CENTRO CULTURAL XAVANTE - TCC II

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CENTRO CULTURAL


PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ARTES E ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO Ii

SERRA DO RONCADOR, NOVA XAVANTINA- mt


OCADÊMICA: Rafaela Sánchez CHAVES Orientador: ALESSANDRO DE OLIVEIRA

Trabalho de conclusao de curso apresentado ao curso de arquitetura e urbanismo da pontifícia universidade católica de goiás, COMO REQUISITO PARA OBTENÇAO DO TÍTULO DE ARQUITETA E URBANISTA

GOIÂNIA 2018



CENTRO CULTURAL DEDICO À família Sanchez À família A´awe



A G R A D E C I M E N T O S

As páginas a seguir são a soma de esforços e pró-atividade de várias almas que me auxilia-

ram a pensar e conceber este projeto, assim como, me suportaram durante este percurso de seis anos e meio de curso. Há muita gente a agradecer e certamente, sem essas pessoas, este trabalho não teria sido iniciado e nem finalizado – ou eu não teria sobrevivido até aqui!

Agradeço primeiramente à minha mãe Eva, pelo apoio em todos os aspectos, desde o

financeiro, no deslocamento até o local de estudo, até o psicológico, sempre me incentivando e acreditando em mim. Meu obrigado também ao meu pai, por todo o suporte acadêmico.

Agradeço à minha família, avó, tios, primos, e em especial ao meu tio Valdir, por ter entra-

do em contato com um guia para que eu pudesse ter acesso à tribo de Nossa Senhora de Guadalupe, em General Carneiro, e também pelo transporte até o local.

Meu sincero reconhecimento aos meus amigos, Kárita Mariano e Lizandra Pimenta, pelos

anos de amizade e por sempre estarem comigo quando precisei, mesmo que distantes. Ao Maycon Vieira e Layra Melo, pelo companheirismo, labuta diária de TCC, refeições feitas, cafés divididos, fins de semana virados e por todos os momentos em que ajudaram esse projeto ser entregue. Um obrigado aos amigos Paula Sanches, Lorrany Lobo e Cleiton Fleury por todo auxilio durante o desenvolvimento desse tcc. Gratidão ao meu gato Edgar, meu companheiro de todas os dias e noites.

Gratidão pela oportunidade de participar de um intercâmbio sanduíche nos Estados Uni-

dos em 2014, onde pude evoluir, espírito e academicamente, e que expandiu meus horizontes para os problemas sociais e urbanos.

Meu muito obrigado à professora Adriana Mikulashek, pelo incentivo na escolha do tema

e do local. Ao professor Flávio de Carvalho pelas orientações no TCC, à um ano atrás, e por toda paciência e dedicação. Ao professor Carlos Pente, que me orientou na disciplina de Tecnologia na Arquitetura, referente à idealização de uma estação de tratamento de esgoto sustentável que pudesse ser incorporada à este projeto. Agradeço meu atual orientador, Alessandro, que me axiliou nas escolhas referente ao projeto em si, em seu andamento e finalização. Por fim, agradeço à comunidade Xavante, em especial ao Pajé da aldeia Nossa Senhora de Guadalupe em General Carneiro e ao auxilar de turismo Aurinos de Oliveira, pelo empenho e disposição ao me acompanhar pela cidade e pelas informações compartilhadas.


A P R E S E N T A Ç Ã O

O presente caderno teórico é o produto de toda uma trajetória acadêmica e de ques-

tionamentos sobre a realidade do meio urbano, a desigualdade gerada pela má distribuição de renda e inadequada ocupação dos espaços públicos e privados. Diante de um cenário discriminatório e não-inclusivo, principalmente em relação às minorias, temas que debatem a causa indígena se fazem de suma importância para a quebra de tabus, preconceitos e paradigmas que se estentem por séculos no Brasil.

Por meio de um projeto arquitetônico para um centro cultural na cidade de Nova Xa-

vantina no Mato Grosso, esse projeto tem por objetivo a disseminação da memória, da expressão, apoio e preservação da cultura indígena e em específico, da comunidade Xavante.

ESQUEMA DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

LIVROS JORNAIS ARTIGOS VISITA À ALDEIA

HISTÓRIA DIVERSIDADE CULTURAL INDÍGENA

ANÁLISE DO CONTEXTO

ASPECTOS FÍSICOS

CULTURA E INTEGRAÇÃO

ASPECTOS SOCIOCULTURAIS

VIVÊNCIA + USO


I

N

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Desde a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500, os nativos que aqui viviam,

hoje denominados índios, são explorados, negligenciados e discriminados. De acordo com Victoria Tauli-Corpuz , relatora especial da ONU, sérios casos de violação de seus direitos aconteceram durante as últimas décadas sem serem investigadas ou compensadas, revelando uma permanente discriminação que já está enraizada na sociedade. Segundo o Conselho Indigenista Missionário, somente em 2007, 92 indígenas foram assassinados, com um aumento no número de vítimas em 2014 para 138, sendo o Mato Grosso do Sul o estado com maior incidência de mortes. A maioria desses números está relacionado à falta de controle e atrasos de leis em relação ao processo de demarcação de terras e disputas por território com fazendeiros e empreiteiras.

Outro aspecto desestruturalizante da cultura indígena seria o processo de urbaniza-

ção, que segundo Cardoso de Oliveira (1968), extinguiria as culturas locais, como já ocorreu no início da modernização europeia. É certo que o próprio cotidiano urbano torna as pessoas individualizadas, padronizadas e destribalizadas¹. Porém, com o passar dos anos essa temática foi revista e a perspectiva entre cidade e aldeia se transforma, não mais opondo-se, mas tornando-se continuos, como explica Barth (1988, p.188), que apesar do contato do indigena com o não-índio e da correlação dos grupos sociais, as diferenças culturais se perpetuam.

Assim como acontece no município de Nova Xavantina em Mato Grosso, a comu-

nidade Xavante mantêm contato quase que diariamente com os moradores citadinos. A cultura desses indivíduos, em parte, ainda resiste mesmo com o contato com a civilização. Bem como o é fato que uma grande parcela da população ainda mantêm uma certa resistência em relação ao deslocamento dos Xavante para o meio urbano, seja para moradia, estudos, trabalho ou apenas para aquisição de suprimentos, é por ainda existir esse tipo de pensamento e comportamento que propõe-se este projeto.

Em Nova Xavantina, segundo relatos de moradores locais e dos próprios indígenas,

é até hoje um local com grandes casos de discriminação e marcas do descaso com o Xavante, fato confirmado após breves visitas à aldeias locais, que se encontram sem saneamento básico ou sem áreas adequadas para atividades básicas. O centro Cultural Xavante visa, portanto, além de tornar-se um marco para a cidade, tanto pelas suas dimensões como pelo seu significado, trazer à tona questões relacionadas ao preconceito étnico e cultural que resiste há gerações e que os excluem dos direitos sociais e básicos. ¹ Ação de destribalizar, de afastar o indígena de suas raízes, seja por influência de uma cultura externa ou pelo afastamento prolongado do convívio com sua tribo



S S

U

M

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Objetivo Geral

10

Objetivo Específico

11

Temática

12

Tema/Justificativa do Tema

13

Aspectos Históricos

14

Aspectos Socioeconômicos

28

Lugar/Justificativa do Lugar

30

Terreno

35

Caracterização do Usuário

40

Estudos de Caso

41

O Projeto

56

Perspectivas

80

Considerações Finais

87

Referências Bibliográficas

88

U

M

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I

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O B J E T I V O

G E R A L

Destina-se ao apoio, preservação e à realização de atividades

de caráter social e exploratório da cultura Xavante no município de Nova Xavantina-MT, Brasil.

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O

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S -

1. ATIVIDADES CULTURAIS E EXPOSITIVAS 2. ESTUDO E VALORIZAÇÃO DA CULTURA XAVANTE 3. PROJETO BASEADO NA REALIDADE CONSTRUTIVA LOCAL 4. SUSTENTABILIDADE E PRESERVAÇÃO

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1 . T E M ÁT I C A

CULTURA

O termo “Cultura”, do verbo em latin “colere”, tem por significado o cultivar, ha-

bitar, cultuar, prosperar, cuidar ou tratar bem. Porém, a desassociação de seu significado inicial, relacionado ao sentido de cultivo da alma ao seu conceito contemporâneo, que se naturaliza e é incorporada ao desenvolvimento humano, é essencial para a melhor compreensão do tema em questão.

A partir do século XVIII, segundo Williams (1979), cultura se torna um processo

da evolução intelectual, espiritual e física que, de alguma forma é transferido para o mundo físico e que podem ser sustentadas através do tempo. Analogamente à isso, Thompson (1995) apud Mauri e Lenzi (2004), definem cultura como o conjunto de crenças, costumes e ideias, bem como os artefatos, objetos e instrumentos materiais, que são adquiridos pelos indivíduos enquanto membros de um grupo ou sociedade.

Sendo assim, conclui-se que é possível perceber os múltiplos conceitos de cul-

tura, onde não há uma hierarquia ou ideia de correto ou incorreto, já que todas são diferentes e singulares. Portanto, como proposta teórica, o conceito de cultura está ligado diretamento ao projeto, visto que se baseia na vivência da sociedade indígena, especificamente a Xavante.

A cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, como as mãos são um atributo do homem. José Ortega

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2. TEMA

CCX

- CENTRO CULTURAL XAVANTE

3 . J U S T I F I C AT I V A DO TEMA

Um centro cultural deve ser um polo de cul-

tura viva, proporcionando ao público liberdade de se fazer cultura e favorecendo a sua conscientização (NEVES, 2013, p. 11). Logo, a proposta de um projeto arquitetônico que mantêm relação direta e harmoniosa com o espaço inserido é extremamen-

Ana Terra Yawalapiti diante de policiais na frente do Congresso. Foto: Mídia Ninja (2017)

te relevante para o aumento da qualidade de vida da população. Com uma vasta riqueza em suas manifestações artístico-culturais e arquitetônicas, o povo Xavante poderá expor e ensinar suas técnicas milenares e sua história, além de aprender conjuntamente sobre nossos métodos artísticos, construtivos e culturais.

