O POVO Cariri - março 2015

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Nº 4 - 2015 - R$ 12,90 UMA VIDA DEDICADA À EDUCAÇÃO E A FAZER O BEM DE MALAS PRONTAS PARA O CARIRI BIKES NAS RUAS LAZER E MOBILIDADE COM BICICLETAS CONQUISTAM O CARIRIENSE 9772178578001 ISSN 2178-5783 MADRE FEITOSA A REGIÃO ATRAI PESSOAS DE TODA PARTE E A ECONOMIA LOCAL AGRADECE

EXPEDIENTE

MIGRAÇÃO POSITIVA

Um estudo do Instituto de Pesquisa

Econômica

Aplicada (Ipea) veio comprovar um fato que já era notável no Cariri: mais e mais pessoas vêm escolhendo a Região para morar e crescer profissionalmente. Os dados da pesquisa mostram que a mesorregião foi a que mais recebeu pessoas de alta escolaridade –desde universitários a pós-doutores – no Ceará, entre 2005 e 2010. As cidades caririenses acolheram um “saldo” de 1.263 imigrantes, 2.041 pessoas saíram da Região, mas 3.305, chegaram.

E quais os motivos para esse movimento? Ampliação da rede de educação superior, economia aquecida, atrativos naturais e riqueza cultural. A simpatia do caririense também atrai o público, que vem do próprio Estado, principalmente, e de outras partes do País.

Dentro desse contexto de avanços, vemos novos negócios no Cariri a todo instante, como o mercado imobiliário maduro e em busca de produtos mais diversificados que agradem a um público heterogêneo; a área de gastronomia ganhando grandes proporções e requinte; e empresas

de setores mais inusitados, como a Bom Sinal - que fabrica Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) -, com planos de exportar para outros países da América Latina.

No Cariri, onde cada município mantém um clima de tradição ao passo que ganha ares de cidade grande, personalidades constroem histórias que fazem da Região um lugar especial. A madre Feitosa, fundadora do Colégio Pequeno Príncipe, é uma delas. Amor e carisma não faltam a essa mulher que, aos 93 anos, segue uma rotina de amor à educação e de zelo com o outro. E ainda temos uma homenagem a Telma Saraiva, filha do primeiro fotógrafo do Crato, Júlio Saraiva, criadora de técnicas de fotopintura que a tornaram referência nacional.

A origem dos pifes, a prática de esportes radicais, a adoção de bicicletas para lazer e cuidados com a natureza e, ainda, a história de bandas de rock do Cariri compõem esta quarta edição da O POVO Cariri, que também ganhou novos colaboradores: os colunistas Valdo Figueiredo e Leca Fonseca.

Boa leitura, Adailma Mendes

Presidente: Luciana Dummar

Vice–Presidente: João Dummar Neto

Diretor Institucional: Plinio Bortolotti

Diretor de Operações: André Azevedo

Diretor de Mercado Corporativo: Édson

Barbosa Diretora Administrativa:

Cecília Eurides Diretora de Marketing:

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Digitais e Mercado Leitor: Victor Chidid

Diretor-Geral de Jornalismo: Arlen

Medina Néri Diretora-Executiva da

Redação: Ana Naddaf Diretor-Adjunto da Redação: Erick Guimarães

NÚCLEO DE CONTEÚDO & NEGÓCIOS

Editoras-Executivas: Adailma Mendes e Andrea Araujo

REVISTA O POVO CARIRI

Edição: Adailma Mendes Edição de Arte e Projeto Gráfico: Andrea Araujo Design: Carol Gouveia e Ramon Cavalcante

Textos: Janaina Flor, Janine Nogueira, Larissa Viegas, Lua Santos e Sabryna

Esmeraldo Revisão de Textos: Vicente Neto Edição de imagens: Ethi Arcanjo

Criação Publicitária: Jesus Freitas Foto de capa: Mateus Monteiro Tratamento e manipulação de Imagem: Gabriel Almeida Banco de Dados: Carlos Walewsky, Miguel Pontes, Roberto Araújo e Flávius Junior

EQUIPE COMERCIAL

Diretor-Geral de Mercado Corporativo: Edson Barbosa Diretor-Adj. Revistas, Projetos Comercias e Eventos: Adriano Matos Gerente de Planejamento: Aline Viana Área de Produção de Projetos e Revistas: Andreza Leite e Bruna

Nunes Gerente de Mercado do Interior: João Neto Representante no Cariri: Anny Callou

REVISTA O POVO CARIRI

é uma publicação do Grupo de Comunicação O POVO

Av. Aguanambi, 282

CEP: 60055-402. Fortaleza/CE

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Impresso na Gráfica Halley

Fundado em 7 de janeiro de 1928 por Demócrito Rocha

10 ENTREVISTA

Madre Feitosa fala do amor pelo ensino e de fazer o bem ao outro

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MERCADO IMOBILIÁRIO Veja balanço de um dos setores que mais cresce no Cariri

26 ESPECIAL Conheça afilhados de Padre Cícero, que completou em março seu 171º aniversário de nascimento

30 ECONOMIA

A Bom Sinal, fabricante de VLTs em Barbalha, revela seus planos de expansão

34 COMPORTAMENTO Entenda por que tantas pessoas estão indo morar no Cariri

44 CULTURA

A tradição dos pifes contada por estudiosos e por Mestre Raimundo Aniceto

54 MÚSICA

A história do rock na Região e seus protagonistas

68 ESTILO DE VIDA Grupos de ciclistas geram movimentos novos na região

MEMÓRIAS DO CRATO

Retratando histórias de uma região culturalmente rica, economicamente aquecida e de política forte e revolucionária, o livro e o documentário Crato 250 anos foram lançados no início de 2015. Seguindo o mesmo projeto visual, as duas produções ressaltam a importância da Região para o Estado do Ceará por meio das lembranças de sua gente. O projeto é uma realização da Fundação Demócrito Rocha e do Jornal O POVO.

O livro teve concepção de Cliff Villar, diretor de Projetos Especiais do O POVO, edição geral de Ana Naddaf, diretora-executiva de redação do Jornal O POVO, e desenvolvimento do

projeto gráfico por Andrea Araújo, editora-executiva de design do Núcleo de Conteúdo & Negócios do Grupo de Comunicação O POVO. Já o documentário tem roteiro de Cliff Villar e Ruy Ferreira, e direção de Roberto Santos.

SERVIÇO

Locais de venda:

Padaria e cafeteria Pão & Companhia – rua Coronel Antônio Luiz, 1200, Pimenta, Crato

Fone: (88) 3521 2852

Espaço O POVO de Cultura & Arte – avenida Aguanambi, 282, Joaquim Távora, Fortaleza

Fone: (85) 3255 6172 ou (85) 9228 1218

O POVO CARIRI

PAIXÃO DE JUAZEIRO

Juazeiro do Norte recebe, este ano, um dos maiores espetáculos do Brasil com a história da morte e ressurreição de Jesus Cristo. A Paixão de Cristo de Juazeiro do Norte acontece de 3 a 5 de abril, no Centro Multifuncional de Serviços do Cariri, com expectativa de público de 30 mil pessoas (10 mil por noite).

Com espetáculos diários de 70 minutos, a Paixão de Cristo reúne 100 artistas em cena. Entre os intérpretes, grandes nomes globais, como Marcelo Serrado, que vivenciará o próprio Cristo: Ângelo Paes Leme, que será Pedro: Luciana Braga, que fará Maria; e Heitor Martinez, Pilatos, além da atriz Isabel Gueron. Atores

VEM PRO CARIRI

locais também passam por oficinas, oferecidas pelo Ministério da Cultura, para fazer parte do espetáculo.

Todo o cenário é montado em tamanho real, em uma área de quase dois mil metros quadrados, e produzido com materiais alternativos da região do Cariri. Em oito cenários, serão interpretadas 11 cenas. Paralelo ao espetáculo, será realizada a I Feira Religiosa.

SERVIÇO

Data: 3 a 5 de abril

Hora: todos os dias, a partir das 19h Local: Centro Multifuncional de Serviços do Cariri – Juazeiro do Norte Site: www.paixaodejuazeiro.com.br

CORDEL REVOLUCIONÁRIO

Filha e neta de cordelistas, Jarid Arraes decidiu manter viva a tradição familiar. Nascida em Juazeiro, a escritora e jornalista optou por trazer um tema novo às histórias, muitas vezes, dominadas por estereótipos e preconceitos. Priorizando a literatura de cordel feminista, como ela mesma define o trabalho, Jarid enfoca personagens mulheres, mostrando nos contos mensagens de empoderamento e autonomia.

“Escolhi essas temáticas porque sempre percebi, desde criança, que o cordel é um tipo de literatura muito dominada pelos homens e com muita reprodução de preconceitos contra grupos como mulheres, negros e do movimento LGBT. Minha intenção é dar continuidade à tradição do meu povo e da minha família, mas lembrando que o mundo precisa caminhar para frente e abandonar velhas ideias estereotipadas sobre quem não se encaixa em certos padrões”, declara a cordelista.

Informações:

Os cordéis podem ser adquiridos no Centro de Cultura Popular Mestre Noza, em Juazeiro do Norte, ou pelo site

www.jaridarraes.com

A TAM Linhas Aéreas anunciou novos voos para o Juazeiro do Norte. O Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, popularmente conhecido como Aeroporto Regional do Cariri, irá operar voos entre Juazeiro do Norte/Brasília e Juazeiro do Norte/Recife.

Os novos destinos aéreos contribuem para o desenvolvimento do mercado regional e devem atrair mais turistas durante o período de festas religiosas. A economia também pode ser beneficiada no transporte de mercadorias, já que o Cariri também é referência na produção calçadista.

FOTOS DIVULGAÇÃO

CONSIDERADA UMA DAS MAIORES EDUCADORAS DO CRATO E LEMBRADA

POR SUAS AÇÕES DE CARIDADE, MADRE

FEITOSA, AOS 93 ANOS, CONVERSA COM A

O POVO CARIRI E CONTA UM POUCO DE SUA TRAJETÓRIA

10 ENTREVISTA
O POVO CARIRI
FOTOS MATEUS MONTEIRO

MÃEFEITOSA

O POVO CARIRI ENTREVISTA 11

Ao vê-la andando pelo pátio do colégio, os alunos, dos mais velhos aos mais novos, param, simplesmente, para falar com ela, pedir a bênção, perguntar se está tudo bem e, talvez, dar notícias da própria família. Uma das alunas, que deve ter por volta dos dez anos, procura-a depois, em sua sala, para lhe dar uma flor. O mesmo carinho vem dos funcionários, que a abraçam nos corredores.

Não há como negar: madre Feitosa é mãe. Daquelas mães que se preocupam com o que aconteceu em sua vida, das que chamam para conversar se percebe que você tem um problema, das que fazem todo o possível pelo seu crescimento. É daquelas pessoas que você quer que tenha orgulho de você, das que você se sente em paz apenas por estar perto. Isso é o que se percebe ao ouvir as histórias de seus vários “filhos”, ex-alunos que trabalham na escola e pessoas que ela, literalmente, ajudou a criar.

Em setembro deste ano, a madre completa 94 anos, mas é bem possível esquecer, por alguns momentos, sua avançada idade ao vê-la recebendo os alunos na entrada do Colégio Pequeno Príncipe, quase todos os dias, ou acompanhando o recreio das crianças menores. Ela dirige a escola e recebe constantes visitas que procuram aconselhamento ou que querem apenas desabafar.

E foi com a mesma serenidade com que trata a todos que madre Feitosa recebeu a O POVO Cariri para uma entrevista. As lições aprendidas com seus pais, o início da vida como religiosa e educadora, o nascimento do Colégio Pequeno Príncipe e os diários aprendizados com seus alunos foram pontos abordados na conversa.

A senhora nasceu em Tauá. Por quanto tempo morou lá? Só um mês. Aí fui para Arneiroz, onde morava toda a minha família, tanto que eu me considero de Arneiroz.

EU NÃO ATINAVA PARA O QUE EU IA SER NA VIDA. EU ATINAVA PARA CRESCER NOS ESTUDOS.

Eu amo o local onde fui criada. Lá foi onde eu, realmente, cresci, estudei, me preparei, fiz até o 4º ano primário. Depois disso, eu vim para o Colégio Santa Teresa, no Crato. Eu tinha 14 anos. Eu repeti o 4º ano duas vezes para não ficar parada, porque em Arneiroz só tinha até o 4º ano.

Como era sua família? Qual foi a maior lição aprendida com seus pais?

Meus pais eram simples, família humilde, trabalhadora. Meu pai era um pequeno comerciante. Minha mãe era muito trabalhadora, nunca nos deixou ociosos, sempre com muito trabalho dentro de casa, costurando. Ela abriu uma pequena padaria dentro da nossa casa, onde nós todos trabalhávamos. Éramos sete filhos, comigo. Hoje, só eu estou viva. A maior lição foi justamente a honestidade, a dignidade e, também, o valor ao trabalho.

