Trabalhadores Ilustrados - Catálogo da Exposição | Sesc Santo Amaro

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Trabalhadores

ilustrados O mundo do trabalho no Brasil do século 20 retratado por ilustrações de livros e revistas

Exposição no Sesc Santo Amaro 21 de novembro de 2020 a 25 de julho de 2021


Personagens em mutação A construção do imaginário coletivo depende das interações entre diversos agentes sociais. A partir de uma fotografia vista num cartaz, de um texto lido no celular ou de uma ilustração encontrada num site, conjugamos uma série de figurações que acabam por definir uma visão de mundo, um prisma através do qual observamos a realidade que, necessariamente, contém as crenças, as ideias e toda sorte de valores responsáveis por definir o espírito de um tempo e de um território. O século XX se trata de um período histórico fundamental para a compreensão da conjuntura em que vivemos. No que diz respeito ao imaginário coletivo, o período testemunhou um relacionamento cada vez mais assíduo entre as pessoas e as imagens, que se alastraram por painéis publicitários, telas, livros, revistas e jornais. Esse fluxo imagético dependeu, por sua vez, do esforço de diversos trabalhadores: ilustradores, designers e artistas em cujos traços se delineavam as culturas ao redor do mundo. Nesta exposição o designer, professor e pesquisador Chico Homem de Melo propõe uma imersão em sua coleção de impressos; investiga a produção gráfica brasileira do século XX e busca dar visibilidade a ilustradores de grande talento, mas pouco divulgados, cujos esforços construíram a figura dos trabalhadores no encontro entre texto e imagem ilustrada. Por meio de tal articulação, passa a ser possível observar capítulos da história do Brasil como o ciclo do café, os trabalhadores dos sertões — receptáculos da prosa de Guimarães Rosa —, e os inúmeros indivíduos que compuseram o contexto urbano brasileiro descrito por escritores como António de Alcântara Machado, cujas Novelas paulistanas foram ilustradas por Napoleon Potyguara Lazzarotto. A partir das turbulentas experiências do ano de 2020, o tema da representação dos trabalhadores assume contornos ainda mais extensos. Pois as condições do trabalho remoto, os postos considerados essenciais, a sobreposição entre o espaço doméstico e o espaço laboral, os trabalhadores informais, os autônomos e a população desempregada constituem assuntos centrais para o debate público atual. Para o Sesc, discutir tópicos dessa magnitude por meio da arte e seus ofícios, consiste num meio fundamental para a construção de uma sociedade mais dialógica, crítica e justa. Danilo Santos de Miranda Diretor do Sesc São Paulo 2

Vista parcial da exposição, com destaque para a vitrine central onde são mostradas as publicações originais de onde foram reproduzidas as ilustrações dos painéis.


Trabalhadores ilustrados, uma apresentação Trabalhadores retratados em ilustrações de livros e revistas brasileiras — esse é o assunto desta exposição. Variedade de ofícios e de grafismos constitui a principal característica do conjunto. As imagens são sedutoras. Elas vêm da literatura, do jornalismo, de ensaios históricos, geográficos e sociológicos. Juntas, oferecem um panorama diversificado do mundo do trabalho no Brasil do século 20.

Painéis temáticos 1. Cana de açúcar e cacau no Nordeste 6 2. Ouro em Minas Gerais 8 3. Café em São Paulo 10 4. Pescadores 12 5. Cavaleiros 14

Direta ou indiretamente, o trabalho faz parte do cotidiano de todos nós. Ele ocupa um espaço em nossas vidas que por vezes se confunde com a própria noção de identidade. No entanto, essa importância é sub-representada no âmbito da produção simbólica, incluindo aí as artes em geral e a literatura em particular. As imagens que compõem a exposição lançam diferentes luzes sobre essa realidade tão presente e, ao mesmo tempo, relegada a um plano relativamente secundário em nossas obras ficcionais. Em que pese essa sub-representação, o conjunto de imagens aqui reunido é estimulante. A história editorial brasileira conta com ilustradores especialmente talentosos, menos conhecidos e reconhecidos do que merecem. A boa notícia é que, neste século 21, a ilustração está passando por um processo de revalorização. Há uma nova geração de profissionais que trabalha tanto em técnicas manuais como digitais e que têm produzido imagens à altura da tradição de seus antecessores. É um prazer percorrer essa história povoada por trabalhadores e ilustrações tão inspiradoras. Chico Homem de Melo Curador 4

6. Trabalhadores rurais: Retratos 16 7. Trabalhadores urbanos: Cenas 18 8. Oficinas de trabalho e aprendizagem 20 9. Ofício: Tocar 22 10. A ferramenta como identidade 24 11. Preparar os alimentos 26 12. A vendedora de acarajé 28 13. Ofício: Atender 30 14. Ofício: Escrever 32 Nota sobre este caderno

15. Ofício: Ensinar 34

Cada dupla de páginas a seguir apresenta o texto que está em cada um dos 22 painéis temáticos que compõem a exposição. No final do caderno estão os dados completos sobre cada imagem.

17. Operário, construção 38

16. Cuidar, posar, secretariar, servir 36 18. Operário, máquina 40 19. Robôs 42 20. Lutas: Individual, coletivo 44 21. Lutas: Denúncia, dor 46 22. Ofício: Ilustrar 48 Dados das imagens 50


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Cana de açúcar e cacau no Nordeste Havia mais brasileiros morando no campo do que nas cidades até o ano de 1970. O trabalho rural era, portanto, o cotidiano da maioria da população. A exportação de produtos agrícolas cumpre papel decisivo na economia brasileira desde o tempo em que o país era colônia de Portugal. Dentre os assim chamados grandes ciclos econômicos, a cana de açúcar na região Nordeste foi a primeira fonte expressiva de riqueza. As ilustrações de Seth e Valpeteris mostram, respectivamente, uma visão panorâmica de um engenho e o trabalho braçal de um cortador. O ciclo do cacau no sul da Bahia remonta ao início do século 19. Ele foi tema dos primeiros romances do escritor baiano Jorge Amado, em obras que denunciam os desmandos dos poderosos. Na ilustração à direita, do livro Cacau, Santa Rosa cria um retrato que transmite uma imagem de força e dignidade do trabalhador, em consonância com o ponto de vista de Jorge Amado. 6

