7º Livro de Redações Colégio Sagrado

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2019

7 SAO PAULO - SP


“Seja qual for o estado de espírito... em que te possas encontrar, pensa que vives em Deus, infinitamente bom. Une-te a Ele; pensa que Ele te oferece seu socorro e sua graça aqui, com a promessa da recompensa na vida futura.”

Bem-aventurada Clélia Merloni


Direção: Ir. Maria Conceição da Costa Coordenação de Segmento: Ensino Fundamental - Anos Finais: Sandra Andrade Scapin Ensino Médio: Olímpia Vargas Braga Orientação Educacional: Ensino Fundamental - Anos Finais: Cláudia Beluzzi Ribeiro Ensino Médio: Elizabeth Aldrigues Coordenação de área de Língua Portuguesa: Ensino Fundamental - Anos Finais e Ensino Médio: Greta Marchetti Equipe de professores da área de Língua Portuguesa: Adriana Lima Ozilio Adriano de Oliveira Carvalho Amanda Lopes Moreno Greta Marchetti Lucy Aparecida Melo Araújo Patrícia Marques Regina Helena Alves Codesseira Rosa Maria Basso Vanessa Alves Máximo dos Santos Professora de Arte: Elaine Chioato Ilustração da Capa: Isadora de Freitas Weigand, turma 223 Revisão: Maria Emerenciana Raia Layout de capa e diagramação: Julia Onório Organização dos textos: Leandro Vassoleri e Francinilda Gomes Impressão: Forma Certa

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Equipe Apresentação

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6º ano – Relato ficcional e Conto etiológico Uma tarde de verão inesquecível – Relato ficcional Maria Fernanda Resende Visconti, turma 161

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Jesus, o vinho e o porco – Conto etiológico João Marchetti Haberli, turma 165

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A coruja que descobriu a noite – Conto etiológico Marina Paulo Fernandes, turma 165

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7º ano – Poema e Mito Noite – Poema Thiago Mello Araujo de Souza, turma 175

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Neca – Mito Juliana Martini Cremasco, turma 175

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As sete cores – Mito Julia Egute de Paula Machado, turma 173

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8º ano – Crônica e Crônica argumentativa A saga do despertador – Crônica Carolina Tavares dos Santos Carmello, turma 185

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A geração do consumismo – Crônica argumentativa Rafaela Novelli Maciel, turma 184

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Mudanças na adolescência – Crônica argumentativa Juliana Barcha Tognelli e Gabriela Pellegrino Lopes da Silva, turma 182

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9º ano – Conto Falso medo João Pedro Abritta Cota Carvalho Chaves, turma 194

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Férias irreais Priscila Jacobsen Bisker, turma 191

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Telurium Maria Eduarda Rodrigues de Oliveira Estevão, turma 192

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1ª série do Ensino Médio – Relato pessoal e Reportagem Comemorar e desfrutar – Relato pessoal Manuela Pinheiro Izique, turma 214

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Dia de jogo – Relato pessoal Lucas Bisquolo, turma 211

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Cuide de sua pegada hídrica – Reportagem Larissa Teixeira Sicchieri, turma 212

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2ª série do Ensino Médio – Conto, Artigo e Ensaio Filme em preto e branco – Conto Beatriz Fernandes Vidotti, turma 224

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Violência e impacto social – Artigo Clara de Lazari Bento, turma 221

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Violência emocional – Ensaio Isadora de Freitas Weigand, turma 223

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3ª série do Ensino Médio – Texto dissertativo-argumentativo A ilusão do tempo – Texto dissertativo-argumentativo padrão Fuvest 32 Gabriela de Mello Lyra, turma 231 Texto dissertativo-argumentativo padrão Enem Victor de Andrade Scapin, turma 232

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Texto dissertativo-argumentativo padrão Enem Lucas Moretti Marangoni, turma 232

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“O que vou escrever já deve estar na certa de algum modo escrito em mim. Ao escrever procuro uma verdade que me ultrapassa.” Clarice Lispector. In: “Como é que se escreve?”, Jornal do Brasil, 30/11/1968.

Nos últimos sete anos, o Colégio Sagrado Coração de Jesus tem promovido a publicação do Livro de Redações dos alunos do Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio. A seleção dos textos é realizada, ao longo do ano letivo, por professores de Língua Portuguesa, Produção de Texto e Técnicas de Redação, buscando garantir diversidade de gêneros textuais, temas e estilos. Além desse trabalho na área de Língua Portuguesa, foi estabelecida uma parceria com o componente curricular Artes. Assim, os alunos da segunda série do Ensino Médio foram convidados a responder, de forma artística, as seguintes questões: Ler para quê? Escrever para quê? A partir dessas perguntas, os estudantes elaboraram ilustrações para compor a capa do livro. Por fim, realizou-se uma votação na qual os alunos dos Segmentos II e III escolheram a ilustração que compõe a capa desta coletânea. Todo o trabalho aqui apresentado é resultado de um percurso de aprendizagem em diferentes áreas do conhecimento, abarcando diversos conteúdos, procedimentos e atitudes em múltiplas representações, em um processo de produção textual que privilegia a autoria e a criatividade de nossas crianças e jovens. Por meio da leitura desse livro, podemos constatar qualidades estéticas, linguísticas e literárias que evidenciam o desenvolvimento da competência escritora ao longo das etapas do Ensino Fundamental – Anos Finais e Médio.