Quando criança, a senhora foi aluna da professora Maria Dolores Petrola de Melo Jorge, quem considera um exemplo. Pode falar um pouco da importância da professora Dolores em sua educação?

Foi uma segunda mãe para mim, essa senhora. Ela era minha prima legítima, foi minha primeira professora, da alfabetização ao 4º ano. Ela passou a ser professora do Estado, assumiu a escola e a gerenciava com uma boa formação cristã e pedagógica para todos nós. O exemplo foi de dignida-

12 ENTREVISTA O POVO CARIRI

HISTÓRIA

Filha de Crispim Morais e Maria Josina Feitosa de Morais, Maria Carmelina Feitosa nasceu em Tauá no dia 13 de setembro de 1921. A infância passou em Arneiroz, indo para o Crato aos 14 anos, onde cursou o ensino secundário e o curso normal no Colégio Santa Teresa, ingressando, aos 16, na Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus, onde iniciou sua vida religiosa e a prática do magistério.

Madre Feitosa se formou em pedagogia pela Faculdade de Filosofia do Crato e participou do primeiro curso de Orientação Educacional do Brasil, no Rio de Janeiro. Foi diretora do Colégio Santa Teresa de Jesus, secretária geral da Congregação, sendo eleita vice-supervisora geral da Ordem em três mandatos consecutivos, num total de 18 anos. Em 1961, assumiu a direção da Casa de Caridade de Crato, do Ginásio Madre Ana Couto e do Patronato Padre Ibiapina, três instituições da Fundação Padre Ibiapina, Diocese de Crato.

Em 1969, fundou o Colégio

Pequeno Príncipe, o qual dirige até hoje, aos 93 anos. Em 2007, Madre Feitosa foi homenageada pela Urca com a medalha Reitor Antônio Martins Filho e, em 2014, com o título de Doutor Honoris Causa, como reconhecimento aos seus serviços à educação. Ainda hoje, a educadora mantém a Casa de Caridade de Crato, entidade concebida e criada no século XIX pelo Padre Ibiapina. Sua trajetória é permeada por histórias daqueles que tiveram suas vidas transformadas por sua ajuda.

O POVO CARIRI ENTREVISTA 13

de. Ela era uma pessoa muito digna, muito responsável, muito cristã, com muita vivência de fé. Foi esse o legado que eu recebi dela.

Vem dessa época o desejo de trabalhar com educação?

O desejo de estudar. Eu não atinava para o que eu ia ser na vida. Eu atinava para crescer nos estudos.

A senhora entrou para a vida religiosa em 1938, aos 16 anos, e, posteriormente, se formou em pedagogia. Como foi esse início da vida profissional?

Me formei em pedagogia pela Faculdade de Filosofia do Crato e fiz o curso de Orientação Educacional no Rio de Janeiro, já freira. A madre me mandou com outra irmã para o Rio, ficamos na Faculdade Santa Úrsula, em Botafogo. Foi o primeiro, que houve no Brasil.

Depois disso, a senhora foi diretora do Colégio Santa Teresa, correto?

Sim. Por muitos anos. Fui também secretária geral da Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus, fui tesoureira da Congregação e vice-supervisora. Fui transferida do Santa Teresa para a Casa de Caridade do Crato em 1961. Antes, eu tive uma pequena transferência temporária para o Icó, para prestar um serviço de quatro meses. Depois prorrogaram por mais quatro [meses] e eu adorei a experiência.

Em 1969, a senhora fundou o Colégio Pequeno Príncipe. Como surgiu a ideia de abrir a escola? Não houve um projeto para o colégio nascer. Só existiam os colégios Santa Teresa e o Diocesano. O Santa Teresa tinha o Jardim da Infância e houve carência de vaga. Uma senhora me pro-

curou pedindo meu apoio para conseguir uma vaga lá. A irmã, que era diretora, “botou dificuldade”, mas me disse que, por atenção, abriria uma vaga. A primeira falou para outra e lá me vem uma segunda com o mesmo apelo e eu disse: ‘Minha filha, a irmã me pediu que não solicitasse mais’. Eu até sugeri que ela abrisse uma segunda turma, mas ela não aceitou’. Veio uma terceira mãe. Na conversa com ela, eu disse que, em 1961, um professor do colégio, o doutor Carlos Barreto, havia dito: ‘Madre, se a senhora abrir uma escola lá, meus filhos vão estudar com a senhora’. Eu disse: ‘Doutor, eu nem conheço a realidade de onde eu vou trabalhar, eu não posso abrir uma escola’. Naquela época, eu não dispunha de ambiente, não conhecia a realidade. Mas ela me perguntava: ‘Mas, madre, com quantos alunos a senhora abriria?’. Eu disse: ‘Com menos de 12 alunos eu não abriria’. Ela, na mesma tarde, arranjou os 12 alunos, acredita? Não foi brincadeira. Com poucos dias eu tinha 50 alunos. E a escola, de lá para cá, só fez crescer.

Qual foi o seu maior desafio profissional, nessa trajetória?

A criação do colégio e "levar" o colégio. Não é brincadeira conduzir uma escola que, a cada ano, cresce. O maior desafio é continuar no trabalho com essa idade e ainda estar dando minha pequena parcela. Eu estou passando já muita coisa até para ex-

14 ENTREVISTA O POVO CARIRI

-alunos que, hoje, trabalham comigo. Mas o pouco que eu puder dar, eu quero contribuir.

O que mais encanta a senhora na área de educação?

É, realmente, poder me dedicar às crianças e aos jovens. Eles me ensinam demais. A gente aprende com eles todos os dias. E sente o calor humano que vem da parte deles, como uma gratidão, tanta amizade. É uma semente plantada para germinar e crescer.

A senhora já teve seu trabalho reconhecido pela Universidade Regional do Cariri (Urca) em duas ocasiões, com a medalha Reitor Antônio Martins Filho, em 2007, e com o título de Doutor Honoris Causa, em 2014. O que essas homenagens significam para a senhora?

Generosidade da parte deles (risos). Não me considero merecedora desses títulos não.

QUEM CONHECE

“Eu estudei aqui [no Pequeno Príncipe]. Eu fiz fundamental I. Depois, meus dois filhos estudaram aqui da alfabetização até a faculdade e eu estou aqui, há 15 anos, como orientadora educacional e, agora, como coordenadora do ensino fundamental I. É uma história de muito afeto e ela [madre Feitosa] nem gosta de ouvir muito essas gratidões da gente não, porque ela tem a filosofia da simplicidade. Mas eu tenho a gratidão do quanto eu aprendi.”

Ana Cristina Coelho Bezerra

A senhora procura estudar até hoje?

Eu leio muito e quem lê, estuda. Eu leio diariamente. Isso faz bem até para minha saúde, na minha idade. [Para] Não ficar tão às margens das coisas.

O que a senhora gosta de ler?

Meu autor preferido é o Exupéry. Eu tenho todas as obras de Exupéry e o povo me traz muita coisa. O livro preferido é o Pequeno Príncipe. Exupéry é universal. O que mais gosto no livro é o humanismo, o sentimento humanitário dele, a construção do homem.

Qual a principal lição que a senhora quer sempre passar para aqueles que conhece?

O que acha que todos devem aprender?

Fazer o bem. Compensa fazer o bem. Viver a vida fazendo o bem. É gratificante e há um retorno do bem que se faz.

“A madre foi colega de minha mãe no Colégio Santa Teresa. Eu ia fazer o segundo grau no Crato. Eu tinha três tios aqui, mas minha mãe disse que eu ia ficar com outra mãe e me trouxe aqui para a Madre. Acabou que eu fiquei sendo filha mesmo. Eu vim com 14 anos e fiquei até os 17. Eu digo que foi o maior presente que minha mãe me deu. Eu conheci a caridade, a humildade. Aqui, eu aprendi as melhores coisas sobre fé, uma fé para a vida. Eu venho, anualmente, [no Colégio Pequeno Príncipe] e fico uma semana com ela. Aqui é o lugar de mais paz que eu encontrei na minha vida. Ela é considerada a maior educadora dos últimos tempos do Crato. É uma vida santa, é uma missão.”

“Eu cheguei aqui há 30 anos, fazendo faculdade. Na época, já era difícil encontrar uma instituição que lhe desse a oportunidade do primeiro emprego. Quando eu cheguei para falar com a madre, ela já era aquele ídolo e muita gente já sonhava em trabalhar aqui. Ela disse: ‘Sala de aula eu não tenho, mas você aceita datilografar carnê?’. Com uma semana, eu já estava na Secretaria e já estava dando aula. Quando eu entrei, eu observei que não foi só comigo, ela sempre deu muita oportunidade a quem estava começando. Ela dizia: ‘Tenha muito cuidado com a disciplina, mas tenha muito cuidado com o respeito a essas crianças, ensine com amor, com cuidado’”.

16 ENTREVISTA O POVO CARIRI

CRESCI MENTO PLANEJADO

O POVO CARIRI 18 MERCADO IMOBILIÁRIO

COM CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS, SOCIAIS E CULTURAIS CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO IMOBILIÁRIO, O SETOR NO CARIRI CHEGA A UM MOMENTO DE ESTABILIDADE EM QUE É PRECISO ENTENDER PARA ONDE CRESCER E DE QUE DEPENDE ESSE CRESCIMENTO

Sabryna Esmeraldo

sabryna@opovo.com.br

Acriação de um polo universitário, a cultura, as riquezas naturais e a realização de obras estruturantes nos últimos anos. Muitos são os fatores que contribuem para o crescimento do mercado imobiliário do Cariri e proporcionam boas expectativas para o futuro. O fato é que, nos últimos anos, o setor vem obtendo destaque e, hoje, chega a um período de estabilidade, apresentando-se como um segmento mais maduro, que entende suas demandas, suas deficiências e seu potencial.

MERCADO IMOBILIÁRIO 19
O POVO CARIRI
FOTOS MATEUS MONTEIRO

OS AVANÇOS

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego do Governo Federal, em 2013, a Mesorregião Sul (classificação do Governo Federal para a região do Cariri, incluindo a Região Metropolitana) contabilizou 447 estabelecimentos ou empresas da construção civil, com 3.393 empregos formais abertos pelo setor no período. Atualmente, conforme informações do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), são aproximadamente 11 mil postos de trabalho, entre diretos e indiretos, gerados pela construção civil na Região.

Já de acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea/CE), existem mais de 1.200 profissionais e cerca de 350 empresas construtoras registradas no sistema somente na região do Cariri, tornando a área a segunda com maior número de profissionais registrados, perdendo somente para Fortaleza e Região Metropolitana. Além disso, durante 2014, foram realizados 4.744 registros de novas obras e serviços ligados a edificações no Cariri, demonstrando um aumento em relação ao ano de 2013, quando foram realizados 3.895 registros. “O Crea/ CE tem percebido um aumento desses registros a cada ano”, afirma o engenheiro civil Victor Cesar da Frota Pinto, presidente do Conselho.

CONDIÇÕES FAVORÁVEIS

Entre as características da Região que colaboraram para esse crescimento do mercado nos últimos anos, Frota cita: a implantação da Universidade Regional do Cariri (Urca), na década de 1980; o reconhecimento pela Unesco dos valores geotectônicos da Região nos anos 2000, quando houve a criação do Geopark, com repercussão internacional; a implantação de grandes empreendimentos, como indústrias; e os comércios atacadistas.

Já outro fator, ressaltado pelo presidente do Crea/CE, é o círculo virtuoso

pelo qual o Cariri vem passando, nos últimos anos, com obras estruturantes. “Tais como a ampliação do aeroporto, a implantação do VLT, a construção do Hospital Regional, a construção de shoppings, a abertura e o alargamento de vias como a avenida Padre Cícero, que liga Juazeiro ao Crato, além das obras sociais de moradia do Governo Federal, que contribuíram para esse impulso no mercado imobiliário”, aponta.

Patrícia Coelho, superintendente do Sinduscon do Ceará no Cariri e diretora administrativa financeira da construtora CRC, explica que existia uma demanda reprimida para todos os públicos, o que aumentou com o desenvolvimento da região. “O Cariri, por ter localização geográfica privilegiada e uma grande potencialidade comercial, atrai pessoas diariamente para negócios em geral”, explica Patrícia.

Uma novidade prevista ainda para este primeiro trimestre é o anúncio de um novo empreendimento pelas empresas ABM Empreendimentos e Participações e A&B Engenharia, dos empre-

20 MERCADO IMOBILIÁRIO
O POVO CARIRI
Obra do Village Natureza, condomínio residencial da CRC

sários Adauto Bezerra, ex-governador do Estado do Ceará, e Aristarco Sobreira, engenheiro conhecido no mercado imobiliário estadual, respectivamente.