A criação desse projeto visa instigar a discus-

são sobre os povos índigenas, que é muitas vezes esquecido, tanto pelos orgãos públicos como pelo próprio não-índio. Esse edifício multiuso contará com atividades culturais e exposições, com o objetivo de fornecer maior acesso à informação pela população além da quebra de preconceitos e paradgmas em relação à cultura Xavante, ainda com a inserção de um espaço público que pode auxiliar no resgate da identidade cultural por parte dos Xavante.

Por fim, é uma cidade que não possui ne-

nhum edifício similar, com o leque de atividades apresentadas pelo CCX. Então, é importante principalmente resgatar os principais aspectos mais primitvos da cultura Xavante que habita as margens

Indígenas em protesto pela demarca-

do Rio das Mortes e que se desenvolveu através dos

ção de terras em Brasília-DF, 2017.

recursos disponíveis no patrimônio natural de Nova Xavantina.

Fonte: https://mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com/2017/04/28/o-maior-acampamento-terra-livre-da-historia/

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3.1 ASPECTOS H I S T Ó R I C O S OS INDÍGENAS NO BRASIL

Na época da chegada dos europeus, existiam mais de 1.000 povos, somando entre

2 e 4 milhões de pessoas. Atualmente estima-se que existam no mundo pelo menos 5 mil povos indígenas, somando cerca de 350 milhões de pessoas.

Até meados dos anos 70, acreditava-se que o desaparecimento dos povos indí-

genas seria algo inevitável, porém, para o ISA (Instituto Socioambiental), os 233 povos indígenas no Brasil somam cerca de 600 mil pessoas, 450 mil vivem em terras indígenas e em núcleos urbanos próximos e os outros 150 mil, em grandes cidades, aproximadamente apenas 0,2% da população total do país.

Nas comunidades indígenas não existem classes sociais como em nossa sociedade.

A terra, por exemplo, pertence à todos e a carne da caça costuma ser dividida com os demais integrantes da tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, possuindo uma divisão por sexo e idade: As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Enquanto isso, os homens são encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.

O pajé e o cacique são os indivíduos mais importantes da tribo. O pajé é o sacerdo-

te da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses, além de ser o curandeiro e conhecer todos os chás e ervas. O cacique é o chefe, organizanizando e orientando os demais.

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Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro BA / Oscar Pereira da Silva – 1922

“Primeira Missa no Brasil” Victor Meirelles (1832-1903)

Fonte:http://www.newsrondonia.com.br/noticias/ historia+e+arte+na+chegada+dos+portugueses+ao+brasil

Fonte: http://deniseludwig.blogspot.com.br/2013/04/ arte-em-pinturas-na-historia-do.html?m=1


Em números, de acordo com os dados

do IBGE (2010), dos 817.963 indígenas que existem no Brasil, 315.180 vivem em cidades. Portanto, a presença de indígenas nas cidades é uma realidade nos grandes centros urbanos e em cidades do interior. Com isso, é recorrente o pensamento que a migração de indígenas para o espaço urbano resulta na perda de sua cultura, na apropriação cultural e na extinção das tradições indígenas.

Contudo, como Baines (2001) aponta,

Índias Carajás - MT Disponível em: http://www.caurn.org.br/?p=10213

esses questionamentos são baseados no preconceito de que o índio pertence à mata e lá deve viver, definindo-os como estagnados no tempo e no espaço. Porém, o que se vê é a autoafirmação do indígena na sociedade, no qual se entende a migração para a cidade como um meio de luta por reconhecimento, estudo, direitos e cidadania.

-tribos-indigenas-do-estado-do-amazonas/

Fonte: https://noamazonaseassim.com.br/as-

MAPA DAS TERRAS INDÍGENAS NO BRASIL

LEGENDA 01- Alagoas e Sergipe AL/SE 02 - Altamira - PA 03 - Alto Rio Juruá - AC 04 - Alto Rio Negro - AM 05 - Alto Rio Solimões - AM 06 - Alto Rio Purus - AC/AM/PA 07 - Amapá e Norte do Pará - AM/PA 08 - Araguaia - GO/MT/TO 09 - Bahia - BA 10 - Ceará - CE 11 - Cuiabá - MT 12 - Guamá e Tocantins - MA/PA 13 - Interior Sul - PR/RS/SC/SP 14 - Caiapó do Mato Grosso - MT/PA 15 - Caiapó do Pará - PA 16 - Leste de Roraima - RR 17 - Litoral Sul - PR/RJ/RS/SC/SP 18 - Manaus - AM 19 - Maranhão - MA 20 - Mato Grosso do Sul - MS 21 - Médio Rio Purus - AM 22 - Médio Rio Solimões e Afluentes - AM 23 - Minas Gerais e Espírito Santo - MG/ES 24 - Paratins - AM/PA 25 - Parque Indígena do Xingu - MT 26 - Pernambuco - PE 27 - Porto Velho - AM/MT/RO 28 - Potiguara - PB 29 - Rio Tapajós - PA 30 - Tocantins - TO 31 - Vale do Rio Javari - AM 32 - Vilhena - MT/RO 33 - Xavante - MT 34 - Ianomâmi - AM/RR

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3.1 ASPECTOS H I S T Ó R I C O S

MAPA DAS TRIBOS XAVANTE EM MT

OS XAVANTES - A´UWE UPTABI Auto-Denominação: A’uwe População: 18.000 Classificação linguística: Macro-Gê, Gê Língua: Aquém Local: Leste do Mato Grosso, 60 aldeias

LEGENDA TI Sangradouro/

HISTÓRICO

Volta Grande TI São Marcos

De acordo com Darcy Ribeiro (1977),

TI Marechal Rondon

ao início do século XVIII, depois da desco-

TI Parabubure

berta do ouro na então província de Goiás,

TI Chão Preto

a chegada de mineradores, bandeirantes,

TI Ubawawe

colonos e missionários pressionou as popu-

TI Areões TI Pimentel Barbosa

lações indígenas locais, provocando con-

TI Marãiwatsédé

flitos entre elas e os novos habitantes. As populações nativas reagiram de diferentes modos à intrusão dos forasteiros, recorrendo à ataques repentinos e à guerra ou à migração. Na segunda metade daquele século, os Xavante foram assentados em aldeamentos cedidos pelo governo, onde sofreram os efeitos

de diversas doenças

epidêmicas.

Depois, em algum momento do final do

século XVIII, eles cruzaram o rio Araguaia, separando definitivamente os Xavante dos Xerente, que permaneceram na margem leste do rio. Uma vez cruzado o Araguaia, os Xavante se estabeleceram na região da Serra do Roncador, no que agora é o estado do Mato Grosso. Seu povoado original, uma comunidade conhecida como Tsõrepre, passou por várias divisões ao longo do tempo. Até a terceira década do século XX, todos eles viveram relativamente livres das perturbações provocadas por membros da sociedade nacional.

Quando o governo Vargas começou

sua famosa “Marcha para o Oeste”, esforço exploratório batizado de Expedição RoncadorFoto aérea de um aldeia Xavante em 1944, publicada na revista O Cruzeiro.

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-Xingu, organizada por uma agência governamental – a Fundação Brasil Central (FBC), se-


gundo Garfield (1996); Menezes (2000); Villas

a tornarem-se famosos por obra dos meios

Boas e Villas Boas (1994), para construir uma

de comunicação de massa que, patrocina-

infraestrutura que visava o desenvolvimen-

dos pelo Estado, representaram os Xavante

to econômico das regiões centrais do Brasil.

como os bravos e heróicos primitivos do país

Essa infraestrutura incluía estradas, escolas,

que, depois de ‘pacificados’ – e marcando

hospitais, aeroportos, etc. Então, as pressões

passo com a “marcha do progresso” que

externas voltaram a agravar as condições

acompanhava o avanço da nação rumo a

de vida Xavante. (LIMA, 2010)

oeste –, engrandeceram-se com o abraço da sociedade nacional.

Desde muitas décadas atrás, os Xa-

vante já estavam bem conscientes de que o mundo exterior estava, mais uma vez, avançando em sua direção. Segundo Ravagnani (1978:162-163), os Xavante estavam: “Encurralados, sem possibilidades de novas migrações, cercados por criadores de gado, com o território invadido por todos os lados, seus rios navegados por poderosas lanchas motorizadas, seus campos cortados por várias expedições, as aldeias tomadas por surpresas e atacadas por armas eficientes, suas casas vasculhadas e roubadas, fazendas e povoados florescendo em suas terras […].”

Em 1950 iniciaram eforços oficiais para

alocar as terras do povo Xavante, por meio da doação de terras situadas na margem esquerda do Rio das Mortes feita pelo Estado Francisco Meirelles (à esquerda), com o auxiliar de sertão Ladislau Cardoso, o cacique Uruhuenan e Serimicramin. Museu do Índio. Foto: Lamonica (1951)

de Mato Grosso. Essa doação foi formalizada

lizadas na margem direita, foram vendidas

Associada à campanha do Estado

pelo Decreto Estadual no 903 de 1950 e somava 1.931.000 ha. (Maybury-Lewis 1974). As terras loca

para a abertura do interior do país ao pro-

pelo estado e privatizadas em 1953,

cesso de colonização, segundo Cancelli

antes mesmo das aldeias Xavante terem sido

(1984,) houve uma série de propagandas

mudadas para a região localizada à esquer-

em revistas e jornais de circulação nacional

da do Rio das Mortes (Barbosa 1963).

que retratou os Xavante como símbolo do

“bom selvagem” brasileiro. Por conseguin-

lecer contato com um grupo Xavante em

te, eles foram os primeiros indígenas do país

1946, ainda levariam muitos anos até que

Embora se tenha conseguido estabe-

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3.1 ASPECTOS H I S T Ó R I C O S todos os Xavante entrassem em contato permanente. Enfraquecidos por doenças e esgotados pelos confrontos com colonos, vários grupos começaram a estabelecer relações pacíficas com diferentes representantes da sociedade brasileira durante as décadas de 1950 e 1960. Muitos grupos Xavante refugiaramse em missões católicas salesianas ou em postos do SPI², onde frequentemente chegavam doentes e famintos Distribuição de presentes entre os Xavante de Wedezé feita por agente do SPI, 1954. Fonte: Acervo do SPI, Museu do Índio/FUNAI

Em 1966, as terras dos Xavante de

Marãiwasede, o único grupo que ainda não havia sido “pacificado”, foram compradas por investidores de uma corporação de São Paulo para o estabelecimento de uma grande fazenda de gado. Os Xavante de Marãiwasede, alguns dos quais eram parentes dos que naquela época moravam nas áreas das atuais T.I. Wedezé e Pimentel Barbosa (Maybury-Lewis 1984), foram reunidos e transportados em um avião da Força Aérea Brasileira para a Missão Salesiana em São Marcos. No ano seguinte, quase um terço dos que para lá foram levados morreu em uma epidemia de sarampo (Garfield 1996). Desde 1985, sobreviventes de Marãiwasede, que deixaram São Marcos, se instalaram em uma aldeia nova (Água Branca) na extremidade sul da T.I. Pimentel Barbosa.

