mentiras; Os milagres
16/2/1890
Domingo
Verdades e mentiras; Que trapalhada; O gato por homem
17/2/1890
Segunda-Feira
Que trapalhada!; Os Huguenotes; Verdades e mentiras; Os milagres
18/2/1890
Terça-Feira
Verdades e mentiras; O sr. Governador
21/2/1890
Sexta-Feira
Que trapalhada!; Os pardais; Verdades e mentiras; Os milagres
23/2/1890
Domingo
Uma scena comica; Os Huguenotes; Verdades e mentiras
24/2/1890
Segunda-Feira
Uma scena comica; Os Huguenotes; Verdades e mentiras
25/2/1890
Terça-Feira
As mulheres carraças
26/2/1890
Quarta-Feira
O sr. Governador; Um bravo do Mindello; Verdades e mentiras
27/2/1890
Quinta-Feira
O sr. Governador; Um bravo do Mindello; Verdades e mentiras
1/3/1890
Sábado
Na boca do lobo; Os espinhos da rosa; Verdades e mentiras
2/3/1890
Domingo
Na boca do lobo; Os espinhos da rosa; Verdades e mentiras
3/3/1890
Segunda-Feira
Os espinhos da rosa; Os milagres; O gato por homem
5/3/1890
Quarta-Feira
Os espinhos da rosa; Um bravo do Mindello; Juiz e parte
6/3/1890
Quinta-Feira
Verdades e mentiras; É o meu retrato; Um bravo do Mindello
8/3/1890
Sábado
Meio Tostão; Coisas...; Uns comem os figos ...; O gato por homem
9/3/1890
Domingo
Um bravo do Mindello; Verdade e mentiras; O sr. Governador
10/3/1890
Segunda-Feira
Os espinhos da rosa; Os milagres; É o meu retrato (benefício)
12/3/1890
Quarta-Feira
Verdades e mentiras; N.º 3 ao Chiado; O sr. Governador
(pág 1 de 4)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
219
Anexo E1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Ginásio. (pág 2 de 4)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
13/3/1890
Quinta-Feira
A gripe ...; O sr. Governador; Os espinho da rosa
14/3/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia
15/3/1890
Sábado
Verdades de mentiras; Na boca do lobo; Os meus vizinhos
16/3/1890
Domingo
Verdades de mentiras; Na boca do lobo; Os meus vizinhos
17/3/1890
Segunda-Feira
Piperlin; Os chapéus; Um copo d’agua
19/3/1890
Quarta-Feira
As mulheres carraças
20/3/1890
Quinta-Feira
Juiz e parte; Jucunda; Os meus visinhos
22/3/1890
Sábado
Verdades e mentiras; Os meus visinhos; Na boca do lobo
25/3/1890
Terça-Feira
As mulheres carraças
26/3/1890
Quarta-Feira
Meio tostão; Os Huguenotes
28/3/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia (benefício)
29/3/1890
Sábado
O comissário de polícia
30/3/1890
Domingo
O comissário de polícia
31/3/1890
Segunda-Feira
O comissário de polícia
1/4/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
5/4/1890
Sábado
O comissário de polícia
6/4/1890
Domingo
O comissário de polícia
7/4/1890
Segunda-Feira
O comissário de polícia
8/4/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
9/4/1890
Quarta-Feira
O comissário de polícia
10/4/1890
Quinta-Feira
O comissário de polícia
11/4/1890
Sexta-Feira
Concerto Musical + Os dois candidatos; Verdades e mentiras; O primo Fernando (benefício)
12/4/1890
Sábado
O comissário de polícia (benefício)
13/4/1890
Domingo
O comissário de polícia
14/4/1890
Segunda-Feira
O comissário de polícia
16/4/1890
Quarta-Feira
Jucunda; O primo Fernando
17/4/1890
Quinta-Feira
O comissário de polícia
18/4/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia
19/4/1890
Sábado
Os meus visinhos; Os casamentos reies; Por Santa Barbara
20/4/1890
Domingo
O comissário de polícia
21/4/1890
Segunda-Feira
Por Santa Bárbara; Meio Tostão; O sacristão da revista; Uns comem os figos ...
22/4/1890
Terça-Feira
Verdades e mentiras; Os milagres; Os Huguenotes
23/4/1890
Quarta-Feira
Os meus visinhos; por Santa Barbara; Nao se deve dizer (benefício)
24/4/1890
Quinta-Feira
Os meus visinhos; Verdades e mentiras; Os sr. Governador
25/4/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia (benefício)
26/4/1890
Sábado
O comissário de polícia
28/4/1890
Segunda-Feira
Verdade e Mentiras; O bravo do Mindello; O gato por homem; por Santa Barbara (benefício)
29/4/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
1/5/1890
Quarta-Feira
Jucunda; Os Milagres; Por Santa barbara
2/5/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia
3/5/1890
Sábado
Um bravo do Mindello; Piperlin; Por Santa Barbara (benefício)
4/5/1890
Domingo
O comissário de polícia
5/5/1890
Segunda-Feira
Não se deve dizer; Os Huguenotes (beneficio)
6/5/1890
Terça-Feira
O tio Matheus; Verdades e mentiras; Os milagres; Por Santa Barbara
7/5/1890
Quarta-Feira
Jucunda; Os milagres; Por Santa barbara (benefício)
8/5/1890
Quinta-Feira
Não se deve dizer; Uns comem os figos ...; Por Santa Barbara (benefício)
9/5/1890
Sexta-Feira
Os Huguenotes; Um bravo do Mindello; Cocard & Bicoquet (benefício)
10/5/1890
Sábado
O comissário de polícia
11/5/1890
Domingo
O comissário de polícia
12/5/1890
Segunda-Feira
Não se deve dizer; Uns comem os figos ...; Por Santa Barbara (benefício)
13/5/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
21/5/1890
Quarta-Feira
Lambertini; Georgitta; Educanda de Sorrento
22/5/1890
Quinta-Feira
O duque forçado
23/5/1890
Sexta-Feira
A primeira dôr; Faça-me a côrte
24/5/1890
Sábado
Georgetta; Uh-lá-lá; Educanda de Sorrento
220
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo E1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Ginásio. (pág 3 de 4)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
25/5/1890
Domingo
O duque forçado
26/5/1890
Segunda-Feira
A filha de Jephte
27/5/1890
Terça-Feira
Companhia Lambertini
28/5/1890
Quarta-Feira
Tragédia e música; Um exemplo à mãe; Uma carta a Deus
29/5/1890
Quinta-Feira
Georgetta
30/5/1890
Sexta-Feira
Georgetta
31/5/1890
Sábado
Uma página de amor; Uh lá lá (benefício)
1/6/1890
Domingo
O papa Martim
2/6/1890
Segunda-Feira
O papa Martim
4/6/1890
Quarta-Feira
Uma página de amor; Uh-lá-lá
5/6/1890
Quinta-Feira
Assim vai o mundo menina
6/6/1890
Sexta-Feira
Carta ao padre Eterno; Uma lição de mãe; Uh lá lá
8/6/1890
Domingo
Uma página de amor; Uh-lá-lá
9/6/1890
Segunda-Feira
Uma página de amor; Uh-lá-lá
10/6/1890
Terça-Feira
As predilecções; Últimos momentos de Camões; A lua nova; A ordem é ressonar
11/6/1890
Quarta-Feira
Aniversário do Jubileu camoneano
14/6/1890
Sábado
Companhia italiana
15/6/1890
Domingo
Adeus a Lisboa; Uh-lá-lá; A sevilhana
19/6/1890
Quinta-Feira
Noiva de Florestano; Creados Patrões; Sexteto do Maestro Gaspar (benefício)
6/7/1890
Domingo
Espectaculo promovido por um grupo de amigos do distincto actor Diniz; Uh Lá lá
13/7/1890
Domingo
O ditoso fado; A peça dos caixeiros; Uh lá lá; Bailado Hespanhol; Monólogo (Soirée Dramática)
17/9/1890
Quarta-Feira
O comissário de polícia
18/9/1890
Quinta-Feira
O comissário de polícia
19/9/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia
21/9/1890
Domingo
O comissário de polícia
23/9/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
23/9/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
25/9/1890
Quinta-Feira
O comissário de polícia
27/9/1890
Sábado
O comissário de polícia
28/9/1890
Domingo
O comissário de polícia
30/9/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
2/10/1890
Quinta-Feira
O comissário de polícia
4/10/1890
Sábado
O comissário de polícia
5/10/1890
Domingo
O comissário de polícia
7/10/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
9/10/1890
Quinta-Feira
Jucunda
11/10/1890
Sábado
O comissário de polícia
12/10/1890
Domingo
O comissário de polícia
15/10/1890
Quarta-Feira
A carta de Cesar; A tábua de salvação
16/10/1890
Quinta-Feira
A carta de Cesar; A tábua de salvação
17/10/1890
Sexta-Feira
A carta de Cesar; A tábua de salvação
18/10/1890
Sábado
Jucunda; Por Santa Barbara (benefício)
19/10/1890
Domingo
A carta de Cesar; A tábua de salvação
21/10/1890
Terça-Feira
A carta de Cesar; A tábua de salvação
23/10/1890
Quinta-Feira
A tábua de salvação; Os camarões
24/10/1890
Sexta-Feira
A tábua de salvação; Os camarões
25/10/1890
Sábado
Verdades e mentiras; Os Huguenotes
26/10/1890
Domingo
O comissário de polícia
27/10/1890
Segunda-Feira
Durand & Durand; Por Santa Barbara (benefício)
29/10/1890
Quarta-Feira
Verdades e mentiras; Os camarões (benefício)
30/10/1890
Quinta-Feira
Os camarões; Piperlin (benefício)
31/10/1890
Sexta-Feira
Durand & Durand; Por Santa Barbara (benefício)
1/11/1890
Sábado
O comissário de polícia
2/11/1890
Domingo
O comissário de polícia
3/11/1890
Segunda-Feira
O condecorado
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
221
Anexo E1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Ginásio. (pág 4 de 4)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
5/11/1890
Quarta-Feira
O comissário de polícia; A tábua de salvação; Os meus visinhos; A carta de Cesar
6/11/1890
Quinta-Feira
Os camarões; A tábua de salvação
7/11/1890
Sexta-Feira
O condecorado; A carta de Cesar
8/11/1890
Sábado
Bocard e Biquet; Os camarões
10/11/1890
Segunda-Feira
Não se deve dizer; A carta de Cesar (benefício)
11/11/1890
Terça-Feira
O condecorado; A carta de Cesar; Por Santa Barbara
12/11/1890
Quarta-Feira
Piperlin; Os meus visinhos; Por Santa Barbara (benefício)
13/11/1890
Quinta-Feira
O condecorado; Os camarões
14/11/1890
Sexta-Feira
Não se deve dizer; Os camarões (benefício)
15/11/1890
Sábado
A tábua de salvação; Os camarões (benefício)
15/11/1890
Sábado
Causa célebre
16/11/1890
Domingo
Os Huguenotes; Condecorado
17/11/1890
Segunda-Feira
O sr. Governador; Os milagres; N.º 3 ao Chiado; Os Huguenotes
19/11/1890
Quarta-Feira
O condecorado; A carta de Cesar; Por Santa Barbara
21/11/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia
22/11/1890
Sábado
Verdades e mentiras; A carta de Cesar; Os meus visinhos; O copo d’agua (beneficio)
23/11/1890
Domingo
O comissário de polícia
24/11/1890
Segunda-Feira
O condecorado; Os camarões
26/11/1890
Quarta-Feira
O copo d’agua; Hotel luso-Brasileiro; Os Huguenotes; Aldighieri Junior (benefício)
27/11/1890
Quinta-Feira
O copo d’agua; Hotel luso-Brasileiro; Os Huguenotes; Aldighieri Junior (benefício)
28/11/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia
29/11/1890
Sábado
Hotel luso-Brasileiro; O condecorado
30/11/1890
Domingo
Hotel luso-Brasileiro; O condecorado
1/12/1890
Segunda-Feira
A tábua de salvação; Os chapéus; Os Huguenotes
2/12/1890
Terça-Feira
Hotel luso-Brasileiro; O condecorado
3/12/1890
Quarta-Feira
O comissário de polícia
4/12/1890
Quinta-Feira
Verdades e mentiras; O sr. Governador (benefício)
5/12/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia (benefício)
6/12/1890
Sábado
Hotel luso-Brasileiro; O condecorado
7/12/1890
Domingo
Hotel luso-Brasileiro; Os camarões; A carta de Cesar
8/12/1890
Segunda-Feira
O comissário de polícia
9/12/1890
Terça-Feira
Os camarões; Hotel luso-Brasileiro; O condecorado
10/12/1890
Quarta-Feira
Os camarões; A tábua de salvação
11/12/1890
Quinta-Feira
Cocard & Bicoquet; Os Huguenotes (benefício)
12/12/1890
Sexta-Feira
O comissário de polícia
13/12/1890
Sábado
Jucunda, Por Santa Barbara; Canto da Liga
14/12/1890
Domingo
Hotel luso-Brasileiro; Os camarões; A carta de Cesar
15/12/1890
Segunda-Feira
Hotel luso-Brasileiro; Os camarões; A carta de Cesar
16/12/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
17/12/1890
Quarta-Feira
Piperlin; Os camarões (benefício)
18/12/1890
Quinta-Feira
Kikirikokambo; Hotel luso-Brasileiro (benefício)
19/12/1890
Sexta-Feira
kikirikokambo; A crise ministerial
20/12/1890
Sábado
kikirikokambo; A crise ministerial
21/12/1890
Domingo
kikirikokambo; A crise ministerial
22/12/1890
Segunda-Feira
Piperlin; Os Huguenotes
23/12/1890
Terça-Feira
A tábua de salvação; Ventura, o bom velhote; Os camarões (Teatro franqueado para benefício)
25/12/1890
Quinta-Feira
kikirikokambo; A crise ministerial
27/12/1890
Sábado
Os camarões
28/12/1890
Domingo
kikirikokambo; A crise ministerial
29/12/1890
Segunda-Feira
Os chapéus; O condecorado (benefício)
30/12/1890
Terça-Feira
O comissário de polícia
31/12/1890
Quarta-Feira
Cocard & Bicoquet; Os camarões (benefício)
222
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo E2 – Listagem do repertório exibido no ano de 1890 no Teatro do Ginásio. Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A carta de Cesar
Comédia
[?]
A crise ministerial
Comédia
[?]
A filha de Jephte
Drama
[?]
A gripe ...
Monólogo
[?]
A lua nova
Comédia
[?]
A minha família
[Não identificado]
[?]
A ordem é ressonar
Comédia
[?]
A patifa da primavera
Comédia
[?]
A peça dos caixeiros
[Não identificado]
[?]
A primeira dôr
Drama
[?]
A sanguesuga
Comédia
[?]
A tabua de salvação
Comédia
[?]
Adeus a Lisboa
[Não identificado]
[?]
Aldighieri Junior
Comédia
[?]
As meninas Rodrigues
Comédia
[?]
As mulheres carraças
Comédia
[?]
As predilecções
Comédia
[?]
Assim vai o mundo menina
Comédia
[?]
Causa célebre
Drama
[?]
Cocard & Bicoquet
Comédia
[?]
Coisas ...
Monólogo
[?]
Durand & Durand
Comédia
[?]
É o meu retrato
Comédia
[?]
Educanda de Sorrento
Opereta
[?]
Faça-me a côrte
Drama
[?]
Giorgetta
Drama
[?]
Hotel luso-Brasileiro
Comédia
[?]
Jucunda
Comédia
[?]
Juiz e parte
Comédia
[?]
Kikirikokambo
Comédia
[?]
Lucrecia Borgia
Comédia
[?]
Meio Tostão
Comédia
[?]
Menina Rosa
Comédia
[?]
N.º 3 ao Chiado
Cançoneta
[?]
Na bocca do lobo
Comédia
[?]
Não se deve dizer
Comédia
[?]
No dia do casamento
Comédia
[?]
O Canto da Liga
Peça musical
Martins da Motta
O comissário de polícia
Comédia
[?]
O condecorado
Comédia
[?]
O copo d’agua
Comédia
[?]
O ditoso fado
Comédia
[?]
O duque forçado
Drama
[?]
O gato por homem
Comédia
[?]
O papa Martim
Drama
[?]
O primo Fernando
Comédia
[?]
O sr. Governador
Comédia
[?]
O tio Matheus
Cançoneta
[?]
Operários e Agiotas
Drama
[?]
Os camarões
Comédia
[?]
Os Chapéus
Cena Cómica
[?]
Os dois candidatos
Comédia
[?]
Os espinhos da rosa
Comédia
[?]
Os Huguenotes
Comédia
[?]
Os meus visinhos
Monólogo
[?]
Os milagres
Comédia
[?]
(pág 1 de 2)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
223
Anexo E2 – Listagem do repertório exibido no ano de 1890 no Teatro do Ginásio. Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
Os pardais
Comédia
[?]
Piperlin
Comédia
[?]
Por Santa Barbara
Comédia
[?]
Que trapalhada
Comédia
[?]
Quem morre ... morre
Comédia
[?]
Tempestade conjugal
Comédia
[?]
Tire d'ali a menina
Comédia
[?]
Tragédia e música
Comédia
[?]
Uh-lá-lá
Cançoneta
[?]
Últimos momentos de Camões
Apropósito patriótico
[?]
Um bravo do Mindello
Cançoneta
[?]
Um copo d’agua
Comédia
[?]
Um exemplo à mãe
Drama
[?]
Um homem político
Comédia
[?]
Uma carta a Deus
Comédia
[?]
Uma lição de mãe
Comédia
[?]
Uma página de amor
Drama
[?]
Uns comem os figos ...
Comédia
[?]
Ventura, o bom velhote
Cançoneta
[?]
Verdades e mentiras
Comédia
[?]
(pág 2 de 2)
224
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
2/1/1890
Quinta-Feira
A filha do mar (benefício)
3/1/1890
Sexta-Feira
Demi-monde
4/1/1890
Sábado
Joanna
5/1/1890
Domingo
Demi-monde
6/1/1890
Segunda-Feira
Demi-monde
13/1/1890
Segunda-Feira
A dama das Camélias; A morgadinha de Valflôr
16/1/1890
Quinta-Feira
A roubadora de crianças
19/1/1890
Domingo
Adriana Lecouvrer
20/1/1890
Segunda-Feira
A dama das Camélias (benefício)
21/1/1890
Terça-Feira
A dama das Camélias
22/1/1890
Quarta-Feira
Adrianna Lecouvreur
23/1/1890
Quinta-Feira
Adriana Lecouvrer (Benefício)
24/1/1890
Sexta-Feira
Adriana Lecouvrer
25/1/1890
Sábado
Os milhões do criminoso
26/1/1890
Domingo
Adriana Lecouvrer
27/1/1890
Segunda-Feira
A cabana do pai Thomaz
28/1/1890
Terça-Feira
Adriana Lecouvrer
29/1/1890
Quarta-Feira
Padres e Jesuítas
30/1/1890
Quinta-Feira
Os milhões do criminoso
31/1/1890
Sexta-Feira
Adriana Lecouvrer
2/2/1890
Domingo
Adriana Lecouvreur
3/2/1890
Segunda-Feira
A vida de uma rapaz pobre (Benefício)
4/2/1890
Terça-Feira
A feiticeira; Por um triz (benefício)
5/2/1890
Quarta-Feira
A feiticeira; Papá e mamã
7/2/1890
Sexta-Feira
Adriana Lecouvrer
8/2/1890
Sábado
A feiticeira (Benefício)
9/2/1890
Domingo
Adriana Lecouvrer
10/2/1890
Segunda-Feira
A vida de um rapaz pobre
12/2/1890
Quarta-Feira
Adriana Lecouvrer
13/2/1890
Quinta-Feira
A feiticeira (benefício)
14/2/1890
Sexta-Feira
A Carmos, paródia à Carmen
14/2/1890
Sexta-Feira
A Carmos, paródia à Carmen
15/2/1890
Sábado
A Carmos, paródia à Carmen
16/2/1890
Domingo
A Carmos, paródia à Carmen
(pág 1 de 8)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
17/2/1890
Segunda-Feira
A Carmos, paródia à Carmen
18/2/1890
Terça-Feira
A Carmos, paródia à Carmen
20/2/1890
Quinta-Feira
A feiticeira
21/2/1890
Sexta-Feira
Demi-monde
22/2/1890
Sábado
Divorciemo-nos; Uma lição de mãe
24/2/1890
Segunda-Feira
O capitão de piratas
25/2/1890
Terça-Feira
Demi-monde
28/2/1890
Sexta-Feira
Dalila
2/3/1890
Domingo
Dalila
4/3/1890
Terça-Feira
Dalila (benefício)
5/3/1890
Quarta-Feira
Dalila
6/3/1890
Quinta-Feira
As duas orphãs
7/3/1890
Sexta-Feira
As duas orphãs
10/3/1890
Segunda-Feira
A Carmos, paródia à Carmen (benefício)
11/3/1890
Terça-Feira
Dalila
12/3/1890
Quarta-Feira
Um bravo do Mindello; Divorciemo-nos; Milagres de Santo Antonio (beneficio)
13/3/1890
Quinta-Feira
A vida de um rapaz pobre (benefício)
15/3/1890
Sábado
A feiticeira (beneficio)
16/3/1890
Domingo
Dalila
17/3/1890
Segunda-Feira
O capitão de piratas
18/3/1890
Terça-Feira
Claudina
21/3/1890
Sexta-Feira
Claudina
22/3/1890
Sábado
O capitão de piratas
24/3/1890
Segunda-Feira
A feiticeira
25/3/1890
Terça-Feira
Claudina
26/3/1890
Quarta-Feira
A vida de um rapaz pobre
27/3/1890
Quinta-Feira
As duas orphãs
28/3/1890
Sexta-Feira
Claudina
30/3/1890
Domingo
Claudina
1/4/1890
Terça-Feira
A feiticeira (benefício)
5/4/1890
Sábado
A Carmos, paródia à Carmen (benefício)
6/4/1890
Domingo
A morgadinha de Valflôr
9/4/1890
Quarta-Feira
A morgadinha de Valflôr
10/4/1890
Quinta-Feira
Demi-monde; O bravo do Mindello; Greve de ferreiros
225
(pág 2 de 8)
226
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real.
(pág 3 de 8)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
11/4/1890
Sexta-Feira
As leis sociais; A taberna (7º Quadro) (benefício)
12/4/1890
Sábado
A Carmos, paródia à Carmen (benefício)
13/4/1890
Domingo
As leis sociais
14/4/1890
Segunda-Feira
A morgadinha de Valflôr
15/4/1890
Terça-Feira
As leis sociais; Milagres de Santo António
16/4/1890
Quarta-Feira
As leis sociais; Milagres de Santo António
18/4/1890
Sexta-Feira
Maria Antonieta (benefício)
19/4/1890
Sábado
A vida de um rapaz pobre (benefício)
21/4/1890
Segunda-Feira
As leis sociais; Milagres de Santo António
22/4/1890
Terça-Feira
Causa célebre (benefício)
23/4/1890
Quarta-Feira
A Carmos, paródia à Carmen
24/4/1890
Quinta-Feira
As leis sociais; A minha família; O prussiano (benefício)
25/4/1890
Sexta-Feira
Causa célebre
26/4/1890
Sábado
Causa célebre
28/4/1890
Segunda-Feira
Milagre de S. Antonio; As leis sociais (benefício)
29/4/1890
Terça-Feira
A roubadora de crianças
3/5/1890
Sábado
A Carmos, paródia à Carmen
4/5/1890
Domingo
A morgadinha de Valle Pereira
5/5/1890
Segunda-Feira
A Carmos, paródia à Carmen
8/5/1890
Quinta-Feira
A morgadinha de Valle Pereira
10/5/1890
Sábado
Os conselhos de meu tio; Se, La, Si, Dó; Simão, Simões & Companhia
11/5/1890
Domingo
A Carmos, paródia à Carmen
14/5/1890
Quarta-Feira
Os conselhos do meu tio; Por causa d’um cão; Garoto dos jornais; Simão, Simões & Companhia
15/5/1890
Quinta-Feira
A morgadinha de Valle Pereira
17/5/1890
Sábado
Os conselhos de meu tio; Se, La, Si, Dó; Simão, Simões & Companhia
18/5/1890
Domingo
A pena de morte; Por causa d’um cão
22/5/1890
Quinta-Feira
A pena de morte; Por causa d’um cão; A minha família
24/5/1890
Sábado
O Zé (benefício)
25/5/1890
Domingo
O Zé
31/5/1890
Sábado
O diabo à solta
1/6/1890
Domingo
O diabo à solta
2/6/1890
Segunda-Feira
O diabo à solta
3/6/1890
Terça-Feira
O diabo à solta
4/6/1890
Quarta-Feira
O diabo à solta
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
5/6/1890
Quinta-Feira
O diabo à solta
6/6/1890
Sexta-Feira
O diabo à solta
8/6/1890
Domingo
O diabo à solta
9/6/1890
Segunda-Feira
O diabo à solta
10/6/1890
Terça-Feira
O diabo à solta
11/6/1890
Quarta-Feira
O diabo à solta
12/6/1890
Quinta-Feira
O diabo à solta; A mágica
13/6/1890
Sexta-Feira
O diabo à solta
14/6/1890
Sábado
O diabo à solta
15/6/1890
Domingo
O diabo à solta
16/6/1890
Segunda-Feira
O diabo à solta
17/6/1890
Terça-Feira
O diabo à solta
18/6/1890
Quarta-Feira
O diabo à solta
19/6/1890
Quinta-Feira
O diabo à solta
20/6/1890
Sexta-Feira
O diabo à solta
21/6/1890
Sábado
O diabo à solta
22/6/1890
Domingo
O diabo à solta
26/6/1890
Quinta-Feira
O diabo à solta
27/6/1890
Sexta-Feira
O diabo à solta
28/6/1890
Sábado
O diabo à solta; Mr. Gill’o, pintor caricaturista
29/6/1890
Domingo
O diabo à solta
2/7/1890
Quarta-Feira
O diabo à solta
2/7/1890
Quarta-Feira
O diabo à solta
3/7/1890
Quinta-Feira
O diabo à solta
4/7/1890
Sexta-Feira
O diabo à solta
5/7/1890
Sábado
O diabo à solta
6/7/1890
Domingo
O diabo à solta
7/7/1890
Segunda-Feira
O diabo à solta
8/7/1890
Terça-Feira
O diabo à solta
9/7/1890
Quarta-Feira
O diabo à solta
11/7/1890
Sexta-Feira
O diabo à solta
12/7/1890
Sábado
O diabo à solta
13/7/1890
Domingo
O diabo à solta
14/7/1890
Segunda-Feira
O duque de Vizella
227
(pág 4 de 8)
228
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
15/7/1890
Terça-Feira
O duque de Vizella (benefício)
16/7/1890
Quarta-Feira
O duque de Vizella
17/7/1890
Quinta-Feira
O duque de Vizella
19/7/1890
Sábado
O duque de Vizella
20/7/1890
Domingo
O diabo à solta
21/7/1890
Segunda-Feira
O diabo à solta
24/7/1890
Quinta-Feira
O diabo à solta
25/7/1890
Sexta-Feira
O diabo à solta
26/7/1890
Sábado
O diabo à solta
26/7/1890
Sábado
O diabo à solta
27/7/1890
Domingo
O diabo à solta
28/7/1890
Segunda-Feira
O duque de Vizella (benefício)
30/7/1890
Quarta-Feira
O duque de Vizella (benefício)
31/7/1890
Quinta-Feira
O duque de Vizella; Pão fresco (benefício)
3/8/1890
Domingo
Operários e Patrões
9/8/1890
Sábado
Marcos, Marques, Malaquias (benefício)
10/8/1890
Domingo
Marcos, Marques, Malaquias
11/8/1890
Segunda-Feira
Marcos, Marques, Malaquias
12/8/1890
Terça-Feira
Marcos, Marques, Malaquias
12/8/1890
Terça-Feira
O reino das mulheres
13/8/1890
Quarta-Feira
Marcos Marques Malaquias
14/8/1890
Quinta-Feira
Marcos Marques Malaquias
15/8/1890
Sexta-Feira
Macos Marques e Malaquias
16/8/1890
Sábado
Marcos Marques Malaquias
17/8/1890
Domingo
Marcos Marques Malaquias
23/8/1890
Sábado
O diabo à solta
24/8/1890
Domingo
O diabo à solta
31/8/1890
Domingo
O diabo à solta
4/9/1890
Quinta-Feira
O Porto
6/9/1890
Sábado
O Porto
7/9/1890
Sábado
O Porto; Simão, Simões & Companhia
8/9/1890
Segunda-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
9/9/1890
Terça-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
10/9/1890
Quarta-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
(pág 5 de 8)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
11/9/1890
Quinta-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
12/9/1890
Sexta-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
13/9/1890
Sábado
O Porto; Simão, Simões & Companhia
14/9/1890
Domingo
O Porto; Simão, Simões & Companhia
16/9/1890
Terça-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
17/9/1890
Quarta-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
19/9/1890
Sexta-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
20/9/1890
Sábado
O Porto; Simão, Simões & Companhia
21/9/1890
Domingo
O Porto; Simão, Simões & Companhia
22/9/1890
Segunda-Feira
O Porto; Simão, Simões & Companhia
27/9/1890
Sábado
Fantoches; Golpes de sabre; Concerto excentrico; Os crimes do Brandão
28/9/1890
Domingo
Concerto excêntrico, etc.
