Módulo 6 CONECTADOS
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temas teológicos Conheça a importância da interpretação bíblica correta
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s Escrituras Sagradas, o Antigo e o Novo Testamentos (AT e NT), são a Palavra de Deus escrita, dada por inspiração divina por intermédio de santos homens de Deus, que falaram e escreveram ao serem movidos pelo Espírito Santo (2 Pedro 1:21). Nesta Palavra, Deus transmitiu ao homem o conhecimento ne-
dade e a natureza de Seu caráter. Nesses termos, entendemos que existem basicamente dois tipos de revelação: uma geral, expressa revelação especial através das Escrituras do AT e NT, no princípio através dos profetas e revelação última, a pessoa de Jesus Cristo
As Escrituras Sagradas são a infalível revelação de Sua vontade. Constituem o padrão de
Crença Fundamental 1, p. 11). As Santas Escrituras constituem o fun-
2. inspiração: “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil grega theopneustos, aqui traduzida como -
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nas mentes dos homens, os quais expressaprias palavras, que foram consolidadas nas -
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Deus comunica Sua verdade eterna, isto é, na inspiração, Deus revela Sua verdade ao pro-
ração e iluminação. Veja: 1. revelação: é a iniciativa do Deus transcendente, inacessível ao ser humano
pensamentos, e o capacita para transmiti-la
mensagem e da missão dos adventistas do sétimo dia. Acima de tudo, as Escrituras tes-
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e autoritativa, respeitando as características individuais de cada agente humano participante do processo, e, ao mesmo tempo, man-
As Santas Escrituras constituem o fundamento da missão dos adventistas do sétimo dia
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tendo uma incrível unidade com o escopo todo abrangente das Escrituras. (Nisto Cremos, p. 15). 3. iluminação: o mesmo Espírito Santo que inspirou profetas bíblicos a receberem e transmitirem as sagradas verdades reveladas por Deus também nos capacita para que possamos compreender a Palavra, sendo assim, ensito Santo concede sabedoria e discernimento espiritual aos crentes, para que estes possam compreender e interpretar a vontade de Deus tal qual expressa nas Santas Escrituras A Bíblia (do grego biblos, conjunto de livros) possui 66 entanto, incorporou mais sete livros ao conjunto já esta-
dos, ocultos), a saber, Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruc, 1 e 2 Macabeus. As Bíblias mais antigas não eram divididas em capí-
Langton, professor da Universidade de Paris e mais tarde arcebispo da Cantuária, dividiu a Bíblia em capítulos. Robert Stephanus, impressor parisiense, acrescentou a divisão em versículos em 1551. Se a inspiração é o meio pelo qual a Bíblia recebeu sua autoridade, a canonização é o processo pelo qual as é um profeta receber uma mensagem da parte de Deus, outra coisa é essa mensagem ser reconhecida como canônica (autoritativa) pelo povo de Deus. Canonicidade é o estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros que nos foram dados por inspiração divina. A palavra cânon deriva do termo grego kânon (“cana, ré-
ao cristianismo, essa palavra já era usada de modo mais amplo, com o sentido de padrão ou norma, além de uma mera unidade de medida. O NT emprega o termo em sen-
de Atanásio, o conceito de cânon bíblico ou de Escrituras normativas já estava em franco desenvolvimento. A palano passivo. No sentido ativo, a Bíblia é o cânon (padrão, norma, regra) pelo qual tudo o mais deve ser julgado. Já no qual um escrito deveria ser julgado inspirado ou dotado
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de descobrirmos sua mensagem para nossos dias
do termo cânon. A comunidade judaica agrupou e preservou as Escrituras Sagradas desde o tempo de Moisés.
Vale ressaltar que o conceito de revelação, inspiração e iluminação, já apresentado no início deste artigo, é fundamental para bíblica coerente e consistente. Isso é de suma importância. A inter-
hermenêutica Interpretar a Escritura é necessário não somente por causa Deus que Se revela, mas também por causa do obscurecimento da mente humana pelo pecado. O processo interpretativo também estudo dos princípios e procedimentos básicos para interpretar a
de hoje. Essa metáfora da espiral é adequada, pois, não é um círculo fechado, mas um movimento irrestrito que vai do horizonte do texto ao horizonte do leitor. brirmos sua mensagem para nossos dias. Devemos transpor totico e sobrenatural) para chegarmos a uma correta compreensão da vontade de Deus tal qual revelada em Sua Palavra. Primeiro, precisamos compreender seu sentido para a época em que foi -
hermeneuein interpretar a Bíblia), estaremos passando por cima de uma etato bíblico supracitado é diermeneuo (dia, através + hermeneuo, interpretação) e está diretamente relacionado com a palavra -
totalmente dela. A primeira etapa, que é a observação, consiste
A Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) utiliza os pressu-
humanos das Escrituras pretendiam transmitir a seus ouvinpretende comunicar através de Sua Palavra, o que nem sempre é inteiramente compreendido pelo escritor humano ou por seus contemporâneos (1 Pedro 1:10-12); e aprender como comunicar e aplicar aos seres humanos de hoje tanto a forma quanto o coné compreender o que pretenderam comunicar os escritores humanos e o Autor divino da Escritura, bem como a maneira correta objetivo principal de quem interpreta a Bíblia (o hermeneuta) é deve sempre procurar descobrir como fazer a aplicação pessoal de cada passagem estudada.