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Santa Rosa, Trabalhador do cacau, 1934. Livro Cacau, de Jorge Amado Seth, Engenho de açúcar, 1943. Livro O Brasil pela imagem, de Seth Guilherme Valpeteris, Cortador de cana, 1959. Livro Os canaviais e os mocambos, de vários autores


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Ouro em Minas Gerais O ciclo do ouro foi um verdadeiro furacão que varreu Minas Gerais. No final do século 17, bandeirantes paulistas realizaram as primeiras descobertas. A febre do ouro logo se espalhou, transformando a cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, no centro dinâmico da economia e da cultura brasileiras durante o século 18. A ilustração de Seth retrata uma hipotética cena das primeiras descobertas. Nesse início, o garimpo era feito no modo chamado “a céu aberto”, pois a busca do ouro era realizada no leito dos rios, ao ar livre. As ilustrações de Seth (ao lado) e Nazar retratam essa modalidade de trabalho por meio de desenhos bem distintos: o primeiro faz uso de pinceladas vibrantes, o segundo adota um grafismo que lembra uma gravura expressionista. Quando o ouro dos leitos dos rios se esgotou, teve início o trabalho nas minas subterrâneas. Tragédias se acumularam, frutos de acidentes de toda espécie. A ilustração de Santa Rosa na capa do romance Sul mostra a face angustiada de um trabalhador da mina de Morro Velho, em história ambientada no início do século 20. 8

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Guilherme Valpeteris, Garimpeiro, 1959. Livro O ouro e a montanha, de vários autores Seth, O trabalho do garimpo, 1943. Livro O Brasil pela imagem, de Seth. Santa Rosa, Minerador, 1939. Livro Sul, de Guilhermino César. Teresa Nazar, Garimpeiros, 1967. Livro O garimpeiro, de Bernardo Guimarães.


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Café em São Paulo O ciclo do café em terras paulistas começa no século 19 e atinge seu auge nas primeiras décadas do século 20, quando o Brasil ocupa o posto de maior produtor mundial. O café foi o responsável por transformar o estado de São Paulo no centro econômico do país. A cultura cafeeira exige grandes contigentes de trabalhadores braçais. A ilustração de Seth descreve uma fazenda de café. O primeiro plano mostra o meticuloso trabalho da colheita, enquanto ao fundo podem ser vistas as casas de uma colônia de famílias de trabalhadores, situadas ao lado dos terreiros de secagem dos grãos. Separar os grãos com grandes peneiras é a etapa de trabalho mostrada nas imagens da Agência DPZ (ao lado) e de Valpeteris. A partir de ângulos opostos — de baixo para cima na primeira, de cima para baixo na segunda —, ambas exploram o gesto quase malabarista de jogar os grãos para o alto. 10

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Agência DPZ, Trabalhador do café, 1967. Livro Grotão do café amarelo, de Francisco Marins. Guilherme Valpeteris, Trabalhadora do café, 1959. Livro O planalto e os cafezais, de vários autores. Seth, Trabalhadores do café, 1943. Livro O Brasil pela imagem, de Seth.


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Pescadores Um mar de homens: o grafismo ágil de Carybé na capa de Pesca do xaréu enfatiza a dimensão coletiva da pesca, na qual todos dependem de cada um. O desenho do grupo forma uma rede por si só. Mas a pesca pode ter também uma face individual. Em Rede, Edgar Koetz explora a imagem do homem solitário mergulhado em sua labuta. A cena é vista de cima e todas as linhas do desenho realçam o esforço do pescador. Na capa do disco Canções praieiras, Dorival Caymmi mostra que, além de músico, é desenhista de talento. Seus pescadores são configurados por alguns poucos traços de contorno, complementados por planos de cor. E planos de cor se repetem no fundo, expandindo as figuras de tal modo que elas parecem ocupar todo o ambiente. 12

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Carybé, Pescadores, 1951. Livro Pesca do xaréu, de Carybé. Edgar Koetz, Pescador, 1959. Livro Rede, de Salim Miguel. Dorival Caymmi, Pescadores, 1954. Disco Canções praieiras, de Dorival Caymmi.


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Cavaleiros Há uma infinidade de ocupações vinculadas ao trato com os animais. Algumas delas são do tipo simbióticas: é quando homens e bichos se complementam uns aos outros. É o caso dos cavaleiros, tema deste painel. As três ilustrações exploram as silhuetas das figuras. O recurso de limitar os desenhos às silhuetas enfatiza a integração entre cavaleiros e cavalos, tornando-os quase uma forma única. Ao mesmo tempo, há diferenças entre elas. A ilustração de Faedrich acrescenta linhas delicadas às silhuetas, o que confere um especial requinte ao desenho. A postura altaneira, solitária, reforça a mitologia em torno dos trabalhadores do pampa gaúcho. No caso da dupla de cavaleiros atravessando a mata, de Jayme Cortez, os traços claros sobre as figuras criam um efeito de velocidade. Por fim, Poty retrata o vaqueiro solitário diante do rebanho inteiro sob seu comando. 14

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Nelson Boeira Faedrich, Cavaleiro, 1953. Livro Lendas do Sul, de Simões Lopes Neto. Poty, Vaqueiro, 1977. Livro Sagarana, de Guimarães Rosa. Jayme Cortez, Cavaleiros, 1969. Livro O garanhão das praias, de José Mauro de Vasconcelos.


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Trabalhadores rurais: Retratos “O sertanejo é antes de tudo um forte”, escreveu Euclides da Cunha em Os sertões. Os três retratos deste painel parecem estender sua afirmação para o trabalhador do campo em geral. Os semblantes são calmos, próprios de homens silenciosos, ensimesmados, resistentes. A capa de Sorumba mostra a imagem de um lavrador paulista, de rosto marcado pela longa exposição ao sol. A ilustração é de Belmonte, de 1938; ela parece ter sido revisitada por Jayme Leão quatro décadas depois na capa do jornal Movimento, ao retratar um nordestino igualmente sofrido. O agricultor de Rubem Grilo, por sua vez, tem ao fundo a saca de um produto agrícola sendo exportada, símbolo de uma riqueza da qual ele não se apropria. Por fim, o cartum de Miran sintetiza em uma imagem a relação de identidade entre o lavrador e a terra. 16

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Jayme Leão, Trabalhador rural, 1975. Jornal Movimento. Belmonte, Trabalhador rural, 1938. Livro Sorumba, de Manuel Mendes. Rubem Grilo, Trabalhador rural, 1984. Livro Retrato do Brasil, volume 1. Miran, O lavrador e a terra, anos 1980. Livro Miran, um rapaz de fino traço, de Miran.


