Anuário 2015/16

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ANUÁRIO

CASA & DESIGN

2015/16

ANUÁR IO 2015/ 16 | R$30,00






sĂŁo paulo exteriores [11] 3815 0632 - interiores [11] 5103 1019 | belo horizonte [31] 3654 9284 | brasĂ­lia [61] 3202 3922 | salvador [71] 3017 7388 www.casualmoveis.com.br


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E D I TO R I A L

Ao lançar o primeiro anuário de arquitetura e decoração, Made to Live se propõe a mostrar como é o jeito de morar do brasileiro. Ao todo elegemos 23 projetos. Estão aí profissionais consagrados, paisagistas e novos talentos. Publicados em ordem alfabética, você verá residenciais de Arthur Casas, Marcio Kogan, Thiago Bernardes, jardins de Alex Hanazaki e Gilberto Elkis, além dos traços da nova geração, representada por escritórios como AR e Play. Para ajudar a entender o que acontece atualmente no cenário nacional, convidamos André Corrêa do Lago. O diplomata e economista sintetizou, em um texto inteligente e conciso, como a crise econômica pode ser benéfica para a criatividade dos arquitetos. Nosso colunista Rony Rodrigues, sócio da agência Box 1824, fala do conceito ultrapassado do home office, da sensação de insegurança que projetou casas “de costas” para a rua e da mania nacional de destruir o velho em prol do novo. Selecionamos, ainda, muitas novidades de design, Brasil e mundo afora. Hotéis projetados por Norman Foster e complexos saídos das pranchetas de Zaha Hadid. Confira tudo, a seguir, neste compêndio de 226 páginas.

LUCIANO RIBEIRO

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FOTO LEONARDO FINOTTI

Panorama


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COLABORADORES

Claudia Jordão

Adriana Nazarian

FOTÓGR AFO

J O R N A L I S TA

J O R N A L I S TA

Nascido no Sul da França, Alain morou até 1982 em Paris e lá se envolveu com cinema e fotografia. No ano seguinte, veio para o Brasil, onde vive desde então, colaborando nas principais publicações de decoração. Seus cliques já estamparam revistas internacionais, como a americana Interior Design, a italiana Grazia e a alemã Place of Spirit. Para este número, ele fotografou projetos residenciais de alguns dos mais importantes arquitetos nacionais.

Apaixonada por moda, design e comportamento, Claudia tem mais de 15 anos de carreira e passagens por jornais e revistas importantes, como IstoÉ e Veja São Paulo. Há três anos, ela decidiu abandonar a rotina das redações para se dedicar à vida de freelancer e para cuidar do filho Francisco. Nesta edição, ela assina os textos dos projetos dos escritórios studio mk27, Brasil Arquitetura e Jacobsen Arquitetura, entre outros.

Formada em rádio e TV na FAAP, Adriana logo cedo entrou no mundo das redações, escrevendo para títulos da Editora Abril. Após uma temporada de estudos em Nova York, ingressou no grupo Glamurama. Lá passou cinco anos como editora da revista J.P, publicação em que assina uma coluna de viagens. Nesta Made, ela escreve sobre alguns projetos de arquitetura e apresenta algumas das novidades da seção News.

André Corrêa do Lago

Zanini de Zanine

Leonardo Finotti

D I P L O M ATA E E C O N O M I S TA

DESIGNER

FOTÓGR AFO

Membro do Comitê de Arquitetura e Design do Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, ele é diplomata e economista formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Autor de livros como Residências do Rio de Janeiro e Arquitetura Brasileira Contemporânea, escrito em parceria com Lauro Cavalcanti, André trabalha atualmente em Bruxelas, na Bélgica. Neste número, discorre sobre o atual cenário arquitetônico brasileiro.

Formado em desenho industrial na PUCRio, o carioca, filho do renomado designer Zanine Caldas, estagiou com o mestre Sergio Rodrigues, quando produziu seu primeiro mobiliário de madeira. Em 2011, criou o Studio Zanini e, desde então, vem recebendo os mais importantes prêmios do segmento. Eleito o profissional do ano na feira Maison&Objet Americas, ele revela suas impressões da primeira edição do evento em Miami na seção News.

O mineiro se formou em arquitetura na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Durante a faculdade se interessou por fotografia e, em 2002, começou a clicar o trabalho dos arquitetos portugueses João Nunes e Carlos Ribas, integrantes do estúdio italiano PROAP. Hoje, é um dos mais respeitados profissionais do segmento. São dele as fotos dos projetos dos escritórios Play, Jacobsen, Bernardes e Brasil Arquitetura nesta edição.

FOTOS DIVULGAÇÃO E LÉO AVERSA

Alain Brugier

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R E V I S TA M A D E . C O M . B R

CONCEPÇÃO EDITORIAL Editora Carbono PUBLISHERS Lili Carneiro lili@editoracarbono.com.br Luciano Ribeiro luciano@editoracarbono.com.br PROJETO GRÁFICO Zé Renato Maia zrmaia.com.br EDITORA Flora Monteiro flora@editoracarbono.com.br E D I TO R A CO N V I DA DA Adriana Nazarian P R O D U Ç Ã O E X E C U T I VA Bianca Nunes bianca@editoracarbono.com.br E D I TO R D E A R T E CO N V I DA D O Alex Vargas Cassalho E S TA G I Á R I A S Isabela Giugno isabela@editoracarbono.com.br Laís Franklin lais@editoracarbono.com.br

EDITORA FERRARI DIRETOR EXECUTIVO Rodrigo Ferrari rodrigo.ferrari@revistamade.com.br E X E C U T I VA S D E C O N T A S Adriana Rodrigues adriana.rodrigues@revistamade.com.br Carmem Madalosso carmem.madalosso@revistamade.com.br Mirian Pujol mirian.pujol@revistamade.com.br COORDENADORA COMERCIAL Miriam Elias miriam.elias@revistamade.com.br MARKETING GERENTE DE MARKETING Géssica Romanini gessica.romanini@revistamade.com.br

CIRCULAÇÃO Nacional TIRAGEM 40000 exemplares

C T P, I M P R E S S Ã O E A C A B A M E N T O IPSIS Gráfica DISTRIBUIÇÃO BANCAS Dinap Ltda. DISTRIBUIÇÃO MAILING Treelog

A N A L I S TA D E M A R K E T I N G Victor Batista victor.batista@revistamade.com.br

FAC E B O O K Facebook/revistamade

E S TA G I Á R I A Júlia Queiroz julia.queiroz@revistamade.com.br

I N S TA G R A M @revistamade

MAILING Mariana Cardoso mariana.cardoso@revistamade.com.br

Mona Sung mona@editoracarbono.com.br REVISÃO Paulo Vinicio de Brito

FINANCEIRO Rose Silva rose.silva@revistamade.com.br GERENTE DE DISTRIBUIÇÃO E

COLABORADORES Alain Brugier

CIRCULAÇÃO Jane Pinheiro jane.pinheiro@revistamade.com.br

Álvaro Fráguas André Nazareth André Vieira

SUPERVISOR DE CIRCULAÇÃO Carlos Melo carlos.melo@revistamade.com.br

Claudia Fidelis Claudia Jordão Evelyn Muller

PA R A A N U N C I A R comercial@revistamade.com.br

Fernando Guerra

T 11 3286 0202

Fran Parente Haruo Mikami Ilana Bessler

PA R A A S S I N A R assinaturas@revistamade.com.br

José Bassit Leonardo Finotti Manu Oristanio Paula Brandão Ricardo Bassetti

R E P R E S E N TA N T E S BELO HORIZONTE Box Private Media rodrigobox@mac.com

A Made to Live é uma publicação da Ferrari Edições. CNPJ 16.515.002/0001-53

Ricardo Gaioso Romulo Fialdini

A Made to Live não se responsabiliza pelos conceitos

Rony Rodrigues

BRASÍLIA FTPI Representações, Publicidade e Marketing

emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam

Rui Mendes

lucianamir.brasilia@ftpi.com.br – T 61 3035 3750

no expediente da revista não têm autorização para falar em

Victor Affaro

nome da Made to Live ou retirar qualquer tipo de material

Yuri Seródio

para produção de editorial caso não tenham em seu poder uma carta atualizada e datada, em papel timbrado, assinada por um integrante que conste no expediente.

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SUMÁRIO| ANUÁRIO CASA & DESIGN 2015/16

R E V I S TA M A D E . C O M . B R

088 036 |

NEWS O hotel projetado por Zaha Hadid, a vinícola desenhada por Philippe Starck e outras novidades

078 |

DESIGN Made selecionou móveis e acessórios para casa de grandes marcas do circuito do décor

086 |

A VOZ DA ARQ U IT E T U RA NACI ONAL Segundo o crítico de arquitetura André Corrêa do Lago, a crise fi nanceira é um estímulo para os projetistas brasileiros

092 088 |

ALEX HANAZAKI Na residência projetada pelo arquiteto Guilherme Torres, nasce um jardim exuberante assinado pelo paisagista

0 92 |

ARTHUR CASAS A orla carioca é o pano de fundo de apartamento com obras de Adriana Varejão e Beatriz Milhazes

098 |

B E TO G ALVE Z E NÓ RE A DE VITTO Residência modernista dos anos 1960 ganha mobiliário assinado e ambientes amplos

098

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BRASIL ARQUITETURA Casa em São Paulo valoriza a entrada de luz natural e a integração com a área externa

110 |

DA D O C AST E L LO B R A N CO Com pé-direito duplo e muitas obras de arte, cobertura é um refúgio em meio ao cenário movimentado da cidade

116 |

D AV I D B A S T O S Praticidade e conforto são palavras de ordem no apartamento com móveis aconchegantes e cores neutras

104

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SUMÁRIO| ANUÁRIO CASA & DESIGN 2015/16

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DEBORA AGUIAR Concebido para uma família de cinco pessoas, o apartamento, em São Paulo, privilegia espaços integrados

128 |

F E R N A N DA M A R Q U E S Tríplex em Londres ganha ambientes conectados, iluminação estratégica e ares de galeria de arte

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GILBERTO ELKIS Plantas variadas, como palmeiras imperiais e liriopes verdes, dão clima tropical ao jardim desenhado pelo paisagista

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J O Ã O A R M E N TA N O Com layout neutro e espaços amplos, o dúplex, em São Paulo, é o abrigo perfeito para peças de design

146 |

LIA SIQUEIRA Obras de arte poderosas recheiam o apartamento composto de grandes vãos livres

136 152 |

M A R C I O KO G A N Residência no litoral paulista impressiona pela fachada revestida com brises em ripado de alumínio branco

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MARINA LINHARES Peças de designers brasileiros e pontos de cor são as apostas para a descolada morada paulistana

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PA U LO J AC O B S E N Com engenharia moderna, a natureza invade a casa projetada pelo Jacobsen Arquitetura

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ROBERTO MIGOTTO Apartamento em Nova York aposta no mix de móveis italianos e peças dos anos 1940

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R U Y O H TA K E O arquiteto investe em formas arrojadas e mobiliário sob medida em morada com vista do Lago Paranoá, em Brasília

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THIAGO BERNARDES Densa vegetação e persianas externas garantem a privacidade da casa localizada na capital fluminense

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SUMÁRIO| ANUÁRIO CASA & DESIGN 2015/16

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G E R A Ç Ã O C O N C R E TA Um panorama da cena arquitetônica encabeçada por jovens – e promissores – escritórios brasileiros

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AR ARQUITETOS A arquitetura geométrica se destaca em apartamento projetado por Juan Pablo Rosenberg e Marina Acayaba

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FELIPE HESS Sem perder a essência da construção original de Sig Bergamin, o arquiteto implanta um layout contemporâneo na casa de campo

204

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P L AY A R Q U I T E T U R A O escritório encara o desafio de projetar um espaço para produção de azeite em plena Serra da Mantiqueira

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SUITE ARQUITETOS Soluções inteligentes, toques descolados e design funcional ditam o tom do pequeno apartamento

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TRIPLEX ARQUITETURA O entorno verde e os revestimentos de madeira dão ar campestre à casa no interior paulista

208

218

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T R I P T YQ U E Sob a ótica inventiva do escritório, tríplex ganha janelões de vidro e escada de chapa metálica

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N E W S | C U R TA S

Design em foco A primeira edição da feira Maison&Objet Americas, em Miami, abriu as portas para jovens talentos e para o intercâmbio entre o desenho brasileiro e os fabricantes americanos P O R | Zanini de Zanine, eleito o designer do ano do evento

FOTOS DIVULGAÇÃO

Irmã caçula da feira de design francesa, a Maison&Objet Americas teve sua primeira edição em maio, em Miami, e já se mostrou imponente no circuito. Apesar de não ter a mesma proporção daquelas organizadas há 20 anos em Paris, foi, sem dúvidas, um dos maiores eventos ligados à economia criativa do continente americano. Além da diversidade de expositores – no total, mais de 300 marcas apresentaram seus produtos, como mobiliários, objetos, louças e tecidos –, a qualidade dos trabalhos provou que a curadoria foi tão exigente como a da matriz parisiense. Criou-se um espaço de diálogo muito importante

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Ao lado, Zanini de Zanine, o designer do ano na Maison&Objet Americas. Acima, mesa de Muller van Severen; à direita, luminária de Lukas Peet. Na página anterior, luminária e mesas de Cristian Mohaded e poltrona de Leo Capote FOTOS DIVULGAÇÃO; RETRATO LEO AVERSA

entre os criadores e o público. Grandes nomes, como a arquiteta Paola Navone e o designer Dror Benshetrit, apresentaram um conteúdo interessante em forma de palestras e mesas-redondas. Vejo o evento como um pontapé para um canal de intercâmbio sólido entre o desenho brasileiro, os fabricantes americanos e o cliente final. Vi trabalhos realmente incríveis lá, mas os que mais me chamaram a atenção foram os dos rising talents. Como eu tenho uma veia mais conceitual, gostei muito da abordagem do brasileiro Leo Capote e das soluções simples e elegantes do canadense Lukas Peet. Também destaco a coleção do duo belga Muller van Severen e a simplicidade das peças do argentino Cristian Mohaded. maison-objet.com/en/americas

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Seu novo endereço em Paris O arquiteto Jean-Philippe Nuel ataca novamente em Paris. Responsável por projetar diversos hotéis da cidade francesa, ele agora assina o novíssimo Le Cinq Codet, em uma rua supertranquila do 7ème. O desafio? Repaginar um prédio industrial dos anos 1930 (antiga sede da France Télécom), marcado por janelas, fachadas curvas e pés-direitos altos. Todo cool, o endereço ganhou 29 desenhos diferentes de quartos, peças de design criadas por nomes como Patricia Urquiola e Tom Dixon, além de mobiliário desenvolvido pelo próprio estúdio de Nuel. – Adriana Nazarian le5codet.com

Infusão Difícil acreditar que a Small Tea, verdadeiro achado em Coral Gables, na Flórida, ocupa o espaço de um antigo banco sem qualquer graça. O projeto, obra do escritório Osmose, rouba a cena: há elegantes ripas de madeira por todos os lados, bancos e mesas de formas arredondadas e uma cobertura que inclui 1250 caixas envoltas no mesmo tipo de folha de bananeira usado para fazer as cestas das áreas de cultivo de chá. No cardápio, sanduíches elaborados e chás de todo sabor, claro. – AN

A cidade turca entrou no radar do pessoal do Soho House, misto de hotel e clube privado que tem feito sucesso em destinos como Chicago, Londres e Berlim. A versão de Istambul restaurou um Palazzo do século 19, que durante anos abrigou o Consulado americano, no fervilhante bairro Beyoglu. Na receita, que mistura o melhor do novo e do velho mundo, tapetes, afrescos restaurados, móveis com pegada retrô, mármore por todos os lados e amenities hi-tech. – AN

smallteaco.com

sohohouseistanbul.com

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FOTOS DIVULGAÇÃO

Soho House em Istambul



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Goleada em Bordeaux Do lado de fora, uma construção imponente com ares de templo. Na parte interna, um estádio para 42 mil pessoas. Com assinatura do aclamado escritório Herzog & de Meuron, o Nouveau Stade de Bordeaux promete agitar a cidade francesa com shows e jogos de futebol ou rúgbi. Para integrar a novidade ao cenário local, os arquitetos pensaram nos mínimos detalhes da estrutura marcada por linhas geométricas e colunas suntuosas. – AN nouveau-stade-bordeaux.com

Turquia em foco Assim como todas as outras, a nova empreitada do restaurateur Alan Yau (aka Hakassan e Busaba Eathai) em Londres promete ter fila de espera. Focado na culinária turca, o restaurante Babaji ganhou projeto do Autoban, estúdio cool de Istambul. Com ares de galpão, o prédio do século 19 faz referência ao design turco tradicional, mas tem toques contemporâneos. Destaque para os azulejos estilizados nas paredes e os prints tipo Iznik que aparecem em detalhes do mobiliário. Para completar, um forno a lenha aquece as “pides”, espécie de pizza turca que é o carro-chefe da casa. – AN babaji.com.tr

Depois de um bom tempo fechada para uma reforma de expansão, a butique da Hermès, no Shopping Cidade Jardim, acaba de ser reinaugurada. Com uma área de 336 metros quadrados – o dobro que tinha antes da obra –, o novo espaço é assinado pelo escritório parisiense RDAI, responsável por todos os endereços da grife ao redor do globo, e traz revestimentos nacionais, como a madeira sucupira que cobre a fachada. No interior estão produtos para casa, acessórios e coleções femininas e masculinas. – Laís Franklin hermes.com

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FOTOS DIVULGAÇÃO; VIGOUROUX PERSPECTIVE

