Curso de RRB15/TUR15
MÓDULO 4: TEXTOS NARRATIVOS E DESCRITIVOS I “Desaparição de um escriturário” - Hélia Correia
2015/2016 EHF
Ana Margarida nº3320;Maria Teresa nº3327;Mariana Santo nº3330;Rute Diogo nº3348 Disciplina: Português/Professora: Elisabete Lopes
Disciplina de PortuguĂŞs
Modulo n°4 Textos Narrativos e Descritivos I
Prof: Elisabete Lopes
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Para nossa professora de Português Elisabete Lopes, pelo seu empenho e dedicação, que tem por nós.
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Índice Introdução .............................................................................................................................. 4 1-Biobibliografia do autor do conto ....................................................................................... 5 Biografia ................................................................................................................ 5 1.1-
Bibliografia ................................................................................................ 5
2-Conto tradicional popular ................................................................................................... 7 2.1-Definição: ....................................................................................................... 7 2.2 – Estrutura ........................................................................................................ 7 2.3 – Características ............................................................................................ 7 3- Distinção entre o conto tradicional popular e conto literário ........................................... 8 3.1 - Estrutura da ação: ....................................................................................... 8 4.Abordagem das categorias da narrativa ............................................................................. 9 4.1- Ação............................................................................................................... 9 4.2- Personagens ................................................................................................ 12 4.3- Espaço ......................................................................................................... 13 4.4- Tempo .......................................................................................................... 13 4.5-Narrador........................................................................................................ 14 4.6- Narratário..................................................................................................... 14 4.7 – Modos de expressão ................................................................................ 15 4.8 – Modos representação ............................................................................. 15 5 – Análise do Conto ............................................................................................................ 16 5.1 – Ficha de trabalho ..................................................................................... 16 Conclusão ............................................................................................................................. 19
Figura 1 - Hélia Correia ........................................................................................... 6
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Introdução No âmbito da disciplina de Português e para a finalização do Modulo 4 foi nos proposto uma trabalho de grupo sobre os textos narrativos e descritos I ao qual nos calhou o conto “Desaparição de um escriturário”. Neste vamos falar um pouco sobre a autora, conto tradicional popular (definição, estrutura, características) distinção entre o conto tradicional popular e conto literário, abordagem das categorias da narrativa (ação, personagens, espaço, tempo, narrador, narratário, modos de expressão, modos de representação), ainda vamos fazer a análise do conto que nos calhou incluindo uma ficha de trabalho sobre o mesmo e por fim a conclusão.
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1-Biobibliografia do autor do conto Biografia Escritora portuguesa, nascida em fevereiro de 1949, licenciada em Filologia Romântica e professora de Português do ensino secundário. Apesar do seu gosto pela poesia, é como ficcionista que e reconhecida como uma das revelações das novelas portuguesas da geração de 1980, embora os seus contos, novelas ou romances estejam sempre cheios do discurso poético.
Nos seus primeiros romances, predomina como tem aa ascensão social em meio rural, protagonizada por personagens contraditórias nos seus atos, movidas por instintos e crenças, e cujo percurso acaba por pôr em causa uma realidade que se revela frustrante relativamente às suas expetativas. Sobressai ainda no estilo de Hélia Correia atenção ao poder que as palavras têm, numa escrita que parece contaminada quer pela palavra poética, quer pela tradição do conto popular.
Estreou-se na poesia, em 1981, com “O Separar das águas” e “ O Numero dos Vivos” em 1982. A novela 3Montedemo”, encenada pelo grupo “O Bando”, deu à autora uma certa notoriedade. Aliás, Hélia Correia revelou, desde cedo, o gosto pelo teatro e pela Grécia clássica, o que levou a apresentar em “Édipo Rei” e a escrever “Perdição”, levadas à cena, em 1993, pela Comuna. Destaca-se ainda na sua produção os romances “ Casa Eterna” e “Soma”, e, na poesia “ A pequena morte”/ “Esse eterno conto”. Recebeu em 2002 o premio PEN 2001, atribuído a obras de ficção, pela sua obra Lillias Fraser, e em 2006 o Premio Máximo de Literatura, pela obra Bastardia.
