E X P E D I E N T E Direção de Arte: Sara Oliveira Direção de Redação: Beatriz Santos Jornalistas: Aline Amanda Beatriz Santos Michelle Camila Reporteres: Ana Vitória Beatriz Santos Colaboradores: Rubens Rogonati Terezinha Santos Capa: André Tachibana [via devianART]
Iniciamos a primeira edição especial falando de EDUCAÇÃO através das ideias de FLORESTAN FERNANDES, importante Sociólogo Brasileiro. Durante as pesquisas e debates que tivemos na confecção dessa revista chegamos a conclusões sociais riquíssimas. A classe burguesa detém o conhecimento na sociedade, e a classe trabalhadora que aprende através do ensino público nem sempre tem acesso ao mesmo nível de conhecimento por falhas no ensino fornecido pelo governo. A segregação de classes que não detém a mesma formação se eleva ao nível de segregar conhecimentos. Descortinamos o ENSINO no Brasil para entender a disseminação do saber na sociedade e ficou evidente que boa parte da classe trabalhadora ainda não tem as bases intelectuais para lutar em num sistema capitalista. Vivemos em uma sociedade desigual, economicamente e intelectualmente. Estamos todos no arena, lutando com armas diferentes.
BOA LEITURA! Sara Oliv.
lorestan Fernandes nasceu em São Paulo, na década de 20, de origem pobre. Autodidata, o ex-engraxate, ingressou na Faculdade de Filosofia em quinto lugar, completando seu curso de Bacharelado em Ciências Sociais, em 1943, e a Licenciatura no ano seguinte. Em 1945 o estudante autodidata começou a dar aulas na Faculdade, contratado como professor-assistente, ao lado de Antonio Candido, na cadeira de Sociologia II, capitaneada por Fernando de Azevedo. Atuou como deputado federal duas
vezes pelo Partido dos Trabalhadores. Na vida política, se destaca por manter-se fiel aos seus ideais ao defender o ensino público e participar de todos os debates importantes no Congresso que diziam respeito à educação. Participou ativamente da discussão, elaboração e tramitação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que só seria aprovada em 1996, um ano depois de sua morte. Descortinou de maneira critica o pensado e real, e é considerado o pai da sociologia crítica no Brasil ao questionar a realidade social. O sociólogo
também assume a tarefa de reconstruir uma análise do Brasil com o comprometimento de realmente mudar a sociedade. Conforme a análise, Florestan chega à conclusão de que a classe burguesa brasileira controla os mecanismos sociais no país e que devido a alguns fatores históricos, a escravidão, por exemplo, tal classe no Brasil é mais resistente às mudanças sociais do que em outros países desenvolvidos.
A classe trabalhadora representa a grande parte da sociedade brasileira. Diante disso, seus membros devem estar preparados, bem informados e conscientes de seu papel e a educação deve ser responsável por isso. É o que diz o sociólogo brasileiro Florestan Fernandes, que tinha a educação como um dos principais temas na sua vida. Ele defendia que a escola pública deveria oferecer um ensino de qualidade, criticava a pedagogia tradicional e condenou a postura dos educadores, além de afirmar que estes deveriam ser os responsáveis pela transformação social. Em uma entrevista disse: "Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos”. Ele acreditava realmente que a educação era a base fundamental para uma mudança radical na sociedade.
Infelizmente, acompanhamos todos os dias péssimas notícias que nos dizem que a qualidade do ensino público está cada vez pior. Os professores entram em conflito com o gov“ Grande pátria erno pelos seus interesses desimportante Em nenhum e quem paga por isso é a instante eu população. Quanto mais vou te trair “ pobre for uma determinada região, pior será a sua educação. Quem tem acesso à educação de qualidade são aqueles que podem pagar por isso, enquanto o pobre tem acesso à educação da pior qualidade. Mas por que será que isso acontece? Qual é o verdadeiro papel do professor na educação? Por que existe uma diferença enorme entre o ensino público e o ensino particular? A resposta para essas perguntas buscamos atraves de entrevistas com professores tanto de uma rede de ensino particular quanto uma rede de ensino público. f.
É
muito comum os pais ficarem em dúvida quanto à escola que colocarão seus filhos. São inúmeros os fatores que pesam na hora da escolha. Florestan Fernandes sempre defendeu a rede pública, e dizia que os professores e diretores são os maiores responsáveis pela qualidade dessas escolas. Infelizmente, a falta de materiais didáticos, professores acomodados e salas superlotadas muitas vezes fazem os pais optarem por escolas particulares.
P
ara entendermos melhor a diferença entre essas escolas, conversamos com o professor Rubens Rogonati, que está à frente de vários projetos na Escola Municipal Bartolomeu Lourenço de Gusmão, e com a professora Terezinha Santos, professora que leciona há 25 anos em escolas particulares.
APESAR DA DEFESA DE FERNANDES PELA ESCOLA PúBLICA, AINDA SÃO NOTáVEIS AS DIFERENÇAS COM A INSTITUIÇÃO PARTICULAR. CONVERSAMOS COM PROFESSORES E ABORDAMOS AS CONTRARIEDADES
Por muitas vezes ouvimos os pais reclamarem de que os professores não estão tão empenhados como deveriam nas salas de aula. De acordo com o Profº Rubens, isso difere de escola para escola, e que existe professores muito competentes fazendo o seu trabalho com excelência, mas que infelizmente não são em todas as escolas públicas.
De acordo com a Profª Terezinha, a cobrança dos mantenedores e coordenadores é diária. Existe uma avaliação do semanário de classe dos professores e uma comparação com os cadernos dos alunos para ver se o conteúdo planejado pelo professor está coincidindo com o esperado pela escola e, principalmente, pelos pais.