Foto retirada do memorial da cidade de Nova Xavantina. Acervo pessoal.

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² O SPI era uma agência do governo federal brasileiro, fundada na década de 1910, tendo um oficial militar, Cândido Mariano da Silva Rondon, como diretor. O objetivo declarado da agência era contatar grupos indígenas isolados e protegê-los dos efeitos destrutivos da expansão das fronteiras. STAUFFER, 1995.


No passado, os Xavante faziam trekking (longas expedições pelo cerrado), que se

tornou menos frequente nas últimas décadas. Em alguns casos, as aldeias eram temporárias, durando um ano ou menos, em outros casos, permaneciam no mesmo local por alguns anos, já que seus residentes anteviam mudar para outros locais, dependendo das circunstâncias políticas e da disponibilidade de recursos naturais.

Aldeia Xavante na T.I. Wedezé, 2009. Foto: James R. Welch

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A ALDEIA

Quanto à disposição das aldeias atuais das T.I. We-

dezé e Pimentel Barbosa, onde a organização social e a ideologia da tribo são expressadas de maneira tradicional (Lopes da Silva 1983). As casas são distribuidas em semicírculo, com a abertura voltada para um curso d´água, pelo qual é usado para fins domésticos e banho.

A área no centro da aldeia é onde o warã (reunião

dos homens) se reúne duas vezes por dia, às 6 da manhã e às 6 da tarde. As atividades que são realizadas nessa área central dizem respeito, de alguma forma, à vida social da aldeia: os índios caçadores trazem a caça, acontece o futebol no final da tarde, há a corrida de toras, rapazes formam círculos de dança e cantam na frente das casas ou um homem grita para que todos ouçam a decisão tomada. Durante o dia, as mulheres circulam pelo centro da aldeia para pegar água, ir em direção às roças, visitar parentes ou ir a outros lugares. No semicírculo de casas, as portas estão voltadas para o centro. O dia-a-dia acontece dentro de cada casa, no entorno e nas roças ao redor. (Lopes da Silva, 1983)

LEGENDA

1

7

2

2. Rua da noite 3. Área das reuniões

8

4. Área dos rapazes 5. Cabana das crianças

3

6. Área de Maquiagem

4

8. Cemitério

5 6

22

1. Rua do dia

7. Caminho para hortas

9

9. Caminho para área de banho Esquema de uma aldeia Xavante segundo Glaccaria e Heide (1984)


Vista aérea da antiga aldeia Xavante em Wedezé, na qual se nota crescimento diferenciado de vegetação em forma de ferradura, 2009. Foto: James R. Welch.

Aldeia Xavante Nossa Senhora de Guadalupe, em General Carneiro MT. (Fotos acima e abaixo) Fonte: Acervo pessoal (2017)

Retirado de: DE ABREU, Mariana Monteiro. Trabalho de Conclusão desenvolvido em 2013 para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista pela Escola da Cidade. 2013

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A MALOCA

Com o passar dos anos, os Xavante

tornaram-se sedentários em relação ao des-

PLANTAS

locamento de aldeias. Com isso, a moloca teve que sofrer algumas mudanças, como o material, que não necessitava mais ser tão maleável mas rígido e duradouro, e a planta, anteriormente circurlar, agora octonoFACHADAS

gal, com quatro águas em sua cobertura.

DIVISÃO DE ÁREAS DO INTERIOR DA MALOCA XAVANTE

CORTES

DIAGRAMA DE CONSTRUÇÃO DA CASA TRADICIONAL XAVANTE

1

3

2

4

Casal mais velho Filha mais velha casada Outras filhas casadas Filhos Solteiros Filhos Casados Entrada

1. Demarcação do esteio central 2. Demarcação de troncos envergados 3. Colocação de troncos envergados 4. Amarração dos troncos envergados

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Disponível em: DE ABREU, Mariana Monteiro. Trabalho de Conclusão desenvolvido em 2013 para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista pela Escola da Cidade. 2013. Pré-indicado ao Opera Prima. Desenhos elaborados pela autora.


COLOCAÇÃO DA PALHA DE VEDAÇÃO DO TELHADO

DETALHE DE ENCONTRO DA PAREDE COM COBERTURA

ARQUITETURA INDÍGENA INCORPORADA AO PROJETO CONTEMPORÂNEO

Com o crescente contato com o não-índio, a arquitetura dos nativos vem sendo mo-

dificada por materiais mais resistentes e de fácil transformação. A aldeia visitada em General Carneiro também é um exemplo de como esse contato interferiu e interfere no cotidiano da tribo, visto que há acúmulo de lixo pelas aldeias, já que não há coleta e os habitantes estão cada vez mais se deslocando para as cidades para obtenção de alimentos.

O etnocídio e a colonização catequizaram algumas aldeias, transformando não só

o urbanismo e a arquitetura local, mas influenciando-os a se tornarem uma sociedade sedentária, com a inserção de postos de saúde e escolas.

É fato a existência de uma arquitetura cada vez mais distante do tradicional, mas

que mesmo assim convive com suas raízes culturais, sendo importante a identificação dessas técnicas diferenciadas, e da evolução formal da arquitetura que acontece em um espaço imutável. Portanto, um dos objetivos desse projeto é empregar as tecnologias do não-índio em paralelo com a tecnologia nativa, evitanto modelos de construção como os de programas sociais, que excluem toda a identidade e singularidade do usuário, tornando desumana a vivência familiar e comunitária.

PRODUÇÃO PARA FEIRA LOCAL

O sistema agroflorestal permite o

cultivo de frutas e vegetais a partir de um sistema de sucessão de espécies que incorporam benefícios ao solo, assim como produtos para os produtores locais. É um sistema baseado em técnicas de povos indígenas de várias parte do mundo, onde foram empregados o conhecimento científico sobre vegetais e sua interação com o meio ambiente natural.

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A COLETA

A coleta é muito importante para a alimentação dos Xavante, podendo ficar

dias sem carne, mas nunca sem os produtos coletados na mata, especialmente raízes e tubérculos.

O cerrado é ainda a principal fonte de subsistência dos Xavante, onde são

coletadas espécies como palmeiras, que fornecem palmitos e cocos, podendo ser ingeridos crus, desidratados ou preparados na forma de bolo Os frutos do buriti (Mauritia flexuosa) são também bastante apreciados, servidos crus.

Há também a coleta de plantas, como o buriti, palmeira, babaçu e indaiá, para

uso medicinal, tecnológico (para construção de e artesanato) e para rituais e cerimônias (adornos). Na aldeia as mulheres é quem voltam das roças com cestas cheias de vegetais coletados, onde algumas vezes também trazem grandes quantidades de folhas de palmeira, para as coberturas das ocas e lenha para fogueira.

Às vezes, as mulheres mandam seus filhos das roças para a aldeia com esses ma-

teriais amarrados na garupa de suas bicicletas, para entregá-los a seus parentes. Portanto, ainda que tenham ocorrido importantes mudanças nos padrões de coleta dos Xavante, essa atividade ainda continua como principal economia das tribos. (Maybury-Lewis, 1984 e Giaccaria e Heide, 1984)

Carne de caça obtida durante caçada coletiva sendo distribuída para a comunidade. Foto: James Welch, 2006.

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A CAÇA

As atividades de caça (aba) entre os Xavante acontecem

de forma particular ou coletiva. As caçadas particulares podem envolver um homem somente como também um pequeno grupo de índios. Nesses casos, participam geralmente filhos, irmãos, primos e/ou amigos, às vezes com a compania da esposa, que participa indiretamente. Enquanto que as caçadas coletivas envolvem um grande número dos homens da aldeia. Essas caçadas são de curta ou de longa duração, podendo se estender por mais de uma semana. O fogo às vezes é utilizado para proporcionar maior rendimento e para realização de atividades cerimoniais.

Ainda que o propósito das caçadas seja a obtenção de

carne, elas acontecem geralmente com objetivos cerimoniais específicos, como o casamento (dabasa) e a passagem da infância Homem Xavante retornando de caçada carregando queixada, 2005. Foto: James R. Welch

para a idade adulta dos homens. (Maybury-Lewis, 1984)

O FOGO

Os autores Miranda (2002) e Pivello (2006), afirmam que o cerrado só evoluiu na pre-

sença de incêndios naturais e que as queimadas podem ser bem-vindas para a biodiversidade desse bioma. Ademais, o botânico Leopoldo M. Coutinho (2002) afirma que o fogo nem sempre é um desastre para a fauna e flora, visto que após uma queimada, os insetos polinívoros e nectarívoros são beneficiados pela resposta floral das plantas, que aumentam sua disponibilidade de pólen e néctar. Algum tempo depois, essas flores produzirão frutos e sementes que alimentarão outros animais. Esse rebrotamento é muito importante para os que se alimentam de folhas e brotos, como o veado-campeiro e a ema, por exemplo. Com isso, a população desses animais aumenta nas áreas queimadas, já que são vistas como um paraíso em plena estação seca. Comparação entre área não-queimada (lado direito) e área queimada quatro semanas atrás (lado esquerdo), em campo de murundu na T.I. Pimentel Barbosa, 2010. Foto: James R. Welch.

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ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

Segundo Pagliaro (2005), a comunida-

de Xavante apresenta uma alta taxa de natalidade. Quanto à composição por sexo, a porcentagem de homens, de 7.452 pessoas ou 51,5%, é superior à de mulheres. Pessoas do sexo masculino predominam em todas as terras, com exceção de Marãiwatsede e Pimentel Barbosa, onde há mais mulheres.