1.1- Bibliografia Ficção
1981- O Separar das Águas
1982- O Numero dos Vivos
1983- Montedemo
1985- Villa Celeste
1987- Soma
1988- A Fenda Erótica
1991- A casa eterna
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1996- Insânia
2001- Lillias Fraser 5premio de Ficção do Pen Club)
2002- Apodera-te de mim
2008 Contos
Poesia
1986- A Pequena Morte/ Esse Eterno Canto
2012- A Terceira Miséria
Teatro
1991- Perdição, Exercício sobre Antígona
1991- Florbela
2000- O Rancor, Exercícios sobre Helena
2005- O Segredo de Chantel
2008- A Ilha Encantada (versão para jovens de William Shakespeare)
Para a Infância
1988- A Luz de Newton. (7 Historias de Cores)
Figura 1 - Hélia Correia
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2-Conto tradicional popular 2.1-Definição: O conto popular tende a estar associado às narrativas tradicionais que são transmitidas de geração em geração, oralmente (de “boca em boca”). Podem existir várias versões de um mesmo relato, tendo em conta que há contos que conservam uma estrutura semelhante embora com diferentes detalhes.
2.2 – Estrutura A estrutura é constituída pelos seguintes elementos: -Unidade dramática; Unidade de tempo; Unidade de espaço; Número reduzido de personagens; Diálogo dominante; Descrição e narração (tendem a anular-se); Dissertação (praticamente ausente). É essencialmente objetivo, horizontal e narrado em 3ª pessoa. Foge do introspetivíssimo para a realidade viva, presente, concreta. Divagações são escusadas. Breve história. Todas as palavras deve ser suficientes e necessárias e devem convergir para o mesmo alvo. O dado imaginativo se sobrepõe ao dado observado. A imaginação, necessariamente presente, é que vai conferir à obra o caráter estético. Jamais se perde no vago. Prende se à realidade concreta. Daí nasce o realismo, a semelhança com a vida. 2.2.1 - Ordem existente Situação inicial. Nesta parte apresenta-se o futuro herói simplesmente pela referência o seu nome, o pela descrição do seu estado, que pode também enumerar-se os membros da sua família. 2.2.2 – Ordem perturbadora A situação de equilíbrio inicial e destruída, o que dá origem a uma serie de peripécias que só se interrompem com o aparecimento de força retificadora. 2.2.3 – Ordem restabelecida Desenlace, conjunto de acontecimentos que dão o final a história. Ex: uma more, um casamento, uma conquista, uma vitória…
2.3 – Características Na ação temos as seguintes características, as sequências encadeiam se de forma linear e de ação breve;
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- A narrativa e curta e o seu autor e anonimo, o narrador geralmente não participante e tem um número reduzido de personagens; - O espaço e indefinido e o seu tempo indeterminado; - Tem como conteúdo simbólico, universal e intemporal, portanto é património de todos nós; - Registo de língua popular e familiar, com marcas de oralidade, a função da moralidade e lúdica.
3- Distinção entre o conto tradicional popular e conto literário No conto literário a linguagem é mais cuidada, apesar de poder aparecer a linguagem popular, e literária, preocupação do embelezamento do discurso (recursos expressivos e estilísticos). Em relação ao autor do texto, é identificado, de tradição escrita. Com o objetivo de lazer. No conto tradicional decorre num tempo limitado, embora possa ser num tempo prolongado, mas indefinido. Pode ocorrer num só espaço ou em vários, geralmente também indefinidos. Presença frequente do maravilhoso (elementos fantásticos ou mágicos); marcas de oralidade na linguagem, provenientes da tradição popular destes relatos; superstições populares, como por exemplo, a presença frequente dos números três e sete, muito importantes na cultura popular. O autor é desconhecido, de origem coletiva, transmitido por tradição oral. O objetivo deste conto é de lazer e moralidade. Semelhanças de ambos: - Na ação ambos são narrativas curtas, embora o conto tradicional seja ainda mais curto. Os dois apresentam um acontecimento central e uma ação é homogénea, coesa. -Em ambos a ação progride por encadeamento (por ordem cronológica dos acontecimentos), tendo um final rápido e inesperado.- Em ambos há raras descrições, que são pouco extensas. Ambos têm poucas personagens.
3.1 - Estrutura da ação: Situação inicial: apresentação das personagens e localização da ação no espaço e no tempo. Desenvolvimento: conjunto de peripécias que alteram a situação inicial.