ESTABILIDADE

Segundo Felipe Néri, diretor regional do Sinduscon no Cariri e diretor da CRC, não houve acréscimo no número de unidades vendidas no ano de 2014 em relação aos anos anteriores, quadro que já demonstra a estabilidade para a qual o mercado da Região caminha. Para 2015, a expectativa é até de certa queda nas vendas.

De acordo com Néri, entretanto, ainda há grande demanda para a construção de habitações no Cariri, o que requer a construção de pelo menos dez mil unidades para um público que possui remuneração de até três salários mínimos. “O crescimento do mercado imobiliário dependerá das condições macroeconômicas do País”, destaca.

Concordando com o posicionamento, Victor Cesar da Frota, presidente Crea/CE, acrescenta que a tendência à estabilização se deve também a essas incertezas em relação ao crescimento da economia nacional. “Há registro de baixa em venda de imóveis na Região, mas o momento político em que vivemos gera incertezas, o que acaba minando as expectativas de investimentos de longo prazo.”

Mantendo-se positivo quanto ao futuro do mercado imobiliário do Cariri, Apolo Scherer, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), avalia o mercado da Região como promissor. “Muitos construtores, incorporadores e empreendedores têm investido na Região. Entendo o Cariri como um importante polo de desenvolvimento imobiliário nos próximos dez anos”, antecipa.

O MERCADO EM NÚMEROS

DIFERENCIAIS DA REGIÃO DO CARIRI

l Localização geográfica privilegiada. Proximidade com várias cidades de outros estados, muitas vezes, até mais próximo que suas próprias capitais;

l Turismo religioso;

l Potencialidade comercial latente;

l Polo de Educação. Do nível fundamental ao ensino superior, de excelente qualidade;

l Forte indústria de calçados;

l Polo de Saúde. Concentração de hospitais, clínicas e profissionais liberais, que terminam por atender cidades circunvizinhas, situação que acontece cada vez mais, com a instalação do Hospital Regional;

l Existência do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes.

Fonte: Sinduscon

Em 2013, o Cariri contabilizou 447

estabelecimentos ou empresas de construção civil. No mesmo ano, foram gerados, no setor,

3.393

empregos formais.

Atualmente, 350

empresas construtoras e 1.200

profissionais estão registrados na região do Cariri no sistema do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea/CE).

Em 2013, o Crea/CE contabilizou

3.895

registros de novas obras e serviços ligados a edificações no Cariri. Em 2014, o número aumentou para 4.744 registros.

Fonte: Fiec/Indi, Crea/CE e Sinduscon

MERCADO IMOBILIÁRIO 21 O POVO CARIRI

QUALIFICAÇÃO: CAUSA E CONSEQUÊNCIA

De acordo com dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CAU/CE), dos cerca de 111 mil arquitetos em atuação em todo o Brasil, 1.922 estão registrados no Ceará e, dentre esses, apenas 36 na região do Cariri. “Calculando-se a proporção de arquitetos em relação às respectivas populações verificamos que, no Brasil, temos cerca de um arquiteto para 1.800 habitantes; no Ceará, um arquiteto para 4.600 habitantes; e no Cariri, um arquiteto para 16.000 habitantes. Para efeitos comparativos, no Estado de São Paulo, a proporção é de um arquiteto para cada 1.200 habitantes”, informa Odilo Almeida Filho, presidente do CAU/CE.

A situação, entretanto, está mudando com a criação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN), cuja portaria foi autorizada pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 22 de novembro de 2013.

Segundo o presidente do CAU/CE, os números atuais indicam que a oferta de mão de obra especializada de Arquitetura e Urbanismo para os nove municípios que compõem a região do Cariri, cuja população, em 2014, segundo o IBGE, foi de 590.209 habitantes, ainda é muito abaixo da média nacional e estadual. “A partir desse ponto de vista, a abertura de mais um curso de Arquitetura e Urbanismo em nosso estado - ao todo são nove - é bem-vinda”, afirma.

Segundo o arquiteto Valdo Figueiredo, coordenador da graduação em Ar-

quitetura e Urbanismo da FJN, o curso tem sido o mais concorrido de todos os ofertados pela faculdade. Em sua terceira turma, a graduação recebe, todos os semestres, de 50 a 55 alunos. “Além de alunos de outras cidades prestarem vestibular, temos vários pedidos de transferência e ingresso como graduado de alunos que precisaram sair da sua cidade”, comenta Figueiredo.

OPORTUNIDADES LOCAIS

Com a criação, em 1977, do curso de Tecnologia da Construção Civil, oferecido pela Urca com as habilitações Edificações e Topografia/Estradas, a Universidade estima já ter formado em torno de 70 turmas, graduando-se cerca de 30 alunos por ano em cada curso. Além disso, a Urca oferece ainda pós-graduação em Gerenciamento da Construção

O POVO CARIRI 22 MERCADO IMOBILIÁRIO

No imóvel, a CRC utilizou, pela primeira vez no interior do Ceará, a tecnologia do concreto autoadensável

Civil e o Instituto Tecnológico do Cariri (Itec) oferta cursos de capacitação.

Segundo Jefferson Luiz Alves Marinho, chefe do Departamento da Construção Civil da Urca e Diretor do Itec, com o crescimento da região do Cariri, a demanda por profissionais da construção civil aumentou consideravelmente e muitos profissionais que se formam no local encontram na própria região a oportunidade de crescer profissionalmente. “Grande parte de nossos alunos, em função da formação em Topografia e Estradas, é absorvida pelas obras da Transposição da Transnordestina e do Cinturão das Águas, todas em execução na região do Cariri.”

FUTURO

Para Valdo Figueiredo é importante dar um passo de cada vez, para que seja possível construir uma base sólida que possa se desenvolver de maneira sustentável. “Agora é investir em cursos de pós-graduação na área, MBAs, eventos e mostras que possam apresentar a cara do arquiteto caririense para o Brasil e para o mundo”, afirma.

Para Patrícia Coelho, o momento do mercado pede de seus profissionais aperfeiçoamento. “Faz-se necessário uma conscientização geral de todas as pessoas envolvidas nessa cadeia para se reciclar o mais urgente possível. Existe uma carência, visível, que muito dificulta nosso segmento. Estamos vivendo uma fase de retração econômica, a que só sobreviverão os mais antenados com suas atividades”, alerta.

CURSOS

Em 2014, o Senai realizou 19 cursos das mais diversas áreas relacionadas ao setor da Construção Civil, capacitando, ao todo, 372 pessoas.

Os cursos ofertados são: Pintor de Obras; Mestre de Obras; Pedreiro de Alvenaria; Aplicador de Revestimento Cerâmico; e Montador de Estrutura e Chapas Drywall - Forro F 530 e Paredes Simples.

Os interessados nos cursos podem procurar o Senai da Região pelo telefone (88) 3102 5750.

O POVO CARIRI MERCADO IMOBILIÁRIO 23

A VERTICALIZAÇÃO DE JUAZEIRO

Citando a aquecida economia e a circulação de estudantes como pontos positivos para o crescimento do mercado imobiliário do Cariri, o corretor de imóveis Fagner Canuto Tavares conta que um ponto que demonstra o crescimento de Juazeiro do Norte, por exemplo, é a urbanização de várias áreas da cidade, com características mais modernas. “De cinco anos para cá, começou a ser mais intensa uma verticalização [no local], uma busca por condomínios”, acrescenta o também sócio proprietário da Imobiliária Canuto, empresa que, em 2014, alugou 350 imóveis e contabilizou R$ 35 milhões em vendas de imóveis.

De acordo com o arquiteto Figueiredo, é possível encontrar no Cariri desde studio de 45 m² e flats de redes nacionais a confortáveis casas em condomínio e luxuosos apartamentos com mais de 240 m².

“Aqui em Juazeiro a gente vê que os bairros Lagoa Seca e Planalto têm um crescimento bem mais acelerado que os outros bairros porque ficam próximos de áreas nobres e tinham muitos terrenos a serem explorados. Como só são construções novas, tornaram-se bairros mais interessantes”, acrescenta Tavares.

TECNOLOGIA

Com o desenvolvimento do mercado imobiliário, construtoras do Cariri investem não apenas em novas modalidades de imóveis, mas, também, em novas tecnologias. Com previsão de entrega para outubro deste ano, as 144 unidades do condomínio de prédios residenciais Village Natureza da CRC estão utilizando a tecnologia do Concreto Autoadensável.

Sendo utilizada pela primeira vez em uma obra no interior do Ceará, a tecnologia consiste em um concreto com um aditivo que o deixa fluido, mas conserva as demais propriedades, como resistência. Diferente do concreto convencional, a novidade não precisa de vibrador para adensar e acomodar na forma, o que possibilita o uso de forma de repetição e um processo de desenformar bem mais rápido. Enquanto o concreto tradicional leva cerca de 28 dias até poder ser de-

É POSSÍVEL ENCONTRAR NO CARIRI DESDE

STUDIO DE 45 M² E FLATS DE REDES NACIONAIS A

CONFORTÁVEIS CASAS EM CONDOMÍNIO E LUXUOSOS APARTAMENTOS

senformado, 14h após enformar o autoadensável, é possível fazer o teste de resistência para já utilizá-lo.

“Dá um acabamento muito melhor e nós fazemos a entrega da estrutura de um prédio [paredes e lajes] em 22 dias”, explica o engenheiro civil Teodomiro Ayres, acrescentando que a tecnologia permite eliminar o uso de madeira na estrutura. Outro diferencial é que o material dispensa o uso de chapisco (argamassa que dá aderência para utilização de reboco), de reboco e de emboço (para assentar cerâmica), o que também proporciona uma grande economia.

SERVIÇOS AQUECIDOS

“Atualmente, em Juazeiro, o núme-

ro de lojas cresceu bastante. E esse número traz uma concorrência que beneficia o consumidor, com mais opções de preço”, comenta Afonso Bezerra Saraiva Neto, proprietário do escritório Cariri Design.

Exemplo dessa realidade são as Lojas Top Móveis. A rede está em Juazeiro desde 2011 e, hoje, já tem duas unidades no centro comercial da Cidade. A marca tem percebido um aumento na procura por móveis e artigos de decoração. “Acredito em média geral de [crescimento de] 15%, tendo períodos de maior pico, a exemplo da liberação das casas do programa Minha Casa Minha Vida”, afirma Gigliola Arraes, gerente de vendas da Top Móveis.

O POVO CARIRI 24 MERCADO IMOBILIÁRIO
Prédio Central Park, da CRC, em Juazeiro do Norte.

CÍ CE ROS

HISTÓRIAS DIFERENTES, CRENÇAS DIVERSAS, MAS UMA SEMELHANÇA: POR CAUSA DA FÉ DE SEUS PAIS, ELES TÊM O MESMO NOME DE PADRE CÍCERO O POVO CARIRI 26 ESPECIAL FOTOS MATEUS MONTEIRO
O POVO CARIRI ESPECIAL 27

No dia 24 de março, é comemorado o 171º aniversário do nascimento de Padre Cícero.

O maior símbolo religioso de Juazeiro do Norte move, anualmente, milhares de romeiros que depositam no Padre a sua fé. Entre romarias, orações e agradecimentos, há famílias que encontram, ainda, outra forma de homenagear o “padim”.

Em uma cidade em que é possível ver a estátua do Padre em vitrines, seu nome em lojas, ruas e empresas, há pessoas que levam no próprio nome a lembrança daquele que seus pais tiveram como santo.

O número de Cíceros em Juazeiro do Norte é praticamente incalculável. Há famílias em que a homenagem não se restringiu ao primeiro nome do Padre. Romão e Batista, os sobrenomes, também passaram a ser nomes de destaque.

Situada no Centro de Juazeiro do Norte, a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro se tornou um dos lugares considerados sagrados e de grande visitação em Juazeiro. Em seu altar-mor, estão sepultados os restos mortais de Padre Cícero

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ESPECIAL O POVO CARIRI

Cícera Lopes de Oliveira, registrada em cartório como neta adotiva de Padre Cícero

NETA DE PADRE CÍCERO

Ainda criança, Petronila Maria da Conceição foi levada para ser criada por Padre Cícero, que, na época, criava 12 meninas e 12 moças pobres. O sacerdote ajudou em sua educação e até no momento de casar. Da união com Pedro Sebasto, que passou pela aprovação do padre, nasceram mais de dez filhos. O religioso escolheu o nome de vários, mas quando a moça engravidou de gêmeos, ela disse: “Agora é minha vez, eu boto o nome que eu quiser” e batizou as meninas de Cícera e Romana.

Quem conta a história é Cícera Lopes de Oliveira, que, com a ajuda de uma das irmãs de criação da mãe, conseguiu junto com a irmã, Romana Menezes Silva, ser registrada no cartório como neta adotiva de Padre Cícero. A homenagem ao religioso se completou com o batismo do irmão, João Batista Menezes Lopes, já falecido. “Minha santa mãe, como eu me acostumei a chamar, contava histórias de como foi a vida dela. Ele (Padre Cícero) ajudou ela nos estudos, ajudou a casar, foi o pai que ela teve”, explica Cícera.