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Cada série teve três textos selecionados, iniciando no 6° ano com relatos e contos etiológicos, passando por uma variedade de gêneros, como conto, mito, artigo de opinião, entre outros, e terminando na terceira 3ª série do Ensino Médio com textos de caráter dissertativo-argumentativo, focados especificamente em exames como o Enem e os principais vestibulares do país. Além da edição impressa, temos a publicação do livro em formato digital, possibilitando o compartilhamento das produções com toda comunidade educativa da Rede Sagrado, por meio de seu respectivo site. Dessa forma, nossos alunos terão suas produções disponibilizadas em diferentes espaços comunicativos, permitindo maior visibilidade de seus trabalhos. É com muita alegria que apresentamos o resultado desse percurso, o qual envolveu intensamente alunos, professores e as coordenações da área de Língua Portuguesa e dos Segmentos II e III. Esperamos que todos tenham uma excelente leitura! Equipe de Língua Portuguesa

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UMA TARDE DE VERÃO INESQUECÍVEL Gênero: Relato ficcional Maria Fernanda Resende Visconti Turma 161

Em uma tarde de verão como tantas outras, minha vida mudou totalmente. Eu já estava desnorteado de tanto andar, sem comida nem água. Cansado, decidi parar um pouco. Eu era apenas um filhote e não sabia o que fazer diante de tanto desespero. Em minha volta, apenas algumas árvores altas, poucas nuvens e um sol bem brilhante. Foi nesse momento em que tudo mudou. Um ônibus grande e com muitas pessoas passou pela estrada. Corri, corri, corri para tentar alcançá-lo. A impressão era de que o veículo corria cada vez mais, porém não parei de acreditar. Minhas patinhas já estavam ardendo, por causa das queimaduras provocadas pelo asfalto quente. Meu coração já não batia mais no mesmo ritmo e, a cada passo que eu dava, minha força de vontade aumentava. Corri mais e mais, até que, finalmente, o ônibus parou. Eu me senti radiante! Abriram a porta e eu entrei. Estava exausto e tremendo, mas a minha alegria era enorme. Desde aquele dia, sou muito bem tratado, pois fui adotado pelo motorista do ônibus. Tenho água, comida, brinquedos e carinho. Principalmente, tenho em mim as memórias de dias cruéis, que fazem com que eu valorize todos os dias a minha vida maravilhosa!

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JESUS, O VINHO E O PORCO Gênero: Conto etiológico João Marchetti Haberli Turma 165

Já se perguntou por qual motivo o porco tem o rabinho enrolado? Pois nesta história irei lhe contar uma situação entre o Bom Jesus, seu almoço e um porco. Quando o Bom Jesus ainda vivia na Terra com seus discípulos, eles gostavam de fazer ótimos almoços de domingo. Na refeição havia de tudo um pouco: massas, pastéis, bolos, gelatinas, frango, carne e vinho. Certo dia, enquanto caminhava com seus discípulos, Jesus teve a ideia de fazer um almoço (que depois ele chamaria de ceia), onde haveria carnes saborosas, frango, massas artesanais, vinho e algumas sobremesas. Ao ir à mercearia escolher os itens para o almoço, eles compraram muitos alimentos, sendo necessários cinco burrinhos para levar tudo ao local. Chegando lá, Jesus realmente precisou “pôr a mão na massa”, já que teve de preparar essa grande refeição sozinho. Muitas horas se passaram e Jesus, já muito cansado, provou todos os pratos e tudo estava muito bom! Com o término da preparação, começou a comilança. A ceia se iniciou e chegou a hora em que tomariam o vinho. Jesus estava procurando o saca-rolhas para abrir a garrafa, porém não o encontrou e buscou uma solução para o caso. Foi quando viu um porco que estava nos arredores do almoço e deixou seu rabinho na forma de um saca-rolhas. 8

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O porco, espantado, saiu em direção à mesa e acabou derrubando tudo o que estava à frente. Como não havia mais o que servir na refeição, algumas pessoas tiveram a ideia de preparar um prato e lá se foi o porco ser servido! Nessa história, não só vimos o motivo de o porco ter seu rabinho retorcido, mas também por que é um alimento que comemos na ceia de Natal!

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A CORUJA QUE DESCOBRIU A NOITE Gênero: Conto etiológico Marina Paulo Fernandes Turma 165 Houve uma época em que todas as aves acordavam cedo, ao nascer do Sol, e só iam dormir quando ele se punha. Nenhuma delas conhecia a noite. Certo dia, as aves se reuniram e decidiram fazer uma batalha no céu, para disputar entre si quem seria o novo rei. O jurado principal perguntou: - Vamos chamar a coruja? Ela não é forte! Os competidores concordaram, pois assim haveria alguém em quem poderiam descontar sua raiva no momento da competição. Chegou o grande dia. Reuniram-se mais de cem espécies. A coruja, ao lutar contra a águia, foi derrotada e ferida. Mal conseguia se levantar. A equipe médica levantou-a e levou-a para o Lar das Corujas um pouco antes do pôr do sol. Assim que a noite chegou, a coruja observou as aves chegando para dormir. Ela não conseguia nem fechar os olhos, de tanta dor, por isso acabou desobedecendo a lei: passou a noite acordada! Esse crime resultou em algo incrível: foi o primeiro animal a ver a noite. Ficou apaixonada por aquele brilho das estrelas, pela perfeição da Lua. Mal podia esperar para contar às outras corujas. Mas como, se isso era um crime? Quando o Sol surgiu, ela pegou um galho e, secretamente, desenhou numa árvore a noite mais incrível de sua vida. Todas as corujas viram o desenho estampado na árvore e decidiram passar a noite acordadas. Elas se apaixonaram pelo luar! Desde então, as corujas são seres noturnos, enquanto as outras aves dormem sem saber como é linda a noite... 10

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NOITE Gênero: Poema Thiago Mello Araujo de Souza Turma 175

A noite é o momento mais belo do dia, o céu azulado só me traz alegria, mas junto dela, vem a escuridão, que nos dias de hoje traz medo à população. O céu, no interior da cidade, é cheio de estrela perfeito para contar histórias perto da fogueira, mas na cidade, quase não se vê estrela não, pois é um lugar cheio de luz e poluição. Com telescópio é possível ver planetas, Júpiter, Urano, Saturno e até Marte, e quando a brisa da noite bate nas pequenas violetas refresca também meu corpo por inteiro! Hoje em dia, a noite é sinônimo de violência, e para sair de casa é preciso pensar com paciência, deixa-se de admirar toda a sua beleza escondida nos detalhes de tanta riqueza.

