Documento uma glória do brasil seráfico

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SÃO FRANCISCO DE ASSIS E SEU CULTO NO BRAZIL por Frei Pedro Sinzig ofm Edição e Impressão de B. Kuehlen, M.Gladbach (Alemanha) 1926 – No Brasil: VOIZES DE PETRÓPOLIS, Petrópolis (Estado do Rio de Janeiro) CAPÍTULO XLVI. UMA GLÓRIA DO BRASIL SERÁFICO: CANINDÉ Páginas 163 a172 Enche muitas dezenas de páginas a relação dos milagres feitos por São Francisco em vida e depois da morte. Abstraímos de todos eles, para tratar unicamente dos milagres no Brasil, embora também estes não possam ser contados todos. Assim, Jaboatão descreve longamente a salvação dum índio “picado dos venenosos dentes de uma cobra” – a d´um viajante em perigo, - e d´um enfermo. A arte brasileira glorifica vários milagres de São Francisco. Entre eles figuram a transformação de água em vinho, a pedido da Venerável Benventua, belo quadro que se acha na igreja da Venerável Ordem Terceira da Penitência, no Rio de Janeiro, outro, em Iguarassú, que se refere a uma passagem da crônica de Província; outro à ressurreição de um bispo, no Rio. Deixemos, porém, tudo isso, para visitarmos um lugar, onde os milagres de São Francisco não se contam. Admiram-se mais ou menos todos, e olham desconfiados, quando se afirma que o Santuário franciscano mais frequentado por multidões de romeiros está ... no Brasil. Entretanto, é rigorosamente verdade. Ninguém tirará a Assis a glória de ter visto nascer, viver e morrer o grande Patriarca São Francisco; este fato, e a importância de suas igrejas e obras de arte atrairão sempre, com razão, inúmeros visitantes. Canindé, porém, longe de estradas de ferro, no interior do Ceará, o Estado mais flagelado pelas secas, vê anualmente afluírem à Basílica de São Francisco Uma Basílica interior do Ceará, seguramente 80.000 romeiros que, nas sua totalidade quase absoluta, lá recebem os Santos Sacramentos. (Este número foi dado como mínimo, por Dom Manoel Gomes da Silva, atual Arcebispo de Fortaleza, a cuja arquidiocese pertence Canindé, e pelo Superior Franciscano de Canindé, Frei Lucas Vonnegut.) Compreende logo o fato quem visitar a Casa dos Milagres, em Canindé, cujas 3 salas tem as paredes cobertas de ex-votos, vendo-se no chão outros tantos, ou mais, quase todos de madeira, sendo estes últimos incinerados anualmente, pela impossibilidade material de encontrar para eles novas casas (pag.167). Data de 1775 a ereção da antiga Capela de São Francisco das Chagas, cujos trabalhos, em 1776 e 1782 tiveram de ser suspensos, devido às grandes secas que assolaram a Capitania, sendo concluídos só em 1796.


