"Por Que Não Vivemos?" | Programa da peça

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SEGUIR FORMULANDO O itinerário humano é composto por avanços, intervalos, percalços e outros fenômenos, por assim dizer. Apesar de sua cronologia denotar uma certa linearidade, retornos e resgates se fazem frequentes, somando movimentos cíclicos à elaboração de subjetividades e sociedades. Nesse caminho, seria improvável – se não incompreensível – desviarmos do terreno da arte. Suas manifestações, agregadas a um solo concebido por cultivos precedentes, fecundam experiências que, engendradas em diferentes contextos, formam um amplo arcabouço de sensibilidades, capazes de adensar relações com nosso mundo e nossos devires. Em “Por que não vivemos?”, adaptação de “Platonov”, peça de um jovem AntonTchekhov, a companhia brasileira de teatro nos convida a estar no palco, literalmente. Nesse jogo de presenças articula inquietações que já permeavam a obra do autor e, ao recorrer a este passado ainda atual, interpela o presente e suas motivações, caros a seu trabalho coletivo, íntimo da linguagem e suas experimentações. O teatro, como acontecimento que nos instiga a nos relacionarmos, crítica e sensivelmente, com os sentidos de nossos propósitos e as direções de nossas escolhas, ocupa importante lugar nas ações regulares que o Sesc promove junto a seus públicos. Nesse encontro de distintas narrativas e tempos, acredita que é possível estimular a produção de cenários e rumos compartilhados. Danilo Santos de Miranda Diretor do Sesc São Paulo



POR QUE TCHEKHOV? Desde 2009 temos o projeto de montar uma peça a partir desse jovem e inacabado texto. Tchekhov sempre foi para mim, desde muito cedo, uma fonte de aprendizado, de expansão da linguagem, de refinamento das sensibilidades e de conexão com os movimentos do tempo. Diversas circunstâncias fizeram com que hoje, dez anos depois, estejamos aqui colocando a peça de pé. E nos parece bastante apropriada em contato com os dias que vivemos. Em praticamente toda a sua obra, esse jovem autor — foi sempre jovem, já que morreu aos 44 anos — abordou um mundo em vias de desaparecimento e um porvir ainda incerto. Escreveu pessoas. Escreveu convivências. Estados de espírito, permanências, tentativas de fuga, silêncios. Escreveu fracassos. Belezas mínimas e escondidas. Escreveu o pequeno de cada um, o homem pequeno, aquele que não está no centro, o desvio, as paisagens sonhadas. Olhou para o agora com extrema agudeza e generosidade. E ainda olha. Seu olhar crítico se renova a cada momento da história, se ressignifica à luz dos acontecimentos e no calor da hora. Tchekhov é sempre uma espécie de lugar para onde retornar, onde podemos nutrir nossa alma, reavivar nosso espírito, tonificar nossos músculos, reaprender a ouvir. De tempos em tempos, voltar a ele tem sido motivo para continuar. A grande poesia do mundo. Essa, que nos lembra que ainda estamos aqui. Nossa peça é atravessada pelas vibrações de um grupo de artistas e vozes que fazem dessa experiência um momento potente de encontros e de convivências. Trabalhar horas a fio com essas mulheres e esses homens, cultivando o ofício, construindo passo a passo, duvidando, fazendo perguntas, alimentando a coragem e o gosto pelo que ainda não sabemos, tem sido motivo de felicidade em dias tão duros como os de hoje. Agradeço infinitamente a cada uma, a cada um. Tchekhov foi um trabalhador, assim como nós, artistas brasileiros. Recusou durante toda a sua vida a mentira e a violência, preferindo sempre o amor e a liberdade. Lutou, se valendo das palavras e do próprio corpo, por um mundo melhor. Marcio Abreu Rio de Janeiro, 26 de junho de 2019


SEM TÍTULO Na verdade não existe nenhuma obra de Tchekhov intitulada “Platonov”. Tchekhov não havia ainda dado um título a esta peça quando a escreveu no inverno de 1878, com apenas 18  anos. Em 1920 um manuscrito foi encontrado nos arquivos do Estado no cofre de um banco em Moscou. Eram onze cadernos manuscritos, sendo que no primeiro faltavam duas páginas (do ato I) e a capa. O texto tinha cortes e anotações nitidamente feitos em três épocas diferentes, e possuía o dobro da sua duração atual. Esta peça, portanto, sempre foi um esboço, nunca tendo sido finalizada pelo autor. Após receber críticas de seu irmão Alexandre e de ter sido recusada pela atriz M.  N.  Ermolova, Tchekhov engavetou a peça e ela ficou ali esquecida. Em uma carta a seu irmão Alexandre, datada de 14  de  outubro de 1878, encontramos referência a um texto chamado “bezotsovchtchina”, neologismo quase intraduzível, que significa aproximadamente a idéia de: “A ausência de Pai; Sem Pai; Ser sem Pai”. Este podendo ser o seu título original, mas não há certezas. Esta primeira peça de Tchekhov é considerada uma obra inaugural, uma obra precursora, obra reveladora de um teatro por vir e de mudanças sociais que ela já apontava como necessárias. Como um estado pré-revolucionário. Muitas vezes intitulada pelo nome do personagem central “Platonov”, esta peça teve sua primeira montagem no Ocidente em Paris, em 1956, encenada por Jean Vilar. Depois disso foi encenada por inúmeros diretores em incontáveis países, recebendo vários títulos diferentes. No Brasil teve apenas uma encenação em 1980, realizada por Maria Clara Machado e seus alunos. A companhia brasileira de teatro, apresenta a adaptação deste texto fundamental da obra deTchekhov com o título “Por que não vivemos?”. Esta adaptação foi realizada a partir da tradução do original russo, feita por Pedro Augusto Pinto, e retrabalhada a partir das versões francesas de André Markowicz e Françoise Morvan, de Elsa Triolet e de Pol Quentin. Giovana Soar Rio de Janeiro, junho de 2019