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NECA Gênero: Mito Juliana Martini Cremasco Turma 175

Há milhares de anos, eu, Apolo, encontrei a mulher mais bela do mundo. Ela era uma mortal chamada Anaíz, que tinha a pele branca como as nuvens, olhos azuis como o céu e cabelos ruivos como o fogo. Encontrei-me com ela uma única vez em um jardim secreto, na floresta, e passamos a noite toda juntos, mas depois disso não nos vimos. Muitos meses depois, nos reencontramos. Foi quando descobri que Anaíz tivera um casal de gêmeos, Paolo e Neca. Assim, resolvemos ficar juntos. Paolo era um mortal feliz, porém Neca, uma semideusa, completamente branca e fria como o gelo, com olhos escuros como a noite, distanciava-se cada vez mais das pessoas e do mundo. Neca cresceu e completou 17 anos, idade em que já tinha controle sobre seus poderes. Ela tinha domínio sobre o gelo, sendo que suas forças ficavam mais intensas se ela ficasse muito emocionada. A menina ficava sempre no alto, em sua nuvem, observando os mortais com ar de superioridade. Porém, em um dia ensolarado, Neca se surpreendeu com um jovem, o mais bonito que já tinha visto. Tentou várias vezes se aproximar dele, mas como era muito fria e distante, fracassou. Foram tantas tentativas que o tempo passou e o rapaz morreu sem que a jovem pudesse conhecê-lo. Depois disso, Neca ficou ainda mais fria. Sempre que se lembrava de seu amor, seu choro cobria a região dos polos com partículas brancas, geladas e ventos extraordinários, assim como sua dor. 12

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AS SETE CORES Gênero: Mito Julia Egute de Paula Machado Turma 173 Alice e Alex eram dois jovens pintores com muito talento. Como passavam muito tempo juntos, logo se apaixonaram e tiveram uma linda menina chamada Íris. Ela amava ver os pais pintando. O casal queria homenagear a filha e teve a ideia de pintar um quadro e presenteá-la. A menina ficou feliz da vida. Enquanto pintavam, derrubaram sete tintas no chão, e Íris, vendo aquilo, saiu correndo e pulou em cima delas, espalhando cores para todos os lados. O que ela não sabia era que as tintas foram presentes oferecidos por um deus, Apolo, e por isso, tinham poderes que foram passados à criança naquele momento. Íris ficou conhecida como “a menina com o poder das cores” e muitos a invejavam pelo seu dom. Com medo de que alguém fizesse mal à pequena, seus pais a trancaram dentro de casa e ela cresceu ali, sozinha. Íris se tornou uma bela moça e, quando completou 18 anos, pôde sair de casa. Ela foi passear em uma praça, perto do lugar onde morava, não conseguindo conter a alegria da liberdade. Sentia o vento em seu rosto, o perfume das rosas e todo poder da natureza, até que esbarrou em um homem, Arco, e logo os dois se apaixonaram. Íris foi proibida de vê-lo novamente, pois as famílias eram rivais, fato que causou muita tristeza aos dois. Em um momento de imensa saudade, sem que percebesse, apareceu em frente à jovem uma ponte enorme, com sete cores, que a levou até Arco. A ponte ficou conhecida como arco-íris e todos admiravam a sua beleza. Dizem que os dois nunca mais foram vistos, mas até hoje é possível reconhecer quando se encontram, pois no céu há uma pincelada com as sete cores que os unem. 13

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A SAGA DO DESPERTADOR Gênero: Crônica Carolina Tavares dos Santos Carmello Turma: 185

BEEP! BEEP! BEEP! O despertador havia tocado. Era hora de ir para a escola. Todos os dias eu acordo às 6h10, tomo café da manhã, escovo os dentes e me arrumo para ir à escola, mas naquele dia foi diferente. Eu não levantei, simplesmente desliguei o despertador e voltei a dormir! Nunca entendi o porquê de fazer isso naquele dia! Depois de uns 40 minutos, já bem atrasada para a escola, minha mãe veio ao meu quarto e disse: - O que você está fazendo aí dormindo, filha? Levanta, estamos atrasadas! Acho que nunca corri tanto na minha vida. Arrumei-me correndo e fui para a escola parecendo que estava em uma maratona. O relógio não cooperava, mas eu continuava tentando lutar contra ele para não chegar atrasada. Cumpri minha rotina diária à 200 km/h. Devo dizer, não foi fácil, cheguei no horário, mas por pouco não levo anotação na agenda. Sentei na cadeira, respirei fundo e parei para pensar sobre tudo que havia acontecido. Como nossas vidas são automáticas! Até então não havia percebido isso tão claramente! Fazemos tantas vezes as mesmas coisas, todos os dias, que nossas ações se tornam instintivas. Não prestamos atenção nas pessoas, nas ruas em que andamos, não olhamos o céu, as árvores, apenas continuamos o trajeto, repetidamente, às vezes durante anos. A vida passa tão rápido, é uma pena que seja assim! E, muitas vezes, a beleza do mundo se encontra nos pequenos detalhes. 14

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A GERAÇÃO DO CONSUMISMO Gênero: Crônica argumentativa Rafaela Novelli Maciel Turma: 184

Andando por qualquer lugar do mundo, aposto que você já viu centenas de pessoas usando as mesmas roupas, tênis e acessórios. Em minha escola não é diferente e muitas meninas se intitulam “descoladas”. A sociedade do século XXI tem sido marcada pelo consumismo e isso, geralmente, acontece porque uma marca resolve lançar um produto no mercado e muitos começam a usar por medo de serem excluídos ou desatualizados. A consequência disso tudo é que todos acabam sendo iguais. Infelizmente nós, adolescentes, somos o alvo mais fácil. É possível observar, nos dias de hoje, que muitos escondem sua verdadeira face atrás de uma máscara, apenas para não serem julgados ou simplesmente por medo de mostrarem quem realmente são, tudo para se autoafirmar: isso é um fato. É essencial entendermos que, nessa fase tão vulnerável, os pais e responsáveis têm o dever de orientar os filhos, mostrando a eles que não precisam comprar tudo para se tornarem “alguém”, pois isso acaba gerando um ciclo infinito de prazeres temporários. Na verdade, a pessoa é única justamente por ser diferente. Não deixe o padrão te consumir, reflita sobre si mesmo e nas consequências de seus atos antes de realizá-los.

