Benefícios doautoconhecimento

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OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

Descobre quem és antes de definires com quem queres andar.

TAURINA DE S.


TAURINA DE S. Pseudónimo de Etaniela da Silva e nascida a 25 de abril de 1992, em Luanda, Angola, é mestranda em Ciências Políticas – Cidadania e Governação pela Universidade Lusófona, licenciada em Ciências Políticas e Administração do Território, pós-graduada em Pedagogia, master em Inteligência Emocional pela Mindset Academy, PNL, associativista, comentadora política e escritora por paixão. Apesar de sua formação académica diferir muito da sua realidade de atuação, sempre teve grande parte de si voltada para o mundo da escrita, sendo desde tenra idade uma nata escritora de poemas, versos e reflexões de autoajuda. Exerce a sua atividade profissional como conselheira, com atendimento exclusivo de mulheres e casais, albergando na sua cadeia de aconselhamento mais de 65 mulheres. É proprietária das páginas @conselhosdeumataurina no Instagram e no Facebook, onde diariamente faz menção da sua corrente ideológica de forma inortodoxa e criativa, buscando atingir mulheres das mais distintas áreas e culturas de modo a criar uma corrente positiva em torno do mundo feminino.


TAURINA DE S. OSBENEFÍCIOS BENEFÍCIOSDO DO AUTOCONHECIMENTO AUTOCONHECIMENTO ANTES ANTESDE DEUM UMRELACIONAMENTO RELACIONAMENTO


TÍTULO

Os benefícios do autoconhecimento antes de um relacionamento AUTORA

Taurina de S. CAPA

novotexto.pt FORMATAÇÃO E REVISÃO LINGUÍSTICA

Artur Cunha 1.ª Edição Dezembro de 2021 ISBN: © 2021. Taurina de S. Este livro não poderá ser reproduzido, publicado ou transmitido, em parte ou no todo, por quaisquer meios (eletrónicos, mecânicos, fotográficos ou outros), sem a prévia autorização, por escrito, do autor.


CONTEÚDO DEDICATÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 AGRADECIMENTOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 PREFÁCIO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 AONDE TUDO DEVE COMEÇAR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Os benefícios do autoconhecimento Opinião, exemplos ou questões

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AUTOESTIMA AUTOCUIDADO AMOR-PRÓPRIO AUTOACEITAÇÃO SABER DIZER NÃO SEM MEDO DE PERDER INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL

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Esta obra é dedicada a todas as mulheres, sem exceção à regra, sem distinção de escolhas, desde as mais sábias às mais ingénuas, das mais recatadas às mais libertas, quer sigam padrões ou não. Esta obra é sobretudo dedicada às mulheres da minha vida, a todas aquelas que do seu jeito irreverente, às vezes bom, outras vezes nem tão-pouco, mas que de alguma forma, inspiradora ou traumática, incentivaram-me a buscar o meu autoconhecimento e procurar ser para mim tudo aquilo que só eu poderia ser. Este livro é dedicado a ti, mulher, para ti, mulher, e sobre ti, mulher, de uma mulher no meio de todas as outras para todas as mulheres desse mundo inteiro.



AGRADECIMENTOS Esta foi de todo a parte mais difícil de se fazer no processo de escrita deste livro. Na verdade, nunca parei para imaginar sequer que precisava agradecer por tê-lo escrito, e foi no debruçar de cada benefício que vi um pouco de cada uma das pessoas que irei citar aqui. Preciso tecer grandes vénias a Deus, o Todo-Poderoso que me permitiu tamanho discernimento e concentração para então partilhar com vocês todo aquele conhecimento que achei não ser justo guardá-lo só para mim. Agradeço e muito às três mosqueteiras que me criaram, a minha Eudalise (mãe), a minha Joscelina (tia) e a minha Ana (tia): sem a vossa direta participação eu não teria chegado até aqui. Sem me esquecer de agradecer ao meu amado Tio Jorge, o varão que me criou heroicamente com as três mosqueteiras. Agradeço ao grande homem da minha vida, aquele que me tornou tão culta ao ponto de desejar escrever um livro, meu Pai, Armando Magalhães. Agradeço à minha avó, Ana de Almeida Lucas da Silva. Não podia deixá-la de fora, pois ela sempre disse que eu tinha sido criada em berço de ouro e estava destinada a coisas grandes. Bem, Avó, não sei se essa era a grandeza a que te referias, mas posso dizer-te que me sinto enorme com esse feito, portanto sinta-se honrada. Agradeço a minha madrinha Gorete do Nascimento por acreditar sempre em mim, existem madrinhas e existem Mãe’drinhas como a minha Go... 9


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Deixei uma enorme figura para o final por um motivo bem especial para essa mesma pessoa. É que ela sempre diz que no final de tudo, quando as luzes se apagam e quando todos se vão embora, é quando realmente começa a festa. Então aí vamos nós, minha fonte de luz Aicha Jéssica, minha parceira para a vida. Muito obrigada por tudo, tu melhor do que ninguém sabes que esse livro não existiria sem a tua magnífica contribuição. Como dizem os artistas plásticos, foste a minha musa inspiradora, obrigada por teres sido essa chuva de emoções e maturidade, essa fonte de descobertas e aconchego, esse vento forte e telhados seguros, e muito obrigada por acreditares e investires em mim desde a página @conselhosdeumataurina até à constituição e produção desse livro. E por fim resta-me agradecer a toda equipa que esteve comigo na produção dessa obra; eu realmente trabalhei com os maiores, para mim não existem melhores que vocês e antes que se perguntem quem são essas grandes figuras vou já indicar que leiam a ficha técnica. O meu muito obrigada a todos por terem participado desta minha primeira aventura. Ah!, e já ia me esquecendo, OBRIGADA A MIM, pela audácia, resiliência, astúcia e pela enorme consideração que tenho por mim e por todos os meus altos e baixos que me fizeram reunir todo esse conteúdo para ensinar, educar, valorizar outras mulheres. Estás de parabéns, Taurina de S.!

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PREFÁCIO A vida toda aprendemos a forma correta de agir e estar com o outro, falam-nos sobre a importância de conhecer e satisfazer o outro, mas pouco se fala sobre o caminho para dentro... aquele que traçamos rumo a nós mesmos, aos nossos medos, angústias, traumas, audácias e silêncios... Não ensinam que é impossível enxergar o outro sem antes olhar para si mesmo, e isto leva-nos à ilusória demanda de buscar em relacionamentos o preenchimento que deveria vir de dentro. Neste livro de estreia, Taurina de S. mostra-nos o caminho para nos autorresponsabilizarmos pelos vazios do passado e escrevermos uma nova história, buscando e aplicando os benefícios do autoconhecimento antes de um relacionamento amoroso. Numa linguagem leve, a autora explora a falta de autoconhecimento como a razão do fracasso de muitos relacionamentos. Para tal, traz várias questões para reflexão, usando a sua própria experiência e exemplos descontraídos com o intuito de levar as leitoras a uma jornada interior de questionamento. Convém, assim, lembrar que este não é um livro com fórmulas prontas sobre como ter relacionamentos mais saudáveis, não é um guia prático e muito menos um manual de instruções; este é, na verdade, um guia de introspeção para mulheres que desejam curar-se das feridas do passado, viver a sua verdade e relacionar-se com autenticidade e consciência. Taurina de S. guia as mulheres nesta jornada de reencontro consigo mesmas, onde elas são mais do que meras leitoras... Aqui, elas são as protagonistas da própria história. 11


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A autora decora a leitura com lembretes sobre a beleza e a resiliência das mulheres. É assim que neste livro percebemos, claramente, que o autocuidado vai muito além das tão aclamadas rotinas de cuidados com o corpo, e passa antes pela nossa mentalidade e inteligência emocional... Ao longo da leitura, aprendemos a identificar padrões e a parar de negar as nossas necessidades para atender às vontades do resto do mundo. Por isso, para todas as mulheres dispostas a ir além do óbvio e a ultrapassar a barreira entre a dor e a cura, este livro é o caminho... Convido-a, então, cara leitora, a descobrir os prazeres do autoconhecimento nesta leitura agradável. Que cada página seja um lembrete do quão digna é de amor e aceitação porque, como diz a nossa autora, ‘‘a sua saúde emocional agradece por isso…’’ Luanda, aos 06 de dezembro de 2021 Rosa Soares Escritora e Mentora Literária

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Bendita aquela mulher que percebeu que o posto de rainha não lhe é dado nem promovido e sim adquirido de forma automática e gratuita desde a sua nascença… Taurina de S.