16/10/1890
Quinta-Feira
O voluntário de Cuba; A dama das Camélias
19/10/1890
Domingo
Causa célebre
21/10/1890
Terça-Feira
O voluntário de Cuba; A dama das Camélias
22/10/1890
Quarta-Feira
Causa célebre
23/10/1890
Quinta-Feira
Causa célebre (benefício)
24/10/1890
Sexta-Feira
O voluntário de Cuba; A dama das Camélias (benefício)
25/10/1890
Sábado
Causa célebre
26/10/1890
Domingo
A cabana do pai Thomaz
27/10/1890
Segunda-Feira
A cabana do pai Thomaz
28/10/1890
Terça-Feira
O voluntário de Cuba; A dama das Camélias
29/10/1890
Quarta-Feira
A vida de um rapaz pobre
30/10/1890
Quinta-Feira
Causa célebre
31/10/1890
Sexta-Feira
O voluntário de Cuba; O operário; A dama das Camélias (benefício)
1/11/1890
Sábado
A taberna
2/11/1890
Domingo
A taberna
3/11/1890
Segunda-Feira
Jorge, o vagabundo
4/11/1890
Terça-Feira
A dama das Camélias; Os lazaristas
5/11/1890
Quarta-Feira
A cabana do pai Thomaz
6/11/1890
Quinta-Feira
Causa célebre
7/11/1890
Sexta-Feira
Jorge, o vagabundo
8/11/1890
Sábado
Padres e Jesuítas (benefício)
10/11/1890
Segunda-Feira
Padres e Jesuítas (benefício)
229
(pág 6 de 8)
230
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
11/11/1890
Terça-Feira
Padres e Jesuítas (benefício)
12/11/1890
Quarta-Feira
Jorge, o vagabundo
14/11/1890
Sexta-Feira
Jorge, o vagabundo
15/11/1890
Sábado
Causa célebre
16/11/1890
Domingo
Jorge, o vagabundo
17/11/1890
Segunda-Feira
Causa célebre
19/11/1890
Quarta-Feira
Magdalena (benefício)
20/11/1890
Quinta-Feira
Maria Joanna ou a Mulher do Povo
21/11/1890
Sexta-Feira
O voluntário de Cuba; O prussiano (benefício)
22/11/1890
Sábado
Causa célebre
23/11/1890
Domingo
Jorge, o vagabundo
24/11/1890
Segunda-Feira
A cabana do pai Thomaz
25/11/1890
Terça-Feira
Jorge, o vagabundo
26/11/1890
Quarta-Feira
Jorge, o vagabundo
27/11/1890
Quinta-Feira
Maria Joanna ou a mulher do povo (benefício)
28/11/1890
Sexta-Feira
Causa célebre (benefício)
29/11/1890
Sábado
O voluntário de Cuba; O prussiano
30/11/1890
Domingo
Jorge, o vagabundo
1/12/1890
Segunda-Feira
Jorge, o vagabundo
2/12/1890
Terça-Feira
A dama das Camélias
3/12/1890
Quarta-Feira
A cabana do pai Thomaz
4/12/1890
Quinta-Feira
Jorge, o vagabundo
5/12/1890
Sexta-Feira
A escravatura branca (benefício)
6/12/1890
Sábado
Jorge, o vagabundo
7/12/1890
Domingo
A escravatura branca
8/12/1890
Segunda-Feira
A escravatura branca
9/12/1890
Terça-Feira
Jorge, o vagabundo
10/12/1890
Quarta-Feira
A escravatura branca
11/12/1890
Quinta-Feira
Jorge, o vagabundo
12/12/1890
Sexta-Feira
A escravatura branca
14/12/1890
Domingo
A escravatura branca
15/12/1890
Segunda-Feira
Jorge, o vagabundo
16/12/1890
Terça-Feira
A escravatura branca
17/12/1890
Quarta-Feira
O voluntário de Cuba; O visconde da rosa branca (benefício)
(pág 7 de 8)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
18/12/1890
Quinta-Feira
A vida de um rapaz pobre (benefício)
19/12/1890
Sexta-Feira
A escravatura branca (benefício)
20/12/1890
Sábado
A escravatura branca (benefício)
21/12/1890
Domingo
A dama das Camélias
22/12/1890
Segunda-Feira
A dama das Camélias (benefício)
23/12/1890
Terça-Feira
A dama das Camélias (benefício)
24/12/1890
Quarta-Feira
A vida de um rapaz pobre (benefício)
25/12/1890
Quinta-Feira
A morgadinha de Valflôr
26/12/1890
Sexta-Feira
A morgadinha de Valflôr (benefício)
27/12/1890
Sábado
A morgadinha de Valflôr (benefício)
28/12/1890
Domingo
Jorge, o vagabundo
29/12/1890
Segunda-Feira
A escravatura branca (benefício)
30/12/1890
Segunda-Feira
A escravatura branca (benefício do Club philarmonico Sequeira de Assis)
31/12/1890
Quarta-Feira
Jorge, o vagabundo
31/12/1890
Quarta-Feira
Jorge, o vagabundo
231
(pág 8 de 8)
232
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo F2 – Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro do Príncipe Real. (pág 1 de 1)
Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A cabana do pai Thomas
Drama
[?]
A dama das Camélias
Drama
[?]
A escravatura branca
Drama
[?]
A feiticeira
Drama
[?]
A filha do mar
[Não identificado]
[?]
A mágica
[Não identificado]
[?]
A minha família
[Não identificado]
[?]
A morgadinha de Valflôr
Drama
[?]
A morgadinha de Valle Pereira
Drama
[?]
A pena de morte
Drama
[?]
A roubadora de creanças
Drama
[?]
A vida de um rapaz pobre
Drama
[?]
Adriana Lecouvrer
Comédia-Drama
[?]
As leis sociais
Drama
[?]
Causa célebre
Drama
[?]
Chicote queimado
Cançoneta
[?]
Claudina
Drama
[?]
Dalila
Drama
[?]
De Lisboa a Vigo
Drama
[?]
Demi-monde
[Não identificado]
[?]
Divorciemo-nos
Comédia
[?]
Garoto dos jornais
[Não identificado]
[?]
Golpes de sabre
Drama
[?]
Greve de ferreiros
[Não identificado]
[?]
Joanna
[Não identificado]
[?]
Jorge, o vagabundo
Drama
[?]
Magdalena
[Não identificado]
[?]
Marcos, Marques, Malaquias
Comédia
[?]
Maria Antonieta
Drama
[?]
Maria Joanna ou a mulher do povo
Drama
[?]
Milagres de Santo António
Comédia
[?]
O capitão dos piratas
Drama
[?]
O diabo à solta
Mágica
[?]
O duque de Vizella
Paródia
[?]
O operário
Drama
[?]
O pão fresco
Cançoneta
[?]
O papá e a mamã
Monólogo
[?]
O Porto
Zarzuela (adaptada)
Federico Chueca (1846-1908); Joaquín
O prussiano
Drama
[?]
O visconde da rosa branca
[Não identificado]
[?]
O voluntário de Cuba
Drama
[?]
O Zé
Drama Popular
[?]
Operários e patrões
Drama Popular
[?]
Os conselhos do meu tio
Comédia
[?]
Os crimes do Brandão
Comédia
[?]
Os lazaristas
[Não identificado]
[?]
Os milhões do criminoso
Drama
[?]
Padres e Jesuitas
Drama
[?]
Por causa d’um cão
Comédia
[?]
Por um triz
Comédia
[?]
Se, La, Si, Dó
[Não identificado]
[?]
Simão, Simões & Companhia
Opereta/Zarzuela
[?]
Uma lição de mãe
Comédia
[?]
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
233
Anexo G1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Avenida. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
3/1/1890
Sexta-Feira
Lisboa em Camisa
6/1/1890
Segunda-Feira
Lisboa em camisa
8/1/1890
Quarta-Feira
Lisboa em camisa
13/1/1890
Segunda-Feira
Lisboa em camisa
14/1/1890
Terça-Feira
Lisboa em camisa
15/1/1890
Quarta-Feira
Lisboa em camisa
16/1/1890
Quinta-Feira
Lisboa em camisa
17/1/1890
Sexta-Feira
Lisboa em camisa
18/1/1890
Sábado
Lisboa em camisa
21/1/1890
Terça-Feira
Lisboa em camisa
22/1/1890
Quarta-Feira
Lisboa em camisa
24/1/1890
Sexta-Feira
Lisboa em camisa
25/1/1890
Sábado
Lisboa em camisa
26/1/1890
Domingo
Lisboa em camisa
30/1/1890
Quinta-Feira
Lisboa em camisa
31/1/1890
Sexta-Feira
Lisboa em camisa
2/2/1890
Domingo
Lisboa em camisa
3/2/1890
Segunda-Feira
Lisboa em camisa
3/2/1890
Segunda-Feira
Lisboa em camisa
10/2/1890
Segunda-Feira
Lisboa em camisa
12/2/1890
Quarta-Feira
Lisboa em camisa
15/2/1890
Sábado
Tim tim por tim tim
16/2/1890
Domingo
Tim tim por tim tim
17/2/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim
18/2/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim
20/2/1890
Quinta-Feira
Tim tim por tim tim
21/2/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim
22/2/1890
Sábado
Tim tim por tim tim
23/2/1890
Domingo
Tim tim por tim tim
24/2/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim
25/2/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim
26/2/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim
27/2/1890
Quinta-Feira
Tim tim por tim tim
28/2/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim
(pág 1 de 5)
234
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo G1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Avenida. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
1/3/1890
Sábado
Tim tim por tim tim
2/3/1890
Domingo
Tim tim por tim tim
3/3/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim
4/3/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa
5/3/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa
6/3/1890
Quinta-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Hino do Povo
7/3/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Hino do Povo (Homenagem a Serpa Pinto)
8/3/1890
Sábado
Tim tim por tim tim; A portuguesa
9/3/1890
Domingo
Tim tim por tim tim; A portuguesa
11/3/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim; Homenagem a Serpa Pinto; A portuguesa; Caluda, José!
12/3/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!
13/3/1890
Quinta-Feira
Tim tim por tim tim; Caluda, José!
14/3/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!
15/3/1890
Sábado
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!
16/3/1890
Domingo
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!
17/3/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda José!
19/3/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!
20/3/1890
Quinta-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!
22/3/1890
Sábado
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!
23/3/1890
Domingo
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!
25/3/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim; Caluda, José!
28/3/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim (benefício)
29/3/1890
Sábado
Tim tim por tim tim
30/3/1890
Domingo
Tim tim por tim tim
31/3/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim
1/4/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim (acto novo); A portuguesa; Bandas de Música
2/4/1890
Quarta-Feira
Récita extraordinária em homenagem à Cidade de Lisboa
5/4/1890
Sábado
Tim tim por tim tim
6/4/1890
Domingo
Tim tim por tim tim
7/4/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim
8/4/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim
8/4/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim
9/4/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim
10/4/1890
Quinta-Feira
Tim tim por tim tim
(pág 2 de 5)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
235
Anexo G1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Avenida. (pág 3 de 5)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
11/4/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim
12/4/1890
Sábado
Tim tim por tim tim
13/4/1890
Domingo
Tim tim por tim tim
14/4/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim
16/4/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim
17/4/1890
Quinta-Feira
Tim tim por tim tim
18/4/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim
19/4/1890
Sábado
Tim tim por tim tim
20/4/1890
Domingo
Tim tim por tim tim
21/4/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim
22/4/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim
23/4/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim
24/4/1890
Quinta-Feira
A filha da sr.ª Angot
25/4/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim
26/4/1890
Sábado
Tim tim por tim tim; Acto Novo; A portuguesa; Banda de Música
27/4/1890
Domingo
Tim tim por tim tim
28/4/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Ventura, o bom velhote; Caluda, José!; Lili, Salsifre; Banda de músic a; Exposição
29/4/1890
Terça-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Banda de música; Exposição
30/4/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim
3/5/1890
Sábado
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Paródia ao spirito gentil; Caluda, José!; A velhinha Christina; Miserer e do Trovador
4/5/1890
Domingo
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Paródia ao spirito gentil; Caluda, José!; A velhinha Christina
5/5/1890
Segunda-Feira
Menina Rosa; Meios de Transporte; Os sinos de Corneville; Salsifre; Os trinta botões (benefício)
9/5/1890
Sexta-Feira
Tim tim por tim tim; A portuguesa; A moda; A estudante; Banda de Musica; iluminação
10/5/1890
Sábado
Tim tim por tim tim; A portuguesa; Caluda, José!; Salsifre
11/5/1890
Domingo
Tim tim por tim tim; A portuguesa; A moda; A estudante
12/5/1890
Segunda-Feira
Tim tim por tim tim; O tio Matheus; A Machinista; Parodia ao spirito gentil; A portuguesa
14/5/1890
Quarta-Feira
Tim tim por tim tim
15/5/1890
Quinta-Feira
Tim tim por tim tim
18/5/1890
Domingo
Carmo, paródia à Carmen
25/5/1890
Domingo
Os dois nénés; Os crimes da inquisição
10/7/1890
Quinta-Feira
Os filhos do capitão Grant
11/7/1890
Sexta-Feira
Os filhos do capitão Grant
12/7/1890
Sábado
Os filhos do capitão Grant
13/7/1890
Domingo
Os filhos do capitão Grant
236
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo G1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Avenida. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
15/7/1890
Terça-Feira
O duque de Vizella (benefício)
16/7/1890
Quarta-Feira
Barba azul
18/7/1890
Sexta-Feira
Barba azul
20/7/1890
Domingo
Os filhos do capitão Grant
21/7/1890
Segunda-Feira
Barba azul
29/7/1890
Terça-Feira
O diabo à solta
30/7/1890
Quarta-Feira
O diabo à solta
3/8/1890
Domingo
O diabo à solta
15/8/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
25/8/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
26/8/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
27/8/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
28/8/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
29/8/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
30/8/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
1/9/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
3/9/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
4/9/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
5/9/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
6/9/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
7/9/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
8/9/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
9/9/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei; Os dois nénés
10/9/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
11/9/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
12/9/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
12/9/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
13/9/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei; Os dois nénés; Provas práticas
14/9/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
15/9/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
16/9/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
17/9/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
19/9/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
20/9/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
(pág 4 de 5)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
237
Anexo G1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro da Avenida. (pág 5 de 5)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
21/9/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
22/9/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
23/9/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
25/9/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
26/9/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
27/9/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
28/9/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
6/10/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
7/10/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
8/10/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
14/12/1890
Domingo
El alcaide interino; El año passado por agua; El jaleco blanco
14/12/1890
Domingo
El año passado por agua; El chaleco branco; El alcaide interino
15/12/1890
Segunda-Feira
El año passado por agua; El chaleco branco; El alcaide interino
16/12/1890
Terça-Feira
El alcaide interino; El año passado por agua; El jaleco blanco
17/12/1890
Quarta-Feira
El año passado por agua; La gallina ciega
18/12/1890
Quinta-Feira
El año passado por agua; Como está la sociedad; Los Alojados
19/12/1890
Sexta-Feira
La gallinha ciega; El año passado por agua; Como esta la sociedad?
20/12/1890
Sábado
La gallinha ciega; El año passado por agua; Como esta la sociedad?
21/12/1890
Domingo
Chateaux Margoux; El año passado por agua; Como esta la sociedad?
24/12/1890
Quarta-Feira
Certamen nacional
24/12/1890
Quarta-Feira
Os amores de D. Sirinico XXXI
25/12/1890
Quinta-Feira
Chateau Margoux; El año passado por agua; Certament nacional; Un gatito de Madrid
27/12/1890
Sábado
Chateau Margaux; El año passado por agua; Certamen nacional; Toros de puntas
28/12/1890
Domingo
El año passado por agua; Certament nacional; Un gatito de Madrid
30/12/1890
Terça-Feira
Como está la sociedad?; Un gatito de Madrid; El año passado por agua; Certamen nacional; Toros de pu ntas
238
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo G2 – Listagem do reportório exibido no ano de 1890 no Teatro da Avenida. (pág 1 de 1)
Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A Carmos, paródia à Carmen
Paródia
[?]
A estudante
[Não identificado]
[?]
A filha da sr.ª Angot
Opereta
Alexandre Charles Lecocq (1832-1918)
A Grã-duqueza de Gerolstein
Opereta
Jacques Offenbach (1819-1880)
A machinista
Opereta
[?]
A moda
[Não identificado]
[?]
A velhinha Christina
[Não identificado]
[?]
As vinte mulheres do rei
Opereta
Francisco Felix Simaria
Barba azul
Opereta
[?]
Caluda, José!
Cançoneta
[?]
Certamen nacional
Zarzuela
Manuel Nieto (1844-1915)
Chateau Margaux
Zarzuela
[?]
Como está la sociedad?
Zarzuela
[?]
El alcaide interino
Zarzuela
[?]
El año passado por agua
Zarzuela
[?]
El jaleco blanco
Zarzuela
[?]
La gallinha ciega
Zarzuela
[?]
Las doce y media y sereno
Zarzuela
Ruperto Chapí (1851-1909)
Lisboa em camisa
Revista
[?]
Los alojados
Zarzuela
[?]
Meios de Transporte
[Não identificado]
[?]
Miserere do Trovador
Peça musical
[?]
O tio Matheus
Cançoneta
[?]
Os crimes da inquisição
Drama
[?]
Os sinos de Corneville
Opereta
Jean-Robert Planquette (1850-1903)
Os trinta botões
Comédia
[?]
Paródia ao spirito gentil
Paródia
[?]
Provas práticas
[Não identificado]
[?]
Salsifre
[Não identificado]
[?]
Tim tim por tim tim
Revista
Plácido Stichini (1854-1897); Chueca; Valverde
Un gatito de Madrid
[Não identificado]
[?]
Ventura, o bom velhote
Cançoneta
[?]
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
239
Anexo H1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro Alegria. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
10/1/1890
Sexta-Feira
Ff & Rr
11/1/1890
Sábado
Ff & Rr
12/1/1890
Domingo
Ff & Rr
13/1/1890
Segunda-Feira
Ff & Rr
14/1/1890
Terça-Feira
Ff & Rr
15/1/1890
Quarta-Feira
Ff & Rr
16/1/1890
Quinta-Feira
Ff & Rr
17/1/1890
Sexta-Feira
Ff & Rr
18/1/1890
Sábado
Ff & Rr
19/1/1890
Domingo
Ff & Rr
20/1/1890
Segunda-Feira
Ff & Rr
21/1/1890
Terça-Feira
Ff & Rr
22/1/1890
Quarta-Feira
Ff & Rr
23/1/1890
Quinta-Feira
Ff & Rr
24/1/1890
Sexta-Feira
Ff & Rr
25/1/1890
Sábado
Ff & Rr
26/1/1890
Domingo
Ff & Rr
27/1/1890
Segunda-Feira
Ff & Rr
28/1/1890
Terça-Feira
Ff & Rr
29/1/1890
Quarta-Feira
Ff & Rr
30/1/1890
Quinta-Feira
Ff & Rr
31/1/1890
Sexta-Feira
Ff & Rr
1/2/1890
Sábado
Ff & Rr
2/2/1890
Domingo
Ff & Rr
3/2/1890
Segunda-Feira
Ff & Rr
4/2/1890
Terça-Feira
Ff & Rr
5/2/1890
Quarta-Feira
Ff & Rr
6/2/1890
Quinta-Feira
Ff & Rr
7/2/1890
Sexta-Feira
Ff & Rr
8/2/1890
Sábado
Ff & Rr
9/2/1890
Domingo
Ff & Rr
10/2/1890
Segunda-Feira
Ff & Rr; A Sevilhana
12/2/1890
Quarta-Feira
Ff & Rr; A Sevilhana
13/2/1890
Quinta-Feira
Ff & Rr; A portuguesa
14/2/1890
Sexta-Feira
Ff & Rr
(pág 1 de 5)
240
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo H1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro Alegria. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
15/2/1890
Sábado
Ff & Rr; A portuguesa
16/2/1890
Domingo
Ff & Rr; A portuguesa
17/2/1890
Segunda-Feira
Ff & Rr
18/2/1890
Terça-Feira
Ff & Rr; A portuguesa
22/2/1890
Sábado
Ff & Rr; A portuguesa
23/2/1890
Domingo
Ff & Rr; A Portugeza
24/2/1890
Segunda-Feira
Ff & Rr; A portuguesa
25/2/1890
Terça-Feira
Ff & Rr; A portuguesa
26/2/1890
Quarta-Feira
Ff & Rr; A portuguesa
27/2/1890
Quinta-Feira
Ff & Rr; A portuguesa
28/2/1890
Sexta-Feira
Ff & Rr; A portuguesa
1/3/1890
Sábado
Ff & Rr
2/3/1890
Domingo
Ff & Rr
6/3/1890
Quinta-Feira
A torpeza
7/3/1890
Sexta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
8/3/1890
Sábado
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
9/3/1890
Domingo
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
10/3/1890
Segunda-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
11/3/1890
Terça-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
12/3/1890
Quarta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
13/3/1890
Quinta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
14/3/1890
Sexta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
15/3/1890
Sábado
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
16/3/1890
Domingo
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
17/3/1890
Segunda-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
18/3/1890
Terça-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
21/3/1890
Sexta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
22/3/1890
Sábado
As sogras; Um bravo do Mindello; Um tio em Pelotas
22/3/1890
Sábado
Sogras; O bravo do Mindello; Um tio em Pelotas
23/3/1890
Domingo
A torpeza; As sogras; Os dois Nénés
24/3/1890
Segunda-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
25/3/1890
Terça-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
26/3/1890
Quarta-Feira
Ff & Rr; A portuguesa; A mamã não tem razão
27/3/1890
Quinta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
28/3/1890
Sexta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
(pág 2 de 5)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
241
Anexo H1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro Alegria. (pág 3 de 5)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
29/3/1890
Sábado
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
30/3/1890
Domingo
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
31/3/1890
Segunda-Feira
Um criado brioso; O toureiro amador; Que bom charuto; A torpeza; Um bravo do Mindello; A portuguesa; Nana Tata; La Demoiselle de Commercy; Um casamento simulado; Uma poesia
1/4/1890
Terça-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
5/4/1890
Sábado
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
6/4/1890
Domingo
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
10/4/1890
Quinta-Feira
Ff & Rr; Marcha do ódio
12/4/1890
Sábado
Os crimes do Brandão; A mamã não tem razão; Ff & Rr
13/4/1890
Domingo
A torpeza; A portuguesa; Choro ou rio?; Os crimes do Brandão
15/4/1890
Terça-Feira
A morgadinha de Valle Pereira (2.º acto); O tio Braz; Os três ratos; Choro ou rio?; Os crimes do Brandão e do Niassa
18/4/1890
Sexta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
19/4/1890
Sábado
Diabo no corpo; Um dente furado; Uma dezena
20/4/1890
Domingo
A torpeza; Marcha do ódio; O diabo no corpo; A portuguesa
24/4/1890
Quinta-Feira
O diabo no corpo; A portuguesa; Marcha do ódio
26/4/1890
Sábado
O sr. João e sua nora Helena; Vivandeira de Zuavos; Troupe Gounod; Os crimes do Brandão; Arrelia; C ncerto de Guiseiros; Atribulações de um estudante; Copo encantado (benefício)
28/4/1890
Segunda-Feira
Ff & Rr; Uma cançoneta; Os crimes do Brandão
29/4/1890
Terça-Feira
Simão, Simões & Companhia; La Lune; Os crimes do Brandão; Duas Fragatas; Valsa da Grã-Via; Troupe-Gounot; Choro ou rio?; Duas Fragatas"
3/5/1890
Sábado
As pragas do capitão; Voltas que o mundo dá; Poesia; A abolição da escravatura; Os dois ninis; Troupe Gounod
4/5/1890
Domingo
A torpeza; Ff & Rr; Marcha do ódio; A portuguesa
7/5/1890
Quarta-Feira
O diabo no corpo; Os dois nénés (benefício)
11/5/1890
Domingo
A torpeza; A portuguesa
15/5/1890
Quinta-Feira
A torpeza; Ff & Rr; A portuguesa
18/5/1890
Domingo
A torpeza; A portuguesa; Ff & Rr
24/5/1890
Sábado
Apanharam-me; A torpeza; Os dois Nénés; O Patriotismo (benefício)
25/5/1890
Domingo
Dois Nenés; Os crimes da Inquisição
1/6/1890
Domingo
Os amores d’um príncipe; Os crimes da inquisição; O Patriotismo
4/6/1890
Quarta-Feira
Os gatos; O Patriotismo; Dois nénés; Voltas que o mundo dá; Caluda, José!; Prima Aurora
5/6/1890
Quinta-Feira
Os crimes da Inquisição; A portuguesa; Os dois Nénés
8/6/1890
Domingo
O crimes da inquisição; A portuguesa
10/6/1890
Terça-Feira
A taberna (7º Quadro); O Patriotismo; Dois nénés; O avô (benefício)
13/6/1890
Sexta-Feira
Tomada da Bastilha
16/6/1890
Segunda-Feira
O envenenado; Voltas que o mundo dá; La partida; Casamento simulado (benefício)
18/6/1890
Quarta-Feira
19/6/1890
Quinta-Feira
A cigarra e a formiga; O envenenador; O preço da bolacha
22/6/1890
Domingo
Amor e Glória; Casamento simulado; Voltas que o mundo dá
242
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo H1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro Alegria. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
25/6/1890
Quarta-Feira
A alegria da casa; Joaninha; Os filhos do capitão Grant (quadro)
28/6/1890
Sábado
Amor e Gloria; O Patriotismo; O preço da bolacha
29/6/1890
Domingo
A alegria da casa; Sombras de Satanás; Galeria de Roque
5/7/1890
Sábado
Amor e Glória; Preço da Bolacha (benefício)
6/7/1890
Domingo
Manon; Provas práticas; O preço da bolacha
7/7/1890
Segunda-Feira
Provas (...); Preço da Bolacha; Cançoneta pelo actor Taborda; Os dois nénés; Do mesmo lado (benefício)
12/7/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
14/7/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
15/7/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
16/7/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
17/7/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
18/7/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
19/7/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
20/7/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
21/7/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
22/7/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
23/7/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
24/7/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
25/7/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
26/7/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
27/7/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
28/7/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
29/7/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
31/7/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
1/8/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
2/8/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
3/8/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
4/8/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
5/8/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
6/8/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
7/8/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
8/8/1890
Sexta-Feira
As vinte mulheres do rei
9/8/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
10/8/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
11/8/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
(pág 4 de 5)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
243
Anexo H1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro Alegria. (pág 5 de 5)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
12/8/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
14/8/1890
Quinta-Feira
As vinte mulheres do rei
16/8/1890
Sábado
As vinte mulheres do rei
17/8/1890
Domingo
As vinte mulheres do rei
18/8/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
19/8/1890
Terça-Feira
As vinte mulheres do rei
20/8/1890
Quarta-Feira
As vinte mulheres do rei
4/10/1890
Sábado
Fantoches; Golpes de sabre; Concerto excêntrico
5/10/1890
Domingo
Fantoches; Golpes de sabre; Concerto excêntrico; Nessa não caio eu
11/10/1890
Sábado
A torpeza (8.º Quadro); A portuguesa; O pão fresco; Mamã não tem razão; Os crimes do Brandão; Fura Vidas; concerto de guizeiras
12/10/1890
Domingo
Concentro excêntrico; A torpeza; A portuguesa
20/12/1890
Sábado
Os amores de D. Sirinico XXXI
21/12/1890
Domingo
Os amores de D. Sirinico XXXI
22/12/1890
Segunda-Feira
Os amores de D. Sirinico XXXI
23/12/1890
Terça-Feira
Os amores de D. Sirinico XXXI
25/12/1890
Quinta-Feira
Os amores de D. Sirinico XXXI
27/12/1890
Sábado
Os amores de D. Sirinico XXXI
28/12/1890
Domingo
Os amores de D. Sirinico XXXI
29/12/1890
Segunda-Feira
Os amores de D. Sirinico XXXI
244
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo H2 – Listagem do repertório exibido em 1890 no Teatro Alegria. Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A abolição da escravatura
Comédia
[?]