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MUDANÇAS NA ADOLESCÊNCIA Gênero: Crônica argumentativa Juliana Barcha Tognelli e Gabriela Pellegrino Lopes da Silva Turma: 182

Que situação! Lá estava eu, em uma festa infantil. Encontrome quieta e sentada, porque o adolescente não se encaixa brincando com as crianças, nem em uma mesa conversando com os adultos: estamos vivendo uma fase de transição. No entanto, nem tudo é tão ruim assim. Na adolescência, começamos a ganhar mais autonomia, pois os pais tendem a confiar mais em seus filhos, dando-lhes mais liberdade e poder de decisão, justamente para o preparo da fase adulta. É importante, desde cedo traçar metas, desenvolver os próprios argumentos e pensamentos sobre o futuro, mas com acompanhamento e orientação de um adulto, afinal eles têm experiência de vida, um fator que ainda não pudemos desenvolver. Por outro lado, vejo muitos pais superprotegendo seus filhos e isso é extremamente ruim, pois o adolescente precisa tomar, em várias situações, decisões próprias. Só assim se gera independência, autossuficiência e, futuramente, um adulto responsável e pronto para os embates da vida. Se esse percurso for cortado e os pais privarem o jovem de situações de aprendizado, o adolescente pode não ter o futuro desejado, e irá sempre “correr” para os pais quando algo der errado. Se a pessoa for bem preparada, no momento certo, também terá muito mais chances de conseguir uma situação de vida melhor. Sim, estamos passando por um difícil período de escolhas, mas com sabedoria, carinho, amor, diálogo e uma dose certa de liberdade, é possível transpor os obstáculos e viver bem no mundo real. É só tentar! 16

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FALSO MEDO Gênero: Conto João Pedro Abritta Cota Carvalho Chaves Turma: 194

Era o início de mais um verão. As aulas haviam acabado e a diversão começado. Meus pais queriam ir para a praia, mas nunca gostei muito de lugares quentes e úmidos; sempre preferi locais mais frios. Eles tinham sugerido de eu levar um amigo, porém como levaria alguém para um lugar que não gosto? Isso não faz sentido! Então partimos. Saímos de São Paulo e fomos até a Riviera, um condomínio com diversas praias, hotéis e prédios. Ao chegar, tive uma surpresa agradável. Meu primo Aleck estava lá com seus pais, que também iriam passar um tempo na praia. Nos divertimos, no primeiro dia, no próprio hotel. No dia seguinte, iríamos até a praia. O sol apareceu e fomos tomar aquele café da manhã delicioso. Logo depois, fomos visitar o mar. O sol estava radiante e o céu, de um azul claro e sem nuvens. A areia borbulhava de tão quente e o mar me recordava algo, mas não me lembrava o quê. — Vamos entrar? – disse meu primo. Mal sabia ele que eu tinha muito medo do mar, pois, quando criança, presenciara em Recife, o que eu imaginava ser um ataque de tubarões. — Não quero, tô de boa – disse eu com uma falsa tranquilidade, tentando esconder meu medo. Ao dizer isso, meu primo me agarrou pelo braço e me arrastou até a água. Parecia uma criança que, pela primeira vez, entrava no mar. Coloquei meus pés naquela água gelada e senti como se todo meu corpo tivesse adormecido.

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Parecia que, a qualquer momento, algo pudesse me atacar. Mesmo assim, continuei em frente. Era como se algo, que eu não conseguia explicar, me atraísse para aquelas ondas e rochas que ali viviam submersas há milhares de anos. Estava tão concentrado e focado que nem percebi que meu primo havia se afastado. Ainda que não quisesse continuar, aquela força estranha me fazia seguir. Suponho que era a vontade de vencer o medo que me assombrava há tanto tempo. Estremeci ao perceber que estava muito longe da costa da praia. Havia saído daquele transe que tomara conta de mim, quando senti algo rodeando minhas pernas como se fosse uma barbatana. Logo achei que era o terrível monstro que tanto temia. Desesperado, comecei a nadar o mais rápido que podia, mas ainda sentia algo rodeando as minhas pernas. Finalmente, cheguei à costa berrando "TEM UM TUBARÃO EM MIM!". Todos voltaram seus olhos na minha direção sem entender o que acontecia. Quando olhei para baixo, percebi que o que pensava ser um tubarão era, na verdade, uma maldita alga. Aqueles que est avam por perto começaram a rir, principalmente o meu primo, que aloprava demais. Posso dizer que esta foi uma das maiores vergonhas da minha vida. Para piorar, minha mãe me contou que, em Recife, eu presenciara lobos-marinhos brincando com os banhistas, não um ataque de tubarões. Assim, posso afirmar que, por todos esses acontecimentos, eu odeio a praia. Imagine se eu tivesse levado um amigo, como minha mãe sugerira, seria muito pior! Mas o que poderia fazer? Minhas férias estavam apenas começando.