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Trabalhadores urbanos: Cenas A importância das cidades foi crescendo ao longo do século 19 e nas primeiras décadas do século 20. Com isso, cresceu também a relevância das profissões marcadamente urbanas. Esse processo aparece retratatado em parte da literatura produzida na época, em particular nos movimentos conhecidos como naturalismo, realismo e pré-modernismo. No livro Scenas da vida carióca, de 1924, Raul Pederneiras compõe um panorama dos inúmeros trabalhadores das ruas do Rio de Janeiro daquele período. O fundo branco da capa se transforma na rua onde os ambulantes oferecem seus serviços e produtos. A imagem de Poty, por sua vez, retrata a cidade de São Paulo na década de 1920. Sua estratégia visual é oposta à de Pederneiras: ao invés de espalhar as personagens, ele as reúne em um acúmulo de pessoas, casas, veículos e chaminés. Já na ilustração de Carlos Prado, de 1954, também tomando São Paulo como tema, as fábricas já são as protagonistas da cena; misturadas a elas, as longas filas se tornam uma imagem-síntese da metrópole. 18

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Raul Pederneiras, Cena urbana: Personagens, 1924. Livro Scenas da vida carióca, de Raul Pederneiras. Poty, Cena urbana: Aglomeração, 1961. Livro Novelas paulistanas, de Antônio de Alcântara Machado. Carlos Prado, Cena urbana: Fila, 1954. Revista Du (Suíça).


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Oficinas de trabalho e aprendizagem A tradição das corporações de ofício remonta à Idade Média europeia. Era nelas que, a partir da convivência com seus mestres, jovens aprendizes assimilavam as práticas de cada ofício. Essa é uma modalidade de ensino que lembra as atuais oficinas, nas quais os jovens aprendem fazendo — ou seja, aprendem a partir da experiência de operar as ferramentas e de seguir as práticas específicas de cada ofício, sob a orientação de um instrutor mais tarimbado. As ilustrações foram reproduzidas de um livro de J. Staub cujo título é extenso: 2º livro ilustrado — Colecção de quadros coloridos — Para o ensino infantil e primário geral. Publicado em português por uma editora suíça, circulou no Brasil provavelmente nos anos 1920, destinado à educação de filhos da elite da época. As quatro imagens mostradas no painel fazem parte de um grupo intitulado “Operários — Oficinas”, e mostram o trabalho de ceramistas (detalhe ao lado), marceneiros, sapateiros e ferreiros. O requinte gráfico e a atmosfera calma que reina nas oficinas conferem dignidade ao trabalho com as mãos. 20

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Ilustrações de origem europeia sem identificação de autoria, Oficinas: Cerâmica, Marcenaria, Sapataria, Forja, anos 1920. Livro 2º livro ilustrado, de J. Staub.


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Ofício: Tocar O campo das artes envolve profissionais de perfis muito distintos. Os mais conhecidos talvez sejam os músicos, uma vez que, dentre as múltiplas expressões artísticas, a música costuma fazer parte da vida de cada um de nós. As três imagens destacam a relação dos músicos com seus instrumentos. À direita, na ilustração de Umberto della Latta para uma edição de 1930 da revista O Cruzeiro, o grafismo adotado acentua a ideia de movimento; a imagem torna-se uma espécie de dança visual. O disco Velha Guarda, de 1954, mostra um grupo formado por artistas celebrados até hoje, entre os quais Pixinguinha e Donga. A ilustração de Lan lança mão da caricatura para representá-los. A composição é um acúmulo de figuras, ao modo de uma colagem. Por fim, em Violeiros do norte, de 1952, o assunto são os cantadores populares. O desenho de Aldemir Martins torna indistintos os limites entre os músicos e suas violas. 22

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Umberto della Latta, Conjunto musical, 1930. Revista O Cruzeiro. Lan, Músicos, 1940. Disco Velha Guarda, de vários artistas. Aldemir Martins, Violeiros, 1962. Livro Violeiros do Norte, de Leonardo Mota.


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A ferramenta como identidade Ferramentas costumam ser usadas para estabelecer uma relação entre uma pessoa e sua profissão. Neste painel são mostrados quatro exemplos desse vínculo. O ferreiro é personagem do romance Tocaia grande, de Jorge Amado. A figura forte e amistosa criada pelos traços de Floriano Teixeira traz a torquês em uma das mãos e o martelo na outra, ambas ferramentas-símbolo da profissão. Já a tesoura do alfaiate desenhado por Poty é agigantada, de modo a destacar sua importância para a definição do ofício.

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado

O operário de um livreto publicado pelo Sesi nos anos 1950 esbanja vigor e saúde. A chave inglesa é uma extensão de sua mão, tal como a torquês, o martelo e a tesoura nas ilustrações mencionadas acima.

Floriano Teixeira, Ferreiro, 1984. Livro Tocaia grande, de Jorge Amado.

O caso do lavrador desenhado por Poty e mostrado ao lado tem outras nuances. Enquanto as quatro ferramentas já citadas são extensões da mão, o uso da enxada exige esforço do corpo inteiro. A cabeça baixa do lavrador e a repetição de sua figura em proporções reduzidas na ponta da enxada transmitem várias mensagens ao mesmo tempo: anonimato, fadiga, dor. 24

Poty, Lavrador, 1978. Livro A bagaceira, de José Américo de Almeida.

Sem identificação de autoria, Mecânico, anos 1950. Livro Segunda leitura do trabalhador, do Sesi. Poty, Alfaiate, 1967. Livro Contos tradicionais do Brasil, de Luís da Câmara Cascudo.