A alegria da casa
Comédia
[?]
A cigarra e a formiga
Monólogo
[?]
A mamã não tem razão
Cançoneta
[?]
A morgadinha de Valle Pereira
Drama
[?]
A Sevilhana
Comédia
[?]
A taberna
Drama
[?]
A tomada da Bastilha
Drama Histórico
[?]
A torpeza
Apropósito patriótico
Francisco Felix Simaria
Amor e Glória
Opereta
[?]
Amor e guerra, ou cenas da guerra peninsular
Opereta
[?]
Apanharam-me
Comédia
[?]
As pragas do capitão
Comédia
[?]
As sogras
Comédia
[?]
As vinte mulheres do rei
Opereta
Francisco Felix Simaria
Casamento simulado
Comédia
[?]
Chantage
Comédia
[?]
Choro ou rio?
Comédia
[?]
Do mesmo lado
Comédia
[?]
Duas Fragatas
Comédia
[?]
Ff & Rr
Revista
Francisco Felix Simaria
Fura vidas
Comédia
[?]
Joaninha
[Não identificado]
[?]
La Demoiselle de Commercy
Comédia
[?]
La Lune
Comédia
[?]
La partida
Comédia
[?]
Marcha do ódio
Hino/Marcial
Miguel Ângelo Pereira
Nana Tata
Cançoneta
[?]
Nessa não caio eu
[Não identificado]
[?]
O avô
Comédia
[?]
O diabo no corpo
Opereta
[?]
O envenenado
Comédia-Drama
[?]
O filho do meu amigo
Comédia
[?]
O pão fresco
Cançoneta
[?]
O Patriotismo
Cançoneta
[?]
O preço da bolacha
Comédia
[?]
O sr. João e sua nora Helena
[Não identificado]
[?]
O toureiro amador
Comédia
[?]
Os amores d’um príncipe
Opereta
[?]
Os amores de D. Sirinico XXXI
Mágica
Pedro Alcantara Ferreira
Os crimes da inquisição
Drama
[?]
Os crimes do Brandão
Comédia
[?]
Os dois Nénés
Comédia
[?]
Os gatos
Monólogo
[?]
Os três ratos
[Não identificado]
[?]
Que bom charuto
Comédia
[?]
Simão, Simões & Companhia
Opereta/Zarzuela
[?]
Sombras de Satanás
[Não identificado]
[?]
Um bravo do Mindello
Cançoneta
[?]
Um criado brioso
Comédia
[?]
Um tio em Pelotas
Comédia
[?]
Uma dezena
Cançoneta
[?]
Uma Vivandeira de Zuavos
Cançoneta
[?]
Valsa da Grã-Via
Comédia
[?]
Voltas que o mundo dá
Comédia
[?]
(pág 1 de 1)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
245
Anexo I1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Rato Data
Dia da semana
Títulos apresentados
2/1/1890
Quinta-Feira
A gata branca
3/1/1890
Sexta-Feira
A gata branca
4/1/1890
Sábado
A gata branca
5/1/1890
Domingo
A gata branca
6/1/1890
Segunda-Feira
A gata branca
8/1/1890
Quarta-Feira
A gata branca
9/1/1890
Quinta-Feira
A gata branca
10/1/1890
Sexta-Feira
A gata branca
11/1/1890
Sábado
A gata branca
12/1/1890
Domingo
A gata branca
13/1/1890
Segunda-Feira
A gata branca
14/1/1890
Terça-Feira
A gata branca
15/1/1890
Quarta-Feira
A gata branca
16/1/1890
Quinta-Feira
A gata branca; Diz tu direi eu
17/1/1890
Sexta-Feira
A gata branca
18/1/1890
Sábado
A gata branca
19/1/1890
Domingo
A gata branca
20/1/1890
Segunda-Feira
A gata branca
21/1/1890
Terça-Feira
A gata branca
22/1/1890
Quarta-Feira
A gata branca
25/1/1890
Sábado
A gata branca
26/1/1890
Domingo
A gata branca
27/1/1890
Segunda-Feira
A gata branca
29/1/1890
Quarta-Feira
A gata branca
30/1/1890
Quinta-Feira
A gata branca
1/2/1890
Sábado
A gata branca
2/2/1890
Domingo
A gata branca
3/2/1890
Segunda-Feira
A gata branca
4/2/1890
Terça-Feira
A gata branca
5/2/1890
Quarta-Feira
A gata branca
8/2/1890
Sábado
Viva Portugal; O Tello; Dar a corda para se enforcar
9/2/1890
Domingo
A gata branca; Viva Portugal
10/2/1890
Segunda-Feira
A gata branca; Viva Portugal
13/2/1890
Quinta-Feira
A gata branca; Viva Portugal; Mantilha de tira; Hino patriotico
14/2/1890
Sexta-Feira
A gata branca; Viva Portugal; Mantilha de tira; Hino patriotico
(pág 1 de 5)
246
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo I1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Rato (pág 2 de 5)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
15/2/1890
Sábado
A gata branca; Viva Portugal
16/2/1890
Domingo
A gata branca
17/2/1890
Segunda-Feira
A gata branca
22/2/1890
Sábado
A gata branca
23/2/1890
Domingo
A gata branca
1/3/1890
Sábado
A França livre
2/3/1890
Domingo
A França livre
8/3/1890
Sábado
Tire d'ali a menina; Hino do futuro; O Tello
9/3/1890
Domingo
Tire d'ali a menina; Hino do futuro
13/3/1890
Quinta-Feira
A Mascote; Hino do futuro
15/3/1890
Sábado
Tire d'ali a menina; Dar corda para se enforcar
16/3/1890
Domingo
Tire d'ali a menina; Dar corda para se enforcar
17/3/1890
Segunda-Feira
Operários e Agiotas; Simão, Simões & Companhia; Hino do futuro; Canção pela actriz Florentina Rodrig ues (beneficio)
18/3/1890
Terça-Feira
Tire d'ali a menina; Operários e Agiotas
19/3/1890
Quarta-Feira
Operários e Agiotas
22/3/1890
Sábado
A Mascote do Rato
23/3/1890
Domingo
A Mascote do Rato
24/3/1890
Segunda-Feira
A Mascote do Rato
24/3/1890
Segunda-Feira
A Mascote do Rato
25/3/1890
Terça-Feira
A Mascote do Rato
29/3/1890
Sábado
A Mascote do Rato
30/3/1890
Domingo
A Mascote do Rato
1/4/1890
Terça-Feira
Tire d'ali a menina; Dar corda para se enforcar
1/4/1890
Terça-Feira
Dar corda para se enforcar; Tire d’ali a menina
5/4/1890
Sábado
A Mascote; Hino do Futuro; Viva a Pátria
6/4/1890
Domingo
A Mascote; Hino do Futuro; Viva a Pátria
7/4/1890
Segunda-Feira
Operários e Agiotas; Tire d'ali a menina; Escravos libertos; Hino do futuro; A portuguesa (benefício)
9/4/1890
Quarta-Feira
Tire d'ali a menina; Dar corda para se enforcar
10/4/1890
Quinta-Feira
A Mascote; Viva Portugal
12/4/1890
Sábado
A Mascote; Hino do Futuro
13/4/1890
Domingo
A Mascote; Hino do Futuro
14/4/1890
Segunda-Feira
Tire d'ali a menina; Dar corda para se enforcar
18/4/1890
Sexta-Feira
Operários e Patrões; Tire d’ali a menina
19/4/1890
Sábado
Dar a corda para se enforcar; Tire d’ali a menina
20/4/1890
Domingo
Tire d'ali a menina
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
247
Anexo I1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Rato Data
Dia da semana
Títulos apresentados
26/4/1890
Sábado
A Mascote do Rato; Pragas do capitão; Uma cançoneta
27/4/1890
Domingo
Tire d'ali a menina
8/5/1890
Quinta-Feira
Os espirros de Satanás
9/5/1890
Sexta-Feira
Os espirros de Satanás
10/5/1890
Sábado
Os espirros de Satanás
11/5/1890
Domingo
Os espirros de Satanás
12/5/1890
Segunda-Feira
Os espirros de Satanás
13/5/1890
Terça-Feira
Os espirros de Satanás
14/5/1890
Quarta-Feira
Os espirros de Satanás
15/5/1890
Quinta-Feira
Os espirros de Satanás
17/5/1890
Sábado
Os espirros de Satanás
18/5/1890
Domingo
Dar corda para se enforcar; O Tello
24/5/1890
Sábado
A inquisição; A Marselheza
25/5/1890
Domingo
A inquisição; A Marselheza
1/6/1890
Domingo
A inquisição; Onde está a Rolha?
5/6/1890
Quinta-Feira
A inquisição; Onde está a Rolha?
8/6/1890
Domingo
Uma página de amor; Uh-lá-lá
9/6/1890
Segunda-Feira
Milagres de Santo António; Onde está a Rolha?; Uma actriz no prego
12/6/1890
Quinta-Feira
Milagres de Santo António; Onde está a Rolha?; Uma actriz no prego
13/6/1890
Sexta-Feira
Marselhesa; Onde está a Rolha?; Uma actriz no prego; Milagres de Santo António
14/6/1890
Sábado
Marselhesa; Onde está a Rolha?; Uma actriz no prego; Milagres de Santo António
15/6/1890
Domingo
Marselhesa; Onde está a Rolha?; Uma actriz no prego; Milagres de Santo António
21/6/1890
Sábado
Os ladrões da honra; Onde está a Rolha?
22/6/1890
Domingo
Os ladrões da honra; Marselheza
28/6/1890
Sábado
A morgadinha de Valflôr
29/6/1890
Domingo
A morgadinha de Valflôr
5/7/1890
Sábado
Operários e Patrões
7/7/1890
Segunda-Feira
Operários e Patrões
8/7/1890
Terça-Feira
Operários e Patrões
12/7/1890
Sábado
Operários e Patrões
19/7/1890
Sábado
Operarios e Patrões
10/8/1890
Domingo
A casa diabólica; Os sinos de Corneville (benefício)
17/8/1890
Domingo
A casa diabólica; Milagre de Santos António
24/8/1890
Domingo
A taberna; A casa diabólica
31/8/1890
Domingo
A casa diabólica
(pág 3 de 5)
248
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo I1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Rato Data
Dia da semana
Títulos apresentados
6/9/1890
Sábado
Um crime misterioso
7/9/1890
Sábado
Um crime misterioso
13/9/1890
Sábado
Benefício
14/9/1890
Domingo
Um crime misterioso; Milagres de Santo António
15/9/1890
Segunda-Feira
Um crime misterioso; Milagres de Santo António
20/9/1890
Sábado
Um crime misterioso; Milagres de Santo António
21/9/1890
Domingo
Um crime misterioso; Milagres de Santo António
26/9/1890
Sexta-Feira
Um crime misterioso
27/9/1890
Sábado
Um crime misterioso
28/9/1890
Domingo
Um crime misterioso; A fortuna do tio padre
4/10/1890
Sábado
Um crime misterioso; A fortuna do tio padre
5/10/1890
Domingo
Um crime misterioso; A fortuna do tio padre
11/10/1890
Sábado
Trabalho e honra
11/10/1890
Sábado
Trabalho e honra
12/10/1890
Domingo
Trabalho e honra
18/10/1890
Sábado
Trabalho e honra
19/10/1890
Domingo
Trabalho e honra
25/10/1890
Sábado
Um crime misterioso; A fortuna do tio padre
26/10/1890
Domingo
Trabalho e Honra
31/10/1890
Sexta-Feira
Trabalho e honra; A Academia Verdi
1/11/1890
Sábado
A bengala d’el-rei; Já ouvi espirrar este nariz
2/11/1890
Domingo
A bengala do d’el-rei; Já ouvi espirrar este nariz
6/11/1890
Quinta-Feira
A bengala d’el-rei; Já ouvi espirrar este nariz
8/11/1890
Sábado
A bengala d’el-rei; Já ouvi espirrar este nariz
29/11/1890
Sábado
Mar e Guerra
30/11/1890
Domingo
Mar e Guerra
3/12/1890
Quarta-Feira
Mar e Guerra
6/12/1890
Sábado
Mar e Guerra
7/12/1890
Domingo
Mar e guerra
8/12/1890
Segunda-Feira
Mar e Guerra
11/12/1890
Quinta-Feira
Mar e Guerra
13/12/1890
Sábado
Mar e Guerra
14/12/1890
Domingo
Mar e guerra
14/12/1890
Domingo
Mar e guerra
20/12/1890
Sábado
A gata branca
(pág 4 de 5)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
249
Anexo I1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro do Rato Data
Dia da semana
Títulos apresentados
21/12/1890
Domingo
A gata branca
22/12/1890
Segunda-Feira
A gata branca
23/12/1890
Terça-Feira
A gata branca
25/12/1890
Quinta-Feira
A gata branca
27/12/1890
Sábado
A gata branca
28/12/1890
Domingo
A gata branca
(pág 5 de 5)
250
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo I2 – Listagem do repertório exibido no ano de 1890 no Teatro do Rato. Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A bengala d’el-rei
Opereta
Francisco Felix Simaria
A casa diabólica
Comédia
[?]
A fortuna do tio padre
Comédia
[?]
A França livre
Drama
[?]
A gata branca
Mágica
[?]
A inquisição
Drama
[?]
A Marselheza
Comédia
[?]
A Mascotte do Rato
Opereta
[?]
A morgadinha de Valflôr
Drama
[?]
Dar a corda para se enforcar
Comédia
[?]
Diz tu direi eu
Comédia
[?]
Escravos libertos
[não identificado]
[?]
Hino do futuro
Hino/Marcial
Rio de Carvalho (1838-1907)
Hino patriótico
Hino/Marcial
[?]
Já ouvi espirrar este nariz
Comédia
[?]
Mantilha de tira
Comédia
[?]
Mar e Guerra
Drama
[?]
Milagres de Santo António
Comédia
[?]
O Tello
Opereta
[?]
Onde está a Rolha?
Comédia
[?]
Operários e Agiotas
Drama
[?]
Operários e patrões
Drama Popular
[?]
Os espirros de Satanás
Mágica
Rio de Carvalho (1838-1907)
Os ladrões da honra
Drama
[?]
Tire d'ali a menina
Comédia
[?]
Trabalho e honra
Drama
[?]
Um crime misterioso
Drama
[?]
Uma actriz no prego
Comédia
[?]
Viva Portugal
Apropósito patriótico
[?]
(pág 1 de 1)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
251
Anexo J1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Teatro Luís de Camões. (pág 1 de 1)
Data
Dia da semana
Títulos apresentados
1/3/1890
Sábado
O prato da resistência; Simão, Simões e C.ª; Prima Aurora; Hino do futuro; Estudantina
2/3/1890
Domingo
O prato da resistência; Simão, Simões & Companhia; Prima Aurora; Hino do futuro; Estudantina
9/3/1890
Domingo
Os conselhos do meu tio; Simão, Simões & Companhia; Umas malagenas e uma cançoneta
25/3/1890
Terça-Feira
A pena de morte; Se, lá, si, dó
13/4/1890
Domingo
Os horrores da Inquisição
20/4/1890
Domingo
Os horrores da Inquisição
8/6/1890
Domingo
O marinheiro portuguez; O bombeiro municipal; A portuguesa; Está tudo no prego
22/6/1890
Domingo
Adelina, a pecadora; Os amores de um marinheiro; Pátria!
252
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo J2 – Listagem do repertório exibido em 1890 no Teatro Luís de Camões. Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A pena de morte
Drama
[?]
Adelina, a pecadora
Drama
[?]
Está tudo no prego
[Não identificado]
[?]
Hino do futuro
Hino/Marcial
Rio de Carvalho (1838-1907)
O bombeiro municipal
[Não identificado]
[?]
O marinheiro portuguez
[Não identificado]
[?]
O prato da resistência
[Não identificado]
[?]
Os amores de um marinheiro
Comédia
[?]
Os conselhos do meu tio
Comédia
[?]
Pátria!
Poesia
[?]
Prima Aurora
[Não identificado]
[?]
Se, La, Si, Dó
[Não identificado]
[?]
Simão, Simões & Companhia
Opereta/Zarzuela
[?]
(pág 1 de 1)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
253
Anexo K1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Real Coliseu de Lisboa. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
1/1/1890
Quarta-Feira
Circo (Matinée)
1/1/1890
Quarta-Feira
Circo
3/1/1890
Sexta-Feira
Circo
4/1/1890
Sábado
Circo
5/1/1890
Domingo
Circo
5/1/1890
Domingo
Circo (Matinée)
6/1/1890
Segunda-Feira
Circo (Matinée)
6/1/1890
Segunda-Feira
Circo
7/1/1890
Terça-Feira
Circo
8/1/1890
Quarta-Feira
Circo
9/1/1890
Quinta-Feira
Circo
10/1/1890
Sexta-Feira
Circo
11/1/1890
Sábado
Circo
12/1/1890
Domingo
Circo
13/1/1890
Segunda-Feira
Circo
14/1/1890
Terça-Feira
Circo
15/1/1890
Quarta-Feira
Circo
16/1/1890
Quinta-Feira
Circo
17/1/1890
Sexta-Feira
Circo
19/1/1890
Domingo
Circo
19/1/1890
Domingo
Circo (Matinée)
20/1/1890
Segunda-Feira
Circo
21/1/1890
Terça-Feira
Circo
22/1/1890
Quarta-Feira
Circo (Matinée)
23/1/1890
Quinta-Feira
Circo
25/1/1890
Sábado
Circo
26/1/1890
Domingo
Circo
26/1/1890
Domingo
Circo (Matinée)
27/1/1890
Segunda-Feira
Circo
28/1/1890
Terça-Feira
Circo
29/1/1890
Quarta-Feira
Circo
30/1/1890
Quinta-Feira
Circo
31/1/1890
Sexta-Feira
Circo
1/2/1890
Sábado
Os portuguezes em Africa
2/2/1890
Domingo
Circo
2/2/1890
Domingo
Circo (Matinée)
3/2/1890
Segunda-Feira
Circo
4/2/1890
Terça-Feira
Circo
5/2/1890
Quarta-Feira
Circo
6/2/1890
Quinta-Feira
Circo
7/2/1890
Sexta-Feira
Circo
8/2/1890
Sábado
Circo
9/2/1890
Domingo
Circo
10/2/1890
Segunda-Feira
Circo
18/2/1890
Terça-Feira
Festa em Pequim
20/2/1890
Quinta-Feira
Circo
21/2/1890
Sexta-Feira
Circo
22/2/1890
Sábado
Circo
23/2/1890
Domingo
Circo
23/2/1890
Domingo
Circo (Matinée)
24/2/1890
Segunda-Feira
Circo
24/2/1890
Segunda-Feira
Circo
25/2/1890
Terça-Feira
Circo
26/2/1890
Quarta-Feira
Circo
27/2/1890
Quinta-Feira
Espectáculo em favor da subscripção nacional (promovido pelo Real Ginásio Clube)
28/2/1890
Sexta-Feira
Circo
1/3/1890
Sábado
Circo
2/3/1890
Domingo
Circo
(pág 1 de 6)
254
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo K1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Real Coliseu de Lisboa. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
3/3/1890
Segunda-Feira
Circo
4/3/1890
Terça-Feira
Circo
5/3/1890
Quarta-Feira
Circo
6/3/1890
Quinta-Feira
Circo
7/3/1890
Sexta-Feira
Circo
8/3/1890
Sábado
Circo
9/3/1890
Domingo
Circo
11/3/1890
Terça-Feira
Circo
12/3/1890
Quarta-Feira
Circo
13/3/1890
Quinta-Feira
Circo
14/3/1890
Sexta-Feira
Circo
15/3/1890
Sábado
Circo
22/3/1890
Sábado
Se eu fora rei
23/3/1890
Domingo
Se eu fora rei
24/3/1890
Segunda-Feira
Se eu fora rei
25/3/1890
Terça-Feira
Se eu fora rei
26/3/1890
Quarta-Feira
Se eu fora rei
27/3/1890
Quinta-Feira
O rei de ouros
27/3/1890
Quinta-Feira
Se eu fora rei
28/3/1890
Sexta-Feira
O rei de ouros
29/3/1890
Sábado
O gato preto
29/3/1890
Sábado
O gato preto
30/3/1890
Domingo
O gato preto
31/3/1890
Segunda-Feira
O gato preto
1/4/1890
Terça-Feira
O gato preto
5/4/1890
Sábado
O gato preto
6/4/1890
Domingo
O gato preto
6/4/1890
Domingo
O gato preto
7/4/1890
Segunda-Feira
O gato preto
8/4/1890
Terça-Feira
Se eu fora rei
9/4/1890
Quarta-Feira
Príncipe Wibitzcki
10/4/1890
Quinta-Feira
Príncipe Wibitzcki
11/4/1890
Sexta-Feira
O gato preto
12/4/1890
Sábado
Os sinos de Corneville
13/4/1890
Domingo
Os sinos de Corneville
14/4/1890
Segunda-Feira
Os sinos de Corneville
15/4/1890
Terça-Feira
Os sinos de Corneville
17/4/1890
Quinta-Feira
As mil e uma noites
18/4/1890
Sexta-Feira
As mil e uma noites
19/4/1890
Sábado
As mil e uma noites
20/4/1890
Domingo
As mil e uma noites
21/4/1890
Segunda-Feira
As mil e uma noites
22/4/1890
Terça-Feira
As mil e uma noites
23/4/1890
Quarta-Feira
Os sinos de Corneville
24/4/1890
Quinta-Feira
As andorinhas
25/4/1890
Sexta-Feira
Patife da Primavera
26/4/1890
Sábado
O Conde de Monte Cristo
26/4/1890
Sábado
O Conde de Monte Cristo
27/4/1890
Domingo
O Conde de Monte Cristo
28/4/1890
Segunda-Feira
O Conde de Monte Cristo
29/4/1890
Terça-Feira
O Conde de Monte Cristo
30/4/1890
Quarta-Feira
O Conde de Monte Cristo
1/5/1890
Quarta-Feira
As mil e uma noites
2/5/1890
Sexta-Feira
O Conde de Monte Cristo
3/5/1890
Sábado
Se eu fora rei
4/5/1890
Domingo
O Conde de Monte Cristo
10/5/1890
Sábado
Marina
11/5/1890
Domingo
Marina
(pág 2 de 6)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
255
Anexo K1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Real Coliseu de Lisboa. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
12/5/1890
Segunda-Feira
Marina
13/5/1890
Terça-Feira
Marina
14/5/1890
Quarta-Feira
Cadiz; Gorro Frio
15/5/1890
Quinta-Feira
Marina; Cadiz
16/5/1890
Sexta-Feira
Cadiz
17/5/1890
Sábado
Cadiz
18/5/1890
Domingo
Cadiz
19/5/1890
Segunda-Feira
Campanone
20/5/1890
Terça-Feira
Campanone
21/5/1890
Quarta-Feira
Cadiz
22/5/1890
Quinta-Feira
Jugar con fuego
23/5/1890
Sexta-Feira
Concerto característico pelos pretos de Catumbella; Cadiz
24/5/1890
Sábado
El Barberillo de Lavapiès
25/5/1890
Domingo
El Barberillo de Lavapiès
26/5/1890
Segunda-Feira
A Mascote
27/5/1890
Terça-Feira
Jugar con fuego; As irmãs Lamarque
28/5/1890
Quarta-Feira
Cadiz; Marina (3.º acto)
29/5/1890