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FÉRIAS IRREAIS? Gênero: Conto Priscila Jacobsen Bisker Turma: 191 Daniel nunca foi de acreditar em fatos sobrenaturais. Para ele, essas coisas eram besteira. Isso nunca o havia abalado, até o dia em que resolveu comemorar seu vigésimo aniversário, na praia, com seu melhor amigo, Phil, que havia se proposto a ensiná-lo a surfar. Logo havia chegado o momento em que Dan pegaria sua primeira onda. Phil era um ótimo instrutor. — Tudo certo, Dan. Agora é só pôr em prática – disse seu amigo. Assim ele foi rumo ao mar. Começou remando de bruços na prancha, depois ajoelhou-se nela e, finalmente, quando sentiu firmeza, pôs-se de pé. Vieram três ondas. Dan estava tendo um ótimo desempenho para um iniciante, pegando, aos poucos, mais confiança. Podia ouvir Phil gritando, mas não entendia nada. — Está provavelmente torcendo por mim – pensou. Nesse rápido instante de desconcentração, tudo foi abaixo. A quarta onda foi maior do que as anteriores, derrubando-o facilmente. Zonzo demais para resistir, Dan foi afundado até que bateu a cabeça contra algo duro. Quando abriu os olhos, notou que estava em uma gruta de onde se podia ver o mar. O aniversariante ficou estirado no chão arenoso, sem acreditar no que via: um homem loiro platinado de olhos vermelhos e uma capa da mesma cor coberta por peles ao lado de outro homem de cabelos negros, sobretudo bege e uma gravata tão azul quanto seus olhos. Suas sombras, projetadas na parede, tinham asas. 19

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— Hum, onde estou? Quem são vocês? Quero dizer, que diabos são vocês? — Belo uso da expressão "diabos", porque é isso mesmo que eu sou. Meu nome é Luciel. Pode se referir a mim como Rei do Inferno – apresentou-se o primeiro. — Como é que é? — Pega leve, Luciel – começou o outro – Meu nome é Castiel. Sou braço direito de Deus que, honestamente, está muito ocupado para se encarregar de quem está passando dessa para uma melhor. Bem-vindo ao purgatório. — Então eu morri? O que aconteceu? Onde está Phil? — Você bateu a cabeça numa pedra e foi isso. Acabou tudo pra você, surfista. Agora cabe a nós decidir se você vai para o Céu ou para o Inferno. — Parem com esta besteira irreal. Vou voltar à praia e ir embora com Phil. — Daniel, você está morto! Quer ouvir em espanhol? Muerto! E não tem outra forma de sair daqui senão com um de nós – explicou o diabo com tom de deboche. — Ok... Me chamem de Dan. E já que querem continuar com essa brincadeira de mau gosto, podem, pelo menos, não se alongarem demais? — Olhe a forma como fala conosco! – Luciel esbravejou. — Desculpe, não foi minha intenção – disse Dan com desdém. — De boa intenção, o inferno está cheio. — Então é isso, decidido – Castiel animou-se – Leve-o com você, Luciel! — Eu quis dizer literalmente "cheio". Preciso guardar espaço para gente má de verdade. Dan vai com você. — Objeção! Esse cara levantou a voz para nós, o Céu não é para arrogantes como ele. — Então o deixamos aqui? Cansado de assistir à discussão dos dois, Dan gritou:

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— Por que não me jogam de volta no mundo dos vivos? Essa frase foi um erro, pois os anjos acharam-na inteligente e começaram a discutir quem levaria o pobre surfista de volta à Terra. O consenso foi a justiça: Dan voltou à vida no meio do mar e nadou até a costa. Phil o encontrou. — Dan, o que te aconteceu? Incrivelmente, o outro não se lembrava de nada. — Devo ter apagado. — Você "conheceu Deus", como dizem? —Você é hilário, Phil. Essas coisas não existem! O importante é que perdi sua prancha. Vamos embora. Te compro uma nova no caminho.

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TELURIUM Gênero: Conto Maria Eduarda Rodrigues de Oliveira Estevão Turma: 192

Numa manhã preguiçosa de domingo, a campainha tocou, logo cedo, e ali foi deixado um envelope qualquer. Sabrina olhou em volta e não avistou quem pudesse ter colocado aquele envelope marrom sem graça à sua porta. A garota, que queria sempre conhecer e descobrir coisas novas, não se interessou muito pelo que viu ali dentro, a princípio. Havia um papel com algumas coordenadas e uns pacotinhos menores que pareciam ser balas. Ao ler com atenção os comandos escritos no papel entregue, percebeu que era um endereço muito próximo de sua casa e decidiu checar o que poderia ser aquilo. Pegou um casaco para se proteger da ventania que tomava conta da cidade no inverno, calçou suas botas, tirou o celular do carregador, deixou um bilhete aos pais dizendo que estaria na casa de uma amiga, para que não suspeitassem de sua saída sorrateira, e seguiu no sentido do endereço que encontrara. Ao chegar lá, deparou-se com um estacionamento quase vazio onde um idoso tomava seu café. Olhou o papel que a levara até ali, reconheceu no local um carro que estava desenhado nas coordenadas e dirigiu-se até ele. A porta estava destrancada. Sem nem pensar muito, Sabrina entrou e no rádio havia a instrução para que comesse uma das "balas" dos pacotinhos. A princípio, Sabrina estranhou, mas fez aquilo que lhe foi pedido.

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Instantaneamente, como se fosse mágica, acordou numa espécie de beco numa outra cidade, na qual nunca estivera antes. Duas moças apressadas a puxaram e a levaram para sua casa. — É bem bonita, o traje vai servir nela – disse a mais alta, fazendo com que a outra concordasse. — Quem são vocês? – Sabrina lhes perguntou confusa. As moças disseram seus nomes, Celeste e Rubi, e garantiram que Sabrina em breve saberia o porquê de estar ali. Começaram a se preparar para uma festa, estavam apressadas, porém, não esqueceram nenhum detalhe. Colocaram vestidos longos, joias, maquiagem e tudo que se tinha direito, inclusive uma máscara. Panfletos espalhados na rua indicavam onde estariam indo: Baile de Máscaras da Corte de Telurium. Sabrina perguntava a si mesma se estaria indo a uma festa da realeza daquela cidade completamente desconhecida. Ao chegar no local da festa, as belas damas e novas companheiras aconselharam Sabrina para que comesse mais uma das balas, só que desta vez de outro pacote. Mais uma vez a situação havia mudado. Sua visão apontava alvos, reconhecia pessoas e explicava, em holografia, sua missão. Celeste e Rubi sorriam enquanto a levavam ao banheiro. — Entende agora? – perguntava Rubi enquanto tentava disfarçar seu contentamento. Sabrina sinalizou que sim e seguiu ao salão principal com as garotas. Ali haveria uma tentativa de roubo à Coroa, que elas precisavam impedir. Passou-se um período de tempo até que um homem suspeito tentou se aproximar do objeto valioso sem que o notassem. Então as garotas entraram em ação, pegaram o rapaz em flagrante e, ao tirar sua máscara... O despertador tocou e assim começou mais uma manhã de segunda-feira de Sabrina. 23

