DA IDEALIZAÇÃO DA DIFERENÇA AO IDEAL DA DIVERSIDADE Ao longo da história do Brasil, forjaram-se mitos vinculados à ideia de país livre de preconceitos. Miscigenada e diversa, a sociedade brasileira teria como característica intrínseca a convivência harmoniosa entre os seus grupos constitutivos, o que daria forma à identidade nacional. Nessa perspectiva, a esfera pública deixaria de figurar como espaço de disputa e reivindicação de direitos para tornar-se lugar de festa e de celebração de certo mosaico das diferenças. Conflitos sociais seriam paulatinamente atenuados e esvaziados de significação política. Mais recentemente, com o reconhecimento das desigualdades que atravessam a população, segundo critérios de gênero, de cor e de classe, tais mitos começaram a perder força e a ideia de um país sem discriminação transformou-se em objetivo a ser alcançado. O projeto GenerosidadeS nasceu para escuta, troca, acolhimento e problematização da diversidade brasileira. Nesta segunda edição, coloca-se em destaque a produção de artistas e pesquisadores que trazem a temática sexual e de gênero para o centro de suas criações e debates, com olhar ampliado para outras relações de poder e suas interdependências. Há anos, movimentos sociais vêm chamando a atenção para como diferenças entre homens e mulheres, entre brancos e negros, entre ricos e pobres, atuam no cotidiano. Uma miríade de artistas e coletivos também conduzem suas pesquisas justamente nestas intersecções. Respeitar as especificidades de cada pessoa ou grupo tendo como perspectiva uma sociedade plural significa perceber como as desigualdades operam e interferem nos lugares sociais ocupados. Para o Sesc, o conjunto de atividades propostas é um chamado à pluralidade e um convite para que se possa, coletivamente, adentrar as trilhas da equidade. Sesc São Paulo
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AÇÕES PARA CIDADANIA
CINEMA E VIDEO
INTERVENÇÃO
EXIBIÇÃO
Campeonato Interdrag de Gaymada 29/9. Sábado, às 15h30
Divinas Divas 27/9. Quinta, às 19h30
BATE-PAPO Talk Show GenerosidadeS 4 e 5/10. Quinta e sexta, às 19h
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CRIANÇAS ESPETÁCULO TEATRAL
ARTES VISUAIS
Família Formigueiro Casa Condomínio 30/9. Domingo, 17h
PERFORMANCES
Roupas Agênero para Crianças 5/10. Sexta, às 14h
Dance With Me 28/9. Sexta, às 20h20 Tapete Manifesto 3/10. Quarta, às 15h Purificação 3/10. Quarta, às 21h
OFICINA
BATE-PAPO Desprincesamento 6/10. Sábado, às 15h CONTAÇÕES DE HISTÓRIAS
Pílulas do Esquecimento 4/10. Quinta, às 18h30
Os papais de Lulu 29/9. Sábado, às 14h
Trajetos com Beterrabas 5/10. Quinta, às 20h
A Princesa Arco-Íris 6/10. Sábado, às 14h
Desfrutar-se 5/10. Sexta, às 20h30
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DANÇA
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SHOW
SHOWS
Pole Pocket Show 29/9 e 6/10. Sábados, 19h
Angela Ro Ro 28/9. Sexta, às 21h
COMPETIÇÃO
Quebrada Queer & Batekoo 29/9. Sábado, às 19h30
Mini Ball 6/10. Sábado, às 17h
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Xenia França 5/10. Sexta, às 21h Ctrl+N & Verónica Decide Morrer 6/10. Sábado, às 19h30
JOVENS OFICINA
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MÚSICA
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TEATRO
Oficina Pra Brilhar 2 e 4/10. Terça e quinta, às 14h30
ESPETÁCULOS
LITERATURA
Engravidei, Pari Cavalos e Aprendi a Voar sem Asas 2/10. Terça, às 20h
SARAU Manas e Monas 28/9. Sexta, às 19h
Vênus Negra: um Manual de Como Engolir o Mundo 3/10. Quarta, às 20h
TALK SHOW GENEROSIDADES. Foto: divulgação
GENEROSIDADES