Quinta-Feira
Llamada y tropa
30/5/1890
Sexta-Feira
El milagro de la virgen
31/5/1890
Sábado
Llamada y tropa
1/6/1890
Domingo
Llamada y tropa
3/6/1890
Terça-Feira
Llamada y tropa
4/6/1890
Quarta-Feira
Los Mosqueteros grises
5/6/1890
Quinta-Feira
Cadiz; Y comici Tronati
6/6/1890
Sexta-Feira
Los Mosqueteros Grises
7/6/1890
Sábado
Bocaccio
8/6/1890
Domingo
Bocaccio
9/6/1890
Segunda-Feira
El anillo de Hierro
10/6/1890
Terça-Feira
El milagro de la virgen
11/6/1890
Quarta-Feira
Las doce y media y sereno; Los lobos marinos
12/6/1890
Quinta-Feira
Concerto(Jimenes Manjon); Los lobos marinos; Las doce y media y sereno
13/6/1890
Sexta-Feira
Concerto (Jimenes Manjon); Llamada Y tropa; Las doce y media y sereno
14/6/1890
Sábado
La bruja
15/6/1890
Domingo
La bruja
16/6/1890
Segunda-Feira
La bruja
17/6/1890
Terça-Feira
La bruja
18/6/1890
Quarta-Feira
Las Amasonas del Tormes; Música clásica
19/6/1890
Quinta-Feira
Las Amasonas del Tormes; Música clásica
20/6/1890
Sexta-Feira
En las astas del toro; Las doce y media y sereno; Don pompeyo en Carnaval
21/6/1890
Sábado
La tempestad
22/6/1890
Domingo
La tempestad
23/6/1890
Segunda-Feira
Llamada y tropa
24/6/1890
Terça-Feira
Martha
25/6/1890
Quarta-Feira
Las doce y media y sereno
26/6/1890
Quinta-Feira
La Gran Vía; Los lobos marinos
27/6/1890
Sexta-Feira
Jugar con fuego
28/6/1890
Sábado
Las Amasonas del Tormes; La Gran Vía; Las doce y media y sereno
29/6/1890
Domingo
Las Amasonas del Tormes; La Gran Vía; Las doce y media y sereno
30/6/1890
Segunda-Feira
Certamen nacional
1/7/1890
Terça-Feira
Certamen nacional; La Gran Vía; Las doce y media y sereno
2/7/1890
Quarta-Feira
Certamen nacional; La Gran Vía; Las doce y media y sereno
3/7/1890
Quinta-Feira
Artagnan
4/7/1890
Sexta-Feira
Artagnan
5/7/1890
Sábado
Les inutiles; Certamen nacional; Don pompeyo en Carnaval
5/7/1890
Sábado
Les inutiles; Certamen nacional; Don pompeyo en Carnaval
6/7/1890
Domingo
La Gran Vía; Certamen nacional; Llamada y tropa
7/7/1890
Segunda-Feira
Les inutiles; Certamen nacional; Las doce y media e sereno
8/7/1890
Terça-Feira
Artagnan
(pág 3 de 6)
256
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo K1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Real Coliseu de Lisboa. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
9/7/1890
Quarta-Feira
Llamada y tropa; Toros de punta; Música clásica
10/7/1890
Quinta-Feira
La Gran Vía; Certamen nacional; Las doce e media y sereno
11/7/1890
Sexta-Feira
La Gran Vía; Certamen nacional; Las doce e media y sereno
12/7/1890
Sábado
El processo del Can-can; Y comici Tronati
13/7/1890
Domingo
El Processo del Can-can; Certamen nacional
14/7/1890
Segunda-Feira
El processo del Can-can; Certamen nacional
15/7/1890
Terça-Feira
El processo del Can-can; Certamen nacional
16/7/1890
Quarta-Feira
El processo del Can-can; Llamada y tropa
17/7/1890
Quinta-Feira
El processo del Can-can; Llamada y Tropa
18/7/1890
Sexta-Feira
El processo del Can-can; Las Amasonas del Tormes
19/7/1890
Sábado
El processo del Can-can; De Madrid a Paris
20/7/1890
Domingo
De Madrid a Paris; El Processo del Can-can
21/7/1890
Segunda-Feira
De Madrid a Paris; El Processo del Can-can
22/7/1890
Terça-Feira
El processo del Can-can; De Madrid a Paris
23/7/1890
Quarta-Feira
El processo del Can-can; De Madrid a Paris
24/7/1890
Quinta-Feira
Marina; De Madrid a Paris
25/7/1890
Sexta-Feira
De Madrid a Paris; Certamen nacional; Las doce y media Yysereno
26/7/1890
Sábado
De Madrid a Paris; La Manola; Chateau Margaux; Los Baturros
27/7/1890
Domingo
De Madrid a Paris; La Manola; A Cadiz
28/7/1890
Segunda-Feira
De Madrid a Paris; Cadiz; La Manola
29/7/1890
Terça-Feira
De Madrid a Paris; Cadiz; La Manola
30/7/1890
Quarta-Feira
De Madrid a Paris; El processo del Can-can; La Isla de San Balandran
31/7/1890
Quinta-Feira
De Madrid a Paris; El processo del Can-can; La Isla de San Balandran
1/8/1890
Sexta-Feira
El Testamento azul
2/8/1890
Sexta-Feira
Testamento azul; De Madrid a Paris
3/8/1890
Domingo
Testamento azul; De Madrid a Paris
4/8/1890
Segunda-Feira
As vinte mulheres do rei
5/8/1890
Terça-Feira
Llamada y tropa; Certamen nacional; De Madrid a Paris
6/8/1890
Quarta-Feira
Testamento azul (1.º e 2.º acto); De Madrid a Paris; La Manola
7/8/1890
Quinta-Feira
De Madrid a Paris; El Processo del Can-can; La Isla de San Balandran
8/8/1890
Sexta-Feira
De Madrid a Paris; Las Doce y meda e sereno; Cadiz
9/8/1890
Sexta-Feira
Jugar con fuego; De Madrid a Paris; La Manola; Certament Nacional
10/8/1890
Sexta-Feira
Última récita da companhia de Zarzuela
14/8/1890
Quinta-Feira
O Trovador
16/8/1890
Sábado
O Trovador
17/8/1890
Domingo
O Trovador
18/8/1890
Segunda-Feira
Rigoletto
20/8/1890
Quarta-Feira
Rigoletto
21/8/1890
Quinta-Feira
Ernani
22/8/1890
Sexta-Feira
Lucia de Lammermoor
23/8/1890
Sábado
Ernani
24/8/1890
Domingo
Ernani
26/8/1890
Terça-Feira
Rigoletto
27/8/1890
Quarta-Feira
Ernani
29/8/1890
Sexta-Feira
Os Huguenotes
30/8/1890
Sábado
Os Huguenotes
31/8/1890
Domingo
Os Huguenotes
2/9/1890
Terça-Feira
Os Huguenotes
3/9/1890
Quarta-Feira
Fausto
4/9/1890
Quinta-Feira
Fausto
5/9/1890
Sexta-Feira
Fausto
6/9/1890
Sábado
Os Huguenotes
7/9/1890
Sábado
O Trovador
9/9/1890
Terça-Feira
Um baile de máscaras
10/9/1890
Quarta-Feira
Um baile de máscaras
12/9/1890
Sexta-Feira
La sonnambula
13/9/1890
Sábado
La sonnambula
14/9/1890
Domingo
La sonnambula
(pág 4 de 6)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
257
Anexo K1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Real Coliseu de Lisboa. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
18/9/1890
Quinta-Feira
Lucrecia Borgia
20/9/1890
Sábado
Lucrecia Borgia
21/9/1890
Domingo
Lucrecia Borgia
9/10/1890
Quinta-Feira
Circo (Abertura da temporada)
10/10/1890
Sexta-Feira
Circo
11/10/1890
Sábado
Circo
12/10/1890
Domingo
Circo (Matinée)
12/10/1890
Domingo
Circo
13/10/1890
Segunda-Feira
Circo
14/10/1890
Terça-Feira
Circo
15/10/1890
Quarta-Feira
Circo
16/10/1890
Quinta-Feira
Circo
17/10/1890
Sexta-Feira
Circo
18/10/1890
Sábado
Circo
19/10/1890
Domingo
Circo
21/10/1890
Terça-Feira
Circo
22/10/1890
Quarta-Feira
Circo
23/10/1890
Quinta-Feira
Circo
24/10/1890
Sexta-Feira
Circo
25/10/1890
Sábado
Circo
26/10/1890
Domingo
Circo
26/10/1890
Domingo
Circo (Matinée)
27/10/1890
Segunda-Feira
Circo
28/10/1890
Terça-Feira
Circo
29/10/1890
Quarta-Feira
Circo
30/10/1890
Quinta-Feira
Circo
31/10/1890
Sexta-Feira
Circo
1/11/1890
Sábado
Circo
1/11/1890
Sábado
Circo (Matinée)
2/11/1890
Domingo
Circo (Matinée)
2/11/1890
Domingo
Circo
3/11/1890
Segunda-Feira
Circo
4/11/1890
Terça-Feira
Circo
5/11/1890
Quarta-Feira
Circo
6/11/1890
Quinta-Feira
Circo
7/11/1890
Sexta-Feira
Circo
8/11/1890
Sábado
Circo
10/11/1890
Segunda-Feira
Circo
12/11/1890
Quarta-Feira
Circo
13/11/1890
Quinta-Feira
Circo
14/11/1890
Sexta-Feira
Circo
15/11/1890
Sábado
Circo
16/11/1890
Domingo
Circo (Matinée)
16/11/1890
Domingo
Circo
17/11/1890
Segunda-Feira
Circo
18/11/1890
Terça-Feira
Circo
19/11/1890
Quarta-Feira
Circo
20/11/1890
Quinta-Feira
Circo
21/11/1890
Sexta-Feira
Circo
22/11/1890
Sábado
Circo
23/11/1890
Domingo
Circo (Matinée)
23/11/1890
Domingo
Circo
24/11/1890
Segunda-Feira
Circo
25/11/1890
Terça-Feira
Circo
26/11/1890
Quarta-Feira
Circo
27/11/1890
Quinta-Feira
Circo
28/11/1890
Sexta-Feira
Circo
29/11/1890
Sábado
Circo
(pág 5 de 6)
258
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo K1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Real Coliseu de Lisboa. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
30/11/1890
Domingo
Circo (Matinée)
30/11/1890
Domingo
Circo
1/12/1890
Segunda-Feira
Circo
2/12/1890
Terça-Feira
Circo
3/12/1890
Quarta-Feira
Circo
4/12/1890
Quinta-Feira
Circo
5/12/1890
Sexta-Feira
Circo
6/12/1890
Sábado
Circo
7/12/1890
Domingo
Circo (Matinée)
7/12/1890
Domingo
Circo
8/12/1890
Segunda-Feira
Circo
8/12/1890
Segunda-Feira
Circo (Matinée)
9/12/1890
Terça-Feira
Circo
10/12/1890
Quarta-Feira
Circo
11/12/1890
Quinta-Feira
Circo
12/12/1890
Sexta-Feira
Circo
13/12/1890
Sábado
Circo
14/12/1890
Domingo
Circo (Matinée)
14/12/1890
Domingo
Circo
15/12/1890
Segunda-Feira
Circo
16/12/1890
Terça-Feira
Circo
17/12/1890
Quarta-Feira
Circo
18/12/1890
Quinta-Feira
Circo
19/12/1890
Sexta-Feira
Circo
20/12/1890
Sábado
Circo
21/12/1890
Domingo
Circo (Matinée)
21/12/1890
Domingo
Circo
22/12/1890
Segunda-Feira
Circo
23/12/1890
Terça-Feira
Circo
24/12/1890
Quarta-Feira
Circo
25/12/1890
Quinta-Feira
Circo
25/12/1890
Quinta-Feira
Circo (Matinée)
26/12/1890
Sexta-Feira
Circo
27/12/1890
Sábado
Circo
28/12/1890
Domingo
Circo
28/12/1890
Domingo
Circo (Matinée)
29/12/1890
Segunda-Feira
Circo
31/12/1890
Quarta-Feira
Circo
(pág 6 de 6)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
259
Anexo K2 – Listagem do repertório exibido em 1890 no Real Coliseu de Lisboa. (pág 1 de 1)
Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A Mascotte
Opereta
[?]
A patifa da primavera
Comédia
[?]
Artagnan
Zarzuela
[?]
As andorinhas
[Não identificado]
[?]
As mil e uma noites
Opereta
[?]
Cadiz
Zarzuela
Federico Chueca (1846-1908); Joaquín Valve
Campanone
Zarzuela
[?]
Certamen nacional
Zarzuela
Manuel Nieto (1844-1915)
Chateau Margaux
Zarzuela
[?]
De Madrid a Paris
Zarzuela
[?]
Don pompeyo en Carnaval
Zarzuela
[?]
El anillo de hierro
Zarzuela
[?]
El Barberillo de Lavapiès
Zarzuela
[?]
El gorro frigio
Zarzuela
Manuel Nieto (1844-1915)
El Milagro de la Virgen
Zarzuela
Ruperto Chapí (1851-1909)
El processo del Can-can
Bailado
[?]
El Testamento azul
Zarzuela
[?]
En las astas del toro
Zarzuela
[?]
Ernani
Ópera
[?]
Faust
Ópera
Charles Gounod (1818-1893)
I Filibustieri
Opereta
[?]
Jugar con fuego
Zarzuela
[?]
La bruja
Zarzuela
Ruperto Chapí (1851-1909)
La Gran Vía
Zarzuela
Federico Chueca (1846-1908)
La Isla de San Balandran
Zarzuela
José Picón
La Manola
Bailado
[?]
La sonnambula
Ópera
Vincenzo Bellini (1801-1835)
La tempestad
Zarzuela
Ruperto Chapí (1851-1909)
Las Amasonas del Tormes
Zarzuela
[?]
Las doce y media y sereno
Zarzuela
Ruperto Chapí (1851-1909)
Las dos princesas
Zarzuela
[?]
Les inutiles
Zarzuela
[?]
Llamada y tropa
Zarzuela
Emilio Arrieta (1821-1894)
Los Baturros
Zarzuela
[?]
Los lobos marinos
Zarzuela
[?]
Los Mosqueteros grises
Ópera cómica
[?]
Lucrecia Borgia
Ópera
Gaetano Donizetti (1891-1864)
Marina
Zarzuela
[?]
Martha
Ópera
[?]
Música clásica
Zarzuela
Ruperto Chapí (1851-1909)
O Conde de Monte Cristo
Drama
[?]
O rei de ouros
[Não identificado]
[?]
O Trovador
Ópera
Giuseppe Verdi (1813-1901)
Os portuguezes em África
Pantomina patriótica
[?]
Príncipe Wibitzcki
Ópera cómica
[?]
Rigoletto
Ópera
Giuseppe Verdi (1813-1901)
Se eu fora rei
Opereta
[?]
Toros de punta
Zarzuela
[?]
Um baile de Máscaras
Ópera
[?]
Y comici Tronati
Zarzuela
[?]
260
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo L1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Coliseu dos Recreios. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
14/8/1890
Quinta-Feira
Boccacio
15/8/1890
Sexta-Feira
Boccacio
16/8/1890
Sábado
A Mascote
17/8/1890
Domingo
A Mascote
18/8/1890
Segunda-Feira
Boccacio
19/8/1890
Terça-Feira
Os dragões d’el-rei (Os Mosqueteiros no convento)
20/8/1890
Quarta-Feira
Os dragões d’el-rei (Os Mosqueteiros no convento)
21/8/1890
Quinta-Feira
Il Babbeo e l’intriganti
22/8/1890
Sexta-Feira
Il Babbeo e l’intriganti; Funiculi-Funicula
23/8/1890
Sábado
Boccacio; Il disgrasie de um disperato
24/8/1890
Domingo
Boccacio
25/8/1890
Segunda-Feira
Os dragões d’el-rei; Mia sposa será la mia bandiera; Um professor a spasso
26/8/1890
Terça-Feira
Os sinos de Corneville
27/8/1890
Quarta-Feira
Os sinos de Corneville
28/8/1890
Quinta-Feira
Os sinos de Corneville
29/8/1890
Sexta-Feira
A filha da sr.ª Angot
30/8/1890
Sábado
A filha da sr.ª Angot
31/8/1890
Domingo
A filha da sr.ª Angot
1/9/1890
Segunda-Feira
A filha da sr.ª Angot
2/9/1890
Terça-Feira
Os dragões d’el-rei; Cicio e Colá
3/9/1890
Quarta-Feira
Il Duchino
4/9/1890
Quinta-Feira
Il Duchino
5/9/1890
Sexta-Feira
Coração e mão
7/9/1890
Sábado
Os sinos de Corneville
8/9/1890
Segunda-Feira
Os sinos de Corneville
9/9/1890
Terça-Feira
A filha da sr.ª Angot
10/9/1890
Quarta-Feira
A filha da sr.ª Angot
11/9/1890
Quinta-Feira
In cerca di felicitá
12/9/1890
Sexta-Feira
In cerca di felicitá
13/9/1890
Sábado
In cerca di felicitá
14/9/1890
Domingo
In cerca de Felicita
15/9/1890
Segunda-Feira
Coração e mão
16/9/1890
Terça-Feira
In cerca di felicitá
17/9/1890
Quarta-Feira
In cerca di felicitá
18/9/1890
Sexta-Feira
Giroflé-Giroflá
19/9/1890
Sexta-Feira
Giroflé-Giroflá
20/9/1890
Sábado
In cerca di felicitá
22/9/1890
Segunda-Feira
Girofle Girofla
23/9/1890
Terça-Feira
Boccacio
25/9/1890
Quinta-Feira
Os sinos de Corneville; Percette de Crispim e Comadre (benefício)
26/9/1890
Sexta-Feira
A filha da sr.ª Angot
27/9/1890
Sábado
Boccacio
28/9/1890
Domingo
A filha da sr.ª Angot
29/9/1890
Segunda-Feira
Dragões d’el-rei
30/9/1890
Terça-Feira
La Befana
1/10/1890
Quarta-Feira
La Befana; Um discípulo do Justino Soares
2/10/1890
Quinta-Feira
La Befana; Um discípulo do Justino Soares
3/10/1890
Sexta-Feira
La Befana; Um discípulo do Justino Soares
4/10/1890
Sábado
La Befana
4/10/1890
Sábado
La Befana; Um discípulo do Justino Soares
5/10/1890
Domingo
La Befana; Um discípulo do Justino Soares
6/10/1890
Segunda-Feira
La Befana; Um discípulo do Justino Soares
7/10/1890
Terça-Feira
In cerca di felicitá (benefício)
8/10/1890
Quarta-Feira
A filha da sr.ª Angot
10/10/1890
Sexta-Feira
La Befana; Um discípulo do Justino Soares
11/10/1890
Sábado
A filha da sr.ª Angot
12/10/1890
Domingo
I Filibustieri
13/10/1890
Segunda-Feira
I Filibustieri
(pág 1 de 3)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
261
Anexo L1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Coliseu dos Recreios. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
14/10/1890
Terça-Feira
In cerca di felicitá
18/10/1890
Sábado
Circo
19/10/1890
Domingo
Circo (Matinée)
19/10/1890
Domingo
Companhia de Circo
21/10/1890
Terça-Feira
Circo
22/10/1890
Quarta-Feira
Circo
23/10/1890
Quinta-Feira
Circo
24/10/1890
Sexta-Feira
Circo
25/10/1890
Sábado
Circo
26/10/1890
Domingo
Companhia de circo
26/10/1890
Domingo
Circo (Matinée)
27/10/1890
Segunda-Feira
Circo
28/10/1890
Terça-Feira
Circo
29/10/1890
Quarta-Feira
Circo
30/10/1890
Quinta-Feira
Circo
31/10/1890
Sexta-Feira
Circo
1/11/1890
Sábado
Circo
1/11/1890
Sábado
Circo
1/11/1890
Sábado
Circo (Matinée)
2/11/1890
Domingo
Circo (Matinée)
2/11/1890
Domingo
Circo
3/11/1890
Segunda-Feira
Circo
4/11/1890
Terça-Feira
Circo
5/11/1890
Quarta-Feira
Circo
6/11/1890
Quinta-Feira
Circo
7/11/1890
Sexta-Feira
Circo
8/11/1890
Sábado
Circo
10/11/1890
Segunda-Feira
Circo
12/11/1890
Quarta-Feira
Circo
13/11/1890
Quinta-Feira
Circo
14/11/1890
Sexta-Feira
Circo
15/11/1890
Sábado
Circo
16/11/1890
Domingo
Circo (Matinée)
16/11/1890
Domingo
Circo
17/11/1890
Segunda-Feira
Circo
18/11/1890
Terça-Feira
Circo
19/11/1890
Quarta-Feira
Circo
20/11/1890
Quinta-Feira
Circo
21/11/1890
Sexta-Feira
Circo
22/11/1890
Sábado
Circo
23/11/1890
Domingo
Circo (Matinée)
23/11/1890
Domingo
Circo
24/11/1890
Segunda-Feira
Circo
25/11/1890
Terça-Feira
Circo
26/11/1890
Quarta-Feira
Circo
27/11/1890
Quinta-Feira
Circo
28/11/1890
Sexta-Feira
Circo
29/11/1890
Sábado
Circo
30/11/1890
Domingo
Circo (Matinée)
30/11/1890
Domingo
Circo
1/12/1890
Segunda-Feira
Circo
2/12/1890
Terça-Feira
Circo
3/12/1890
Quarta-Feira
Circo
4/12/1890
Quinta-Feira
Circo
5/12/1890
Sexta-Feira
Circo
6/12/1890
Sábado
Circo
7/12/1890
Domingo
Circo
7/12/1890
Domingo
Circo (Matinée)
(pág 2 de 3)
262
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo L1 – Listagem das representações teatrais ocorridas no ano de 1890 no Coliseu dos Recreios. Data
Dia da semana
Títulos apresentados
8/12/1890
Segunda-Feira
Circo
8/12/1890
Segunda-Feira
Circo (Matinée)
9/12/1890
Terça-Feira
Circo
10/12/1890
Quarta-Feira
Circo
11/12/1890
Quinta-Feira
Circo
12/12/1890
Sexta-Feira
Circo
13/12/1890
Sábado
Circo
14/12/1890
Domingo
Circo
14/12/1890
Domingo
Circo (Matinée)
15/12/1890
Segunda-Feira
Circo
16/12/1890
Terça-Feira
Circo
17/12/1890
Quarta-Feira
Circo
18/12/1890
Quinta-Feira
Circo
19/12/1890
Sexta-Feira
Circo
20/12/1890
Sábado
Circo
21/12/1890
Domingo
Circo (Matinée)
21/12/1890
Domingo
Circo
22/12/1890
Segunda-Feira
Circo
23/12/1890
Terça-Feira
Circo
24/12/1890
Quarta-Feira
Circo
25/12/1890
Quinta-Feira
Circo
25/12/1890
Quinta-Feira
Circo (Matinée)
26/12/1890
Sexta-Feira
Circo
27/12/1890
Sábado
Circo
28/12/1890
Domingo
Circo
28/12/1890
Domingo
Circo (Matinée)
29/12/1890
Segunda-Feira
Circo
(pág 3 de 3)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
263
Anexo L2 – Listagem do repertório exibido em 1890 no Coliseu dos Recreios. Título da obra
Género teatral
Autoria da Música
A filha da sr.ª Angot
Opereta
Alexandre Charles Lecocq (1832-1918)
A Mascotte
Opereta
[?]
Boccacio
Opereta
Franz Von Suppé (1819-1895)
Cicio e Colá
[Não identificado]
[?]
Coração e mão
Opereta
[?]
Funiculi-Funicula
Cançoneta
[?]
Giroflé-Giroflá
Opereta
[?]
Hino ao Coliseu dos Recreios
Hino/Marcial
Rio de Carvalho (1838-1907)
Il Babbeo e l’intrigante
Opereta
[?]
Il disgrasie de um disperato
Opereta
[?]
Il Duchino
Opereta
[?]
In cerca di felicitá
Opereta
[?]
La Befana
Opereta
[?]
Mia sposa será la mia bandiera
[Não identificado]
[?]
Os dragões d’el-rei (Os Mosqueteiros no convento) Opereta
[?]
Os Huguenotes
Comédia
[?]
Os sinos de Corneville
Opereta
Jean-Robert Planquette (1850-1903)
Percette de Crispim e Comadre
[Não identificado]
[?]
Um discipulo do Justino Soares
Cançoneta
[?]
Um professor a spasso
[Não identificado]
[?]