Layout renovado


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Très chic Imagine reunir toda a pluraridade de Tóquio em uma coleção? Inspirada na megalópole oriental, a Dior acaba de lançar a Esprit Dior 2015, por meio da qual propõe um encontro entre o Oriente e o Ocidente. Neste contexto, peças em tom futurista condensam fantasia e realidade. Dentro de uma paleta sóbria, mas que brinca com o fosco e o brilho, a bolsa Diorama (foto), de couro de vitelo metalizado, é a grande aposta da estação. – LF dior.com

Simples e portátil

electrolux.com.br

Dolce vita O tempo passa e a Itália continua a inspirar a Tod’s. Na nova coleção da marca, o artesanal e o tecnológico se misturam em peças que seguem o estilo easy-to-wear. Na cartela de cores, muito azul, preto e nude. Enquanto o couro e o denim aparecem em camisas e jaquetas, a camurça, material da vez, reveste sapatos cheios de bossa. E, por falar neles, o icônico modelo Gommino, agora em tons terrosos ou com estampas, rouba a cena mais uma vez. – LF tods.com

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FOTOS DIVULGAÇÃO

Que tal ter uma bebida quentinha num piscar de olhos? Seja um chá ou um café, a jarra elétrica Expressionista, da Electrolux, ferve 1,5 litro de água em até cinco minutos. Ainda é possível programar o aquecimento em dez opções diferentes de temperatura. Sem fios e com acabamento de aço escovado, a novidade já virou item indispensável entre a turma antenada. – LF



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A adega de Starck Tem nome de peso por trás da nova adega da vinícola Château Les Carmes Haut-Brion, em Bordeaux, prestes a ser inaugurada. Philippe Starck é o autor do projeto de 2000 metros quadrados situado em cima de um lago. Com traços minimalistas, a estrutura possui o formato de um barco invertido e tem quatro níveis – um para cada etapa da fabricação de vinhos. O mais incrível é que, por estar “embaixo da água”, a bebida passa a envelhecer em condições de umidade e temperatura especiais, remetendo à época em que o vinho francês era exportado via mar. – LF les-carmes-haut-brion.com

Depois do sucesso em Londres e Milão, a rede de hotéis que leva a assinatura da Bulgari irá desembarcar em Xangai. Com inauguração prevista para 2017, o empreendimento ficará em um prédio suntuoso no histórico distrito de Zhabei. O projeto, que mescla o tradicional estilo arquitetônico chinês com alguns toques contemporâneos, promete: a planta é do renomado Norman Foster e o interior será obra do escritório de Antonio Citterio. Além dos quartos, o local terá restaurante, bar, spa com 2000 metros quadrados e, claro, uma loja da joalheria italiana. – LF bulgarihotels.com

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FOTOS DIVULGAÇÃO; GIORGI BOCOLISHVILI

Bulgari em Xangai



N E W S | C U R TA S

Tempos modernos

FOTOS DIVULGAÇÃO

Sem abandonar o luxo e a sofisticação que fazem parte de seu DNA, a Montblanc decidiu voltar suas atenções para o homem da vez. Nas palavras de Zaim Kamal, diretor criativo da marca, ele é contemporâneo, versátil e ousado. “Antes, criávamos pensando exclusivamente na figura tradicional do businessman, mas decidimos considerar o profissional arrojado dos tempos de hoje”, conta. De olho nesse perfil, a nova coleção da grife, apresentada recentemente em São Paulo, tem doses necessárias de modernidade. É o caso da caneta Screenwriter StarWalker Extreme, que possui função touch e permite a escrita em smartphones e tablets. A recém-inaugurada Pelletteria Montblanc, em Florença, na Itália, é outro bom exemplo do mix entre a tradição e as necessidades da vida de hoje. No espaço, engenheiros desenvolvem técnicas inovadoras para melhorar a qualidade do couro, enquanto artesãos finalizam a peça com costuras e pinturas feitas à mão. Deste processo nasceu a mais recente coleção Meisterstrück Sfumato Selection, que traz peças como pastas executivas e carteiras cheias de estilo, itens obrigatórios nos dias atuais. – Isabela Giugno montblanc.com

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Sob nova direção Depois de sete anos à frente da presidência da mostra de arquitetura e decoração Casa Cor, o publicitário Angelo Derenze assume o cargo de diretor do D&D Shopping, complexo que reúne 95 lojas especializadas no segmento de design e interior. A seguir, ele revela quais são seus planos para esta nova empreitada. – LF

Quais as principais mudanças que fará no complexo? Quero aproximar o universo da arte do D&D e tornar possível que os clientes resolvam tudo o que precisam para a sua casa ali. Como pretende alcançar essas metas? Será um grande mix de ações. Quero trabalhar muito o setor de serviços para o consumidor final. Teremos concierge 24h e, no segundo semestre, eventos de arte, design e fotografia.

Ao sair da Casa Cor, você passou por um período sabático e, por fim, decidiu ir para o D&D. Por que fez essa escolha? Queria um trabalho desafiador. Sem contar que acompanhei desde o início a obra do shopping, pois meu escritório era bem próximo, e acabei criando uma relação com o lugar.

Em relação aos arquitetos, você tem o objetivo de estreitar ainda mais o vínculo com eles? Sim. Eu implementei o programa de relacionamento i/D, que integra todos os profissionais às lojas. Por meio de pontuação eles serão premiados com viagens e treinamentos. Quero que o D&D seja a segunda casa de todo arquiteto, uma extensão de seu escritório.

Mais uma inovação da LG no universo das televisões. O modelo OLED Curva EC9300 possui uma tela ultrafina e curvatura que aumenta o campo de visão do telespectador para 180 graus. O sistema operacional webOS 2.0 promete deixar a experiência ainda mais rápida e interativa. Em tempos ecologicamente corretos, vale lembrar que a novidade ainda consome menos energia do que os convencionais LED, Plasma ou LCD. – LF

lge.com/br

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FOTOS DIVULGAÇÃO; RETRATO RAFAEL RENZO

Zona de impacto



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Chá da Tarde Mais um motivo que vale a visita ao histórico templo de Shoren-in, localizado no alto de um vale em Kyoto, no Japão. O local acaba de ganhar uma tea house toda envidraçada, a Kou-An. A proposta do designer e artista Tokujin Yoshioka, responsável pela ideia, era repensar a cultura japonesa e propor uma nova leitura para a tradição de tomar chá. Quando a tarde cai, no lugar dos arranjos de flor usados na cerimônia original, uma surpresa: a luz do sol atravessa o vidro prismático da cobertura, formando um pequeno arco-íris. – AN tokujin.com

Novidade da Samsung, a French Door Sparkling une praticidade e tecnologia sem abrir mão do design. Gavetas modulares, iluminação de LED e portas duplas estão entre os diferenciais da geladeira. Seus três compartimentos (refrigerador, graveta central e freezer) podem ser organizados com prateleiras dobráveis. E mais: um sistema de refrigeração independente permite que cada espaço seja ajustado com uma temperatura diferente. – LF samsung.com.br

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FOTOS DIVULGAÇÃO

Geladeira hi-tech



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Elemento vertical O novo projeto de Felipe Hsu Guimarães, do HSU Arquitetura, reflete o espírito pulsante de Pinheiros, bairro onde está localizado. Com lançamento previsto para agosto, o edifício residencial Mourato terá estúdios de um ou dois dormitórios a poucos passos de restaurantes, mercados e lojinhas da região. São três plantas (38, 47 e 85 metros quadrados) com detalhes, como janelas generosas, pé-direito alto e brises na varanda, que garantem a iluminação natural. Nas áreas comuns, academia, sala de jantar, biblioteca e sauna. – LF mobyinc.com.br

Em comemoração aos seus 40 anos, Giorgio Armani acaba de inaugurar um novo espaço, o Armani/Silos, em Milão. Com formas que lembram uma colmeia, tem arquitetura marcante e décor sóbrio. O endereço irá guardar um acervo inédito composto de peças de roupas e acessórios que contam a trajetória da marca. Concebido ainda para abrigar exposições, o empreendimento funciona dentro de um edifício construído em 1950, na Via Bergognone. O prédio, de 4500 metros quadrados, renovado sob a supervisão do fundador da grife, tem fachada discreta e forrada de janelas. No interior, o teto preto contrasta com o cinza do piso de concreto e imprime uma elegância ímpar aos ambientes. Para garantir ainda mais autenticidade, todas as instalações de aquecimento, refrigeração e iluminação ficam à mostra – IG

Aperte o play Novidade para os amantes de música: recém-lançado pela Panasonic, o Headphone RP-HX550E-W é a nova aposta da marca. Com potência de até 26kHz, os grandes destaques do modelo são o design arrojado, com acabamento de aço escovado, e a performance antirruído. Com cabo unilateral, o fone garante graves potentes e isolamento acústico por meio de fones acolchoados. – LF

armanisilos.com

panasonic.com

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FOTOS DIVULGAÇÃO; DAVIDE LOVATTI

Armani não para



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De casa nova O museu Whitney se despediu da Avenida Madison, em Nova York, para abrir as portas no Meatpacking District. Projetado pelo italiano Renzo Piano, o complexo tem fachada assimétrica e estilo arquitetônico bem contemporâneo – a modernidade do edifício cria um contraste incrível com os prédios industriais da região. A construção se destaca ainda pelos vários terraços, que oferecem uma vista panorâmica do Highline e do Rio Hudson. Com área de 50 mil metros quadrados, criada para abrigar galerias internas, o local possui tetos retráteis, paredes móveis e pisos flexíveis. É dele o título de maior museu sem colunas da Big Apple! – IG

whitney.org

Recém-lançadas pelo conceituado designer Jader Almeida, as luminárias Jardim são elegantes e imponentes. “É um produto silencioso, que cumpre sua função numa relação harmoniosa com o ambiente”, explica Jader. Com um caráter atemporal, como todos os produtos com o DNA do catarinenese, as peças são personalizáveis: a estrutura e as cúpulas podem ser de aço carbono, latão ou cobre. “Sempre busco materiais que envelhecem com dignidade. Eles não têm um ponto final, mas sim reticências”, arremata ele. – LF

Uma máquina que prepara cafés e chocolates não é novidade. Agora, um eletroportátil que faz sucos, ice teas e até refrigerantes é difícil de se ver por aí. Esta é a nova aposta da Brastemp. A linha B.Blend transforma cápsulas em mais de vinte opções de bebidas diferentes. Além de purificador de água – com controle de temperatura –, ela possui um cilindro de gás que possibilita o preparo de drinks gaseificados. Disponível nas cores roxa, grafite e vermelha. – LF

sollos.ind.br

bblend.com.br

Foco de luz

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FOTOS DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO NIC LEHOUX

Multifuncional



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Campana arretado Novidade quente: os consagrados designers Fernando e Humberto Campana adentraram o sertão do País para criar uma coleção de móveis. Batizada de Cangaço – referência ao principal movimento social do Nordeste brasileiro –, a linha, composta de cadeira, sofá, estante, espelho, poltrona e armário, foi desenvolvida em parceria com Espedito Seleiro, artesão cearense especializado em trabalhos com couro. Fabricadas em Nova Olinda, as peças trazem o tradicional trançado de palha e uma rica mistura de texturas, formas e cores. À venda na loja Firma Casa. – LF

Cores e formas Procurando explorar as múltiplas possibilidades do tecido por meio de combinações improváveis, a coleção da portuguesa Bárbara Osório foi inspirada nas paisagens envolventes das ilhas equatorianas São Tomé e Príncipe. Batizada de Equador, a linha traz as paisagens dos destinos estampadas em meio a folhas e manchas. Feitos de linho, algodão, juta, veludo ou jacquard, os produtos estarão disponíveis a partir de 16 de junho nas lojas e no site da Poeira Design. – LF

firmacasa.com.br

FOTOS DIVULGAÇÃO; CORTESIA ESTÚDIO CAMPANA E FIRMA CASA, FERNANDO LAZLO

poeiraonline.com

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N E W S | C U R TA S

Norman Foster portenho Cercada de vidro, a nova sede da Prefeitura de Buenos Aires tem dado o que falar entre os fãs de arquitetura. O prédio, projetado pelo conceituado escritório de Norman Foster, ocupa todo um quarteirão em Parque Patricios, bairro industrial, que passa por uma revitalização. E mais: construído para integrar ao máximo os 1500 funcionários, o local ainda tem pegada sustentável – trata-se da primeira obra pública argentina a conquistar o selo verde Leed Silver. Detalhes, como o teto em forma de abóboda, foram pensados para aproveitar a iluminação natural e reduzir o uso de energia. – AN

FOTOS DIVULGAÇÃO; NIGEL YOUNG FOSTER + PARTNERS

fosterandpartners.com

Pequeno notável Paris-Salzburg, a nova coleção da Chanel, esbanja elegância. Com um mergulho na história e tradição austríaca, Karl Lagerfeld criou peças inspiradas na atmosfera dos alpes da região. Vermelho e azul-marinho são algumas das escolhas certeiras da paleta da maison, destaque para os braceletes de resina perolados, produzidos em quatro modelos. Estrelando a campanha da marca, ninguém menos que a top britânica Cara Delevigne e o músico e produtor Pharrell Williams. – LF chanel.com.br

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N E W S | C U R TA S

Louis Vuitton por Frank Gehry Aberta no final do ano passado, a Fondation Louis Vuitton, dentro do belíssimo Jardin d’Acclimatation, em Paris, segue com uma programação cultural pulsante. Projetado pelo premiado arquiteto Frank Gehry, o complexo foi encomendado por Bernard Arnault, presidente e diretor executivo do grupo LVMH, para abrigar eventos do métier das artes. Para quem está de passagem pela cidade francesa, vale a pena conferir a exposição Key’s to the Passion – em cartaz até 6 de julho –, que reúne obras modernas do século 20 emprestadas por mais de dez museus ao redor do globo. Concertos e recitais clássicos completam a temporada de verão. – LF fondationlouisvuitton.fr

Doce tentação Pedaços crocantes à base de waffle, banhados em chocolate belga e, para completar, recheio com creme de avelã italiana. Deu água na boca? Esta é a combinação do chocolate Crispy, da Amai Chocolates. Assinados pela chef Vanessa Trefois, tanto os sabores clássicos, ao leite e amargo, quanto as novidades, com canela e 70% de cacau, são vendidos em latas coloridas e charmosas. Fica a dica: um presente bonito e delicioso. – LF amaichocolates.com.br

Assinatura de peso Uma das mais influentes e premiadas arquitetas da atualidade, Zaha Hadid vai entregar, no próximo ano, um resort do segmento de luxo da rede Meliá Hotels International. Com 23 mil metros quadrados, o ME Dubai terá restaurantes de peso e 100 quartos, além de ambientes voltados para o lazer e o bem-estar. A estrutura futurista e não linear do complexo, marca registrada do trabalho de Zaha, promete roubar a cena no skyline da maior cidade dos Emirados Árabes. – LF

FOTOS DIVULGAÇÃO; IWAN BAAN

me-by-melia.com

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N E W S | C U R TA S

A nova sede da Fondazione Prada, em Milão, projetada pelo arquiteto Rem Koolhas para abrigar eventos culturais, acaba de ganhar um café temático que parece ter saído das telas direto para a vida real. Assinado por ninguém mais ninguém menos que o cineasta norte-americano Wes Anderson, o espaço foi batizado de Bar Luce e resgata o clima dos charmosos restaurantes milaneses da década de 50. Visitar o local é mergulhar em um universo povoado pelos tons pastel tão apreciados por Wes. A tonalidade pinta as mesinhas vintage revestidas de fórmica e as cadeiras verde-menta. O décor do ambiente recebeu ainda toques especiais, como o clássico jukebox e uma máquina de jogar pinball inspirada no personagem Steve Zissou. – IG fondazioneprada.org

Formiga atômica A inauguração da loja de mobiliários TOG All Creators Together, na capital paulista, trouxe, além dos móveis excepcionais assinados pelo designer Philippe Starck, uma novidade gastronômica imperdível. Dentro do espaço de 3000 metros quadrados da flagship, está localizado o Marakuthai for TOG, quarto restaurante da jovem e talentosa chef Renata Vanzetto. Para garantir a decoração sem igual que envolve o local, peças da marca foram dispostas lado a lado com mobiliário antigo, como a penteadeira que abriga o bar e as poltronas que ocupam o salão. Já o cardápio é recheado de delícias como tirinhas de filé-mignon ao curry, wok de frutos do mar e sanduíches com salmão curado artesanalmente. – IG marakuthai.com.br

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FOTOS DIVULGAÇÃO; COURTESY FONDAZIONE PRADA; RETRATO TADEU BRUNELLI

Café cinematográfico



N E W S | C U R TA S

Panerai + Urquiola O bairro Design District, em Miami, ganhará outro destino obrigatório no circuito dos fãs das compras e, principalmente, da arquitetura. A grife italiana Officine Panerai escolheu a cidade americana para instalar mais uma loja assinada pela espanhola Patricia Urquiola. Para quem não sabe, a parceria entre a relojoaria e a conceituada designer já soma endereços em Florença (foto), Hong Kong, Nova York e Paris. Os projetos valorizam o estilo made in Italy e traços importantes da história da Panerai, incluindo referências ao mundo do mar – a marca sempre forneceu instrumentos de precisão para a Marinha Real italiana. – AN panerai.com