AONDE TUDO DEVE COMEÇAR



Diz-me: Quem és tu? Para onde queres ir? Quanto estás disposta a fazer por ti mesma? Normalmente estas perguntas são difíceis de responder, criam-nos confusão e nostalgia, uma sensação de atraso ou impotência, como se a nossa inteligência fosse resumida a nada quando o assunto é focarmo-nos na nossa própria vida e na visão que temos sobre ela para o futuro. Decerto você se questionará sobre como sei de tudo isso, sendo que eu não te conheço. Na verdade eu já passei por isso, já me senti impotente para buscar os meus próprios resultados e uma apoiante nata da vida alheia, já houve um tempo em que, de tanto inventar respostas aleatórias para esse tipo de perguntas que careciam de um profundo conhecimento sobre mim mesma, eu preferia manter vários metros de distância de pessoas que tendencialmente faziam essas questões — um exemplo bem prático eram aqueles famosos jantares de família, onde havia sempre um tio que insistia em perguntar: o que queres ser na vida?... O famoso tio visto como o terror dos sobrinhos... Sim, em cada família há um tio ou uma tia deste tipo e nunca é fácil lidar com as suas interrogações (fica aqui a indireta para os possíveis tios leitores que têm a mesma prática...) 17


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No meu caso, era mais fácil encarar e viver a vida sem ter que lidar com a pressão dos planos futuros que essas questões me obrigavam a fazer. Demorou, mas com tempo e bastante comprometimento comigo mesma, entendi que eu na verdade andava a fugir de mim, e quem em sã consciência consegue viver num mundo onde não se depara consigo mesma em qualquer esquina da rua onde haja um objeto que reflete a sua imagem? Podemos sempre fugir do mundo, dos problemas, mas nunca seremos capazes de nos privar da convivência connosco; portanto, de uma forma ou de outra nós aprendemos que a prática de se conhecer e definir o que é melhor para nós não é um ato que beneficia apenas aqueles que convivem connosco, e sim primeiramente a nós mesmos, pois através disso passamos a definir como queremos ser vistos, tratados e por quem, porque — cá entre nós — a seleção de pessoal minimiza esforços extras despendidos sem necessidade. Voltando um bocadinho para trás, quando eu acreditava que o remédio para as minhas inseguranças era ignorar categoricamente os meus sentimentos ou a ausência deles, a única coisa que tinha a certeza de querer para a minha vida era um companheiro, alguém que estivesse comigo para me cuidar, me representar, me honrar e corresponder às expetativas da sociedade que vestem a qualidade da mulher peneirando1 o homem com quem ela está acompanhada. Portanto, para mim esse era o meu maior compromisso, além de que era uma função geral, ou seja, de todas as mulheres, era um padrão que cedo ou tarde todas nós seríamos obrigadas a cumprir, e sempre foi mais fácil seguir regras já preestabelecidas do que questionar-se sobre elas ou ainda criar novas. 1

Nota do revisor: com o sentido de saracotear-se, menear-se, mover-se com desenvoltura

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É importante que possamos perceber a importância da nossa capacidade de escolha e nunca a confundirmos com talvez, pode ser ou simplesmente “também serve”. É como um sapato, ou serve ou não serve. Por exemplo: — Eu não gosto de uvas. — Tanto faz uvas ou mangas, importante é comer. A maneira como tu defines as tuas escolhas ou a falta delas, exigências ou não, é a mesma maneira como as tuas decisões serão vistas pelos outros: se uma pessoa não mede esforço para ser bem tratada ou acolhida, os outros também não medirão esforços para a tratar do jeito que ela merece, pois parte do princípio que “ninguém nunca fará por ti tão bem quanto o que tu mesmo farias se realmente te desses importância”. Na prática, o autoconhecimento traduz-se em conhecer a si mesmo, buscando explorar e conhecer suas próprias características, habilidades, forças, fraquezas e sobretudo perspetivas de vida — e quando se fala em perspetivas de vida, sobretudo em mulheres, quase sempre remetemos ao quesito Relacionamento Amoroso, isso desde os primórdios da nossa existência onde de forma espiritual, cultural e emocional nos foi passada a necessidade de juntar-se a outrem para então procriar, complementar e dinamizar as sociedades, mas pouco ou nada nos foi ensinado sobre o nosso papel dentro da nossa própria vida, que está por detrás do sucesso de muitos relacionamentos em que a mulher não se deixou sucumbir com a evolução da relação. Grande parte das relações são edificadas apenas porque mulheres abriram mão de si mesmas, suas ideias e sonhos para então fazer surgir a mulher ideal sábia e guerreira que edifica o lar e projeta o futuro, mas é buscando o autoconhecimento de si mesma que uma mulher não só define o que é melhor para si como também 19


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traça linhas definidoras de como pretende gerir um relacionamento, partindo do princípio de que não precisa e nem deve se sentir comprometida com causas que não lhe criam satisfação para poder garantir um futuro com alguém.

Lendo esse último parágrafo parece uma escrita que já há muito tempo foi dita e já não acarreta tanta novidade assim, mas se a colocar em forma de questões você poderá perceber o duplo significado por detrás dela. Por exemplo: uantas vezes alguém lhe perguntou o que você esperava de um Q homem, ou como seria o parceiro ideal para você? quantas foram as vezes que você respondeu bonito, simpático, E charmoso, higiénico, trabalhador, romântico, financeiramente estável, ou ainda que tenha apenas um bom caráter? E mais uma vez você se perguntará como eu sei de tudo isso se eu nem se quer te conheço... Não, eu não estou falando propriamente de ti neste momento e sim de 99% das mulheres no geral (perceba que essa percentagem é hipotética e meramente ilustrativa). Grande parte das mulheres, seja qual for a raça, etnia ou educação, tem as mesmas respostas para as mesmas perguntas, e essas mesmas respostas são fruto de um pensamento padronizado existente de geração em geração, de acordo com experiências vividas de outros relacionamentos com que têm contacto, como os dos nossos pais, avós, tios, primos, amigos , colegas ou ainda aquele famoso casal de novela onde todas as características do galã chamam a atenção. Ou seja, milhares de mulheres no mundo inteiro se idealizam e idealizam seus relacionamentos no sucesso e nas características de outros relacionamentos, dando pouco ou não dando ouvidos para aquela que realmente precisa definir o que é melhor para si: ela mesma. 20


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Na teoria, o ideal seria que você olhasse à masculinidade, coragem e bravura de um Tom Cruise e dissesse é esse o homem que eu quero para mim e isso se concretizasse, mas na prática, feliz ou infelizmente (e eu digo que felizmente), todos nós somos seres diferentes dotados de personalidades, características e acima de tudo gostos muito próprios que fazem com que o salgado da Ana seja insosso para mim e o doce da Cláudia me cause diabetes. Caso eu esteja a ser lida por alguma Cláudia e por uma Ana, queira aceitar os meus agradecimentos pois me serviram de inspiração.

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Bom, mais uma vez somos levadas a questões e soluções facilmente resolvidas com uma dose de autoconhecimento, que gera conforto na tomada de decisões e escolhas, uma vez que o autoconhecimento teoricamente é uma palavra que por si só nos diz o significado, que é auto + conhecer. Ou seja, conhecer-se, capacitarse, conectar-se. Perceba a repetição do “se”: sim, sempre é sobre você e nunca sobre os outros, mas qualifica e define a qualidade das suas relações com as outras pessoas, a medida que define suas qualidades e faz com que as pessoas tenham contacto, a partir de ti, daquilo que você se acha capaz e da maneira como você se define, criandolhe estabilidade emocional na medida em que suas fraquezas não serão descobertas pelos outros no decorrer dos estreitamentos das tuas relações, não correndo o risco de dar poder a qualquer pessoa de sapatear por cima de uma música que só deve ser dançada por si e com quem você acha confiável para dividir um bom pé de dança. Não se sinta perdida, ainda estamos a falar sobre as fraquezas... Quem gosta de dança sabe que dançar sapateado não é tão fácil como aparenta ser, e o mesmo se diz das nossas fraquezas: não é fácil expô-las e deixar que alguém as carregue connosco, mas ficam mais leves quando nós mesmas sabemos quais são e quanto nos pesam, para que assim possamos medir com quem partilhá-las. 21


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Espero que neste parágrafo você tenha percebido por que é tão importante o processo do auto+conhecer. De uma forma ou de outra acabamos sempre por carecer de uma reflexão profunda sobre nós mesmas e sobre os nossos medos e anseios, e na verdade é muito necessária essa analise, tanto quanto definir nossos limites e deixar patente que de muitos deles não podemos abrir mão, pois fazem parte da nossa sustentabilidade emocional. Infelizmente, a prática do autoconhecimento para algumas etnias e culturas ainda é vista como uma ação que tende a contrariar aquilo que culturalmente se espera das mulheres. Nos países africanos na sua maioria, ainda é bastante comum que uma mulher apenas espera do seu parceiro um bom dote financeiro, uma família conservadora e que seja fértil e viril para que possa garantir o crescimento e perpetuação do nome da família. A prática do autoconhecimento em mulheres africanas é bastante negligenciada, uma vez que não convém para muitos homens que uma mulher faça mais perguntas do que o estipulado, peça mais do que o básico que defina que ela tenha uma vida digna dentro de casa, pois é sabido que uma mulher capaz de definir o que quer para si, o que lhe agrada e o que não lhe satisfaz ainda é vista como uma mulher exigente, arrogante, autoritária e com baixas probabilidades de manter um relacionamento sólido e duradouro. Não seria um problema se nós, mulheres, fôssemos seres programados, mas como não o somos, o questionamento é: Quanto vale um relacionamento sólido: pouco ou mais que o teu bem-estar emocional? Você acredita ser possível manter um relacionamento onde os seus sentimentos e desejos sejam postos constantemente em segundo plano? 22