(pág 1 de 1)
264
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 1 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
1/1/1890
Quarta-Feira
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
Festividade do Senhor Jesus dos Pecadores
1/1/1890
Quarta-Feira
Graça (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
5/1/1890
Domingo
Laveiras
[culto não identificado] (instrumental)
6/1/1890
Segunda-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa de pontifical; Festa dos Santos Reis (instrument al)
6/1/1890
Segunda-Feira
Freguesia dos Reis (Campos Grande)
Festa do orago (instrumental)
6/1/1890
Segunda-Feira
Carreira (Ermida da)
Missa de reposição do lausperene, por musiica
6/1/1890
Segunda-Feira
Ordem Terceira de São Francisco (Capela da)
[culto não identificado] (instrumental)
8/1/1890
Quarta-Feira
Ordem Terceira de São Francisco (Capela da)
[culto não identificado] (instrumental)
9/1/1890
Quinta-Feira
São Julião (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
10/1/1890
Sexta-Feira
Nossa Senhora de Jesus (Igreja da) (ou Mercês)
Novena da Conceição (instrumental)
10/1/1890
Sexta-Feira
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
10/1/1890
Sexta-Feira
São Julião (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
12/1/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa por música
12/1/1890
Domingo
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
Te Deum (Instrumental)
19/1/1890
Domingo
São Cristóvão (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
21/1/1890
Terça-Feira
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
22/1/1890
Quarta-Feira
São Vicente (Igreja de)
Terço à noite
22/1/1890
Quarta-Feira
S. Vicente (Igreja de)
22/1/1890
Quarta-Feira
Sacramento (Igreja do)
Festa de S. Sebastião (Instrumental)
22/1/1890
Quarta-Feira
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
23/1/1890
Quinta-Feira
S. Vicente (Igreja de)
Terço (Instrumental)
24/1/1890
Sexta-Feira
S. Vicente (Igreja de)
Missa (Instrumental)
24/1/1890
Sexta-Feira
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
25/1/1890
Sábado
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
26/1/1890
Domingo
N. Sr.ª da Encarnação das Commendadeiras da [culto não identificado] (instrumental) Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convent
26/1/1890
Domingo
S. Vicente (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
26/1/1890
Domingo
São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz]
Missa (Instrumental)
26/1/1890
Domingo
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
26/1/1890
Domingo
São Vicente (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
28/1/1890
Terça-Feira
São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz]
Missa (Instrumental)
30/1/1890
Quinta-Feira
São Julião (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
30/1/1890
Quinta-Feira
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
2/2/1890
Domingo
Desterro (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
2/2/1890
Domingo
São Nicolau (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
2/2/1890
Domingo
São Tiago (Igreja de) [Almada]
[culto não identificado] (instrumental)
Lausperenne e Missa (instrumental)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
265
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 2 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
2/2/1890
Quinta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Festividade da Nossa Senhora da Purificação
6/2/1890
Quinta-Feira
Anjos (Antiga Igreja dos)
[culto não identificado] (instrumental)
7/2/1890
Sexta-Feira
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
Lausperenne (Instrumental)
9/2/1890
Domingo
S. Roque (Ermida de) Arsenal da Marinha
Missa por música de capella
9/2/1890
Domingo
S. Roque (Ermida de) Arsenal da Marinha
Terços de Benditos (a capella)
9/2/1890
Domingo
Santa Engrácia (Igreja de)
Te Deum (instrumental)
9/2/1890
Domingo
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
10/2/1890
Segunda-Feira
São Mamede (Igreja de)
Terço (vocal e instrumental)
10/2/1890
Segunda-Feira
S. Roque (Ermida de) Arsenal da Marinha
Terços de Benditos (a capella)
10/2/1890
Segunda-Feira
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Terços benditos (vocal e instrumental)
11/2/1890
Terça-Feira
São Mamede (Igreja de)
Festas ao Mártir S. Sebastião (vocal e instrumental)
11/2/1890
Terça-Feira
São Mamede (Igreja de)
Terço (vocal e instrumental)
11/2/1890
Terça-Feira
S. Roque (Ermida de) Arsenal da Marinha
Festas ao Mártir S. Sebastião (vocal e instrumental)
11/2/1890
Terça-Feira
S. Roque (Ermida de) Arsenal da Marinha
Terço (vocal e instrumental)
11/2/1890
Terça-Feira
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
[culto não identificado] (instrumental)
11/2/1890
Terça-Feira
Sacramento (Igreja do)
Novena (de 11 a 20 de Janeiro) (Instrumental)
11/2/1890
Terça-Feira
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Festa ao Martir S. Sebastião (vocal e instrumental)
13/2/1890
Quinta-Feira
Santo António (Igreja da) (da Sé)
[culto não identificado] (instrumental)
14/2/1890
Sexta-Feira
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
[culto não identificado] (instrumental)
15/2/1890
Sábado
Santo António (Igreja da) (da Sé)
[culto não identificado] (instrumental)
16/2/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
16/2/1890
Domingo
Lumiar (Igreja do) (Paço do Lumiar)
Missa por música. Jubileu das 40 horas
16/2/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa por música; Jubileu das quarenta horas
16/2/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Jubileu das quarenta horas
19/2/1890
Quarta-Feira
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
22/2/1890
Sábado
Mártires (Igreja dos)
[culto não identificado] (instrumental)
23/2/1890
Domingo
Mártires (Igreja dos)
Missa solene (cantochão)
27/2/1890
Quinta-Feira
Na rua
Procissão de Passos (Banda Regimental Infanteria 5)
16/3/1890
Domingo
Ascenção de Cristo (Capela da)
Ladainha por música (4.º Domingo da Quarema)
16/3/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Ladainha por música (4.º Domingo da Quarema)
19/3/1890
Quarta-Feira
Arroios (Convento)
[culto não identificado] (instrumental)
19/3/1890
Quarta-Feira
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
21/3/1890
Sexta-Feira
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
23/3/1890
Domingo
Sacramento (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
24/3/1890
Segunda-Feira
Sacramento (Igreja do)
Missa (Instrumental)
266
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 3 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
24/3/1890
Segunda-Feira
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
25/3/1890
Terça-Feira
Encarnação (Igreja da)
Missa (Instrumental)
25/3/1890
Terça-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Festa da Anunciação (instrumental)
25/3/1890
Terça-Feira
Encarnação (Igreja da)
Ladainha e Te Deum
25/3/1890
Terça-Feira
Sacramento (Igreja do)
Missa (Instrumental)
25/3/1890
Terça-Feira
Encarnação (Igreja da)
Septenário das Dores (instrumental)
25/3/1890
Terça-Feira
São Nicolau (Igreja de)
Septenário das Dores (instrumental)
25/3/1890
Terça-Feira
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
Septenário das Dores (instrumental)
25/3/1890
Terça-Feira
Mártires (Igreja dos)
Septenário das Dores, por música de capella
25/3/1890
Terça-Feira
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
Septenário das Dores, por música de capella
25/3/1890
Terça-Feira
Belém
Septenário das Dores, por música de capella
28/3/1890
Sexta-Feira
Senhor Jesus da Boa Sorte (Ermida do)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Desterro (Igreja do)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Madalena (Igreja da)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Mártires (Igreja dos)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Monsanto
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
São Nicolau (Igreja de)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
S. Rego
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Sacramento (Igreja do)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Encarnação (Igreja da)
Missa (Instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Senhor Jesus da Salvação e Paz (Ermida do)
Missa
28/3/1890
Sexta-Feira
Santo António da Sé (Igreja de)
Missa
28/3/1890
Sexta-Feira
Senhor Jesus da Boa Sorte (Ermida do)
Missa (instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Belém
Missa (instrumental)
28/3/1890
Sexta-Feira
Santos-o-Velho (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
2/4/1890
Quarta-Feira
Capela do sr. Conde de Porto Covo
Festividades religiosas
2/4/1890
Quarta-Feira
Inglesinhos (Igreja e convento dos)
Missa (cantochão)
2/4/1890
Quarta-Feira
Mártires (Igreja dos)
Missa (cantochão)
2/4/1890
Quarta-Feira
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
Missa por música
2/4/1890
Quarta-Feira
São Mamede (Igreja de)
Missa (cantochão)
2/4/1890
Quarta-Feira
Sacramento (Igreja do)
Officio de trevas (instrumental)
2/4/1890
Quarta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Officio de trevas (instrumental)
2/4/1890
Quarta-Feira
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Missa (cantochão)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
267
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 4 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
3/4/1890
Quinta-Feira
São Nicolau (Igreja de)
Missa por música
3/4/1890
Quinta-Feira
Madalena (Igreja da)
Missa e exposição por música
3/4/1890
Quinta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Ofício (instrumental)
3/4/1890
Quinta-Feira
São Paulo (Igreja de)
Ofício (instrumental)
3/4/1890
Quinta-Feira
Madalena (Igreja da)
Ofício (instrumental)
3/4/1890
Quinta-Feira
São Julião (Igreja de)
Officio (a capella e cantochão)
3/4/1890
Quinta-Feira
São Nicolau (Igreja de)
Officio (a capella e cantochão)
3/4/1890
Quinta-Feira
Anjos (Antiga Igreja dos)
Officio (a capella e cantochão)
3/4/1890
Quinta-Feira
Santa Isabel (igreja de)
Officio (a capella e cantochão)
3/4/1890
Quinta-Feira
São Jorge de Arroios (Antiga Igreja de)
Officio (a capella e cantochão)
3/4/1890
Quinta-Feira
Sacramento (Igreja do)
Ofício (Instrumental)
3/4/1890
Quinta-Feira
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
4/4/1890
Sexta-Feira
São Nicolau (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
4/4/1890
Sexta-Feira
Madalena (Igreja da)
Ofício (vocal e instrumental)
4/4/1890
Sexta-Feira
Sacramento (Igreja do)
Ofícios (Instrumental)
4/4/1890
Sexta-Feira
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
5/4/1890
Sábado
São Paulo (Igreja de)
Benção do lume e alleluia (instrumental)
5/4/1890
Sábado
Sacramento (Igreja do)
Benção do lume e alleluia (instrumental)
5/4/1890
Sábado
Anjos (Antiga Igreja dos)
Benção do lume e alleluia (instrumental)
5/4/1890
Sábado
São Mamede (Igreja de)
Benção do lume e alleluia (instrumental)
5/4/1890
Sábado
Nossa Senhora de Jesus (Igreja da) (ou Mercês)
Benção do lume e alleluia (instrumental)
5/4/1890
Sábado
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
Benção do lume e alleluia (instrumental)
5/4/1890
Sábado
São Julião (Igreja de)
Benção do lume e alleluia (instrumental)
5/4/1890
Sábado
Salesias (convento das)
Benção do lume e alleluia (a capella)
5/4/1890
Sábado
Bom Sucesso (Igreja do convento do)
Benção do lume e alleluia (a capella)
5/4/1890
Sábado
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
Benção do lume e alleluia (a capella)
5/4/1890
Sábado
Inglesinhos (Igreja e convento dos)
Benção do lume e alleluia (a capella)
5/4/1890
Sábado
Loreto (Igreja do)
Benção do lume e alleluia (a capella)
5/4/1890
Sábado
Sé Patriarcal de Lisboa
Benção do lume e alleluia (a capella)
5/4/1890
Sábado
Mártires (Igreja dos)
Benção do lume e alleluia (cantochão)
5/4/1890
Sábado
Santa Isabel (igreja de)
Benção do lume e alleluia (cantochão)
5/4/1890
Sábado
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
Terço de benditos (instrumental)
5/4/1890
Sàbado
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Benção do lume e alleluia (cantochão)
5/4/1890
Sábado
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
6/4/1890
Domingo
São Nicolau (Igreja de)
Procissão da Ressureição; Missa (Instrumental)
268
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 5 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
6/4/1890
Domingo
Madalena (Igreja da)
Procissão da Ressureição; Missa (Instrumental)
6/4/1890
Domingo
São Paulo (Igreja de)
Procissão da Ressureição; Missa (Instrumental)
6/4/1890
Domingo
Sacramento (Igreja do)
Officios; Procissão da Ressureição; Missa (Instrument al)
6/4/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Procissão da Ressureição; Missa (instrumental); Missa de pontifical
6/4/1890
Domingo
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
Procissão da Ressureição e Missa (instrumental)
6/4/1890
Domingo
São Mamede (Igreja de)
Procissão da Ressureição e Missa (instrumental)
6/4/1890
Domingo
Anjos (Antiga Igreja dos)
Procissão da Ressureição e Missa (instrumental)
6/4/1890
Domingo
Nossa Senhora de Jesus (Igreja da) (ou Mercês)
Procissão da Ressureição e Missa (instrumental)
6/4/1890
Domingo
São Julião (Igreja de)
Procissão da Ressureição e Missa (instrumental)
6/4/1890
Domingo
São Jorge de Arroios (Antiga Igreja de)
Procissão da Ressureição e Missa (instrumental)
6/4/1890
Domingo
Inglesinhos (Igreja e convento dos)
Procissão da Ressureição e Missa (a capella)
6/4/1890
Domingo
Loreto (Igreja do)
Procissão da Ressureição e Missa (a capella)
6/4/1890
Domingo
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
Procissão da Ressureição e Missa (a capella)
6/4/1890
Domingo
Salesias (convento das)
Procissão da Ressureição e Missa (cantochão)
6/4/1890
Domingo
Bom Sucesso (Igreja do convento do)
Procissão da Ressureição e Missa (cantochão)
6/4/1890
Domingo
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
Procissão da Ressureição e Missa (cantochão)
6/4/1890
Domingo
Mártires (Igreja dos)
Procissão da Ressureição e Missa (cantochão)
6/4/1890
Domingo
Pena (Igreja da)
Procissão da Ressureição e Missa (cantochão)
6/4/1890
Domingo
Santa Isabel (igreja de)
Procissão da Ressureição e Missa (cantochão)
6/4/1890
Domingo
Santa Engrácia (Igreja de)
Procissão da Ressureição e Missa (cantochão)
6/4/1890
Domingo
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Procissão da Ressureição e Missa (cantochão)
6/4/1890
Domingo
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
13/4/1890
Domingo
Pena (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
13/4/1890
Domingo
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
14/4/1890
Segunda-Feira
Pena (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
17/4/1890
Quinta-Feira
Na rua
Procissão da Saúde
17/4/1890
Quinta-Feira
Carnide (Igreja do convento de)
Novena (Instrumental)
17/4/1890
Quinta-Feira
Graça (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
20/4/1890
Domingo
Benfica (Igreja de) [Igreja de Nossa Senhora do Amparo]
[culto não identificado] (instrumental)
27/4/1890
Domingo
Carnide (Igreja do convento de)
Missa (Instrumental)
27/4/1890
Domingo
Milagres (Igreja dos)
[culto não identificado] (instrumental)
27/4/1890
Domingo
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
3/5/1890
Sábado
São Pedro de Alcântara (Convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
4/5/1890
Domingo
Santa Catarina (Igreja da)
Festa da Senhora da Nazareth (instrumental)
4/5/1890
Domingo
Graça (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
269
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 6 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
4/5/1890
Domingo
Resgate das Almas e Senhor Jesus dos Perdidos (Ermida do)
Festa (instrumental)
4/5/1890
Domingo
Mártires (Igreja dos)
Novena (dias 4 a 13) (instrumental)
4/5/1890
Domingo
Desterro (Igreja do)
Novena (instrumental)
5/5/1890
Segunda-Feira
Mártires (Igreja dos)
Novena (dia 4 a 13) (Instrumental)
6/5/1890
Terça-Feira
Mártires (Igreja dos)
Novena (Instrumental)
7/5/1890
Quarta-Feira
São Miguel (Igreja de)
Festa da Conceição
7/5/1890
Quarta-Feira
Mártires (Igreja dos)
Novena (Instrumental)
7/5/1890
Quarta-Feira
Sacramento (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
8/5/1890
Quinta-Feira
Mártires (Igreja dos)
Novena (dia 4 a 13) (Instrumental)
9/5/1890
Sexta-Feira
Mártires (Igreja dos)
Novena (Instrumental)
10/5/1890
Sábado
Desterro (Igreja do)
Missa; Novena (de 1 de Maio a 24 de Janeiro) (Instru mental)
10/5/1890
Sábado
Mártires (Igreja dos)
Novena (Instrumental)
11/5/1890
Domingo
Madalena (Igreja da)
Missa (instrumental)
11/5/1890
Domingo
Mártires (Igreja dos)
Novena (Instrumental)
12/5/1890
Segunda-Feira
Mártires (Igreja dos)
Novena (Instrumental)
12/5/1890
Segunda-Feira
São Julião (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
13/5/1890
Terça-Feira
Mártires (Igreja dos)
Novena (dias 4 a 13); Festividade da Nossa Senhora d os Martyres (instrumental)
15/5/1890
Quinta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (Instrumental)
15/5/1890
Quinta-Feira
Encarnação (Igreja da)
Missa por música e Te Deum
15/5/1890
Quinta-Feira
Nossa Senhora da Assunção e Santo António d o Vale (Ermida d’)
Missa por música
15/5/1890
Quinta-Feira
Sacramento (Igreja do)
Missa (Instrumental)
15/5/1890
Quinta-Feira
Santos-o-Velho (Igreja de)
Missa por música
15/5/1890
Quinta-Feira
São Julião (Igreja de)
Missa por música
15/5/1890
Quinta-Feira
São Julião (Igreja de)
Novena (instrumental)
15/5/1890
Quinta-Feira
Mártires (Igreja dos)
Missa (cantochão)
15/5/1890
Quinta-Feira
Inglesinhos (Igreja e convento dos)
Missa (cantochão)
15/5/1890
Quinta-Feira
Ascenção de Cristo (Capela da)
Missa por música
18/5/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa de coro por música
18/5/1890
Domingo
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
Missa (instrumental)
18/5/1890
Domingo
Mártires (Igreja dos)
Missa (instrumental)
18/5/1890
Domingo
Santa Joanna (Igreja da)
Missa (instrumental)
18/5/1890
Domingo
São João da Praça (Igreja de)
Missa (Instrumental)
18/5/1890
Domingo
São Julião (Igreja de)
Missa (Instrumental)
18/5/1890
Domingo
Mártires (Igreja dos)
[culto não identificado] (instrumental)
21/5/1890
Quarta-Feira
Duque de Palmela (Capela do)
Missa (Instrumental)
270
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 7 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
25/5/1890
Domingo
Livramento (Igreja do)
Missa (Instrumental)
1/6/1890
Domingo
Francezinhas (Igreja do convento das)
Te Deum (Instrumental)
1/6/1890
Domingo
Sacramento (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
1/6/1890
Domingo
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
1/6/1890
Domingo
São Tiago (Igreja de) [Almada]
Te Deum (Instrumental)
1/6/1890
Domingo
São Vicente (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
5/6/1890
Quinta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Festa do Corpo de Deus (instrumental)
5/6/1890
Quinta-Feira
Santo António da Sé (Igreja de)
Começou no dia 1 e finalizou no dia 13; Trezena (instr umental)
8/6/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (instrumental) (Festas do oitavário do Corpo de Deus)
8/6/1890
Domingo
Sacramento (Igreja do)
Missa (instrumental) (Festas do oitavário do Corpo de Deus)
8/6/1890
Domingo
N. Sr.ª da Encarnação das Commendadeiras da Missa por música Festas do oitavário do Corpo de Deu Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convent s
8/6/1890
Domingo
São Jorge de Arroios (Antiga Igreja de)
Missa (instrumental) (Festas do oitavário do Corpo de Deus)
8/6/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
10/6/1890
Terça-Feira
Encarnação (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
11/6/1890
Quarta-Feira
Encarnação (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
12/6/1890
Quinta-Feira
Encarnação (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
13/6/1890
Sexta-Feira
Estrela (Basílica da)
Missa (instrumental) (Festa do coração de Jesus)
13/6/1890
Sexta-Feira
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
Festa do orago (instrumental)
13/6/1890
Sexta-Feira
Encarnação (Igreja da)
Missa (instrumental) (Festa do coração de Jesus)
13/6/1890
Sexta-Feira
Nossa Senhora de Jesus (Igreja da) (ou Mercês)
Festa do corpo de Deus (instrumental)
13/6/1890
Sexta-Feira
Santo António da Sé (Igreja de)
Festa a Santo António (instrumental) (assiste a Câmar a Municipal)
13/6/1890
Sexta-Feira
Mártires (Igreja dos)
Missa (instrumental) (Festa do coração de Jesus)
13/6/1890
Sexta-Feira
Sacramento (Igreja do)
Festa ao Coração de Jesus (instrumental)
13/6/1890
Sexta-Feira
Pena (Igreja da)
Festa ao Coração de Jesus por música
14/6/1890
Sábado
Capela do sr. Conde de Porto Covo
Festa de Santo António (instrumental)
15/6/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa solene
15/6/1890
Domingo
Santos-o-Velho (Igreja de)
Festa a Santo António (instrumental)
15/6/1890
Domingo
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
Te Deum (instrumental)
15/6/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Ladainha por música
15/6/1890
Domingo
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
19/6/1890
Quinta-Feira
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
20/6/1890
Sexta-Feira
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
20/6/1890
Sexta-Feira
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
22/6/1890
Domingo
Olivais (Igreja dos)
Olivais - Festa de caridade
22/6/1890
Domingo
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
Festa a S. João Baptista (vocal e instrumental)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
271
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 8 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
22/6/1890
Domingo
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
Te-Deum (vocal e instrumental)
22/6/1890
Domingo
São João da Praça (Freguesia de)
[culto não identificado] (instrumental)
23/6/1890
Segunda-Feira
São João da Praça (Freguesia de)
[culto não identificado] (instrumental)
24/6/1890
Terça-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Festa a S. João por música
24/6/1890
Terça-Feira
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
Festa a S. João (vocal e instrumental)
24/6/1890
Terça-Feira
São João da Praça (Igreja de)
Festa do orago (instrumental)
24/6/1890
Terça-Feira
Santa Engrácia (Igreja de)
Comunhão de meninos por música e sermão
25/6/1890
Quarta-Feira
Carnide (Igreja do convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
28/6/1890
Sábado
Sé Patriarcal de Lisboa
S. Pedro – Vésperas solenes (instrumental)
29/6/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (instrumental)
29/6/1890
Domingo
São Pedro (Igreja de)
Festa (instrumental)
29/6/1890
Domingo
Ordem Terceira de São Francisco (Capela da)
Ladainha por música
29/6/1890
Domingo
Anjos (Antiga Igreja dos)
Novena (instrumental)
29/6/1890
Domingo
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
Novena por música
29/6/1890
Domingo
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
29/6/1890
Domingo
São Pedro de Alcântara (Convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
30/6/1890
Segunda-Feira
São Pedro de Alcântara (Convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
3/7/1890
Quinta-Feira
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
5/7/1890
Sábado
Madalena (Igreja da)
Novena (dia 5 a 13) (Instrumental)
13/7/1890
Domingo
Madalena (Igreja da)
Novena (do dia 5 ao dia 13) (Instrumental)
14/7/1890
Segunda-Feira
Ordem Terceira do Carmo (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
15/7/1890
Terça-Feira
Ordem Terceira do Carmo (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
16/7/1890
Quarta-Feira
Ordem Terceira do Carmo (igreja da)
Festa da Senhora do Monte Carmo (instrumental)
16/7/1890
Quarta-Feira
N. Sr.ª e Santa Maria Madalena (Ermida e recol Festa da Senhora do Monte Carmo (instrumental) himento da Natividade de)
16/7/1890
Quarta-Feira
Desterro (Igreja do)
Festa da Senhora do Monte Carmo (instrumental)
18/7/1890
Sexta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Novena de Santa Anna
18/7/1890
Sexta-Feira
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
Matinas (Instrumental)
18/7/1890
Sexta-Feira
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
Missa (Instrumental)
20/7/1890
Domingo
Menino Deus (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
20/7/1890
Domingo
N. Sr.ª e Santa Maria Madalena (Ermida e recol [culto não identificado] (instrumental) himento da Natividade de)
21/7/1890
Segunda-Feira
Madalena (Igreja da)
21/7/1890
Segunda-Feira
N. Sr.ª e Santa Maria Madalena (Ermida e recol [culto não identificado] (instrumental) himento da Natividade de)
21/7/1890
Segunda-Feira
Saude (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
22/7/1890
Terça-Feira
Madalena (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
22/7/1890
Terça-Feira
N. Sr.ª e Santa Maria Madalena (Ermida e recol [culto não identificado] (instrumental) himento da Natividade de)
[culto não identificado] (instrumental)
272
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 9 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
24/7/1890
Quinta-Feira
São Cristóvão (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
25/7/1890
Sexta-Feira
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
25/7/1890
Sexta-Feira
São Cristóvão (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
26/7/1890
Sábado
São Cristóvão (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
27/7/1890
Domingo
Santana (Igreja do Convento de)
Festa (instrumental)
27/7/1890
Domingo
Memória (Igreja da)
Festa (instrumental)
27/7/1890
Domingo
São Tiago (Igreja de) [Almada]
Festa ao Corpo de Deus
27/7/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
27/7/1890
Domingo
Graça (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
27/7/1890
Domingo
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
1/8/1890
Sexta-Feira
Recolhimento de Lázaro Leitão (Igreja do)
Missa (a capella)
3/8/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa de coro por música
3/8/1890
Domingo
São Paulo (Igreja de)
Festa do corpo de Deus (instrumental)
3/8/1890
Domingo
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
Festa do corpo de Deus (instrumental)
3/8/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha (instrumental)
5/8/1890
Terça-Feira
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
[culto não identificado] (instrumental)
5/8/1890
Terça-Feira
Socorro (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
6/8/1890
Quarta-Feira
Socorro (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
7/8/1890
Quinta-Feira
Socorro (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
8/8/1890
Sexta-Feira
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
10/8/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (a capella)
10/8/1890
Domingo
São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz]
Festa do orago (instrumental)
10/8/1890
Domingo
Santa Engrácia (Igreja de)
Festa do Corpo de Deus (instrumental)
10/8/1890
Domingo
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
Festa do Ferrolho (instrumental) assiste a Câmara Mu nicipal
10/8/1890
Domingo
Olivais (Igreja dos)
Festa ao Corpo de Deus (instrumental)
10/8/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
13/8/1890
Quarta-Feira
Glória (Ermida da) [à Avenida]
Missa (a capella)
13/8/1890
Quarta-Feira
Recolhimento de Lázaro Leitão (Igreja do)
Missa (a capella)
15/8/1890
Sexta-Feira
Glória (Ermida da) [à Avenida]
Missa (a capella)
15/8/1890
Sexta-Feira
Recolhimento de Lázaro Leitão (Igreja do)
Missa (a capella)
15/8/1890
Sexta-Feira
Santana (Igreja do Convento de)
[culto não identificado] (instrumental)
15/8/1890
Sexta-Feira
Sé Patriarcal
Festa do orago (instrumental)
15/8/1890
Sexta-Feira
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
Ladainha
15/8/1890
Sexta-Feira
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Novena (instrumental)
17/8/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa solene (a capella)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
273
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 10 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
17/8/1890
Domingo
Nossa Senhora de Monserrate (Ermida de)
Festa a Santo António
17/8/1890
Domingo
Santa Engrácia (Igreja de)
Festa ao Coração de Jesus (instrumental)
17/8/1890
Domingo
São Mamede (Igreja de)
Novena ; Missa e Te Deum (instrumental)
17/8/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
17/8/1890
Domingo
Ordem Terceira de São Francisco (Capela da)
Novena no Coração de Maria
17/8/1890
Domingo
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Novena (instrumental)
19/8/1890
Terça-Feira
São Mamede (Igreja de)
Festa de Corpo de Deus
21/8/1890
Quinta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa solene
21/8/1890
Quinta-Feira
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