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COMEMORAR E DESFRUTAR Gênero: Relato pessoal Manuela Pinheiro Izique Turma: 214

Na escola, estudamos os pilares da religião. Na vida eu construo a base do meu pilar através das virtudes do amor, união e família. No dia 30 de dezembro de 2017, os meus avós iriam comemorar os seus 50 anos de casados e nada melhor do que uma viagem com a família para celebrar o amor entre eles. No dia 23 de dezembro, eu embarcava com a minha família para Portugal. Eu estava super animada, ansiosa, feliz! Naquele momento, havia uma mistura de sentimentos. Além da comemoração das bodas de ouro dos meus avós, passamos o dia 24 de dezembro com a família toda reunida. O dia do casal chegou e o frio veio nos acompanhando durante todo o período. Fomos a uma missa e depois a um restaurante que tinha uma comida incrível. Além da celebração, essa viagem nos trouxe a oportunidade de rever os nossos familiares residentes em Portugal. Fomos a Fátima, viajamos em um dos finais de semana para Cerra da Estrela, fizemos refeições em bons restaurantes, além de conheceremos lugares novos. Demos muitas risadas juntos e, o principal, desfrutamos de momentos incríveis em família. Quando retornei, conclui o quanto existe de valor e aprendizado quando convivemos com pessoas mais experientes, próximas, melhor ainda, quando são nossos familiares. A frase “A vida não oferece promessas nem garantias, apenas possibilidades e oportunidades” é muito dita por mim e a partir de toda a experiência relatada aqui, pude aprender sobre a importância de aproveitar as possibilidades e oportunidades de viver em família. 24

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DIA DE JOGO Gênero: Relato pessoal Lucas Bisquolo Turma: 211

Era um sábado bem cedo, eu estava ansioso, afinal, esse iria ser o último jogo de vôlei do ano. Era a final da Liga Escolar contra o Arquidiocesano no próprio Sagrado, ou seja, tínhamos a chance de levantar a principal taça da temporada em casa. Aos poucos, os jogadores de ambos os times foram chegando ao ginásio e o jogo, enfim, iria começar. Sabíamos que não seria uma partida fácil e jogamos seriamente com tudo o que tínhamos a oferecer desde o começo. O primeiro set começou um pouco difícil, ambos os times estavam bem nos setores ofensivos e defensivos, porém no final do set, conseguimos nos sobressair e ganhar o primeiro. O segundo tempo foi bem mais tranquilo e conseguimos vencê-los com certa facilidade. Ganhamos a Liga Escolar de maneira invicta, sendo que não perdemos um único set durante a competição inteira! Após toda a comemoração, tínhamos de ir ao local de entrega do troféu. Durante o caminho ao pódio, fiquei pensando sobre a incrível e cansativa temporada de 2018. Nós disputamos três campeonatos, sendo que ganhamos todos de maneira invicta e alguns ainda jogaram com a categoria mais velha, a A-16, inclusive eu. A grande lição que eu pude tirar do ano passado foi que nós nos superamos em momentos difíceis. Mesmo com toda a temporada exaustiva que tivemos, todas as dificuldades enfrentadas, foi possível montar e manter um time forte e entrosado, conquistando de forma gloriosa todos os títulos do ano.

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CUIDE DE SUA PEGADA HÍDRICA Gênero: Reportagem Larissa Teixeira Sicchieri Turma: 212 O conceito de água invisível e o impacto das nossas escolhas de consumo no contexto atual. Você já parou para pensar nisso? Durante o século XXI, muitas pesquisas estão sendo realizadas em função da água, um recurso natural finito presente em tudo, até onde não podemos enxergá-lo. Apesar de ocupar 75% da superfície do globo, esse precioso recurso pode se esgotar em um futuro não tão distante. Como nós colaboramos com essa situação? De toda a água no planeta, apenas cerca de 2,5% é doce e adequada ao consumo. 12% desse total se concentra no território brasileiro, inclusive em reservas subterrâneas. Essa característica coloca o Brasil em um lugar central no debate sobre o acesso à água e políticas públicas de gestão desse recurso. Tendo muitos recursos hídricos, ao compararmos o Brasil com outros países, temos alto consumo de água, sendo que cada pessoa gasta, em média, 2 milhões de litros por ano. Na China, por exemplo, o consumo per capita anual é de cerca de 1 milhão de litros. Esse dado revela o quanto há de desigualdade no consumo do líquido ao redor do planeta. Recentemente, especialistas apresentaram o conceito de “água invisível”. Essa nova expressão designa toda a água que movimenta o dia a dia da população, como a fabricação de uma calça jeans, por exemplo, a qual consome 11 mil litros de água, ou de um computador, no qual são gastos 35 mil litros de água para sua construção, incluindo processos de extração de metais utilizados nos componentes eletrônicos. O Brasil é um dos países que mais exporta 26

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água, não em estado líquido, mas a água invisível, presente em diferentes produtos, como grãos, carne, tecidos, entre outros. Esse dado confirma o quanto as decisões tomadas no Brasil, em relação ao meio ambiente podem impactar o comércio mundial. Há necessidade de mudarmos alguns hábitos de consumo a fim de auxiliar no processo de manutenção da água em nosso planeta, incluindo não apenas a redução do consumo do recurso em si, mas sim de práticas como a escolha de nossos alimentos, o tempo de descarte de aparelhos eletrônicos, a quantidade de embalagem e plásticos utilizados, entre outros. Qual “pegada” você quer deixar em nosso planeta? É importante consumir de forma consciente e sustentável e com pequenas ações cotidianas podemos alterar esse cenário ambiental e melhorá-lo para nossa geração e para nosso futuro próximo.