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Preparar os alimentos Há uma longa tradição que associa o preparo dos alimentos a um trabalho elaborado costumeiramente por mulheres, daí sua presença nas três ilustrações. Na capa do livro Carusma a cozinheira é uma mulher negra; juntamente com o brilho do fogo, espalham-se alguns símbolos da cultura afrobrasileira. Realizar coletivamente o preparo da comida é um ritual enraizado na cultura humana. A imagem de Scliar mostra um grupo de mulheres trabalhando, em cena do romance Seara vermelha, de Jorge Amado. A linguagem gráfica adotada pelo ilustrador lembra a xilogravura popular nordestina. A ilustração mostrada ao lado, de Lula Cardoso Ayres, retrata o trabalho de duas mulheres com o pilão. Os corpos são robustos, arredondados, numa linguagem que remete ao modo como os trabalhadores são representados nas pinturas de Portinari. 26

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Lula Cardoso Ayres, Mulheres trabalhando no pilão, 1951. Livro Nordeste, de Gilberto Freyre. Sem identificação de autoria, Cozinheira trabalhando no forno a lenha, 1945. Livro Carusma, de Victor Caruso. Carlos Scliar, Mulheres trabalhando no preparo dos alimentos, 1949. Livro Seara vermelha, de Jorge Amado.


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A vendedora de acarajé A Bahia tem vários símbolos que a representam, e um dos mais difundidos é a vendedora de acarajé. Sua imagem transcende a dimensão culinária. Ela é uma cozinheira, sem dúvida, e o acarajé é uma iguaria largamente apreciada. No entanto, sua indumentária, sua presença na rua, o fato de muitas delas serem negras, tudo isso a torna uma referência da cultura afrobrasileira. As três figuras mostradas neste painel são majestosas. A revista O Cruzeiro é uma edição especial dedicada à Bahia. A inclusão da vendedora de acarajé na capa, por si só, a confirma como um destaque da cultura local. A ilustração de Arcindo Madeira na capa de O Cruzeiro e a de Páes Torres na capa do disco de Dorival Caymmi se assemelham pelo desenho simplificado e geometrizado. Já no livro Receitas da Bahia o assunto é a rica tradição da culinária local, e a personagem da cozinheira colorida e agitada retratada na capa irradia simpatia por todos os poros. 28

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Arcindo Madeira, Vendedora de acarajé, 1942. Revista O Cruzeiro. Páez Torres, Vendedora de acarajé, 1958. Disco Dorival Caymmi, de Dorival Caymmi. Sem identificação de autoria, Cozinheira baiana, 1959. Livro Receitas da Bahia, de Helena Gama Lobo.


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Ofício: Atender Atender o público é um ofício que ativa muitas capacidades simultaneamente: sensibilidade, tato, empatia, persuasão. Garçons e garçonetes, balconistas, recepcionistas, feirantes, ambulantes, são muitas as modalidades. O comércio cotidiano envolve o atendimento de maneira incontornável. A feira livre é uma espécie de matriz do atendimento. As feiras atuais mantêm inalteradas as feições que tinham durante a Idade Média europeia. No livro No tempo dos bandeirantes, que fala do século 17 em São Paulo, Belmonte mostra uma delas. Na imagem ao lado, criada por Poty, um simpático dono de mercearia dá as boas vindas ao cliente. Saudar quem está chegando faz parte do ofício de atender. Por fim, com seu traço refinado, J. Carlos retrata o ambiente de um café carioca em meados do século 20. Nele, sobressai a figura do garçom. Em 1935, no samba “Conversa de botequim”, Noel Rosa já dizia: “Seu garçom faça o favor de me trazer depressa”. Essa talvez seja a sina do garçom: o cliente quer sempre ser atendido com rapidez. 30

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Poty, Merceeiro, 1961. Livro Novelas paulistanas, de Antônio de Alcântara Machado. J. Carlos, Garçom, 1940. Livro História singela do café, do Departamento Nacional do Café. Belmonte, Feirante, 1948. Livro No tempo dos bandeirantes, de Belmonte.


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Ofício: Escrever Escrever é uma atividade que está no centro de diversas profissões. A ilustração de Seth mostra um escrivão no Rio de Janeiro do século 19 trabalhando nos livros de contabilidade de um escritório de importação e exportação — a paisagem vista através da janela sugere que o edifício está situado próximo ao porto. No funcionalismo público, várias funções envolvem a escrita. No romance Os ratos, o protagonista é um funcionário público às voltas com a conta atrasada do leiteiro. A angústia pela falta de dinheiro, estampada no desenho de Edgar Koetz, faz com que ele sonhe com ratos roendo as moedas que, a muito custo, conseguiu reunir para saldar a dívida. No enredo de Recordações do escrivão Isaías Caminha as angústias são de outra natureza. Neste caso, o protagonista é um jovem aspirante a jornalista cujos esforços de ascensão são dificultados por um racismo velado que perpassa todas as suas relações. Neste painel são mostradas as capas de duas edições do romance, de 1943 e 1966. Nesta última, a linha vermelha do desenho de Vicente Di Grado transmite uma sensação de angústia análoga à de Os ratos. Na edição de 1943, mostrada ao lado, a ilustração é, ao mesmo tempo, contida nos traços e aguda na mensagem: o chefe sentado, as pernas cruzadas, o subalterno em pé, a postura retraída. Um poderoso retrato de um racismo que se oculta em aparências de normalidade. 32

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Sem identificação de autoria, Escrivão, 1943. Livro Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto. Edgar Koetz, Funcionário público, 1944. Livro Os ratos, de Dyonélio Machado. Vicente Di Grado, Escrivão, 1966. Livro Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto. Seth, Escrivão, 1943. Livro O Brasil pela imagem, de Seth.