exegese A exegese é um estudo analítico completo de uma passagem
que seus leitores entendessem o que eles escreviam (1 Coríntios gese refere-se tanto ao que ele disse (o contexto propriamente dito) quanto a por que ele o disse em um determinado lugar (o contexto literário), na medida em que isso pode ser descoberto,
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espaço, linguagem e cultura. Além disso, a exegese ocupa-se, fundamentalmente, com a intencionalidade: o que o autor bíblico pretendia que seus leitores originais compreendessem em seus escritos? Exegese é extrair
Um exegeta deve ser, antes de tudo, um lavras (linguística), com a análise da literatura dos escritos bíblicos (crítica textual), com a gramática e a análise de vocábulos, com a co, a exegese pode parecer algo bastante moporém, seus resultados são encorajadores.
limites da passagem (perícope); compare as gem etc); analise o contexto literário (função, trutural da passagem; analise os dados gramaticais e lexicais relevantes (conceitos, pada passagem em outras partes da Bíblia e no ensino geral das Escrituras; localize a passa-
seriedade é aplicar o seu entendimento exeporâneo. Não podemos jamais esquecer do ção existente entre exegese e pregação. A exção do povo de Deus e o preparo para a boa pregação passa necessariamente pela boa exegese. Em uma época em que a pregação cidos, reduzindo-se a textos-chave, lugares de se resgatar a verdadeira exegese, que leva em conta a necessidade primária de se fazer uma análise séria e profunda a respeito da Palavra de Deus. crítica textual grafo (termo técnico que designa o manuscrito original de uma obra) não mais exista é
não se restringe ao AT e NT, sendo extensível a qualquer peça de literatura cujo texto original tenha sido eventualmente alterado antes da invenção da imprensa, no século 15. A crítica textual (ou baixa crítica, como era conhecida), quando devidamente aplicada, está a serviço da fé, com o objetivo de descobrir, tanto quanto possível, seus fundamen-
passagem; investigue o que outras pessoas disseram sobre a passagem em comentários bíblicos (literatura secundária); e faça a aplicação (assuntos, natureza, áreas, ouvintes, categorias, época, limites). A chave para a boa exegese é a habilidade de fazer perguntas certas para o texto, a autor. Boas perguntas exegéticas dividem-se teúdo (o que foi dito) e de contexto (por que foi dito). O alvo imediato de quem estuda a Bíblia é entender o texto bíblico. Contudo, a
A prática da crítica textual também é importante. Ela exige um conhecimento especializado dos diferentes manuscritos bíblicos e das suas respectivas famílias textuais, cocrítico, além do vocabulário e da teologia do autor cujo livro se examina. grafo sequer, tanto do AT quanto do NT, torna da crítica textual. Providencialmente, contudo, antes que se tornassem ilegíveis ou desa-
objetivo último de quem estuda a Bíblia com
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ro, pois Deus não apenas inspirou os profetas, mas também preservou Sua Palavra através dos séculos, como está escrito: “Seca-se a erva,
invenção da imprensa, inevitavelmente muitos e variados erros foram cometidos, resultado
para os estudiosos das Sagradas Escrituras, dando margem para que os críticos e céticos nal da crítica textual é examinar criticamente a tradição manuscrita, avaliar as variantes e reconstruir o texto que possua a maior soma de probabilidades de ser o original ou a forma
essas perguntas-chave é que tratam de responder os críticos textuais. do texto sagrado, então, a credibilidade que trinário e ético do cristianismo estaria ameadocumentos originais, o que seria ainda pior. A crítica textual, portanto, lida com um problema -
Perguntas para estudo dirigido As perguntas abaixo podem te ajudar a compreender melhor o que acabou de ler no artigo. Veja: 1) Qual a diferença entre inspiração e iluminação? 2) “hermenêutica bíblica” e explique qual a sua importância. 3) Qual a chave para uma boa exegese? 4) Qual a importância da crítica textual para na “pureza” do textus receptus, mesmo com os diversos manuscritos antigos do AT e NT que temos acesso hoje, e suas respectivas variantes textuais? 5)
estuDos ADicionAis
as quais toda e qualquer investigação bíblica Bíblia e sua correta interpretação:
que não existem diferenças substanciais entre o texto recebido (“textus receptus”, a Bíblia como a temos hoje) e o texto criticado (com suas diversas variantes textuais). As diferenças existentes entre ambos são meramente de doutrinária, visto que as variantes não vão de encontro a assuntos de fé e doutrina. A crítica textual consiste em um pré-requisito para to-
Grant Osborne.
Gordon D. Fee.
através do seu crivo podemos ter a certeza de
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