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AÇÕES PARA CIDADANIA CAMPEONATO INTERDRAG DE GAYMADA INTERVENÇÃO. 29/9. SÁBADO, ÀS 15H30. GINÁSIO COLETIVO TODA DESEO (MG) O espaço de convivência entre diferentes corpos, a partir do tradicional jogo de queimada, discute questões relativas à diversidade sexual no âmbito público. Na dinâmica entre as partidas e os intervalos, o Coletivo Toda Deseo – quatro líderes de torcida, uma DJ e uma juíza – conversa com o público por meio de uma série de performances e manifestos coletivos. Os times são formados no início da intervenção, de maneira espontânea, sem distinção de idade, etnia, tipo físico e, principalmente, identidade ou orientação sexual. JUÍZA Rafael Lucas Bacelar. TEAM LEADERS David Maurity, Ronny Stevens E Thales Brener Ventura. DJ Prima. PERFORMER CONVIDADA Nickary Aycker. MESA DE INSCRIÇÕES Idylla Silmarovi. DIREÇÃO Rafael Lucas Bacelar E Ronny Stevens. TÉCNICO DE SOM Akner Gustavson. PRODUÇÃO Érica Hoffmann
TALK SHOW GENEROSIDADES BATE-PAPO. 4 E 5/10. QUINTA E SEXTA, ÀS 19H. ESPAÇO DAS ARTES Programa de entrevistas apresentado por Lorelay Fox com convidadas especiais falando de assuntos plurais como o feminismo, transgeneridades, drag art e maternidades não-convencionais. Dia 4, a drag queen Ikaro Kadoshi, apresentadora do programa Drag Me as a Queen, do canal E!, será entrevistada. Dia 5, a cantora Bia Ferreira e a youtuber Hel Mother estarão em um bate-papo para lá de animado com Lorelay.
DANCE WITH ME. Foto: divulgação
GENEROSIDADES
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ARTES VISUAIS DANCE WITH ME PERFORMANCE. 28/9. SEXTA, ÀS 20H20. FOYER DO TEATRO ÉLLE DE BERNADINI Os corpos transexuais e de gênero não-binário são lidos pela sociedade de maneira abjeta, indecente, depravada. Corpos que só servem para a sujeira e prevaricação. Em Dance With Me, a performer cobre o corpo com mel e folhas de ouro 18k, e ao som de Bossa Nova e MPB convida o público a dançar com ela, num gesto de aproximação e desfetichização. Brinca com o jargão “não te aceito nem coberta de ouro”, para questionar os mecanismos de aceitação e rejeição dos corpos trans e não-binários pela sociedade normativa. Em seu trabalho, tais mecanismos são o recurso à beleza e à riqueza que adornam seu corpo considerado abjeto e o alçam ao patamar de aceitação, ou aproximação por parte do outro, que ao término da dança leva ouro em suas mãos ou em partes de seu corpo que tocaram o dela.
TAPETE MANIFESTO PERFORMANCE. 3/10. QUARTA, ÀS 15H. PRAÇA FLORIANO PEIXOTO COLETIVO GALERIA BRUTA Ação performática concebida e dirigida por Thaís Medeiros traz à cena uma reflexão sobre o tema da violência contra as mulheres, a massificação e vulgarização da morte nos dias atuais. Uma procissão simbólica, um manifesto poético-cênico inspirado nos tapetes devoção (realizados nas festas religiosas de Corpus Christi) contra a trágica tradição de assassinatos de mulheres no Brasil.Trata-se de um ritual poético, uma tentativa de, a partir do espaço da performance, sacralizar a vida das mulheres violentadas e assassinadas, criando no momento da confecção da obra, uma nova realidade. Um rito de transformação da violência em poesia e o empoderamento da mulher. COM Thaís Medeiros, Maria Ivani Ferreira de Andrade, Patrícia Thayan Ribeiro Moino, Ulisses Nunes Sanchez, Valdir Ferreira da Silva E Ivan Medeiros Masocatto
TRAJETOS COM BETERRABAS. Foto: divulgação
ARTES VISUAIS
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PURIFICAÇÃO PERFORMANCE. 3/10. QUARTA, ÀS 21H. CONVIVÊNCIA — PRISCILA REZENDE Apropriando-se de palavras pejorativas comumente utilizadas para se referir ao indivíduo negro, gradativamente a artista transfere estas palavras que inicialmente estão escritas em seu corpo, ao chão. Pinta-as com tinta guache no solo, ao mesmo tempo em que caminha sobre essas palavras, deixando sobre elas suas pegadas. Paralelamente a esta ação, lava o seu corpo e retira de sua pele essa sujeira momentânea. O corpo, antes frágil e sujeitado a uma representação pejorativa, transforma-se em agente ativo de poder, que rejeita esta representação e se purifica tanto interna quanto externamente ao se lavar desta alcunha a ele imputada.