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Ofício: Ensinar A escola é uma experiência marcante na vida de todos, em particular a escola da infância. Nela, a professora costuma ocupar um lugar especial. A imagem da professora está presente em três das quatro ilustrações mostradas neste painel. Ela é a protagonista das cenas em duas delas. É curioso notar que as alunas têm forte semelhança com as respectivas professoras. A mensagem parece ser a de que as jovens de hoje serão as professoras de amanhã. Na capa do livro Desenhos infantis a professora muda de lugar, e o protagonismo passa a ser das crianças. Na verdade, essas são duas faces da profissão: há momentos em que se deve assumir o protagonismo e há outros em que a iniciativa deve ser dos aprendizes. O romance A normalista exige um esclarecimento. Normalista era a estudante do Curso Normal, equivalente ao atual Curso Médio. Era ele que formava as docentes do Curso Primário, equivalente ao atual Fundamental I. “Professora primária” era a profissão por excelência das mulheres de classe média que não se limitavam aos cuidados domésticos. A normalista que protagoniza a ilustração mostrada ao lado, portanto, é uma jovem prestes a se tornar professora; os cadernos no braço e o olhar no horizonte constroem uma imagem de confiança no futuro. 34

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Sem identificação de autoria, Estudante da Escola Normal, anos 1950 (período provável). Livro A normalista, de Adolfo Caminha. Sem identificação de autoria, Estudantes e professora, anos 1940 (período provável). Livro Desenhos infantis, sem identificação de autoria. Sem identificação de autoria, Estudantes e professora, 1946. Livro Cartilha do povo, de Manuel Bergstrom Lourenço Filho. Flavis, Estudante e professora, anos 1950 (período provável). Livro Tabuada, sem identificação de autoria.


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Cuidar, posar, secretariar, servir O trabalho doméstico foi a principal ocupação de mulheres de classe média durante muito tempo. “Trabalhar fora” era um estigma para muitas delas. Durante a década de 1950 tem início um processo consistente de profissionalização feminina. A ilustração de Poty na capa do livro Loja das ilusões, de 1955, mostra um salão de beleza. As duas manequins que aparecem em primeiro plano têm os lábios destacados em vermelho, talvez sugerindo que conversar faz parte do ritual da ida ao salão. As ilustrações da aeromoça, da modelo e da secretária são do início dos anos 1960. A primeira, de Carybé, mostrada ao lado, parece ser uma mulher negra, rompendo uma barreira de preconceito em torno da presença de afrodescendentes em ocupações de maior prestígio. A modelo de Benício na capa da revista Cinderela, por sua vez, confirma a regra: adota como referência o padrão de beleza da mulher europeia. A capa de Claudia merece um destaque. O ano é 1962; a retratada é uma secretária, e sua aparência é de uma trabalhadora normal, e não de uma jovem sedutora ou de feições idealizadas. Ela usa óculos, seus cabelos são curtos, traz papel e lápis nas mãos. Em uma revista voltada à mulher de classe média, que havia sido lançada naquele mesmo ano, colocar na capa uma figura com esse perfil é uma postura editorial surpreendentemente avançada. 36

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Carybé, Aeromoça, 1962. Livro A aeromoça, de Estácio de Lima. Benício, Modelo, 1960. Revista Cinderela. Gèleng, Secretária, 1962. Revista Claudia. Poty, Cabeleireira, 1955. Livro Loja das ilusões, de Barbara de Araújo.


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Operário, construção A construção civil é uma atividade com graus muito variáveis de complexidade, envolvendo uma extensa gama de profissionais. A imagem de Seth retrata a construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, uma obra gigantesca realizada nos anos 1940 e que se tornou um símbolo da tentativa do Brasil de se desenvolver de modo mais consistente. Duas outras imagens mostradas no painel abordam aspectos opostos à grandiosidade de Volta Redonda: a ilustração de Ivan Wasth Rodrigues mostra o trabalhador carregando uma simples pá, sua ferramenta mais básica; já o folheto de Ciro fala da dura vida do nordestino que migra para o Sudeste em busca de trabalho, e acaba sendo admitido para cumprir as tarefas menos qualificadas e pior remuneradas da construção civil. A ilustração à direita, de Trimano, foi produzida cerca de três décadas depois da de Seth. É possível estabelecer uma comparação interessante entre elas. Em Seth, a narrativa visual pode ser chamada de linear: começa nos detalhes do primeiro plano e caminha em direção ao panorama visto ao fundo. Na de Trimano, os trabalhadores se misturam às linhas do edifício em construção, como se tudo acontecesse em um único plano. Neste caso, a linearidade é substituída pela simultaneidade. 38

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Luis Trimano, Operários da construção civil, 1971. Revista Visão. Ivan Wasth Rodrigues, Operário da construção civil, 1962. Livro Brasil — Uma história dinâmica, de vários autores. Seth, Operários da construção civil, 1943. Livro O Brasil pela imagem, de Seth. Ciro Fernandes, Operários da construção civil, 1978. Livreto tipo cordel A vida do operário e o nordestino no Rio, de Paulo Teixeira de Souza.


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Operário, máquina A relação do homem com a máquina envolve sentimentos de amor e ódio. O ambiente industrial, habitat natural da máquina, é pouco abordado pela literatura; no âmbito do jornalismo, a iconografia relacionada à indústria é dominada pela fotografia. Daí deriva que são relativamente pouco numerosas as ilustrações que retratam o trabalho fabril. Duas das três imagens mostradas no painel vêm do jornalismo. São capas da revista Visão que abordam a relação homem–máquina. Uma, de Wesley Duke Lee, parece ser um desenho feito a partir de fotografia; o recurso visual adotado consiste na concentração das cores na máquina, deixando o ambiente e o trabalhador definidos apenas pelas linhas pretas bem finas. A outra, de Odilea Toscano, mostrada ao lado, combina homem, ferramenta e máquina numa única imagem, como se constituíssem um só organismo. A capa do livro Conheça o petróleo, de Paulo de Oliveira, guarda semelhanças com a ilustração de Odilea: os trabalhadores e o equipamento se misturam, tornando difícil precisar onde termina um e começa o outro. A diferença é que o grafismo adotado por Oliveira procura conferir à cena um sentido de movimento. Desse modo, a extração de petróleo fica associada a uma sensação de dinamismo, tornando-a quase uma aventura vertiginosa. 40

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Odilea Toscano, Operário fabril, 1962. Revista Visão. Wesley Duke Lee, Operário fabril, 1961. Revista Visão. Paulo de Oliveira, Operários de poço de petróleo, 1966. Livro Conheça o petróleo, de Jucy Neiva Morelli.