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A verdade é que, sem definir suas prioridades e cedências, uma pessoa não saberá responder a estas questões sem que a mente lhe dê vários sinais de dúvidas ou aquele famoso “depende”… O autoconhecimento exercido e uma pessoa com pleno conhecimento de suas capacidades gere os seus relacionamentos desde a base, a chamada paquera2 , pois entende que o que começa com negligência de sentimentos reprime não só o outro lado como catapulta a relação para o fracasso. Vendo bem, já existe um texto que diz que “o divórcio começa no namoro”, mas se nós andamos disponíveis e prontas para homens que correspondam às nossas expectativas do exterior ou de uma maioria, claramente teremos os problemas da maioria e levaremos por tabela pelo simples facto de não sermos capazes de definir o que realmente queremos, não com base nas características dos outros e sim nas nossas, que só saberemos quais são quando passarmos pelo processo de nos autoconhecermos. Algumas pessoas surpreendem-se com várias atitudes que têm dentro de um relacionamento (ou mesmo com a ausência de atitudes), isto porque entraram para o relacionamento de olhos vendados para o seu eu interior e de óculos graduados para um relacionamento idealizado em vivências alheias, e partimos do princípio de que quem não se conhece não saberá dizer o que espera dos outros e muito menos medir o comportamento dos outros para consigo mesma, pois se eu própria não sei do que sou capaz e nem parei para analisar o que realmente eu gosto ou não, isso que dizer que toda a corrente que me for dada para mim servirá até o dia que algo ou alguém me mostra que as coisas não funcionam bem assim. [Brasil, informal] Namoro ou conquista amorosa, geralmente de pouca importância ou com cariz meramente sexual.

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Entenda bem quais são os benefícios de uma mulher completa de autoconhecimento antes de entrar num relacionamento amoroso. Costumamos ouvir que é depois de momentos difíceis que passamos a nos conhecer melhor e avaliar as nossas atitudes com maior precisão, mas uma questão que muitas vezes não conseguimos fazer, embora seja gritante por dentro, é: será que precisamos mesmo passar por caminhos menos fáceis para descobrir quem somos e o que queremos para nós?... Não, quando entendemos que o autoconhecimento gera autoestima, aceitação, cuidado e amor-próprio, não só nos relacionamos melhor com o mundo como também connosco, e passamos a encarar nossas falhas como parte do nosso processo de crescimento e não como uma regra taxativa para que possamos crescer. Perceba bem: errar é humano, mas precisar errar para se tornar alguém não faz parte das necessidades humanas. O que eu quero aqui lhe dizer é que, com este livro, eu espero que você se autoanalise. Dentre os vários motivos pessoais que me fizeram criar esse conteúdo para você está presente o desabafo de uma mulher que precisou se mutilar primeiro antes de aprender a andar com as suas próprias pernas; no entanto, conhecer-me foi fundamental, porque deste mesmo conhecimento eu aprendi seis benefícios que me proporcionaram o conforto necessário para que as minhas relações pessoais e amorosas fossem mais leves e menos opressoras para mim — e eu precisava passar essa informação e imagem para outras mulheres para que juntas possamos definir nossas escolhas como prioridades antes que façamos dos outros a nossa prioridade. Portanto, sinta-se pronta para navegar em conhecimentos sólidos com uma pitada das minhas vivências.

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És bonita do teu jeito, desconstruidamente inteligente, és bela à tua maneira, nasceste bela, não precisas de uma confirmação da tu a beleza, és amada pelo que és, tanto por dentro como por fora; se vierem até ti que seja pelo que tens e por querer, não te anules por ninguém, sê livre do preconceito das pessoas, diga baixinho obrigada… PS: da sua autoestima



AUTOESTIMA



A famosa autoestima, amada por poucas e confundida por

muitas... Perco a noção de quantas vezes precisei comprar roupas

novas para sair e colecionar olhares daqueles que me enchiam de elogios e alimentavam a estima por mim mesma. Dito assim parece

normal, mas vendo e pesando bem, quão desolador é necessitar da aprovação e avaliação dos outros para se sentir bem consigo mesma? E quão esgotante é estar sempre atenta às novas tendências da moda e da estética para atualizar uma beleza exterior que foi

criada pelos padrões da sociedade e que seu corpo, coitado, não pediu para fazer parte dela.

Você percebeu que no parágrafo acima eu falei apenas sobre

a beleza exterior, padrões e exigências da sociedade, não é? E eu

tenho quase a certeza que você não percebeu agora por que eu faço

menção disso nesse parágrafo. Uma vez que é sobre isso que trata o ponto abordado aqui, eu explico: normalmente, quando ouvimos falar de autoestima é-nos passada rapidamente a imagem de que

autoestima é o amor pelo nosso corpo e nossas características físicas, e que isso é alimentado pela maneira como você se cuida ou

pela maneira como os outros a tratam. Em parte esse raciocínio não está errado, mas felizmente a definição de autoestima é muito mais abrangente e complexa do que isso. Perceba comigo a diferença.

Em psicologia, autoestima remonta sobretudo a uma avaliação

subjetiva que uma pessoa faz de si mesma, nomeadamente de forma 29


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positiva ou negativa, avaliando seus pontos a favor como também os que não a favorecem, e quando se fala disso precisamos entender que não estamos a falar apenas sobre o físico, como também o emocional e psicológico. Carácter e qualidades profissionais, bem como dotes pessoais, também entram para essa estatística de avaliação, e essa avaliação envolve vários fatores como crenças autossignificantes que muitas vezes são definidas pela maneira como você se vê ou como foi obrigada a se ver. Por exemplo: Eu sou competente vs incompetente Eu sou linda vs Ninguém me acha bonita

Então, o que eu queria que você percebesse com o exemplo acima é que a maneira como você se olha, se descreve ou se critica define muito a qualidade da estima que tem por você mesma, ou seja, uma pessoa que nutre sentimentos positivos por si mesma, olha para os seus erros e fracassos com o mesmo respeito com que olha para os seus acertos e vitórias, sendo que percebe que não existe uma competência absoluta nem incompetência total, e isso só é possível ser percebido quando avaliamos os nossos pontos fortes e os fracos. E o mesmo acontece nos relacionamentos amorosos.

Se de antemão eu já sei que ir ao cinema não é o meu ponto forte porque durmo após o início da sessão, obviamente eu não me colocarei nessa situação em horários nos quais eu seja mais vulnerável a adormecer, ou saberei identificar a melhor maneira para assistir a um filme sem precisar me entregar ao sono, e não me pressionarei nem vou me culpabilizar por isso, nem que seja um desejo do meu parceiro, uma vez que não é certo que eu finja sentir conforto por aquilo que não me transmite conforto, e sim, neste momento estamos a falar sobre autoestima, pois quando você se define tanto como uma boa parceira para caminhar num parque, como uma péssima parceira para dividir uma sala de cinema e 30


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não se anula e nem se desmerece por isso, você não só se trata corretamente como evita passar a ideia errada ao seu parceiro. E qual seria essa ideia? A de que você não vê mal algum em sofrer pelo bem-estar da relação ou do parceiro. E cá entre nós, várias atuais relações só não transmitem a real reciprocidade e respeito que deveriam porque mulheres resolvem constantemente abrir mão do amor que têm por elas mesmas em busca do amor do próximo. De uma forma errada, passamos a acreditar que o amor ao próximo e do próximo é mais importante que o amor-próprio, e desta senda mulheres que se acolhem pelo que são e pelo que querem passaram a ser vistas como egoístas e egocêntricas. A qualidade da nossa autoestima também é vista e medida através das nossas emoções em relação aos nossos feitos ou fracassos, vontades reprimidas e sonhos não investidos. Veja: Eu conquistei o João vs Foi o destino quem me trouxe o João

Eu quero abrir uma barbearia vs Eu quero abrir uma barbearia, mas o meu namorado não me incentiva. Autoestima é sobre a nossa aprovação por nós mesmos, logo, quando você precisa da aprovação e do reconhecimento do outro para se avaliar é sinónimo de que você ainda não sabe do que é capaz e do que realmente precisa, e para uma mulher isso chega a ser mais perigoso do que para o homem, uma vez que a masculinidade do homem o ensina a saber que um homem deve ser viril, forte, astuto, trabalhador, marido e pai, mas a feminilidade de uma mulher só nos ensina a ser doce, forte, porém devemos ser vistas como frágeis, guerreiras, aquela que tudo suporta e aquela que se submete aos cuidados de um homem que é visto como o seu protetor e guardião. 31