companhia brasileira de teatro A companhia brasileira de teatro é um coletivo de artistas de várias regiões do país fundado pelo dramaturgo e diretor Marcio Abreu em 2000, em Curitiba, onde mantém sua sede num prédio antigo do centro histórico. Sua pesquisa é voltada, sobretudo, para novas formas de escrita e para a criação contemporânea. Entre suas principais realizações, peças com dramaturgia própria escritas em processos colaborativos e simultâneos à criação dos espetáculos, como Sem palavras (2021), PRETO (2017); PROJETO bRASIL (2015); Vida (2010); O que eu gostaria de dizer (2008); Volta ao dia... (2002). Há ainda uma série de criações a partir da obra de autores inéditos no país, como Krum (2015), de Hanock Levin; Esta Criança (2012), de Joël Pommerat; Isso te interessa? (2011), a partir do texto Bon, Saint-Cloud, de Noëlle Renaude; Oxigênio (2010), de Ivan Viripaev. A companhia realiza ainda frequentes intercâmbios com outros artistas no país e no exterior. Estreou na França, em 2014, o espetáculo Nus, ferozes e antropófagos em parceira com o coletivo francês Jakart. Mantém um repertório ativo e que circula com frequência. Recebeu os principais prêmios das artes no país. Para mais informações, acesse www.companhiabrasileira.art.br

Agradecimentos especiais a Madrepérola, Pé Palito e Vanderlei Bernardino. Agradecimentos: Adailton Moreira, Aléssio, Ana Custódio, Ana Luisa Lima, AnaTaglianetti, Ângela Laguardia, Antonia Pitanga, Beatriz Coelho, Bernardo Salvi, Bianca Bynton, Carolina Meinerz, Casa Quintal, Casa Modernista, Centro Cultural Banco do Brasil, Cláudia Dodd, Custódia Axiotelis, Denise Fraga, Diego e Lorena, Dilair Ferrarini, Dinea Palma, Eliane Iza de Carvalho, Emilia Lopes, Erom Cordeiro, Fabiano de Freitas, Furnas Eletrobras, Grupo Galpão, Hilton Cobra, Jackson Jordan, Julia Rodrigues Rocha, Kika Lopes, Lúcia Gayotto, Lúcio Lorenzo, Ludmilla Picosque, Luís Melo, Luiz Villaça, Marco Aurélio dos Santos, Maria do Carmo Giacomini, Maria Siman, Marly Gotti, MauricioTizumba, Michelle Sá, Miriam Juvino, Patrícia Laguardia, Quitéria Kelly, Rafael Bacelar, Ranieri Gonzalez, Raquel Neves, Renata Sorrah, Renato Carrera, Renato Livera, Ricardo Moises, Rô Nascimento, Sandra Prazeres, Segunda Preta, Sofia Axiotelis dos Santos, Suely Abreu dos Santos, Susana Bastos,Teatro Cacilda Becker,Telma e Lorena,Thomas Quillardet, Vany Alves, Vilmar Pereira.


POR QUE NÃO VIVEMOS? Da obra Platonov, de Anton Tchekhov Direção: Marcio Abreu Assistência de direção: Giovana Soar e Nadja Naira Elenco: Camila Pitanga, Cris Larin, Edson Rocha, Josy.Anne, Kauê Persona, Rodrigo Bolzan, Rodrigo Ferrarini e rodrigo de Odé Adaptação: Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar Tradução: Pedro Augusto Pinto e Giovana Soar Direção de produção: José Maria Produção executiva: Cássia Damasceno Iluminação: Nadja Naira Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino Direção de movimento: Marcia Rubin Cenografia: Marcelo Alvarenga | Play Arquitetura Figurinos: Paulo André e Gilma Oliveira Direção de arte das projeções: Batman Zavareze Edição das imagens das projeções: João Oliveira Câmera: Marcio Zavareze Técnico de som | projeções: Pedro Farias Assistente de câmera: Ana Maria

Operador de luz: Henrique Linhares e Ricardo Barbosa Operadora de vídeo: Michelle Bezerra e Sibila Operador de som: Felipe Storino Cenotécnico e contrarregra: Alexander Peixoto Assistente de produção: Luiz Renato Ferreira Máscaras: José Rosa e Júnia Mello Fotos: Nana Moraes Programação visual: Pablito Kucarz Assessoria de imprensa São Paulo: Canal Aberto Difusão internacional: Carmen Mehnert | Plan B Administração: Cássia Damasceno Criação e produção: companhia brasileira de teatro

Este espetáculo estreou em julho de 2019 no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ), por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.


por que não vivemos? 20 maio a 12 junho 2022 Sextas, às 20h. Sábados, às 19h. Domingos, às 18h. Duração: 150 minutos e 15 min. de intervalo Local: Teatro 18

Sesc Santo Amaro R. Amador Bueno, 505 Tel.: 11 5541-4000 Terminal Santo Amaro Largo Treze /sescsantoamaro sescsp.org.br


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