19 Robôs

Há tempos a ideia de um homem-máquina fascina as pessoas. Sob muitos aspectos, essa é uma ficção que já se tornou realidade em vários segmentos industriais, nos quais robôs passaram a ocupar o lugar de trabalhadores de carne e osso. Esta reunião de robôs revela algumas facetas desse ser que mistura ciência e fantasia. A criatura concebida por Seth em 1937 parece um tanto tosca para nosso atual repertório robótico. As imagens mostradas no painel são marcadas pelo antropomorfismo, mas a de Seth é quase literalmente um “homem de lata”. Vale lembrar a famosa personagem de O mágico de Oz que levava esse nome; o filme é de 1939, sendo portanto contemporâneo ao desenho de Seth. É frequente que as figuras de robôs sejam comandadas pelo princípio da colagem de fragmentos. Essa recorrência faz lembrar de Frankenstein, a personagem criada por Mary Shelley em 1831. As versões cinematográficas da história consagraram a figura de um ser composto pela reunião de vários pedaços. Essa imagem parece ter se tornado um modelo para a criação de humanoides. 42

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado Marius Lauritzen Bern, Robô, 1966. Livro Economia burguesa e pensamento tecnocrático, de Marc Rivière. Seth, Robô, 1937. Livro Exposição, de Seth. Salvador Monteiro, Robô, 1963. Livro Os próximos 100 anos, de Brown, Bonner, Weir.


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Lutas: Individual, coletivo Os trabalhadores têm uma longa história de lutas por seus direitos. O marxismo forneceu uma base teórica que, desde o século 19, vem orientando muitas delas. O que se conhece por “esquerda” no espectro político está ligado à tradição de combate por melhores salários e melhores condições de trabalho. O livro Teoria da revolução proletária, cuja capa é mostrada ao lado, inscreve-se na tradição marxista. Tranquilidade e força combinam-se na imagem criada por Acquarone de um homem negro visto de perfil, com os braços apoiados numa ferramenta de trabalho, a luz amarela destacando sua silhueta. Nos outros dois livros, as imagens são da luta de fato. Ambas retratam grupos em movimento, armas levantadas, ânimos exaltados; as atmosferas são contagiantes. Em uma das imagens, a ênfase está no indivíduo; nas outras, no coletivo. As chances de se obter as conquistas pretendidas talvez estejam na combinação dos dois polos. 44

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado

Acquarone, Trabalhador braçal, 1934. Livro Teoria da revolução proletária, de Pokrovsky. Domingos Logullo, Massa de trabalhadores, 1963, Livro Operários e camponeses na revolução brasileira, de Moisés Vinhas. Gerson Knispel, Massa de trabalhadores, 1962. Livro Vais bem Fidel, de Jurema Finamour.


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Lutas: Denúncia, dor Não faltaram motivos para a história das lutas dos trabalhadores ser longa e atribulada. Combater remunerações baixas e condições de trabalho insatisfatórias são recorrências ao longo de sua trajetória. Desde o século 19, uma das armas de luta é a imprensa voltada às causas dos trabalhadores. As três imagens mostradas neste painel estão relacionadas a ela. A ilustração de Trimano aborda os acidentes de trabalho, um risco cotidiano, em particular no ambiente industrial. Em 1973, ela foi publicada no jornal Opinião, uma das vozes da imprensa alternativa empenhadas no combate à ditadura militar que ocupava o poder no período. As ilustrações de Clémen (ao lado) e Grilo tratam da opressão que muitas vezes contamina as relações entre patrões e empregados. Uma trata de fragilidade, a outra de arbitrariedade. Não por acaso, as três imagens se limitam ao preto e branco, seja por motivos financeiros — a impressão é mais barata —, seja para acentuar a atmosfera pesada que as caracteriza. 46

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado

Carlos Clémen, Trabalhadores fabris, 1974. Revista Argumento. Luis Trimano, Trabalhador fabril acidentado, 1973. Jornal Opinião. Rubem Grilo, Trabalhador fabril e patrões, 1984. Livro Retrato do Brasil, volume 2.


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Ofício: Ilustrar Este painel final é dedicado ao ofício do ilustrador. A capa da revista O Malho, à direita, mostra um litógrafo em sua mesa de trabalho, na passagem do século 19 para o 20. Depois da litografia veio o desenho feito na prancheta; hoje, grande parte das ilustrações é produzida com o auxílio do computador. Apesar das diferenças, a postura corporal e a essência do trabalho a ser feito não mudaram tanto de lá para cá. Na surpreendente assinatura do ilustrador Mick Carnicelli, atuante nos anos 1920, a pena atravessa os olhos de uma caveira; ela parece querer indicar que é a visão o sentido humano visado pelo ilustrador. Poty, por sua vez, estabelece um vínculo forte do ilustrador com o pintor — afinal, em sua ilustração estão presentes a tela, os pincéis e a paleta, instrumentos consagrados do pintor de cavalete. Por fim, as duas figuras geometrizadas e sintéticas de Miran. O par de bonecos dá outro recado: ele enfatiza a relação entre o cérebro e o gesto do lápis. Lembrando a frase “arte é coisa mental”, dita por Leonardo da Vinci, Miran parece querer afirmar que “ilustração também é coisa mental”. 48

Ilustrações expostas neste painel; os dados em destaque são da imagem ao lado

Sem identificação de autoria (autoria provável: Raul Pederneiras e Calixto), Litógrafo, 1903. Revista O Malho. Mick Carnicelli, Assinatura gráfica de Mick Carnicelli, 1922. Livro A angústia de Don João, de Menotti del Picchia. Poty, Autorretrato, 1986. Livro A propósito de figurinhas, de Valêncio Xavier. Miran, Designers gráficos, 1993 e 1994 [a partir de desenho de Charles Anderson]. Livros Marcas fortes, volumes 1 e 2, de Miran (Oswaldo Miranda).


Dados completos das imagens presentes na exposição

Livro Rede, de Salim Miguel. Edições Sul (Florianópolis), 1959. Ilustração de Edgar Koetz.

Painel 1

Disco Canções praieiras, de Dorival Caymmi. Gravadora Odeon (Rio de Janeiro), 1954. Ilustração de Dorival Caymmi.