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Não que eu ache errado essa visão primária e bastante construída em ideologias padronizadas, mas se formos a analisar é esta mesma visão que faz com que muitos homens se tornem os maiores carrascos da mulher e cria os mais altos índices de dependência emocional de uma mulher para um homem. Constantemente, depois de uma anulação completa de uma mulher que assentou todas as suas cadeiras numa única mesa para que o seu parceiro se sinta confortável, vemos as pessoas dizerem que o problema daquela mulher foi falta de autoestima. A questão é: que mulher consegue ter autoestima dentro de um relacionamento se antes do relacionamento nunca a teve? Não que seja impossível, mas aí já estaríamos a pôr em glória a qualidade de um homem desconstruído e com um carácter muito voltado para o amor que enaltece, ou a questão colocada por mim no penúltimo paragrafo da nossa introdução ao tema que aqui vos trago: a necessidade de precisar de passar por maus momentos para decidirmos o que é ou não é bom para nós. Hoje em dia normalizamos o sofrer para aprender e o cair para saber andar, mas será mesmo necessário passarmos sempre por esse círculo vicioso que nos cria tantos traumas e reservas? Quem é você afinal de contas, uma pessoa tão arriscada ao ponto de entregar a sua objetividade para a subjetividade de alguém, ou alguém disposto a assumir seus objetivos sem correr o risco de ser levada como subjetiva para os outros? Aconselho vivamente que se responda a estas perguntas, pois a importância que procuramos no mundo e nas pessoas está muitas vezes imprensa na maneira como nos doamos aos outros de forma desmedida. Na verdade, essa é uma resposta que uma pessoa com autoconhecimento e consequentemente autoestima não precisará de mais de dois segundos para responder, pois quem se ama sabe sempre que deve estar em primeiro lugar em tudo que for fazer. 32


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A importância do eu sou, eu quero, eu consigo, eu vejo, eu gostaria, eu gosto, eu escolho, eu prefiro, é crucial para o sucesso de um relacionamento, e isso é conseguido quando temos uma relação bem sólida com as nossas escolhas, capacidades, gostos e desgostos.

Eu me sentir bonita porque sou bonita e não porque o vizinho ou colega de escola constantemente o diz faz com que não só eu me acolha caso seja rejeitada por alguém em que tenha interesse, como me valorizo caso o meu parceiro não seja do tipo de parceiro que comunica com palavras de afirmação, ou seja, se eu tenho um parceiro que é mais do tipo de oferecer presentes ou ajudar com as minhas finanças e raramente faz elogios ou reparos, por ter uma boa autoestima eu não vou entender isso como um atentado ao meu amor-próprio, porque eu por mim mesma me qualifico e me acolho pelo que sou e não pelas opiniões que recebo — e é através disso que eu procuro me comunicar de forma assertiva e não por julgamentos, no sentido de que eu passo a informar ao meu parceiro que eu gostaria que ele comunicasse mais comigo em relação às minhas qualidades e não como maior parte as mulheres faz, que é culpar o parceiro pela sua falta de estima. Perceba: O seu parceiro precisa lhe elogiar se essa for a maneira que você gosta de ser tratada e se essa maneira de comunicar seja a sua preferida, mas ele não deve o fazer como título de obrigação sob pena de se não o fizer será culpado pela tua falta de cuidado por ti mesma. Não atribua a responsabilidade da sua autoqualificação ao seu parceiro. A opinião do seu parceiro pode ocupar vários degraus na escada das suas relevâncias sobre si ou sobre as tuas decisões; só não pode ocupar todos os degraus, pois você precisa construir a si e os seus

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alicerces com as suas certezas e não com as certezas dos outros. Estar numa relação amorosa é partilhar gostos, preferências e planos, não é tornar-se igual ao outro. É necessário pararmos de confundir unir com fundir: quando você se une com alguém vocês os dois carregam, para além da junção, as suas próprias particularidades. O contrário é a representação da anulação de um ou de ambos os lados. Na minha página de trabalho do Instagram, denominada @conselhosdeumataurina, você encontra um conteúdo que fala sobre as cinco linguagens do amor. No parágrafo anterior a este eu frisei duas delas: as “palavras de afirmação” e “presentes”, e eu sempre aconselho aos meus leitores e às pessoas que me consultam a lerem este conteúdo, bem como o livro escrito por Gary Chapman3, que foi o percursor destas cinco linguagens. Sempre acho importante falar sobre a maneira de comunicar, porque o problema das relações nem sempre está no comportamento do outro para connosco; vezes há que está na maneira como nos tornamos carentes à medida que vamos entrando em relações sem nos conhecermos.

Por exemplo, tornou-se muito normal ouvirmos mulheres dizerem que querem um homem que as façam sentir bonitas, inteligentes e desejadas. Ainda é mais constante ouvirmos mulheres comentarem sobre a sua pouca sorte em não terem os mesmos atributos físicos que outras mulheres ou ainda não terem a mesma estabilidade financeira que Sicrano ou Beltrana, o que também as faz achar que consequentemente não tenham tanta sorte com os homens, e quando finalmente conseguem um parceiro que goste delas mesmo com todos esses empecilhos que elas identificaram 3 As Cinco Linguagens do Amor, publicado em 1992, é um livro de psicologia que explica as cinco maneiras de expressar e experimentar o amor com o parceiro.

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como problemas, apelam às graças do destino por lhes ter trazido um homem – e aí começa uma nova salada russa, a da gratidão em forma de dependência emocional, pois quando você não se ama pelo que você é e nem se acolhe você será setecentos e setenta e sete vezes sete mais grata a tudo de bom que te acontecer. Tudo isso porque não se acha merecedora de coisas boas, e então você passa a achar normal se anular, se inviabilizar, mudar seus padrões e gostos só para mostrar ao outro o quão grata você está por tê-lo na sua vida. Então, mas por que é tão importante assim para você ter uma boa autoestima ao entrar em um relacionamento?

Ao invés de lhe falar sobre isso, eu vou deixar aqui umas questões para você responder. No final delas deixarei a minha opinião sobre as possíveis respostas. Quantas vezes você esteve em uma relação e sentiu que o seu parceiro não tinha a mesma capacidade de fazer coisas por si tal como você conseguia fazer por ele?

Quantas vezes você se relacionou com pessoas mesmo sabendo que elas tinham alguma característica que não lhe agradavam, mas eram pessoas que lhe tratavam melhor do que aquelas que você realmente tinha interesse em se relacionar?

Quantas vezes você deixou de usar uma roupa ou um acessório só porque você achou que o seu parceiro não iria gostar e você não podia nem devia o dececionar, porque sentia que isso o faria repensar na decisão de estar ou sair consigo? Já alguma vez se sentiu desconfortável em apresentar o seu namorado ou pretendente para aquela amiga que todos ao seu redor (inclusive você) acham que é a mais bonita ou a mais inteligente do grupo? Como estas perguntas a fizeram sentir? 35


TAURINA DE S.

Acredite ou não, mas as quatro perguntas foram feitas por mim e para mim mesma depois de eu ter percebido que tinha problemas de autoestima. Mudei de linha porque as pessoas que me conhecem de forma

superficial – e até algumas que me conhecem a fundo – vão ficar

boquiabertas depois de lerem que eu disse que “tinha problemas de autoestima”. Então troquei de parágrafo para que elas pudessem

respirar e se recuperar do susto. Eu que sempre fui a mais armada para muitos, convencida para vários, cínica para milhares e paquerada por pretendentes pluritipos* (este livro não seria meu se

eu não colocasse aqui o meu infindável stock de palavras inventadas

por mim...), mas como eu ia dizendo, eu nunca me achei feia, nunca me achei com o biótipo errado, tive muitos tabus em relação à minha

cor e isso fez com que me achasse menos merecedora de muitas

coisas, mas eu nunca achei que tivesse problemas com autoestima porque sempre me senti em alta, sempre fui bem resolvida comigo mesma, ou pelo menos achava que era…

Mas, no entanto, sempre fui pouco cautelosa com os meus

desejos e vontades dentro de uma relação e sempre senti muita necessidade de estar sempre bem apresentada, de usar sempre a

melhor linguagem, para me convencer e convencer os outros de que era uma mais-valia estar comigo, achava sempre que devia algum

tipo de tributo ou devoção aos blindados e abençoados parceiros

que tinha. Sim, eu os chamo assim pois era assim que os tratava, e você deve estar se perguntando por que eu fazia isso — e é bom que se pergunte, pois é sinónimo de que possivelmente você não

sofra nem nunca sofreu de baixa estima. Se for esse o caso, sinta-se orgulhosa, pois é uma no meio de milhares com essa enfermidade. 36


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

Lembram-se que lá no início da explicação desse benefício

eu falei que a autoestima é a construção da maneira como nos

vemos ou como fomos obrigados a nos ver? Pois eu, durante muito

tempo, fui tratada como preta demais, escura demais, cabeçuda (não ria que eu estou vendo daqui...), e todos esses adjetivos

preconceituosos e pejorativos fizeram com que eu criasse sobre mim uma capa da menina bem resolvida – e até aí tudo bem–,

mas eu nunca me permiti admitir que isso me magoava e me fazia sentir menos merecedora de coisas que pessoas de tom de pele mais

claro mereciam. Então eu fui me sentindo grata por todos os homens

que gostavam de mim mesmo com esse detalhe, que para mim era enorme.

Essa mesma gratidão fez com que eu me permitisse fazer tudo

que eu não tinha vontade, mas sentia que deveria, pelo simples facto de ter um blindado na minha vida, na vida daquela menina

que teve a pouca sorte de ser muito escura e ter uma cabeça que

todos faziam questão de frisar como se fosse um tema em destaque no jornal nacional.