PÍLULAS DO ESQUECIMENTO PERFORMANCE. 4/10. QUINTA, ÀS 18H30. CONVIVÊNCIA GILMARA OLIVEIRA (MG) Das violências sutis às mais incisivas que ocorrem nas relações entre gênero; dos apagamentos possíveis; das possibilidades de recomeço. Pílulas do Esquecimento compartilha memórias sonoras de inúmeras mulheres violentadas no Brasil e sela uma possibilidade de recomeço por meio da memória visual.
TRAJETOS COM BETERRABAS PERFORMANCE. 5/10. SEXTA, ÀS 20H. HALL DO ESPAÇO DAS ARTES ANA REIS (GO) Ao apropriar-se da ação de ralar beterrabas levando-a até a exaustão, a performance apresenta um processo de transformação, criando um ambiente de acumulações e tingimento. A repetição dos gestos e o cansaço imprimem desenhos no corpo e no espaço ativando as potencialidades de deslocamento e reinvenção da ação cotidiana no território urbano.
DESFRUTAR-SE PERFORMANCE. 5/10. SEXTA, ÀS 20H30. FOYER DO TEATRO — BEATRIZ CRUZ Ação artística que reúne uma série de relatos de mulheres coletados e trocados anonimamente. Os textos foram escritos por diferentes mulheres que se masturbaram com frutas. Historicamente o corpo da mulher é campo de cerceamentos e controles. O prazer sexual feminino está bastante relacionado ao binômio sexo-reprodução, à repressão da masturbação e ao controle da histeria. Na performance, a artista, vestindo uma placa que se assemelha à placa de vendedores ambulantes, convida as pessoas para escolher uma fruta. Cada fruta corresponde a um relato diferente. Os relatos estão gravados em áudio e disponíveis para serem ouvidos num dispositivo sonoro, ao lado de uma caixa de frutas. Como cúmplices, ouvem juntas o áudio, enquanto saboreiam a fruta escolhida e compartilham experiências sobre sexualidade.
DIVINAS DIVAS. Foto: divulgação
GENEROSIDADES
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CINEMA & VIDEO DIVINAS DIVAS EXIBIÇÃO. 27/9. QUINTA, ÀS 19H30. ESPAÇO DAS ARTES Divinas Divas apresenta a trajetória de Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Camille K, Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios. A partir de uma íntima relação com Leandra Leal, a diretora do filme, e com o teatro de sua família, acompanhamos as personagens no processo de construção de um espetáculo. O filme propõe a compreensão de suas vidas como obras de arte e como ato político no Brasil de ontem e de hoje. Para ela, “esse tema fala sobre o que me constitui, sobre a minha história, sobre a minha família. E, ao mesmo tempo, pela relação que tinha com elas, sempre acreditei que só eu poderia fazer esse filme”. As Divinas Divas são ícones da primeira geração de artistas travestis no Brasil dos anos 1960. Um dos primeiros palcos a abrigar homens vestidos de mulher foi o Teatro Rival, dirigido por Américo Leal, avô da diretora. O filme traz para a cena a intimidade, o talento e as histórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época.
FAMÍLIA FORMIGUEIRO. Foto: divulgação
GENEROSIDADES
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CRIANÇAS FAMÍLIA FORMIGUEIRO CASA CONDOMÍNIO ESPETÁCULO TEATRAL. 30/9. DOMINGO, ÀS 17H. TEATRO GRUPO POLEIRO DO BANDO Dedé e Bica têm nove anos e são colegas de escola e vizinhos de condomínio. Impulsionados por uma pesquisa escolar, as crianças iniciam uma jornada que as conduzirá à descoberta da pluralidade de arranjos, combinações e formatos que cabem dentro da palavra “família”.
ROUPAS AGÊNERO PARA CRIANÇAS OFICINA. 5/10. SEXTA, ÀS 14H. PRAÇA LIVREMENTE KIDS E ROUPA COM HISTÓRIA A oficina oferece à dupla, para crianças e acompanhantes, a oportunidade de integração e criação de vínculos afetivos e sociais, com foco na discussão dos padrões de gênero, que são reforçados e marcados com a confecção e estamparia de uma peça útil, de uso comum, unissex. No encontro, as crianças farão a estamparia manual com carimbos e os acompanhantes vão produzir shorts saruel infantil.