Já em 30. De Outubro de 1817, por alvará de El-Rei Dom João VI.; a Capela de São Francisco foi elevada à categoria de matriz colada; Sujeita a várias reformas, a igreja passou, em 1910, por uma reconstrução completa segundo a planta de Antônio Mazzini e Thomas Barbosa, subindo as torres a 28 metros, de altura e coroando-se o centro por uma cúpula, trabalhos quer foram terminados em 1915. Não se sabe ao certo quando começaram as romarias, mas é incontestável que a fé no poderoso auxílio de São Francisco data do princípio. Diz “a tradição dos nossos avoengos” que, quando Francisco Xavier de Medeiros deu início aos primeiros fundamentos da Capela votiva de São Francisco, o terreno escolhido para a sua colocação pertencia a três proprietários residentes na Capitania de Pernambuco, cujo terreno fazia parte da velha fazenda Renguengues: estes, por seu procurador, apuseram-se à continuação da obra iniciada, negando-se a vender o terreno ou doá-lo ao Santo, como lhes propôs Medeiros, e puseram embargo judicial à obra. (Augusto Rocha: Santuário de São Francisco de Canindé. 4ª edição, página 23) “Aconteceu, porém, que um deles logo em seguida caiu gravemente enfermo, do que veio a perecer. Igual sorte teve o segundo, e o último, finalmente adoecendo também, prometeu fazer doação a São Francisco do terreno em que estava sendo edificada a Capela, caso por sua intervenção chegasse a restabelecer-se. Efetivamente, logo que recobrou a saúde, fez a doação das referidas terras onde demora atualmente a cidade, à margem esquerda do Canindé.” A tradição conta outro fato da mesma época. O pedreiro Antônio Maciel, trabalhando na construção da Capela, caiu do alto do andaime. Invocando, na queda, São Francisco, “sentiu-se suspenso pela camisa à ponta duma tábua, sendo imediatamente salvo e retirado dali pelos outros operários.” (Augusto Rocha: Santuário de São Francisco de Canindé, página 23) Desde que, em 1898, a administração do Santuário foi confiada aos zelosos Missionários Capuchinhos, estes insistiram na recepção dos santos Sacramentos com tanta felicidade que, hoje, os romeiros, na sua totalidade, só voltam de Canindé depois de confessados e comungados, continuando esta prática inalterada sob a direção atual dos Franciscanos da Província de Santo Antônio. Para apreciar devidamente os sacrifícios de inúmeros romeiros, é preciso tornar em consideração as condições do Ceará. Situado entre 2º. 45´e 7º, 11´de latitude sul, o Estado é flagelado por terríveis secas periódicas, das quais uma vitimou 30 000 vidas humanas, e obrigou 42 000 cearenses a emigrar precipitadamente, para não sucumbirem também. Quem da capital, Fortaleza, pelo caminho mais cômodo, quer visitar Canindé, hoje poderá seguir em automóvel, ou tomar o trem até Itaúna (6 horas), donde poderá viajar, em automóvel (3 ½ horas) até Canindé. Água corrente, de riacho ou poço, não


encontrará; Tem de contentar-se com água de cisternas (cacimbas). Terá de atravessar rios secos, isto é, leitos de rio que, cheios de pesadas massas de areia, não contém mais uma só gota que seja, enchendo-se tão somente no inverno, quer dizer, na estação chuvosa que começa, geralmente, no quente mês de Janeiro. O próprio rio Canindé, em cujas margens antigamente habitavam índios Canindés que inunda tudo, na maior parte do ano está completamente seco, sem uma poça de água. Toda a natureza parece morta. A maior parte das árvores estão sem uma só folha verde. Está tudo queimado pelo sol; como o inverno na Europa, aí o calor mata a vida. Através dessa natureza, sem recursos, anualmente passam 80 000 pessoas à procura de São Francisco das Chagas, podendo só os abastados servir-se de automóvel ou cavalo. Uma moça ai segue, a pé, léguas e léguas, levando como oferta a São Francisco um... papagaio. Ingenuidade? Oh, não! Ela tinha feita a promessa de dar a São Francisco o objeto de sua maior estimação. Era o papagaio... Outra jovem vem caminhando dias, semanas, meses, pois tem que vencer 200 léguas até chegar a Canindé. Puxa atrás de si seu cavalo encilhado, na tentação contínua de montar, descansando os pés sangrentos. Mas não. Continua a pé, e só se servirá do cavalo para a volta. Um homem, decentemente vestido, na viagem