Safra única

FOTOS DIVULGAÇÃO

Conhecida internacionalmente por sua vanguarda e sua inovação, a vinícola Concha y Toro lança no mercado uma edição limitada – são apenas 2400 garrafas – da linha de sucesso Marques de Casa Concha. Supervisionado pelo enólogo Marcelo Pepa, o vinho é composto de 85% de uvas país e 15% de cinsault. O clima mediterrâneo e a topografia chilena foram fundamentais para a criação desta safra tão especial. As frutas cultivadas nos vales Maule e Itata foram colhidas antecipadamente e passaram por um processo de fermentação que garantiu um baixo teor alcoólico – somente 12%. Com notas frutadas de framboesa e groselha, a marca privilegia um vinho com bom frescor, perfeito para um brinde de verão. – LF conchaytoro.com

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N E W S | C U R TA S

Preciosidade

Louças finas

Exclusivas e atemporais, as joias de Mauricio Monteiro se destacam no mercado nacional. O designer, que estuda joalheria desde os 18 anos de idade, reinterpreta o clássico por meio de um processo de fabricação artesanal. Contemporâneas, suas peças possuem um DNA marcante, que preza pela qualidade e pelo cuidado com o acabamento. Recém-lançado, o bracelete de ouro branco, brilhantes e safiras azuis tem tudo para roubar a cena nesta estação. Tem como não amar? – LF

Resultado da parceria entre a grife portuguesa Vista Alegre e o renomado estilista dominicano Oscar de la Renta, a coleção Coralina é composta de peças de porcelana pintadas à mão. Com detalhes de ouro, a linha foi inspirada em um vestido com motivos florais criado por ele. Aqui no Brasil, os itens para mesa – do jogo de chá ao de café – estarão disponíveis na flagship da marca, em São Paulo, a partir de julho. – LF

mauriciomonteirojoias.com.br

myvistaalegre.com

Belezas africanas

FOTOS DIVULGAÇÃO

Ricas savanas, manguezais, paredões rochosos e cavernas formam paisagens únicas no continente africano. Aproveite as maravilhas escondidas na Ilha de Magaruque, um verdadeiro paraíso em Moçambique, e as ilhotas do arquipélago Bazaruto, onde o clima tropical e a flora abundante encantam. Quer ir além? Um barco privativo pode levar você até um dos diving spots mais selvagens e intactos do planeta: Bassas da Índia. Mergulhe entre os peixes e recifes e descubra o vulcão submerso nas águas inexploradas dessa parte do Oceano Índico. – LF

primetour.com.br

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B R I T I S H A I R W AY S + M A D E

BRITISH AIRWAYS: UMA EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL A British Airways trouxe glamour para os céus com sua moderna cabine de primeira classe. A First é a expressão de premium travelling e combina privacidade com conforto para alcançar o espaço perfeito para um voo relaxante

FOTOS DIVULGAÇÃO

O design da cabine, focado na qualidade e na atenção aos detalhes, remete a um estilo britânico contemporâneo. Cada assento individual se converte em uma cama plana, que permite aos passageiros descansar em total privacidade. A sensação agradável se estende para além da poltrona, com uma iluminação que muda suavemente de acordo com momentoschave do dia, reduzindo a sensação de jetlag. As refeições são escolhidas a partir de um menu à la carte e são servidas no momento em que o cliente desejar. Os vinhos são cuidadosamente selecionados, bem como o chá – desenvolvido pela Twinings exclusivamente para a companhia. A casa da British Airways no aeroporto de Heathrow, em Londres, é o Terminal 5. O espaço foi especialmente projetado para que os passageiros desfrutem o tempo de espera como preferirem, seja relaxando, comendo, fazendo compras, tudo dentro de um ambiente luxuoso. O terminal possui seis lounges que acomodam até 2500 passageiros. Durante o tempo em solo, os clientes da primeira classe podem, por exemplo, apreciar um drink no Concorde Room ou fazer uma massagem relaxante no spa Elemis.

De primeira—Acima, as cabines, com total conforto e privacidade. Ao lado, prato do menu à la carte servido durante o voo

Em 2015, a British Airways completa 30 anos de operação no Brasil. Opera com 10 voos semanais, embarcando de São Paulo, e voos diários, do Rio de Janeiro para Londres Heathrow. Além da First, os passageiros podem escolher entre outras três diferentes cabines: Club World, a executiva da British Airways, World Traveller Plus, a econômica premium da companhia, e a World Traveller.


N E W S | C U R TA S

Templo chinês Em meio às luzes da já estimulante Xangai, uma capela nada convencional tem roubado a cena na cidade chinesa. Localizada dentro do G+Park – complexo que também abriga o museu de vidro –, a Rainbow Chapel é fruto de uma parceria entre a agência de design Coordination Asia e o escritório Logon Urban Architecture Design. As formas do espaço fazem referência a alguns simbolismos da cultura local, como unidade e virtude, mas é a fachada que merece destaque. Com ares de caleidoscópio, ela utiliza mais de 60 tons diferentes de vidros que, dependendo da luz do sol, ganham novas e surpreendentes nuances. – AN en.shmog.org

Na telona Depois de 35 anos fechado, o primeiro cinema da Inglaterra acaba de reabrir suas portas. O Regent Street, no bairro londrino de Marylebone, foi palco de eventos importantes, como a primeira exibição dos irmãos Lumière – os pioneiros na criação de imagens em movimento – para a plateia inglesa, em 1896, e a transmissão de notícias durante a 1ª Guerra Mundial. Com investimento de 6,1 milhões de libras, o projeto, assinado pelo arquiteto Tim Ronalds, resgata a decoração art déco da década de 20 e conta com poltronas, caixas de som e projetor supermodernos. Com 200 lugares, a programação contemplará também filmes independentes de diretores locais. – LF

FOTOS DIVULGAÇÃO

regentstreetcinema.com

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AUDI + MADE

VELOZ E PODEROSO Recém-lançado no mercado brasileiro, o Audi TT Coupé impressiona pelo design, pelo dinamismo, pelas inovações de bordo e pela revolucionária experiência tecnológica

A Audi mais uma vez surpreende. Acaba de chegar ao Brasil o Audi TT Coupé, totalmente renovado. A terceira geração do esportivo se destaca, entre outros motivos, por sua personalidade única, pela aplicação de tecnologias inovadoras no sistema de propulsão e pela concepção de seus controles e mostradores do painel Virtual Cockpit. Disponível nas versões Attraction e Ambition – ambas equipadas com o câmbio S tronic, com seis marchas e dupla embreagem, e com o motor 2.0 Turbo FSI de 230cv, que proporciona aceleração de 0 a 100km/h em 5,9 segundos –, o modelo chega ao mercado com preços altamente competitivos. “O carro é sucesso nas diversas praças do mundo onde já foi lançado”, pontua Herlander Zola, diretor de marketing da Audi do Brasil. O design é impecável: a dianteira e a traseira são dominadas pelas linhas horizontais e o capô ostenta os quatro anéis da Audi. Já os faróis dão ao carro um aspecto de determinação e, quando visto de lado, ele se mostra atlético e musculoso. Com 4,18 metros de comprimento, o Coupé tem, em relação ao modelo anterior, o centro de gravidade mais baixo e a distância entre eixos maior, alcançando 2505 mm.


R E T R A N C A | ASS U N TO

Superesportivo—Acima, o Audi TT Coupé, que acaba de chegar ao Brasil, tem design inovador e experiência tecnológica revolucionária


AUDI + MADE

A carroceria ultrarresistente traz o princípio de construção híbrida, com cinco tipos diferentes de aço e três de alumínio. Os engenheiros da Audi conseguiram, pela segunda vez, reduzir significativamente o peso líquido: o novo TT pesa apenas 1230kg, o que o torna aproximadamente 50kg mais leve que o anterior, impactando de forma positiva na aceleração e na dirigibilidade. Reforçando ainda mais o DNA de sucesso da marca, o interior conta com o painel Virtual Cockpit, o mais revolucionário e elegante do mercado, que exibe animações dinâmicas, velocímetro, conta-giros, mapa de navegação GPS e gráficos precisos. Assim como no lado de fora, linhas e superfícies horizontais dão ênfase à largura do carro, destacando a leveza e a esportividade do modelo.

O novo volante multifuncional, que possibilita a operação do sistema de navegação e a configuração do carro, permite trocar marchas pelos shift paddles e ativar as funções do cockpit virtual sem tirar as mãos do volante. O alto padrão de design e manufatura pode ser visto também na alavanca de câmbio com novo desenho, no comando central giratório do MMI, altamente preciso, e no impecável sistema de som Bang & Olufsen. Adequado para o uso diário, o esportivo, cujo desempenho é um fator-chave, pode ser conduzido, com precisão e agilidade, tanto no trânsito urbano como em estradas sinuosas. Quer mais? Ele ainda tem alta eficiência no consumo e baixo nível de emissão de CO2 . Não tem como ser melhor!


R E T R A N C A | ASS U N TO

Beleza interior—Ao lado e abaixo, o painel Virtual Cockpit e o volante multifuncional. No pé da página, o esportivo, com a dianteira e a traseira dominadas pelas linhas horizontais. Na página anterior, a lateral do Audi TT Coupé, com 4,18 metros de comprimento


AUDI + MADE

Em festa—Ao lado, apresentação do Audi TT Coupé no evento de lançamento, no Rio de Janeiro. Abaixo, o presidente e CEO Jörg Hofmann

Para apresentar o recém-lançado Audi TT no Brasil, a marca promoveu uma festa só para convidados, no Lagoon, no Rio de Janeiro. No evento, o superesportivo roubou aplausos e suspiros do público, do qual faziam parte celebridades como Caio Castro, Deborah Secco, Fiorella Mattheis, Rômulo Arantes Neto e Milena Toscano. Na apresentação, o presidente e CEO Jörg Hofmann chamou a atenção para o design e a inovação do modelo. “A Audi traz a esportividade em seu DNA e, com o Audi TT, transformamos nosso carro esportivo em uma experiência real de alta tecnologia. O futuro já chegou à Audi”, fi nalizou ele.


R E T R A N C A | ASS U N TO

Convidados vips—Acima, Fiorella Mattheis, Deborah Secco, Rômulo Arantes Neto e Milena Toscano, na festa de lançamento. Ao lado, vista geral do evento

audi.com.br


VITRINE| DESIGN

MOBÍL IA SOB MEDIDA Entre luminárias, poltronas, mesas e tapetes, uma seleção para levar o melhor do design para a sua casa

POR | Isabela Giugno e Laís Franklin

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01 Poltrona Scandia O design escandinavo inspirou a peça estofada de tecido ou couro. saccaro.com.br

02 Cadeiras Sammen Com pés de madeira, estão disponíveis em seis cores diferentes. atec.com.br

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03 Garrafas Fos Ceramiche Novalis

04

De origem italiana, os vasos são de porcelana. benedixt.com.br

04 Mesa lateral Infinity A peça tem tampo de osso multicolor e pés de aço preto.

05 Bar Royale O móvel tem base de madeira maciça e tampo espelhado.

05

clami.com.br

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FOTOS DIVULGAÇÃO

emporioberaldin.com.br



VITRINE| DESIGN

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06 Poltrona Estrela Da coleção Estrela, dos irmãos Campana, a peça é feita de ferro e revestida de pintura epóxi preta. alotof.com.br

07 Luminária Don Do designer Jader Almeida, a novidade mescla materiais como madeira e vidro.

08

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lalampe.com.br

08 Lareira Ecofireplaces A lareira suspensa combina madeira rústica de demolição com aço cortén. ecofireplaces.com.br

09 Poltrona Lostin A peça tem estrutura de madeira e vem com almofadas revestidas de poliéster. espaco204.com.br

10 Tapete Rug Rev Fabricado no Nepal, o tapete de 100 nós é composto de lã e seda. rugrev.com.br

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&

PARQUE IBIRAPUERA

APRESENTAM:

PAVILHÃO LUCAS NOGUEIRA GARCEZ

OCA - PORTÃO 2 MOSTRABLACK.COM.BR

PARCERIA:

A DIFERENÇA ENTRE VER E OLHAR

2015


VITRINE| DESIGN

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11

11 Papel de parede Wallcovering Papel de parede feito de tecido non woven, lançado pela marca belga Concordia Textiles. wallcovering.com.br

12 Luminária Alma A peça é assinada pelo designer Guto Requena e mistura vidro com cortiça. bertolucci.com.br

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14 13 Mesas laterais Halston As mesinhas têm tampo de mármore imperial e base de aço carbono. artefacto.com.br

14 Cadeira Alma A estrutura de madeira da peça sustenta o banco e o encosto de couro kashmir.

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15 Sofá Cod Da marca alemã Rolf Benz, o móvel tem assento revestido de couro e almofadas de tecido. codbr.com

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casualmoveis.com.br



VITRINE| DESIGN

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16 Cadeira Dinna

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Com estrutura de madeira tauai, a peça é a nova aposta da L’oeil. loeil.com.br

17 Mesa lateral Illo Assinada por Victor Angueira, a mesinha tem base de cobre e tampo de vidro. breton.com.br

18 Luminária Astra A peça, atemporal, está disponível nas versões de piso, teto e mesa. natuzzi.com.br

19 Mantas Chevron

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Os tecidos de lã reproduzem o desenho geométrico dos tapetes da By Kamy. bykamy.com

20 Mancebo Gávea

ornare.com.br

21 Difusor Carioca O perfume de ambientes tem notas frescas de flores. granado.com.br

20

21

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Desenhado pelo designer Zanini de Zanine, o item é discreto e arrojado.



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A N DR É CO R R Ê A D O L AGO

A voz da arquitetura nacional Para o diplomata e economista André Corrêa do Lago, a crise financeira é um dos melhores estímulos para os grandes projetistas brasileiros

Não existe melhor cenário para a arquitetura do que uma crise fi nanceira. É um fenômeno extraordinário, que traz os ingredientes perfeitos para obras superlativas, bem definidas e executadas à perfeição. Como se a melancolia fosse o combustível ideal não só para a literatura, mas para todos os tipos de arte e cultura. Basta lembrar da Alemanha dos anos 1920, durante uma depressão absolutamente brutal, quando surgia a exuberante arquitetura modernista eternizada pelas mãos de Mies van der Rohe, Le Corbusier e Walter Gropius. Irônico como alguns autores aproveitam esses períodos de baixa para garantir uma atenção minuciosa aos detalhes, em vez de se dedicarem a um número maior de clientes em tempo recorde. Somos um dos vários países onde existe um conjunto de elementos de alta personalidade acessando lifestyle próprio por meio da música, do cinema, do design, da simpatia e da informalidade. Todos códigos que deflagram uma identidade implacável cada vez mais atribuída como nossa marca registrada. A ideia da casa brasileira com características nacionalistas foi amplamente mapeada pela arquitetura modernista, cujos espaços ganham porte maximizado, sublinhados por aberturas e recortes – varandas, pátios e jardins – possíveis graças ao clima tropical. Como pano de fundo, uma vegetação generosa e quase selvagem reserva o casamento fantástico entre o verde e a arquitetura assinada por Burle Marx, ainda muito presente nesse lado da vida informal e tão atraente. Apesar do grande acesso à informação, ainda somos um pouco carentes na qualidade de construção, materiais e acabamentos, itens essenciais. Assim como em diversos outros segmentos, descobrimos na arquitetura soluções importantes com o que temos ao alcance –pedras, madeiras e outras técnicas mostram uma sofisticação regional autoral.

Somos uma nação de culturas vastas pontuadas por linguagens livres de estereótipos. Definição facilmente percebida nas páginas que você vai ler a seguir, ilustradas por escritórios cujo fio condutor borda uma trama de repertórios que vai desde a Escola Paulista, influenciada por Paulo Mendes da Rocha, a linhas mais cariocas – como se banhadas pelo balneário –, caso de Marcio Kogan, Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen, sempre em plena renovação. Além de escritórios menos tradicionais, em sintonia fina com relevância internacional, como Triptyque. São escritórios de linhagem à frente de projetos residenciais que conferem voz à arquitetura nacional, deixada em segundo plano no campo das construções de uso público, contraditória aos ensolarados anos 1950 e 1960 no Brasil, quando a alta qualidade dos nossos prédios era motivo de orgulho da população. Procura-se urgentemente o equilíbrio ideal dos croquis brasileiros para a nova geração de arquitetura com sotaque e predicado.

ANDRÉ CORRÊA DO LAGO Diplomata e economista formado na UFRJ, é crítico de arquitetura e membro do Comitê de Arquitetura e Design do MoMA, em Nova York, curador do Pavilhão do Brasil na 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza. Além de escritor, trabalha em Bruxelas na missão do Brasil junto às comunidades europeias.