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Conclusão: momento em que a situação fica, ou não, resolvida. A ação é o desenrolar de acontecimentos que se relacionam entre si e se encaminham ou não para um desenlace. A ordenação ou estrutura de uma narrativa caracteriza-se por uma situação inicial (introdução), um desenvolvimento (acontecimentos) e um desenlace (desfecho ou conclusão), que não existe em certas narrativas modernas. Quando existe desenlace, isto é, a resolução de todas as dúvidas, expectativas, conflitos ou anseios acumulados, diz-se que se trata de uma ação fechada. Quando não existe desenlace, ou seja, se a narrativa deixar ao leitor a possibilidade de imaginar a continuação da história, diz-se se trata de uma ação aberta. Relevância dos acontecimentos: Acontecimentos principais (ação central) e acontecimentos secundários (ação secundária). Momentos determinantes no desenrolar da ação, situação inicial (introdução)
4.Abordagem das categorias da narrativa 4.1- Ação A ação é um elemento primordial em qualquer narrativa. Mas o que é, exatamente, a ação? E em que medida é que "ação" refere realidades diferentes de "intriga", "enredo" e "diegese", que tantas vezes surgem como sinónimos? Comparemos estas quatro palavras: Ação - a sucessão e o encadeamento de acontecimentos; Intriga - os vários incidentes que constituem a ação; Enredo - a conjunção das partes do discurso e dos incidentes (ou intriga); Diegese - a sequência linear dos vários acontecimentos; sinónimo de história ou narrativa. Portanto, podemos dizer que um texto narrativo apresenta vários incidentes, que são a intriga, que se sucedem e se entreligam numa trança que é a ação. Mas a intriga e a ação não surgem sozinhas: elas relacionam-se com as partes do discurso, formando o enredo. E o resultado final é a história tal como a lemos ou ouvimos, a diegese. Apresentado desta maneira, parece muito simples, mas é necessário não esquecer que a ação pode ser constituída por uma ou mais intrigas, tal como o enredo pode ser constituído por uma ou mais ações. Quando se fala de ações numa narrativa, a primeira coise que é necessário é identificar qual a relevância de cada uma. Normalmente, deparamo-nos com uma ação central e uma ou várias secundárias. A distinção é fácil de fazer:
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Ação Central - quando inclui os acontecimentos essenciais da história Ação Secundária - quando auxilia o desenrolar da ação central, permitindo compreender a situação social, cultural, ideológica, entre outras. Todas as ações seguem, normalmente, uma estrutura comum:
Introdução Ponto de partida da história Apresentação das personagens e da situação inicial da história Desenvolvimento A intriga desenrola-se Constituído por peripécias que conduzem ao ponto culminante, o clímax Conclusão Desenlace, quando o ponto culminante é resolvido Apresentação da situação final da história Por vezes, pode acontecer que as ações secundárias não apresentem todos estes momentos, mas quanto mais importante é a ação, mais fiel a esta estrutura será. Acrescente-se que a ação central terá a sua fase de desenvolvimento repleta de um grande número de peripécias, algumas das quais poderão corresponder a ações secundárias; enquanto uma ação secundária apresentará um número menor de peripécias. Todas estas ações têm que aparecer organizadamente na história, de acordo com o efeito que se pretende provocar no leitor. Existem três estilos básicos de organizar as ações: Encadeamento As ações surgem segundo uma ordem temporal Exemplos: O Hugo vai para casa da namorada, a Ana, que faz anos.
O Hugo sai de casa cedo e entra no carro.
A Ana está a pôr balões e fitas nas paredes e a pôr a mesa.
O carro do Hugo tem um furo e ele vai mudar o pneu.
A Ana está-se a arranjar e a pensar no Hugo.
O Hugo acabou de montar o pneu mas é assaltado.
A Ana está a receber os amigos que estão a chegar à festa.
Sem carro, o Hugo tenta ligar para a Ana.
A Ana não ouve o telemóvel por causa da música da festa.
O Hugo vai a pé pela estrada.
A Ana está preocupada com o atraso e tenta ligar para o Hugo.