a Canindé bate todos os dias à porta de algum rancho, pedindo algo para comer. Á abastado, rico mesmo, mas fez a promessa de viajar sem dinheiro, vivendo de esmolas. Um outro faz o contrário. Segue de automóvel a Canindé, onde esvazia os bolsos, deixando todo o seu dinheiro no cofre do Santo, e vivendo na volta, até a sua casa distante, de esmolas. E os milagres? ... O autor do presente livro contará em primeiro lugar dois, cujas testemunhas teve ocasião de falar. O conhecidíssimo Missionário Frei Eduardo Herberhold, então Provincial da Província de Santo Antônio, contou-me, em Dezembro de 1925, este fato recente, dando-me os respectivos dados e nomes por escrito: João Batista Ferreira Gomes, natural de Sobral, sofria de ossimelite, havendo 2 caries do osso da perna. Foi operado 3 vezes, no Pará, pelo Dr. Camilo Salgado, auxiliado pelos Dr. Homero Barbosa e Emílio Sá; rasparam-lhe o osso e tiraram a medula. Mas não conseguiram curá-lo. O doente, seguindo para o Rio de Janeiro fui operado mais uma vez, sendo tratado na Bahia pelo Dr. Clementino Fraga. Piorando cada vez mais, julgaram os médicos do Ceará, Dr. Benjamim Hortêncio e oi operador Barbosa Lima ser indispensável amputar a perna. Isto, porém, não era possível, porque o doente sofria de coração. Desenganado de vez, o doente fez uma promessa a São Francisco das Chagas, que viria cumprir no seu Santuário, si o curasse desse mal de muitos anos. Adormeceu, acordando depois com sensíveis melhoras. Dentro de 11 horas estava curado


completamente, vendo-se a enorme ferida perfeitamente cicatrizada. O ex-doente, para convencer Frei Eduardo de sua cura, não só fê-lo tocar o lugar da antiga ferida, mas marchou diante dele como soldado, para cima e para baixo, sem o menor esforço. A esposa de Ferreira Gomes, vendo o marido sofrer tanto e ouvindo, afinal, a sentença de que ele estava incurável, ficou perturbada do juízo. O marido, então, fez uma segunda promessa a São Francisco, e teve o consolo de ver a mulher também completamente curada. Em Outubro de 1924, ambos em perfeita saúde se apresentaram no Santuário de Canindé, onde receberam os santos Sacramentos e cumpriram sua promessa, deixando lá todo o ouro que possuíam, inclusive a corrente do relógio. “O chauffeur Raymundo Bernardino de Souza, residente em Fortaleza onde é vulgarmente conhecido por Mundóca, adoeceu em dias do ano passado (isto é em 1922). No fim do inverno os seus padecimentos se agravaram alarmantemente. (Paulo Vera Cruz – pseudónimo do Inspetor Federal da Faculdade de Direito do Ceará, Dr. Mozart Pinto - : Livro dos Milagres de São Francisco das Chagas de Canindé. Canindé, 1923. Páginas 26 a 28. O Dr. Mozart Pinto, reafirmou ao autor o que escreveu no dito trabalho, com a sua assinatura, a 4 de Janeiro de 1916).” Um inflamação de mau caráter deformou lhe o pé direito e espraiou-se pela perna acima, até o joelho. O pé disforme, muito vermelho e cheio de bolhas purulentas doía insuportavelmente. Três meses penou o pobre moço, numa cama, sem poder suportar o menor movimento na perna enferma, socorrendo-se dos médicos e tomando quantos remédios lhe ensinavam. A moléstia, cada vez mais, recrudescia e chegou a tal extremo que ao mísero se afigurou a contingência de amputar a perna apodrecida. Traspassado de amargura ante tão dolorosa perspectiva, Mundóca recorreu a São Francisco, buscando nele o seu último refúgio. Pediu-lhe que o curasse e fez-lhe a promessa de vir a Canindé, no seu automóvel, depositar no cofre a importância do primeiro serviço que, aqui, fizesse no dito carro e finalmente, confessar-se e comungar, na igreja do grande Santo. Logo, na manhã seguinte, sentiu notável melhora; a perna desinflamara e movia-se com relativa facilidade. Alguns dias mais tarde, a enfermidade reduzia-se ao pé. Este, bem que menos dolorido, continuava vermelho e desmedidamente inchado. Assim chegou o tempo da festa de São Francisco, e Mundóca decidiu ir assisti-la para pagar a promessa feita, embora lhe custasse não pequeno sacrifício viajar naquelas condições. Partiu pois, de Fortaleza, com vários companheiros, na madrugada de 24 de Setembro e, ajudado pelos outros no governo do automóvel, chegou a Canindé, às nove horas do dia.