Os dados demográficos para os Xa-

vante indicam que o crescimento vegetativo foi o principal fator responsável no aumento da população, já que a migração não teve efeito relevante. Por se tratar de uma sociedade na qual o casamento e a maternidade são praticamente universais, as mulheres começam a ter filhos entre 20 e 25 anos, atingindo o pico da fecundidade entre os 20-29 anos. Em consequência, tem-se uma população demograficamente jovem, com 54% abaixo de 15 anos. (Pagliaro et al. 2005) Mulher e criança Xavante a caminho da roça, 2005. Foto: James Welch.

As análises de Souza (2008), apontam

também para uma tendência de redução da mortalidade infantil ao se comparar aos anos de 1999 a 2001 e de 2002 a 2004. É muito provável que essa redução se deva ao Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas criado em 1999. Ainda esse subsistema apresente muitas deficiências, é fato que o acesso dos indígenas aos serviços e programas de saúde aumento consideravelmente. Ainda assim, a mortalidade infantil do povo Xavante é 5 vezes maior comparada ao restante do país o que aponta para grandes desigualdades que precisam ser superadas.

Arroz e milho em roça Xavante, 2004. Foto: James R. Welch

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PIRÂMIDES ETÁRIAS DA POPULAÇÃO XAVANTE - TOTAL

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO XAVANTE SEGUNDO GRUPO ETÁRIO E TERRA INDÍGENA, SEXOS COMBINADOS, 2008

POPULAÇÃO XAVANTE, INCREMENTO DO NÚMERO DE ALDEIAS E CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL, SEGUNDO TERRA INDÍGENA,1999-2004

Fonte: Distrito Sanitário Especial Indígena Xavante, Barra do Garças.

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3.2 ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS O Centro Cultural Xavante contará com o trabalho do próprio indígena da região, que exercerá cargos de diversas categorias no local, com o financiamento da FUNAI, juntamente com a cobrança da entrada do centro e passeios que serão realizados até as aldeias parceiras. Para que o edifício não se torne inutilizável durante o passar do tempo, atividades de cunho educacional, social e cultural serão realizadas semanal, mensal e anualmente. Atividades essas ministradas pelo Xavante e por todos associados ao centro. A partir disso, pretende-se desenvolver um calendário fixo, que possa ser publicado e compartilhado, de forma que toda a sociedade tenha acesso, desde estudantes do ensino básico até pesquisadores do Brasil e do exterior. O CCX busca atrair a atenção da sociedade, que ainda marginaliza o índio pelo desconhecimento de sua cultura, valores e importância. Será um local de retorno às origens, de modo que haja contato direto com as atividades e o cotidiano do indígena.

Edição 42 da revista Museu ao Vivo www.museudoindio.gov.br/images/museuaovivo/ jornal_site_n42.pdf

Exemplo sobre atividades ministradas no Museu do Índio do Rio de Janeiro. www.museudoindio.gov.br/images/museuaovivo/jornal_site_n42.pdf

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O Museu do Índio - Rio de Janeiro-RJ Segundo informações retiradas do website do Museu do Índio no Rio, há a responsabilidade, enquanto unidade da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, a implementação de pesquisas e projetos de documentação voltados para a preservação do conhecimento dos povos indígenas e a capacitação de pesquisadores indígenas para o seu registro. Nesse sentido, as ações do Museu do Índio são voltadas para a documentação, o cadastramento, a salvaguarda e a difusão do conhecimento pertencente a esses povos, especialmente aquele em situação de risco de desaparecimento ou sob a guarda do Museu do Índio, visando torná-lo acessível à sociedade brasileira em geral e, em particular, às próprias sociedades indígenas.

Fachada Museu do Índio, Rio de Janeiro Foto: Margareth de Noronha

Preservação do conhecimento dos povos indígenas Documentar, cadastrar, salvaguardar e difundir o conhecimento pertencente aos povos indígenas, sob a guarda do Museu do Índio e de suas unidades descentralizadas, especialmente aquele em situação de risco de desaparecimento, visando torná-lo acessível à sociedade brasileira em geral e, em particular, às sociedades indígenas.

Grupo de Kapa Haka “Nga Kete Tuko http://museudoindiorj.blogspot.com.br/2015/10/ vinte-representantes-da-etnia-kayapo-da.html

Pesquisa sobre populações indígenas - Desenvolver estudos, projetos e oficinas de pesquisa e documentação de línguas,culturas e acervos, com a capacitação de pesquisadores indígenas e não indígenas. - Promoção do patrimônio cultural dos povos indígenas - Realizar atividades que contribuam para a preservação , divulgação e valorização do patrimônio cultural dos povos indígenas. As atividades envolvidas abrangem projetos tais como eventos culturais, parcerias com museus e realização de pesquisa, entre outros.

Semana do Índio no Museu das Culturas Dom Bosco (Foto: Marcos Ribeiro/G1 MS)

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4. LUGAR

NOVA XAVANTINA - MT

5 . J U S T I F I C AT I V A D O L U G A R

O município de Nova Xavantina está localizado em uma região do país de rara

beleza natural, banhado pelo Rio das Mortes, com diversas ilhas, praias e cachoeiras. Se destaca como um dos grandes pontos turísticos do Vale do Araguaia e de todo o estado do Mato Grosso.

Centro Cultural direcionada à preservação da cultura Xavante nessa região incor-

porará ao município, já valorizada pelo turismo, uma nova perspectiva social e cultural. A partir desse conceito, pretende-se trazer a cidade um novo conceito cultural, com sua disseminação em todos os níveis etários e étnicos, respeitando o entorno, a mata nativa e ciliar e atendendo aos parâmetros de legislação que regem as intervenções arquitetônicas e urbanísticas do município.

Mato-Grosso Nova Xavantina Fonte: Autora

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LOCALIZAÇÃO O Município de Nova Xavantina, situa-se ao Médio Araguaia, Leste de Mato Grosso, às margens do Rio das Mortes, em área da Amazônia Legal, sendo considerado o GEO-CENTRO do Brasil. LIMITES Norte – Água Boa Sul – Barra do Garças Leste – Cocalinho Oeste – Campinápolis e Novo São Joaquim.

CLIMA

É semi-úmido tropical, com estação

definida de verão e chuvas (não havendo grandes secas e nem geadas ou inundações). A maior incidência de chuvas é entre novembro e março. A temperatura media é de 28º graus, com mínima de 17º e a máxima em torno de 40º. A umidade relativa do ar fica em torno de 25% e 95% .

POPULAÇÃO Possui 20.519 habitantes, formada principalmente por imigrantes oriundos de todas as regiões do país. DADOS TERRITORIAIS Possui uma dimensão territorial de 5.566,29 km², localizada a 14º e 16º abaixo da linha do Equador e nas Longitudes 51º e 54º a Oeste de Greenwich. A altitude média fica entre 200 e 300 metros em relação ao nível do mar. HIDROGRAFIA Rio Noidori, Rio Pindaíba, Rio Areões e Rio das Mortes.

Vegetação típica do Cerrado: árvores baixas e resistentes. (Foto: iStockphotos)

ACESSOS E ENTORNO

VEGETAÇÃO

Fonte: Autora

Predomina o cerrado, sendo o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km², cerca de 22% do território do Brasil. Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas, visando incrementar a produção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo esgotamento dos recursos naturais da região. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para produção de carvão. Disponível em: http://www.novaxavantinamt.com. br/pagina/id/3/?dados-do-municipio.html

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A HISTÓRIA DE NOVA XAVANTINA A história de Nova Xavantina é caracterizada pelo desenvolvimento de duas formas de ocupação oficiais, no início da década de 40, com a implantação da Fundação Brasil Central (FBC) e na década de 70 pela inclusão de terras do município em projetos de colonização oficiais e privados, implantados em Mato Grosso. A criação da FBC tinha como objetivo mapear e criar núcleos populacionais em diversas áreas do Centro-Oeste em destaque a cidade de Nova Xavantina. Contudo, em 1967 a FBC foi encampada pela Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO). Então, a SUDECO passa a planejar a ocupação de áreas do Estado de Mato Grosso, por meio de diversos projetos de desenvolvimento, com o objetivo de integrar a região ao processo produtivo do sul e sudeste do Brasil. Somente a partir da década de 1970 que foram criados a maioria dos núcleos urbanos e, posteriores sedes municipais em decorrência dos projetos de colonização incentivados pelos programas da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e SUDECO, como por exemplo, o POLOCENTRO, na região de Xavantina, e programas que investiram na instalação de infraestrutura de transporte, energia elétrica e outros para viabilizar a produção agrícola. (ABREU, 2001) Neste sentido, França (2000) relata que a historiografia de Nova Xavantina apresenta grupos advindos para colonizar como Pioneiros, os integrantes da Expedição Roncador Xingu, projeto concebido por Getúlio Vargas e os Gaúchos como colonizadores participantes do projeto do governo de Garrastazu Médici. Disponível em: http://www.novaxavantina.mt.leg.br/ institucional/historia/dados-historicos-de-nova-xavantina-mt

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Foi no dia 14 de abril de 1944, quando todos perfilados, hastearam a bandeira e cantaram o hino nacional lançando definitivamente o marco número um da Expedição, a Vila de Xavantina.

Ministros Eurico Gaspar Dutra (de terno branco) e João Alberto (de chapéu), acompanhados do Governador de Goiás, Dr. Pedro Ludovico Teixeira, e do Coronel Vanique, em visita ao marco comemorativo da chegada da Expedição em Xavantina em 1945.

Primeiros moradores de Nova Xavantina. Imagens desta página disponíveis em: http://www.achetudoeregiao.com.br/mt/nova_xavantina/ historia_3.htm


O segundo impulso desenvolvimentisO NOME XAVANTINA O nome da vila é herdado dos índios ta ocorreu décadas depois, com a construXavantes que chegaram ao rio Araguaia entre 1860 e 1870 e vieram fugindo de perseguições, maus-tratos e mortes ocasionados pelos brancos. Pressionados novamente, eles deixaram a aldeia na qual tinham se estabelecido a beira do Araguaia e partiram em direção ao rio das Mortes (OLIVEIRA, N., 2007).