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P R OJ E TO | A L E X H A N A Z A K I

T U DO VERDE

Na residência projetada pelo arquiteto Guilherme Torres, em São Paulo, a harmoniosa transição entre os espaços internos e externos é garantida por exuberantes jardins que levam a assinatura de Alex Hanazaki

P O R | Isabela Giugno FOTO GRAFIAS | Yuri Seródio R ETR ATO| André Vieira

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Quatro imensas palmeiras seafortias contrastam com a rigidez volumosa presente nos três blocos que compõem a estrutura desta morada projetada pelo arquiteto Guilherme Torres. Ao lado das árvores, espécies variadas como pau-formiga, piteira do Caribe, pandanos rasteiros, agaves e espadas-de-são-jorge conferem um frescor minimalista à fachada. No interior da casa, situada na capital paulista, elementos arquitetônicos e décor sofisticado convivem lado a lado com o exuberante projeto de paisagismo assinado por Alex Hanazaki para o casal de proprietários. Expert em desenhar belíssimos jardins que garantem um toque de verde a residências | 89 |


P R OJ E TO | A L E X H A N A Z A K I

Dedo mágico—O paisagista Alex Hanazaki usou a vegetação para realçar a beleza da casa NA DUPLA DE ABERTURA Em harmonia—À esquerda, o jardim interno que decora o living e, à direita, a vista da área externa rodeada de palmeiras, pau-formiga e jabuticabeira NA PÁGINA AO LADO Jardim encantado— Detalhes da morada, cujos espaços integrados têm plantas como jasminsmanga, curculigos e avelós

e espaços comerciais, o profissional conseguiu trazer a natureza de forma harmoniosa para dentro deste refúgio. “Meu trabalho foi realizado em parceria com o arquiteto e uma das ideias foi realçar a beleza da casa”, pontua ele. Para obedecer à proposta de integrar o paisagismo com as áreas de convivência, a sala de estar recebeu um jardim interno a céu aberto em sua lateral. Ali, uma variedade de plantas ajuda a destacar o amarelo-gema que pinta a porta de entrada. Avelós, jasmins-manga, curculigos e freixos crescem no ambiente e ficam diretamente

em contato com a luz solar. “Este espaço funciona como uma obra de arte da natureza”, conta Hanazaki. Assim, o living se transforma em uma ampla varanda iluminada e decorada da forma mais orgânica possível. A extremidade oposta ao jardim vertical se abre gentilmente para a área externa, que abriga uma longilínea piscina de pedra hijau. Pensando em acrescentar apenas um elemento escultórico no ambiente, belo por si só, Alex apostou na enorme jabuticabeira, cuja copa protege o local do sol excessivo. Pronto: sombra e água fresca para o casal. | 90 |


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P R OJ E TO | A RT H U R C ASAS

LIVRE ACESSO Uma coleção de obras de arte que inclui peças de Adriana Varejão e Beatriz Milhazes dita o clima deste apartamento. De quebra, o projeto assinado pelo Studio Arthur Casas ainda tem a orla carioca como vista principal

POR | Adriana Nazarian

FOTOGRAFIAS | Fernando Guerra RETRATO | Ilana Bessler

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P R OJ E TO | A RT H U R C ASAS

Pré-requisito—Arthur Casas aproveitou ao máximo os destaques do apartamento: obras de arte de peso e a vista do mar NA DUPLA DE ABERTURA Simbiose—Para ampliar o espaço, o layout integra ambientes como living e sala gourmet NA PÁGINA AO LADO

Debruçado sobre a orla carioca, o projeto deste apartamento não poderia ter como base uma proposta diferente do que privilegiar o visual da praia da Barra da Tijuca. O Studio Arthur Casas, responsável por emoldurar a paisagem, ainda deu vida a outro desejo do casal de proprietários: valorizar sua coleção de obras de arte. Do hall de entrada do elevador ao banheiro da suíte principal, a vista do mar é uma espécie de fio condutor da morada. Para não ofuscá-la, marcenaria e mobiliário têm peças mais baixas que aju-

dam a criar uma linha contínua com o Atlântico. O clima de galeria de arte fica por conta da essência minimal que domina toda a história: pisos de limestone neutro e paredes e forros revestidos de branco realçam ao máximo a coleção que inclui quadros de Adriana Varejão e Beatriz Milhazes. Outro bom recurso criado pelo arquiteto Arthur Casas foi apostar em um layout que integra os espaços e facilita a circulação. Living, home theater e sala gourmet – a proprietária é fã número um de culinária – ganharam portas des| 94 |

Foco—De cima para baixo: o canto da sala principal, com tela de Beatriz Milhazes; a vista da Barra da Tijuca, que emoldura todo o imóvel; e dois ângulos do corredor que abriga boa parte das obras de arte


Do hall de entrada do elevador ao banheiro da suíte principal, a vista do mar é uma espécie de fio condutor da morada

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P R OJ E TO | A RT H U R C ASAS

lizantes que ajudam a criar a sensação de amplitude total. Outro exemplo? Uma das suítes de hóspedes e filhos pode ser conectada à sala de jogos. Cercado por varandas generosas, que têm paisagismo assinado por Renata Tilli, o endereço carioca também chama a atenção pelo mobiliário garimpado em antiquários mundo afora. Em sintonia com o acervo artsy, a coleção inclui clássicos dos anos 1950, caso do carrinho de bar de Jorge Zalszupin e das poltronas de Oscar Niemeyer, com peças assinadas por nomes contemporâneos, como os irmãos Campana. Tudo em versão clean e elegante para não roubar a cena da protagonista da história: a orla carioca.

Conexão—Em sentido horário: o living com paredes e forro brancos para valorizar as obras de arte; o canto destinado ao bar tem carrinho dos anos 1950 assinado por Jorge Zalszupin e poltronas de Oscar Niemeyer; a saleta em tons neutros; e a área gourmet NA PÁGINA AO LADO Moldura—Três momentos da suíte principal, que tem o banheiro fechado por vidro. Da banheira, também é possível avistar o mar

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Marcenaria e mobiliário têm peças mais baixas que ajudam a criar uma linha contínua com o Atlântico

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P R O J E T O | B E T O G A LV E Z E N Ó R E A D E V I T T O

VITRINE Espaços amplos, decoração clean e mobiliário assinado são as apostas de Beto Galvez e Nórea De Vitto para abrigar uma coleção de arte de peso nesta casa modernista dos anos 1960

POR | Isabela Giugno FOTOGRAFIAS | Alain Brugier RETRATO | Ilana Bessler

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P R O J E T O | B E T O G A LV E Z E N Ó R E A D E V I T T O

Mão na massa—Ao lado, Nórea e Beto, que trabalham juntos há 25 anos NA DUPLA DE ABERTURA Modernista—À esquerda, diferentes cantinhos da morada, com banco do Antiquário Varuzza, escultura de Artur Lescher, quadro de Cruz-Diez e mesa de centro de Sergio Rodrigues. À direita, destaque para o quadro de Oswaldo Subero

Nada mais propício para a família de um casal colecionador de arte do que uma casa modernista térrea, da década de 60, que se estende por uma área de mil metros quadrados. Soma-se ao achado paulistano uma reforma conduzida por Beto Galvez e Nórea De Vitto, duo que comanda o escritório homônimo há 25 anos. Conhecida por projetos residenciais e corporativos de alto padrão, a dupla criou o cenário ideal para abrigar um acervo artsy de peso – obras de Miguel Rio

Branco, Artur Lescher, Cruz-Diez e Vik Muniz estão incluídas. Para valorizar a coleção, Beto e Nórea apostaram em cores e materiais mais neutros no interior da casa. “Preferimos a sobriedade dos beges, crus e pretos, que, além de versáteis, nunca perdem a sofisticação”, conta Beto. Mas nada de monotonia: soluções de personalidade, como o revestimento de madeira teca aplicado no home theater e na parte de trás da lareira, garantiram mais bossa aos espaços. | 1 00 |


“Como eles adoram receber visitas, criamos ambientes extensos e fluidos para facilitar as idas e vindas de um lugar até outro”

Arte—Acima, banco Butik, foto de Miguel Rio Branco, e escultura de Edgard de Souza. Ao lado, detalhe do estar com sofás B&B Italia

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P R O J E T O | B E T O G A LV E Z E N Ó R E A D E V I T T O

Seguindo esta linha, os arquitetos também abriram mão de exageros estéticos e priorizaram móveis discretos e com design excepcional, caso das poltronas da Minotti, das mesinhas de centro Viana, de Sergio Rodrigues, e do banco Alta, assinado por Oscar Niemeyer. Outra exigência dos moradores seguida por Nórea e Beto foi a amplitude das áreas de convívio. “Como eles adoram receber visitas, criamos ambientes extensos e fluidos para facilitar as idas e vindas de um lugar até outro”, pontua Galvez. Diante desse cenário, quem gostaria de fazer diferente? | 1 02 |


Casa de pedra—Ao lado, a lareira da sala de estar com poltronas da Loja Teo. Abaixo, um cantinho da morada, que abusa dos janelões para ganhar mais luz natural NA PÁGINA ANTERIOR Para relaxar—Acima, a sala de estar com sofás B&B Italia, mesa de centro de Sergio Rodrigues, e poltrona da Minotti. Abaixo, poltrona e luminária da Loja Teo e mesas laterais do Antiquário Varuzza

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P R OJ E TO | B R AS I L A R Q U I T E T U R A

CE NÁRI O FLU IDO Amplas aberturas para o jardim e abundância de luz natural, marcadas pelo charme dos tijolos sem reboco e do concreto aparente, dão o tom da residência projetada pela Brasil Arquitetura, em São Paulo

POR | Claudia Jordão FOTOGRAFIAS | Leonardo Finotti RETRATO | José Bassit

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P R OJ E TO | B R AS I L A R Q U I T E T U R A

Ao se reunir com os profissionais da Brasil Arquitetura para o projeto de uma casa na Lapa, em São Paulo, o casal de proprietários, com três filhas, entregou a eles um caderno de referências repleto de imagens e anotações. Eles queriam uma morada rústica, que privilegiasse a entrada de luz natural e a conexão com o verde. Outra exigência: alguns ambientes precisavam ter a possiblidade de integração entre si, caso dos quartos. Para os autores, os arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, que contaram com a colaboração de Anne Dieterich, missão dada é missão cumprida.

Com 360 metros quadrados, o refúgio foi construído em um terreno em aclive. “O rústico surge no acabamento dos tijolos sem reboco e pintados de branco, que contrastam com a laje de concreto aparente moldada com ripas de madeira, as quais se estendem para o exterior da casa e se transformam numa marquise”, explica Fanucci. O pavimento principal de convivência da residência, no térreo, abriga as salas de estar e de jantar, a cozinha, a despensa, o escritório, a varanda e um tanquinho com peixes. Para imprimir a conexão com o jardim e a entrada de luz, | 1 06 |

Assinatura—Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, a dupla por trás do projeto da Brasil Arquitetura NA DUPLA DE ABERTURA Mistura—Madeira, concreto aparente e toques de verde dão o clima da morada paulistana


Cobertura—À esquerda e abaixo, dois ângulos da laje moldada por ripas de madeira e cercada de verde. No pé da página, a fachada e um dos corredores da casa

“O rústico surge no acabamento dos tijolos sem reboco e pintados de branco, que contrastam com a laje”

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os cômodos foram dispostos em forma de “u” em torno de um pátio gramado. As portas de correr de vidro permitem amplas aberturas. O ponto alto do térreo está em sua única parede vermelha, que percorre seu interior e dá fluidez aos espaços. Seu objetivo é definir e conectar os ambientes, acolhendo aberturas, passagens, reentrâncias e prateleiras. O piso do living, de ladrilho hidráulico Brasil Imperial, conversa de igual para igual com o revestimento do chão da varanda, de placas de Ecopietra, do mesmo tamanho e na mesma tonalidade. A praticidade de interação entre a casa e os moradores é outro ponto-chave do projeto. A horta fica na altura do peitoril da janela da cozinha – é só esticar a mão para colher os temperos. Seguindo a mesma

lógica, o tanque dos peixes dá na janela do escritório, como uma extensão da mesa de estudos. No pavimento superior, os quartos são acessados por um corredor iluminado e possuem uma conexão interna entre si. Lá, a graça está na área de lazer, com paisagismo assinado por Raul Pereira e uma vista generosa dos arredores do bairro. O mobiliário imprime aconchego e personalidade. Muitos dos móveis foram feitos sob medida pela Marcenaria Baraúna, caso das mesas e estantes do escritório. Os destaques do décor, no entanto, ficam para a mesa de jantar Atelier Fernando Jaeger, as cadeiras Studio Zanini e o sofá Brentwood. É só se sentar, respirar fundo e desfrutar essa poesia concreta que só a arquitetura pode proporcionar. | 1 08 |


Abertura total—Em sentido horário: o tanque dos peixes, extensão do escritório; o corredor dos quartos; e a parede vermelha que acompanha o térreo – a cor é a Expresso do Oriente, da Coral NA PÁGINA ANTERIOR Transparência—Para garantir o máximo de luz, os cômodos foram dispostos em torno de um gramado

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P R OJ E TO | DA D O C AST E L LO B R A N CO

M ISTURA F INA

Tons claros, materiais nobres e obras de arte sĂŁo os protagonistas desta cobertura projetada por Dado Castello Branco. Tudo para que o apartamento, localizado em uma agitada rua paulistana, ganhasse ares de refĂşgio

PO R | Adriana Nazarian FOTO GRAFIAS | Alain Brugier RETRATO | Ilana Bessler

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P R OJ E TO | DA D O C AST E L LO B R A N CO

Figura—Dado Castello Branco, arquiteto responsável por adicionar um ar de refúgio ao apartamento paulistano NA DUPLA DE ABERTURA Zona neutra—Ampla e iluminada, a sala principal ganhou móveis em tons claros e detalhes de madeira

“Este apartamento tem uma energia muito boa. Todos que entram dizem isso.” Difícil discordar de Dado Castello Branco, autor do projeto desta cobertura de 490 metros quadrados, em São Paulo. Bastam poucos minutos ali dentro para se desligar do movimento em torno das lojas e restaurantes concentrados a poucos metros de distância e aproveitar momentos de tranquilidade total. A família por trás deste tríplex, um casal, duas filhas e um cachorro, concorda: o local é um verdadeiro respiro em meio ao burburinho da Rua Oscar Freire, nos Jardins.

“Este apartamento tem uma energia muito boa. Todos que entram dizem isso”

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Para criar um refúgio daqueles que nos fazem esquecer da vida que corre lá fora, coisa cada vez mais necessária em solo paulistano, Dado Castello Branco aproveitou ao máximo a iluminação natural e lançou mão de uma de suas marcas registradas: o uso de cores claras. Aliados à madeira em versão sofisticada, os tons neutros pontuam o piso da escada, as paredes e grande parte dos móveis, como as poltronas da loja Etel. Outro desafio do arquiteto foi conservar parte da arquitetura já existente no local, caso da estante de livros que acabou

Todos os cantos— Em sentido horário: a escrivaninha da Loja Teo preenche o espaço que dá acesso à escada da cobertura; destaque para a obra de Damien Hirst; e detalhe e visão geral da sala, que conecta todo o térreo do apartamento

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Multiúso—Três ângulos diferentes da sala íntima: a vista da escada (acima), a estante (ao lado), que já fazia parte do projeto original, foi revestida de laca branca e, à direita, obra de Rodrigo Kassab, poltrona Loja Teo e baú Arnaldo Danemberg. Abaixo, a sala principal tem poltronas da Etel e vista do terraço

revestida de laca branca. Já o toque de cor fica por conta da coleção de obras de arte, um dos destaques do apartamento que inclui peças de nomes como Vik Muniz e Damien Hirst. Soma-se a isso alguns achados trazidos de um antiquário aqui, um papel de parede com uma pitada de linho ali, e o toque estratégico do couro e da camurça acolá: eis a fórmula para o aconchego total. O clima convidativo, perfeito para receber os amigos, está por todos os cantos, mas ganha ainda mais força no segundo piso. É lá que estão concentrados home theater, sauna, piscina e cozinha gourmet. No térreo, o terraço com paisagismo assinado por Rodrigo Oliveira é outro ponto alto do endereço. Perfeito para assistir de camarote ao vaivém que corre lá fora. | 114 |


O local é um verdadeiro respiro em meio ao burburinho da Rua Oscar Freire, nos Jardins

Aconchego—Em sentido horário: a luminosa varanda com poltronas da Casual Exteriores; o visual da sala, privilegiada pela iluminação natural; sala de jantar com obra de Vik Muniz, mesa Mineira, da Etel, e cadeiras Oscar, de Sergio Rodrigues, à venda na Dpot

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P R O J E T O | D AV I D B A S T O S

CAIXA U RBANA Cores neutras, móveis aconchegantes e ambientes integrados ditam o tom do apartamento projetado pelo escritório de David Bastos, em São Paulo. No refúgio, praticidade e conforto são palavras de ordem

POR |Flora Monteiro FOTOGRAFIAS |Alain Brugier RETRATO | Ilana Bessler

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P R O J E T O | D AV I D B A S T O S

“Não sigo moda ou tendência. A arquitetura e a decoração devem ser atemporais.” A máxima do arquiteto David Bastos é levada à risca neste apartamento de 450 metros quadrados, na capital paulista. Encomendado por um jovem casal com dois filhos pequenos, o projeto foi pensado para atender ao desejo dos moradores por uma casa confortável e discreta. Simples assim. Para isso, revestimentos tridimensionais, estofados de tecidos sintéticos e paredes com texturas, tão em alta no circuito do décor, foram deixados de lado para dar lugar a acabamentos e estofados

clássicos e eternos, como o linho, que forra sofás e poltronas, e a madeira nogueira, usada no móvel que cobre uma das paredes do living. Quem entra no apartamento, localizado em um bairro movimentado e pontuado por lojinhas, restaurantes e bares, quase se esquece do frenesi urbano que corre lá fora. Afinal, a proposta era exatamente esta. “A atmosfera de aconchego é garantida pela paleta de tons claros, pelos móveis macios e também pela amplitude e pela iluminação natural dos ambientes”, explica David. “A estante de madeira é o toque final. | 118 |

Personalidade—Acima, o arquiteto David Bastos: “Não sigo moda ou tendência”


A atmosfera de aconchego é garantida pela paleta de tons claros, pelos móveis macios e também pela amplitude e pela iluminação natural dos ambientes

Conforto—Acima, o living, que se abre para a varanda por meio de portas de vidro. Os sofás são da Casual e a escultura do vestido é da artista Nazareth Pacheco. Ao lado, a Cadeira de Pernas Cruzadas, de Luiz Philippe Carneiro de Mendonça NA DUPLA DE ABERTURA Design—Destaque para a sala de jantar com mesa e cadeiras da Etel e luminária da Moooi. Nos detalhes, a estante de madeira nogueira que cobre uma parede do living

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P R O J E T O | D AV I D B A S T O S

“A estante de madeira é o toque final. Ela abraça todo o estar e arremata o clima de acolhimento”

Detalhes—Acima, dois ângulos do living, com sofás e poltronas da Casual e tapete Punto e Filo. Os livros e as obras na mesa de centro revelam a paixão dos moradores por arte. Ao lado, a varanda com mesa com tampo de mármore da Galleria Della Pietra e cadeiras da Casual

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Ela abraça todo o estar e arremata o clima de acolhimento”, completa ele. O layout neutro serviu também para destacar esculturas, quadros e telas dos anfitriões, dois apaixonados por arte, que queriam ver as obras por todos os cantinhos do refúgio – estão por ali trabalhos de Waltercio Caldas, Amilcar de Castro e Lia Chaia. A disposição dos cômodos segue, nas palavras de David, “o convencional modelo paulistano”: o hall leva ao living, que se integra à sala de jantar e a uma enorme varanda, e, na parte de trás da entrada, estão as suítes e a área de serviço. Para isolar alguns ambientes, sem que para isso fosse necessário subir paredes, o arquiteto apostou em portas de correr de madeira. “Não existe solução mais prática. Ainda mais quando o cliente é uma família com crianças pequenas”, defende ele. O home office foi um dos espaços que ganhou essa versatilidade. Para pontuar o desenho, peças nobres de design entram em cena, como a luminária de teto da Moooi e as cadeiras e a mesa de jantar da Etel. Tudo em nome do conforto, da praticidade e da elegância.