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FILME EM PRETO E BRANCO Gênero: Conto Beatriz Fernandes Vidotti Turma: 224

Levava uma vida comum. Ia e voltava a pé da escola, brincava na rua com minhas amigas e, uma vez por semana, me reunia com a turma na lanchonete do seu Mário para comer e jogar conversa fora. Éramos crianças felizes. No entanto, do dia para a noite, o mundo ficou preto e branco. Vivíamos, agora, dentro de um filme de Chaplin: ninguém falava, ninguém tinha cor. Fui proibida de voltar da escola sozinha e de ficar até tarde na rua com as minhas amigas. As noites com a turma na lanchonete do seu Mário foram esquecidas. Amigos e professores tiravam férias inesperadas. Na escola, a galera comentava que estávamos sendo comandados por vilões de histórias em quadrinhos. Eu preferia acreditar no que mamãe me dizia: estávamos vivendo uma grande produção cinematográfica muda e em preto e branco, mas logo a TV colorida chegaria para a população e poderíamos sorrir novamente. Nunca pensei que a escuridão fosse chegar à minha casa. A casinha humilde na travessa da Ipiranga não fazia parte do filme em preto e branco. Porém, numa noite, ela foi invadida por monstros. Eram sombras pretas que pisavam forte e falavam grosso. Eu não sabia que o filme era de terror. Ouvi gritos dos meus pais e quis levantar, mas vi vovó dormindo na cama ao lado e entendi que fora apenas um pesadelo. Na manhã seguinte, acordei alegre sem lembrar-me do ocorrido na noite anterior. Era sábado, dia de andar de bicicleta com

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os meus pais. Procurei-os pela casa toda, mas não os encontrei; talvez tivessem ido ao mercado.Vendo minha aflição, vovó pediu para que eu me sentasse à mesa da cozinha, pois tinha de conversar comigo. Ela disse que meus pais haviam viajado de última hora para resolver um problema da empresa. Esperei um, dois, três meses e nada. Vovó não falava mais e eu compreendi que o pesadelo fora real; nossa casa, agora, era cenário do filme.

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VIOLÊNCIA E IMPACTO SOCIAL Gênero: Artigo Clara de Lazari Bento Turma: 221 A violência urbana é um dos assuntos mais preocupantes no Brasil, trazendo à população, em muitos casos, a naturalização desse contexto. Esse problema, associado em muitos casos à desigualdade social, é agravado pela dependência às drogas e também pela utilização ilegal de armas. No Brasil, viver com dignidade e conquistar bens materiais são objetivos de vida para grande parte da população. Com isso, o jovem, das zonas periféricas ou não, pode se iludir ao ver no tráfico de drogas um caminho para essas conquistas. Essa atividade é caminho para vários outros crimes, uma vez que a dinâmica do tráfico gera roubos e homicídios, agravando a violência nas cidades brasileiras. “E esse tiro fere cada morador que já teve um sonho frustrado”: tal trecho da música Favela Vive 3 mostra a consequência da violência armada nas comunidades. Com o fácil acesso às armas, os combates nos morros e em locais de segregação social só crescem, expondo ainda mais a população pobre a riscos e cerceando-a de mais um direito constitucional: o de ir e vir. A partir dos fatos apresentados, é notável que a violência é agravada por diferenças sociais. A falta de investimentos em educação de qualidade, lazer, esportes e cultura contribui para que jovens brasileiros iludam-se em encontrar no tráfico um caminho para a ascensão social. Sendo assim, é urgente que o governo e organizações da sociedade civil construam e mantenham escolas de esporte, música e dança nessas áreas mais afastadas e comumente abandonadas pelo poder público. Além disso, a construção desses espaços não basta: é fundamental que haja profissionais para garantir seu pleno funcionamento e oportunizar às crianças e jovens o desenvolvimento de seus talentos e a condição necessária para construírem seus sonhos. 30

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VIOLÊNCIA EMOCIONAL Gênero Ensaio: texto produzido para a primeira edição do Sarau Nós na voz, realizado em setembro de 2019. Isadora de Freitas Weigand Turma: 223

A sociedade está quebrada e nós precisamos acordar.Vivemos com a ilusão de que não importa o que fazemos, nunca seremos bons suficientemente. Fomos treinados a não gostar de quem somos. Autoconhecimento? Quem conhece essa palavra?! Na sociedade em que estamos, conhecer-se é luxo. Opinião? Refutamos com discursos ressentidos. Empatia? Está em falta! Respeito? Já acabou faz tempo... Estamos em um momento em que amar seu próprio corpo é revolução e não rotina. Estamos em um período em que amar sua própria personalidade é arrogância e não amor próprio. As pessoas não sabem mais ouvir. Não há para quem recorrer. Se quiser dar sua opinião, é mais fácil falar com a parede, ela não responderá com discurso de ódio. Nos dias de hoje, nossa felicidade é medida com fita métrica na cintura, números na balança, quantidade de likes e dinheiro na conta. Viver nesse mundo assim é inviável. Não podemos deixar esses padrões acabarem com nossas vidas. Temos muito a viver. A luta não acabou ainda. Ame-se, queira bem a si, espalhe o bem, incentive o amor próprio e descarte o ódio. A situação em que estamos foi criada por nós e somos os únicos que podemos nos libertar dela.