Enquanto conta partes da história de Padre Cícero, é possível perceber a ad-

TODA A NOSSA VIDA FOI EM PROL DE CONHECER CADA VEZ MAIS NOSSO PADRE CÍCERO.

miração em sua voz. Assim como a mãe, a pedagoga passou a devoção ao Padre para a família. “Eu só faço três festas na minha casa: a Renovação do Meu Sagrado Coração de Jesus; o aniversário de meu Padre Cícero, em 24 de março; e o Café dos Beatos que andavam com meu Padre Cícero no Santo Sepulcro, no último domingo de julho”, cita.

Para Cícera, que vai diversas vezes por ano ao Horto e, uma vez por ano, ao Santo Sepulcro (local aonde o sacerdote ia para rezar com os beatos), o Padre Cícero já é considerado santo. “Toda a nossa vida foi em prol de conhecer cada vez mais nosso Padre Cícero. Eu converso com Nossa Senhora e com meu Padre Cícero com minha velinha acesa. Eu me orgulho. A fé que move montanhas é a que eu tenho.”

EM NOME DE DUAS VIDAS

Quando a mãe de Romão, como é mais conhecido hoje, entrou em trabalho de parto daquele que seria seu décimo filho, complicações levaram os médicos a acreditar que apenas um, ou a mãe ou o bebê, poderia sobreviver. O pai, entretanto, não aceitou tal condição. “Meu pai já tinha nove filhos. Ele poderia ter dito ‘não, salve minha esposa’, mas ele quis salvar os dois”, conta Romão, motorista de transporte escolar. E assim aconteceu. Com a fé voltada para Padre Cícero, de quem era muito devoto, João Moreira Dias pediu pela vida da esposa Maria Nogueira Dias e do filho, que, como agradecimento à graça alcançada, foi batizado com o nome de Cícero Romão Batista. “Achei uma história muito bonita, ele usou o que tinha para nos salvar”, conta Romão.

GRAÇAS À FÉ DELE E À DECISÃO DE SALVAR

OS DOIS, EU PUDE

CONHECER MINHA MÃE

A única reclamação que tem em relação à homenagem é não ter incluso em seu nome o sobrenome da família. Além disso, o desejo do pai de que ele se tornasse padre não se realizou. Evangélico, atualmente, Romão, mesmo não compartilhando das mesmas crenças do pai, é grato por sua fé. “Graças à fé dele e à decisão de salvar os dois, eu pude conhecer minha mãe”, comenta.

O motorista de transporte escolar Cícero Romão Batista
ESPECIAL 29 O POVO CARIRI

TRILHOS DO CARIRI

VEÍCULOS LEVES SOBRE TRILHOS RODAM NO CARIRI FACILITANDO O DESLOCAMENTO ENTRE OS MUNICÍPIOS DE JUAZEIRO DO NORTE E CRATO. MAS VOCÊ SABE O QUE É E ONDE É FEITO ESSE TRANSPORTE?

O POVO CARIRI 30 ECONOMIA

Um dos sinais de modernidade de um local é a forma de seus moradores se locomoverem. E o Metrô do Cariri, em operação desde 2010, é uma prova não só do avanço da Região, mas também do sucesso da Bom Sinal, que fabrica Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs).

Instalada no Cariri, mais precisamente no município de Barbalha, a empresa

tem quase 20 anos de mercado produzindo assentos plásticos de estádios, móveis escolares e VLTs. Desde a década de 1990, a empresa mantém parceria com o Governo do Estado do Ceará, que a levou a conhecer a região caririense e escolher a área para implantar a sua fábrica. “O Cariri é uma região bastante desenvolvida, que conta com aeroporto, rede hoteleira, além de diversas e importantes universidades, cursos de tecnologia e amplos comércio e indústria, ambiente ideal para a instalação da nossa empresa”, contextualiza Sávio Maurício Araújo, gerente comercial da Bom Sinal.

SOBRE VLTS

Diferentemente do modelo de metrô mais conhecido - que transporta, em média, 100 mil passageiros por hora - o VLT é capaz de levar cerca de 20 mil passageiros por hora, por isso, é caracterizado como uma composição de capacidade de transporte leve. “Quando é desenvolvido um projeto de infraestrutura de transporte, o modal é escolhido pela sua capacidade de transporte em função da demanda estimada”, explica o gerente comercial da Bom Sinal, Sávio Maurício Araújo.

O POVO CARIRI ECONOMIA 31
Fotos do Metrô do Cariri FOTOS DIVULGAÇÃO

CRESCIMENTO QUE VEM DO SEMIÁRIDO

Atualmente, o Metrô do Cariri tem uma extensão de 13,9 km e interliga os municípios de Juazeiro do Norte e Crato. Com uma demanda de cerca de cinco mil passageiros por dia, o modal possui duas composições movidas a biodiesel. “O VLT com alimentação a diesel é uma opção muito interessante para os países em desenvolvimento, pois tem custo de implantação, significativamente, menor que o VLT elétrico e capacidade de transporte duas vezes maior que o BRT (Bus Rapid Transit, sigla em inglês), além de índice de emissões [de gás carbônico] 50% menor. O VLT transporta, assim, o dobro de pessoas e polui a metade em relação ao BRT sem custo maior para sua implantação”, ressalta Sávio.

Mais do que oferecer facilidade e rapidez no transporte público, os VLTs também ajudam a movimentar a economia do Cariri. Somente em 2014, foram produzidos 45 composições, gerando um faturamento em torno de R$ 45 milhões. “No primeiro ano, a Bom Sinal faturou apenas quatro milhões [de reais], o que ilustra as grandes perspectivas de crescimento da empresa. Temos como meta o faturamento de, pelo menos, R$ 600 milhões em 2020”, adianta o gerente comercial. Para este ano, a expectativa é que sejam produzidos mais 57 VLTs, gerando faturamento de cerca de R$ 200 milhões.

Cidades como Recife, Maceió, Natal e João Pessoa já têm implantados VLTs construídos pela Bom Sinal. Sobral, Fortaleza, São Luís e Rio de Janeiro serão os próximos locais a receber as composições da empresa. A companhia está negociando, ainda, a venda de vagões para outros países da América Latina.

Com cerca de 75% de nacionalização do produto e empresa 100% nacional, a Bom Sinal tornou-se referência na fabricação de VLTs movidos a diesel no Brasil. “Além da liderança de mercado no segmento de VLT diesel, observamos o desenvolvimento de alta tecnologia mesmo estando no semiárido brasileiro, local menos desenvolvido do País, mostrando que, independente da região e das condições, o Brasil tem capacidade de crescimento e desenvolvimento”, defende Sávio.

FORTALEZA NATAL MACEIÓ JOÃO PESSOA CARIRI RECIFE
PELO
DA
32 ECONOMIA
QUE RECEBERÃO VLTs DA MARCA
QUE JÁ TÊM VLTs DA MARCA O POVO CARIRI
SOBRAL SÃO LUÍS
RIO DE JANEIRO VLT's
BRASIL
BOM SINAL
CIDADES
CIDADES

O empresário Ramiro Razo, da Cidade do México, montou junto com dois sócios o restaurante Seu Gringo em Juazeiro do Norte

FOTOS MATEUS MONTEIRO O POVO CARIRI 34 COMPORTAMENTO

INTERIOR A CAMINHO DO

VINDAS DA CAPITAL, DE CIDADES PRÓXIMAS E ATÉ DE OUTROS PAÍSES, MAIS PESSOAS CHEGAM AO CARIRI EM BUSCA DE OPORTUNIDADES E DE QUALIDADE DE VIDA

Sair das grandes cidades e migrar para o interior em busca de qualidade de vida ou mais oportunidade de emprego está se tornando comum em todo o País. No Ceará, esse movimento é percebido, principalmente, pelos moradores da região do Cariri, que têm visto um grande movimento de pessoas nas cidades.

A implantação de grandes empresas, franquias e a chegada de universidades aqueceram a economia local, atraindo estudantes, empresários e profissionais de diversas áreas. São pessoas que, em geral, buscam conhecimento ou querem uma oportunidade de fazer diferente no mercado de trabalho.

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a região do Ceará que mais recebeu pessoas de alta escolaridade – desde universitários à pós-doutores - foi o Cariri. Entre 2005 e 2010, as cidades caririenses tiveram um ganho de 1.263 imigrantes desse grupo.

Além dos motivos econômicos, os atrativos naturais da Região também são valorizados na hora de decidir pela mudança. Em Juazeiro do Norte, por exemplo, o desenvolvimento da cidade com a

SEGUNDO DADOS DO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), A REGIÃO DO CEARÁ QUE

MAIS RECEBEU PESSOAS DE ALTA ESCOLARIDADE FOI O CARIRI

junto com dois sócios, o Seu Gringo, um restaurante que mistura comida americana – hambúrgueres e costelas - com iguarias tradicionais do México – tacos e burritos. Morando no Brasil desde 2009, Razo enxergou a oportunidade no crescente mercado local e não teve medo de investir.

“Juazeiro do Norte tem crescido bastante nos últimos anos. É uma cidade que oferece muitas oportunidades. Já conheci várias pessoas que, como eu, mudaram-se de suas cidades de origem para morar aqui, principalmente, vindas de São Paulo e Recife”, destaca Razo.

Além do mercado, o empresário escolheu o local por outros motivos. “Gosto da natureza daqui. Serras, nascentes de água que existem nas proximidades, e de comidas típicas, como a galinha caipira. Gosto do povo do Cariri e do povo cearense em geral, já que desde o primeiro dia que cheguei sempre fui bem acolhido”, comenta.

preservação das características interioranas chamou a atenção da assistente social Elaine Viera. A receptividade do povo do Cariri também foi um diferencial para o estudante Antonio Lima e para o empreendedor Ramiro Razo.

PARA EMPREENDER

O ganho populacional e econômico foi um dos motivos que trouxe Ramiro Razo, da Cidade do México, para empreender no Cariri. O empresário montou,

SUCESSO PESSOAL E PROFISSIONAL

Moradora de Juazeiro do Norte, Elaine Vieira está na Região há quase três anos. A assistente social, que também já morou no Crato, é natural de outra cidade do interior, Boa Viagem, no Sertão Central. “Gosto do Cariri pelo fato de ser uma região interiorana com ares de capital. As cidades já têm certo nível de desenvolvimento econômico, então

O POVO CARIRI COMPORTAMENTO 35

podemos encontrar diversos serviços disponíveis”, explica.

Para ela, o motivo da mudança para Juazeiro foi pessoal e profissional. “Meu marido é de Barbalha e, quando casamos, resolvi mudar para a Região, pois era mais próximo da cidade onde eu trabalhava anteriormente. Hoje, eu e ele trabalhamos em Juazeiro do Norte.”

Elaine destaca que o fato das pessoas irem morar na Região se deve, principalmente, pelas ofertas profissionais e acadêmicas. “As pessoas mudam-se em busca de postos de trabalho ou vagas nas instituições de ensino superior, mas também estão fugindo das capitais por causa da violência, do trânsito e encontram aqui uma boa opção de moradia.”

FACULDADE, AÍ VOU EU!

O levantamento do Ipea mostra, ainda, que do total de 3.305 pessoas de alta escolaridade que chegaram ao Cariri, 788, são de Fortaleza. Pouco mais da metade do universo avaliado entre os que partiram e chegaram na Região. Antonio Lima Júnior é morador de Juazeiro do Norte, mas natural da Capital cearense e compõe esse grupo.

O estudante, de 21 anos, decidiu ir estudar longe de casa pela oportunidade de ingressar no curso desejado. “Na época, foi uma decisão difícil, pois nunca havia saído de casa. Minha família mesmo não acreditou que eu viria para o Cariri”, conta Júnior.

Graduando em jornalismo, Júnior mora sozinho e se habituou ao estilo de vida da Cidade. “Gosto muito da cultura local, das diferenças frente à Fortaleza. Gosto das pessoas que conheci aqui e da acomodação que tive ao chegar. Juazeiro é um berço econômico no sertão, além da questão acadêmica. Temos muitas faculdades públicas e privadas na região, em grande desenvolvimento”, declara.

AS PESSOAS MUDAM-SE EM BUSCA DE POSTOS DE TRABALHO OU VAGAS NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR, MAS TAMBÉM ESTÃO FUGINDO DAS CAPITAIS POR CAUSA DA VIOLÊNCIA, DO TRÂNSITO

Segundo o estudante, é possível observar um grande movimento de pessoas que têm ido morar na Cidade. “A romaria traz muita gente para cá, que acaba gostando e resolve morar aqui.”