Fazendo arte—Em sentido horário, obra de Eduardo Coimbra (azul); escultura de madeira em formato de sandália de Lia Chaia e caixa de Amilcar de Castro; peça de ferro de Raul Mourão e escultura de Waltercio Caldas

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P R OJ E TO | D E B O R A AG U I A R

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TAMANHO FAM ÍLIA

Projetado pelo escritório da arquiteta Debora Aguiar, apartamento de 526 metros quadrados, em São Paulo, prioriza a integração funcional dos ambientes para favorecer o convívio entre um casal e seus quatro filhos POR | Isabela Giugno FOTOGR A FI AS | Alain Brugier RETRATO | Paula Brandão

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P R OJ E TO | D E B O R A AG U I A R

Autora de trabalhos que primam pela sobriedade Debora Aguiar sabe, como poucos, explorar a paleta de tons claros e neutros e fazer uso inteligente de elementos naturais. O apartamento que ilustra estas páginas reforça, ainda mais, seu conceito. Localizada em São Paulo, a morada foi desenhada sob medida para um casal com quatro filhos pequenos. “Meus clientes confiavam no meu trabalho, por isso deixaram minha equipe bastante livre para criar”, revela Debora. Por conta da experiência adquirida ao longo de 20 anos de carreira, a arquiteta tirou de letra o

pequeno imprevisto que surgiu no meio da obra. “A proprietária engravidou e precisei adaptar às pressas o projeto”, diz. Para abrigar o caçula, criou-se um novo quarto, próximo ao dos irmãos, para que eles pudessem interagir com o bebê e vivenciar a chegada do pequeno de maneira harmoniosa. Lado a lado com o casal, a profissional conseguiu estabelecer algumas soluções práticas para que a generosa área de 526 metros quadrados fosse aproveitada de modo a facilitar o convívio entre pais e filhos. Assim, a grande aposta da profissio| 1 24 |

Criador e criatura— Acima, a arquiteta Debora Aguiar, que explora a paleta de tons neutros neste apartamento em São Paulo NA DUPLA DE ABERTURA Dois em um—Integrada ao terraço, a sala foi revestida por painéis de madeira nogueira


“Investi na criação de portas e painéis invisíveis e retráteis, que permitem, quando necessário, o isolamento dos ambientes ”

Amplitude—De cima para baixo, entrada da sala com porta de madeira, mesa de jantar com suntuoso lustre da Baccarat, e living decorado com mesa de centro da Dpot

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nal foi conectar alguns ambientes. “Como a planta era ampla, integrei o terraço do home theater com o resto da morada”, comenta. A sala de televisão também foi aberta ao living, cujas paredes foram revestidas com nogueira. “Investi na criação de portas e painéis invisíveis e retráteis, que permitem, quando necessário, o isolamento dos cômodos. Optei também pelo uso da marcenaria elaborada e detalhada para cada espaço da residência”, pontua. Outro recurso aplicado para conferir um ar ainda mais aconchegante ao apartamento foi o acréscimo de palha natural na área social, e de sintética, na íntima. A criação de um grande jardim vertical no terraço fez a diferença neste espaço considerado tão essencial pelos anfitriões. Por ele, a morada recebe luz e ventilação naturais constantes, o que deixa o interior, protagonizado pelo banco da Etel e pelas mesinhas de centro da Dpot, muito mais agradável e bonito.

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Sol nascente—Acima, a ampla varanda é responsável por trazer luminosidade à sala e, ao lado, o terraço abriga um jardim vertical NA PÁGINA ANTERIOR Sobriedade—Decorado com móveis em tons neutros, o home theater é um dos cantos mais aconchegantes do apartamento

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LONDON CALLING Espaços conectados e iluminação estratégica são as apostas da arquiteta Fernanda Marques para criar a atmosfera artsy de um tríplex londrino que reúne peças de Adriana Varejão, Zaha Hadid e irmãos Campana

POR | Isabela Giugno FOTOGRAFIAS | Fernando Guerra RETRATO | Ilana Bessler

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Por um instante, o interior da morada projetada pela arquiteta paulistana Fernanda Marques, que comanda escritório homônimo, pode despertar a dúvida: “é um apartamento ou uma galeria de arte?” No espaço, tais universos coexistem de forma harmoniosa, mesclando sob o mesmo teto obras de Adriana Varejão, Jean Dubuffet e Zhang Huan com a sensação aconchegante de estar em casa. Erguida em uma praça tranquila de Belgravia, bairro central e supercosmopolita de Londres, a penthouse de 830 metros quadrados serve como

refúgio para um jovem casal colecionador e seus dois filhos. “Precisei encontrar o ponto de equilíbrio entre a construção, o mobiliário de design e o cotidiano dos proprietários”, pontua Fernanda. A expertise da profissional na criação de projetos que valorizam a estética limpa, contemporânea e sofisticada foi crucial para atender ao pedido dos moradores deste tríplex: fluência e conexão entre os ambientes. “As paredes ajudaram a criar espaços amplos e luminosos e emprestam o caráter expositório, típico de uma galeria”, conta a arquiteta. | 130 |

Impressão—Fernanda Marques assina o projeto do apartamento com ares de galeria NA DUPLA DE ABERTURA Design mania— Destaque para a escada espiralada da penthouse londrina


Convívio—À esquerda, ao lado da cadeira Growth, de Mathias Bengtsson, a escada que parece uma escultura. Abaixo, as paredes brancas valorizam as obras de arte e o mobiliário, como a luminária de chão de Charles Trevelyan

Redesenhados, os interiores se transformaram em grandes espaços conectados

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Ponto de cor—As obras de arte coloridas contrastam com as paredes e o mobiliário em tons neutros. Abaixo, os quartos dos filhos NA PÁGINA AO LADO Bons sonhos—Acima, a suíte de hóspedes, com toques de modernidade, e, abaixo, o espaçoso quarto do casal

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“Precisei encontrar o ponto de equilíbrio entre a construção, o mobiliário de design e o cotidiano dos proprietários”

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“A luz natural é filtrada pelas janelas, que se abrem para a praça, colaborando com a criação de um espaço praticamente ininterrupto”

Por conta disso, foi necessário alterar a estrutura original da morada, que tinha uma série de divisões entre áreas privadas e comuns. Redesenhados, os interiores se transformaram em grandes espaços conectados – as portas ficaram restritas aos ambientes que pedem mais privacidade. Outro ponto considerado por Fernanda foi a iluminação, elemento-chave para valorizar a exposição do mobiliário pouco convencional que povoa a casa, como a mesinha assinada por Zaha Hadid, que dá as caras no living e divide a atenção com as diver-

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Acervo—Ao lado, o living abriga a Aqua Coffe Table, de Zaha Hadid, e luminária criada por Charles Trevelyan. Abaixo, à esquerda, outro ângulo do estar com poltronas Mattia Bonetti e, à direita, o espelho Copper, de Hunting e Narud NA PÁGINA ANTERIOR Estilo galeria—No alto, dois ângulos da mesa Basoli, obra dos irmãos Campana. Abaixo, a luz natural invade o living e valoriza a exposição das peças assinadas

tidas esculturas Happy Pills, de Fabio Novembre. “A luz natural é filtrada pelas janelas, que se abrem para a praça, colaborando com a criação de um espaço praticamente ininterrupto de um ambiente a outro”, revela a arquiteta. Como toque final, os materiais e os tons dos interiores também foram escolhidos a dedo para não roubar a atenção das obras. Tudo para realçar ainda mais o potencial artsy do tríplex, mas sem abrir mão da essência humana da morada.

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JA R DIM SECRETO Com palmeiras imperiais, liriopes verdes e primaveras magenta, entre outras espécies de plantas e flores, o paisagista Gilberto Elkis cria um espaço de lazer e convivência com clima tropical

POR | Isabela Giugno FOTOGRAFIAS E RETRATO | Alain Brugier

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Para Gilberto Elkis, arquitetura e paisagismo não competem entre si. Pelo contrário. Eles se relacionam e se complementam. Foi seguindo o lema à risca que o profissional concebeu o projeto para um casal de empresários e seus três filhos. Morador de uma sofisticada residência assinada pelo arquiteto Dado Castello Branco, o quinteto sonhava com um jardim que destacasse a beleza da casa e atuasse como um amplo espaço de convivência. Utilizando o know-how adquirido ao longo de 20 anos, Gilberto desenvolveu um paisagismo que dialoga harmoniosamente com o interior do refúgio. Por meio de uma varanda aberta, o quintal é integrado à sala, imprimindo fluidez na circulação dos espaços e estimulando o contato entre os habitantes. “Mesmo que cada um esteja no seu canto, eles estão todos em um mesmo ambiente. Afinal, o exterior e o interior estão conectados”, pontua ele.

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Paisagista—Ao lado, Gilberto Elkis no jardim que projetou para a residência, em São Paulo. Abaixo, a piscina de pedra hijau, que se integra ao paisagismo do quintal NA DUPLA DE ABERTURA Botânica—Destaque para a varanda e o jardim, que juntos formam um amplo ambiente de lazer e convivência. À direita e à esquerda, detalhes das suculentas e dos cactos acomodados em vasos no terraço da morada NA PÁGINA AO LADO Verde ao redor—Toda a diversidade do paisagismo feito por Elkis. Em sentido horário, o pergolado com primaveras na cor magenta; o corredor com grama-preta; o jardim com palmeiras e grama-esmeralda e os vasos e cachepôs com cactos, suculentas e miniespadinhas

Com 830 metros quadrados, a área externa ganhou infinitos tons de verde. O corredor de entrada, que leva aos fundos do refúgio, recebeu grama-preta, barbas-de-serpente e árvores do tipo chorão. Já no terraço, onde o fluxo de pessoas é mais intenso, o paisagista optou pelo uso dos cachepôs, que abrigam suculentas e cactos, plantas mais resistentes a possíveis esbarrões. Gilberto ainda fez questão de realçar o charme presente em alguns elementos arquitetônicos do jardim. É o caso da exuberante piscina | 138 |


“Apostei nas palmeiras imperiais, que podem ser avistadas por quem está dentro da morada” feita de pedra vulcânica hijau. Toda emoldurada por mármore, ela reflete um tom de azul muito especial, que foi realçado pelo verde da grama-esmeralda, da palmeira fênix e da tamareira de jardim, responsáveis por imprimir uma atmosfera tropical. “Apostei também nas palmeiras imperiais, que chegam a alcançar 40 metros de altura e podem ser avistadas por quem está dentro da morada”, explica ele. Os pontos de cor vieram em forma de belíssimos ipês roxos e amarelos e de primaveras magenta. | 139 |


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PONTOS DE COR

Com ares de galeria de arte, dúplex assinado por João Armentano ganha layout neutro, espaços amplos e janelões com vista do skyline paulistano PO R | Flora Monteiro

FOTO GRAFIAS | Victor Affaro RETRATO | Ilana Bessler

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Um casal com filhos sugeriu a João Armentano a missão de projetar, no apartamento onde moram, um lugar para abrigar obras de arte e peças de design. Não é preciso nem dizer que o arquiteto, um dos mais respeitados quando a assunto é decoração de interiores, concluiu a tarefa com sucesso. Colecionadores de telas, esculturas, livros antigos e móveis assinados, os anfitriões se viram diante de salas amplas e claras para distribuir suas preciosidades. Para valorizar ainda mais cada item, Armen-

tano usou as iluminações natural e artificial como recursos. Resultado: ambientes dignos de galeria de arte, mas com total aconchego e personalidade. Para isso, ele precisou fazer alterações drásticas na planta do refúgio. “Eram dois apartamentos separados e tive que transformá-los em um dúplex”, comenta. Ao unir os pavimentos, o profissional aproveitou para criar um pé-direito duplo no living, onde janelões do chão ao teto escancaram o skyline da capital paulista e deixam a luz do dia | 142 |

Em cena—Acima, João Armentano, nome de peso do cenário da arquitetura paulistana NA DUPLA DE ABERTURA Em detalhes—Sala de estar com tela de Tomie Ohtake sobre a lareira, sofás brancos e banco, ambos da Minotti, e mesa de apoio de Christian Liaigre


Colecionadores de telas, esculturas, livros antigos e móveis assinados, os anfitriões se viram diante de salas amplas e claras para distribuir suas preciosidades

Galeria—Acima, o living com sofá e mesa de centro da Minotti e tapete by Kamy. Ao lado, outro ângulo do estar, com o banco da Minotti em primeiro plano. Destaque para a integração dos dois pavimentos por meio do pé-direito duplo

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Reunião—Acima, dois ângulos do living, com pédireito duplo e janelas do chão ao teto para garantir a entrada de luz natural. A escultura é do artista português Ascânio. Ao lado, outro ambiente do estar, com poltronas da Minotti, obra de Tomie Ohtake e mesa de centro da MiCasa

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Entre obras—Ao lado, o sofá aconchegante compõe o home theater. Abaixo, o andar inferior, com a área social, pode ser avistado do segundo piso, reservado para os quartos. Destaque para a obra de Antonio Dias, no living

“A junção das duas unidades deu mais amplitude aos cômodos e valorizou os elementos arquitetônicos”

entrar livremente. O andar superior ficou reservado aos quartos, e o inferior, à área social – dividida em vários ambientes de convivência, como estar e home theater. “A junção das duas unidades deu mais amplitude aos cômodos e valorizou os elementos arquitetônicos”, explica Armentano. Para arrematar – e levar alguns toques de cor ao layout –, obras de Tomie Ohtake, Daniel Senise e Antonio Dias. Todas ali, juntas e misturadas, para serem vistas e apreciadas no vaivém pela morada. | 145 |


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G A LERIA PAULISTAN A Projeto assinado por Lia Siqueira aposta em ambientes abertos, painéis de marcenaria e tons neutros. Tudo para valorizar ao máximo a coleção de obras de arte

POR |Adriana Nazarian FOTOGRAFIAS |Romulo Fialdini RETRATO | André Nazareth

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Toque pessoal— A arquiteta Lia Siqueira atendeu ao pedido de valorizar a coleção de obras de arte dos clientes, sem abrir mão do toque aconchegante NA DUPLA DE ABERTURA Esquina—O canto do apartamento que recebe a mesa do antiquário Arnaldo Danemberg em dois momentos: à esquerda, com baú de acervo do cliente, e, à direita, com tela de Adriana Varejão ao fundo

Não é à toa que todos os detalhes deste apartamento paulistano foram pensados para valorizar a ampla coleção de obras de arte do casal de proprietários. Afinal, um acervo que inclui peças de Beatriz Milhazes, Palatnik, Leonilson e Adriana Varejão precisa, mesmo, ser colocado em destaque. E o briefing recebido pelo escritório Siqueira Azul – ambientes unificados, claros e com paredes sem marcação das portas ou elementos de circulação – já deixava evidente a paixão dos proprietários pelo tema.