Livro Cacau, de Jorge Amado. Editora Ariel (Rio de Janeiro), 1934. Ilustração de Santa Rosa. Livro O Brasil pela imagem, de Seth. Editora Indústria do Livro (Rio de Janeiro), 1943. Ilustração de Seth. Livro Os canaviais e os mocambos. Editora Cultrix (São Paulo), 1959. Coleção Histórias e Paisagens do Brasil. Ilustração de Guilherme Valpeteris.

Livro Sagarana, de João Guimarães Rosa. Editora José Olympio (Rio de Janeiro), 1974. Ilustração de Poty.

Livro O ouro e a montanha. Editora Cultrix (São Paulo), 1959. Coleção Histórias e Paisagens do Brasil. Ilustração de Guilherme Valpeteris. Livro O Brasil pela imagem, de Seth. Editora Indústria do Livro (Rio de Janeiro), 1943. Ilustração de Seth. Livro Sul, de Guilhermino César. Editora José Olympio (Rio de Janeiro), 1939. Ilustração de Santa Rosa. Livro O garimpeiro, de Bernardo Guimarães. Editora Melhoramentos (São Paulo), 1967. Ilustração de Teresa Nazar. Painel 3 Livro Grotão do café amarelo, de Francisco Marins. Editora Melhoramentos (São Paulo), 1967. Ilustração da Agência DPZ. Livro O planalto e os cafezais. Editora Cultrix (São Paulo), 1959. Coleção Histórias e Paisagens do Brasil. Ilustração de Guilherme Valpeteris. Livro O Brasil pela imagem, de Seth. Editora Indústria do Livro (Rio de Janeiro), 1943. Ilustração de Seth. Painel 4 Livro Pesca do xaréu, de Carybé. Sem indicação de editora (Salvador), 1951. Coleção Recôncavo. Ilustração de Carybé.

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Painel 13

Painel 16

Revista O Cruzeiro. Editora O Cruzeiro (Rio de Janeiro), 1930, ano 2, n. 66. Ilustração de Umberto della Latta.

Livro Novelas paulistanas, de Antônio de Alcântara Machado. Editora José Olympio (Rio de Janeiro), 1961. Ilustração de Poty.

Livro A aeromoça, de Estácio de Lima. Sem identificação de editora (Salvador), 1962. Ilustração de Carybé.

Disco Velha Guarda. Gravadora Sinter (Rio de Janeiro), 1940. Ilustração de Lan.

Painel 5 Livro Lendas do Sul, de Simões Lopes Neto. Editora Martins (São Paulo), 1953. Ilustração de Nelson Boeira Faedrich.

Painel 2

Painel 9

Livro Violeiros do Norte, de Leonardo Mota. Editora Imprensa Universitária do Ceará (Fortaleza), 1962. Ilustração de Aldemir Martins. Painel 10

Livro O garanhão das praias, de José Mauro de Vasconcelos. Editora Melhoramentos (São Paulo), 1969. Ilustração de Jayme Cortez. Painel 6 Jornal Movimento. Editora Edição (São Paulo), 1975. Ilustração de Jayme Leão. Livro Sorumba, de Manuel Mendes. Editora Francisco Alves (Rio de Janeiro), 1938. Ilustração de Belmonte. Livro Retrato do Brasil, volume 1. Editora Política (São Paulo), 1984. Ilustração de Rubem Grilo. Livro Miran, um rapaz de fino traço, de Miran. Editora Casa de Ideias (Curitiba), 1991 Cartum de Miran, anos 1980.

Livro A bagaceira, de José Américo de Almeida. Editora José Olympio (Rio de Janeiro), 1978. Ilustração de Poty. Livro Tocaia grande, de Jorge Amado. Editora Record (Rio de Janeiro), 1984. Ilustração de Floriano Teixeira. Livro Segunda leitura do trabalhador. Sesi (São Paulo), sem data (período provável: anos 1950). Ilustração sem identificação de autoria. Livro Contos tradicionais do Brasil, de Luís da Câmara Cascudo. Editora Tecnoprint (Rio de Janeiro), 1967. Ilustração de Poty. Painel 11 Livro Nordeste, de Gilberto Freyre. Editora José Olympio (Rio de Janeiro), 1958. Ilustração de Lula Cardoso Ayres. Livro Carusma, de Victor Caruso. Editora Siqueira (São Paulo), 1945. Ilustração sem identificação de autoria.

Painel 7 Livro Scenas da vida carióca, de Raul Pederneiras. Sem indicação de editora (Rio de Janeiro), 1924. Ilustração de Raul Pederneiras.

Livro Seara vermelha, de Jorge Amado. Editora Martins (São Paulo), 1963. Ilustração de Carlos Scliar; primeira publicação em edição de 1949. Painel 12

Livro Novelas paulistanas, de Antônio de Alcântara Machado. Editora José Olympio (Rio de Janeiro), 1961. Ilustração de Poty. Revista Du. Editora Conzett & Huber (Zurique, Suíça), 1956 mai. Ilustração de Carlos Prado.

Revista O Cruzeiro. Editora O Cruzeiro (Rio de Janeiro), 1942, ano 14, n. 34. Ilustração de Arcindo Madeira. Disco Dorival Caymmi, de Dorival Caymmi. Gravadora Continental (São Paulo), 1958. Ilustração de Páez Torres.

Painel 8 Livro 2º livro ilustrado — Colecção de quadros coloridos — Para o ensino infantil e primário geral, de J. Staub. Editora Kunzli Frères (Zurique, Suíça), sem data (anos 1920). Ilustrações de origem europeia, sem identificação de autoria.

Livro Receitas da Bahia, de Helena Gama Lobo. Companhia Editora Nacional (São Paulo), 1959. Ilustração sem identificação de autoria.