ção da ponte sobre o Rio das Mortes, parte da rodovia BR-158. Assim, nasceu o povoado de Nova Brasília, na margem oposta do rio. Com o estímulo do governo federal, especialmente com o Estatuto da Terra, em pouco tempo os povoados tornaram-se distritos cada vez mais populosos, abrigando migrantes de todo o país e, principalmente, do Sul.

O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO URBANO DA CIDADE A Lei nº 2.059, de 14 de dezembro de 1963, criou o distrito com sede no sítio de Xavantina, mas com a denominação de Ministro João Alberto. Logo depois, a Lei nº 3.759, de 29 de junho de 1976 criou o distrito de Nova Brasília, com sede na margem esquerda do Rio das Mortes, em frente ao distrito Ministro João Alberto, formando-se, na prática, uma só comunidade dividida pelo rio. Quando a região progrediu e chegou o momento da criação do município, as duas sedes distritais lutaram pelo nome. Entraram em um acordo com a escolha de nome conciliador, de Nova Brasília se tomou o termo Nova, e então adicionado o termo Xavantina.

Praça Susanete Ferreira Fonte: Gilberto Freitas

Finalmente, em 1980, as duas cidades fundiram-se num município independente com o nome de Nova Xavantina em 3 de março de 1980, pela Lei Estadual nº 4.176 De acordo, com o documento do Projeto Xavantina, a cidade contou com um plano inicial, elaborado pela FBC de traçado em xadrez. Houve após isso um crescimento aleatório na área de palha, em local impróprio, devido à topografia. Surgiu do outro lado do rio, o povoado de Nova Brasília, dada à impossibilidade de se abrir um novo loteamento em Xavantina, por serem os terrenos da Sudeco. Fonte: Confederação Nacional de Municípios Disponível em: https://cidadesdomeubrasil.com.br/mt/ nova_xavantina

Vista aéra do centro e Rio das Mortes

Retirado de: http://www.nx1.com.br/noticia/nova-xavantina-aparece-no-novo-mapa-do-turismo-de-mt-agua-boa-fica-fora

SIGLAS FBC: Fundação Brasil Central SUDECO: Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste SUDAM: Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia

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6. LUGAR

NOVA XAVANTINA - MT

O TURISMO EM NOVA XAVANTINA Entrevista concedida pelo Exmo. Senhor Secretário Municipal de Turismo Valteri Araújo da Silva, realizada na sede da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente no dia 27 de Janeiro de 2010. O turismo influencia no desenvolvimento de nosso município? Sim. O Turismo é responsável por uma grande parcela de recursos oriundos de gastos de pessoas que vem de outros locais para visitar e conhecer a nossa cidade. Porém, os turistas nem sempre são conscientes a respeito do que representa a sua presença, e de como o turismo deixa benefícios, como por exemplo: a circulação de moeda na região em pagamentos de hotéis, restaurantes, passeios etc.

Praia do Sol

A Secretaria de Turismo e Meio Ambiente está realizando ações de Educação Ambiental? Sim. A Secretaria de Turismo e Meio Ambiente tem esse compromisso, ressaltando nosso trabalho de sensibilização da comunidade ribeirinha, dos índios, dos povoados vizinhos e comunidade local. A Secretaria promove palestras para serem ministradas nas escolas, principalmente na semana do meio ambiente, sendo distribuídos materiais como: cartilhas, panfletos, sacolinhas e assim por diante. O Secretário afirma então que o turismo está interligado ao meio ambiente sem dúvida proporciona o avanço sócio-econômico do município. O que realmente precisa ser feito é reduzir as agressões ambientais, visto que a relação entre meio ambiente e turismo gera grandes benefícios para as Praia da Lua

áreas receptoras. Cabe ainda mencionar que além da moderação no uso dos recursos naturais e do investimento em educação ambiental, é importante que haja substituição de velhas tecnologias por novas, mais eficientes e menos poluidoras, a exemplo do tratamento dos resíduos sólidos.

Retirado de dissertação para conclusão de curso do curso de Turismo pela Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT RECURSOS NATURAIS E POTENCIALIDADE TURÍSTICA: UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DE

Ilha do Coco

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NOVA XAVANTINA-MT, BRASIL, de Leandro Martins Barbosa


6.1 O TERRENO

O terreno escolhido para a implantação do Centro Cultural localiza-se no setor

Xavantina Velha, na margem sul do Rio das Mortes. Seu entorno imediato é basicamente residencial, com poucos edificios institucionais, uma escola, um centro religioso e duas áreas verdes. Na área, atualmente, existe um edificio abandonado da UNB e em ruínas. Os arredores estão tomados por vegetação e entulho, sem nenhum sinal de utilização, além de sem tetos.

Os critérios considerados para a escolha do local começaram a ser discutidos a

partir da visita realizada à cidade em 18 de janeiro de 2017. O auxiliar de turismo, defensor e amigo da comunidade Xavante, Arinos de Oliveira, explicou suas experiências com os Xavante e ainda encorajou a escolha da cidade de Nova Xavantina para o presente projeto, explicitando o grande número de nativos nas redondezas, o pouco incentivo ao conhecimento da cultura nativa e o preconceito ainda recorrente.

Arinos mencionou o sítio supracitado, elegendo-o como o local mais apropriado, pois

além possuir acesso direto ao rio e à BR 158, localiza-se em um setor da cidade pouco explorado economicamente além de estar abandonado a mais de 15 anos. O sítio conta com 44.000m² em sua totalidade.

Fotos retiradas da área e sua situação atual. Fonte: acervo da autora

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6.1 O TERRENO HIERARQUIA DAS VIAS

LEGENDA Área de Intervenção Área de preservação permanente Rodovias Vias arteriais de 2ª categoria

ÁREAS CAMINHÁVEIS

É possível acessar o local a pé mesmo estando no Setor Xavantina Nova, ao norte do rio. O município possui um sistema de linhas de ônibus precário e quase nulo e ausência de ciclovias e ciclofaicas, fazendo com que seu principal meio de acesso seja por automóvel particular.

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USOS E EQUIPAMENTOS

LEGENDA

LEGENDA

Residencial

Prefeitura, Fórum e Promotoria

Comercial

Hospital Municipal

Equip. de saúde

Santuário N. Srª da Graça

Institucional

Igreja Velha

Equip. público (quadras esportivas, praças, parques)

Templo da Eubiose de Nova Xavantina

Instituição Religiosa

Hotel Central

Hotel

Auto Posto Asa Branca

CHEIOS E VAZIOS

Área de Intervenção Área de Proteção Permanente Edificações existentes

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6.1 O TERRENO VEGETAÇÃO E RECURSOS NATURAIS

Área de Intervenção Área de preservação permanente Área de Mata/Vegetação densa Árvores de grande/médio porte

INSOLAÇÃO

40


ANÁLISE TOPOGRÁFICA

CORTE TOPOGRÁFICO TRANSVERSAL

41


7. CARACTERIZAÇÃO DO USUÁRIO

Centro Culturais em geral estão relacionados à momentos de lazer, aprendizado

e aculturação. São locais que não distinguem sexo, idade, etnia, orientação sexual ou nível econômico. Estar em um espaço que expõe e explica o significado e a história de infinitos temas por meio de imagens, objetos originais, filmes, apresentações e livros é uma das formas de aprendizado e lazer mais enriquecedoras que se pode obter.

É onde o lazer, a cultura e o saber caminham juntos, e essa dinâmica espacial

pretende receber:

- o morador local; - o estudante de ensino básico, médio ou superior; - o pesquisador regional ou do exterior; - a própria comunidade indígena; - as instituições de ensino

Além dos perfis citados, é

bem-vindo todo e qualquer cidadão que se interesse pela cultura, direitos, cotidiano e história dos Xavante. Já que será criado também um calendário semanal, mensal e anual de eventos em que toda a comunidade pode participar, desde a organização até o desfrute das atividades, como dança, aulas de artesanato, pintura e línguas e feiras, para o comércio de itens produzidos pelos usuários e funcionários.

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ESTUDOS DE CASO

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7. ESTUDOS DE CASO CENTRO CULTURAL INDÍGENA E DE MEDITAÇÃO NA FACULDADE DE BENTLEIGH Ano do projeto: 2013 Arquitetos: dwp | suters Localização: Bentleigh East, Victoria, Austrália Área: 109 m²

Situado na Austrália, em um local úmido e com vegetação nativa, o edifício

apresenta uma bifuncionalidade, em que é ao mesmo uma construção arquitetônica e uma peça de mobiliário, onde o usuário pode sentar-se sobre e ao seu redor. Foi projetado com intuito de incorporar à educação dos alunos a importância da sustentabilidade na arquitetura. Os estudantes envolvem-se, com o entorno natural em um currículo focado no meio ambiente, cultural indígena e meditação plena. Contém uma turbina eólica que fornece toda a energia utilizada e uma futura unidade de troca de energia geotérmica para aquecimento e resfriamento.

Imagens: Emma Cross

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A fim de atender as exigências do programa, o escritório dwp | suters criou uma

planta básica, simples, com um único espaço flexível, podendo ser reprogramado de acordo com a necessidade do usuário, incluindo também espaços de serviços menores, ligados lateralmente. Paredes e piso com mesma tonalidade de cores e mesmo material se fundem, tornando-o quase uma peça só. A subtração da forma ajuda a criar jogo de luzes em seu interior, com pouca incidência direta, evitando possível aquecimento.

O único ambiente apresenta paredes com curvas sinuosas, cores claras e espaços menores em seu interior, expondo o usuário à uma atmosfera calma e intimista para meditação.

Corte

Fachada

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7. ESTUDOS DE CASO

IMPLANTAÇÃO E SETORIZAÇÃO Edifício

N

Hall Entrada Áreas Permeáveis Lago Instalações Faculdade de Bentleigh Acessos

MATERIAIS E HARMONIA O conceito de projeto reflete a natureza contrastante do seu interior e exterior através da materialidade e da forma. O uso de placas de compensado, com sua aparência dourada clara, em oposição à madeira externa, com o cinza suavemente texturizado do ambiente externo, projetado para eventualmente torna-se prata com o tempo.

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ESTRUTURA FORMAL

A forma, inicialmente representada por um cubo, teve algumas partes subtraídas, criando um pátio ou entrada recuada e vãos de janela para sombreamento.