DESPRINCESAMENTO BATE-PAPO. 6/10. SÁBADO, ÀS 15H. SALA DE OFICINAS LARISSA GANDOLFO E MARIANA DESIMONE Roda de conversa sobre o conceito do desprincesamento e discussão da desconstrução do gênero feminino, do belo, através de conversa e exibição de trechos de vídeos (filmes clássicos de princesas). Atividade recomendada para crianças a partir de 8 anos.
A PRINCESA ARCO-ÍRIS. Foto: divulgação
CRIANÇAS
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OS PAPAIS DE LULU CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS. 29/9. SÁBADO, ÀS 14H. ESPAÇO DE BRINCAR AS DOLORIDAS Era uma vez o João e o Francisco, eles se amavam muito e resolveram aumentar a família adotando uma encantadora menina chamada Lulu. Lulu é muito curiosa, inteligente e diz ter a melhor família do mundo! Mas na escola da Lulu não é todo mundo que pensa assim... ao saber sobre sua família, uma de suas amigas começa a tratá-la muito mal, pois para ela, é errado ser diferente. Lulu fica muito triste, mas com o carinho e ajuda dos seus pais tudo será transformado!
A PRINCESA ARCO-ÍRIS CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS. 6/10. SÁBADO, ÀS 14H. ESPAÇO DE BRINCAR AS DOLORIDAS Será menino ou menina, João ou Joana? Essa é a história de uma princesa que ao nascer recebeu o nome de João, mas que sempre se sentiu Joana. Joana vai precisar enfrentar muitos desafios em seu reino para poder provar a todos quem ela realmente é, e ajudar a seus pais a compreendê-la e a amá-la como princesa Joana.
MINI BALL. Foto: Bruno Fujii
GENEROSIDADES
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DANÇA POLE POCKET SHOW SHOW. 29/9 E 6/10. SEXTA E SÁBADO, ÀS 19H. PRAÇA Apresentação seguida de experimentação do público no pole, com o intuito de entreter, apresentar e aproximar as pessoas à arte do Pole Dance. O pole é a sincronia de diversas linguagens da dança com o suporte de uma barra vertical, e com movimentos de força, flexibilidade e musicalidade dentro de uma coreografia. Por meio de instruções guiadas, o público terá um primeiro contato com o pole e poderá aprender alguns movimentos básicos que consistem em técnicas de pontos de contato da pele na barra, e travas especificas que dão forma aos movimentos e figuras. COM
Leandro Breton, Daiane Martins E Wesley Marques.
MINI BALL COMPETIÇÃO. 6/10. SÁBADO, ÀS 17H. CONVIVÊNCIA As balls da cultura ballrrom desafiam as imposições de gêneros e questionam os abismos de oportunidades e direitos entre pessoas de diferentes pertencimentos étnicos e de classes sociais. Serão 6 categorias: Virgen (iniciantes), Runway (desfile temático), Old Way x New Way, Sex Sirene (o mais sexy) e Vogue Femme - Soft Cunt x Dramatic. Akira Avalanx, Caio Victor E Luana Ninja. CHANT Félix Pimenta. Nelson D. DIREÇÃO GERAL Danna Lisboa.
JURADAS/OS DJ
OFICINA PRA BRILHAR. Foto: Daniel Fagundes
GENEROSIDADES
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JOVENS OFICINA PRA BRILHAR OFICINA. 2 E 4/10. TERÇA E QUINTA, ÀS 14H30. ESPAÇO DE TECNOLOGIAS E ARTES — VIRAÇÃO EDUCOMUNICAÇÃO Oficinas educomunicativas com adolescentes, jovens e público espontâneo com objetivo de sensibilização para questões de gênero e sexualidade, sob perspectiva interseccional no campo dos direitos humanos. Os participantes refletirão sobre os conceitos de gênero e sexualidade; interseccionalidades, notadamente com raça e classe e, por fim, direitos humanos, com foco privilegiado em direitos sexuais. Este trabalho é resultado da pesquisa e experimentação de ações realizadas no âmbito da Educomunicação pela Viração, com foco em gênero, sexualidade, promoção de direitos e mobilização social. Ao fim do percurso, a turma produzirá um vídeo de bolso.