A assistente social Elaine Vieira veio de outra região do Estado para trabalhar no Cariri
O POVO CARIRI 36 COMPORTAMENTO
Antonio Lima Junior saiu de Fortaleza para estudar Jornalismo em Juazeiro do Norte

ECONOMIA COMO ATRATIVO

De 2002 a 2010, foi também a época em que o crescimento da economia do Estado teve grande participação das macrorregiões Cariri/CentroSul, segundo números divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Embora a maior concentração do Produto Interno Bruto (PIB) estadual ainda esteja na Região Metropolitana de Fortaleza, esta tem perdido espaço nos últimos anos, enquanto as macrorregiões interioranas ampliaram a contribuição para a economia do Ceará.

A EVOLUÇÃO DO PIB CEARENSE

Concentração econômica em Fortaleza e Região Metropolitana (RMF):

65,62%

do PIB do Estado (R$ 18,96 bilhões), em 2002; 64,99%

do PIB do Estado (R$ 50,60 bilhões), em 2010.

Concentração econômica na região do Cariri/CentroSul: 9,72%

do PIB do Estado (R$ 7,57 bilhões), em 2010.

Veja a pesquisa completa do Ipece em http://migre.me/oUpnv

MIGRAÇÃO CARIRI

A pesquisa do Ipea* A Migração como Fator de Distribuição de Pessoas com Alta Escolaridade no Território Brasileiro revelou, no período de 2005 a 2010, os seguintes números em relação à região do Cariri:

REGIÃO DO CARIRI

SAÍRAM

2.041 CHEGARAM 3.305 SALDO 1.263

CARIRI E OUTRAS REGIÕES DO CEARÁ

SAÍRAM 937 CHEGARAM

2.059 SALDO

1.121

CARIRI E O BRASIL (EXCETO CEARÁ)

SAÍRAM

1.104 CHEGARAM

1.246 SALDO 142

*A Migração como Fator de Distribuição de Pessoas com Alta Escolaridade no Território Brasileiro desenvolvida pelos técnicos do Ipea, Agnes de França Serrano; Herton Ellery Araújo; Larissa de Morais Pinto; Ana Luiza Machado de Codes.
COMPORTAMENTO 37 O POVO CARIRI

ENTRE AMIGOS N

ão é de hoje que o Cariri desponta nas estatísticas nacionais de crescimento no ramo moveleiro. Com isso, várias empresas de móveis planejados aterrissaram na região, entre elas a BENTEC.

E quem veio pessoalmente conhecer os profissionais parceiros da Bentec foi o CEO da marca, João Paulo Pompermayer. Em uma noite descontraída, com cara de jantar entre amigos, o executivo deu uma de chef da noite e fez um jantar para arquitetos, decoradores, designers, publicitários, construtores e parceiros da BENTEC Cariri, uma das marcas administradas pelo grupo Decorarte, dos empresários José Aucino e Eliana Pinheiro.

A Proposta do João Paulo foi trazer o sabor e aromas do Rio Grande do Sul para uma acalorada noite caririense, regada a muito vinho e finalizada com uma deliciosa galinhada na cerveja. O som da noite ficou por conta do arquiteto Valdo Figueiredo, que montou uma playlist para o evento, transformando o jantar em boas horas de música e conversa noite adentro.

38 ECONOMIA
+ design + arquitetura + decoração + construção Arquiteto e coordenador da graduação em arquitetura e urbanismo da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN).
VALDO FIGUEIREDO
1. CEO da Bentec como chef 2. Alana Feitosa 3. Claudio Regis e Adolfo Ratts 4. Brinde
1 2 3 4
1. Eliana Pinheiro, Jose Aucino, Ricardo Ferreira, Daniel Ferraz, Joao Paulo Pompermayer e Felipe Ferraz 2. Isabela Geromel 3. Yllara Brasil 4. Jantar 5. Janaina Maciel, Hiala Maciel, Fabiana Leite e Deborah Melk
1 4 5 7 9 10 11 8 6 2 3 O POVO CARIRI
6. Maria Tereza Coelho 7. Monica Crisostomo, Eliana Pinheiro e Angelo Victor 8. Ricardo Ferreira, Daniel Ferraz, Jose Aucino, Eliana Pinheiro, Renato Fernandes e Felipe Ferraz 9. Pedro, Bruno Camarotti, Andre alves, Elian Pinheiro e Joao Paulo Pompermayer 10. Valdo Figueiredo, Eliana Pinheiro, Nertan Nicodemos e Joao Paulo Pompermayer 11. Nertan Nicodemos, Maria Tereza, Carol Mendonca, Eliana Pinheiro e Joao Paulo Pompermayer
FOTOS MATEUS MONTEIRO
O POVO CARIRI 40 GASTRONOMIA
Ana Possina Siqueira, proprietária da Amora Confeitaria

DE DAR ÁGUA NA BO CA

MISTURANDO NOVIDADE, PRAZER E

QUALIDADE, A GASTRONOMIA CARIRIENSE

GANHA SOFISTICAÇÃO, QUALIFICA

PROFISSIONAIS E MOVIMENTA A

ECONOMIA LOCAL

GASTRONOMIA 41 O POVO CARIRI

Apaixão pela gastronomia veio de berço. Ana Possina Siqueira, confeiteira e empresária, cresceu vendo sua mãe trabalhando com doces e recebendo encomendas de bolos confeitados e sobremesas de vizinhos e amigos. Os anos se passaram e a jovem decidiu se especializar na área, participando de um curso técnico em gastronomia pelo Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec) e, ainda, acompanhando eventos e congressos de gastronomia.

Possina percebeu que não bastava colocar, literalmente, a mão na massa. Era preciso também saber administrar suas produções. Então, graduou-se em administração pela Universidade Federal do Cariri (UFCA) e, no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), nasceu um plano de marketing de uma confeitaria.

Em maio de 2014, decidiu colocar em prática o TCC, juntamente com o sócio do restaurante onde trabalhava, Joaquim Oliveira. Quatro meses depois, nasceu a Amora Confeitaria, em Juazeiro do Norte. “[A confeitaria] traz uma proposta diferente. Uma das coisas com que a gente mais se preocupa é o sabor. Usamos matérias-primas de qualidade, temos referências francesas e fazemos doces saborosos e refinados.”

Além da parte de doces, o local também possui uma variedade de salgados, crepes e tapiocas, para manter o sabor regional. Além de ingredientes “da terra”, Possina também ousa, apostando em elementos de fora. Amêndoas, blueberry (ou mirtilo), framboesa e, claro, amora são alguns dos ingredientes que estão sempre nas delícias da casa. Ficou com água na boca? Ela diz que são imperdíveis a torta de churros e a mil folhas.

A empresária atribui o sucesso da Amora a alguns fatores. Um deles foi a faculdade de administração. “Já era da gastronomia, mas depois de passar pelas adversidades, consegui colocar o projeto na prática, obtendo as ferramentas necessárias para abrir o negócio de uma forma mais completa”, explica.

Outro fator crucial foi o crescimento do mercado gastronômico na região do Cariri. Ela explica que quando concluiu o curso de gastronomia, havia poucos espaços para atuar e obter conhecimentos práticos. “Com a vinda de universidades, o nicho está aflorando. O crescimento está avançado e tem qualidade.”

SERVIÇO

Amora Confeitaria

Avenida Leão Sampaio - Juazeiro do Norte

Telefone: 88 3571 3419

O POVO CARIRI
42 GASTRONOMIA

POLO GASTRONÔMICO

Senac, Sebrae, Abrasel e a Prefeitura de Juazeiro do Norte estão juntos para uma boa causa: a abertura do Polo Gastronômico do Cariri. Pensado para o bairro Lagoa Seca, em Juazeiro do Norte, o projeto envolve cerca de 30 empresas, entre elas: restaurantes, bares, lanchonetes, padarias e meios de hospedagem. De acordo com Isaac Coimbra, gerente de negócios estratégicos do Senac, o projeto aguarda aprovação da Prefeitura na Câmara dos Vereadores.

TÉCNICA E CONHECIMENTO

MERCADO ASCENSÃOEM

Assim como a Amora Confeitaria, outros estabelecimentos gastronômicos têm se destacado na região do Cariri. Segundo Bruno Modolo, chef e consultor de gastronomia do Senac/CE, o mercado encontra-se em um cenário promissor e em constante crescimento, principalmente, nos últimos anos.

“A variedade é grande. Você encontra uma diversidade em áreas de atuação. Não tem só comida regional. Tem restaurantes gourmet, confeitarias, hamburguerias, contemporâneos”, explica. Segundo Modolo, os maiores destaques, não por acaso, são os que estão mais preocupados com a qualidade da produção e o atendimento. Na maioria dos casos, o Senac é responsável pelo desenvolvimento de trabalhos que qualificam mão de obra, uma das maiores carências não só da Região, mas de todo o Estado.

Por outro lado, “a gente vê uma movimentação crescente em investimento de qualificação profissional”. Com isso em vista, Modolo

estabelecimentos estão registrados na região do Cariri 2 MIL

empregos diretos são gerados pelo mercado

FONTE: SEFAZ

afirma que, ainda em 2015, o Senac ampliará a sua atuação, aumentando as opções de cursos em Juazeiro e inaugurando outra unidade na Cidade.

Para os que desejam começar ou aperfeiçoar os seus conhecimentos no universo gastronômico, o Senac oferece cursos por toda a região do Cariri, indo desde auxiliar de cozinha a cozinheiro, passando por outras funções como salgadeiro, padeiro e confeiteiro, além de garçom e bartender. Alguns já estão com inscrições abertas e oferecem oportunidade de bolsas.

Dentre os cursos que mais se destacam está o de gastronomia, que possui 800 horas de duração. Apesar do longo tempo da capacitação, Isaac Coimbra defende que os profissionais são reconhecidos na Região com salário de, em média, R$ 4 mil.

Os empresários também podem contar com consultorias, conforme afirma Coimbra. Os cursos de capacitação são ofertados tanto para quem quer entrar no mercado quanto para quem já está atuando. O Senac ainda possui um banco de oportunidades, onde os dados dos profissionais qualificados pela Instituição são armazenados e ofertados ao mercado.

Para mais informações, acesse o site do Senac: http://cursos.ce.senac.br/

GASTRONOMIA 43
NÚMEROS 400
O POVO CARIRI

GERAÇÕES O SOM DE

44 CULTURA O POVO CARIRI
FOTOS MATEUS MONTEIRO
Mestre Raimundo Aniceto, da banda cabaçal dos Irmãos Aniceto

O professor e pesquisador de música Márcio Mattos e seu aluno bolsista Fábio Castro

MAIS DO QUE O SOM CARACTERÍSTICO, O PIFE TEM OUTRO

ELEMENTO

MARCANTE: A HISTÓRIA DE UMA TRADIÇÃO DE CONSTRUIR INSTRUMENTOS

QUE VAI PASSANDO DE PAI PARA FILHO

Osom é adocicado, ora suave, ora estridente. Sem dúvidas, marcante. A sonoridade do pife remete a lembranças, memórias de um tempo que nem todos viveram, mas que guardam em si. O pífano, pífaro ou, simplesmente, pife é uma espécie de flauta, que pode ser feita de madeira, osso ou, mesmo, de PVC... As mais comuns, que ouvimos nos toques de tradicionais músicas regionais, são feitas em taboca boio ou taquara, uma espécie de bambu grosso que existe em várias regiões do Brasil. Engana-se aquele que pensa que o uso do instrumento está restrito aos gru-

NÃO DÁ PARA DIZER QUE O PIFE ERA INSTRUMENTO INDÍGENA. É UM INSTRUMENTO QUE ESTÁ PRESENTE EM VÁRIAS CULTURAS

pos de cultura popular ou aos festejos das cidades do interior. “O pífano também é usado na música erudita, embora com outros propósitos", coloca Márcio Mattos, professor de música e pesquisador da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E Márcio explica: "Qualquer pedaço de madeira oco que seja soprado produzirá sons, porém, com o passar do tempo, esse tipo instrumento foi sendo aperfeiçoado até chegar na flauta transversal de metal - que é classificada como um instrumento da família das madeiras - ou um saxofone, um clarinete etc.”.

HERANÇA DE FAMÍLIA

Uma das principais características do pife é o fato dele, geralmente, ser construído pelo próprio pifeiro. Segundo Mattos, “desde quando as pessoas começa-

CULTURA 45 O POVO CARIRI

ram a tocar, elas começaram a fazer [seus instrumentos]”. É difícil precisar datas quando o assunto é instrumento musical. Saber quando ele começou a ser feito, quando começou a ser tocado. Tudo isso é complicado, uma vez que um instrumento recebe influências de várias culturas.

O fato é que podemos até não saber quando o instrumento começou a ser feito, mas, ainda hoje, observamos no Cariri a tradição de construir os próprios instrumentos, arte passada de pai para filho há gerações. “São pessoas que não têm recursos para comprar instrumentos. Além disso, estamos falando de grupos que, pelo menos no Cariri, tiveram início no século XIX ou até antes, quando não se tinha onde comprar instrumentos, porque não havia mesmo. Da mesma forma que construíam um fogão, suas bolsas, seus chapéus, suas roupas, também faziam e fazem seus instrumentos”, aponta o pesquisador.