Disposta a atender tal desejo, a arquiteta Lia Siqueira não teve dúvidas: demoliu todas as paredes do espaço de 420 metros quadrados. Sala de estar e de jantar, canto de televisão e bar se transformaram em uma área contínua. Para separá-los, entram em cena móveis em tons claros, caso do sofá da Paschoal Ambrósio e das poltronas da Etel, enquanto as portas ganham painéis de marcenaria. Ainda em busca de valorizar ao máximo a coleção, Lia garantiu neutralidade total às paredes com a presença do branco. | 148 |


Protagonista—Em tons neutros, a sala tem sofás Paschoal Ambrósio, mesas de centro da ,ovo e poltronas Jorge Zalszupin, da Etel. Abaixo, a escultura de Frans Krajcberg e o quadro de Leda Catunda são os grandes destaques do ambiente. O banco Iracema, que serve de apoio para os livros, tem design de Claudia Moreira Salles para a Etel

Lia Siqueira demoliu todas as paredes do espaço. Sala de estar e de jantar, canto de televisão e bar se transformaram em uma área contínua

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Um acervo que inclui peças de artistas como Beatriz Milhazes, Palatnik, Leonilson e Adriana Varejão precisa, mesmo, ser colocado em destaque Luminosidade—Acima, a tela de Beatriz Milhazes no acesso à sala de jantar, que tem quadro de Leonilson acima do aparador; a mesa Fina e as cadeiras, estas assinadas por Claudia Moreira Salles, são da Etel. Ao lado, a obra de Palatnik rouba a cena no caminho para a sala íntima

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Por cima—As cores fortes aparecem em detalhes pontuais, como na superfície das mesas de centro Pigmento, da ,ovo, que ganham livros e mais livros

Para arrematar, detalhes de personalidade imprimem uma leitura mais pessoal e levemente feminina ao espaço: o piso travertino levigado, a composição de mesinhas de centro e achados trazidos de um antiquário são alguns dos exemplos. Assim, apesar da proposta com ares de galeria de arte, o endereço não perdeu o lado aconchegante, característica marcante no trabalho da premiada arquiteta, que coleciona projetos de residências estonteantes e um hotel baiano em seu portfolio. | 151 |


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LINHAS HIPNOTIZANTES

O impacto visual provocado pelo revestimento de brises em ripado de alumínio branco e pelas portas pivotantes de muxarabi está entre os destaques da Casa Branca, projetada pelo studio mk27, de Marcio Kogan, no litoral paulista

POR | Claudia Jordão

FOTO GRAFIAS | Fernando Guerra RETRATO | Ilana Bessler

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P R OJ E TO | M A R C I O KO G A N

Projeto do studio mk27 – um dos mais respeitados e premiados escritórios do País –, a Casa Branca, em São Sebastião, em São Paulo, tem todas as credenciais para disputar o tempo de seus proprietários com a atração-mor do litoral Norte paulista: a própria praia. De autoria de Marcio Kogan e coautoria de Eduardo Chalabi, a residência impressiona pelas soluções arquitetônicas, pela graça do décor e, principalmente, pelo impacto visual que provoca, tanto por sua fachada quanto por seu interior. Com

492 metros quadrados de área construída, a Casa Branca pertence a um casal, com quatro filhos, que costumam receber muitos amigos. O ponto alto do projeto está no seu revestimento externo. A fachada é composta de brises em ripado de alumínio branco, que, além de possuir forte apelo visual, é prático. “O briefing pedia uma casa com pouca manutenção,” explica Chalabi. “Optamos por esse material, que não exige os mesmos cuidados da madeira”, completa. No térreo, há uma grande sala, que une living e ambiente de | 154 |

Cara a cara—Marcio Kogan, o arquiteto por trás do studio mk27 NA DUPLA DE ABERTURA Camuflagem—A fachada da Casa Branca, destaque do projeto, é composta de brises em ripado de alumínio


A residência de praia impressiona pelas soluções arquitetônicas, pela graça do décor e pelo impacto visual que provoca

Conjunto da obra—No alto, a escada iluminada da casa localizada no litoral de São Paulo. Acima e ao lado, a sala é o destaque: mesa Table B, da Barcelona Design, à venda na MiCasa, poltronas Gray 26, da Gervasoni, na Casual, e luminárias Secto, à venda na Lumini

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P R OJ E TO | M A R C I O KO G A N

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Abre e fecha—Em sentido horário: o jardim que cerca as janelas de vidro; ampla e iluminada, a sala tem sofá Nebula Diesel, da MiCasa; as portas pivotantes de muxarabi de madeira; e a passagem que leva à cobertura serve também para captar a luz natural NA PÁGINA ANTERIOR Tanque—O contraste do azul da piscina com o branco da fachada ajuda a causar um visual impactante

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jantar, totalmente integrada à varanda, ao solário e à piscina. Ao lado, um bloco de concreto – outro destaque do projeto – abriga a cozinha, a despensa e o lavabo. As portas pivotantes de muxarabi de madeira, que se impõem no desenho da fachada da construção, e o piso de limestone imprimem um charme único ao refúgio. No pavimento superior, há seis quartos e uma ampla sala de TV, além da circulação central. Assinado por Diana Radomysler, o projeto de interior da casa segue uma paleta de cores que harmoniza com o ambiente praiano. No térreo, destacam-se o bege, alguns tons de verde-água e

a madeira clara. No terraço, as estrelas são o azul da cor da piscina e o gelo. A mobília possui peças desenhadas pelo studio mk27, caso da mesa de jantar de azulejos e ferro pintado, instalada na varanda, e do aparador do estar. Outros itens, como a Table B, da Barcelona Design, e os pendentes feitos à mão da filandesa Secto, que convesam com o muxarabi ao fundo, estão entre os protagonistas do décor. O trabalho em torno da morada, concluída em dezembro de 2014, contou ainda com a participação de Eline Ostyn, Maria Julia Herklotz, Laura Guedes, Mariana Ruzante, Mariana Simas, Oswaldo Pessano e Ricardo Ariza. | 158 |

Extensão—As salas de jantar e estar são totalmente integradas à varanda, que tem poltronas de Paola Lenti


A fachada é composta de brises em ripado de alumínio branco, que, além de possuir forte apelo visual, é prático

Abertura—Acima, à esquerda, a escolha do bege no projeto de interiores foi preponderante para entrar no clima praiano e, à direita, o jogo de luz causado pelas portas pivotantes. Ao lado, a cadeira de balanço da PP124, de Hans Wegner

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P R OJ E TO | M A R I N A L I N H A R E S

L IN H AS GERA I S Pontos de cor, peรงas de designers brasileiros e detalhes de madeira dรฃo o tom cool e jovial ao apartamento projetado pela arquiteta Marina Linhares

POR | Isabela Giugno FOTO GRAFIAS | Evelyn Muller RE TR ATO| Rui Mendes

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Simples e sofisticada— Marina Linhares assina o projeto que mantém viva a essência dos donos NA DUPLA DE ABERTURA Holofote— A sala criada por Marina. À direita, destaque para a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, da DPOT, e para o sofá azul com detalhe de madeira freijó

O papel de parede com toque divertido escolhido pela arquiteta Marina Linhares para o hall deste apartamento paulistano já anuncia: trata-se de uma morada jovem, contemporânea e cheia de bossa. E ninguém melhor do que o casal de proprietários para justificar a proposta: sem filhos e com a vida profissional a todo vapor, eles buscavam um projeto confortável e aconchegante para curtir os momentos de descanso. Com o pedido em mente, Marina ainda fez de tudo para não desperdiçar o potencial que já existia no

décor – o local tinha piso de cimento queimado, luminárias de trilho e cozinha completa, além de revestimento de cerâmica em relevo na parede da sala de jantar. Para quebrar os tons neutros espalhados pelo espaço de 162 metros quadrados, a arquiteta investiu em bons contrapontos. “O projeto já tinha personalidade e, como era pintado quase todo de cinza e branco, decidi entrar com tonalidades mais chamativas”, destaca ela, que escolheu um azul intenso para marcar sofás e a imensa porta de entrada. | 162 |

NA PÁGINA AO LADO Contrastes—A madeira, que aparece na mesa de jantar, no móvel do bar e nas mesinhas, foi usada para contrastar com a parede cinza da sala


“O projeto jĂĄ tinha personalidade e, como era pintado quase todo de cinza e branco, decidi entrar com tonalidades mais chamativasâ€?

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Espaços integrados e fluidos são formados para acolher o mobiliário de design brasileiro

Antes e depois—A arquiteta respeitou o décor da cozinha já existente no projeto NA PÁGINA AO LADO Pincelada—De cima para baixo: o toque moderno do papel de parede no hall de entrada; detalhes coloridos no décor; e a poltrona Isa, de Jader Almeida

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O trabalho de marcenaria também ajudou a garantir um toque de charme extra à morada. O sofá do home theater, por exemplo, recebeu um encosto de madeira freijó que separa o ambiente do living com muita naturalidade, representando uma saída criativa para o uso das paredes. Assim, espaços integrados e fluidos são formados para acolher o mobiliário de design brasileiro, como as poltronas Mole, de Sergio Rodrigues, e Isa, de Jader Almeida. O resultado? Uma casa que mantém viva a essência contemporânea dos donos. | 165 |


P R O J E TO | PA U LO J AC O B S E N

NATUREZA URBANA Casa nos Jardins, em São Paulo, assinada pelo escritório Jacobsen Arquitetura, reúne engenharia moderna, materiais naturais, tons terrosos e um jardim de tirar o fôlego

POR | Claudia Jordão FOTOGRAFIAS | Leonardo Finotti RETRATO | Ilana Bessler

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Ao entrarmos na casa, a impressão que temos é de estarmos sendo conduzidos no colo por um jardim, uma pequena floresta. A sensação de aconchego, proporcionada pelo verde, pela paleta de cores terrosas e por muita madeira – presente tanto na arquitetura quanto na mobília –, também é forte. De natureza urbana, a residência nos Jardins, em São Paulo, projetada por Paulo e Bernardo Jacobsen – pai e filho assinam também o museu MAR e a futura sede do MIS, ambos na capital fluminense –, para um casal sem filhos, é o resultado de um

briefing bem pontual. Os proprietários pediram uma morada prática e fluida em termos de espaço e circulação, com uma ampla área social, que interagisse com um jardim. Para chegar lá, o escritório carioca imprimiu ao projeto o máximo de verde. “A construção foi colada a uma das laterais do lote”, explica Paulo Jacobsen, que aproveitou o outro lado para instalar o jardim. Grandes portas de vidro em toda a área social possibilitam a integração completa entre o interior e o exterior. O resultado é uma casa urbana de 1490 | 168 |

Identidade—Paulo Jacobsen criou uma casa que nos remete a uma pequena floresta NA DUPLA DE ABERTURA Lateral—Cercada por portas de vidro, a casa tem verde e madeira como grandes destaques


Uma casa urbana de 1490 metros quadrados, mas acolhedora, que alia engenharia moderna e materiais naturais

Túnel—Acima, a varanda que fica no fundo da casa para aproveitar o máximo da luz natural. Ao lado, detalhe do corredor, que ajuda a integrar a residência com fluidez

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Floresta—Acima, as plantas, pré-requisito do projeto, invadem a parte interna da sala. A mesa de jantar é de Claudia Moreira Salles, as cadeiras, de Carlos Motta, e o banco, de Jorge Zalszupin, à venda na Etel. Ao lado, o visual do andar de cima da residência NA PÁGINA AO LADO Constante—Material-chave do projeto, a madeira aparece em detalhes como janelas ou em toda a extensão do escritório

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metros quadrados, mas acolhedora, que alia engenharia moderna e materiais naturais. Enquanto a garagem e os serviços ficam no subsolo, os ambientes sociais e o home office estão no térreo, e os quartos no pavimento superior. A passarela instalada no pé-direito duplo das salas de jantar e estar – um charme à parte – conecta os dormitórios dos moradores às acomodações de hóspedes, setorizadas nas extremidades do volume da residência. Buscando melhor insolação e maior privacidade, a piscina e a varanda ficaram ao fundo, também no térreo. Grandes beirais, transparências e acabamen-

tos de madeira e pedra complementam o projeto, concluído em dezembro de 2014. Os materiais de tons naturais que compõem a arquitetura conversam com o mobiliário brasileiro e com os tecidos de tonalidades terrosas. Além de móveis desenhados por designers nacionais, como as cadeiras Iporanga, de Carlos Motta, o aparador Ripado, de Etel Carmona, as poltronas Cosme Velho e a mesa Fresta, ambas de Claudia Moreira Salles, o projeto de decoração, de Eza Viegas, inclui peças internacionais, como a luminária Floatation, do aplaudido alemão Ingo Maurer. Enfim, um lar que contempla a natureza. | 1 72 |

Translúcido—Acima, a sala ganha luminosidade com as grandes portas de vidro NA PÁGINA AO LADO Toque final—Cercada por plantas, a piscina ajuda a garantir o ar de refúgio do endereço paulistano


Amadeirado—Acima, a escada conecta o bloco social, no térreo, às suítes; ao lado, o quarto tem portas de correr e dá vista para os dois lados da casa; abaixo, ambiente com mesa de sinuca, forro de freijó e luminária Lightworks. Na página anterior, o ambiente gourmet e o hall, onde é possível notar a circulação em “S” da casa

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P R OJ E TO | R O B E RTO M I G OT TO

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NEW YORK, NEW YORK

Apartamento na Big Apple assinado por Roberto Migotto privilegia a cobiรงada vista de Manhattan e aposta no mix de mรณveis italianos e peรงas dos anos 1940 PO R | Claudia Jordรฃo

FOTO GRAFIAS | Fran Parente RETR ATO| Ilana Bessler

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P R OJ E TO | R O B E RTO M I G OT TO

Poucos skylines no mundo são tão celebrados quanto o da cidade de Nova York. Não à toa, Roberto Migotto escolheu colocar o céu nova-iorquino como o grande protagonista no projeto de um apartamento de temporada na metrópole. Com 150 metros quadrados, a residência, cujo proprietário é um empresário com filhos, fica em plena Manhattan. Toda a área social, que envolve as salas de estar e de jantar, possui amplas janelas de

vidro. As portas de espelho, que dão acesso à cozinha e aos quartos, contribuem tanto para a vista da cidade quanto para a amplitude do espaço. O décor segue uma paleta de cores neutras, focada no cinza, e aposta em móveis italianos. No living e na sala de jantar destacam-se o sofá Powel, o aparador Harvey Line e as cadeiras York, da grife Minotti, que contrastam com o piso de madeira ebanizada. A marca italiana também decora as suí| 1 76 |

Big Apple—Acima, o arquiteto Roberto Migotto, que optou por uma paleta de cores neutras neste projeto nova-iorquino NA DUPLA DE ABERTURA Arranha-céu—Perspectiva geral do living com vista do skyline de Manhattan


Ton sur ton—Ao lado, a sala de jantar com mesa Pathos com tampo de mármore calacatta e cadeiras York, da Minotti. Abaixo, detalhes da decoração do living, onde impera o mix de móveis clássicos e contemporâneos

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Entre quatro paredes—À esquerda, o living com sofá Powel, da Minotti; à direita, detalhe de um dos quartos. Abaixo, outro ângulo do living, com as poltronas de Paolo Buffa, e o quarto com janelões que escancaram o skyline de Nova York

O décor segue uma paleta de cores neutras, focada no cinza, e aposta em móveis italianos | 1 78 |


Linhas gerais—Ao lado, detalhes dos quartos do empresário e dos filhos, com criado-mudo e luminária da loja Craig Van Den Brulle. Abaixo, poltrona Berger Jensen, da Minotti

tes, por meio de itens como a cama Venice, além de uma poltrona e de uma escrivaninha. Na suíte das filhas, a monotonia é quebrada pela poltrona vermelha Maxalto – também made in Italy – e pelo tapete listrado. Outro ponto forte da decoração está no uso de peças do anos 1940, como o par de lustres franceses de três camadas de vidro e bronze, na sala de jantar, e uma dupla de poltronas do designer milanês Paolo Buffa, no living. Seguindo a atmosfera vintage, Migotto apostou no charme dos papéis de parede, também em tons neutros, para arrematar os ambientes. Resultado: um refúgio que ilustra a bem-sucedida composição de elementos clássicos e contemporâneos – marca registrada do renomado arquiteto paulista.

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Q UE BRACAB EÇA Com a ousadia em mente – e o visual do Lago Paranoá logo em frente –, Ruy Ohtake apostou em formas arrojadas, cores vibrantes e mobiliário sob medida para dar vida a esta casa, em Brasília

P OR | Adriana Nazarian FOTO GRAFIAS | Haruo Mikami R ETR ATO| Rui Mendes

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Estrada—Fã de formas inovadoras, Ruy Ohtake apostou em um desenho nada convencional para esta casa em Brasília NA DUPLADE ABERTURA Arco-íris—As cores fortes, outra paixão do arquiteto, marcam algumas das paredes da residência. O sofá Boa é uma criação dos irmãos Campana para a Edra NA PÁGINA AO LADO Efeito—Em sentido horário: canto impactante da sala; a adega encomendada pelo proprietário para acomodar vinhos e uísques; a piscina, que reflete o desenho do painel de Athos Bulcão, e a escada, que mistura vidro e concreto

O desejo dos proprietários desta casa em Brasília era relativamente simples: morar em um lugar bonito e gostoso de ser vivenciado – quem nunca? Coube, então, ao arquiteto Ruy Ohtake fazer o que faz de melhor: inovar. “A forma é fundamental. Precisa ter ousadia e representar o desenvolvimento da arquitetura brasileira. É isso que levo em conta quando inicio um trabalho. Depois, aos poucos, ajusto as outras características”, explica Ohtake. Como ponto de partida, a vista do Lago Paranoá. Uma vez voltado para este que é um dos cartões-postais da

cidade, o projeto estava pronto para seguir sem qualquer amarra no inventivo imaginário de Ohtake. Daí a profusão de curvas sinuosas que alcançam não só a volumetria da propriedade, mas também o forro, as janelas e a piscina. Ou as cores nada tímidas que surgem para pontuar paredes, intervenções no teto e até a lateral de concreto da escada. “Não trabalhar com cores é empobrecer nossa arquitetura. Elas participam da história do Brasil desde sempre, basta olhar para lugares preservados, como Ouro Preto e Paraty”, afirma Ohtake, conhecido por fazer bom uso do pantone em suas criações. | 1 82 |


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Para acompanhar o desenho totalmente orgânico do projeto, o arquiteto sentiu a necessidade de criar parte do mobiliário. É o caso da mesa com quase dez metros de comprimento que sai da sala e avança pelo terraço, acumulando funções e amarrando os ambientes. Com olhar apurado para o tema, os donos da casa também trouxeram peças assinadas por nomes de peso do design, como os irmãos Campana e a iraquiana Zaha Hadid. E como não citar o painel criado por Athos Bulcão, um dos mais célebres artistas brasileiros? Assim, Ohtake acredita que o andar dentro da casa se torna um novo passeio a cada dia. É um ângulo diferente que surge na sala, uma flor que aparece no jardim e os azulejos de Bulcão que, dependendo da luz, refletem-se de maneira distinta na piscina. Tudo isso cercado por uma vista emblemática de Brasília, que nas palavras de Ohtake, “é a cidade mais expressiva do mundo em termos de urbanismo e arquitetura”.