Cumpriu logo a primeira parte da promessa. Durante nove dias não sentiu alteração alguma no seu estado. O pé continuava monstruosamente inchado, o andar claudicante e difícil. Toda gente se lembra ainda, de tê-lo visto, aqui, arrimado a grossa bengala, arrastando, rua a fora, o pé descomunal que mal podia erguer. Na ante-manhã de 4 de Outubro, dia de São Francisco, Mundóca dirigiu-se à igreja, confessou-se e, na primeira missa, recebeu a sagrada comunhão. Concluíra pois, o cumprimento da promessa. Finda a missa aproximou-se do altar de São Francisco, ajoelhou-se e começou a rezar. Como o pé inflamado o incomodasse muito, genuflectiu com um joelho só. Orava fervorosamente, nessa posição, quando um grande refletor de metal dourado, que estava junto ao altar, rolou, como impelido por mão invisível, e veio cair em cheio sobre o pé enfermo, cravando ali, profundamente, dois dos seus raios lampejantes. (Outros me disseram que se trata do resplendor na cabeça da imagem de São Francisco) . Mundóca levantou-se cego de dor, e a custo conseguiu arrancar das carnes doloridas as pontas do pesado refletor. Uma onde de sangue negro e de pus apodrecido inundou lhe o é, e ao mesmo tempo as dores se acalmavam como por encanto. Algumas horas depois, o aspecto do pé era inteiramente diverso. A pele branqueava, a inchação diminuíra, as pústulas secavam a olhos vistos. As melhorias foram acentuando, cada dia, e no fim de pouco tempo, o doente estava são. Mundóca é chauffeur da garagem “Elite” do senador João Thomé, e é sempre com visível prazer que relata aos que o interpela, a história de sua cura miraculosa. Os autores que escreveram sobre Canindé, contam muitos outros fatos, dos quais resumo os seguintes: Criança reavida. Durante três dias consecutivos, uma família cearense no Amazonas procurou em vão uma criança perdida nas umbrosas florestas. A mãe, desolada, fez uma promessa a São Francisco de Canindé e, com pasmo de todos, a criança surge no pátio da barraca, contando que um padre a trouxera. Cumprindo a promessa na igreja, “a inocente criança, num grito de ingênua e reconhecida gratidão, indicou a sua mãe, apontando a imagem de São Francisco das Chagas: “Mamãe! Foi aquele o padre que me trouxe.!” (Augusto Rocha: Santuário de Canindé, 4ª edição, Fortaleza 1923, pag.48) Curada do cancro. “ A esposa de Francisco Marques, residente no sítio Cajazeiras, neste município, estando doente de um cancro que já lhe havia tomado metade do rosto, fez uma promessa a São Francisco.” Enquanto os remédios usados até então não a curaram, outro, tomado depois da promessa, em pouco tempo a restabeleceu completamente. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 49) Olho ferido. “Contou-nos um cavaleiro de todo crédito, aqui residente que, andando nos campos a cavalo, aconteceu entrar-lhe no canto do olho uma ponta de pau seco.