Festa da Senhora da Penha (instrumental)
21/8/1890
Quinta-Feira
Albertas (Igreja do convento das)
Festa da senhora de La Salete
21/8/1890
Quinta-Feira
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
22/8/1890
Sexta-Feira
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
Festa da Senhora do Carmo
22/8/1890
Sexta-Feira
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
Festa da Senhora do Carmo
22/8/1890
Sexta-Feira
Santa Cruz do Castelo (Igreja de)
Festa da Senhora do Carmo
24/8/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (a capella)
24/8/1890
Domingo
São Mamede (Igreja de)
Missa de pontifical; Festa de S. Roque (instrumental)
24/8/1890
Domingo
São Bartolomeu (Igreja de )
Festa do orago da paróquia (instrumental)
24/8/1890
Domingo
N. Sr.ª da Encarnação das Commendadeiras da Festa do coração de Jesus com missa e Te Deum Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convent
24/8/1890
Domingo
Lumiar (Igreja do) (Paço do Lumiar)
Festa a S. Sebastião (instrumental)
24/8/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
24/8/1890
Domingo
Ordem Terceira de São Francisco (Capela da)
Festa ao Coração de Maria
24/8/1890
Domingo
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Missa de pontifical; Festa de S. Roque (instrumental)
25/8/1890
Segunda-Feira
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
Missa (a capella)
27/8/1890
Quarta-Feira
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
Missa (a capella)
29/8/1890
Sexta-Feira
N. Sr.ª da Encarnação das Commendadeiras da [culto não identificado] (instrumental) Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convent
31/8/1890
Domingo
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
31/8/1890
Domingo
N. Sr.ª da Encarnação das Commendadeiras da [culto não identificado] (instrumental) Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convent
31/8/1890
Domingo
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
Missa (a capella)
2/9/1890
Terça-Feira
S. Roque (Ermida de) Arsenal da Marinha
Festa (instrumental)
4/9/1890
Quinta-Feira
São Vicente (Igreja de)
Missa (a capella)
6/9/1890
Sábado
São Vicente (Igreja de)
Missa (a capella)
7/9/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (a capella)
7/9/1890
Domingo
São Vicente (Igreja de)
Missa (Festa a Santo António) (instrumental)
7/9/1890
Domingo
Memória (Igreja da)
Novena
7/9/1890
Domingo
São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz]
Novena
[culto não identificado] (instrumental)
274
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 11 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
7/9/1890
Domingo
Guia (Ermida da)
Novena (instrumental)
7/9/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
7/9/1890
Domingo
São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz]
Novena (Instrumental) (29 de Agosto a 8 de Setembr o)
8/9/1890
Segunda-Feira
Memória (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
8/9/1890
Segunda-Feira
Victória (Ermida da)
Missa (Instrumental)
10/9/1890
Quarta-Feira
Santo António da Sé (Igreja de)
Exéquias (Instrumental)
14/9/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (a capella)
14/9/1890
Domingo
Francezinhas (Igreja do convento das)
Festa da Exaltação da Santa Cruz (instrumental)
14/9/1890
Domingo
Ajuda (Igreja da)
Festa ao Corpo de Deus (instrumental)
14/9/1890
Domingo
São Cristóvão (Igreja de)
Festa à Senhora do Amparo (instrumental)
14/9/1890
Domingo
Ordem Terceira de São Francisco (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
14/9/1890
Domingo
Sacramento (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
14/9/1890
Domingo
Graça (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
20/9/1890
Sábado
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
20/9/1890
Sábado
São Paulo (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
21/9/1890
Domingo
Castelo (Ermida do)
[culto não identificado] (instrumental)
22/9/1890
Segunda-Feira
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
Festas da Senhora do Carmo
22/9/1890
Segunda-Feira
Santa Cruz do Castelo (Igreja de)
Festas da Senhora do Carmo
22/9/1890
Segunda-Feira
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
Festas da Senhora do Carmo
22/9/1890
Segunda-Feira
Laveiras
Septenário das Dores
22/9/1890
Segunda-Feira
São Mamede (Igreja de)
Septenário das Dores
22/9/1890
Segunda-Feira
Castelo (Ermida do)
[culto não identificado] (instrumental)
22/9/1890
Segunda-Feira
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Septenario das Dores
24/9/1890
Quarta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Exéquias de D. Pedro IV
24/9/1890
Quarta-Feira
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
27/9/1890
Sábado
Sacramento (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
28/9/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa solene (a capella)
28/9/1890
Domingo
Anjos (Antiga Igreja dos)
Festa do Corpo de Deus (instrumental)
28/9/1890
Domingo
São Paulo (Igreja de)
Festa a S. Miguel (instrumental)
28/9/1890
Domingo
São Tiago (Igreja de) [Almada]
Festa das Dôres (instrumental)
28/9/1890
Domingo
Laveiras
Festa das Dôres, instrumental
28/9/1890
Domingo
São Mamede (Igreja de)
Festa à Senhora das Dôres (a capella)
28/9/1890
Domingo
Sacramento (Igreja do)
Festa da dedicação da igreja (Instrumental)
28/9/1890
Domingo
Socorro (Igreja do)
Festa à Senhora das Dôres (a capella)
28/9/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Novena
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
275
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 12 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
28/9/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
28/9/1890
Domingo
Graça (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
28/9/1890
Domingo
Santos-o-Velho (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
28/9/1890
Domingo
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Festa à Senhora das Dôres (a capella)
29/9/1890
Segunda-Feira
Anjos (Antiga Igreja dos)
Festa de S. Miguel (instrumental)
29/9/1890
Segunda-Feira
Sacramento (Igreja do)
Festa de S. Miguel (instrumental)
30/9/1890
Terça-Feira
Anjos (Antiga Igreja dos)
Missa (Instrumental)
1/10/1890
Quarta-Feira
Santos-o-Velho (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
3/10/1890
Sexta-Feira
Santos-o-Velho (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
4/10/1890
Sábado
Corpo Santo (Igreja do)
Missa (a capella)
4/10/1890
Sábado
São Pedro de Alcântara (Convento de)
Missa (a capella)
5/10/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (a capella)
5/10/1890
Domingo
São Pedro de Alcântara (Convento de)
Festividade da Senhora do Rosário (instrumental)
5/10/1890
Domingo
Sacramento (Igreja do)
Festa
5/10/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
5/10/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Festa da Senhora do Rosário
5/10/1890
Domingo
Benfica (Igreja de) [Igreja de Nossa Senhora do Amparo]
[culto não identificado] (instrumental)
5/10/1890
Domingo
Marquês do Pombal (Ermida do)
Missa (a capella)
8/10/1890
Quarta-Feira
Marquês do Pombal (Ermida do)
Missa (a capella)
9/10/1890
Quinta-Feira
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
Missa (a capella)
12/10/1890
Domingo
Jerónimos (Igreja dos)
Missa de pontifical; Festa à Senhora do Restelo (instru mental)
12/10/1890
Domingo
Jerónimos (Igreja dos)
Festa ás 12 horas do seu orago (instrumental)
12/10/1890
Domingo
Nossa Senhora do Rosário (Ermida de)
Festa do orago (instrumental)
12/10/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
12/10/1890
Domingo
Carnide (Igreja do convento de)
Novena de Santa Tereza de Jesus
12/10/1890
Domingo
Corpo de Deus (Igreja do)
Terço do Rosário e ladainha
12/10/1890
Domingo
São Paulo (Igreja de)
Missa (acompanhada de harmonium)
14/10/1890
Terça-Feira
Carnide (Igreja do convento de)
Missa (a capella)
19/10/1890
Domingo
São Pedro (Igreja de)
Missa e terço cantados pelas recolhidas
19/10/1890
Domingo
São Miguel (Igreja de)
Festa á Senhora do Rosário (Instrumental)
19/10/1890
Domingo
Lumiar (Igreja do) (Paço do Lumiar)
Missa solene
19/10/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
20/10/1890
Segunda-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Exéquias de D. Luiz
20/10/1890
Segunda-Feira
Pena (Igreja da)
Festividade de S. Miguel (instrumental)
22/10/1890
Quarta-Feira
Pena (Igreja da)
[culto não identificado] (instrumental)
276
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 13 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
26/10/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa solene
26/10/1890
Domingo
Ascenção de Cristo (Capela da)
Festa á Senhora do Rosário (instrumental)
26/10/1890
Domingo
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
Festa á Senhora do Rosário (Instrumental)
26/10/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
26/10/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Terço do Rosário e ladainha
28/10/1890
Terça-Feira
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
[culto não identificado] (instrumental)
1/11/1890
Sábado
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa de pontifical (instrumental)
1/11/1890
Sábado
Ermida dos terremotos
Festa (instrumental)
1/11/1890
Sábado
Senhor Jesus dos Navegantes (Ermida do)
Festa do seu orago (instrumental)
1/11/1890
Sábado
Arrentela
Festa (instrumental)
1/11/1890
Sábado
São Nicolau (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
1/11/1890
Sábado
Senhor Jesus da Boa Sorte (Ermida do)
[culto não identificado] (instrumental)
3/11/1890
Segunda-Feira
São Paulo (Igreja de)
Libera me (Instrumental)
6/11/1890
Sábado
Caldas (Ermida do)
[culto não identificado] (instrumental)
6/11/1890
Sábado
São Nicolau (Igreja de)
[culto não identificado] (instrumental)
8/11/1890
Segunda-Feira
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
[culto não identificado] (instrumental)
9/11/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (a capella)
9/11/1890
Domingo
Nossa Senhora de Jesus (Igreja da) (ou Mercês)
Missa (instrumental) (Festa ao Senhor do Patrocínio)
9/11/1890
Domingo
Colleginho (Igreja do)
Festa à Senhora do Bom Despacho (instrumental)
9/11/1890
Domingo
Nossa Senhora dos Remédios (Ermida de)
Festa á Senhora da Saude, com missa e Te Deum (ins trumental)
9/11/1890
Domingo
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
Festa á Senhora de Lourdes (instrumental)
9/11/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
9/11/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Terço do Rosário e ladainha
13/11/1890
Quinta-Feira
Graça (Igreja da)
Missa (a capella)
15/11/1890
Sábado
Milagres (Igreja dos)
Lausperenne (Instrumental)
16/11/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa
16/11/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
16/11/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Terço do Rosário e ladainha
16/11/1890
Domingo
Milagres (Igreja dos)
[culto não identificado] (instrumental)
17/11/1890
Segunda-Feira
Milagres (Igreja dos)
[culto não identificado] (instrumental)
21/11/1890
Sexta-Feira
Bom Sucesso (Igreja do convento do)
Festa das Dores (Instrumental)
23/11/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa solene
23/11/1890
Domingo
Nossa Senhora de Jesus (Igreja da) (ou Mercês)
Missa e ladainha (instrumental)
23/11/1890
Domingo
Santa Catarina (Igreja da)
Missa a grande instrumental (festa ao Corpo de Deus)
23/11/1890
Domingo
São João da Praça (Igreja de)
Festa a S. Rafael
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
277
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 14 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
23/11/1890
Domingo
Anjos (Antiga Igreja dos)
Solene Te-Deum (instrumental)
23/11/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
23/11/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Terço do Rosário e ladainha
23/11/1890
Domingo
Bom Sucesso (Igreja do convento do)
Festa das Dores (Instrumental)
29/11/1890
Sábado
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
[culto não identificado] (instrumental)
5/12/1890
Sexta-Feira
Santa Catarina (Igreja da)
Novena da Conceição (instrumental)
7/12/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa (instrumental)
7/12/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
7/12/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Terço do rosario e benção do Sanctissimo e ladainha
7/12/1890
Domingo
Sacramento (Igreja do)
Novena da Conceição (a capella)
7/12/1890
Domingo
Encarnação (Igreja da)
Novena da Conceição (a capella)
7/12/1890
Domingo
Santa Isabel (igreja de)
Novena da Conceição (a capella)
7/12/1890
Domingo
Mártires (Igreja dos)
Novena da Conceição (a capella)
7/12/1890
Domingo
Loreto (Igreja do)
Novena da Conceição (a capella)
7/12/1890
Domingo
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
Novena da Conceição (instrumental)
7/12/1890
Domingo
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
Novena da Conceição (instrumental)
7/12/1890
Domingo
Colégio de Nossa Senhora da Conceição
Novena da Conceição (instrumental)
7/12/1890
Domingo
Santa Catarina (Igreja da)
Novena da Conceição (instrumental)
7/12/1890
Domingo
Socorro (Igreja do)
Novena da Conceição (instrumental)
7/12/1890
Domingo
Santos-o-Velho (Igreja de)
Novena da Conceição (instrumental)
7/12/1890
Domingo
Rilhafoles (Convento de)
Novena da Conceição (a capella)
8/12/1890
Segunda-Feira
Loreto (Igreja do)
Festa da Conceição (a capella)
8/12/1890
Segunda-Feira
Graça (Igreja da)
Festa da Conceição (a capella)
8/12/1890
Segunda-Feira
Santa Isabel (igreja de)
Festa da Conceição (a capella)
8/12/1890
Segunda-Feira
Campolide (Igreja de)
Festa da Conceição (a capella)
8/12/1890
Segunda-Feira
Sacramento (Igreja do)
Festa da Conceição (a capella)
8/12/1890
Segunda-Feira
Encarnação (Igreja da)
Festa da Conceição (instrumental)
8/12/1890
Segunda-Feira
Mártires (Igreja dos)
Festa da Conceição (instrumental)
8/12/1890
Segunda-Feira
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
Festa da Conceição (instrumental)
8/12/1890
Segunda-Feira
Santos-o-Velho (Igreja de)
Festa da Conceição (instrumental)
8/12/1890
Segunda-Feira
São Paulo (Igreja de)
Festa da Conceição (instrumental)
8/12/1890
Segunda-Feira
Socorro (Igreja do)
Festa da Conceição (instrumental)
8/12/1890
Segunda-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Festa da Conceição (instrumental)
8/12/1890
Segunda-Feira
Colégio de Nossa Senhora da Conceição
Festa da Conceição (instrumental)
8/12/1890
Segunda-Feira
Capella do Arco do Cego
Festa da Conceição (instrumental)
278
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 15 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
8/12/1890
Segunda-Feira
Rilhafoles (Convento de)
Festa da Conceição
8/12/1890
Segunda-Feira
Santa Joanna (Igreja da)
Festa da Conceição
12/12/1890
Sexta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Festa da Conceição na Sé
14/12/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Festa da publicação da bulla na sé pathriarcal
14/12/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Novena da Conceição (instrumental)
14/12/1890
Domingo
Conceição (Igreja do convento da)
Festividade do orago; missa solene (instrumental)
14/12/1890
Domingo
Bemposta (Capela do Paço da)
Missa
14/12/1890
Domingo
Santa Luzia (Igreja de)
Missa
14/12/1890
Domingo
Benfica (Igreja de) [Igreja de Nossa Senhora do Amparo]
Novena
14/12/1890
Domingo
Ajuda (Igreja da)
Novena
14/12/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Novena
14/12/1890
Domingo
São Crispim e São Cipriano (Ermida de)
Novena
15/12/1890
Segunda-Feira
Bemposta (Capela do Paço da)
Missa (festividade da Conceição)
20/12/1890
Sábado
São Crispim e São Cipriano (Ermida de)
Festividade da Conceição
21/12/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Festividade da Conceição com missa de Pontifical
21/12/1890
Domingo
Corpo Santo (Igreja do)
Missa (instrumental)
21/12/1890
Domingo
Ajuda (Igreja da)
Festa da Conceição
21/12/1890
Domingo
Ordem Terceira de Jesus (Capela da)
Terço do Rosário e ladainha
21/12/1890
Domingo
Anjos (Antiga Igreja dos)
Novena da Conceição (instrumental)
21/12/1890
Domingo
Menino Deus (Igreja do)
Novena da Natividade (instrumental)
24/12/1890
Quarta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Missa do Galo (instrumental)
24/12/1890
Quarta-Feira
Menino Deus (Igreja do)
Missa do Galo (instrumental)
24/12/1890
Quarta-Feira
São Mamede (Igreja de)
Missa do Galo (a capella)
24/12/1890
Quarta-Feira
Igreja Magna
Missa do Galo (a capella)
24/12/1890
Quarta-Feira
Sacramento (Igreja do)
Missa do Galo (cantochão)
24/12/1890
Quarta-Feira
Benfica (Igreja de) [Igreja de Nossa Senhora do Amparo]
Missa do Galo (a capella)
24/12/1890
Quarta-Feira
Inglesinhos (Igreja e convento dos)
Missa do Galo (cantochão)
24/12/1890
Quarta-Feira
São Julião (Igreja de)
Missa do Galo (cantochão)
24/12/1890
Quarta-Feira
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
Missa do Galo (a capella)
24/12/1890
Quarta-Feira
Caldas (Ermida do)
Missa do Galo (a capella)
24/12/1890
Quarta-Feira
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
Missa do Galo (a capella)
25/12/1890
Domingo
Sé Patriarcal de Lisboa
Festa de Natal (instrumental)
25/12/1890
Domingo
Menino Deus (Igreja do)
Festa de Natal (Música de capella)
25/12/1890
Domingo
Loreto (Igreja do)
Festa de Natal (cantochão)
25/12/1890
Domingo
São Pedro (Igreja de)
Festa de Natal (cantochão)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
279
Anexo M – Listagem de eventos religiosos com música ocorridos no ano de 1890. (pág 16 de 16)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
27/12/1890
Sábado
Anjos (Antiga Igreja dos)
Matinas de Marcos Portugal (instrumental)
28/12/1890
Domingo
Graça (Igreja da)
Festa à Senhora da Divina Providência (instrumental)
28/12/1890
Domingo
Anjos (Antiga Igreja dos)
Festividade da Conceição (instrumental)
29/12/1890
Segunda-Feira
São Bartolomeu (Igreja de )
Festividade da Conceição
31/12/1890
Quarta-Feira
Sé Patriarcal de Lisboa
Te-Deum
280
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo N – Listagem de ocasiões musicais em domínio privado e com acesso exclusivo ocorridas em 1890. (pág 1 de 2)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
4/1/1890
Sábado
Casa da condessa do Porto Brandão
Soirée
18/1/1890
Sábado
Casa da condessa do Porto Brandão
Soirée
18/1/1890
Sábado
Casa da viscondessa da Abrigada
Soirée
26/1/1890
Domingo
Casa dos viscondes da Graça
Soirée
5/2/1890
Quarta-Feira
Casa da viscondessa da Abrigada
Soirée
13/2/1890
Quinta-Feira
Casa de D. Maria Augusta d’Alincourt Braga
Soirée
14/2/1890
Sexta-Feira
Casa dos condes de Gouveia
Soirée
16/2/1890
Domingo
Casa da madame Rangel Baptista
Soirée
16/2/1890
Domingo
Casa de Polycarpo Anjos
Soirée
17/2/1890
Segunda-Feira
Casa de D. Manuel de Noronha
Soirée
17/2/1890
Segunda-Feira
Casa de D. Luiz da Câmara Leme
Soirée
17/2/1890
Segunda-Feira
Casa do barão de Itankaem de Andrade
Soirée
17/2/1890
Segunda-Feira
Casa dos condes de Ficalho
Soirée
7/3/1890
Sexta-Feira
Casa de D. Maria Augusta d’Alincourt Braga
Soirée
15/3/1890
Sábado
Casa de Polycarpo Anjos
Soirée (Récita de amadores)
21/3/1890
Sexta-Feira
Casa de D. Maria Augusta de Alincourt Braga
Soirée
28/3/1890
Sexta-Feira
Casa de D. Maria Augusta d’Alincourt Braga
Soirée
11/4/1890
Sexta-Feira
Casa de Jorge O’Neill
Soirée
18/4/1890
Sexta-Feira
Casa de D. Maria Augusta d’Alincourt Braga
Soirée
19/4/1890
Sábado
Casa dos condes de Magalhães
Soirée
20/4/1890
Domingo
Casa dos condes de Almedina
Soirée com o Quarteto da Sociedade Sexteto Quilez
20/4/1890
Domingo
Casa dos condes de Burnay
Soirée
24/4/1890
Quinta-Feira
Casa do Conselheiro Antonio de Serpa Pimentel Matinée
7/5/1890
Quarta-Feira
Casa do barão de Itankaem de Andrade
[culto não identificado] (instrumental)
18/5/1890
Domingo
Socorro (Igreja do)
Baptizado com música
22/5/1890
Quinta-Feira
Casa dos Condes de Almedina
Soirée com o Quarteto da Sociedade Sexteto Quilez
29/5/1890
Quinta-Feira
Casa do Conselheiro Antonio de Serpa Pimentel Matinée em casa da Sr.ª Ana de Serpa Pimentel
31/5/1890
Sábado
Casa dos condes de Burnay
Festa e soirée
13/6/1890
Sexta-Feira
Casa dos condes de Ficalho
Festa
18/6/1890
Quarta-Feira
Casa de José Antonio de Andrade
Soirée
19/6/1890
Quinta-Feira
Casa de Alfredo Keil
Matinée em Casa de Alfredo Keil
2/7/1890
Quarta-Feira
Casa de Edmundo Plantier
Jantar político (música ao piano depois de jantar)
6/7/1890
Domingo
Casa de Jorge O’Neill
Soirée com o Quarteto da Sociedade Sexteto Quilez
6/7/1890
Domingo
Nunciatura
Soirée com o Quarteto da Sociedade Sexteto Quilez
30/7/1890
Quarta-Feira
Casa dos condes da Azambuja (Sintra)
Soirée
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
281
Anexo N – Listagem de ocasiões musicais em domínio privado e com acesso exclusivo ocorridas em 1890. Data
Dia da semana
Local
Descrição
4/8/1890
Segunda-Feira
Casa dos duques de Palmella (Sintra)
Soirée
26/11/1890
Quarta-Feira
Casa de dona Guiomar Torrezão
Soirée literária e musical
30/11/1890
Domingo
Casa de Theodoro Ferreira Pinto Basto
Soirée
(pág 2 de 2)
282
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo O – Listagem de ocasiões musicais em espaço público com acesso restrito ocorridas em 1890. (pág 1 de 5)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
1/1/1890
Quarta-Feira
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
5/1/1890
Domingo
Salão da Trindade
Baile de máscaras
6/1/1890
Segunda-Feira
Jardim Zoológico
Concerto com banda
6/1/1890
Segunda-Feira
Salão da Trindade
Baile de máscaras
12/1/1890
Domingo
Academia Phylarmonica Recreio Artistico
Festa
19/1/1890
Domingo
Salão da Trindade
Baile de máscaras
22/1/1890
Quarta-Feira
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
22/1/1890
Quarta-Feira
Salão da Trindade
Baile de máscaras
26/1/1890
Domingo
Salão da Trindade
Baile de máscaras
26/1/1890
Domingo
Club Recreativo Fraternidade
Festa dedicada à Sociedade d'Instrucção Guilherme C assoul
27/1/1890
Segunda-Feira
Salão da Trindade
Baile de Máscaras
2/2/1890
Domingo
Club Recreativo Fraternidade
Festa dedicada à Sociedade d'Instrucção Guilherme C assoul
2/2/1890
Domingo
Salão da Trindade
Baile de Máscaras
6/2/1890
Quinta-Feira
Salão da Trindade
Baile de máscaras
9/2/1890
Domingo
Salão da Trindade
Grande baile de máscaras
9/2/1890
Domingo
Teatro de D. Maria II
Baile de máscaras
11/2/1890
Terça-Feira
Salão da Trindade
Grande baile de máscaras
13/2/1890
Quinta-Feira
Salão da Trindade
Grande baile de máscaras
15/2/1890
Sábado
Teatro de D. Maria II
Baile de máscaras
16/2/1890
Domingo
Real Coliseu de Lisboa
Espectáculo carnavalesco (Festa em Pequim)
16/2/1890
Domingo
Teatro da Rua dos Condes
Baile de máscaras
16/2/1890
Domingo
Salão da Trindade
Baile infantil
16/2/1890
Domingo
Teatro da Trindade
Baile de máscaras
16/2/1890
Domingo
Teatro do Rato
Baile de máscaras
16/2/1890
Domingo
Teatro de D. Maria II
Baile de máscaras
16/2/1890
Domingo
Real Coliseu de Lisboa
Baile de máscaras (no salão)
16/2/1890
Domingo
Real Coliseu de Lisboa
Baile de máscaras (na sala grande)
17/2/1890
Segunda-Feira
Real Coliseu de Lisboa
Baile de máscaras
17/2/1890
Segunda-Feira
Salão da Trindade
Baile de máscaras
17/2/1890
Segunda-Feira
Teatro de D. Maria II
Baile de máscaras
17/2/1890
Segunda-Feira
Teatro da Rua dos Condes
Baile de máscaras
17/2/1890
Segunda-Feira
Teatro da Trindade
Baile de máscaras (sala principal)
17/2/1890
Segunda-Feira
Clube Terpsicore
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Sociedade Philarmonica Recreio Artistico
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Sociedade Recreio Aurora da Mocidade
Baile
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
283
Anexo O – Listagem de ocasiões musicais em espaço público com acesso restrito ocorridas em 1890. (pág 2 de 5)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
17/2/1890
Segunda-Feira
Clube Recreativo Fraternidade
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Academia Fraternidade
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Sociedade Escolar Recreativa Aurora do Porvir
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Academia Artistica Recreativa Lisbonense
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Academia de Instrucção e Recreio Fraternal
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Sociedade de Instrucção Guilherme Cossoul
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Associação Musical 11 de Março de 1887
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Academia Harmonia Lisbonense
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Sociedade Dramatica Recreio e Instrucção
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Sociedade Musical 1.º de Janeiro
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Club Commercial Recreativo no theatro Tabord a
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Estudantina 7 de Setembro de 1887
Baile
17/2/1890
Segunda-Feira
Academia Instrucção e Recreio
Baile
18/2/1890
Terça-Feira
Salão da Trindade
Baile infantil
18/2/1890
Terça-Feira
Salão da Trindade
Baile de máscaras
18/2/1890
Terça-Feira
Real Coliseu de Lisboa
Baile de máscaras (no salão)
18/2/1890
Terça-Feira
Real Coliseu de Lisboa
Baile de máscaras (na sala principal)
23/2/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda
2/3/1890
Domingo
Beco dos Apóstolos
Baile
23/3/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda
25/3/1890
Terça-Feira
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
25/3/1890
Terça-Feira
Clube Camões
Baile
30/3/1890
Domingo
Associação 11 de Março de 1889
Matinée
30/3/1890
Domingo
Clube Camões
Baile
30/3/1890
Domingo
Associação musical 11 de Março de 1888
Baile
6/4/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Grande festa da Páscoa; Concerto com banda regimental
13/4/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Grande festa musical
20/4/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
20/4/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Grande festa musical; Concerto com banda regimental
20/4/1890
Domingo
Clube Camões
Baile
27/4/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Grande concerto com banda à franceza; Concerto com banda regimental
30/4/1890
Quarta-Feira
Teatro do Ginásio
Sarau literário musical e artístico
4/5/1890
Domingo
Jardim Zoológico
A festa das crianças; Concerto com banda regimental
11/5/1890
Domingo
Academia d'Instrucção e Recreio Fraternal
Soirée literária e musical
15/5/1890
Quinta-Feira
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental; Fanfarra de Caneças
284
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo O – Listagem de ocasiões musicais em espaço público com acesso restrito ocorridas em 1890. (pág 3 de 5)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
18/5/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
18/5/1890
Domingo
Club Recreativo Fraternidade
Festa
25/5/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Festa Musical; Pretos de Catumbella; Concerto com ba nda à franceza
1/6/1890
Domingo
Rio Tejo
Passeio Fluvial
1/6/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com duas bandas de música
5/6/1890
Quinta-Feira
Jardim Zoológico
Concerto com banda à franceza; Concerto com banda regimental
8/6/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto Monstro (Mais de 120 executantes)
12/6/1890
Quinta-Feira
Club Recreativo Fraternidade
Festa musical
15/6/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental; Fanfarra de Cascais
15/6/1890
Domingo
Clube Camões
Baile
22/6/1890
Domingo
Recreio Popular
Baile
22/6/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
23/6/1890
Segunda-Feira
Club Recreativo Fraternidade
Soirée familiar
23/6/1890
Segunda-Feira
Sociedade Phimarmonica alumnos de Minerva
Sarau dramático, musical e dançante
26/6/1890
Quinta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Soirée Privada
28/6/1890
Sábado
Clube Terpsicore
Baile
28/6/1890
Sábado
Club Recreativo Fraternidade
Festa musical
29/6/1890
Domingo
Clube Terpsicore
Baile
29/6/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Grande festa de S. Pedro; Concerto com banda regim ental; Banda Regimental Infanteria 2
6/7/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental; Banda Regimental Ar tilharia 4
20/7/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Banda Regimental Artilharia 4
20/7/1890
Domingo
Rio Tejo
Passeio Fluvial (Sociedade Filarmónica Barreirense)
20/7/1890
Domingo
Academia Feniana
Sarau dramático, musical e dançante. (Justino Soares )
20/7/1890
Domingo
Teatro Taborda
Baile
27/7/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental; Philarmonica de Chel as
27/7/1890
Domingo
Rio Tejo
Passeio Fluvial (Real Ginásio Clube português)
27/7/1890
Domingo
Academia Filarmónica Verdi
Baile campestre
27/7/1890
Domingo
Club Recreativo Fraternidade
Soirée musical
27/7/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental; Filarmónica de Chela s
3/8/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental; Filarmónica União e Desejo.