No Ceará, o pife estava presente entre os índios. De acordo com Márcio Mattos, “não dá para dizer que o pife era instrumento indígena. É um instrumento que está presente em várias culturas. O que talvez possa se dizer é que, por ser um instrumento de confecção razoavelmente simples, era uma opção para que povos de uma determinada cultura produzissem música“.

ARTE À FLOR DO PIFE

“Todos os instrumentos são feitos pela gente [sic]. É regional. A gente

nunca pagou um instrumento para ninguém fazer. A gente constrói desde meu pai." Com essas palavras e de forma bem simples é que Mestre Raimundo Aniceto, da banda cabaçal dos Irmãos Aniceto, começa a contar a história da tradição da família em confeccionar os próprios instrumentos, dentre eles, o pife. “A gente pega as tabocas que meu pai plantou. Meu pai, que era índio kariri, e fez essa plantinha. Se chama a taboca boio, isso aqui para nós. No Sul tem muita taquara. É um material muito lindo para fazer o pife, mas nós, aqui, não ‘contém’ a taboca taquara.”

Raimundo Aniceto começou a tocar com cerca de sete anos de idade. Na mesma época, construiu seu instrumento. “Comecei no tarol, que é meio que

‘a mulher do zabumba’. Do tarol passei para o pife e hoje toco todos os instrumentos e construo.” A forma de fazer o pife é completamente artesanal. “Esse pife, a gente tira a taboca do mato, ‘bota’ ela pra secar. Aí depois vem com dois ferros quentes, a gente faz um fogo, e tem aquele ferro próprio pra furar”, explica Raimundo, que hoje detém o título de Mestre da Cultura Popular, concedido pelo Governo do Estado do Ceará.

A arte de fabricar o pife é ensinada a filhos, netos, sobrinhos e a quem mais quiser aprender. “É uma tradição. A minha banda, ‘nós’ [sic] não quer deixar morrer não. A cabaça, a gente sempre diz que enquanto existir os irmãos Aniceto, o folclore não se acaba no nosso Brasil. A gente não deixa.”

O POVO CARIRI 46 CULTURA

PONTO DE VISTA

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Marcos Sampaio*

Um artista, no sentido lato da palavra, é mais que um cantor, escultor ou pintor. Um artista é como um retrato que exibe um tempo, um povo e um conjunto de sensações. E ele faz isso porque precisa. É mais forte que suas vontades, necessidades ou aspirações. Assim são os Irmãos Aniceto, grupo de seis caririenses que pareciam um único corpo quando pegavam suas flautas e se jogavam no terreiro para dançar. Sem figurinos ultraproduzidos, coreografias mirabolantes ou arranjos floreados, eles só reproduziam uma tradição aprendida e passada de pai para filho. Digo "só" porque não havia segredo ou concursos para o que eles faziam. Pelo contrário, a arte que eles fazem é uma obra aberta, pública e que ganha novos significados cada vez que é apresentada. Mais que artistas do Crato, eles são brasileiros, filhos da humildade árida do sertão cearense, que encontraram na música e na dança uma forma de aliviar o peso do dia e expressar os modos de ser, falar e agir de uma porção apartada e esquecida do País. E é por isso que essa tradição não pode se acabar nunca. Por isso também os Irmãos Aniceto precisam, mais que valorizados e reconhecidos, ser assistidos. Pois só diante do público uma obra de verdade faz sentido.

* Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música do Caderno Vida & Arte. Também escreve no blog Discografia, do O POVO Online e apresenta o programa Conexão Agenda, na TV O POVO

SAUDADE QUE DESMANTELA

“A gente ainda hoje está pesaroso porque nós começamos a tocar desde novinho. E o ‘Tonho’ solava o pife, não era brincadeira não... Era o primeiro pife do Brasil! Nós ‘era’ tudo iguais, mas ele fazia a primeira e eu fazia a segunda, e nós ‘desmantelava’ (risos), era uma maravilha! Ainda hoje estou sentido que estou sozinho. Estou mais um sobrinho, mas os sobrinhos estão aprendendo agora, eles são novos na arte. [O Mestre] Antonio [José Lourenço da Silva] morreu com 83 anos [dia 12 de janeiro deste ano], aí fiquei sozinho mais os meninos que tinham eu como mestre...”

48 CULTURA
MAURI MELO
O POVO CARIRI
MATEUS MONTEIRO

RA CAL DI CARIRI

FOTOS MATEUS MONTEIRO 50 ECONOMIA O POVO CARIRI TURISMO

RAPEL, ESCALADA, TRILHAS E OUTROS PASSEIOS MISTURAM TURISMO DE AVENTURA E ECOTURISMO EM MEIO ÀS BELEZAS

INDESCRITÍVEIS DA REGIÃO

Otrajeto tem início no Crato. O destino: a Pedra do Castelo, em Nova Olinda. As atividades: rapel e escalada. Durante o caminho, o guia Aristóteles Grangeiro Teles, ou Tota, como é conhecido, conta aos participantes da aventura um pouco sobre a história da Praça da Sé (no Crato) e da personalidade Bárbara de Alencar. Na estrada, já é possível perceber a mudança da vegetação.

A 6 km de seu destino, a excursão para no Geossítio Ponte de Pedra, local sagrado para os índios Kariri, onde só podem trafegar duas pessoas por vez. “A atividade não é só direcionada para o esporte, é uma apropriação do local, para que as pessoas conheçam a região, o lado cultural, é o que nós chamamos de regionalização”, explica Tota, também diretor da Iguanna Turismo de Aventura, empresa que, desde 2006, trabalha com momentos de vivências na área do Araripe.

Já na Pedra do Castelo, usada, antigamente, como local de observação pelos índios, o grupo sobe com a orientação e o suporte dos guias até o ponto onde será feito o rapel, com uma descida de 25 m. Após detalhada orientação sobre o uso dos equipamentos de segurança e um pequeno treino em uma descida de 3 m, é hora de curtir mais atrativos do Cariri: espaço para esportes radicais, contato com a natureza e vista de tirar o fôlego.

AVENTUREIROS

O estudante de administração Francisco de Freitas Justo Neto já havia feito

O POVO CARIRI TURISMO 51
Natural de Porto Alegre e morador de Fortaleza, Telmo Diego Cardoso se encantou pelo rapel e pela escalada

ALIADOS INSEPARÁVEIS

Para encarar o rapel ou a escalada, as recomendações são:

Grupo guiado pela Iguanna Turismo de Aventura e reunido na Pedra do Castelo, em Nova Olinda

l Usar roupas leves e que permitam movimentos amplos

trilhas, saltado de bungee jump e feito hiking. Praticar rapel e escalada foi mais uma experiência para o cratense. “Gostei muito do rapel, gosto da sensação de adrenalina. A escalada é mais dinâmica, exige mais esforço físico”, conta. O estudante destacou ainda a importância do contato com a natureza. “Eu não conhecia essa parte da Região, sempre gostei da natureza e esse tipo de passeio é muito bom.”

A comerciante e concurseira Yáskara Vanessa Leite Martins também apontou a oportunidade de conhecer mais a Região como uma das grandes atrações de fazer o trajeto. “Já tinha feito umas trilhas bem pesadas na Chapada Diamantina, na Bahia. Gostei do rapel, gostei muito. Pretendo fazer de novo em um lugar mais alto. Eu gosto de altura. A gente sempre acha que nosso lugar não tem muitas coisas, mas tem

e é bem legal”, afirmou a juazeirense. Natural de Porto Alegre e morador de Fortaleza, Telmo Diego Cardoso foi a passeio para Juazeiro do Norte. O profissional, formado em marketing, se diz muito feliz vivendo no Nordeste do País e não se decepcionou com o Cariri. “Eu já tinha feito trilha, mas não tinha feito rapel, nem escalada. Gostei. Adrenalina a mil. Vou fazer de novo, descer 75m e ir evoluindo. A escalada é muito difícil, precisa de muita resistência”, declarou.

A GENTE SEMPRE ACHA QUE NOSSO LUGAR NÃO TEM MUITAS COISAS, MAS TEM l Levar pelo menos 1,5 litro de água l Carregar lanche, pois essas aventuras podem durar várias horas l Usar muito protetor solar
52 TURISMO
O POVO CARIRI

EXPLORANDO O CARIRI

NOVA OLINDA

l Rapel e escalada na Pedra do Castelo

l Rapel e escalada na Pedra da Furna, com trilha de 3km ida e volta

SANTANA DO CARIRI

l Trilha de 8km, com fontes e águas cristalinas, e um ponto para rapel de 75m, no Mirante do Vale dos Azedos

CRATO

l Trilha do Belmonte, que varia de 5km a 20km e passa por diversos mirantes

l Roteiro das Águas, tem trilha com banho de fontes, cascatas e cachoeiras

BARBALHA

l Roteiro das Águas, tem trilha com banho de fontes, cascatas e cachoeiras

Além desses roteiros, é possível fazer trilhas nos nove geossítios espalhados pelo Cariri e praticar arvorismo, que, dependendo da trilha, é montado para momentos de descontração.

OS MAIS PROCURADOS

Segundo Aristóteles Grangeiro Teles (Tota), as atividades mais procuradas são as de turismo de aventura e ecoturismo, como rapel, escalada esportiva, arvorismo e trilhas de bicicleta. “Essas atividades são desenvolvidas em todo o Cariri, mais precisamente nas cidades que possuem geossítios, que são Crato, Juazeiro, Barbalha, Nova Olinda, Santana do Cariri e Missão velha”, explica. Conforme o diretor, o público é variado e, em período de baixa estação, a empresa recebe em torno de 60 a 100 pessoas por semana. “Em alta estação, chega a triplicar o número. A Região possui belas trilhas e mirantes espetaculares.”

E esse interesse pela prática do ecoturismo de aventura tem aumentado com o passar dos anos. O desejo de fugir do tradicional turismo “sol e praia” e também a divulgação proporcionada pelas redes sociais contribuem para isso. “A tendência é aumentar [a procura]. As pessoas estão se afastando do estresse das grandes cidades para ter uma qualidade de vida melhor, com isso, o turismo de aventura aqui na Região vem ganhando mais adeptos, e a Chapada do Araripe é um convite com seu clima agradável, seus belos mirantes e suas fontes de águas cristalinas”, destaca Tota.

SERVIÇO

Mais informações na Iguanna Turismo de Aventura (rua Major Evangelista Gonçalves, 22, Pimenta, Crato)

Telefones: (88) 9271 3603

(85) 9996 5389

TURISMO 53
A comerciante
O POVO CARIRI
Yáskara Vanessa Leite Martins praticando rapel

ROCK CITY

STORMBRINGER, FATOR RH, DR. RAIZ, ZEREMITA. JÁ OUVIU FALAR

EM ALGUMA DESSAS BANDAS? POIS

ROCKCITY

SAIBA QUE NO CARIRI TAMBÉM TEM

ROCK E, DOS BONS

CARIRI O POVO
54 MÚSICA
CARIRI CARIRI
CARIRI

Do jazz e blues ao heavy metal, passando pelo punk, o sul do Ceará é rico musicalmente. Dentro dessa diversidade não poderia faltar o rock’n’roll. Quem conta tudo sobre o gênero no Cariri são importantes personagens que viveram a ascensão da cena e das bandas locais na Região.

As primeiras bandas de rock do Cariri surgiram na década de 1980, junto a bares como o Bar de Téo, em Juazeiro do Norte, onde a juventude se reunia para ouvir o rock do Kiss e Van Halen, e o bar Chá de Flor, no Crato, essencialmente hippie. Em meados de 1986, surge a Pombos Urbanos, banda apontada como a mola propulsora do rock na Região e que viria a originar, com membros remanescentes, a Fator RH, também importante para o gênero e não mais na ativa.

Lupeu Lacerda, ex-vocalista da Fator RH e atualmente com o projeto Vai Chamar o Pivete, relembra alguns lugares em que a juventude fã de rock’n’roll, à época, costumava se reunir. Entre eles, a popular loja Et Cetera, de Juazeiro do Norte. “Eram [junto a Porão do Rock, loja fundada na década de 1990] nossas casas. Foram para o Cariri o que a Galeria do Rock representou para São Paulo: informação, interação e farra. Tudo e todos passavam por lá, hippies, 'caretas', pais, mães e demais ‘bichos da fauna’ suburbana e urbana”, conta. O ex dono da Et Cetera, já fechada, Marcos Vinicius Leonel, também membro da Pombos Urbanos, conta que sempre foi um pesquisador e colecionador de discos. “Naquela época, entre 1986 e 1990, nós não tínhamos opções de compra, os contatos eram particulares, por carta ou telefone, e contávamos com os correios. Foi diante dessa dificuldade que eu resolvi abrir o sebo. Tínhamos discos e livros, usados e novos, nacionais e importados, como também os raros. O estoque era praticamente alternativo: rock, jazz, MPB, blues e independente, tais como Arrigo, Itamar e Jorge Mautner.”