Atormentado de dores horríveis chegou a esta cidade, onde diversas pessoas tentaram extrair a referida ponta, com auxílio de uma torquez, o que não conseguiram. O pobre homem seguiu para Baturité, em procura de um médico. Fazendo, porém, uma promessa a São Francisco, viu-se, ainda em caminho, livre da ponta de pau, sem saber como.” (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 48) A culatra no olho: “Ouvimos ao Reverendo Padre José Lamindo, vigário desta freguesia, o seguinte fato: Tendo um sertanejo disparado uma espingarda..., esta lascouse com a detonação, enterrando-se lhe a culatra num dos olhos. Socorrendo-se de São Francisco das Chagas de Canindé, pode extraí-la com pasmosa facilidade. Esta criatura veio, perfeitamente boa, deixar o ferro na igreja.” (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 51) Nascido cego: Um filhinho de Firmino Bispo Bezerra, no município de Lavras, Ceará, nasceu cego. O pai prometeu visitar o Santuário, trazendo uma esmola em dinheiro e animais. A criança ficou boa, sendo vista por todos os habitantes de Canindé. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 51) Aprisionado pelos índios: Um seringueiro do Alto Amazonas, com um companheiro, foi aprisionado e amarrado por índios antropófagos. Estes mataram e comeram o companheiro, reservando ao seringueiro a mesma sorte. Atordoado de terror, prometeu a São Francisco visita-lo em Canindé e oferecer-lhe metade do saldo que possuía. Sem saber como, viu-se livre na noite seguinte. Sem ser perseguido. E encontrou uma barraca. Donde partiu para cumprir seu voto. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 52) Gangrena: “O Dr. F., médico residente na capital deste Estado,... tendo-lhe aparecido uma úlcera na mão direita..., foi ter à casa de um amigo e disse-lhe estar perdido, visto ter a ferida tomado a forma de gangrenosa e ser preciso cortar a mão.” O amigo aconselhou-o a recorrer a São Francisco e humilhar-se. O médico, passando a noite em claro, prometeu sair à rua pedindo esmolas para uma missa, com a imagem na cabeça, se ficasse curado da ferida... No fim de duas semanas achava-se completamente curado. Cumpriu a promessa feita.” (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 53) Criança agredida: A filhinha de um pobre casal na proximidades do Trairi, José e Maria, “fora acometida por um porco que ... começava a devorá-la. A desgraçada mãe, louca de dor e de angústia, arrancou, mais rápida do que um raio, a inditosa criatura... e gritou três vezes: “Valha-me o sagrado nome de São Francisco das Chagas!” ... A criança ... apesar da fera ter lhe devorado os pés e ferido o ventre, escapou e viveu por longos anos”. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 55) Nas garras de um tigre: Mostraram ao autor deste livro o lugar, onde uma moça foi assaltada por um tigre que lhe abriu o ventre. “A desgraçada, no transe doloroso,


lembrou-se de São Francisco, e pediu com fervor que não a deixasse morrer no abandono e sem confissão. O milagroso Santo ouviu a sua prece, pois logo foi encontrada pelos parentes, e sendo chamado a toda a pressa um sacerdote, administroulhe os últimos Sacramentos.” (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 55) No temporal: O pescador F.F. surpreendido em alto mar por grande tempestade, foi lançado às ondas pelo vento. Valeu-se de São Francisco e foi impelido por um vagalhão até a costa. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 56) Fisgado por uma cobra: Na serra da Uruburetama, o lavrador N. “foi fisgado por uma cobra de veado, de tamanho descomunal. O infeliz, preso pelas nádegas, lutou com a terrível serpente, longas e angustiadas horas”. Fatigado, recorreu a São Francisco, animou-se e conseguiu livrar-se da cobra, deixando-lhe pedaços da própria carne. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 56) Moça cega. A filha de um rico fazendeiro pernambucano cegou. “Guiada por um parente, tomou a pé, e sem mantimentos (porque conforme a promessa feita pedia esmolas à beira do caminho rumo da milagrosa capela. Foi-lhe um martírio a travessia sobre as areias ardentes, os áridos sertões desertos. Fome, sede, febre, insolação, fundados receios e dolorosas apreensões, nada deteve o passo à animosa moça... Ao foi de alguns dias de viagem, divisou o vulto do seu guia, depois as árvores, as pedras, os matos. Finalmente, ao entrar pela primeira vez na Capela, tal foi a sua fé que imediatamente recuperou totalmente a vista”. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 58) Perdido no mato: L.L., seringueiro no Amazonas, um dia transviou-se na caça, não acertando mais com a estrada do barracão e passando 3 meses perdido nas florestas. “Nu, faminto, crivado pelos espinhos, mordido pelos insetos, dormindo à noite sobre a lama pútrida dos igarapés, sem ouvir uma voz humana, assombrado diante a solidão imensa da natureza virgem ... emagreceu, envelheceu, embranqueceram lhe os cabelos... Tentou suicidar-se repetidas vezes e um dia, para este fim, subiu a uma árvore, amarrando um cipó ao pescoço, quando se lembrou de São Francisco das Chagas, em sua terra natal. !Ele me valerá!” Saltou em terra, e viu, súbito, pegadas recentes. Pouco depois estava num barracão de cearenses que o acolheram fraternalmente. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 59) Nas rodas do engenho: Uma moça de Pernambuco querendo tomar garapa, foi apanhada, nos cabelos, pelas rodas do engenho. Ia ser esmagada, quando, a seu grito por São Francisco, os animais pararam súbito, permitindo a sua salvação. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 61) Pontada com os chifres: Um vaqueiro recebeu uma pontada tão terrível com os chifres de um novilho bravo, que, sentindo rasgado o ventre, teve que segurar o


intestinos que começavam a sair. Fazendo votos a São Francisco, conseguiu voltar à casa, onde, em poucos dias, se achou curado. (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 62) Paralítica curada: “Uma moça de Mossoró referiu ao Padre Leitão que, achando-se paralítica, fez promessa a São Francisco de Canindé de, se ficasse boa, empreender uma viagem a sua santa morada. No dia seguinte sentiu-se melhorada e algum tempo depois completamente curada.” (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 62) Rapaz aleijado: Um rapazinho aleijado de Acarape, “um dia fez uma promessa a São Francisco das Chagas, e logo empreendeu viagem ao Canindé. Arrastando-se, mas cheio de fé e resignação, fez uma travessia de muitas léguas embora deixando sobre as pedras dos caminhos os vestígios indeléveis de sua passagem; Quando penetrou pela primeira vez na milagrosa capela, ajoelhou-se contritamente e fez uma longa oração. Ao erguerse, viu diante dos olhos a imagem de São Francisco. Fazendo um esforço sobre-humano, conseguiu, com mãos frágeis e vacilantes apegar-se às bordas do altar. Neste interim, ouvia uma voz serena e misteriosa, que lhe dizia: “Si tens verdadeira fé, segue: Pedro caminhou sobre as águas!” ... O peregrino, largando então as bordas do altar, caminhou, como si até então nada tivesse sofrido. Em breve voltou à terra, onde viveu ainda longos anos.” (Augusto Rocha: Santuário de Canindé. 4ª edição, Fortaleza 1923, página 63) Cego curado: Na pavorosa seca de 1877, um retirante cegou, sendo julgado incurável pelos médicos de Fortaleza e vivendo 4 anos esmolando pelas ruas. Em 1881, indo a Canindé, untou os olhos com “azeite de São Francisco” acordando na manhã seguinte com a vista perfeita, prodígio que anunciou radiante em todas as ruas. (Paulo Vera Cruz, Livro dos Milagres de São Francisco das Chagas, Fortaleza 1923, página 12) Arrastado por burro bravo. O dono da Fazenda Santa Clara, a 4 léguas de Canindé, Francisco das Chagas Cordeiro, atirado em terra por um burro bravo, ficou com o pé esquerdo preso ao estribo, sendo arrastado violentamente por cima de paus e pedras e levando furiosos coices. Invocou São Francisco, e o animal estacou de pronto, e Chagas, “ao levantar-se com o rosto coberto de sangue, viu, nem relance, de pé, em frente de si, o vulto esbatido de São Francisco, com ramagens de ouro na vestimenta, tal como se vê a sua imagem na matriz de Canindé.” (Paulo Vera Cruz, Livro dos Milagres de São Francisco das Chagas, Fortaleza 1923, página 23) Curado de paralisia: Rodolfo Gondim, de Fortaleza, nem em sua terra, nem no Rio obteve melhoras de sua paralisia, que o condenava à imobilidade do leito. Prometeu visitar Canindé, si fosse curado, “Pela madrugada, sonhou que São Francisco chegava junto do seu leito e lhe dizia: - “Levante-se! – ao que ele respondia desconsolado: - Não posso. – “ Dê-me a mão e levante-se! – continuou, no sonho, a voz de São Francisco Ele segurou a mão bendita que se lhe estendia, pôs-se de pé, na cama, desceu, pisou o tapete