VOLUME E ENTORNO A estrutura formal se define pela ortogonalidade do edifício, revestido por materiais lisos de cores claras em relação ao entorno. A sinuosidade do lago, juntamente com a textura e cores fortes da vegetação ao horizonte, contrasta com o edifício, mas que ao mesmo tempo, pelo uso da madeira, dialogam entre si. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-150442/centro-cultural-indigena-e-de-meditacao-na-faculdade-de-bentleigh

Imagens: Emma Cross

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7. ESTUDOS DE CASO CENTRO CULTURAL COMUNITÁRIO TEOTITLÁN DEL VALLE Ano do projeto: 2017 Arquitetos: PRODUCTORA Localização: Teotitlan del Valle, Oaxaca, México Área: 1700 m²

O edifício possui um museu, loca-

lizado no volume principal junto à praça, onde estão guardadas as coleções e atividades do Museu Histórico de Teotitlán. O entorno teve grande influência nas escolhas de cores, alturas e de materiais. O segundo bloco abriga a Biblioteca Municipal e área de serviço. Os dois blocos possuem apenas 18% da área total da superfície, permitindo que fosse feito um grande espaço aberto com praças e jardins, permitindo que percursos para pedestres fossem criados, conectando a Praça Principal com o restante do Centro Cultural.

Imagens: Luis Gallardo

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Os volumes não possuem ornamentos ou detalhes, com materiais, aberturas, pare-

des de 30cm de espessura e cobertura dupla devidamente escolhidos para amenizarem as adversidades do clima local. Todos esses detalhes construtivos regulam a termperatura interna, excluindo a necessidade de acondicionamento térmico e iluminação extra durante o dia. As diferenças de alturas criam atmosferas confortáveis com a entrada de luz e a paleta de materiais escolhida (madeira, concreto pintado, telhas em barro e tijolos) prezam pela vernacularidade e interagem perfeitamente com o entorno.

Imagens: Luis Gallardo

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7. ESTUDOS DE CASO N

IMPLANTAÇÃO E SETORIZAÇÃO

3 2

7

9

6

1

Imagem: Luis Gallardo

4

8

5 10

Imagem: Luis Gallardo

CORTES ESQUEMÁTICOS E ELEVAÇÕES

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As áreas abertas e verdes ampliam e facilitam os acessos ao edifício pelo usuário

Espaços públicos abertos, permitindo encontros e percursos Imagem: Luis Gallardo

LEGENDA

1. Praça Principal

Imagem: Luis Gallardo

2. Átrio da Igreja 3. Igreja 4. Praça do Mercado 5. Mercado de Artesanatos 6. Palácio Municipal 7. Sítio Arqueológico 8. Edifício Histórico 9. Edifício Municipal 10. CCCTV - Centro Cultural Comunitário Teotitlán del Valle Acessos

Imagem: Luis Gallardo

Imagens disponíveis em: https://www.archdaily. com.br/br/885080/centro-cultural-comunitario-teotitlan-del-valle-productora

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7. ESTUDOS DE CASO PLANTAS - BIBLIOTECA E MUSEU

LEGENDA

1. Sala de Leitura 2. Sala de Leitura Infant il 3. Recepção 4. Sanitários 5. Sala de Computadores 6. Adega 7. Servi r ços

RELAÇÃO VOLUME-ENTORNO O edifício, relativamente baixo, com formas retilíneas e paralelas se contrasta com o entorno, formado por montanhas sinuosas e em grande altura. Em relação às cores, há uma hamonização pelo uso de tons terrosos que conversam com o local árido.

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CORTES - MUSEU

CORTES - BIBLIOTECA

LEGENDA

1. Acesso 2. Recepção/tenda 4. Salas de Exposições Temporária r s 5. Pátio 6. Adega 7. Servi r ços 8. Salão de uso misto 9. Sala de Exposições Têxteis 10. Lo oja Arqueológica 11. Lo oja do museu 13. Sala de Exposições Arqueológicas

COMPOSIÇÃO FORMAL A estrutura formal do Edifício é definida pela forma primária retangular. A disposição dos blocos acontecer pelo afastamento de um centro imaginário de vários retângulos de tamanhos e direções variadas, criando acessos e uma implantação dinâmica.

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7. ESTUDOS DE CASO CENTRO CULTURAL JEAN MAREI TJIBAOU Ano: 1998 Arquiteto: Renzo Piano

Local: Nouméa, Nova Caleônia Área: 8550m² Centro cultural Jean Marei Tjibaou foi projetado para se tornar um tributo à cultura vernacular Kanak, nativos que vivem na ilha de New Caledonia. Possuem fortes tradições e grande resistência ao aculturamento ocidental francês, que durante ao longo de sua história lutou por sua independência, mas sem sucesso. Seu líder Jena Marie, um dos mais importantes representantes, tinha em seus projetos a construção de um centro cultural que reunisse tanto a herança artística e cultural, quanto a linguística de seu Foto: Pierre Pantz

povo.

RELAÇÃO VOLUME-ENTORNO Renzo Piano se inspirou na arquitetura Kanak, que essencialmente já está conectada com a natureza, seja pelos materiais, aproveitamento de recursos ou pela sua co-existência harmônica. Mas o arquiteto ainda conseguiu assimilar o entorno, formado pela floresta, com grandes árvores com diversos formatos e montanhas sinuosas. As conchas cônicas possuem a textura das árvores e os vazios do projeto abrem o edifício para seu entorno, salientando o sentimento de pertencimento pelos habitantes.

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Há um caminho temático nos espaços abertos, que basicamente funciona

Disponível em: www.viajoteca.com/1-cidade-1-atracao-noumea-centro-cultural-jean-marie-tjibaou/

como uma trilha que resgata o cotidiano kanak, como o início de tudo, a agricultura, o habitat, a morte e o renascimento, partindo de suas metáforas extraídas de um mundo natural. Basicamente uma releitura das tradições locais, fugindo de mimetizações.

Disponível em: www.fondazionerenzopiano.org/it/ project/centre-culturel-jean-marie-tjibaou

Sistema de persianas móveis, com parede de madeira laminada e outra adicional de bambu para diminuir a incidência solar. As persianas são operáveis e permitem que o vento entre e o ar quente escape. (ROSA, 2013)

As edificações que sobressaem uma

são

possuem

carapaça

dupla,

construída a partir de pilares e vigas de madeira, de modo similar ao sistema dos Kanak, porém com curvatura menor e menos

alongadas.

São

revestidas com a madeira de iroko, fazendo referência às fibras tramadas das construções dos nativos.

Disponível em: www.fondazionerenzopiano. org/it/project/centre-culturel-jean-marie-tjibaou

A fim de amenizar o sentimento local anti colonialista que cresceu com a perda do líder do movimento Kanak, o então presidente da França, François Mitterrand, ordenou a construção de um centro cultural em Nova Caledônia. Então, em 1991, iniciou-se um concurso de design internacional, no qual o arquiteto italiano Renzo Piano vencera. A construção aconteceu entre 1993 e 1998, e então, após 9 anos do assassinato do líder indígena, em 4 de Maio de 1998, o edifício foi inaugurado. O local se transformou em uma referência etnológica do pacífico sul , e também numa das principais atrações turísticas da Melanésia.

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7. ESTUDOS DE CASO IMPLANTAÇÃO E SETORIZAÇÃO Os 10 edifícios-torre semicirculares representam os “povoados”, cada um com um uso diferente, e que, segundo Piano representam “uma passagem dramática de um espaço comprimido a outro expandido”, pois, “da cultura local roubamos os elementos dinâmicos e de tensão. LEGENDA

Centro Cultural Auditório Salas Multiuso Café Área Verde

Vila 1: Atividades de pintura, música e escultura

Entrada Principal Oceano Pacífico

Vila 2: Administração, biblioteca e sala de conferências

Caminho Pedestre

Vila 3: Exposição e anfiteatros

Caminho Veículos

CORTE AUDITÓRIO-CAFÉ LEGENDA

Auditório Café

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O programa cultural acontece quase como uma espécie de ritual, passando pelas exposições dos espaços naturais da ilha, da arte, da história e da religião dos kanak. Para isso, o edifício foi organizado como um conjunto de três povoados que abrigam exposições fixas e temporárias, performances ao ar livre aos finais de semana, anfiteatros e biblioteca. No exterior acontecem também eventos dos produtores rurais, feiras livres de alimentos e artesanato, tudo produzido ali pelos nativos.

Disponível em: Página Facebook Oficial Centre culturel Tjibaou

COMPOSIÇÃO FORMAL

Disponível em: Página Facebook Oficial Centre culturel Tjibaou

Segundo Piano, as mãos ou conchas fincadas ao solo buscam segurar o tempo ou guardar todos os elementos simbólicos da cultura Disponível em: Página Facebook Oficial Centre culturel Tjibaou

kanak ali contidos.

PLANTA TÉRREO

LEGENDA

Auditório Café Salas Multiuso Hall Entrada

Disponível em: ciclovivo.com.br/ arq-urb/arquitetura/centro_cultural_ em_ilha_do_pacifico_e_um_classico_da_arquitetura_sustentavel/ www.archdaily.com.br/br/791537/ ad-classics-centre-culturel-jean-marie-tjibaou-renzo-piano www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/06.063/431 pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/centro-cultural-jean-marie-tjibaou/

57


O

PROJETO



EVOLUÇÃO E P A R T I D O

Após

uma

pesquisa

aprofundada

de

referências e análises do conceito formal e ideológico indígena, iniciou-se o desenvolvimento do partido que serão a seguir apresentadas.

Do mesmo modo que acontece em uma

colmeia, a comunidade indígena tem como base a divisão do trabalho e afazeres entre cada indivíduo da aldeia, formando assim uma unidade, ou seja, todos trabalham para um bem comum como sua principal característica. Então, iniciou-se um processo Imagem: Noam Armonn

de estudos formais a partir da colmeia e da base hexagonal.

A forma hexagonal possui simbologia definida

pela cooperação, união, compartilhamento, encaixe de espaços, pensamentos, ação coletiva, ciclos e ordem, além de ser também mais rígida do que a triangular e menos densa do que a quadrangular, tornando-a mais adaptável às formas curvas.