HOUVE DUAS EDIÇÕES [DO

URCASTOCK]. UMA

EM 1992, NA URCA

Os fanzines, produções de fãs, foram febre entre a juventude do Cariri nas décadas de 1970 e 1980

EFERVESCÊNCIA MUSICAL

DOS ANOS 1990

Na década de 1990, surge a Stormbringer, primeira banda de rock pesado na Região. Atualmente, chamada Glory Fate, a banda já abriu shows de importantes artistas como Cássia Eller, Sepultura e Titãs, tendo sido convidada a participar das finais do maior festival de metal do mundo, o Wacken Open Air, na Alemanha.

Michel Macedo, guitarrista da Glory Fate, participou ativamente da história do rock no Cariri e conta, em texto publicado originalmente na Revista Geral (2002), como foi o cenário diante da chegada do canal fechado MTV às parabólicas e do avanço de bandas em busca do profissionalismo. De acordo com ele, festivais como o Urcastock, encabeçado pela presidente do Centro Acadêmico (CA) de Letras da Universidade do Cariri (Urca), Claudia Rejanne Pinheiro, junto a outro membro do CA, Quelma Santos, estimularam ainda mais a produção musical local. “Houve duas edições [do Urcastock]. Uma em 1992, na Urca mesmo, e outra, um ano depois, no Ginásio Poliesportivo de Juazeiro do Norte. A ideia era fazer uma espécie de Woodstock”, conta Claudia Rejanne, em referência ao famoso festival americano realizado em 1969, o Woodstock Music Art & Fair. Em dois dias, nove bandas locais tocaram, das quais Michel Macedo destaca a banda punk rock Shadows, o grupo de hardcore Náusea e as bandas Calliope e Lynx.

Surge, também, a Porão do Rock, que realizou shows de famosas bandas nacionais na região. Dono da Porão, Welson Mota conta um pouco sobre a história do lugar, também ponto de encontro de fãs do gênero musical. “Surgiu, em 1993, com o intuito de ir contra a maré e tornar forte o cenário já existente do rock juazeirense e caririense.”

No fim da década de 1990, surgiram bandas como a Dr. Raiz, em Juazeiro do Norte. O grupo, mesclou rock’n’roll, blues, maracatu a outros ritmos e trouxe destaque nacional ao cantor e compositor Dudé Casado, até hoje, importante nome local no rock alternativo.

GINÁSIO
DE JUAZEIRO DO NORTE
MESMO, E OUTRA, UM ANO DEPOIS, NO
POLIESPORTIVO
TURISMO 55
MÚSICA

FUTURO PROMISSOR

Os músicos também encontram recursos com mais facilidade. “Aqui é quase Detroit Rock City”, compara Lupeu Lacerda ao cenário do filme homônimo. Com produtoras de eventos e com shows internacionais do rock, as bandas da Região certamente merecem destaque no hall do orgulho brasileiro. “Essa terra é uma usina de gente bem-humorada, que se alimenta de fazer coisas, mesmo que elas nunca saiam dos limites do ensaio”, acrescenta.

BANDAS DO CARIRI E SEUS ÁLBUNS

GLORY FATE – RIDE ON THE ROLLER COASTER (2012)

É o mais recente álbum da Glory Fate (formada com o nome Stormbringer). Com Michel Macedo na guitarra, Eduardo Tavares no baixo, Kassio Soares na bateria e Markim nos vocais e na guitarra. A banda é ideal para os fãs do tradicional heavy metal oitentista.

DR. RAIZ – CARIRI.CE (2008)

Júnior Boca, Dudé Casado, Evaldo Rodrigues, Antônio Queiroz, Lindemberg Monteiro e Júnior Casado, no álbum, confirmaram que é possível dar uma roupagem nova à música regional, com rock em ritmos tradicionais.

DUDÉ CASADO – À ESQUERDA DE QUEM VEM (2013)

Primeiro trabalho solo do artista, célebre integrante da Dr. Raiz, o álbum mistura rock’n’roll ao folk e à psicodelia, produzido pelo guitarrista paulista Pedro Penna.

ZEREMITA – OLHAÊ (2013)

Desde 2008, em processo de composição, a banda Zeremita traz um estilo alternativo, mesclando musicalidade e elementos importantes da tradição do Cariri.

BARES DE ROCK JUAZEIRO

l Raul Rock Bar & Café

l Batcaverna bar

l Flashblack

l República petiscaria

NO CRATO

l Pink Floyd bar

l Casarão

ROCK NO RÁDIO

O programa Christ Rock, no ar na 104.9 (FM Padre Cícero), começou em 2006, sendo o primeiro e único programa de rock/metal com ênfase cristã do Cariri. Já foi escutado em todo o Brasil e em países como México, Chile, Estados Unidos, Holanda, Equador e China. Tem como locutor Rinalme Emiliano, baterista, que fez parte da primeira banda de heavy/hard católico da região Sul cearense.

O POVO
56 MÚSICA
CARIRI

A MORADA DE ALEMBERG

FOTOS MATEUS MONTEIRO O POVO CARIRI 58 ARQUITETURA

O PRODUTOR CULTURAL ALEMBERG ABRE SUAS PORTAS E FALA DA CASA QUE JÁ CHAMOU A ATENÇÃO DE TODO O PAÍS. SÃO 12 ANOS VIVENDO EM UMA CONSTRUÇÃO INOVADORA

Depois de pesquisar um ano sobre histórias e detalhes da construção de antigos casarões que estavam sendo demolidos no Ceará, Alemberg Quindins, produtor cultural e criador da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri - uma instituição não governamental para crianças do sertão caririense -, decidiu montar a própria casa.

Foi então que, no Crato, tomado por essa inspiração rústica, ele contratou pedreiros antigos que sabiam trabalhar com materiais próprios para a construção com tijolos antigos e colagem com barro e pedras

ARMADORES, LUMINÁRIAS

SUSPENSAS, RIPAS, TELHAS, PISO E PORTÕES, TUDO FAZ

REFERÊNCIA AO JEITO

ANTIGO DE MORAR.

Com projeto arquitetônico de Elisa Costa, filha de um dos grandes urbanistas do projeto da construção de Brasília, a casa de 350m² possui formato em L e é direcionada para o nascente, a fim de acompanhar o movimento da chuva, sol e vento. Sem rebaixamento do terreno, a estrutura também acompanha o relevo da chapada.

de cal, sem uso de cimento. Armadores, luminárias suspensas, ripas, telhas, piso e portões, tudo faz referência ao jeito antigo de morar. “Você está dentro da casa, mas não se desassocia do exterior. É uma casa humanizada”, declara o morador.

O uso de material reaproveitado de outras construções também é uma forte característica da “morada” de Alemberg, como ele mesmo chama a casa em que vive há 12 anos com a família e da qual abre as portas, gentilmente, para que qualquer pessoa conheça. “Recebemos visitas de outros países, arquitetos, turistas, pessoas de universidades de engenharia e arquitetura. Aí eu falo sobre o meu projeto de casa humanizada.”

O POVO CARIRI ARQUITETURA 59

FOI UM SERVIÇO

MODERNA E SERTANEJA

Em agosto do ano passado, a casa de Alemberg foi destaque na série Morar, do canal GNT – que visita casas por todo o mundo e conta a história de seus moradores. O programa dá destaque, principalmente, para a semelhança da casa de Alemberg com castelos medievais.

QUANTO CUSTOU

Em uma área de 25x50 e 350m², toda a casa do produtor cultural Alemberg Quindins custou em torno de R$ 90 mil. “Foi um serviço que paguei por diária porque queria ter a liberdade de refazer algo que não gostasse, se fosse uma empreitada não teria essa abertura”, comenta. Grande parte do material usado foi comprado de antigas construções. O revestimento do chão, por exemplo, custou R$ 120, e as grades de ferros usadas nas janelas, R$ 180.

QUE PAGUEI POR DIÁRIA PORQUE QUERIA TER A LIBERDADE DE REFAZER
ALGO QUE NÃO GOSTASSE
60 ARQUITETURA

Muito antes do Photoshop A

beleza e glamour das divas do cinema mudo influenciaram Telma Saraiva, filha do primeiro fotógrafo do Crato, Júlio Saraiva, a elaborar as técnicas de fotopintura que a tornaram referência nacional no ofício. O preto e o branco característicos da fotografia da década de 1940 cederam espaço às tintas de Telma, que retratou as mais diversas personalidades da região sul do Ceará, utilizando-se, também, de correções estéticas anos antes da existência dos programas digitais de edição fotográfica. Influenciada pelas imagens da revista Scena Muda, publicação brasileira que fazia publicidade dos filmes de Hollywood e de atrizes da década de 1930, Telma usa uma técnica peculiar em suas fotopinturas. Uma foto simples era ampliada em preto e branco e retocada com tinta a óleo, que recebia verniz para conferir mais brilho.

Memorial

A família de Telma Saraiva, em busca de preservar a história da artista, está em processo de montagem do memorial que a homenageia. O espaço, na própria casa de Telma Saraiva, no Crato, irá expor seu acervo de fotopinturas. “Queremos, além da história de minha mãe, contar sobre a fotografia como um todo”, explica Ernesto Rocha, um dos filhos de Telma.

O POVO CARIRI 62 TRADIÇÃO E AFETO

Reinventando a fotografia

A trajetória de Telma Saraiva com a fotopintura começa quando a fotógrafa decide apontar a lente para si mesma. Inspirada em divas de Hollywood como Marylin Monroe e Elizabeth Taylor, incorpora essas atrizes com a série Autorretratos, também querendo copiar os vestidos para que as modistas costurassem iguais para ela. Na imagem, um dos autorretratos da fotógrafa.

E KOMPANIETS
O POVO CARIRI TRADIÇÃO E AFETO 63
FOTOS ANDRII MUZYKA
TARAS \ SHUTTERSTOCK FOTO ACERVO PESSOAL

Pintando criativamente

O início de sua carreira é marcado pelo ingresso no estúdio Foto Saraiva, de seu pai. Até então, Telma executava a técnica em fotografias em preto e branco dos seus filhos, Ernesto, Ricardo (foto), Roberto e Edilma, utilizando-se de sua criatividade e talento para acrescentar detalhes às fotos.

O POVO CARIRI 64 TRADIÇÃO E AFETO
FOTOS DIVULGAÇÃO

Retoques especiais

Telma passa a fotografar e aplicar sua arte aos registros de outras crianças na região do Cariri. As mães dessas crianças também passam a pedir seus retratos. Na imagem em que Telma retrata Maria Eneida Figueiredo, o cuidadoso colorido à mão com os retoques e manipulações para embelezar os retratados seguia os padrões estéticos das décadas de 1940 a 1960.

O POVO CARIRI TRADIÇÃO E AFETO 65

Eternizando momentos

Momentos como o da imagem acima, que retrata o aniversário de 15 anos da cratense Fátima Siebra, foram imortalizados por Telma. Subvertendo a lógica dos manuais e técnicas da fotografia, a artista não obedecia o processo de revelação dos libretos que acompanhavam as máquinas e fazia seu próprio revelador.

O POVO CARIRI 66 TRADIÇÃO E AFETO
FOTOS DIVULGAÇÃO

Retratando religiosos

Importantes personalidades do Crato, como a religiosa Madre Feitosa, também foram retratadas por Telma Saraiva. Antes mesmo da assinatura do Foto Saraiva, sempre na parte inferior das fotografias, o olhar em diagonal e a luz refinada e impecável são elementos utilizados por clientes e pesquisadores de fotografia para reconhecer a autoria das imagens.

O POVO CARIRI TRADIÇÃO E AFETO 67

EM

DUAS

R COMPROMISSO

FOTOS MATEUS MONTEIRO O POVO CARIRI 68 ESTILO DE VIDA

QUE TAL PEGAR

SUA BICICLETA E SAIR PEDALANDO PELAS RUAS DA CIDADE? CONHEÇA

GRUPOS DE CICLISTAS QUE, ALÉM DE PROMOVER

PASSEIOS, AINDA

CONTRIBUEM PARA A

CONSCIENTIZAÇÃO

AMBIENTAL E LUTAM

PELA IMPLANTAÇÃO DE CICLOVIAS

DAS

ESTILO DE VIDA 69

Amotivação pode ser qual for: diminuir o uso de carro e melhorar o trânsito ou, ainda, como prática esportiva e para melhorar a saúde. O fato é que aderir ao estilo bike tem sido uma crescente em várias cidades ao redor do mundo. Na região do Cariri, não poderia ser diferente.