e continuou andando pelo quarto a fora, sempre guiado por São Francisco que rezava baixinho e lhe segurava fortemente a mão. Quando acordou, estava efetivamente, de pé, no meio do quarto. Sentiu espanto tão grande que quase tombou no soalho.” Desde então andou firme, completamente livre da paralisia. .” (Paulo Vera Cruz, Livro dos Milagres de São Francisco das Chagas, Fortaleza 1923, página 24) Fazendeiro cego. Acompanhado da família e de alguns agregados, um fazendeiro completamente cego viajou a cavalo pela estrada de Quixeramobim a Canindé, à procura da vista. Um dos campônios que o viram, disse-lhe com ingênua e rude franqueza que a cura era impossível. O sertanejo, porém, continuou firme em sua fé. Ajoelhou-se no Santuário, voltado para o altar de São Francisco, rezando fervorosamente. ”De repente, o cego adiantou a cabeça, estendendo o pescoço, vivamente, para a frente, como se procurasse fitar alguma coisa; em seguida passou a mão trémula pelos olhos, e logo, abriu arrebatadamente os braços num incontido gesto de espanto... Declarou-lhes que via, numa penumbra muito suave, a imagem de São Francisco... Três dias ficou ainda em Canindé, o venturoso milagrado e, quando regressou, inteiramente curado, foi parando, de propósito, em todos os lugares onde estivera na vinda, a fim de que, todos os que o tinham visto cego, dessem testemunho de mais este extraordinário prodígio de São Francisco.” (Paulo Vera Cruz, Livro dos Milagres de São Francisco das Chagas, Fortaleza 1923, página 25) Perna fraturada: Em agosto de 1923 cumpriu sua promessa em Canindé, Francisco Ângelo, de Piripiri, no Piaui. Tinha sido atirado ao chão por um cavalo bravo, partindo a perna, tendo esmigalhados os tecidos e fraturado o osso. Os médicos desenganaram-no. Dando como impossível a restauração da perna. “Diante disso Francisco Ângelo recorreu a São Francisco com a mais ardente confiança e fez-0lhe a promessa de vir a pé, à sua cidade, trazendo uma banda musical para tocar em seu louvor, no adro da igreja, na qual penetraria de joelhos. Em breve, viu-se inteiramente restabelecido, parecendo-lhe um sonho tão estrondoso milagre. Piripiri dista de Canindé cento e setenta léguas; Ângelo e os seus companheiros fizeram todo esse trajeto a pé, sempre satisfeitos por virem em rumo à terra e à igreja de São Francisco.” (Paulo Vera Cruz, Livro dos Milagres de São Francisco das Chagas, Fortaleza 1923, página 29) Foge a morfeia. O Dr. Alfredo Gentil de Albuquerque Rosas, deputado estadual no Piauí e intendente municipal na cidade de Altos, sofria, há três anos, uma moléstia de pele com os sintomas da morfeia. “Esgotados os recursos da medicina, cujos luminares consultou, fez uma promessa a São Francisco e, dentro de pouco tempo, sem mais nenhum remédio, ficou inteiramente curado.” (Paulo Vera Cruz, Livro dos Milagres de São Francisco das Chagas, Fortaleza 1923, página 30)


* Relatando graças e favores, o autor do livro presente, de pleno acordo com as decisões da Santa Igreja, em particular os decretos do Papa Urbano VII., se limita a expô-los. * Canindé fala por si. Parece concentrar-se ai o intenso amor a São Francisco que, no correr dos séculos, fez surgirem tão estupendas obras no Brasil, e praticar virtudes heroicas, que quase não se narra, ou ouvem senão de joelhos. No orbe seráfico, ao Brasil cabe um lugar de primazia, e a São Francisco das Chagas de Canindé se aplicam, com justiça, os versos de Frei São Carlos: A número os prodígios superiores Intentar reduzir deste portento Á querer numerar do campo as flores E as estrelas contar do firmamento.


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