O que eu quero que você perceba é que a partir do momento

em que olha para o seu parceiro como a sorte e não como o sortudo

por estar contigo, você certamente começou mal a relação e a sua autoestima. Mesmo que você se sinta em alta em relação aos outros, não está saudável e nem proporcional ao que deveria estar... A autoestima traduz-se muito na maneira como permitimos que os outros nos tratem e por que o permitimos.

Sobre as perguntas que você precisava responder para obter a resposta do quão importante é ter autoestima, no caso de ter respondido não a, no mínimo, três das questões, é bem provável que você seja uma pessoa muito definida e muito apegada aos seus 37


TAURINA DE S.

limites, mas no caso de ter respondido sim algumas vezes, ou muitas vezes, ou ainda está vivendo pelo menos uma das questões descritas acima, lamento em dizer, mas sua autoestima esta baixa e seu nível de autoconhecimento é tão baixo que não lhe tem permitido se priorizar nem se qualificar como deve e merece; e eu não me espantaria se você se sentisse mal após ter percebido que as suas respostas não lhe trazem um diagnóstico positivo, mas a boa noticia é que a partir de agora você pode e deve fazer diferente sem se sentir culpada. Afinal de contas você não merece viver de esmolas nem na sombra de ninguém, e quando você percebe isso, dure o tempo que durar solteira, não faz mal, pois sua futura relação, além de ter mais saúde que todas as outras, lhe trará mais conforto consigo mesma. Mas não se esqueça que o ganho da autoestima pode também lhe ajudar a melhorar a sua atual relação, ou seja, se seu parceiro realmente lhe amar não se incomodará em agregar na vossa bagagem um espaço para os ganhos da sua autoestima e bem-estar. Se decidir mudar porque você mesma quer melhorar, porque precisa evoluir e estabelecer novos limites e diretrizes para a sua vida, é mais do que justo que aquele que você escolheu para viver e partilhar a vida lhe acompanhe e ainda lhe dê forças. Reconhecer isso e não se sentir culpada por o desejar é sinónimo de que a estima por você e pelas suas escolhas tem aumentado consideravelmente ao ponto de você criar novos compromissos consigo mesma. Então a autoestima deve e precisa fazer parte do seu pacote de sedução, da sua transa gostosa, do seu jantar romântico e das suas discussões em busca de concordância, pois o sucesso do seu dia a dia depende da qualidade das suas escolhas e suas escolhas nunca serão qualitativas enquanto você se olhar com pena ou como obra de acaso do destino... E acredite, mulheres com baixa autoestima são extremamente atraentes por causa da sua baixa 38


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

capacidade de fazer exigências e da alta capacidade de se anular em prol dos outros, porque pouco se cuidam e cuidam muito mais dos outros. E eu quero também que você entenda isso lendo o segundo benefício do autoconhecimento para uma mulher antes de se relacionar com alguém. Mas só para recapitular: Autoestima é você estar bem resolvida com a sua beleza, com os seus atributos ou ausência deles, com sua inteligência para certas coisas e pouca inteligência com outras, com os seus bons feitios e com os maus também, com suas boas memórias e com as menos boas, com suas falhas e com seus acertos, com quem te diz sim e sobretudo com quem te diz não, com quem te quer e com quem não sentiu nada por você e principalmente com quem te ama sem que você sinta necessidade de viver agradecendo. Resumindo: acredite que a autoestima é o seu reconhecimento sobre si mesma sem precisar de um guia para lhe mostrar tudo que você tem de bom. Autoestima não é acreditar que tudo está bem todos os dias e em todas as horas, autoestima não é sobre se sentir perfeita sempre, é sobre se merecer, se valorizar, se acolher com todos os nossos erros e acertos, defeitos ou não, é sobre entender que todo mundo tem dias cinzentos mas que o mundo é feito de várias cores, pelo que temos de aprender a vivê-las. Autoestima é sobre ter um parceiro e, em busca de aprovação, não se sentir obrigada a fazer por ele aquilo que você não deseja para você.

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Não receba migalhas de ninguém, não seja

o contatinho* de ninguém, não ache normal

ser posta como opção, saia de ambientes

servidos de humilhação, não alimente o seu corpo de insuficiência, tenha mais cuidado

com os seus frutos, regue a sua raiz com

sentimentos bons, a sua saudade emocional lhe agradece por isso…

PS: Do teu autocuidado

* Expressão brasileira, correspondente a contactozinho no Português Europeu, indicadora de contacto esporádico ou encontro ocasional com alguém do sexo oposto.



AUTOCUIDADO



Quantas vezes ouvimos ou lemos por aí frases como “Não se desmerece por ninguém, cuida do seu eu interior”, ou ainda “Se te aperta é porque não te serve”? Leia: Se você não quer, não faça. Se não se acha capaz, se capacite primeiro, não força etapas. Se não se acha merecedora, olhe para dentro de si e encontre as razões. Se te humilha, não te dá honra. Se não te cuida, se cuide você. Essas são frases de minha autoria, e escrevi-as porque em determinado tempo da minha vida passei a acreditar tanto na minha responsabilidade no que concerne a todos os dissabores que já passei que me forcei a entender aonde estava a errar, e foi assim que percebi que eu estava a cuidar lindamente da minha parte estética e não tinha nem noção que existia mais de mim que merecia mais de mim mesma; então escrevi frases de autoajuda que me lembravam constantemente onde eu não podia errar e que pudessem ajudar outras mulheres na mesma situação que eu. Não sei como é com vocês, mas antes de me tornar coach, conselheira, motivadora e percursora de direitos e liberdades 45


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femininas eu ouvi e li durante muito tempo famosas frases de reflexão e autoajuda de outros autores e muita vezes eu dizia: “Uf, escrever é fácil, na vida real é tudo diferente...” Isso porque me foi demonstrado que para amar exige sacrifícios; até aí tudo bem, mas eu devia ter percebido que sacrifícios por amor só são bem vindos desde que não alterem aquilo que nos transmite conforto e muito menos danifica a nossa capacidade de se cuidar e se acolher. Na verdade, as mulheres não foram feitas para ter muito conhecimento sobre esse assunto, porque se tornam seletivas demais e a sociedade nos projetou e educou para sermos submissas e procriadoras, e quando uma mulher entende que, antes de cumprir requisitos preestabelecidos pelos outros, precisa primeiro de se cuidar e definir como quer ser cuidada pelos outros, ela se priva de relacionamentos presos em estatísticas e percebe que a única pessoa capaz de corresponder e superar suas estatísticas sem muita montanha russa envolvida é ela mesma.

Entrando no segundo benefício de uma mulher que trabalha e aplica o seu autoconhecimento antes de se relacionar amorosamente, damos de graças com o autocuidado banalizado por muitas mulheres à medida que exige constantemente que façamos escolhas, entre quem nós amamos mas não nos trata como gostaríamos e entre o nosso amorpróprio e cuidado. Ainda sobre optar por nossos interesses e planos individuais ou abrir mão em nome do relacionamento ou da família, entenda que muita das faltas de decisões que não fazemos a nosso favor acabam por nos criar um conflito interno e nos impossibilitar de cuidar de nós como deveríamos, e isso se transmite numa cratera de emoções confusas e negativas o que psicologicamente chamamos de falta de autocuidado.

O autocuidado é muito complexo e vai muito além dos cuidados

com o corpo e mente. É uma junção de cuidados envolvendo o nosso corpo, sentimento , o estado emocional e social, tudo em completa 46


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

harmonia; é não reprimir sentimentos em busca de um equilíbrio

entre o nosso subconsciente e o meio onde estamos inseridas, pois percebemos que isso apenas nos trará um défice interno à medida

que passamos a partilhar grande parte de nós com pessoas que não só não nos engrandecem como também exigem de nós esforços a mais que podiam ser canalizados em coisas ou ações que nos trariam mais benefícios. O mesmo acontece em relacionamentos. Por exemplo:

Se eu estou numa relação onde constantemente sinto que

estou a pisar em cacos e tenho que medir bastante esforço antes de falar e solicitar uma ajuda ou até um carinho, eu não só estou a educar mal o meu parceiro (perceba que relacionamento só

funcionam quando tanto um como outro se educam para poder conviver com as perfeições como com as imperfeições do outro),

como também passo grande parte do meu tempo a arquitetar a melhor maneira de falar sem criar conflitos, e eu podia gastar esse

meu tempo, que é um recurso irrenovável, a criar uma fonte de renda que beneficiasse não só a mim como ao casal ou ainda a

evitar que o meu emocional estivesse sempre em sistema de alerta,

a desenvolver crises de pânico ou de ansiedade. Afinal de contas, relacionamentos são para agregar e nunca para prejudicar.