Imagem: autora

Foto: Adelberto Heide Imagem: autora

60


SETORIZAÇÃO

Imagem: autora

Complexo de aulas Setor de exposições Setor técnico Grande espaço aberto central Estacionamento

O Hö, é o local onde os meninos se

transformam em homens e podem tomar decições pela aldeia. Podem também ser considerados capazes de exercer todas as funções de um adulto dentro da cultura Xavante. Será locado em posição semelhante à aldeia, o setor de serviços, onde salas de reunião e diretoria serão inseridas e, também, onde as decisões serão tomadas e o edifício será gerenciado.

Imagem: autora

A aldeia como palco de todos os

acontecimentos, vivências e desenvolvimento da comunidade, foi utilizada como inspiração para a distribuição dos edifícios no terreno. Na

aldeia, as casas são dispostas em semicírculo, em formato de ferradura, com a abertura voltada para um riacho, cuja água é usada para fins domésticos e banho. Há uma área

Imagem: autora

central onde acontecem as danças e festas da

Retirado de: DE ABREU, Mariana Monteiro. Trabalho de Con-

tribo

clusão desenvolvido em 2013 para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista pela Escola da Cidade. 2013

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PROGRAMA DE N E C E S S I D A D E S

Biblioteca Deve conter estante para livros e publicações, mesas de leitura que comportem pelo menos 4 leitores e mesas com computadores. Deve ter lugar para um atendente, acervo e seguir as normas de implantação de bibliotecas. Os leitores deverão deixar seus pertences em escaninho separado, podendo ser usado o do Hall de entrada.

Cafeteria e Bar Área de conforto para os visitantes com fornecimento de alimentos pré-fabricados. A cafeteria deve ser dividida em três partes: uma para o público (mesas com cadeiras), uma para atendimento (balcão) e uma para processamento dos alimentos (cozinha). Os equipamentos da cafeteria deverão compreender: balcão de atendimento, duas a três mesas com quatro cadeiras cada, freezer horizontal e/ou vertical, geladeira, forno elétrico profissional, micro-ondas, máquinas de café, bancada de pia com cuba dupla, bancada para apoio de eletrodomésticos, armários para guarda de louças e talheres, dispensa de alimentos e outros elementos necessários ao funcionamento de uma cafeteria. No bar, deverão compreender: de doze a quatorze mesas, balcão de atendimento com chopeiras, freezer e geladeira.

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Escala Gráfica 0

10

ÁMBIENTE

SETOR PÚBLICO

AULAS DE DANÇA

ÁREA

CIRCULAÇÃO

156m² 82m² 160m² 146m² 180m² 39,5m² 35,5m² 14,5m² 11m² 277m² 37m² 35,5m² 36m² 410m²

ÁREA PERMEÁVEL ESTACIONAMENTO

395m² 2760m²

TOTAL

4775m²

AULAS DE ESCULTURA AULAS DE LÍNGUAS AULAS DE PINTURA BIBLIOTECA ACERVO BIBLIOTECA BANHEIROS VESTIÁRIO FEM VESTIÁRIO MASC BAR

SETOR TÉCNICO

30m

LOJA ATENDIMENTO/SECRETARIA BANHEIROS

63


PROGRAMA DE N E C E S S I D A D E S

Escala Gráfica 0

64

10

30m


SETOR PÚBLICO

SETOR TÉCNICO

SETOR SERVIÇO

ÁMBIENTE

ÁREA

COZINHA

26m²

DISPENSA ARQUIVO

14m² 19m²

DEPÓSITO GERAL

27m²

DML LAVANDERIA

18,5m² 16,5m²

REFEITÓRIO FUNCIONÁRIOS RESTAURO

36,5m² 62m²

LIXO

20m²

GÁS CASA DE MÁQUINAS

24m² 22m²

CARGA E DESCARGA

585m²

VESTIÁRIO MASC VESTIÁRIO FEM DEPÓSITO COZ. LANCHONETE

30m² 37m² 22m²

COZINHA LANCHONETE CIRCULAÇÃO

17,5m² 93m²

REUNIÃO DIREÇÃO

25,5m² 26m²

ALMOXARIFADO

18,5m²

LANCHONETE EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA 1 EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA 2 EXPOSIÇÃO PERMANENTE ESPAÇO EXTERIOR MULTIUSO CIRCULAÇÃO

182,5m² 253m² 119m² 290m² 870m² 174m²

TOTAL

3028,5m²

ÁREA TOTAL

7803,5m²

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IMPL ANTAÇÃO E C O B E R T U R A

Escala Gráfica 0

10

N 30m

Estação de tratamento de esgoto por valas de infiltração

Acesso ao teto jardim

LEGENDA Acesso social estacionamento Acesso serviço Acesso social pedestre Acesso fluvial

66


Pier para acesso fluvial

Área de proteção ambiental

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CC

AA

PRIMEIRO N Í V E L

BB

LEGENDA 1. Atendimento 2. Secretaria 3. Wc Masculino 4. Wc Feminino 5. Loja 6. Lounge 7. Aulas Escultura 8. Acervo Biblioteca 9. Biblioteca 10. Café Biblioteca 11. Cozinha 12. Bar 13. Deck Bar

68

CC


LEGENDA

N

14. Aula Pintura 15. Armários

Escala Gráfica 0

16. PNE

10

30m

17. Wc Masculino 18. Wc Feminino 19. Armários

AA

20. Aulas Línguas 21. Aulas Dança 22. Wc Fem/Masc 23. Vestiário Fem/Masc 24. Circulação Horizontal 25. Circulação Vertical

BB

69


SEGUNDO N Í V E L

A escada-rampa reproduzida atende à NBR 9050 nos itens: 5.14 sinalização tátil; 6.5 rampas e piso; 6.6 escadas porque os degraus estão nos parâmetros de medidas, como recomendado no item 6.6. Patamar: 34cm

N

Espelho: 15cm

Escala Gráfica 0

70

10

30m


Espaço exterior multiuso com 870m². Neste local acontecerão feiras, onde o morador local e o indígena poderá comercializar produtos produzidos no próprio centro cultural. Receberá também mobiliário e proteção solar, com estrutura arbórea em madeira e cobertura metálica perfurada.

Estacionamento para 150 vagas rotativas, com total de 2760m², com 11 vagas para deficientes.

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TERCEIRO N Í V E L Acesso para estação de tratamento de esgoto e rio das mortes

4

6

5

3

11

9

12 8

7

2

10 1

As salas de exposições possuem um layout sugerido que pode ser modificado de acordo com a necessidade. O espaço de número 1 é destinado à principal exposição do museu, que deverá ser modificada em média a cada 3 anos, enquanto que as temporárias serão modificadas a cada 3-5 meses. As exposições utilizarão painéis e vitrines de madeira construídos especialmente para cada exposição, sonorização no ambiente, totens com vídeos e projeção de imagem nas paredes, com circulação média de 20 pessoas por hora. Os ambientes de exposições e restauro não poderão receberr nenhuma incidência de iluminação natural, devendo ter a iluminação artificial com mínima incidência de ultravioleta e infravermelho e permanecer apagada quando não houver pessoas trabalhando no local.

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LEGENDA 1. Exposição Permanente 2. Exposição Temporária 1 3. Exposição Temporária 2 4. Restauro 5. Wc Masculino 6. Wc Feminino 7. Lanchonete 8. Despensa 9. Cozinha 10. Circulação Vertical 11. Circulação Horizontal


LEGENDA Acesso serviço ao restauro, salas de

12. Espaço Exterior Multiuso

exposições e cozinha

13. Lavanderia 14. DML 15. Refeitório/Cozinha 16. Depósito Geral 17. Almoxarifado 18. Vestiário Feminino 19. Vestiário Masculini 20. Lixo 21. Casa de Máquinas 22. Reunião 23. Direção 24. Arquivo 25. Circulação Horizontal 26. Carga e Descarga

13

27. Central de Gás 24

14

23

22 21

25

15 16

17

18

26

20 19

Área externa destinada à apresentações artísticas e musicais. Proporciona o encontro entre os usuários e funciona como mirante.

27

N

Acesso carga e descarga

Escala Gráfica 0

10

30m

73


1. Restauro

CORTES E S Q U E M ÁT I C O S

2. Banheiro 3. Circulação 4. Elevador 5. Aula Pintura 6. Banheiro 7. Caixa d´água

1

8. Aula Línguas

2

9. Aula Dança

1. Arquivo 2. Lavanderia 3. Pátio Externo 4. Lanchonete 5. Circulação 6. Exposição

1

2

3

1. Circulação 2. Vestiário 3. Pátio Externo 4. Biblioteca 5. Aulas de Dança 3 1

74

2

3


7 4

6

5

8

9

Escala gráfica 0

4

CORTE CC

5

10m

6

5

6

Escala gráfica 0

CORTE AA

5

10m

4

5

Escala gráfica 0

5

CORTE BB 10m

75


ESTRUTURA E M AT E R I A L I D A D E muro de arrimo em alvenaria armada em blocos de concreto

pergolados em aço corten com volume médio de 200m³

paredes em taipa de pilão 30 cm

pilares em madeira 50cm

As aberturas do edifício em sua totalidade, receberam proteção solar por meio de brises e pergolados. Essa escolha foi baseada, além do fato do município apresentar dias muitos quentes, e com isso, atenuar a incidência solar, nas aldeias indígenas, que em suma não apresentam aberturas, apenas um ou dois acessos. ventilação ocorre através portas e dos frizos entre as taquaras da parede.

76


detalhe cozinha, café e bar

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M AT E R I A L I D A D E DE TALH E S CO NS TRU TIVOS ARTIFÍCIOS PARA SOMBREAMENTO

Pérgolas

Beirais amplos

Folha de buriti ou palmeira para cobertura junto ao pergolado.

Casa Colinas, FATO Arquitetura Fotos: Paulo Heise Disponível

em:

https://www.archdaily.com.br/

br/759523/casa-colinas-fato-arquitetura

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Brises

Esquema Xavante de folhas entrelaçadas em leque e fixadas por caibros.