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O Hugo está a bater à porta quando
Encaixe Quando uma ação é completamente inserida dentro de outra. Exemplos: O Hugo vai para casa da namorada, a Ana, que faz anos. A Ana enfeita a casa e põe a mesa. A Ana está-se a arranjar e a pensar no Hugo. A Ana está a receber os amigos que estão a chegar à festa. A Ana não ouve o telemóvel por causa da música da festa. A Ana está preocupada com o atraso e tenta ligar para o Hugo. O Hugo bate à porta e está com mau aspeto. O Hugo conta o que aconteceu: Saiu de casa cedo e entrou no carro. O carro teve um furo e ele foi mudar o pneu. Acabou de montar o pneu mas foi assaltado. Sem carro, tentou ligar para a Ana mas ninguém respondeu. Foi a pé pela estrada. Estava a bater à porta quando tocou o telemóvel. Podem-se inserir mais ações dentro umas das outras, ao estilo das “Mil e Uma Noites”, onde em cada história se inicia uma nova história que tem de ser terminada antes da outra também terminar.
Esquema de exemplo: O narrador inicia a história de Sheherezade. Sheherezade introduz a história de Sindbad. Sindbad introduz a história do génio. O génio introduz a história de um rei antigo. O rei introduz a história de um pescador. O rei termina a história do pescador. O génio termina a história do rei. Sindbad termina a história do génio. Sheherezade termina a história de Sindbad. O narrador termina a história de Sheherezade. Alternância
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As ações desenrolam-se separada e alternadamente, podendo fundir-se num ou mais momentos da narrativa. Geralmente, as telenovelas apresentam esta estrutura. Exemplos: O Hugo vai para casa da namorada, a Ana, que faz anos. Um grupo de ladrões está a festejar o roubo de um carro. A Ana telefona a amigos a convidá-los para a sua festa. O Hugo envia um msn à Ana a dizer que vai a sair de casa. Os ladrões vão numa carrinha a preparar um novo roubo. O Hugo entra no carro e arranca. A Ana está a pôr balões e fitas nas paredes e a pôr a mesa. O carro do Hugo tem um furo e ele vai mudar o pneu. Os ladrões veem o Hugo e param a carrinha. A Ana está-se a arranjar e a pensar no Hugo. O Hugo acabou de montar o pneu mas é assaltado. A Ana está a receber os amigos que estão a chegar à festa. Sem carro, o Hugo tenta ligar para a Ana. A Ana não ouve o telemóvel por causa da música da festa. O Hugo vai a pé pela estrada. Os ladrões festejam mais um roubo com sucesso. A Ana está preocupada com o atraso e tenta ligar para o Hugo. O Hugo está a bater à porta quando toca o seu telemóvel. Em casa da Ana, o Hugo conta o que lhe aconteceu.
O fim de uma ação também oferece alternativas: Ação Fechada - a ação é resolvida até ao pormenor, pelo que o leitor fica a conhecer tudo o que aconteceu às personagens. Ação Aberta - a ação não apresenta soluções definitivas, pelo que o leitor fica sem saber o que vai acontecer às personagens Normalmente, algumas ações secundárias, de pouca importância, permanecem abertas, enquanto a ação central e as ações secundárias com algum relevo são fechadas. No entanto, há também muitos romances onde a ação central permanece aberta.
4.2- Personagens Relevo:
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Personagens principais (Protagonistas) - são aquelas que desempenham o papel central, sendo fundamentais para o desenvolvimento da história. Personagens secundárias- podem ser classificadas em coadjuvantes e figurantes. Personagens coadjuvantes são aquelas que assumem um papel de menor importância, mas não deixam de ser importantes para o desenrolar da trama, já que dão suporte á historia tecendo pequenas ações em torno das personagens principais. Personagens Figurantes- têm como único objetivo ilustrar um ambiente ou o espaço social do qual são representantes durante o desenrolar de uma ação da trama.
4.3- Espaço Espaço físico- trata-se do espaço onde as personagens se movimentam e onde ocorrem os acontecimentos: -geográfico; -interior; -exterior;
Espaço social-é um espaço construído através de ambientes vividos pelas personagens. Liga-se às características da sociedade em que as personagens se inserem. Espaço psicológico — este espaço é construído pelo conjunto de elementos que traduzem a interioridade das personagens (como, por exemplo, o sonho, a memória, as emoções, as reflexões...)
4.4- Tempo Tempo da história - É o tempo em que decorre a ação; Tempo histórico - refere-se à época em que os acontecimentos têm lugar. Tempo do discurso - trata-se da forma como o narrador relata os acontecimentos — pode voltar atrás no tempo (analepses), adiantar determinado episódio (prolepse), omitir que se passou em determinado período temporal (elipse),contar sumariamente o que aconteceu num certo período de tempo (resumo). Tempo psicológico -é o tempo vivido pelas personagens deforma subjetiva, ou seja, relaciona-se com o modo como as personagens sentem a passagem do tempo.