“A forma precisa ter ousadia e representar o desenvolvimento da arquitetura brasileira”

Vários círculos—As formas arredondadas, marca registrada de Ohtake, vão além da volumetria da casa e aparecem em detalhes como forro e janelas dos quartos e banheiros (de cima para baixo) NA PÁGINA ANTERIOR Cenário—Em sentido horário: o Lago Paranoá serviu como ponto de partida para o projeto; uma das longas mesas de madeira que compõem o mobiliário; as linhas sinuosas que acompanham o desenho da morada; detalhe do terraço; e a fachada da residência

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VO LUME CÚB ICO Assinada pelo escritório Bernardes Arquitetura, casa no Leblon, Rio de Janeiro, tem enormes vãos livres e fachada de vidro perfilada por uma densa vegetação. Tudo em nome de um bom diálogo entre os espaços público e privado

POR | Flora Monteiro FOTO GRAFIAS | Leonardo Finotti RETR ATO| Ilana Bessler

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Criador—Ao lado, Thiago Bernardes, que desenhou a casa de 488 metros quadrados no Leblon NA DUPLA DE ABERTURA Vertical—A fachada da morada, que combina o uso do paisagismo e das persianas externas para garantir a privacidade dos moradores sem impedir a entrada de luz natural pelos janelões

Em um terreno estreito, no Leblon, Rio de Janeiro, uma casa com fachada envidraçada rouba a cena em meio ao cenário marcado por edifícios altos. Trata-se de um projeto do escritório Bernardes Arquitetura, comandado por Thiago Bernardes – um dos mais respeitados arquitetos cariocas, autor de residências estonteantes e também do complexo cultural MAR (Museu de Arte do Rio) –, para um casal com dois filhos. “Foi muito desafiador acomodar a morada em um lote pequeno e próximo aos vizinhos”, pontua Thiago.

A ideia era driblar a falta de privacidade sem que para isso fosse necessário abrir mão dos janelões voltados para a rua. Como solução o profissional apostou em uma junção de filtros. “Combinamos o uso do paisagismo [assinado por Daniela Infante] e das persianas, recursos que não bloqueiam a entrada de luz natural, para impedir que o interior ficasse escancarado para a calçada”, explica ele. A transição gradual do espaço público para o privado foi garantida ainda pelo brise de madeira cumaru no térreo – a alternativa eliminou a necessidade do | 1 88 |


Mobília—Em sentindo horário, as escadas, que ligam os pavimentos; a sala, com piso de limestone, poltronas da Arquivo Contemporâneo, mesa lateral da Etel, tela de Gabriela Machado (branca) e tapete By Kamy; e outro ângulo do estar, com destaque para a bancada de madeira, a estante e o sofá, desenhados pelo escritório

“Combinamos o uso do paisagismo e das persianas, recursos que não bloqueiam a entrada de luz natural, para impedir que o interior ficasse escancarado para a calçada” | 189 |


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“Conseguimos muita liberdade no layout interno devido ao uso de estrutura metálica, que viabilizou o espaço sem colunas”

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uso de grades ou portões, criando um convívio mais harmônico entre a construção e o bairro. Com 488 metros quadrados, o refúgio se divide em três andares compostos de enormes vãos livres. “Conseguimos muita liberdade no layout interno devido ao uso de estrutura metálica, que viabilizou o espaço sem colunas, e à instalação das circulações verticais, escada e elevador, juntos à empena lateral”, conta o arquiteto. No térreo, foram acomodadas as suítes dos filhos, um pátio e a área de serviço.

No primeiro pavimento estão as generosas salas de estar e de jantar, com móveis assinados pelo mestre Sergio Rodrigues, luminárias de Ingo Maurer e outras dezenas de peças adquiridas em lojas de decoração conceituadas, como Arquivo Contemporâneo, Etel e Antiquário Varuzza. Já o último piso ficou reservado para a suíte do casal. “E, assim, por meio de soluções inteligentes de arquitetura, atendemos o desejo da família de viver em uma casa com total conforto e privacidade”, arremata.

Toca—Ao lado, o quarto do casal tem tapete By Kamy, cortinas, colchas e almofadas de linho da Fina Flor, cama da LZStudio e poltrona de Charles e Ray Eames NA PÁGINA AO LADO Luz natural—À direita, sala de jantar com luminárias de Ingo Maurer, da FAS, cadeiras da Arquivo Contemporâneo, e mesa desenhada pelo escritório. À esquerda, brise de madeira usado para garantir a privacidade da casa

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LUC I A N O R I B E I R O

Geração concreta Com projetos criativos e propostas urbanas arrojadas, novos escritórios ganham espaço na cena arquitetônica brasileira

Há algumas décadas não se via uma nova geração da arquitetura brasileira tão talentosa. Jovens entre 25 e 40 anos, muitos agrupados em escritórios próprios, estão mudando, para melhor, a cara das cidades brasileiras. São Paulo, por ser o centro fi nanceiro do País, concentra a maior parte da turma – mas há ótimos exemplos vindos de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba, entre outras metrópoles. É uma geração com características em comum além da idade. Uma delas, que acho muito curiosa, e generosa, é usar siglas, em vez de nomes próprios, para designar seus escritórios. Nós nos acostumamos a associar obras importantes, estilos marcantes, a um determinado arquiteto. Foi assim com Niemeyer, Vilanova Artigas, Artacho Jurado. É assim com Isay Weinfeld e Marcio Kogan. Mas os recém-saídos das faculdades (e os nem tão novos assim) seguem a tendência, tão comum nesta década do século 21, de trabalhar em coletivos. Estão por aí, criando alguns dos melhores projetos atuais, grupos como Metro, FGMF, Triptyque, AR, 23 Sul, Rizoma, Sotero, Tacoa. Não existe uma figura central, a cabeça que decide sozinha, mas uma turma que trabalha junto, pensa junto e chega, assim, às conclusões. Esta Geração Concreta teve a chance de viajar e de estar atenta ao que acontece nas mais interessantes cidades do mundo. Graças às novas tecnologias, está de olho em soluções urbanas. Se Paris, Copenhague, Milão, Nova York e Londres adotaram a ciclovia, por que não o Brasil? Se o nosso clima é quente e a luz abundante, por que nos fecharmos em prédios neoclássicos, com janelas pequenas, varandas mínimas, e a macaquice de querermos ser parisienses. O que eles propõem é um novo jeito brasileiro de morar. Em boa parte dos projetos, as

fachadas têm vidros abundantes e as áreas são ventiladas – há a volta do uso de materiais esquecidos, como o cobogó. Os edifícios comerciais têm grandes espaços comuns de convivência, o térreo dialoga com a rua e existem bicicletários. É uma negação da arquitetura predominante dos anos 1980 e 1990 – e uma releitura da década de 60. Depois de um grande hiato também, incorporadoras (a Idea!Zarvos foi a pioneira) começaram a valorizar a boa arquitetura. E, pela primeira vez em décadas, jovens profissionais tiveram a chance de assinar prédios muito interessantes nas maiores metrópoles nacionais. Nas páginas que você vai ler a seguir, selecionamos representantes da nova geração. Nosso critério de apenas publicar projetos inéditos diminuiu demais a quantidade de escritórios que gostaríamos de ver estampados aqui. Infelizmente, a crise pegou em cheio quem começa a mostrar seu valor. Esperamos que ela não venha murchar um movimento tão consistente.

LUCIANO RIBEIRO é diretor editorial da revista Made to Live

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P R OJ E TO | A R A R Q U I T E TO S

JUVENTUDE E M CENA

Projetado para receber pequenas festas e reuniões de amigos, o apê assinado por Marina Acayaba e Juan Pablo Rosenberg, do AR Arquitetos, harmoniza décor moderno com soluções criativas

POR | Isabela Giugno FOTO GRAFIAS | Alain Brugier RETRATO | Ilana Bessler

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O desejo de habitar um apartamento charmoso e digno de sediar os mais variados get togethers motivou um rapaz paulistano a acionar o duo formado por Marina Acayaba e Juan Pablo Rosenberg, talentos à frente do consagrado escritório AR Arquitetos. Pedido básico de qualquer jovem que se preze, o espaço deveria, além de oferecer condições ideais para reuniões com amigos, garantir uma atmosfera confortável ao proprietário. Para isso a dupla mergulhou de cabeça no projeto, que pedia a transformação do tríplex em uma morada fluida e marcada pela conexão harmoniosa entre os três andares. Visando a atender às demandas do briefing, os arquitetos, que em sete anos de atuação já pro| 195 |

jetaram espaços como a Galeria Bergamin e o restaurante Cha Cha Deli, entre outros empreendimentos em São Paulo, optaram pelas soluções criativas, responsáveis por emprestar um estilo único ao endereço. Para driblar o vazio central que perpassava os andares da residência, Marina e Juan Pablo decidiram erguer um elemento arquitetônico forte e artístico no local. “Aproveitamos o vácuo que estava no meio da casa para conectar os três pisos de forma muito instigante e potente. Assim, criamos uma escultura que ocupa o lugar e se relaciona com a luz de maneira extremamente inusitada, além de criar novos pontos de vista dentro do apartamento”, explica Marina.


P R OJ E TO | A R A R Q U I T E TO S

Dupla dinâmica—Ao lado, Marina Acayaba e Juan Pablo Rosenberg, duo por trás do AR Arquitetos NA DUPLA DE ABERTURA Quadradinho—Juan e Marina nos elementos vazados da alvenaria, que interligam os pavimentos do tríplex, e o living com a estante da Valchromat e o sofá em “L” NA PÁGINA AO LADO

O primeiro andar do tríplex, que tem 150 metros quadrados, também abriga elementos de personalidade marcante que não passam despercebido por quem entra no local. Acoplada à lateral da escada que leva ao piso superior fica uma grande estante assimétrica na cor chumbo, cuja superfície é totalmente compartimentada com nichos usados para guardar livros, pequenas esculturas e uma infinidade de peças decorativas. De uma extremidade do mobiliário surge o sofá em formato de “L”, que contorna a sala, passando pela larga janela com vistas da cidade, e termina sua jornada se conectando à cozinha. Graças à projeção de paredes

inclinadas que ampliam os espaços, toda a luminosidade do apartamento é favorecida e acaba por destacar elementos vibrantes no décor, como a poltrona do Estúdio Bola e a mesa de jantar Oppa, que divide espaço com as cadeiras do designer Carlos Motta. Para acessar o segundo andar, onde está localizada a área íntima do apê – caracterizada pela presença dos banheiros e dormitórios – basta subir a escada fabricada a partir de chapas metálicas ultraleves. A cereja do bolo é o terceiro e último andar, que comporta um amplo terraço formado por cozinha e churrasqueira, perfeito para encontros nos finais de semana! | 196 |

Fragmentos—A arquitetura geométrica do refúgio, que abusa dos elementos vazados como recurso de integração entre os cômodos. Destaque para a cozinha aberta para o living e para o terraço do terceiro andar


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FORMATO MÍNIMO Sob o olhar do arquiteto Felipe Hess, casa erguida há dez anos por Sig Bergamin, no interior paulista, ganha layout contemporâneo, sem perder a essência original da construção

POR | Flora Monteiro FOTO GRAFIAS | Fran Parente RETRATO | Ilana Bessler



P R OJ E TO | F E L I P E H E SS

Um dos nomes mais promissores da nova geração de arquitetos brasileiros, Felipe Hess trabalhou com o consagrado Isay Weinfeld antes de inaugurar seu escritório, em 2012. De lá para cá, mais de 20 projetos residenciais e comerciais já saíram de suas pranchetas. O apreço pela estética minimalista e pelos ângulos retos – herança do traçado de Weinfeld – é perceptível em quase todos os seus trabalhos e também na morada que ilustra estas páginas. Localizada no interior paulista, a casa de veraneio de um casal de empresários com três filhos foi

construída há dez anos pelo arquiteto Sig Bergamin. Os anos passaram e a família cresceu. Os anfitriões sentiram, então, necessidade de ampliar a residência para melhor acomodar os netos. “Precisei aumentar a cozinha, a copa e a lavanderia, além de criar um novo pavilhão com três suítes para as crianças, e também uma sala de massagem”, explica Felipe, que executou o projeto ao lado de outras profissionais do seu escritório, Isabela Rosengarten e Natalie Calderini. As intervenções feitas pelo trio respeitaram a construção original, seguindo os mesmos acabamentos, | 2 00 |

Clima campestre—Acima, o arquiteto Felipe Hess, autor do projeto de expansão da casa, no interior paulista NA DUPLA DE ABERTURA Traço puro—Vista geral da fachada do refúgio e destaque para o muro de pedras que conecta os quartos e o spa. O recorte retangular dá leveza ao volume


“Dei um toque contemporâneo à casa, mas sem conflitar com o restante já existente”

Simples assim—Acima, a cozinha, com janelas que se abrem para o pátio externo, foi ampliada pelo arquiteto. À direita, detalhe de uma das portas de entrada da morada

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P R OJ E TO | F E L I P E H E SS

Linhas retas—Acima, as portas de madeira, desenhadas pelo escritório de Felipe. Ao lado, um dos dormitórios com atmosfera rústica e acabamentos naturais que dialogam com o contexto campestre NA PÁGINA AO LADO Intimidade—Os dormitórios em um pavilhão anexo à casa original. Nos ambientes, destaque para a marcenaria da cabeceira, ármario e criado-mudo, tudo desenhado pelo escritório de Hess

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cores e ideias conceituais. “Dei um toque contemporâneo, mas sem conflitar com o restante já existente. Quem não sabe que fizemos essa ampliação acha que a casa já nasceu assim”, afirma ele. Concluído em fevereiro, o refúgio não poderia estar melhor inserido no cenário campestre que o rodeia. Elementos naturais foram bastante utilizados – caso do piso de madeira que reveste boa parte dos cômodos e das pedras do muro que interliga quartos e spa – e a integração entre interior e exterior, bem explorada por meio de varandas e janelas abundantes. Já na parte de dentro da morada, rusticidade e aconchego parecem ser palavras de ordem. “É simples, mas pensado nos mínimos detalhes. Desenhamos toda a marcenaria, das cabeceiras das camas aos armários, bancadas, caixilhos e portas”, revela. Para arrematar, móveis de peso pontuam o layout, como a cadeira de Jorge Zalszupin e as luminárias do designer alemão Christian Dell, que decoram um dos dormitórios. “Foi um grande acerto”, finaliza o arquiteto. | 2 03 |


P R O J E T O | P L AY A R Q U I T E T U R A

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LINHA DE PRODUÇÃO Um terreno de 245 metros quadrados em plena Serra da Mantiqueira e um pedido inusitado: construir um espaço destinado à produção de azeite. Juliana Figueiró e Marcelo Alvarenga, do Play Arquitetura, encararam o desafio e criaram um galpão elegante e funcional

P O R | Adriana Nazarian FOTOGR A FI AS | Leonardo Finotti R ETR ATO| Álvaro Fráguas

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Há cerca de dois anos, os arquitetos Juliana Figueiró e Marcelo Alvarenga, do escritório mineiro Play Arquitetura, viram-se diante de um desafio inédito em suas carreiras: elaborar um lagar, espaço destinado à espremer frutos para produzir azeite. Detalhe: os responsáveis pela encomenda, um casal com filhos já crescidos, também não tinha experiência em construções do gênero. E a história vai além: como a temporada de colheita de azeitonas se aproximava, a duração e a execução do projeto não poderiam ultrapassar seis meses. Em pouco tempo Juliana e Marcelo mergulharam de cabeça no tema para entender as regras que teriam de ser levadas em consideração nesse terreno de 245 metros quadrados localizado na Serra da Mantiqueira, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. São elas: chegada da colheita, limpeza e lavagem dos frutos, extração e filtragem do líquido, envase e armazenamento. O local, que hoje serve de palco para a produção do azeite Oliq,

também deveria abrigar escritório, banheiro, copa e uma área para degustação. Com a imagem de construções com telha francesa, típicas de fazendas, em mente, a dupla criou um galpão comprido e elegante, mas totalmente funcional. Uma caixa de alvenaria e madeira, que agrupa a maior parte das tarefas, ganhou janelas e visores para que os visitantes possam assistir a processos como extração, filtragem e estoque. Já a área destinada à degustação usufrui da melhor vista do terreno. Para quebrar com a rigidez do galpão convencional e com a predominância da madeira nos revestimentos e acabamentos – alguns bancos são obras de marceneiros da região –, as colunas e o piso foram revestidos com concreto aparente e o entorno da construção ganhou uma charmosa mureta de pedras. Como toque final, cantos pontuais receberam pinceladas de verde para lembrar o grande protagonista da história, o azeite. Simples assim. | 2 06 |

Galpão—Acima, os arquitetos Marcelo Alvarenga e Juliana Figueiró, autores do projeto do lagar NA DUPLA DE ABERTURA Natural—Varanda do lagar, onde são feitas as degustações do azeite fabricado no local. À direita, o corredor que cerca toda a construção de alvenaria e madeira e garante a funcionalidade do espaço


Armazém—Ao lado, estante de madeira compõe a decoração do lagar, com piso e colunas de concreto aparente. Abaixo, outros ângulos do galpão, com janelas para os visitantes assistirem aos processos de produção do azeite. No pé da página, vista geral da construção no terreno de 245 metros quadrados