A Casa Colinas aparesenta paredes em taipa de pilão, cobertura em madeira e aberturas em vidro. A textura bruta e a coloração natural das estruturas em taipa mantêm o vínculo simbólico com a paisagem natural e dão a sensação de proteção, pela espessura das paredes, e aconchego aos moradores


CORTE TRANSVERSAL CAULE

CASCA RITIDOMA ENTRECASCO CÂMBIO VASCULAR BORNE CERNE MEDULA

}

Usado para construção pois LENHO apresenta mais resistência e durabilidade

Madeira - Único materiais reciclável, renovável e biodegradável - Depende de menos energia para sua transformação e utilização - Boa resistência ao fogo - A madeira, em relação ao aço, emite menos gases, poluentes hídricos, lixo e é mais fácil de ser manuseada. Em relação à alvenaria consegue poupar 30% a mais de energia, além de ser mais isolante. Taipa de pilão Compressão da terra em fôrmas de madeira no formato de caixa, chamados taipais, onde o material a ser socado é disposto em camadas de quinze centímetros de altura até atingir a densidade ideal, criando assim uma estrutura resistente e durável. A taipa é feita pela combinação de 30% de argila e 70% de areia, não podendo conter muita argila, pois a parede pode encolher e rachar. Essa técnica é não-tóxica, à prova de fogo e possui resistência ao cupim. É ótima para construção de bancos, paredes, colunas e suportes. Projeto vencedor do concurso “Uma casa em Luanda”. Arquitetos: Pedro Sousa, Tiago Ferreira, Tiago Coelho, Bárbara Silva e Madalena Madureira Disponível em: http://futuraarquitetos.com.br/ arquitetura-de-taipa-de-pilao-parte-1/

Ainda, ALBERNAZ e LIMA (1998) citam a possibilidade de acrescentar outros componentes durante o amassamento, como a areia, a cal, o cascalho, a fibra vegetal e o estrume de animais. 1ª fiada

2ª fiada

3ª fiada

Retirado de: Taipas: PISANI, Maria Augusta Justi. A arquitetura de terra. São Paulo, 2004.

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SUSTENTABILIDADE

SISTEMA DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS A fim de atenuar o impacto ambiental referente à produção de resíduos sólidos pelo Centro Cultural, fora iniciada uma pesquisa na disciplina de Tecnologia na Arquitetura e Urbanismo, orientada pelo professor Carlos Pente, referente à aplicação de uma estação de tratamento de esgoto no Centro Cultural Xavante. Após diversos debates e pesquisas, a melhor solução encontrada para uma ETE seria as valas de infiltração, já que o edifício se encontra em uma área muito próxima à um curso d´água e de lençol freático muito superficial. Os dejetos seriam direcionados aos tratamentos primários e secundários, que seriam a retirada de resíduos maiores, areia, tecido, plásticos, entre outros. Após esse processo, seriam levados às lagoas de estabilização aeróbicas para remoção de organismos patogênicos (causadores de doenças), para que assim então possam passar pelas valas de infiltração e seguirem para o solo ou curso d água. Infiltração Subsuperficial - Esgoto previamente tratado é despejado abaixo do nível do terreno - Enchimento poroso para livre escorrimento do esgoto - São divididas em: a) Valas de Infiltração - Solo funciona como filtro - Esgoto precisa ter recebido tratamento primário ou secundário - Processo deve ser descontínuo para manter a condição aeróbia - Mínimo de duas valas - Valas com profundidade de 60cm a 1m, com comprimento máximo de 30cm

Valas

Valas

Corte Croqui: da autora

80

Planta Croqui: da autora


SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL

Basicamente, o sistema é composto pela bacia coletora (telhados, lajes de cobertura, etc), condutores verticais e horizontais (tubulações), filtros (para eliminação de detritos como galhos e folhas), cisterna ou tanque, sifão (para evitar mau cheiro ou passagem de pequenos animais), bomba (se o reservatório estiver localizado no subsolo), e a desinfecção, onde se aplica tratamento com cloro, ozônio ou raios ultravioleta. A regulamentação da implantação do sistema e os critérios de dimensionamento são normatizados NBR 15527 – Água de Chuva – Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins Não Potáveis – Requisitos. ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Disponível em: CASTILHOS, Armando Borges; LANGE, Lisete Celina; GOMES, Luciana Paulo; PESSIN, Neide. (2002) ALTERNATIVAS DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS PARA PEQUENAS COMUNIDADES. 104 p. Projeto PROSAB, Florianópolis - SC. Imagem: da autora, 2018. http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/133/artigo286496-1.aspx http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/72/artigo285266-1.aspx

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PERSPECTIVAS

82


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86


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma proposta de TCC costuma estar de alguma forma conectada com experiências pessoais e aqui neste trabalho não foi diferente. O resgate de quase 7 anos de graduação inseridos em um tema com o qual me identifico profundamente resultou num objeto arquitetônico repleto de embasamento e significado. Realizar este projeto me proporcionou muito mais do que uma possibilidade de me tornar uma graduada em Arquitetura e Urbanismo, me trouxe acima de tudo, um crescimento emocional e cultural, me formando como pessoa e assim poder fazer parte da mudança que a sociedade sempre exigiu, exige e exigirá. Este trabalho será entregue à aldeia de N Sra. de Guadalupe como uma ferramenta de luta, representatividade e valorização da cultura. Espero com este projeto o despertar da sociedade para um olhar diferente, onde identifiquem suas raízes se aproximando e respeitando nossa história tão cheia de miscigenação. A cultura indígena é tão rica e linda quanto todas as outras. Lutemos por essa cultura!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS STADEN, Hans. Viagem ao Brasil. RJ: Academia Brasileira, 1930. VAN LENGEN, Johan. Arquitetura dos índios da amazônia. SP: B4 Editores, 2013. WEIMER, Günter. Evolução da arquitetura indígena. in: Artigos, 13/05/2014. DONATO, Hernani. Os povos indígenas no Brasil (coleção Cotidiano Brasileiro nos Séculos). Editora: Melhoramentos MELCHIOR, Marcelo N. HISTÓRIA, EDUCAÇÃO E CULTURA NA ETNIA XAVANTE. PPG-UCDB ANPUH – XXIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Londrina, 2005. RECURSOS NATURAIS E POTENCIALIDADE TURÍSTICA: UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DE NOVA XAVANTINA-MT, BRASIL. Leandro Martins Barbosa, José Carlos Nunes, José Max Barbosa de Oliveira Junior, Lenize Batista Calvão. Bacharéis em Turismo pela Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT, Campus de Nova Xavantina-MT, Brasil. Data de recebimento: 02/05/2011 - Data de aprovação: 31/05/2011. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Perfil do Município de Nova Xavantina MT. IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Mina Gerais, 02/08/2013 ARAUJO, Anete. 6B: cadernos da graduação - Faculdade de Arquitetura da UFBA. N.01 Salvador, 2004 DA CUNHA, Manuela Carneiro. História dos Índios do Brasil. Cia das Letras, São Paulo, 1992. DE OLIVEIRA, Natália Araújo. Ser Xavante, morar e estudar na cidade: os Xavante em Nova Xavantina/MT. São Paulo, Unesp, v. 10, n. 2, p. 235-253, julho-dezembro, 2014 MAYBURY-LEWIS, David. A Sociedade Xavante. Traduzido do inglês por Aracy Lopes da Silva. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984 [1967]. COIMBRA JR, Carlos E. A; WELCH, James R. Antropologia e História Xavante em Perspectiva – Rio de Janeiro : Museu do Índio – FUNAI, 2014. 216 p. ; 23 cm. – (Série Monografias) O Brasil Indígena - IBGE. Projeto de promoção indígena Assurini do Xingu. Museu do ìndio, 2009. VEIGA, Ana Cecília Rocha. Gestão de Projetos de Museus e Exposições. Belo Horizonte. C/Arte, 2013. SOUZA, Luciene Guimarães de. Demografia e Saúde dos Índios Xavante do Brasil Central. 2008. Tese de Doutorado – Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública. Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. NEVES, Laerte Pedreira. Adoção do partido na Arquitetura - 3ed. Salvador. EDUFBA, 2012. 88


DA SILVA , Aracy Lopes. A expressão mítica da vivência histórica: Tempo e espaço na construição da identidade Xavante. Anuário Antropológico, v. 82, p. 200-214, 1982 DA SILVA , Aracy Lopes. Xavante: casa–aldeia–chão–terra–vida. In: Novaes , Sylvia Caiuby (Org.). Habitações Indígenas. São Paulo: Livraria Nobel; Editora da Universidade de São Paulo, 1983. GIACCARIA , Bartolomeu; HEIDE , Adalberto. Xavante: Auw Uptabi, Povo Autêntico. São Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco (Trabalho original publicado em 1972), 1984. DI TRAPANO, Patrizia; BASTOS, Leopoldo E. Gonçalves. QUALIDADE AMBIENTAL E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA - UM ESTUDO DE CASO: RENZO PIANO - Centro Cultural Jean Marie Tijibaou. PROARQ/ FAU/ UFRJ. Rio de Janeiro, p. 1840-1848, 2007. SITES: https://leismunicipais.com.br/codigo-de-obras-barra-do-garcas-mt https://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/quem-sao/povos-indigenas https://50brasilias.wordpress.com/2010/04/28/projeto-xavantes/ http://www.brasil.gov.br/governo/2015/04/populacao-indigena-no-brasil-e-de-896-9-mil http://www.arquiteturasustentavel.org/15-casas-ancias-que-eram-construidas-apenas-com-recursos-naturais/ http://brasilarquitetura.com/projetos/cais-do-sertao-luiz-gonzaga https://www.archdaily.com.br/br/885080/centro-cultural-comunitario-teotitlan-del-valle-productora https://www.viajoteca.com/1-cidade-1-atracao-noumea-centro-cultural-jean-marie-tjibaou/ http://ciclovivo.com.br/arq-urb/arquitetura/centro_cultural_em_ilha_do_pacifico_e_um_classico_da_arquitetura_sustentavel/ https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/centro-cultural-jean-marie-tjibaou/ http://www.fondazionerenzopiano.org/it/project/centre-culturel-jean-marie-tjibaou https://www.arch2o.com/jean-marie-tjibaou-cultural-center-renzo-piano-building-workshop/ https://www.viajoteca.com/1-cidade-1-atracao-noumea-centro-cultural-jean-marie-tjibaou/ http://www.ipt.br/noticia/905-passo_a_passo:_agua_de_chuva.htm. Acesso em 23/05/2018.

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