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4.5-Narrador O narrador é um ser ficcional, não devendo ser confundido com o autor real que o cria. O narrador tem a função de enunciar e organizar discurso; é ele que nos transmite o mundo inventado ou recriado numa narrativa. Distinguem-se diferentes tipos de narrador, tendo em conta a sua presença ou ausência no universo da narrativa, a adoção de determinado ponto de vista e o grau de conhecimento que demonstra ter da história que conta. Relativamente ao ponto de vista: O narrador classifica-se como objetivo ou subjetivo. Se o narrador revela imparcialidade, ou seja, se não assume posição face aos acontecimentos, é objetivo. Se o narrador é parcial, ou seja, se afirma ou sugere os eu ponto de vista, é subjetivo. Relativamente á focalização: O narrador caracteriza-se também em função do conhecimento da história. Focalização omnisciente - o narrador detém um conhecimento total dos acontecimentos. Focalização interna — surge quando é instaurado o ponto de vista de uma das personagens que vive a história. Focalização externa — acontece quando o narrador revela as características exteriores das personagens ou apresenta um espaço físico onde decorre a ação. Modos de representação e de expressão: O texto narrativo pode apresentar várias modalidades de discurso. O discurso do narrador, mais próximo da ficção narrada, apresenta-se sob as formas de: Narração - relato de acontecimentos e de conflitos, situados no tempo e encadeados de forma dinâmica, originando a ação (verbos de movimento e formas verbais do pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito); Descrição - informações sobre as personagens, os objetos, o tempo e os lugares, que interrompem a dinâmica da ação e vão desenhando os cenários (verbos copulativos ou de ligação e formas verbais do pretérito imperfeito). O discurso das personagens, mais distante do narrador, apresenta-se sob as formas de: Diálogo - interação verbal ou conversa entre duas ou mais personagens (discurso direto com registos de língua variados); Monólogo - conversa da personagem consigo mesma, discurso mental não pronunciado ou pronunciado, mas sem ouvinte (discurso direto com frases simples e reduzidas, muitas vezes com suspensões).
4.6- Narratário O narratário surge no interior da narrativa como entidade fictícia, a quem o narrador se dirige, explícita ou implicitamente. É, portanto, o destinatário da mensagem do narrador,
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surgindo textualmente assinalado pelo uso da segunda pessoa. Não confundir com leitor (recetor real e externo à história).
4.7 – Modos de expressão 4.7.1 - Dialogo Interação verbal ou conversa entre duas ou mais pessoas (discurso direto com registos de língua variada). Dentro diálogo devemos considerar três formas diferentes: -discurso direto: a fala das personagens é representada diretamente, reproduzindo-se as suas conversas; -discurso indireto: é uma mistura entre a 1ª e a 3ª pessoa das narrativas, as palavras das personagens são no discurso indireto.
4.7.2- Monólogo Conversa da personagem consigo mesma; discurso mental não pronunciando ou pronunciado, mas sem ouvinte (discurso direto com frases simples e reduzidas). O monólogo é apenas uma variante do diálogo: é um diálogo interior onde o “eu” se desdobra em dois (o que fala e o que ouve).
4.8 – Modos representação 4.8.1- Narração É o relato de acontecimentos e conflitos, num determinado tempo e encadeados de uma forma dinâmica, originando assim a ação. Utiliza verbos de movimentos e formas verbais do pretérito perfeito, imperfeito e mais que perfeito.
4.8.2 – Descrição É as informações sobre as personagens, os objetos, o tempo e os lugares que interrompem a dinâmica da ação e desenham cenários. Utiliza essencialmente adjetivos, verbos copulativos ou de ligação e formas verbais do pretérito imperfeito.
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5 – Análise do Conto 5.1 – Ficha de trabalho Conto “Desaparição de um escriturário” – Hélia Correia
1- Faça corresponder a cada elemento da coluna da esquerda o respetivo sinónimo da coluna direita.