Vou deixar aqui um ponto muito importante que possivelmente

você verá repetido em todo o livro: eu falo muito sobre coisas que

fazem a relação dar certo, e eu sei que existem pessoas que não têm associado essas ações ou atitudes em seus relacionamentos ou ainda

cresceram a ver relacionamentos sem esses itens e mesmo assim foram duradouros e frutíferos... Bem, existe uma enorme diferença

entre um relacionamento que deu ou dá certo e um relacionamento funcional: relacionamentos que dão certo transmitem saúde 47


TAURINA DE S.

emocional tanto para um como para o outro; relacionamentos funcionais são feitos de mecanismos encontrados em ambas as partes para fazer suas lacunas serem tampadas, que nem um motor revisado em chaparia intocada, que todo mundo acha lindo mas o dono vive a controlar o nível de óleo e de água. Mas esses relacionamentos estão cheios de muitas reservas, insatisfações, ou seja, não existe saúde senão conformismo, e isso ou essa imagem tem um preço altíssimo para ambas as partes envolvidas, por isso é sempre importante definirmos quem realmente queremos ser nesse mundo de maria vai com todos. O autocuidado está além de simples definições e só pode ser alcançado a partir das nossas ações, vou repetir “nossas ações”. Veja: apenas nossas boas ações que se repercutem no nosso bemestar, não se pode ter cuidado com a nossa trajetória, mente e corpo se não agirmos de encontro ao nosso bem-estar, ou seja, não se pode dizer eu me amo e eu me cuido e ao mesmo tempo aceitar ser traída e procurar defeitos em nós para entender os motivos que o outro encontrou para não ser fiel aos sentimentos que pertenciam a ele. Quantas mulheres já saíram de suas casas para fazer uma visita sem permissão a casa de amantes dos seus parceiros para ouvir o que não precisavam, falar o que não deviam e passar pelo que não era necessário só porque não sabiam que o dever do primeiro cuidado era seu e não do outro? Nesse momento você pode estar dizendo ah!, eu vou mesmo, eu ligo pra ela, eu não aceito passar papel de burra. Está bem, mas quantas vezes você saiu cheia de garra e voltou reflexiva porque descobriu que aquele que deveria ser o seu protetor e sua caixa de segredos te desonrou falando de forma pejorativa sobre assuntos que eram só vossos, e quantas vezes você voltou para casa e, mesmo depois de ter ouvido o que 48


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

não imaginava e ter criado uma discussão sem solução final, você voltou a se deitar com aquele que foi o causador da sua vergonha? Agora eu lhe pergunto, se o seu parceiro, aquele que lhe humilhou, voltar a fazê-lo igual ou pior, de quem será a culpa dessa vez: da amante, dele ou sua? Eu poderia responder a essa pergunta, mas quero apelar ao seu lado intelectual que leia novamente as frases autorais que eu coloquei lá no início desse benefício e encontre

as respostas para essa questão. E faço isso porque existe uma área do autocuidado que incentiva o cuidado com o seu lado intelectual, calma que eu vou falar de uma forma breve e clara sobre isso aqui. Sobre o autocuidado intelectual, ele consiste em exercitar nossa mente diariamente, senão mesmo de hora em hora, e é uma das razões que fazem com que este livro seja um livro de autoajuda feito de forma interrogativa, ou seja, aqui eu procurei fazer com que você buscasse as suas próprias respostas e no final avaliasse o seu nível de curiosidade consigo mesma, o seu nível de conhecimento, o seu nível de pesquisa e sobretudo o seu nível de interesse, e você pode se perguntar novamente: por que eu preciso saber disso tudo se esse livro fala sobre relacionamentos amorosos? Então, você precisa saber tudo isso porque, além do primeiro relacionamento saudável precisar ser entre você e você mesma, também os seus relacionamentos amorosos com outras pessoas precisam desse caráter interrogativo, pois faz parte da criação de planos e estratégias amorosas que você aprenda a dar o melhor de si de forma intelectual e receber o melhor do outro também. E como você poderá receber ou dar algo que além de não saber também não se informa? R: você poderá saber disso ao estimular o seu pensamento crítico e a criatividade, ao abordar seu pensador interno e ao cultivar um intelecto saudável, de forma a expandir seu conhecimento e mentalidade. Então, quanto mais você se questiona mais 49


TAURINA DE S.

você encontra dentro de si respostas que ninguém mais lhe pode dar e percebe que não existe exatidão nas respostas alheias e consequentemente você aprende a cuidar tanto de si através da sua capacidade de preferir apenas aquilo que lhe faz bem e também a dar aos outros aquilo que realmente precisam.

Então autocuidado também é sobre entender que não existe mal algum em ter gostos diferentes dos outros e falar sobre isso, é sobre ler frases de autoajuda e não fazer exatamente como está lá escrito e entender que você sabe sempre o que é melhor para si, é sobre não aceitar fazer o que os outros querem porque hipoteticamente é o correto, pois, a título de exemplo, o correto para Zeus não foi o correto para Hércules e nem por isso Hércules deixou de ser um grande orgulho da mitologia grega. (Eu sinceramente vou lamentar bastante se você não conhece essas duas figuras da

😂

minha infância [  ], o Hércules foi meu crush da infância, então só posso pedir que vá ao Google e leia sobre eles.) Eu perdi a conta de quantas vezes fiz coisas escondidas dos meus ex-parceiros só por não ter coragem de dizer que eu gostava de certas coisas e desgostava de outras, eu ainda fico mais perdida em contas quando me lembro de quantas vezes eu me calei perante inúmeras situações de desrespeito pelo simples facto de achar que homem nenhum merecia viver com uma mulher que reclama de mais, e eu passei a engolir meus próprios sentimentos, e ausência de sentimentos é o que me fez começar a trair a mim mesma e a alguns deles também. Sim, eu já fui infiel e não me orgulho disso, mas me orgulho do que esse mau episódio me tornou, uma mulher que sabe muito bem o que quer e o que não quer.

Eu coloquei essa passagem aqui pelo simples facto de que às vezes nós ouvimos falar sobre autocuidado de uma maneira muito subjetiva, do tipo você precisa se cuidar para que os outros cuidem de você, mas não ouvimos falar ou se calhar não nos convém interpretar 50


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

de uma forma mais objetiva, no caso o autocuidado é algo que nos recarrega, em vez de sugar nossas energias. Ao contrário do que muitos preconizam, de que pessoas que escolhem de mais e estão sempre a falar a verdade e o que pensam são pessoas egoístas e pouco sensíveis, o autocuidado não é um ato egoísta e sim um ato de amor-próprio, e num relacionamento, se você não tiver amor-próprio, consequentemente não saberá se cuidar e sempre achará que ir em frente com suas próprias decisões e lutar pelos seus planos e caminhos é uma afronta à saúde emocional do seu relacionamento. Mas que tipo de relacionamento você quer ter num local onde as suas palavras e ações em prol do teu bem-estar são vistas como afrontosas?

O autocuidado te priva de entrar em relacionamentos onde sua objetividade vai ser posta em lugar secundário, seja o teu possível parceiro o mais lindo de todos aqueles com quem já te envolveste ou ainda o mais estável financeiramente, pois não há beleza e nem dinheiro que passe pano para a destruição emocional que a falta de amor-próprio nos causa. Não se trata de fazer algo por nós de forma indiferente ao que nosso parceiro quer, e sim sobre mostrar ao outro o por que é importante para nós certas decisões e ações e juntos achar um meio termo que beneficie aos dois. Mulheres que não se cuidam e nem se ouvem têm em mente que precisam constantemente pedir permissão ao parceiro para ser ou fazer.

As pessoas não têm uma carta de transmissão de poderes que sai dos nossos pais para o então cônjuge. Se as pessoas se juntam porque se amam e viram que esse amor, estando juntos, se torna mais agregador, então por que após um noivado, casamento ou união de facto passamos a agir como se fôssemos animais comprados e adestrados? Porque nós nunca aprendemos a nos cuidar como deveríamos, nós apenas nos mantemos intactas até chegar a altura em que nos será pago o dote para então irmos com o nosso dono, e isso, minhas caras amigas, é que tem feito simples homens se 51


TAURINA DE S.

tornarem grandes homens e continuarem a dizer que tiveram uma grande mulher atras de si. E eis a grande questão: como está essa grande mulher atrás desse grande homem: será que ela tem algum suporte ou só aprendeu a ser suporte de alguém? Mais uma vez, o autocuidado não é um ato de egoísmo e sim um ato de amorpróprio em massa. Uma mulher fazer questão de ser tratada como ela quer, usar do benefício de ter o corpo que ela quer e gozar da liberdade de expressão como ela quer, não ferindo a esfera de liberdade dos outros e muito menos criando embaraços a quem dela faz sua companhia, não é um ato de desrespeito e sim de liberdade, e desejar isso e fazer com que isso aconteça não deve ser visto como um ato de feminismo e sim como um ato de liberdade e igualdade; e perceba que existem mulheres por regra muito caladas, muito reservadas e mais contidas, e isso não quer dizer que essas mulheres são as melhores para se ter como companhia e que possivelmente não têm tanta necessidade de ter autocuidado. Vou explicar porquê: porque não interessa o caráter da mulher e sim que esse caráter seja respeitado. Imagine uma mulher que não gosta muito de sair, não bebe nem para brindar a um momento especial e muito menos participa de forma verbal em eventos intimistas, arranja um parceiro que é o típico homem simpático, extrovertido e que não passa despercebido por onde vai. Esse mesmo homem possivelmente se orgulha por ter uma mulher tão discreta e bem educada (infelizmente mulheres calmas são vistas como educadas, pelo que mais uma vez vemos como é importante a despadronização da mulher), até porque é isso que os homens gostam, de ter-nos debaixo da sua linha de controlo, mas no caso essa relação faz com que esta mulher esteja vulnerável à possibilidade de estar constantemente obrigada a ser e fazer coisas que não lhe criam conforto. E se for uma mulher que não tem autocuidado e entende que fazer o que não quer não é se cuidar, ela não só se olha como a errada da história como também não comunicará de forma 52