Com a imagem de construções com telha francesa, típicas de fazendas, em mente, a dupla criou um galpão comprido e elegante, mas totalmente funcional | 2 07 |


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JUNTO E MISTURADO

Com soluções inteligentes e toques descolados, o pequenino apartamento projetado pela Suite Arquitetos é a melhor prova de que design funcional e estilo podem, sim, caminhar lado a lado

POR | Adriana Nazarian FOTOGRAFIAS | Ricardo Bassetti RETRATO | Ilana Bessler

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Ninguém discorda que praticidade é a palavra da vez nos dias corridos de hoje. No universo da arquitetura, então, já faz tempo que ela se tornou requisito fundamental. Porém, a regra é clara: há que se abusar dela, mas sem abrir mão do estilo. Foi este o clima que influenciou o Suite Arquitetos na hora de dar vida a este apartamento encomendado pela Amy Incorporadora. Em tempo: com passagens por escritórios de peso, Carolina Mauro, Daniela Frugiuele e Filipe Troncon, os nomes por trás do Suite, têm feito sucesso entre a turma jovem por seus projetos de casas e lojas com toque cool e soluções inteligentes. Diante da planta de 55 metros quadrados no Itaim, em São Paulo, o trio criou um layout funcional, que integra sala, suíte e varanda – repare no piso e no

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Sintonia fina—Carolina Mauro, Filipe Troncon e Daniela Frugiuele: o trio responsável pelas soluções funcionais do Suite Arquitetos NA DUPLA DE ABERTURA Apertadinho—Com apenas 55 metros quadrados, o apartamento teve seu espaço aproveitado ao máximo. A estante de madeira atravessa todo o projeto, que integra suíte, sala e varanda, de maneira inteligente. A mesa de centro da sala é Decameron

forro contínuos. Para otimizar ao máximo o espaço, Carolina, Daniela e Filipe incluíram boas ideias, como a área de serviço, que pode ser escondida ou aparente, e a estante que atravessa todo o imóvel assumindo diferentes funções. Os materiais escolhidos são clássicos, mas pitadas de ousadia, marca registrada do Suite, também têm vez. A madeira, que costuma aparecer no chão, desloca-se até o forro, enquanto os espelhos fazem as vezes de pano de fundo para as paredes. Já o mármore travertino, escolhido para revestir todo o piso, sobe

pelas paredes do banheiro, cobrindo box e bancada, para sair da mesmice. O toque de cor fica por conta do closet – que também funciona como corredor para o banheiro – em versão menta, toda moderna. Vale dizer que parte dos móveis, incluindo o sofá, a mesa lateral, o banco twist e o pendente de luz, é criação do próprio Suite. Para arrematar, mesa de centro da Decameron, poltrona vintage e cadeiras de jantar do Clube do Arquiteto. Mix certeiro para a pedida do mundo contemporâneo: viver e receber bem, tudo ao mesmo tempo, agora. | 210 |


Os materiais escolhidos são clássicos, mas pitadas de ousadia também têm vez

Colcha de retalhos— De cima para baixo: luminária e mesa lateral criadas pelo time do Suite; para um toque mais contemporâneo, a marcenaria, que integra closet e cozinha, foi revestida por laca na cor menta

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Quadriculado—De cima para baixo: a estante, fio condutor do projeto, guarda livros, objetos de décor e televisão; para aumentar a amplitude do espaço, o piso e o forro da sala e da varanda são contínuos; o bar (à dir.) e a escrivaninha (abaixo), outras funções acumuladas pela estante de madeira NA PÁGINA AO LADO Desfecho—No alto, o banheiro ganha uma proposta mais contemporânea com piso, box e bancada de mármore travertino. Acima, destaque para a suíte iluminada pela claridade da varanda e pelo pendente criado pelo próprio escritório

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TRAÇOS SOB MEDIDA Projetado pela Triplex Arquitetura, este refúgio com clima de casa de campo, no interior de São Paulo, ganhou toques contemporâneos, móveis de peso e conforto total

POR | Adriana Nazarian FOTO GRAFIAS | Manu Oristanio

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Uma casa de fim de semana, no melhor esquema conforto total, para os momentos de relax ao lado da família e dos amigos. Sob essa premissa, as meninas da Triplex Arquitetura criaram um refúgio para um casal com uma filha, em Itu, no interior de São Paulo. Não à toa, o projeto, assinado por Adriana Helú Hawilla, Carolina Oliveira e Marina Torre Lobo, faz bom uso da iluminação natural e aproveita o máximo de cada canto do terreno de 760 metros quadrados. A piscina e o jardim – obra de Alex Hanazaki – foram totalmente integrados à área social e ao terraço gourmet. Com churrasqueira e duas mesas espaçosas, o ambiente, cercado de verde, deixa claro: ali sempre cabe mais um. Já quando as temperaturas despencam, o living com lareira torna-se o lugar preferido entre os habitués da morada para longas tardes de jogatina. | 215 |


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Trio—Marina Torre Lobo, Adriana Helú Hawilla e Carolina Oliveira, da Triplex Arquitetura, são as autoras do projeto desta casa no interior de São Paulo NA DUPLA DE ABERTURA Turma—Como os proprietários gostam de receber os amigos, a casa ganhou mesas e sofás espaçosos. Destaque para a tela de João Migotto, para a luminária de teto da Bertolucci e para a poltrona da São Romão

E, apesar do clima de casa de campo – daí a presença constante da madeira e dos tecidos em tons naturais –, o olhar contemporâneo do trio de arquitetas (são delas os projetos de restaurantes paulistanos, como Serafina e Alucci, Alucci) fez toda a diferença na hora de atualizar a proposta. Meio cool e totalmente sofisticada, a residência conta com linhas limpas, obras de artistas como João Migotto, luminárias modernas e móveis estrelados, incluindo as mesas Asti e Bank by Jader Almeida. O home theater, por exemplo, tem sofá daqueles que

dão vontade de se jogar e nunca mais levantar, além da sempre bem-vinda poltrona Charles Eames. De olho nos detalhes, o escritório ainda adicionou (boas) sacadas arquitetônicas ao projeto: o andar superior, reservado para os quartos do casal e da filha, tem uma copa superprática. No térreo, um painel feito com réguas de madeira peroba clara e assinado pela própria Triplex esconde uma porta pivotante que dá acesso aos dormitórios de hóspedes; tudo para garantir privacidade total aos convidados. Design impecável sim, mas sem perder a funcionalidade. | 216 |


O projeto faz bom uso da iluminação natural e aproveita o máximo de cada canto do terreno

Mural—No destaque, o living, com sofás São Romão, ficou ainda mais aconchegante com forro de madeira e mobiliário em tons neutros. Acima, a área da churrasqueira, integrada ao jardim e à piscina, é um dos espaços preferidos da família. Ao lado, detalhe da sala principal, que tem a lareira e a mesa de jogos da São Romão

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TROP I C A L IS MO

Sob a ótica inventiva do Triptyque, este tríplex ganhou janelões de vidro por todos os lados, escada de chapa metálica e cobertura com ares de refúgio em meio ao agito de São Paulo

POR | Adriana Nazarian FOTOGRAFIAS | Manu Oristanio e Alain Brugier RETRATO | Ilana Bessler

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Dupla nacionalidade— Greg Bousquet, Gui Sibaud, Olivier Raffaëlli e Carol Bueno, o time pensante do escritório franco-brasileiro Triptyque

Quando decidiu trocar uma casa no Jardim Paulistano por este apartamento em Pinheiros, o casal de proprietários teve certeza de que seria preciso levar a mesma essência – meio bucólica, totalmente aconchegante – para o novo endereço. Nascido no Sul do Brasil, o marido ainda queria manter ativas tradições que faziam parte de sua história, como o churrasco e o contato com a natureza – mesmo que em pequena escala. E quem melhor do que o escritório francobrasileiro Triptyque para interpretar tal desejo? Afinal, desde que inauguraram seu estúdio, em 2000, os arquitetos Carol Bueno, Greg Bousquet, Gui Sibaud

e Olivier Raffaëlli têm conquistado o mundo com projetos marcados por elementos naturais, toques tropicais, linhas orgânicas e design arrojado – a loja da Farm, na rua Harmonia, é um dos exemplos. Neste tríplex paulistano de 300 metros quadrados, a vista da cidade serviu como ponto de partida. Depois de estudar todo o seu potencial, o quarteto criativo decidiu abrir todos os pontos possíveis com janelas de vidro generosas, que deixam a luz do sol invadir quase todos os cômodos do apartamento, coisa cada vez mais rara na selva de prédios que virou São Paulo. | 220 |

NA DUPLA DE ABERTURA Sem colunas—Marcada por janelões, a sala principal dispensa paredes e, com ajuda de móveis e peças divertidas, como a prancha de surfe, dispõe de vários ambientes


Miscelânea—À esquerda, o icônico Bar Martin, do i-bride design studio, e vaso La Boheme, da Kartell. Abaixo, a sala tem poltronas de couro da MiCasa e mesa de jantar, peça assinada por Konstantin Grcic, também da MiCasa. As luminárias são obra do Estudio Manus

O quarteto criativo decidiu abrir todos os pontos possíveis com janelas de vidro generosas, que deixam a luz do sol invadir quase todos os cômodos do apartamento | 221 |


P R OJ E TO | T R I P T YQ U E

De tudo um pouco—No alto: a cobertura com vista de tirar o fôlego e o corredor que dá acesso ao apartamento. À esquerda, a sala tem peças de peso, como a cadeira Crinoline, de Patricia Urquiola NA PÁGINA AO LADO Miudezas—Em sentido horário: aberta para a sala, a cozinha ganhou cadeiras com toque rústico da MiCasa e luminária Dominici; a escada de chapa metálica que integra a morada e o buldogue entrando no clima do décor

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A sala principal, que fica no piso de entrada do apartamento, é outro ponto que merece destaque. Ampla e iluminada, tem rodapé alto e forro de tábuas de madeira. A cada passo, um novo ambiente é descoberto apenas com a disposição dos móveis e a ausência de qualquer porta. Com um olhar apurado para o assunto, o casal de proprietários fez questão de escolher os móveis assinados e as peças de design que dão vida ao espaço. Tem cadeira de Patricia Urquiola, vaso da Kartell e outros achados dignos de colecionador. Mas, o crème de la crème do imóvel, como o próprio time da Triptyque gosta de colocar, é mesmo a cobertura. Depois de subir uma escada de chapa metálica que acompanha todo o projeto, chega-se ao oásis formado por piscina, bancada gourmet, jardim e, claro, uma vista de tirar o fôlego da cidade correndo lá fora. Churrasco, alguém? | 223 |


ENDEREÇOS

A LEX HA N A Z A KI R. Francisco Leitão, 240, casa 12, SP T 11 3061 3420 alexhanazaki.com.br

F E L I P E H E SS R. Augusta, 2705 / 2709, cj. 103, SP T 11 3083 5233 felipehess.com.br

R U Y O H TA K E Av. Faria Lima 1597, 11º andar, SP T 11 3094 8001 ruyohtake.com.br

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AR ARQUITETOS Av. Paulista, 2644, cj 125, SP T 11 3663 4465 ar-arquitetos.com.br

F E R N A N DA MA R Q U E S R. Ramos Batista, 198, cobertura, SP T 11 3849 3000 fernandamarques.com.br

S I Q U E I R A AZ UL R. Lopes Quintas, 642, RJ T 21 2540 8646 azularquitetura.com.br

••••• BERNARDES ARQUITETU R A R. Corcovado, 250, RJ T 21 2512 7743 bernardesarq.com.br

••••• ••••• G I L B E R TO E L K I S PA I SAG I S M O R. Rodésia, 497, SP T 11 3815 9537 elkispaisagismo.com.br

••••• BETO GA LV EZ E NÓREA DE V I T TO R. Cônego Eugênio Leite, 513, cj. 22, SP T 11 3062 1913 betoenorea.com.br

••••• ••••• JACO B S E N A R Q U I TE TU R A R. Pacheco Leão, 862, RJ T 21 2274 2700 jacobsenarquitetura.com.br

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BRASIL ARQU I T ET U R A R. Harmonia, 101, SP T 11 3815 9511 brasilarquitetura.com

J OÃO A R ME N TA N O R. Fidêncio Ramos, 101, 14º andar, SP T 11 3048 1299 joaoarmentano.com

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DADO CASTELLO BRANCO ARQUITETURA & INTERIORES R. Itacema, 128, 4º andar, SP T 3079 2088 dadocastellobranco.com.br

MARINA LINHARES INTERIORES R. Groenlândia, 624, SP T 11 3050 0660 marinalinhares.com.br

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DAVID BASTOS ARQUITETURA Av. Lafayette Coutinho, 1010, loja 16, BA T 71 3038 0101 dbarquitetos.com

PLAY ARQUITETURA R. Rio Grande do Sul, 1040/24, BH T 31 3291 7312 playarquitetura.com •••••

••••• DEBORA AGUIAR ARQUITETOS R. Canadá, 139, SP T 11 3889 5888 deboraaguiar.com.br

STU D I O A R TH U R C ASAS R. Itápolis, 818, SP T 11 2182 7500 arthurcasas.com

ROBERTO MIGOTTO R. Bastos Pereira, 54, SP T 11 2344 4490 robertomigotto.com.br

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STUDIO MK27 Al. Tietê, 505, SP T 11 3081 3522 studiomk27.com.br ••••• SUITE ARQUITETOS Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1310, 7º andar, SP T 11 2645 0114 suitearquitetos.com.br ••••• TRIPLEX ARQUITETURA R. Jerônimo da Veiga, 164, cj. 12, SP T 11 3078 0607 triplexarquitetura.com.br ••••• TRIPTYQUE Av. Europa, 342, SP T 11 3081 3565 triptyque.com


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P E N S ATA | C O M P O R TA M E N T O

RO N Y ROD R I G U E S

Morar bem, um ativismo As cidades brasileiras precisam de pessoas preocupadas não apenas com o espaço privado, mas também com o público. Para isso, ética e estética devem caminhar juntas

Todo mundo que pode deseja morar num lugar belo, o mais próximo da perfeição que o bolso permitir. Assim como na maioria das escolhas, a estética rege nossas decisões sobre onde queremos viver. Mas se a ética é a disciplina que busca a melhor maneira de conviver, tanto na esfera privada quanto na pública, não podemos nos esquecer dela quando o assunto é morar bem. Até pouco tempo, muitos acreditavam que morar bem significava estar rodeado de balaústres e molduras, mesmo que esses pantheons fossem apartamentos do tamanho de uma caixa de fósforo, com colunas gregas sem qualquer sentido nos cantos da sala. O neoclássico, como era publicitariamente chamado, não passava de um estilo cênico. Tão falso quanto o granito e o mármore usados em sua construção. Fora o desfavor à cidade, que reflete nossa ignorância ao permitir que o mercado nos guie. A ética e a estética têm como objetivo a evolução. Embora ambas derrapem em certos modismos como o discurso de que para morar bem é preciso estar perto do trabalho. Discordo. Senão os chineses que vivem dentro das fábricas, alguns em regime de semiescravidão, seriam os mais afortunados. Morar bem é poder escolher o seu bairro e ter transporte público de qualidade que garanta seu direito de ir e vir com tranquilidade. O mito do home office, que já pareceu ser a grande solução, também está caindo por terra. Isto porque as pessoas se conscientizaram de que suas casas têm perdido o sentido exclusivo de home, espaço de descanso e lazer, para se transformarem em ambientes abarrotados com as preocupações e os ritmos do escritório. E ainda tem a família, que começa a viver junto o lado office do conceito. Pior ainda é quando abandonamos o sentido de ética e estética. O medo criou um movimento de residências viradas de costas para a calçada. Paredões imensos e portões altos deixam claro que a moradia não pretende dialogar nem com a rua, nem com os vizinhos. Concordo que é dificílimo permanecer numa metrópole onde a | 226 |

segurança não funciona, mas se entregar ao pânico fere os princípios estéticos do que entendemos por “casa” – que é diferente de jaula – e éticos do que é “rua” – um lugar de conexões, e não de ameaças ou isolamento. A ordem de destruir o que é velho em favor do novo gera lixo e gastos de energia. Claro que você pode imprimir a sua identidade e projetar seus sonhos na nova construção, mas é bom dialogar mais com o espaço à sua volta. Pense na estética, mas chame também a ética para essa conversa. O mais legal é que temos reagido. Vejo um novo tipo de ativismo que associa uma reflexão constante à vontade de morar bem. Em São Paulo, o movimento do Parque Minhocão, que pretende recuperar um dos lugares mais emblemáticos e contraditórios da capital paulista, tem como principal bandeira a convivência. O MPL e todos os cicloativistas defensores do aumento dos trechos de ciclovia têm colocado em pauta a livre movimentação urbana. Em Porto Alegre, um grupo de arquitetos se uniu para propor à Prefeitura um olhar diferente sobre a revitalização do cais do porto. Todas essas iniciativas têm em comum o desejo de uma metrópole mais colaborativa, que consegue acolher diferentes grupos sem negligenciar nenhum deles. Tudo para propor um relacionamento saudável entre as pessoas e o meio no qual elas vivem. Uma cidade ocupada por seus habitantes, em que eles se sentem convidados a interagir, é mais bela. Claro que a sua casa é um espaço único, mas ela está inserida num contexto de convivência mais amplo, que deveria ser tratado com o mesmo carinho que você destina ao seu jardim privado. Essa nova mentalidade ética propõe iluminar a estética do compartilhamento e do cuidado, manifestação de beleza que nunca deveria ter saído de moda.

RONY RODRIGUES analista de tendências da Box1824




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