1.Indizível
Inexplicável
2.Malogro
Fracasso
3.Esboroar-se
Desfazer-se
4.Forjar
Falsificar
5.De soslaio
De esguelha
6.Envilecido
Desonrado
7.Brejeiro
Malicioso
8.Lascívia
Luxuria
9.Coibir-se
Abster-se
10.Macambúzio
Tristonho
11.Ensimesmado
Pensativo
12.Crepúsculo
Lusco-fusco
2- Elabore o retrato de Américo Pedrinha. R: Américo Pedrinha era um homem folgazão de barriga inchada, era calvo e baixote, soltava gargalhadas batendo a mão nas coxas mesmo nos lugares públicos. Arrotava a meio das refeições, tinha frases maliciosas que contavam com um fio de luxuria a escorrer-lhe pelos olhos. Não se coibia de esfregar as mãos as narinas no ar, era feliz mas também tristonho e era extrovertido e um homenzinho bêbado.
3- Os filhos do escriturário desaparecido “(…) sentiam por ele mais do que um enervado e arisco amor”. 3.1- Comente a postura dos dois adolescentes em relação ao pai; R: A postura dos adolescentes em relação ao pai é de tamanha indiferença, pois ambos sentiam vergonha as atitudes do seu pai sendo que quando houve o desaparecimento do mesmo, eles inventaram uma história à qual, Américo Pedrinha estava viajar, para de alguma forma esconderem a vergonha que sentiam do pai.
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4. Interprete a explicação que e dada pelos filhos e pela mulher D. Aida. R: A explicação dos filhos para o desaparecimento do pai, foi que aproveitarem-se deste fato para dizerem que o pai tinha ido viajar, arranjo assim uma desculpa para poderem disfarçar a vergonha que tinham.
5- Embora o desperecimento de Américo nunca tenha sido esclarecido, a sua “morte” foi já, até certo ponto, assumida pelos filhos e pela mulher, D. Aida. 5.1- Faça o levantamento dos excertos do texto que comprovam esta afirmação. R: No texto o que comprova o seguinte excerto são os seguintes, “ Como a moda era o preto naquele ano, a filha aproveitou para tingir os vestidos” e “ Aida Pedrinha habitou-se assim a uma vida de divorciada: austera, enraivecida, ansiando proteções, livre porém das irremediáveis disposições da morte. Os cunhados haviam movidos céus e terra para conseguirem uma pensão decente”.
5.2- Comente as decisões da filha e da mãe quanto à “questão melindrosa de pôr ou não pôr luto”. R: As decisões tomas tanto pela filha como pela mãe, foram as seguintes: a filha como a moda, naquele primeiro ano era o preto, aproveitou para tingir os vestidos, a mãe como adorava o azul turquesa, segui o conselho da sua vizinha em não meter o luto, que dizia ia parecer a Deus e ás línguas deste mundo que a senhora tinha pressa de se encontrar viúva. - Na nossa opinião os comportamentos da filha foi de pouca ou nenhuma indiferença pelo pai, viso só ter feito o luto porque estava na moda, é a mãe manifestou apenas preocupação do que as pessoas iriam pensar da sua atitude.
6- Ao longo do conto há, por diversas vezes, recurso à analepse. 6.1- Sinalize duas delas. R: Ao longo do conto encontramos, por diversas vezes, o recurso à analepse que são os seguintes: “ São bens de pouca monta: uma quintinha, um chão pálido e seco a esboçar-se debaixo de calhaus e mato (…) Nos seus tempos – era ele um homem folgazão de barriga inchada -, Américo referia-se à sua “propriedade” como a um investimento que não necessitava de despesa ou cuidados para manutenção.” e ainda “Aida Pedrinha habitou-se assim a uma vida de divorciada: austera, enraivecida, ansiando proteções, livre porém das irremediáveis disposições da morte. Os cunhados haviam movidos céus e terra para conseguirem uma pensão decente”.
6.2- Explicite a funcionalidade desse processo narrativo.
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R: Analepse é um processo muito utilizado no texto narrativo para recordar episódios anteriores que já aconteceram, neste texto são usadas algumas analepses para conhecer melhor a vida da Aida antes do marido ter desparecido.
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Conclusão Com este trabalho podemos ter conhecimento sobre as diferenças de contos tradicionais populares e contos literários, sobre as categorias da narrativa (ação, o espaço, o tempo, as personagens, o narrador, o narratário, os modos de expressão e os modos de representação) são características de um conto tradicional popular. Quanto ao conto da autora texto “ Hélia Correia”, que não conhecíamos o seu conto “Desaparição de um escriturário” e um conto que fala sobre o desperecimento de um escritor no qual ele explica o desenvolvimento da versão de Arnaldino.
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