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

assertiva com o seu parceiro de modo a encontrar um meio termo para a disparidade de caráter um do outro. Percebem? Existe uma frase que diz que “ Os opostos não se atraem e sim se estressam” (eu não sei de quem é a frase, senão faria questão de deixar aqui os devidos créditos, porque obviamente essa pessoa se machucou feio e hoje nos deu essa frase como lição de moral) e eu acho que ela faz todo o sentido, principalmente porque pessoas que se atraem pelo oposto inicialmente acham sempre que existe algo de mais interessante no comportamento oposto do outro, e isso gera negação e conflito com aquilo que realmente somos, e pessoas que constantemente se negam também tentam mudar pelos outros, não existindo nem cuidado nem respeito na mente de uma pessoa que acha que seus gostos e preferências são frutos de um defeito. E também existem aqueles que se atraem pelo oposto do outro, tentando sempre modificar aquilo que inicialmente lhe causou interesse. Ou seja, uma luta tanto contra o nosso autocuidado como contra o cuidado ao próximo, e isso é uma matéria que o autocuidado leciona todos os dias para os seus alunos, e esses alunos somos nós quando entendemos que antes de nos relacionarmos bem com os outros precisamos nos relacionar melhor ainda connosco. A minha intenção aqui é que todas as mulheres que tenham contacto com esse livro parem de acreditar que se cuidar é mais exaustivo do que ter relações abusivas e eu digo isso porque muitas de nós acham impossível fazer com que os homens nos amem estando nós de coração aberto com as nossas escolhas e vontades. Nós não somos adaptáveis, na verdade nenhum ser humano o é, nós nascemos para nos sentirmos completos com todas as nossas perfeições ou não e quando uma pessoa diz eu não quero isso, eu não me enquadro nisso, essa pessoa não está sendo chata e sim está a reclamar o que é dela por direito: o direito de continuar a se sentir completa e de buscar uma pareceria segura. 53


TAURINA DE S.

Veja uma coisa: Autocuidado não é deixar de tomar uma decisão com medo do que o seu parceiro vai achar Autocuidado não é se sentir desconfortável com o seu corpo e radicalizar na dieta só porque o seu parceiro lhe traiu com uma mulher mais magra ou mais cheia do que tu Autocuidado não é aceitar fazer malambarices sexuais que lhe causam desconforto ou nenhum tipo de prazer só para manter o seu parceiro contente sexualmente ou impedir que ele faça na rua Autocuidado não é saber que não tem liberdade a frente do seu parceiro e fingir só porque tens medo de ficar solteira Autocuidado não é estar a ler esse livro, ver que tem atitudes que acontecem com você e fechar novamente o livro e viver uma vida que você sabe que não lhe favorece Autocuidado sobre tudo é não culpar os outros pela sua falta de atitude para buscar o melhor para si. É sobre fazer o que é bom para você, com o corpo, mente, coração e alma que só você tem. E, fundamentalmente, o autocuidado não é ouvir os outros constantemente como mecanismo de busca por decisões que só cabem a si, mas sim dar espaço para que a sua mente lhe diga o que realmente você precisa. Mas vai muito além disso, é pôr em prática tudo aquilo que você sabe que é o melhor para si, mesmo que seja difícil para o seu coração. E lembre-se, você não precisa sair de relações que não lhe trazem conforto, você precisa se encher de autoconhecimento e comunicar suas mudanças, e se essa pessoa realmente gostar de você, nada será mais gratificante do que te ver crescer para melhor e criar um ambiente propicio para que os dois cresçam juntos. 54


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

Afinal de contas quando você se cuida e dá valor a esse cuidado que você desprende por você mesma todos os dias, você também entende que não é qualquer pessoa que virá dar cabo disso. E já agora, pergunte-se e surpreenda-se com as respostas à pergunta que eu coloquei abaixo. A pergunta pode fazer com que faça um retrospetiva em relação ao que você é ou poderia ser, caso não tivesse alguém e também sobre o que você anulou sobre si mesma ao cuidar mais do outro do que de você. “Que coisas boas posso fazer por mim sendo solteira?”

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Numa casa onde seja exigido o amor ao próximo tanto quanto seja respeitado o amor-próprio, eu me encontrei lá, mas naquela casa onde seja obrigatório tudo suportar em nome do amor ao próximo mesmo que me destrua por dentro, nesta moradia não procureis por mim, pois não existe lá um lugar para mim… PS: Indiretas do seu amor-próprio



AMOR-PRÓPRIO



O amor-próprio!!! Parece tão clichet e ao mesmo tempo tão necessário... Não deveria ser um tema de autoajuda, pois cada um de nós deveria tê-lo como garantido desde a nascença, deveria ser o nosso pão de cada dia e estar incorporado em todas as nossas ações em prol do nosso bem-estar, mas por razões bastante contundentes passamos a confundir o amor-próprio com egoísmo ou ainda com o amor ao próximo. Ainda há quem acha que não faz mal não se preferir, errado mesmo é não tratar bem o outro. Mas a questão é: como vais tu amar ao próximo como a ti mesma se tu mesma não te tratas bem? A verdade é que hoje em dia se fala muito sobre o amor-próprio, mas ao mesmo tempo se aumentou o nível de cobranças estéticas, pessoais e sociais; hoje em dia viver não é simplesmente viver e sim seguir uma idade cronológica que advém ou de herança familiar, estudantil ou ainda profissional, ou seja, precisamos seguir a linhagem de matrimónio da família, precisamos seguir o exemplo de inteligência do colega João e precisamos ocupar os cargos que os colegas Paulo e Patrício outrora ocuparam. Tudo, exatamente tudo, se tornou uma competição. Portanto, neste atual modus vivendi que se prega de forma altruísta a pressão de ter uma boa aparência, enriquecer e sermos bem-sucedidos em tudo, as pessoas se sentem carentes, reprimidas, confusas e diminuídas por não conseguirem ser o que a propaganda,


TAURINA DE S.

os média e o sistema difundem como fórmula de realização pessoal e sucesso. E ao falarmos sob o peso dessa pressão, automaticamente estamos impossibilitados de não frisar o quanto as pessoas deixam de amar e amar tudo aquilo que construíram do seu jeito e que desejaram do seu jeito, porque simplesmente passaram a acreditar que o jeito dos outros é o certo. O amor-próprio é o amor que as pessoas têm por si mesmas, é a capacidade que cada um de nós tem de se preferir em meio de tudo e todos, não é egoísmo e sim qualidade de vida, é você não se anular em busca do amor de ninguém e sobretudo você saber muito bem o quanto vale ao ponto de definir que tipo de amor você merece receber. Muitas vezes, por traumas de infância com os progenitores, tutores, passagens de bulliyng durante a fase estudantil ou ainda primeiros relacionamentos traumáticos onde o amor foi servido com muitas exigências e sacrifícios e pouca reciprocidade, grande parte das mulheres não consegue defender seus direitos, suas escolhas e principalmente não consegue se olhar com qualidade. Então vive buscando o olhar de aprovação constante em seus parceiros, filhos, familiares e amigos. Você já deve ter ouvido mulheres que, quando se vestem, dizem constantemente que se vestiram para os seus parceiros, ou ainda mulheres que quando fazem alguma mudança no visual buscam primeiramente a opinião do parceiro e se esse não for rápido ou positivo na sua abordagem, essas mesmas mulheres começam a sentir que não deveriam ter feito essa mesma mudança, pois seus parceiros mal perceberam ou não gostaram. Na verdade, não existe nada de errado em procurar uma palavra de afeto ou um gesto de alento em nossos parceiros, amigos e afins, mas o motivo pelo qual o fizemos é que esta errado; nós não precisamos da aprovação de ninguém para fazer uso dos nossos desejos, portanto quanto mais buscamos 62


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

a aprovação dos outros mais expostas estaremos à instabilidade

emocional, porque o facto de todos os seres humanos serem únicos e

com características próprias é que faz com que não possamos sempre agradar a gregos e a troianos – daí ser de extrema importância que

aprendamos a amar tanto a nós como às nossas escolhas, para que as pessoas nos olhem de acordo com aquilo que somos e não de acordo com aquilo que somos capazes de nos tornar pelos outros.