MANAS E MONAS. Foto: divulgação
GENEROSIDADES
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LITERATURA MANAS E MONAS SARAU. 28/9. SEXTA, ÀS 21H. ESPAÇO DAS ARTES Nascido em 2015, surgiu como um coletivo artístico criado por ex-alunos de canto e regência da Escola Técnica de Artes do Estado de São Paulo. De forma gratuita e com o objetivo de fomentar o protagonismo de artistas mulheres e pessoas LGBTs nas mais variadas manifestações artísticas, o coletivo realizou e participou de diversos eventos em São Paulo. Antes do microfone aberto, propõem uma roda de conversa com algum tema pertinente à população LGBT e/ou feminina, fazendo com que se crie um ambiente favorável à troca de experiências artísticas e vivências sociais entre o público e os convidados presentes. Tendo em vista o mesmo tema da roda de conversa, o coletivo convida outro projeto, poeta ou artista visual para expor suas poesias e desenhos nas paredes do local onde acontece o sarau.
QUEBRADA QUEER. Foto: divulgação
GENEROSIDADES
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MÚSICA ANGELA RO RO SHOW. 28/9. SEXTA, ÀS 21H. TEATRO Dona de uma voz rouca e grave, Angela Ro Ro lançou seu primeiro álbum “Angela Ro Ro”, em 1979. Dele, surgiu uma das músicas mais conhecidas de sua carreira, “Amor, Meu Grande Amor”, regravada anos depois pela banda Barão Vermelho. Suas canções também foram interpretadas por outros grandes artistas da música brasileira, como Ney Matogrosso, Maria Bethânia e Marina Lima. A cantora e pianista vai além de suas composições para se expressar. Angela Ro Ro foi a primeira cantora a se assumir publicamente lésbica no Brasil. Sua sexualidade virou notícia nos jornais, mas a situação foi transformada em música. Escrita por Caetano Veloso, “Escândalo”, do álbum de mesmo nome, de 1981, entrou para sua discografia como mais um sucesso. Após 13 discos, Angela lançou mais 11 títulos em seu 14º álbum “Selvagem”, de 2017. No show, a artista caminha pelo blues, samba, jazz, rock e baladas que fazem sucesso em sua voz desde o início de sua carreira. Neste trabalho, divide o palco com o pianista e arranjador Ricardo Mac Cord, coautor de “Sai de Mim”, “Selvagem”, “O Que Me Resta” e “Meu Retiro”. Entre a sensibilidade e a coragem, a artista apresenta um trabalho que canta sobre danos, vaidades, enganos e amor.
QUEBRADA QUEER & BATEKOO SHOW. 29/9. SÁBADO, ÀS 19H30. PRAÇA Coletivo formado por cinco artistas independentes: Guigo, Harlley, Lucas Boombeat, Murillo Zyess e Tchelo Gomez, cada um no seu extremo de origem, em comum afastados do centro de São Paulo, de Norte a Sul e de Leste a Oeste. Todos negros e gays que fazem o hip-hop/rap de base para seus sons somando com outros estilos de origem negra como afropop, trap, R&B, soul e dancehall, compartilhando vivências e sentimentos através da música exaltando o empoderamento negro e trazendo à tona discussões sobre aceitação da sociedade, auto-aceitação e preconceito, relatando também experiências e feridas causadas pela homofobia, agregando e aquecendo o cenário LGBT, com mensagens de conscientização, respeito e positividade.
XÊNIA FRANÇA. Foto: Thomas Artuzzi
MÚSICA
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A Batekoo é uma festa negra LGBT que carrega uma proposta musical e cultural excepcionalmente negra, representando grande parte da juventude negra LGBT brasileira de forma orgânica. Esse movimento cultural é fruto do rap, hip hop, funk carioca, R&B, trap, urban, kuduro, reggae e demais estilos musicais relacionados a cultura negra, além de muita dança que resulta em grandes performances de forma natural. Batekoo é liberdade, é movimento, é ancestralidade. A festa conta com a presença de 3 DJ’s para animar a pista com muita musica ligada a diáspora africana, além de performers que extravasam a negritude através de danças como funk, kuduro, vogue, dancehall, entre outros.
XENIA FRANÇA SHOW. 5/10. SEXTA, ÀS 21H. TEATRO Xenia França lançou em outubro de 2017 seu primeiro disco solo, intitulado “XENIA”. Com produção de Lourenço Rebetez, Pipo Pegoraro e coprodução da própria artista, “XENIA” reverencia o som que vem da diáspora negra, em uma sonoridade essencialmente pop com pitadas de música eletrônica, jazz, sambareggae, rock e R&B. “Minhas influências desde pequena são Michael Jackson, Stevie Wonder, Gilberto Gil, Elza Soares, Margareth Menezes, Ilê Aiyê, Olodum, Edson Gomes, Milton Nascimento, entre outrxs. Também posso dizer que, há pouco mais de quatro anos, vivo um verdadeiro caso de amor pela música e cultura cubana. Neste trabalho, eu louvo esse povo tão maravilhoso por meio do Batá, tambor sagrado presente entre as gravações. De alguma forma, tudo isso está no meu disco”, comenta. Baiana radicada em São Paulo, Xenia é uma cantora reconhecida entre outros, pelo seu trabalho dentro da banda Aláfia. Sua carreira começou em 2007, quando cantava na noite paulistana sambas e clássicos da MPB no extinto grupo Capadoxe. Inserida em um cenário artístico de resgate e propagação da cultura afro-brasileira, a cantora se transformou em uma referência de empoderamento e comportamento feminino, principalmente para as mulheres negras.