O interesse pela bicicleta fez com que, em 1996, um grupo de seis amigos se unisse e criasse o EcoBikers, no Crato. A princípio, o que unia essa equipe era o amor pelas pedaladas e a preocupação com a natureza. Mas ao passar pelas trilhas da Floresta Nacional do Araripe, eles começaram a notar que muitos visitantes deixavam lixo por onde passavam. “Começamos a ficar preocupados com outras pessoas que usavam a Floresta e deixavam muito lixo. A gente chegava aos locais e começávamos a conversar com as pessoas. Hoje, os campeonatos acontecem mais organizados e não deixam mais lixo lá”, ressalta Ernesto Rocha, um dos fundadores do EcoBikers.

Com o tempo, esses ciclistas ecológicos tomaram outra preocupação como essencial. “Depois veio essa questão mais recente, a do uso da bike como meio de transporte urbano. A gente viu que estávamos cuidando da Floresta, mas as cidades estavam cada vez piores.” O grupo, então, que se transformou em uma Organização Não Governamental (ONG), já tem outra vertente de atuação: a da mobilidade urbana e interligação dos modais de transporte.

CICLISMO COM CHARME

Duas vezes por semana, elas se reúnem para um encontro bastante especial. Todas as segundas e quartas-feiras, as meninas do Pedal do Batom realizam passeios ciclísticos pelas ruas do Crato. “Iniciamos como um grupo de homens com suas esposas, mas com o passar do tempo, os maridos não tinham paciência de esperar pelas mulheres e o grupo acabou. Daí, eu decidi reativar o grupo e, dessa vez, com um diferencial: exclusivamente feminino. Em 2010, iniciei uma turma com cinco mulheres e com dois guias que nos

dão suporte”, relembra Simonely Santos, fundadora do Pedal e uma das 11 embaixadoras no Brasil da Specialized Women, grupo internacional de ciclistas.

De cinco pessoas, o grupo aumentou para 55 mulheres. Às segundas-feiras, elas fazem um passeio mais leve, e às quartas, as pedaladas são mais “puxadas”. “Justamente para abraçar desde quem está iniciando a quem já está pedalando mais forte”, explica Simonely.

NA LUTA PELAS CICLOVIAS

Além de realizarem seus passeios na mesma cidade, o EcoBikers e o Pedal do batom têm em comum uma dificuldade: a falta de equipamentos como ciclovias, ciclofaixas e bicicletários para que as bikes possam ser estacionadas com segurança. Foi assim, então, que ambos os grupos se reuniram com o vereador Thiago Esmeraldo (PP) em busca de melhores soluções para os adeptos do ciclismo na região.

Em seu primeiro dia de mandato, ele recebeu o grupo Pedal do Batom. “Elas pediram uma ajuda, alguma coisa para melhorar a mobilidade urbana. Aí eu pensei nesse projeto de ciclovia, ciclofaixas, bicicletários”, disse Esmeraldo.

Em 2013, foi aprovada a Lei de Regulamentação, que prevê a criação desses

equipamentos. “Agora, entre março e abril, vamos provocar uma audiência pública com todas as secretarias envolvidas, entidades e usuários, para ver como fazer [o projeto] da mobilidade urbana, quais as ruas devem receber as ciclofaixas e ciclovias”, antecipa o vereador. Agora, em 2015, o governador Camilo Santana recebeu um projeto de implantação de uma ciclovia interligando os municípios de Crato, Juazeiro e Barbalha. Foram solicitados estudos pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER), a fim de verificar a viabilidade do equipamento.

“A gente ajudou a criar a lei municipal, e agora precisamos fazer com que todas as pessoas interessadas reivindiquem o que está lá no papel. Precisamos incentivar nossos amigos que são donos de comércio, empresários a colocarem nos seus estabelecimentos bicicletários... E isso [tem que] se estender para escolas, panificadoras”, argumenta Ernesto Rocha, do EcoBikers. Já para Simonely, do Pedal do Batom, ainda faltam ações para a conscientização de todos sobre a importância do uso da bicicleta. “Aqui no Crato, como o número de ciclistas é muito grande, a população já tem certo respeito conosco. Fazemos um trabalho de conscientização sobre o lixo, saúde e bem-estar.”

O POVO CARIRI 70 ESTILO DE VIDA
ACERVO PESSOAL

POR ONDE COMEÇAR

Entrou agora para o universo sobre duas rodas e ainda não sabe bem por onde começar? Confira os equipamentos básicos – além da bicicleta, claro! – necessários para sair pedalando por aí.

ARTIGOS QUE A LEI EXIGE:

1. Campainha;

2. Espelho retrovisor do lado esquerdo;

3. Sinalização por meio de refletores (dianteira, traseira, lateral e nos pedais);

FIQUE ATENTO!

Andar de bicicleta não quer dizer simplesmente subir em uma, e sair pedalando pela cidade. Uma série de cuidados são necessários para garantir a segurança tanto de quem pedala quanto de quem dirige.

ILUMINAÇÃO

ALÉM DISSO, É IMPORTANTE USAR:

PARA MANTER A BICICLETA SEMPRE EM ORDEM, É IMPORTANTE TER POR PERTO:

4. Luvas para proteção;

5. Capacete;

6. Bomba de ar (para manter cheio o pneu da bicicleta);

7. Kit de ferramentas;

8. Câmara de ar sobressalente.

QUER ADOTAR A BIKE?

ECOBIKERS

O grupo realiza eventos e passeios turísticos, além de disponibilizar o aluguel de bicicletas juntamente com guia para promover trilhas.

Contato: Ernesto Rocha (88) 9904 6263

PEDAL DO BATOM

Encontros às segundas e quartas, às 19h, na rua José Carvalho, 33, em frente à Clinica da Bike.

Apesar da bike já vir com os refletores, procure instalar luzes traseiras e dianteiras na sua bicicleta. É importante que elas pisquem, assim chamam mais atenção dos motoristas e não são ofuscadas pelos faróis dos carros.

NUNCA ANDE NA CONTRAMÃO

Pedestres e motoristas costumam prestar atenção somente naquilo que acontece no fluxo do trânsito, ou seja, dificilmente alguém olhará para o contrafluxo na hora de atravessar a rua. O motorista, ao abrir a porta, por exemplo, só olhará pelo retrovisor, e não para frente.

SEMPRE SINALIZE

Assim como é importante o motorista saber o que os outros condutores pretendem fazer no trânsito, é importante o ciclista indicar quando vai fazer alguma conversão ou manobra.

NÃO FURE O SINAL

Na via, é importante o ciclista respeitar as leis de trânsito que valem para os carros. Além de andar no mesmo sentido do fluxo, é imprescindível respeitar os sinais. Afinal, para que correr o risco de ser pego por um carro vindo na outra via?

O POVO
72 ESTILO
VIDA
CARIRI
DE
PIOTR MARCINSKI/ SHUTTERSTOCK O POVO CARIRI 74 BELEZA

EM BUSCA DE

CUI DA DOS

HOMENS E MULHERES ESTÃO, CADA VEZ MAIS, PREOCUPADOS COM

A APARÊNCIA, PROCURANDO AS CLÍNICAS DE ESTÉTICA PARA

PROCEDIMENTO QUE VÃO DESDE LIMPEZAS DE PELE A DRENAGENS

O POVO CARIRI BELEZA 75

As clínicas de estética e salões de beleza ganham mais e mais adeptos nos últimos anos. Valorizando a aparência, bem-estar e saúde, o público procura desde procedimentos simples, até os mais complexos, com necessidade de várias sessões. Mas os cuidados não devem se restringir apenas ao momento nos salões. Alguns hábitos simples reforçam a garantia do processo estético.

Para Katyane Filgueiras, sócia-diretora da Clínica CliniLaser, em Juazeiro do Norte, o segredo de uma pele bonita e saudável vai muito além dos cuidados de limpeza e proteção solar. “O que podemos fazer para retardar o efeito do tempo e outros agentes é ficarmos atentas aos detalhes e não relaxar na hora de prevenir”, ressalta.

A profissional explica que, em sua clínica, os procedimentos mais procurados são o CO2 fracionado, tratamentos para amenizar cicatriz de acne e melasmas, processos de rejuvenescimento e anti-idade, suavização de estria e celulites, lifiting facial e corporal, e, a sempre tendência, depilação definitiva.

Hábitos alimentares saudáveis e

UM CUIDADO A MAIS

Após realizar algum procedimento estético, Katyane recomenda, para manter a beleza da pele por muito mais tempo, algumas ações que podem ser colocadas em prática logo que sair da clínica.

1 Boa alimentação

2 Ingerir bastante água

3 Usar proteção solar

4 Limpar, esfoliar e hidratar a pele

5 Praticar exercícios físicos regularmente

OS MAIS PROCURADOS

Segundo Kathyane Filgueiras, entre os procedimentos de beleza mais procurados estão o CO2 fracionado, depilação a laser e processos que atuam nas cicatrizes da acne e redução de celulites. Alguns desses processos são muitos simples e indolores, mas outros necessitam de muitas sessões de aplicação e tratamento para terem resultado satisfatório. Confira indicações e como funcionam.

LASER CO2 FRACIONADO

Laser que alcança profundamente a pele com ativos de microrraios e, através de pequenas lesões causadas, estimula a produção de colágeno. Indicado para amenizar rugas e flacidez localizada, mas também para remover cicatrizes de estrias e acnes.

DEPILAÇÃO A LASER

Aparelho que age com disparos de luz por meio de um laser específico, eliminando pelos de qualquer parte do corpo. Atraído pela melanina, substância natural do corpo responsável pela pigmentação, o laser retarda a produção de novos pelos, que irão nascer mais finos e claros.

DRENAGEM LINFÁTICA

Indicada para tratamento de celulites e redução da retenção de líquidos corporais, a drenagem é uma espécie de massagem que estimula o sistema linfático – rede de vasos que move fluidos pelo corpo, semelhante ao sistema venoso – desfazendo acúmulos entre as células. Atua também combatendo a gordura localizada.

PEELING FACIAL

ingerir bastante água também são dicas básicas, indicados por Katyane, que podem auxiliar na beleza e saúde da pele e do corpo. A prática de exercícios, além de melhorar a aparência, melhora muito a saúde de todo o organismo. Por fim, hidratação e esfoliação adequada para cada tipo de pele pode se revelar, a longo prazo, o melhor dos tratamentos estéticos.

Para clarear manchas e melhorar o aspecto e textura da pele, existem peelings de diversos tipos. Com uso de substâncias químicas, lasers ou lixas diamantadas, esse procedimento provoca a ‘descamação’ da pele superficial, estimulando a renovação celular. É um dos muitos tratamentos indicado para cicatriz de acnes e suavização de expressões.

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AFRICA STUDIO/ SHUTTERSTOCK
POVO CARIRI
BELEZA

VITRINE

Loção corporal Violeta & Peônia

Nativa SPA R$ 45,99 O Boticário

Açúcar esfoliante

Pitaya, Nativa SPA R$ 49,99

O Boticário

Esfoliante de banho cremoso para o corpo Macadâmia, TodoDia R$ 33,80

Natura

Creme antissinais detox celular noturno 30+

Chronos R$ 74,60

Natura

Estojo Cuidados Especiais

R$ 78

Mahogany

Demaquilante hidratante hipoalergênico

R$ 39,90

Alergoshop

Cc cream base multifuncional 7 em 1, Make B.

R$ 54,99

O Boticário

Sabonete mousse limpeza suave

R$ 39,90

Emulsão cremosa de limpeza R$ 46,80

Loção tônica

protetora R$ 31,90

Pele normal a seca

Natura Chronos

Óleo em creme pósbanho

R$ 39,00

Mahogany

Sabonete gel esfoliante Amêndoas

R$ 78

Mahogany

FOTOS DIVULGAÇÃO BELEZA 77

LECA FONSECA

Brasiliense por nascimento e cearense por opção. Mãe desde que nasceu, Leca vê as pessoas com a alma.

Vamos fugir desse lugar, baby? Salve, salve Gilberto Gil e suas sábias palavras que descrevem este desejo que acontece aos casais apaixonados. Renatinha Rolim e Samuel Salviano abriram o álbum das férias e mostraram felicidade e paixão sem limites.

"Ele dará ordens a seus anjos para que cuidem de você", Salmos 91:11. Alessandro, Monalissa, Breno e Maria Alice anunciam cheios de alegria e amor à espera do pequeno Matteo.

Gustavo Barreto, Tales Lavor e Bene Feitosa, advogados renomados da Região, saíram para conquistar o mundo da noite e acertaram com o Dom Quixote, o mais novo ponto de encontro no Cariri. Localização privilegiada, cardápio impecável e excelente atendimento fazem parte do ambiente.

Paty Coelho aniversariou e sem ser nada criativa posso afirmar que o presente é de quem desfruta mais um ano da companhia dessa mulher guerreira, que escolhe toda manhã o caminho do trabalho, do bem, da família, do abraço apertado e da alma sincera. Parabéns!

MATEUS MONTEIRO FOTOS ACERVO PESSOAL

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