Um ponto positivo na rede pública é a gratuidade, além dos materiais e do uniforme que também são gratuitos. Esse é um aspecto que, sem sombra de dúvidas, as escolas públicas superam as particulares. Mas, por outro lado, por dependerem do governo, muitas escolas não têm recursos o suficiente para melhorarem a sua estrutura.
O pagamento das mensalidades, que aumentam a cada ano, é o que pesa no bolso dos pais. Além disso, existe o custo com uniforme, alimentação e material escolar. Mas, em contrapartida, o capital gerado com tudo isso pode ser convertido em novas tecnologias, reforma da estrutura e contratação de novos professores.
Os materiais escolares, bem como uniforme, são fornecidos pelo governo. Cada aluno recebe uma apostila com todas as matérias que dura o ano todo. O conteúdo é limitado, e o que complementa o ensino no decorrer do ano é a explicação dos professores.
É comum nas escolas privadas o uso de apostilas bimestrais, com o conteúdo de várias matérias, além de outros livros adotados pelos professores para darem continuidade ao conteúdo das apostilas. “Tudo isso é custeado pelos pais, mas é de extrema importância”, diz Profª Terezinha, “pois os professores podem escolher livros que se adaptam ao seu método de ensino”.
É muito comum ouvirmos nos telejornais a falta de segurança nas escolas públicas. Por dependerem da segurança pública e por não terem recursos para instalarem equipamentos de segurança por toda a escola, isso pode ser um ponto negativo na rede pública.
Todo o custo gerado para os pais pela escola privada pode ser algo positivo em relação à segurança. Câmeras de segurança, portões automáticos e seguranças particulares deixam os pais muito mais tranquilos quando deixam as crianças na escola.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep e em taxas de aprovação. Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula. O índice é medido a cada dois anos e o objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, tenha nota 6 em 2022 – correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos. FONTE: Portal do MEC
f.
A
ORGANIZAÇÃO
SOCIAL
DOS
TUPINAMBÁ
(1949)
Esse livro de Florestan Fernandes, devido a uma perfeita manipulação de técnicas de reconstrução de uma realidade social, colocou vivos diante de nós os índios Tupinambá, não tendo jamais se limitado aos objetivos expressos pelo autor em uma nota explicativa de sua segunda edição, de se fazer apenas uma tentativa pura e simples de reconstrução histórica. É interessante recordar que o texto que deu origem a esse livro foi apresentado como tese de mestrado no curso de pós-graduação da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
MUDANÇAS
SOCIAIS
NO
BRASIL
(1960)
Florestan Fernandes examina em neste volume elementos constituintes da realidade brasileira por ele identificados no fim dos anos 1950. Fernandes sugere no livro que o Estado deveria empenhar-se em construir um sistema educacional compromissado com a tarefa de preparar “o homem para a vida”. O sociólogo mensura os limites dos processos de redemocratização e de industrialização do país, sempre preocupado com a consolidação de mecanismos que permitissem os efetivos avanços sociais que ele tanto desejava.
A INTEGRAÇÃO DO NEGRO NA SOCIEDADE DE CLASSES (1964)
No primeiro volume, o autor põe em cheque o mito da democracia racial, além de promover um deslocamento conceitual e geográfico da questão racial no Brasil, introduzindo, de um lado, a abordagem marxista da sociedade de classes, e de outro, o caso paulista em lugar do nordestino. No segundo volume, Florestan Fernandes aborda diretamente o movimento ou movimentos negros - a emergência e as perspectivas de tais movimentos na sociedade e na política brasileiras.
A CA
NO
INVESTIGAÇÃO BRASIL E OUTROS
ETNOLÓGIENSAIOS (1975)
Os ensaios reunidos neste livro foram escritos entre 1946 e 1958, momento de redefinições nacionais. Nesta obra, Florestan Fernandes redesenha os contatos da sociedade Tupinambá com o universo dos brancos, mostrando as contradições que se estabeleceram em cenários conflituosos, nos quais os Tupinambá procuraram construir suas estratégias de aliança e de franca guerra. FOLCLORE E A MUDANÇA SOCIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO (1961) O livro reúne estudos de Fernandes feitos com base em dados recolhidos na cidade de São Paulo e publicados em 1942 e 1959, mostrando as relações entre o folclore numa cidade de grande diversidade cultural, em grande parte, devido à imigração, e as novas relações da cultura popular com o rápido processo de mudanças ocorridas na cidade na primeira metade do século XX. Em cada ensaio, o leitor encontrará indicações a respeito da coleta dos materiais, das diretrizes teóricas seguidas em sua interpretação e das formas originais de edição destes.
Nos anos 40, Florestan teve sua própria coluna semanal no jornal Folha de São Paulo.
Com 8 anos de idade, Fernandes trabalhava como engraxate
Foi deputado federal por duas vezes, traçando assim mais uma maneira de lutar principalmente pela educação pública brasileira.
Foi muitas vezes preso na ditadura militar, pois lutava para que a sociedade obtivesse a liberdade e educação digna para todos.
Hoje em dia existe a Fundação Florestan Fernandes, que oferece gratuitamente cursos de qualificação profissional, fortalecendo a ideia do ensino gratuito de qualidade.
Fernandes, embora viajasse muito, morreu em sua cidade natal, ainda insatisfeito com a educação brasileira.
Florestan logo na infância teve que lutar para reafirmar seu próprio nome, pois, segundo a patroa de sua mãe, seu nome “não era de pobre”, e o chamava de Vicente.
O livro “A Organização Social dos Tupinambá” foi apresentado como tese de mestrado em seu curso de pós-graduação da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.