CTRL+N & VERÓNICA DECIDE MORRER SHOW. 6/10. SÁBADO, ÀS 19H30. PRAÇA Música, ativismo queer, close, orgulho e respeito à diversidade. CTRL+N é um projeto nascido não somente da música, mas da vontade de ser um canal de visibilidade e reconhecimento da comunidade LGBTIQ+ dentro dela. Haroldo França e Nigel Anderson, que formam a dupla, conquistaram um bom retorno vindo do público nos seus primeiros trabalhos, percebendo a importância do diálogo musical e do fazer de “bicha pra bicha”. As músicas e demais conteúdos lançados pela CTRL+N são pautados em vivências. Os dois, homens cis homossexuais, carregam consigo a consciência da importância da experiência no discurso de suas obras. O duo pretende, nos trabalhos futuros, abordar questões relacionadas ao comportamento e contexto dos seus lugares, mas principalmente ao que os violenta diariamente.
VERÓNICA DECIDE MORRER. Foto: Lucas Malkut
MÚSICA
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A banda cearense Verónica Decide Morrer apresenta o show de seu primeiro álbum de músicas autorais. O grupo é formado pelos vocalistas Verónica Valenttino e Jonaz Sampaio, pelo guitarrista, Léo BreedLove e a baterista Vladya Mendes. A sonoridade é influenciada pela cena Post-Punk, New Wave de Nova York e pelas ruas e esquinas de Fortaleza, uma das principais fontes de inspiração em suas canções. A banda explora um universo de possibilidades com Verónica Valenttino, vocalista travesti que canta suas inquietações do dia-a-dia, abordando temas como gênero, solidão e sexualidade, presentes em letras fortes e empoderadas como “Testemunho de Trava”, “Vai me Desvendar”, “Roxy Music”, “Feito Hai Kai” e outras.
VÊNUS NEGRA: UM MANUAL DE COMO ENGOLIR O MUNDO. Foto: divulgação
GENEROSIDADES
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TEATRO ENGRAVIDEI, PARI CAVALOS E APRENDI A VOAR SEM ASAS ESPETÁCULO. 2/10. TERÇA, ÀS 20H. ESPAÇO DAS ARTES — CIA. OS CRESPOS Em cena, cinco mulheres negras e suas privacidades, atiram ao público suas trajetórias afetivas, permitindo à plateia conviver, durante o tempo da peça, com seus respectivos cotidianos. Essas mulheres/personagens tentam enxergar e modificar seus destinos, como lagartas aprendendo a voar, revelando seus medos, dores, amores e sonhos. Como em um jogo, no qual o espectador acompanha a transformação da atriz em diferentes mulheres. A peça cruza fragmentos de vidas, sem necessariamente confrontá-las, entregando para o público a linha que costura seus caminhos. A cena envolve ambientes privados, casas sem paredes, onde as personagens são reveladas. A trilha sonora, executada por uma DJ, conta ainda com músicas compostas para as personagens. Retirada de ingressos com 1 hora de antecedência. Após o espetáculo, haverá bate-papo.
VÊNUS NEGRA: UM MANUAL DE COMO ENGOLIR O MUNDO ESPETÁCULO. 3/10. QUARTA, ÀS 20H. ESPAÇO DAS ARTES — ZONA AGBARA O corpo sempre foi um espaço de disputa e, ao longo da história, foi modelado e remodelado a partir de uma série de discursos normatizantes e disciplinadores. Tomando o homem branco ocidental como símbolo máximo e universal da humanidade e civilização, cientistas europeus dissecaram, mediram, patologizaram e classificaram os corpos considerados desviantes do padrão masculino e eurocêntrico. Esse discurso científico justificou uma série de práticas políticas racistas e sexistas, institucionais ou não que permanecem até os dias de hoje. Retirada de ingressos com 1 hora de antecedência.