10/8/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Banda Regimental da Armada Real
15/8/1890
Sexta-Feira
Caixa Economica Operaria Cooperativa de Credi Festa to e Consumo
15/8/1890
Sexta-Feira
Jardim Zoológico
Banda Regimental da Armada Real
17/8/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Banda Regimental Artilharia 4
17/8/1890
Domingo
Club Recreativo Fraternidade
Festa
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
285
Anexo O – Listagem de ocasiões musicais em espaço público com acesso restrito ocorridas em 1890. (pág 4 de 5)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
24/8/1890
Domingo
Jardim Zoologico
Banda Regimental Infantaria 2
31/8/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental; Banda Regimental Ar tilharia 4
7/9/1890
Domingo
Sociedade d’instrucção Guilherme Cossoul
Festa (Banda da Sociedade Filarmónica Alunos de Apo lo)
7/9/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
8/9/1890
Segunda-Feira
Real Coliseu de Lisboa
Baile de máscaras
14/9/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Marcha Aux flambeaux; Concerto com banda regiment al
14/9/1890
Domingo
Recreios Populares
Baile
14/9/1890
Domingo
Rio Tejo
Passeio Fluvial (Sociedade de Instrucção Guilherme C ossoul )
28/9/1890
Domingo
Sede da Associação Estudantina União Operária Soirée
28/9/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com duas bandas de música
5/10/1890
Domingo
Rio Tejo
Passeio Fluvial (Clube Recreativo Fraternidade)
5/10/1890
Domingo
Academia Victor Hugo
Sarau
5/10/1890
Domingo
Academia Musical 1.º de Janeiro
Festa (Orchestra da Academia Verdi)
5/10/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
5/10/1890
Domingo
Club Commercial Recreativo
Sarau literário e musical
5/10/1890
Domingo
Sociedade dramatica Julio Vieira
Sarau
5/10/1890
Domingo
Academia Harmonia Lisbonense
Sarau dançante
19/10/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
19/10/1890
Domingo
Academia Harmonia Lisbonense
Baile
19/10/1890
Domingo
Sociedade 1.º de Janeiro
Baile
19/10/1890
Domingo
Sociedade Alumnos de João Rodrigues Cordeiro Soirée
26/10/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
31/10/1890
Sexta-Feira
‘Restaurant Villa Mar’, em Pedrouços
Récita e Baile
1/11/1890
Sábado
Academia Phylarmonica Recreio Artistico
Sarau
1/11/1890
Sábado
Associação Musica 11 de Março 1888
Festa; Banda Regimental
1/11/1890
Sábado
Club Commercial Recreativo do theatro Tabord a
Sarau
1/11/1890
Sábado
Recreios Populares
Baile
1/11/1890
Sábado
Club Commercial Recreativo do theatro Tabord a
Baile
1/11/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
2/11/1890
Domingo
Academia Phylarmonica Recreio Artistico
Sarau
2/11/1890
Segunda-Feira
Jardim Zoológico
Banda Regimental Caçadores 2
2/11/1890
Domingo
Recreios Populares
Baile
2/11/1890
Domingo
Academia Harmonia Lisbonense
Baile
2/11/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
16/11/1890
Domingo
Club Recreativo Fraternidade
Festa
286
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo O – Listagem de ocasiões musicais em espaço público com acesso restrito ocorridas em 1890. (pág 5 de 5)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
23/11/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
23/11/1890
Domingo
Clube Recreativo Fraternidade
Festa
23/11/1890
Domingo
Club Recreativo Fraternidade
Festa
30/11/1890
Domingo
Associação Musical 11 de Março
Soirée
1/12/1890
Segunda-Feira
Associação Musical 11 de Março de 1888
Soirée
7/12/1890
Domingo
Associação Musical Alfredo Keil
Festa solene da inauguração da Associação
8/12/1890
Segunda-Feira
Associação Musical Alfredo Keil
Festa solene da inauguração da Associação
8/12/1890
Segunda-Feira
Clube Terpsicore
Baile de máscaras
14/12/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Banda Regimental Infantaria 5
25/12/1890
Quinta-Feira
Teatro da Trindade
Baile de máscaras
25/12/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Banda Regimental Artilharia 4
28/12/1890
Domingo
Jardim Zoológico
Concerto com banda regimental
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
287
Anexo P – Listagem de ocasiões musicais em espaço público ocorridas em 1890. (pág 1 de 2)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
4/3/1890
Terça-Feira
S. Roque (Ermida de) Arsenal da Marinha
Inauguração de uma canhoeira pelo Rei [Banda Regim ental Marinheiros da Armada]
22/6/1890
Domingo
Avenida da Liberdade
Banda Regimental Infantaria 5
24/6/1890
Terça-Feira
Avenida da Liberdade
Música no coreto [Banda Regimental Infanteria 5]
29/6/1890
Domingo
Avenida da Liberdade
Música no coreto (Banda Regimental Caçadores 2)
29/6/1890
Domingo
Praça D. Fernando Belém
Música no coreto (Banda Regimental Cavalaria 4)
29/6/1890
Domingo
Jardim da Estrela
Música no coretoBanda Regimental Infanteria 16)
15/8/1890
Sexta-Feira
Sede do Grupo dramatico Musical Lisbonense
Festa no Grupo dramatico Musical Lisbonense
15/8/1890
Sexta-Feira
Algés
Quermesse em Algés (Banda Regimental Cavalaria 4)
17/8/1890
Domingo
Jardim da Estrela
Música no coreto [FanfaBanda Regimental Artilharia 1]
17/8/1890
Domingo
Avenida da Liberdade
Música no coreto [Banda Regimental Caçadores 5]
17/8/1890
Domingo
Praça D. Fernando Belém
Música no coreto [Banda Regimental Cavalaria 4]
24/8/1890
Domingo
Associação Instrucção Musical 24 d’Agosto
Festa (Banda da Associação; Banda de Bombeiros mu nicipais)
24/8/1890
Domingo
Avenida da Liberdade
Música no coreto [Banda da Guarda Municipal]
24/8/1890
Domingo
Jardim da Estrela
Música no coreto [Banda Regimental da Artilharia 4]
24/8/1890
Domingo
Praça D. Fernando Belém
Música no coreto [Banda Regimental de Infantaria 7]
24/8/1890
Domingo
Algés
Quermesse em Algés; Banda Regimental Infantaria 5
24/8/1890
Domingo
Areeiro
Inauguração do chafariz do Areeiro
24/8/1890
Domingo
Lumiar (Igreja do) (Paço do Lumiar)
Festa e Arraial
28/8/1890
Quinta-Feira
Algés
Quermesse em Algés; Banda Regimental Infantaria 7
30/8/1890
Sábado
Algés
Quermesse em Algés; Banda Regimental da Armada R eal
7/9/1890
Domingo
Beato
Festejos do Beato; Banda Regimental Marinheiros da Armada
25/9/1890
Quinta-Feira
Paço de Arcos
Quermesse em Paço de Arcos; Banda Regimental
28/9/1890
Domingo
Paço de Arcos
Quermesse em Paço de Arcos; Banda Regimental
5/10/1890
Domingo
Paço de Arcos
Quermesse em Paço de Arcos [Banda da Academia Fa bril; Banda de Recreio Ocidental]
17/10/1890
Sexta-Feira
Estoril
Diversões na Mata do Estoril [Banda Regimental da Ar mada Real]
19/10/1890
Domingo
Campo Grande
Feira do Campo Grande
2/11/1890
Segunda-Feira
Jardim da Estrela
Música no coreto [Banda Regimental Infantaria 16]
2/11/1890
Segunda-Feira
Praça D. Fernando Belém
Música no coreto [Banda Regimental Infantaria 2]
2/11/1890
Segunda-Feira
Avenida da Liberdade
Música no coreto [Banda Regimental Infantaria 5]
11/11/1890
Terça-Feira
Avenida da Liberdade
Ciclorama Avenida da Liberdade
14/12/1890
Domingo
Jardim da Estrela
Música no coreto [Banda Regimental da Artilharia 1]
14/12/1890
Domingo
Praça D. Fernando Belém
Música no coreto [Banda Regimental de Infantaria 7]
14/12/1890
Domingo
Avenida da Liberdade
Música no coreto [Banda Regimental Marinheiros da A rmada]
25/12/1890
Domingo
Jardim da Estrela
Música no coreto [Banda Regimental Infantaria 16]
25/12/1890
Domingo
Avenida da Liberdade
Música no coreto [Banda Regimental Marinheiros da A rmada]
288
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo P – Listagem de ocasiões musicais em espaço público ocorridas em 1890. (pág 2 de 2)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
25/12/1890
Domingo
Praça D. Fernando Belém
Música no coreto [Banda Regimental Cavalaria 2]
28/12/1890
Domingo
Avenida da Liberdade
Música no coreto [Banda da Guarda Municipal]
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
289
Anexo Q – Listagem dos nomes dos músicos vinculados à Associação Música Vinte e Quatro de Junho no ano de 1890, com respectivo instrumento e orquestra/s. Nome
Orquestras
Agostinho Ferreira Instrumento [não identificado] Agostinho Geadas Instrumento Violino
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
Agostinho Martins Instrumento [não identificado] Agostinho Sedrim
Teatro da Trindade
Instrumento Trompa Alfredo N. Martins
Teatro do Príncipe Real
Instrumento [não identificado] Amilcar J. dos Santos Instrumento Contrabaixo Anacleto Martins
Teatro de São Carlos Teatro da Trindade Teatro da Trindade
Instrumento Violino António A. Furtado Instrumento [não identificado] António A. Segº dos Santos Instrumento Trombone António Baleirão
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Trindade
Instrumento Fagote António Baptista
Coliseu de Lisboa
Instrumento Trompa António C. Gameiro Instrumento [não identificado] António da C. Taborda Instrumento Trombone António Espírito Santo
Teatro do Príncipe Real Coliseu dos Recreios Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Trindade
Instrumento [não identificado] António Germano
Teatro da Trindade
Instrumento Percussão António Joaquim Martins Instrumento [não identificado] António José dos Santos
Teatro da Trindade
Instrumento Trombone António Junqueira
Teatro de São Carlos
Instrumento Violino António Luciano da Silva Instrumento Fagote António M. Tasso Instrumento Violino António Mº Silva Instrumento [não identificado]
Teatro da Trindade Coliseu dos Recreios
(pág 1 de 7)
290
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo Q – Listagem dos nomes dos músicos vinculados à Associação Música Vinte e Quatro de Junho no ano de 1890, com respectivo instrumento e orquestra/s. Nome
Orquestras
António Patacho
Coliseu de Lisboa
Instrumento Trombone António S. Creswell
Teatro de São Carlos
Instrumento Tímpano Augusto C. Araujo
Teatro do Príncipe Real
Instrumento [não identificado] Augusto C. Ferreira
Teatro da Trindade
Instrumento [não identificado] Augusto C. Monteiro d’Almeida
Teatro de São Carlos
Instrumento [não identificado] Augusto Frederico Haupt
Teatro do Ginásio
Instrumento Contrabaixo Augusto José de Carvalho
Teatro do Ginásio
Instrumento Viola Augusto P. Nascimento Pereira Instrumento Violino Augusto Palmeiro Instrumento Viola
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
Augusto Porfírio de Passos Instrumento [não identificado] Augusto Victorino Ferreira Instrumento Violino Benjamim da Costa
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Coliseu dos Recreios
Instrumento Trombone Bernardino C. Vaz
Teatro da Trindade
Instrumento Flauta C. A. de Mattos
Coliseu de Lisboa
Instrumento Flauta C. Pinto de Almeida Instrumento [não identificado] Carlos Augusto Fiorenzola
Teatro do Ginásio
Instrumento [não identificado] Carlos Prachadas Instrumento [não identificado] Carlos Talassi
Teatro de São Carlos Teatro do Príncipe Real Teatro da Trindade
Instrumento Clarinete Cesar Augusto França
Teatro da Trindade
Instrumento Violoncelo Christiano J. Instrumento [não identificado] Daniel J. Lacueva Instrumento Contrabaixo
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
(pág 2 de 7)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
291
Anexo Q – Listagem dos nomes dos músicos vinculados à Associação Música Vinte e Quatro de Junho no ano de 1890, com respectivo instrumento e orquestra/s. Nome
Orquestras
Domingos Candido Lacomba
Teatro do Ginásio
Instrumento [não identificado] Domingos M. da Silva
Coliseu de Lisboa
Instrumento Madeiras Eduardo [Raiz] da Silva
Teatro do Príncipe Real
Instrumento [não identificado] Eduardo Ferreira
Teatro de São Carlos
Instrumento Violino Eduardo Macedo
Teatro da Trindade
Instrumento [não identificado] Eduardo Vidal
Teatro de São Carlos
Instrumento [não identificado] Eduardo Wagner
Teatro da Trindade
Instrumento Trompa Ernesto Cyriaco Instrumento [não identificado] Ernesto Vieira
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos
Instrumento [não identificado] Ernesto Zenoglio Instrumento Violino Eugenio A. Gomes
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Trindade
Instrumento Violino Eugenio Ricardo Monteiro d’Almeida Instrumento [não identificado] Fernando M. Pimentel
Coliseu de Lisboa
Instrumento Madeiras Filipe Duarte
Teatro D. Maria II
Instrumento Violino Firmino Barata Instrumento [não identificado] Francisco Araujo Instrumento [não identificado] Francisco C. Mello Instrumento [não identificado]
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
Francisco de Freitas Gazul Instrumento [não identificado] Francisco Ferreira da Silva Instrumento [não identificado] Francisco José Gomes Instrumento [não identificado] Francisco Júlio de Almeida Instrumento [não identificado]
Teatro de São Carlos Coliseu dos Recreios Teatro de São Carlos Coliseu dos Recreios Coliseu dos Recreios
(pág 3 de 7)
292
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo Q – Listagem dos nomes dos músicos vinculados à Associação Música Vinte e Quatro de Junho no ano de 1890, com respectivo instrumento e orquestra/s. Nome
Orquestras
Francisco Manoel Gomes Ribeiro
Coliseu dos Recreios
Instrumento Órgão Francisco Manuel António Cruz
Teatro da Trindade
Instrumento Madeiras Francisco Pereira de Lima
Teatro da Rua dos Condes
Instrumento [não identificado] Francisco Puga Instrumento [não identificado] Francisco Roth Instrumento Viola; Sistro Frederico Augusto Guimarães
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro do Ginásio
Instrumento [não identificado]
Instrumento Violino
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Alegria
Jeronymo Lino da Silva
Coliseu de Lisboa
Grimnaldo Ajuda
Instrumento Violino João Arroyo Instrumento [não identificado] João Augusto Metello
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Trindade
Instrumento Violino João Augusto Sacramento Ferreira
Teatro da Rua dos Condes
Instrumento [não identificado] João Benevenuto Instrumento [não identificado] João Carlos da Costa Instrumento [não identificado] João Cunha e Silva
Coliseu dos Recreios Teatro da Rua dos Condes Teatro de São Carlos Coliseu dos Recreios Teatro de São Carlos
Instrumento Violoncelo João dos Santos Fernandes
Teatro da Trindade
Instrumento Cornetim João Garcia de Barros
Coliseu de Lisboa
Instrumento Madeiras João J. Dantas Junior
Coliseu de Lisboa
Instrumento Violino João José Ramos
Coliseu de Lisboa
Instrumento Madeiras João Lazaro Azinhaes Instrumento Oboé João Manoel Instrumento Fagote João Neumayer Instrumento Violino
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Coliseu dos Recreios Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
(pág 4 de 7)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
293
Anexo Q – Listagem dos nomes dos músicos vinculados à Associação Música Vinte e Quatro de Junho no ano de 1890, com respectivo instrumento e orquestra/s. Nome
Orquestras
João Pedro Vieira Instrumento [não identificado] Joaquim A. Martins
Teatro de São Carlos
Instrumento [não identificado] Joaquim Alagarim (Junior) Instrumento Violino Joaquim Antolim
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Alegria
Instrumento [não identificado] Joaquim Cordeiro Fialho Instrumento Viola Joaquim Costa Braz Instrumento Clarinete Joaquim Jorge Almeida Instrumento Violino Joaquim Thomaz Del-Negro Instrumento Trompa José de Castro Curto Instrumento Cornetim José F. Braga Instrumento Flauta José Faustino da Costa
Teatro da Trindade Coliseu dos Recreios Teatro da Trindade Coliseu dos Recreios Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Trindade Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Rua dos Condes
Instrumento [não identificado] José Gonçalves Instrumento Percussão José J. Pereira
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Coliseu de Lisboa
Instrumento Oboé José Joaquim da Silva
Teatro do Ginásio
Instrumento Viola José Manuel C. Puga
Teatro do Príncipe Real
Instrumento [não identificado] José Maria da Cunha
Teatro de São Carlos
Instrumento [não identificado] José Narciso da C. e Silva Instrumento [não identificado]
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
José Ribeiro Instrumento [não identificado] José Roiz d’Oliveira
Coliseu de Lisboa
Instrumento Cornetim José Roque Instrumento Contrabaixo José Sargedas Instrumento Trompa
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
(pág 5 de 7)
294
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo Q – Listagem dos nomes dos músicos vinculados à Associação Música Vinte e Quatro de Junho no ano de 1890, com respectivo instrumento e orquestra/s. Nome
Orquestras
José Sena
Teatro da Trindade
Instrumento Cornetim Júlio Augusto da Silva
Coliseu de Lisboa
Instrumento Violoncelo Júlio C. Caggiani Instrumento Violino
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
Júlio Neuparth Instrumento Violino Júlio Schyappa Instrumento [não identificado]
Instrumento Violino
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Coliseu dos Recreios
Júlio Taborda
Teatro da Trindade
Júlio Simões
Instrumento Flauta Júlio Umbelino Santos
Teatro do Príncipe Real
Instrumento Cornetim Justino J. Caetano Instrumento [não identificado] Leandro Galhasteghi Instrumento Fagote Luiz A. Filgueiras
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos
Instrumento [não identificado] Luiz F. Resende
Coliseu de Lisboa
Instrumento Metais Luiz Gonzaga de Sousa Andrade Ferreira Instrumento Trompa Luiz Raymundo Santos Instrumento Violino Luiz Tavares
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Avenida Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos
Instrumento [não identificado]
Instrumento Violino
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Trindade
Manoel Tavares
Teatro de São Carlos
Luiz Vaz da Cunha
Instrumento [não identificado] Manuel Augusto Gaspar Instrumento Trompa Manuel Fernandes de Sá Instrumento Contrabaixo Manuel Gonçalves Pires Instrumento Violino Manuel J. e Oª Instrumento [não identificado]
Teatro de São Carlos Teatro D. Maria II Teatro da Rua dos Condes Teatro da Alegria Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
(pág 6 de 7)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
295
Anexo Q – Listagem dos nomes dos músicos vinculados à Associação Música Vinte e Quatro de Junho no ano de 1890, com respectivo instrumento e orquestra/s. Nome
Orquestras
Manuel Joaquim Esteves
Teatro do Príncipe Real Teatro da Trindade
Instrumento Percussão Manuel José Cyriaco Instrumento Trombone
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa
Manuel M. Costa Instrumento [não identificado] Manuel Malheiros Instrumento Viola Manuel Martins Sarmento
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro do Ginásio
Instrumento [não identificado] Manuel Nascimento Instrumento [não identificado] Manuel Sepulveda Instrumento [não identificado] Miguel José da Silva Instrumento Percussão Pedro Alcantara Ferreira Instrumento Violino Pedro António de Barros Instrumento Clarinete Pedro Silva Instrumento Trombone Raymundo José dos Santos
Teatro da Alegria Teatro do Rato Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Teatro da Rua dos Condes
Instrumento [não identificado] Redolpho Puga
Teatro do Príncipe Real
Instrumento [não identificado] Severo da Silva Instrumento Clarinete Thomas António Ribeiro
Teatro de São Carlos Coliseu de Lisboa Coliseu dos Recreios
Instrumento [não identificado] Zeferino Furtado Instrumento Clarinete
Teatro de São Carlos
(pág 7 de 7)
225
195
185
255
250
295
210
255
Agostinho Geadas
Agostinho Sedrim
Alfredo N. Martins
Amilcar J. dos Santos
Anacleto Martins
António A Segº dos Santos
António A. Furtado
António Baleirão
355
240
140
245
240
185
240
António da C. Taborda
António Espírito Santo
António Germano
António José dos Santos
António Junqueira
António Luciano (Silva)
António M. Tasso
295
Augusto C. Araujo
255
450
Eduardo Wagner
Ernesto Cyriaco
225
700
Eugenio A. Gomes
Filippe Duarte
360
340
Francisco Ferreira da Silva
Francisco Gomes
225
150
165
230
305
340
Francisco Manuel Cruz
Francisco Pereira de Lima
Francisco Roth
Frederico Augusto Guimarães
Grimnaldo Ajuda
Jeronymo Lino
Francisco Julio de Almeida
Francisco Gomes Ribeiro
355
Francisco C. Mello
Francisco Araujo
Firmino Barata
405
Ernesto Zenoglio
Ernesto Vieira
230
90
90
180
30
120
120
30
90
225
430
305
230
165
150
225
90
180
340
360
355
30
120
820
255
405
0
450
255
230
225
450
225
160
360
245
285
Eduardo Vidal
90
30
Eduardo Macedo
245
Cesar A. França
Eduardo Ferreira
255
Carlos Talassi
220
160
205
135
220
Carlos Prachadas
Eduardo [Raiz] da Silva
160
Carlos Augusto Fiorenzola
375
480
420
160
205
Bernardino C. Vaz
30
60
180
Domingos Candido Lacomba
195
Augusto V. Ferreira
0
450
Augusto Palmeiro
355
360
Augusto P. Nascimento Pereira
105
355
105
Augusto José de Carvalho
160
205
0
325
360
0
270
185
240
245
140
240
355
145
0
405
210
295
400
285
D. J. Lacueva
160
Augusto Haupt
30
30
150
150
30
185
225
225
670
Christiano J.
205
Augusto C. Monteiro d’Almeida
Augusto C. Ferreira
360
António S. Creswell
António Patacho
145
António C. Gameiro
António Baptista
670
Agostinho Ferreira
30
D
D = Divino
Total
Janeiro
P
P = Profano
340
310
200
240
180
180
340
335
560
710
180
420
650
205
230
180
315
125
475
380
200
205
410
315
160
155
450
560
315
205
205
275
425
190
170
240
410
115
195
360
285
205
210
300
200
400
375
160
25
30
30
30
120
90
180
120
120
30
60
60
150
120
60
90
30
60
30
210
30
30
60
60
60
90
D
370
340
200
240
180
180
30
120
340
335
560
90
180
830
300
420
0
680
205
230
180
375
185
475
530
0
200
325
470
315
160
245
480
620
315
205
205
0
305
635
0
220
170
240
440
115
255
360
345
0
205
210
300
260
490
375
160
25
670
Total
Fevereiro
670
P
385
250
220
205
185
245
340
410
635
400
245
480
485
280
255
170
395
135
150
325
275
280
270
150
220
210
515
410
80
225
225
285
495
260
230
200
295
155
145
410
280
245
345
275
275
220
400
735
P
30
60
60
240
150
30
60
60
30
180
210
180
60
180
30
30
90
D
Março
415
250
220
205
185
245
60
0
400
410
635
0
240
550
275
480
0
485
280
255
170
455
195
150
355
0
275
460
270
360
220
390
515
410
80
225
225
60
465
495
0
260
230
200
295
155
175
410
0
0
280
245
345
275
305
0
310
400
735
Total
125
265
250
285
195
115
70
255
195
235
225
45
125
170
240
220
225
45
170
180
170
120
100
170
35
35
165
15
210
185
215
45
125
210
170
330
225
40
95
220
220
180
190
250
P
0
660
715
225
45
0
125
30
170
570
0
220
825
375
170
180
620
390
520
530
35
35
480
120
615
15
510
305
215
195
185
870
410
30
840
765
40
545
700
880
330
360
310
760
Total
120
240
30
210
630
570
120
120
780
120
750
245
505
250
285
0
225
210
630
685
190
375
780
120
750
810 1005
660
480
30
330
600
330
450
270
420
360
480
120
450
300
120
150
60
660
240
30
510
540
450
480
660
330
180
120
510
D
Abril
80
35
220
115
215
245
340
245
230
170
280
155
185
150
150
275
280
150
230
210
220
170
150
325
225
185
180
230
155
280
85
80
280
185
275
275
285
230
110
200
P
270
240
90
300
330
90
330
210
120
420
60
180
30
140
60
30
60
30
D
Maio
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35
220
115
215
245
0
270
240
0
340
90
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330
245
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0
170
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0
0
155
185
150
240
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0
270
230
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280
170
150
0
0
0
505
225
185
210
230
0
0
155
280
85
220
60
280
0
215
275
275
285
290
140
200
Total
90
230
115
230
110
140
405
465
115
180
430
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155
130
235
125
85
100
25
95
200
270
205
120
105
70
80
165
150
126
190
80
125
190
95
205
100
P
30
30
30
30
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90
60
420
30
60
420
30
390
30
90
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30
30
240
60
30
60
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240
90
60
60
D
Junho
90
260
0
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30
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140
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535
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0
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0
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30
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155
265
100
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240
100
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240
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10
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25
80
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105
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40
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P
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90
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240
30
210
30
30
240
270
270
30
150
240
D
Julho
270
100
0
0
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0
30
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0
415
690
390
225
540
240
0
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0
0
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0
0
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0
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0
0
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0
0
30
0
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0
0
0
0
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240
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105
0
0
190
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310
170
150
190
510
Total
230
250
315
230
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200
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190
125
265
240
115
130
125
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235
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100
110
135
200
280
P
90
210
60
360
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270
220
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120
200
200
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60
100
270
150
30
30
30
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D
Agosto
0
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0
0
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0
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0
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0
0
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0
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0
0
125
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235
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0
200
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30
230
430
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115
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210
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110
165
135
165
115
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140
125
210
110
140
90
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100
100
110
185
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120
230
80
150
185
140
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150
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60
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120
30
20
90
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D
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0
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0
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0
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0
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0
80
240
305
200
180
85
225
Total
Setembro
135
P
200
200
160
190
360
190
215
190
70
135
210
215
135
150
135
150
200
105
120
200
140
215
275
210
60
60
30
210
120
60
60
120
60
30
90
90
60
60
30
30
60
30
30
60
60
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30
30
D
0
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200
0
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0
0
0
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0
0
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0
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0
0
210
305
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0
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0
60
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0
200
105
0
0
120
200
30
0
200
215
0
0
335
300
0
200
0
30
Total
Outubro
170
P
395
375
250
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245
465
650
30
320
245
490
490
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270
245
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170
440
350
275
280
170
220
210
450
420
170
170
255
305
410
260
230
150
265
425
120
280
280
250
275
275
195
220
465
30
60
130
90
180
30
30
60
60
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90
30
60
60
90
60
30
D
395
375
250
350
135
275
60
130
0
465
650