Livro História singela do café. Departamento Nacional do Café (Rio de Janeiro), 1940. Ilustração de J. Carlos. Livro No tempo dos bandeirantes, de Belmonte. Editora Melhoramentos (São Paulo), 1948. Ilustração de Belmonte. Painel 14 Livro Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto. Editora O Livro de Bolso (São Paulo), 1943. Ilustração sem identificação de autoria. Livro Os ratos, de Dyonélio Machado. Editoro do Globo (Porto Alegre), 1944. Ilustração de Edgar Koetz. Livro Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto. Editora Clube do Livro (São Paulo), 1966. Ilustração de Vicente Di Grado. Livro O Brasil pela imagem, de Seth. Editora Indústria do Livro (Rio de Janeiro), 1943. Ilustração de Seth. Painel 15 Livro A normalista, de Adolfo Caminha. Editora Jornal dos Livros (São Paulo), sem data de publicação (período provável: anos 1950). Livro Desenhos infantis — Modelo A. Sem identificação de autoria, editora, cidade e data (período provável: anos 1940). Ilustração sem identificação de autoria. Livro Cartilha do povo, de Manuel Bergstrom Lourenço Filho. Editora Melhoramentos (São Paulo), 1946, 386ª edição. Ilustração sem identificação de autoria. Livro Tabuada — Ensino prático para aprender aritmética. Editora Caderbrás (sem identificação de cidade), sem identificação de data (período provável: anos 1950). Ilustração de Flavis (assinatura pouco legível).

Revista Cinderela. Editora Rio Gráfica (Rio de Janeiro), 1960 jul 02, n. 397. Ilustração de Benício. Revista Claudia. Editora Abril (São Paulo), 1962 ago, ano 2, n. 11. Ilustração de Gèleng (assinatura pouco legível). Livro Loja das ilusões, de Barbara de Araújo. Editora José Olympio (Rio de Janeiro), 1955. Ilustração de Poty. Painel 17 Revista Visão. Editora Visão (São Paulo), 1971 fev 14, v. 38, n. 3. Ilustração de Luis Trimano. Livro Brasil — Uma história dinâmica, de Ilmar Rohloff de Mattos, Ella Grinsztein Dottori e José Luiz Werneck da Silva. Companhia Editora Nacional (São Paulo), 1972. Ilustração de Ivan Wasth Rodrigues. Livro O Brasil pela imagem, de Seth. Editora Indústria do Livro (Rio de Janeiro), 1943. Ilustração de Seth. Livreto tipo cordel A vida do operário e o nordestino no Rio, de Paulo Teixeira de Souza. Governo do Estado do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), 1978. Ilustração de Ciro Fernandes. Painel 18 Revista Visão. Editora Visão (São Paulo), 1962 nov 09, v. 21, n. 19. Ilustração de Odilea Toscano. Revista Visão. Editora Visão (São Paulo), 1961 ago 11, v. 19, n. 6. Ilustração de Wesley Duke Lee. Livro Conheça o petróleo, de Jucy Neiva Morelli. Editora Melhoramentos (São Paulo), 1966. Ilustração de Paulo de Oliveira. Painel 19 Livro Economia burguesa e pensamento tecnocrático, de Marc Rivière. Editora Civilização Brasileira (Rio de Janeiro), 1966. Ilustração de Marius Lauritzen Bern. Livro Exposição — Desenhos a pena de Seth — 1929–1936, de Seth. Edição do Atelier Seth (Rio de Janeiro), 1937. Ilustração de Seth.

Livro Os próximos 100 anos, de Brown, Bonner, Weir. Editora Fundo de Cultura (Rio de Janeiro e São Paulo), 1963. Ilustração de Salvador Monteiro. Painel 20 Livro Teoria da revolução proletária, de Pokrovsky. Editora Calvino Filho (Rio de Janeiro), 1934. Ilustração de Acquarone. Livro Operários e camponeses na revolução brasileira, de Moisés Vinhas. Editora Fulgor (São Paulo), 1963. Ilustração de Domingos Logullo. Livro Vais bem Fidel, de Jurema Finamour. Editora Brasiliense (São Paulo), 1962. Ilustração de Gerson Knispel. Painel 21 Revista Argumento. Editora Paz e Terra (Rio de Janeiro), 1974, ano 1, n. 4. Ilustração de Carlos Clémen. Jornal Opinião. Editora Inúbia (Rio de Janeiro), 1973 dez 17, n. 58. Ilustração de Luis Trimano. Livro Retrato do Brasil, volume 2. Editora Política (São Paulo), 1984. Ilustração de Rubem Grilo. Painel 22 Revista O Malho. Editora O Malho (Rio de Janeiro), 1903 ago 22, ano 2, n. 49. Ilustração sem identificação de autoria; autoria provável: Raul Pederneiras e Calixto. Livro A angústia de Don João, de Menotti del Picchia. Editora Casa Mayença (São Paulo), 1922. Ilustração de Mick Carnicelli. Livro A propósito de figurinhas, de Valêncio Xavier. Editora Studio R. Krieger (Curitiba), 1986. Ilustração de Poty. Marcas fortes, volumes 1 e 2, de Miran (Oswaldo Miranda). Editora Casa de Ideias (Curitiba), 1993 e 1994. Ilustrações de Miran, a partir de desenho de Charles Anderson.


SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDÊNCIAS Técnico Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Paulo Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli GERÊNCIAS Artes Visuais e Tecnologia Juliana Braga de Mattos Adjunta Nilva Luz Assistentes Juliana Okuda e Leonardo Borges Estudos e Desenvolvimento Marta Raquel Colabone Adjunta Ilona Hertel Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci Assistentes Rogério Ianelli e Lourdes Teixeira SESC SANTO AMARO Gerente Claudia Darakjian Tavares Prado Adjunto Afonso E C Alves Programação Simone Cilli (coordenadora), Jacy Helena Almeida Silva Alimentação Ana Luiza Souza Correia Infraestrutura Marcos Adriano C Barros Comunicação Juliana Claudia Gardim Serviços Simone C. C. Fonseca Administração Lilian Martins Exposição “Trabalhadores ilustrados” Curadoria e textos Chico Homem de Melo Expografia Ricardo Amado Comunição Gráfica Homem de Melo & Troia Design Produção Executiva Masiero Arte e Cultura Coordenação geral Marta Masiero Impressão das Imagens Silvio Pinhatti Laboratório Fotográfico Escaneamento e Tratamento das Imagens Ipsis Produção Gráfica Signorini Produção Gráfica Montagem Fina Márcio Rene Antonio e equipe Cenotecnia Cenotech Em atenção à lei 9610/1998, todos os esforços foram feitos para localizar os detentores dos direitos das obras aqui expostas. Em caso de possíveis omissões, por favor entre em contato com jacy.silva@sescsp.org.br

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