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A ILUSÃO DO TEMPO Gênero: Texto dissertativo-argumentativo padrão Fuvest Gabriela de Mello Lyra Turma: 231

A concepção do tempo é relativa e inconstante devido a fatores relacionados ao próprio pensamento humano. O homem carrega emoções singulares, as quais interferem na observação temporal de cada indivíduo. Estudos específicos e reflexão sobre esse tema são amplos, já que as percepções variam de acordo com contextos pessoais e históricos. Em situações de ansiedade e tensão, é natural a sensação de lentidão, na qual as horas parecem não passar, prolongando-se cada vez mais. No entanto, em momentos de euforia e agitação, há uma mudança perceptiva do tempo, o qual parece passar rapidamente. Desse modo, mesmo que os segundos percorram da mesma forma para todos, a percepção, em geral, não será a mesma. Nas cenas de filmes é comum a projeção de batidas de carro em câmera lenta, sendo uma representação similar ao ocorrido na realidade. O tempo psicológico, percebido pelo cérebro nesses momentos de pavor, desacelera, construindo a sensação de “slow motion”. Além dessa observação sobre o tempo a partir do enfoque psicológico, pode-se notar que, a partir de alterações no modo de vida das pessoas, ocorridas em contextos históricos como a Revolução Industrial e a Revolução Tecnológica, a percepção do tempo também foi, e continua sendo alterada, em função de uma intensificação nos processos de produção e interacionais, propiciando a sensação de que o tempo passa, de forma geral, mais rápido a cada dia. Na tentativa de compreensão desse tema, fica nítida a

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inconstância entre as pessoas, sendo a percepção do tempo um dos fatores mais curiosos da essência humana. Cada indivíduo, a partir de sua singularidade, compreende o momento à sua maneira. O tempo, visto de forma acelerada para alguns e prolongado para outros, de acordo com o fator psicológico, carrega inúmeras interpretações ao longo da vida. Além disso, as transformações sociais também impact am n a percepção geral sobre a velocidade dos acontecimentos, sendo a relação entre o contexto social e pessoal o definidor da forma como se concebe o tempo.

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Gênero: Texto dissertativo-argumentativo padrão Enem

Victor de Andrade Scapin Turma: 232

Os textos conhecidos como fake news remontam à história da imprensa e da circulação de informações, porém, com atual avanço tecnológico, as notícias falsas foram potencializadas pela inteligência artificial e por empresas especializadas em tal segmento midiático. Essa prática intensifica a cultura de ódio e a desinformação. Para conter isso, é preciso que empresas dos ramos tecnológico e de mídias invistam em políticas para proteger o usuário. Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, principalmente das redes sociais, as notícias falsas correm com extrema velocidade. Segundo Rogério Christofoletti, pesquisador e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, em levantamento realizado pelo site BuzzFeed, as fake news obtiveram 8,7 milhões de compartilhamento no Facebook. Entretanto, notícias reais alcançaram os 7,8 milhões. O dado demonstra a potencialidade das notícias falsas em um contexto global, no qual muitos usuários preferem acreditar em algo de apelo emocional, em detrimento de informações comprovadas. A empresa de Mark Zuckemberg está movimentando mais de 14 milhões de dólares para desenvolver estratégias de distinção entre fatos comprovados e boatos. Portais e redes sociais como Twitter, G1 e Google também apresentam projetos para verificar a idoneidade do conteúdo publicado e compartilhado pelos sites. Esse interesse ao combate às notícias falsas está relacionado a aspectos legais e a busca de maior credibilidade por parte da imprensa. 34

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Notícias falsas tomaram conta dos meios de comunicação. Para combatê-las, é preciso que a esfera legislativa elabore projetos de lei para enquadrar a criação de fake news como crime digital. Além disso, deve haver maior mobilização por parte da Polícia Civil e Federal para investigações relacionadas à prática de disseminar notícias falsas. Empresas de tecnologia e de mídias devem investir em programas de avaliação de informações publicadas nas plataformas. Cabe também aos indivíduos checar diversas fontes antes de compartilhar uma notícia que pode, ou não, ser falsa.

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Gênero: Texto dissertativo-argumentativo padrão Enem

Lucas Moretti Marangoni Turma: 232

O envelhecimento populacional é algo recorrente em muitos países, ocorrendo devido ao aumento da expectativa de vida. Esse fato revela uma melhora na qualidade de vida da população, porém, também apresenta um lado complexo, principalmente em relação a aspectos econômicos, políticos e sociais. É necessário, portanto, que sejam encontradas alternativas, em diferentes esferas, para lidar com esse novo contexto. Devido a esse fenômeno, o Estado é cada vez mais exigido para que essa camada populacional seja auxiliada. Contudo, esses auxílios estão sendo organizados de forma polêmica, o que pode estar ocasionando prejuízo à economia do país. Um exemplo claro é a questão previdenciária, relacionada a um déficit bilionário à economia brasileira. O motivo disso se encontra no fato de que há um desequilíbrio entre as contribuições e o recebimento de benefícios, ocasionando distorções no sistema de aposentadoria. Outro ponto importante é o cuidado com a saúde dessa parcela da nação. Para que a fase de envelhecimento seja vivida de forma adequada, hábitos saudáveis devem ser praticados. Além disso, é necessário haver uma maior atenção aos idosos por parte de todos, de forma a assegurar dignidade social e afetiva a todos que se encontram nessa fase da vida. Conclui-se, portanto, que são necessárias mudanças para garantir o bem-estar dessa camada populacional. Assim, mostra-se urgente que o governo providencie um reforma na previdência,

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organizando de forma mais efetiva os recursos públicos. Necessitase também um melhor suporte aos idosos, com a criação de espaços de saúde exclusivos para essa parte da nação, como hospitais privados e públicos. Além disso, cada indivíduo deve perceber a necessidade de oferecer atenção e afeto ao idoso, seja alguém da própria família ou de seu círculo social.

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