30
90
500
275
490
0
490
310
270
245
420
200
170
440
350
275
340
0
170
220
360
450
510
170
170
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30
305
410
0
260
230
0
0
150
325
425
0
180
370
280
250
275
335
195
250
465
0
Total
Novembro P
340
385
270
300
175
235
400
560
280
235
420
420
270
230
235
360
155
180
380
300
360
270
180
215
205
450
360
180
180
220
239
460
250
225
150
255
360
155
270
240
300
265
265
215
215
60
30
300
360
360
450
330
360
270
150
380
120
450
60
30
30
60
30
180
360
300
180
60
30
D
400
385
270
300
175
235
30
300
0
400
560
360
360
730
565
420
0
420
270
230
235
720
425
180
380
300
510
650
0
180
215
205
570
810
180
180
220
0
299
490
0
280
225
0
0
150
315
390
0
155
270
240
480
625
565
395
275
430
0
Total
Dezembro
400
P
2810
3315
2050
1805
1935
2150
750
3160
2665
2300
4775
2970
2220
6440
5045
3200
900
4475
2280
1290
1345
3685
2655
1730
3345
980
2680
5295
1395
2050
1680
3485
3685
4740
2015
975
1145
780
3024
4335
810
2470
2100
895
1175
1350
3345
3115
995
2015
3506
1225
3090
4605
4700
2445
2585
2765
4330
Total
2450
2895
2050
1775
1935
1970
0
0
1135
2180
4655
30
0
3680
2185
3200
0
3845
2250
1260
1345
2815
1165
1730
2655
650
2530
2245
945
1570
1680
1475
2935
3030
1445
975
1145
0
2304
3495
810
2020
1980
895
995
1270
1995
2755
765
1205
2546
1225
2330
2415
2660
1725
1775
2495
3310
Profano
360
420
0
30
0
180
750
3160
1530
120
120
2940
2220
2760
2860
0
900
630
30
30
0
870
1490
0
690
330
150
3050
450
480
0
2010
750
1710
570
0
0
780
720
840
0
450
120
0
180
80
1350
360
230
810
960
0
760
2190
2040
720
810
270
1020
Divino
296 A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo R – Relação dos valores (em réis) entregues à Associação Música Vinte e Quatro de Junho por parte de cada músico ao longo do ano 1890 e referentes às funções profanas e divinas remuneradas. (pág. 1 de 2)
335
120
360
João Augusto Metello
João Augusto Sacramento Ferreira
João Azinhaes
580
125
310
405
310
180
205
240
555
405
450
360
160
190
580
160
525
185
190
580
430
390
João Cunha e Silva
João dos Santos Fernandes
João Manoel
João Neumayer
Joaquim A. Martins
Joaquim Antolim
Joaquim C. Braz
Joaquim C. Fialho
Joaquim Del-Negro
Joaquim J. G. Alagarim (Junior)
Joaquim Jorge Almeida
José F. Braga
José Faustino da Costa
José Gonçalves
José J. Pereira
José Joaquim da Silva
José Lourenço Duarte
José Manuel C. Puga
José Manuel da Cunha
José Narciso da C. e Silva
José Roiz Oliveira
José Roque
300
550
220
255
Julio A. da Silva
Julio C. Caggiani
Julio Simões
Julio Taborda
560
400
385
250
335
400
440
160
260
Leandro Galhasteghi
Luis A. Ferreira
Luis A. Filgueiras
Luis Raymundo Santos
Luis Vital Cunha
Manuel A. A. Tavares
Manuel Augusto Gaspar
Manuel Fernandes de Sá
Manuel J. Cyriaco
345
160
440
150
250
290
270
340
180
185
520
490
Manuel Malheiros
Manuel Martins Saramanho
Manuel Pires
Manuel Sepulveda
Miguel José da Silva
Pedro Alcantara Ferreira
Pedro António de Barros
Pedro Silva
Raymundo José dos Santos
Redolpho Puga
Severo da Silva
Zeferino Furtado
Manuel Joaquim Esteves
210
Justino J. Caetano
Julio Umbelino Santos
135
José Vicente C. Curto
José Sena
190
João C. da Costa
João Benevenuto
625
João Arroyo
120
30
150
260
30
180
90
30
30
150
150
30
30
60
30
30
30
610
520
215
180
340
270
290
250
150
590
160
345
0
260
160
700
430
335
250
385
400
560
210
0
435
220
640
300
165
0
390
460
580
190
335
675
160
580
190
160
360
480
405
555
240
205
180
310
405
310
155
640
190
30
360
150
365
625
680
520
175
215
340
460
300
400
155
450
315
360
425
390
710
400
540
250
355
400
560
930
205
225
550
200
265
115
560
390
150
190
375
195
315
580
325
340
335
450
420
550
195
160
370
360
620
420
480
180
190
565
360
145
255
570
390
150
190
465
195
315
610
325
370
335
510
420
580
195
190
400
390
650
420
570
270
190
565
360
205
405
570
30
150
30
180
90
30
30
90
150
30
60
30
280
190
625
245
280
470
650
190
190
300
150
660
215
185
345
515
480
640
265
220
200
365
480
295
220
660
230
410
140
360
650
680
550
325
215
340
460
300
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900
1110
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos 297
Anexo R – Relação dos valores (em réis) entregues à Associação Música Vinte e Quatro de Junho por parte de cada músico ao longo do ano 1890 e referentes às funções profanas e divinas remuneradas. (pág. 2 de 2)
298
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo S – Listagem dos eventos religiosos com prática musical no ano de 1890 apurados a partir da pesquisa efectuada sobre os documentos guardados no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho com o respectivo número de elementos que constituíam cada uma das formações instrumentais. (pág 1 de 7) N.º Elementos
Data
Local
1/1/1890
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
1/1/1890
Graça (Igreja da)
10
5/1/1890
Laveiras
11
6/1/1890
Ordem Terceira de São Francisco (Capela da)
9
8/1/1890
Ordem Terceira de São Francisco (Capela da)
9
9/1/1890
São Julião (Igreja de)
10/1/1890
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
10/1/1890
São Julião (Igreja de)
10
12/1/1890
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
12
19/1/1890
São Cristóvão (Igreja de)
21/1/1890
São Paulo (Igreja de)
15
22/1/1890
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
10
22/1/1890
S. Vicente (Igreja de)
11
22/1/1890
Sacramento (Igreja do)
6
22/1/1890
Sacramento (Igreja do)
11
23/1/1890
S. Vicente (Igreja de)
1
24/1/1890
São Paulo (Igreja de)
15
24/1/1890
S. Vicente (Igreja de)
1
25/1/1890
São Paulo (Igreja de)
15
25/1/1890
São Paulo (Igreja de)
15
26/1/1890
S. Vicente (Igreja de)
6
26/1/1890
São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz]
1
26/1/1890
Nossa Senhora da Encarnação das Commendadeiras da Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convento da)
3
26/1/1890
São Vicente (Igreja de)
6
26/1/1890
São Paulo (Igreja de)
15
26/1/1890
São Paulo (Igreja de)
15
28/1/1890
São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz]
30/1/1890
São Julião (Igreja de)
12
30/1/1890
São Paulo (Igreja de)
13
30/1/1890
São Julião (Igreja de)
12
11/2/1890
Sacramento (Igreja do)
11
Arsenal da Marinha (Ermida do)
5
10 9
8
1
8
Sé Patriarchal
2/2/1890
São Nicolau (Igreja de)
15
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
299
Anexo S – Listagem dos eventos religiosos com prática musical no ano de 1890 apurados a partir da pesquisa efectuada sobre os documentos guardados no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho com o respectivo número de elementos que constituíam cada uma das formações instrumentais. (pág 2 de 7) N.º Elementos
Data
Local
2/2/1890
Desterro (Igreja do)
9
2/2/1890
São Thiago (Igreja de) [Almada]
5
6/2/1890
Anjos (Antiga Igreja dos)
7/2/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
3
9/2/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
2
11/2/1890
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
7
13/2/1890
Santo António (Igreja da) (da Sé)
2
14/2/1890
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
7
15/2/1890
Santo António (Igreja da) (da Sé)
1
19/2/1890
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
6
22/2/1890
Mártires (Igreja dos)
3
19/3/1890
Arroios (Convento)
6
19/3/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
12
19/3/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
5
21/3/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
12
23/3/1890
Sacramento (Igreja do)
11
23/3/1890
Sacramento (Igreja do)
11
24/3/1890
Sacramento (Igreja do)
21
24/3/1890
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
4
28/3/1890
Santos-o-Velho (Igreja de)
8
12
São Roque e Misericórdia (Igreja de)
25
2/4/1890
Sacramento (Igreja do)
19
3/4/1890
Sacramento (Igreja do)
19
4/4/1890
Sacramento (Igreja do)
19
6/4/1890
Sacramento (Igreja do)
19
13/4/1890
Pena (Igreja da)
13/4/1890
São Paulo (Igreja de)
14
14/4/1890
Pena (Igreja da)
13
17/4/1890
Graça (Igreja da)
1
17/4/1890
Carnide (Igreja do convento de)
1
20/4/1890
Benfica (Igreja de) [Igreja de Nossa Senhora do Amparo]
8
27/4/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
6
27/4/1890
Milagres (Igreja dos)
5
27/4/1890
Carnide (Igreja do convento de)
1
1
300
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo S – Listagem dos eventos religiosos com prática musical no ano de 1890 apurados a partir da pesquisa efectuada sobre os documentos guardados no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho com o respectivo número de elementos que constituíam cada uma das formações instrumentais. (pág 3 de 7) N.º Elementos
Data
Local
3/5/1890
São Pedro de Alcântara (Convento de)
7
4/5/1890
Resgate das Almas e Senhor Jesus dos Perdidos (Ermida do)
4
4/5/1890
Graça (Igreja da)
15
4/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
5/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
6/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
7/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
7/5/1890
Sacramento (Igreja do)
8/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
9/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
10/5/1890
Desterro (Igreja do)
1
10/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
11/5/1890
Madalena (Igreja da)
1
11/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
12/5/1890
São Julião (Igreja de)
11
12/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
13/5/1890
Mártires (Igreja dos)
21
18/5/1890
São João da Praça (Freguesia de)
9
18/5/1890
Mártires (Igreja dos)
8
21/5/1890
Duque de Palmela (Capela do)
3
25/5/1890
Livramento (Igreja do)
2
1/6/1890
Francezinhas (Igreja do convento das)
9
1/6/1890
São Thiago (Igreja de) [Almada]
4
1/6/1890
Sacramento (Igreja do)
7
1/6/1890
São Vicente (Igreja de)
6
1/6/1890
São Paulo (Igreja de)
6
1/6/1890
Ajuda (Igreja da)
4
5/6/1890
Santo António da Sé (Igreja de)
1
10/6/1890
Encarnação (Igreja da)
3
11/6/1890
Encarnação (Igreja da)
3
12/6/1890
Encarnação (Igreja da)
3
13/6/1890
Mártires (Igreja dos)
13
13/6/1890
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
12
13/6/1890
Santo António da Sé (Igreja de)
7
1
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
301
Anexo S – Listagem dos eventos religiosos com prática musical no ano de 1890 apurados a partir da pesquisa efectuada sobre os documentos guardados no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho com o respectivo número de elementos que constituíam cada uma das formações instrumentais. (pág 4 de 7) N.º Elementos
Data
Local
13/6/1890
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
8
13/6/1890
Encarnação (Igreja da)
3
15/6/1890
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
6
20/6/1890
São Sebastião da Pedreira (Igreja de)
8
22/6/1890
São João da Praça (Freguesia de)
11
23/6/1890
São João da Praça (Freguesia de)
11
24/6/1890
São João da Praça (Freguesia de)
11
25/6/1890
Carnide (Igreja do convento de)
8
29/6/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
3
29/6/1890
São Pedro de Alcântara (Convento de)
11
30/6/1890
São Pedro de Alcântara (Convento de)
1
Anjos (Antiga Igreja dos)
9
19/6/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
14
20/6/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
14
3/7/1890
São Paulo (Igreja de)
14
5/7/1890
Madalena (Igreja da)
1
13/7/1890
Madalena (Igreja da)
1
14/7/1890
Ordem Terceira do Carmo (Igreja da)
9
15/7/1890
Ordem Terceira do Carmo (Igreja da)
9
16/7/1890
Ordem Terceira do Carmo (Igreja da)
9
18/7/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
2
18/7/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
3
20/7/1890
Nossa Senhora e Santa Maria Madalena (Ermida e recolhimento da Natividade de)
9
20/7/1890
Menino Deus (Igreja do)
7
21/7/1890
Nossa Senhora e Santa Maria Madalena (Ermida e recolhimento da Natividade de)
9
21/7/1890
Saude (Igreja da)
8
21/7/1890
Madalena (Igreja da)
2
21/7/1890
Madalena (Igreja da)
4
22/7/1890
Nossa Senhora e Santa Maria Madalena (Ermida e recolhimento da Natividade de)
9
22/7/1890
Madalena (Igreja da)
5
24/7/1890
São Cristóvão (Igreja de)
8
25/7/1890
São Cristóvão (Igreja de)
8
25/7/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
5
26/7/1890
São Cristóvão (Igreja de)
8
302
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo S – Listagem dos eventos religiosos com prática musical no ano de 1890 apurados a partir da pesquisa efectuada sobre os documentos guardados no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho com o respectivo número de elementos que constituíam cada uma das formações instrumentais. (pág 5 de 7) N.º Elementos
Data
Local
27/7/1890
Graça (Igreja da)
27/7/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
3
1/8/1890
Recolhimento de Lázaro Leitão (Igreja do)
1
3/8/1890
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
13
5/8/1890
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
13
5/8/1890
Socorro (Igreja do)
13
6/8/1890
Socorro (Igreja do)
13
7/8/1890
Socorro (Igreja do)
13
8/8/1890
São Paulo (Igreja de)
10/8/1890
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
13/8/1890
Recolhimento de Lázaro Leitão (Igreja do)
2
13/8/1890
Glória (Ermida da) [à Avenida]
1
15/8/1890
Santana (Igreja do Convento de)
7
15/8/1890
Recolhimento de Lázaro Leitão (Igreja do)
2
15/8/1890
Glória (Ermida da) [à Avenida]
1
17/8/1890
São Mamede (Igreja de)
8
19/8/1890
São Mamede (Igreja de)
10
25/8/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
2
27/8/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
4
29/8/1890
Nossa Senhora da Encarnação das Commendadeiras da Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convento da)
3
31/8/1890
Nossa Senhora da Encarnação das Commendadeiras da Ordem de S. Bento de Aviz (Igreja do convento da)
3
31/8/1890
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Velha)
5
31/8/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
2
4/9/1890
São Vicente (Igreja de)
1
6/9/1890
São Vicente (Igreja de)
1
7/9/1890
São Vicente (Igreja de)
8
7/9/1890
São Lourenço (Igreja de) [Igreja da Luz]
7
8/9/1890
Victória (Ermida da)
7
8/9/1890
Memória (Igreja da)
13
10/9/1890
Santo António da Sé (Igreja de)
3
14/9/1890
São Cristóvão (Igreja de)
5
14/9/1890
Sacramento (Igreja do)
7
14/9/1890
Graça (Igreja da)
7
20/9/1890
Nossa Senhora da Penha de França (Igreja de)
7
14
8 10
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
303
Anexo S – Listagem dos eventos religiosos com prática musical no ano de 1890 apurados a partir da pesquisa efectuada sobre os documentos guardados no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho com o respectivo número de elementos que constituíam cada uma das formações instrumentais. (pág 6 de 7) N.º Elementos
Data
Local
20/9/1890
São Paulo (Igreja de)
21/9/1890
Castelo (Ermida do)
5
22/9/1890
Castelo (Ermida do)
7
24/9/1890
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
27/9/1890
Sacramento (Igreja do)
9
28/9/1890
Anjos (Antiga Igreja dos)
7
28/9/1890
Graça (Igreja da)
28/9/1890
Santos-o-Velho (Igreja de)
28/9/1890
Sacramento (Igreja do)
29/9/1890
Anjos (Antiga Igreja dos)
7
30/9/1890
Anjos (Antiga Igreja dos)
9
1/10/1890
Santos-o-Velho (Igreja de)
9
3/10/1890
Santos-o-Velho (Igreja de)
10
4/10/1890
São Pedro de Alcântara (Convento de)
1
4/10/1890
Corpo Santo (Igreja do)
2
5/10/1890
Marquês do Pombal (Ermida do)
1
5/10/1890
Benfica (Igreja de) [Igreja de Nossa Senhora do Amparo]
8
8/10/1890
Marquês do Pombal (Ermida do)
1
9/10/1890
Santos-o-Novo (Igreja do convento de)
1
14/10/1890
Carnide (Igreja do convento de)
2
19/10/1890
São Miguel (Igreja de)
7
22/10/1890
Pena (Igreja da)
1
26/10/1890
São José dos Carpinteiros (Igreja de)
15
28/10/1890
Sagrado Coração de Jesus (Igreja do)
1
1/11/1890
Senhor Jesus da Boa Sorte (Ermida do)
5
3/11/1890
São Paulo (Igreja de)
7
13/11/1890
Graça (Igreja da)
1
15/11/1890
Milagres (Igreja dos)
2
16/11/1890
Milagres (Igreja dos)
2
17/11/1890
Milagres (Igreja dos)
2
21/11/1890
Bom Sucesso (Igreja do convento do)
8
23/11/1890
Bom Sucesso (Igreja do convento do)
7
1/11/1890
São Nicolau (Igreja de)
10
6/11/1890
São Nicolau (Igreja de)
10
13
11
11 3 10
304
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo S – Listagem dos eventos religiosos com prática musical no ano de 1890 apurados a partir da pesquisa efectuada sobre os documentos guardados no arquivo da Associação Música Vinte e Quatro de Junho com o respectivo número de elementos que constituíam cada uma das formações instrumentais. (pág 7 de 7) N.º Elementos
Data
Local
6/11/1890
Caldas (Ermida do)
6
8/12/1890
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
8
29/12/1890
Nossa Senhora da Conceição (Igreja de) (Nova)
11
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
305
Anexo T – Listagem de concertos ocorridos no ano de 1890 (pág 1 de 2)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
19/1/1890
Domingo
Real Academia de Amadores de Música
Concerto (Matinée) – Real Academia de Amadores de M úsica
1/2/1890
Sábado
Real Academia de Amadores de Música
29.º Concerto (2.º da 7.ª série) – Real Academia de A madores de Música
2/2/1890
Domingo
Salão Sassetti
Audição de piano das alunas de Rey Colaço
3/2/1890
Segunda-Feira
Real Academia de Amadores de Música
29.º Concerto (2.º da 7.ª série) – Real Academia de A madores de Música
5/2/1890
Quarta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
12/2/1890
Quarta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
24/2/1890
Segunda-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa ( com a participação do pianista Henrique Braga)
26/2/1890
Quarta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
10/3/1890
Segunda-Feira
Real Coliseu de Lisboa
Concerto em favor da subscripção nacional
15/3/1890
Sábado
Real Academia de Amadores de Música
30.º Concerto (3.º da 7.ª série) – Real Academia de A madores de Música
16/3/1890
Domingo
Salão Sassetti
Audição de piano das alunos de Rey Colaço
17/3/1890
Segunda-Feira
Real Academia de Amadores de Música
30.º Concerto (3.º da 7.ª série) – Real Academia de A madores de Música
25/3/1890
Terça-Feira
Real Academia de Amadores de Música
Grande Concerto Vocal e Instrumental dado por Emilio Lami e J. Thomas Del Negro – Real Academia de Amad
29/3/1890
Sábado
Teatro de São Carlos
Concerto em favor da subscrição nacional
30/3/1890
Domingo
Salão da Trindade
Concerto de beneficiência
7/4/1890
Segunda-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
14/4/1890
Segunda-Feira
Salão da Trindade
Concerto vocal e instrumental dado pelo Maestro A. Alb erto Pontecchi (Associação Música 24 de Junho)
14/4/1890
Segunda-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto (festa artística de Filipe Duarte)
16/4/1890
Quarta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
19/4/1890
Sábado
Real Academia de Amadores de Música
Concerto promovido pela Real Academia de Amadores de Música
20/4/1890
Domingo
Sociedade de Instrucção Guilherme Cassoul
Concerto pela Banda da Sociedade d'Instrucção Guilher me Cossoul e pela Banda de Bombeiros Municipais
21/4/1890
Segunda-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto do sexteto Quilez
24/4/1890
Quinta-Feira
Real Academia de Amadores de Música
Concerto (soirée) – Real Academia de Amadores de Mú sica
4/5/1890
Domingo
Club Recreativo Fraternidade
Concerto por duas bandas de música
8/5/1890
Quinta-Feira
Salão do Teatro de São Carlos
Concerto de musica de câmara
10/5/1890
Sábado
Salão da Trindade
Concerto (4.º da 5.ª série) – Real Academia de Amador es de Música
13/5/1890
Terça-Feira
Real Academia de Amadores de Música
Concerto (soirée) – Real Academia de Amadores de Mú sica
15/5/1890
Quinta-Feira
Salão do Teatro de São Carlos
Concerto de musica de câmara
19/5/1890
Segunda-Feira
Sociedade de Geografia
Concerto pelo Quarteto de cordas da Sociedade Sextett o Quilez
20/5/1890
Terça-Feira
Salão da Trindade
Soirée Real Academia de Amadores de Música
21/5/1890
Quarta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
22/5/1890
Quinta-Feira
Salão do Teatro de São Carlos
Concerto de musica de câmara
24/5/1890
Sábado
Salão da Trindade
Concerto (5.º da 5.ª série) – Real Academia de Amador es de Música
29/5/1890
Quinta-Feira
Salão do Teatro de São Carlos
Concerto de musica de câmara
31/5/1890
Sábado
Salão da Trindade
Sarau literário-musical (beneficiência)
306
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo T – Listagem de concertos ocorridos no ano de 1890 (pág 2 de 2)
Data
Dia da semana
Local
Descrição
2/6/1890
Segunda-Feira
Salão do Teatro de São Carlos
Concerto de Musica de Câmara
3/6/1890
Terça-Feira
Salão do Trindade
Concerto de beneficiência
4/6/1890
Quarta-Feira
Salão Sassetti
Audição de piano das alunos de Rey Colaço
5/6/1890
Quinta-Feira
Real Academia de Amadores de Música
Concerto de Antonio Jimenez Manjon (Concerto particul ar)
7/6/1890
Sábado
Salão da Trindade
Concerto de beneficiência
12/6/1890
Quinta-Feira
Salão da Trindade
Concerto (6.º da 5.ª série) – Real Academia de Amador es de Musica
14/6/1890
Sábado
Salão da Trindade
Concerto extraordinário da Real Academia de Amadores de Musica
22/6/1890
Domingo
Academia Musical de Lisboa
Concerto
30/6/1890
Segunda-Feira
Beneficiencia Brasileira C.
Concerto pelo Quarteto de cordas da Sociedade Sextett o Quilez
3/7/1890
Quinta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
12/7/1890
Sábado
Lumiar [local não identificado]
Concerto por amadores
23/7/1890
Quarta-Feira
Lumiar [local não identificado]
Concerto por amadores
30/7/1890
Quarta-Feira
Lumiar [local não identificado]
Concerto por amadores
7/8/1890
Quinta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
21/8/1890
Quinta-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
28/9/1890
Domingo
Sociedade Phimarmonica alumnos de Minerva
Concerto promovido pela Sociedade Phimarmonica alu mnos de Minerva
15/11/1890
Sábado
Beneficiencia Brasileira C.
Concerto pelo Quarteto de cordas da Sociedade Sextett o Quilez
24/11/1890
Segunda-Feira
Salão da Trindade
34.º Concerto (1.º da 8.ª série – sessão solene de aber tura das aulas) – Real Academia de Amadores de Music
29/12/1890
Segunda-Feira
Academia Musical de Lisboa
Concerto promovido pela Academia Musical de Lisboa
30/12/1890
Terça-Feira
Salão da Trindade
35.º Concerto (1.º da 8.ª série) – Real Academia de A madores de Música
Camarote 25
2$000
(in Plantas dos theatros, 1890)
2$500
Camarote 46
3$500
3$000
Camarote 2ª Ordem
Camarote 1ª Ordem
Frisas
Teatro do Ginásio
2$800
3$000
2$000
2$500
2$000
2ª Ord.30-39
3$500 1ª Ordem
3$000
(in Plantas dos theatros, 1890)
2$500
1ª Ord. 8-15 2ª Ord.31-38
3$000
Camarotes 7- Camarotes 5 13 pessoas
Frisa B
Frisas A/C
Teatro da Trindade
(in Plantas dos theatros, 1890)
Teatro da Rua dos Condes
2$500
(Diário Ilustrado, 17 de Agosto 1890); (in Plantas dos theatros, 1890) 1$500
Camarotes Pequenos com 3
Camarotes 1ª Camarotes 2ª Ordem Ordem
2$000
2$000
Camarotes Grandes com 5 entradas
2$500
(in Diário Ilustrado, 26 de Outubro de 1890
2$500 Camarotes 1ª Ordem lado
Real Coliseu de Lisboa
Frisas
Coliseu dos Recreios
3$000
Camarotes 1ª Camarotes 2ª Ordem frente Ordem frente
3$500
Camarotes 2ª Ordem (boca)
2$000
4$500
(Diário Ilustrado, 18 de Agosto 1890)
Camarotes 1ª Ordem (boca)
2$500
Frisas
Coliseu dos Recreios
1$000
Camarote 3ª Ordem
1$000
3ª Ordem
1$500
Camarotes 3 pessoas
$700
Balcão
$700
Fautteils
$500
Cadeiras Suplementares
$600
Fautteils
$600
Fautteils
$500
Fautteils
$600
Cadeiras
$600
Cadeiras
$500
Galeria Cadeiras
$500
Cadeiras
$300
Galeria
$300
Galeria
$250
Geral
$500
Superior
$500
Superior
$500
Cadeiras
$300
2.ª Ordem
$100
Varandas
$250
Geral
$250
Geral
$200
Geral
$200
Geral
$200
Geral
$150
Varandas
$300
Promenoir
$400
Promenoir
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos 307
Anexo U – Preços dos ingressos nos teatros de Lisboa em 1890 (em réis) (pág. 1 de 2)
4$500
(in Plantas dos theatros, 1890)
2$500
Frisas
9$000
Frisas
3$000
(in O Dia, 23 de Dezembro 1890)
Teatro de São Carlos
(in Plantas dos theatros, 1890)
Teatro de D. Maria II
(in Plantas dos theatros, 1890)
3$500
Frisas A/B
Camarotesde Balcão
Teatro Avenida
5$000
Frisas e Cam. C/D
Camarotes de Balcão
Camarote 20 4$000
2$500
2$000
2$500
3$500
2$500
Camarote 2ª Ordem
Camarote 1ª Ordem
Camarote 2ª Ordem
Camarote 1ª Ordem 6$000
1$000
10$000
1$500
1$500
Camarote 2ª Ordem
1$500
2$000
Camarote 1ª Ordem
2$500
Camarote 1ª Ordem lado
3$000
Camarote 1ª Camarote 2ª Ordem 9 a 35 Ordem lado
3$500
1$800
1$200
Camarote 3ª Ordem
4$000
Camarote 3ª Ordem
1$200
3ª Ord. lado
1$500
Camarote 2ª Camarote 3ª Ordem lado Ordem Angra
Camarote 1ª Camarote 2ª Ordem frente Ordem frente
2$500
2$000
Teatro Avenida
3$000 Camarote 1ª Ordem lado
Frisas
(in Plantas dos theatros, 1890)
Camarote 1ª Camarote 2ª Camarote 3ª Ordem frente Ordem frente Ordem frente
3$000
Frisa 1
Teatro do Príncipe Real
2$500
Torrinhas
$500
Balcão
$700
Balcão
1$500
Plateia Superior
$500
Fautteils
$600
Fautteils numerados
$800
Fautteils d’orchestra
$600
Fautteils
$700
Cadeiras
1$000
Plateia Geral
$300
Cadeiras
$400
Cadeiras
$500
Superior
$250
Geral
$500
Galerias
$120
Galerias
$250
Geral
$250
Geral
$350
Geral Frente
$150
Varandas
$200
Varandas
308 A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo U – Preços dos ingressos nos teatros de Lisboa em 1890 (em réis) (pág. 2 de 2)
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
309
Anexo V – Circunstâncias sociais e políticas mais relevantes do ano de 1890 Data
Dia da semana
Descrição
1/1/1890
Quarta-Feira
Dia de grande gala e recepção na côrte
11/1/1890
Sábado
Ultimatum
12/1/1890
Domingo
Protesto na sequência do Ultimatum
13/1/1890
Segunda-Feira
Governo Demite-se
14/1/1890
Terça-Feira
Manifestações
14/1/1890
Terça-Feira
Novo Governo (chefiado pelo regenerador, Serpa Pimentel)
19/1/1890
Domingo
Acaba o luto pela morte do Rei D. Luiz
2/2/1890
Domingo
Festa Móvel – Septuagésima
11/2/1890
Terça-Feira
Campanha dos apitos
16/2/1890
Domingo
Carnaval
17/2/1890
Segunda-Feira
Carnaval; Dia Feriado
18/2/1890
Terça-Feira
Carnaval; Dia Feriado
19/2/1890
Quarta-Feira
A lei proibe espectáculos neste dia
19/2/1890
Quarta-Feira
Festa Móvel – Cinzas
11/3/1890
Terça-Feira
Decreto «Lei das Rolhas»
21/3/1890
Sexta-Feira
Dia de grande gala e recepção na côrte
28/3/1890
Sexta-Feira
Festa das Dores
30/3/1890
Domingo
Eleições legislativas
2/4/1890
Quarta-Feira
A lei proibe espectáculos neste dia
3/4/1890
Quinta-Feira
A lei proibe espectáculos neste dia
4/4/1890
Sexta-Feira
A lei proibe espectáculos neste dia
6/4/1890
Domingo
Festa Móvel – Páscoa
14/4/1890
Segunda-Feira
Eleições para a Câmara dos Pares
19/4/1890
Sábado
Reabertura do parlamento
25/4/1890
Sexta-Feira
Proibição das bandas filarmónicas
29/4/1890
Terça-Feira
Dia de grande gala e recepção na côrte
1/5/1890
Quarta-Feira
O 1.º de Maio é comemorado em Lisboa pela primeira vez
5/5/1890
Segunda-Feira
Criação do ministério da instrução pública
12/5/1890
Segunda-Feira
Festa Móvel – Rogações
13/5/1890
Terça-Feira
Festa Móvel – Rogações
14/5/1890
Quarta-Feira
Festa Móvel – Rogações
15/5/1890
Quinta-Feira
Festa Móvel – Ascensão
25/5/1890
Domingo
Festa Móvel – Espírito Santo
1/6/1890
Domingo
Festa Móvel – SS. Trindade
3/6/1890
Terça-Feira
Tumúltos no Largo de Santa Barbara
5/6/1890
Quinta-Feira
Festa Móvel – Corpo de Deus
11/6/1890
Quarta-Feira
Inauguração da estação do Rossio
13/6/1890
Sexta-Feira
Festa Móvel – Coração de Jesus – Feriado St. António
24/6/1890
Terça-Feira
Dia de S. João
24/7/1890
Quinta-Feira
Dia Feriado
31/7/1890
Quinta-Feira
Dia de grande gala e recepção na côrte
14/8/1890
Quinta-Feira
Inauguração do Coliseu dos Recreios
(pág 1 de 2)
310
A ambiência musical e sonora da cidade de Lisboa no ano de 1890 Anexos
Anexo V – Circunstâncias sociais e políticas mais relevantes do ano de 1890 Data
Dia da semana
Descrição
20/8/1890
Quarta-Feira
Tratado Luso-Britânico
22/8/1890
Sexta-Feira
Sabe-se do Tratado Luso-Britânico
15/9/1890
Segunda-Feira
O Tratado de Londres é apresentado na Câmara dos Deputados (Fortes Protestos)
17/9/1890
Quarta-Feira
Motim no Rossio
18/9/1890
Quinta-Feira
O governo foi deposto
20/9/1890
Sábado
Manifestações em Lisboa
24/9/1890
Quarta-Feira
A lei proibe espectáculos neste dia; Dia Feriado
28/9/1890
Domingo
Dia de grande gala e recepção na côrte
15/10/1890
Quarta-Feira
Novo governo liderado por João Crisóstomo
16/10/1890
Quinta-Feira
Dia de grande gala e recepção na côrte
16/10/1890
Quinta-Feira
Aniversário da Rainha D. Maria Pia
20/10/1890
Segunda-Feira
A lei proibe espectáculos neste dia
31/10/1890
Sexta-Feira
Dia de grande gala e recepção na côrte
1/11/1890
Sábado
Dia de Todos os Santos
9/11/1890
Domingo
A lei proibe espectáculos neste dia
11/11/1890
Terça-Feira
A lei proibe espectáculos neste dia; Dia Feriado
14/11/1890
Sexta-Feira
Modus Vivendi
30/11/1890
Domingo
Festa Móvel – Advento
1/12/1890
Segunda-Feira
Festividades – 1.º de Dezembro
(pág 2 de 2)