A falta de amor-próprio numa mulher que entra num novo

relacionamento faz com que essa mulher se permita ser mudada sem que o outro lado faça sequer esforços, pois ela acredita que o sucesso

dessa nova relação está na mudança que ela possivelmente não fez no

antigo relacionamento. Neste caso, uma mulher sem amor-próprio, sem estruturas montadas sobre as suas qualidades, constantemente se sente errada no final de uma relação. E são essas mesmas mulheres

que constantemente se sentem usadas pelos ex-parceiros, e isso nos

remete a uma questão: que tipo de comportamento você adotou para que o teu ex-parceiro te usasse? Uma pessoa que se ama de verdade

não só não aceita ser posta como empecilho como também não cria um espaço atrativo para pessoas manipuladoras ou abusadoras.

Sabe aquela famosa insegurança que faz com que muitas

pessoas não consigam namorar à distância, outras até não consigam se sentir confortáveis quando o parceiro vai para algum lugar sozinho?

Essa insegurança, vista como banal, frequentemente tem muito a ver com a falta de amor-próprio, porque na maioria das vezes está

associada ao medo de o parceiro encontrar alguém melhor que nós, ou parecer que está melhor sem nós. E cá entre nós: quem, amando-

se e sabendo muito bem do que é capaz e quais as suas qualidades

que a fizeram capaz de conquistar o seu parceiro, se sente inferior a outras mulheres ou ainda ameaçada? 63


TAURINA DE S.

Resposta: quem se sente insegura por isso são, na maioria, mulheres que não só não se amam pelos motivos certos como também olham para os seus parceiros como sortudos, como já havia dito quando abordamos a autoestima. Veja aqui alguns exemplos de atitudes que demonstram falta de amor-próprio e que possivelmente você já cometeu e nem sabia: Se envolver com homens que não prestam e não a tratam bem. Aceitar ser humilhada pelo parceiro, por medo de sair da relação e ficar sozinha ou ainda não encontrar outra pessoa que lhe queira. Sair com homens que só lhe usam para sexo casual mesmo que no fundo você não se identifique com essa prática. A insegurança e a falta de autoconfiança que faz com que mulheres estejam sempre na defensiva com outras mulheres ou até com parceiros ou possíveis parceiros. Estão sempre em alerta para todo o tipo de crítica, nunca levam de ânimo leve qualquer tipo de reparo. Ser traída vezes sem conta e preferir se manter nesse ambiente usando razões que favoreçam terceiros. Pelo menos 4 das 6 atitudes acima expostas fizeram parte de mim durante muito tempo – e olha que eu sempre achei que me amava até de mais –, mas o que acontece é que amorpróprio não é sobre se achar bonita e sim sobre se achar bonita independentemente de quem, como ou porque. Isso para mim não funcionava bem assim: eu me achava bonita mas ao mesmo tempo me achava feia para algumas pessoas, ao lado de algumas pessoas e se algumas pessoas comentassem sobre mim. Então várias vezes eu 64


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

me pressionava a estar muitíssimo bem apresentada para disfarçar toda e qualquer imperfeição física que eu tivesse; no meu caso, a única imperfeição que me tirava a paz era o facto de ser muito escura. Em parágrafos anteriores, ainda nas atitudes, eu falei que pessoas muito na defensiva e com baixa capacidade de receber críticas, não nutrem por si mesma o amor-próprio que deveriam. Quando eu escrevi sobre isso estava a falar muito propriamente de várias situações na qual fui protagonista. Eu me lembro que não suportava ser repreendida por um parceiro, eu achava sempre que isso ia se seguir de um término, uma vez que ele estava a começar a ver quem realmente eu era... E era esse o problema: eu me achava conflituosa de mais, cabeça dura de mais e achava que mulheres assim são difíceis de suportar. Então eu lutava para esconder isso das pessoas, mas na verdade não temos como escondermos aquilo do qual fomos feitos, e a melhor maneira de mudar muitos dos nossos comportamentos não é a se ocultar e muito menos guardar um ódio por dentro e sim a criar uma relação de aceitação e paz pelo que você é, para que possa se entender e compreender por que você é assim e procurar ajuda. Mas voltando ao assunto em questão, uma pessoa sem amor-próprio não reconhece suas imperfeições como parte de um processo e sim como um empecilho, e assim não procura ajuda, apenas se culpa, se nega e se odeia. E vamos ver mais um pouco sobre este quesito de negação quando falarmos sobre o benefício da autoaceitação. É bastante necessário que as pessoas saibam distinguir a qualidade do amor que devem dar para si diariamente e a qualidade de amor que devem dar para o outro diariamente. Não se pode dar mais nem menos, pois é tudo doseado, você não verá conflitos em 65


TAURINA DE S.

seus relacionamentos envolvendo falta de reciprocidade se desde início deixou bem claro que “eu te amo, mas sei estar sozinha”, ou seja, “te amo, sim, mas não preciso de você para viver, porém contigo o mundo tem mais cor, mas o facto de o mundo ter mais cor com você não anula todas as outras cores que eu conhecia antes de te conhecer”, isso não é egoísmo! Certamente, mulheres que não se amam estão sempre a achar um motivo bastante plausível para permanecer em ambientes que lhes desfavoreçam, tais como: O João está a portar-se mal, eu vou lhe aguentar até casar e depois ele vai ver... Quero ter os meus filhos todos com o mesmo pai, portanto não posso deixar o Bruno. Os meus filhos não merecem crescer com pais separados, por isso eu estou aqui com o Roberto. Não posso voltar a casa dos meus pais com os filhos nos braços. Os meus pais não me educaram para ser uma mulher solteira. Você viu que nesses exemplos em cima eu falei muito sobre situações que envolvem as mães, não é? Por um simples motivo: nos foi imposto que um dos sacrifícios da maternidade é abrir mão do nosso amor-próprio em função do bem-estar dos filhos e da família. Ou seja, nasce uma mãe e anula-se um ser humano, e é realmente triste ver como muitas mulheres verdadeiramente acreditam ser possível educar um filho com os padrões certos no meio de um ambiente desestruturado e por uma mulher desacreditada... E este assunto nos faz também levar em conta a qualidade do amor que damos, não só a nós como também aos nossos praceiros, depois da maternidade, uma vez que ao se anular um ser humano que se 66


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

cuida, se prioriza e se trata para então surgir uma mãe que pensa e faz tudo em prol do seu filho, automaticamente também se anula uma parceira e se cria uma máquina de cobranças à medida que a mulher percebe que as maiores mudanças foram feitas por ela por então achar que a maternidade é a carta aberta de renúncia a si mesma e é assim que surge o “era um vez uma ex-linda relação”. Todas as vezes que você deixa de se preferir para agradar aos outros você não só contraria a regra do amor-próprio como a do amor ao próximo também, pois não existe o correto em dar amor ao outro mais do que a ti4, ou serás tu menos merecedora que o resto do mundo? Eu, por exemplo, não me acho menos merecedora de nada; na verdade, eu sinto que sou muito mal resolvida com todo o tempo que criei dentro de mim um jardim para que cobras se alimentassem de mim a seu bel-prazer. As consequências da falta de amor-próprio podem ser muito severas numa mulher, uma vez que é a nós que está incumbida a função de criar e promover o equilíbrio entre as relações. A falta de amor-próprio gera falta de autocuidado e baixa autoestima, e ter amor-próprio é sentir prazer ao cuidar de si e entender que seu relacionamento deve e precisa ser saudável, pois dele dependerá a continuidade do seu bem-estar e quando você não se incomoda por estar em lugares onde te ofereçam menos que isso está dando a imagem errada, tanto ao seu parceiro como a todos aqueles que dependem de você para criar uma imagem positiva do que é viver.

Não quero e nem espero aqui passar a imagem de que estar bem a 100% ou todos os dias é obrigatório e muito menos de que o amor-próprio dá fim a todos os malefícios provenientes dos nossos relacionamentos amorosos – isso é uma utopia, uma vez que, nos 4

Na verdade, o segundo dos Dez Mandamentos bíblicos enfatiza isso mesmo, quando diz: Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo”

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amando ou não, o facto de estarmos inseridos numa sociedade com uma vasta partilha de informações, desejos e vontades alheias que até certo ponto acabam sempre por colidir com as nossas não muda, mas ter amor-próprio significa encarar os problemas porque eles existem e não porque eles são maiores que a nossa existência. Eu realmente acredito que nenhum problema é maior do que nós, a nossa capacidade de lidar com eles é que fica menor a cada situação vivida. Agora imagina ter que encarar todos os problemas que surgem em função das múltiplas diferenças que cada parceiro carrega consigo sem saber realmente quem somos e quanto valemos... Obviamente o resultado sempre será traduzido em discussões que envolvem muitos cacos soltos na medida de que tudo de crítico ou negativo vindo do outro nos soará como uma afronta. O que eu quero aqui passar é que não é normal estarmos sempre a nos colocar no lugar de vítima, incapaz, insuficiente e carente, e é mais anormal ainda procurarmos um parceiro que venha mudar esses sentimentos em nós, pois não é função de ninguém, se não nossa, a de enchermo-nos de capacitação para proporcionar um ambiente saudável para quem vier e decidir ficar. Além de que mulheres que não se amam são muito previsíveis – e pessoas muito previsíveis são muito fáceis de enganar. Então vamos novamente perceber com exemplos o que pode ou não pode, dentro da cadeia de pessoas que se amam como deve ser: Não pode se sentir inferior por causa de ninguém e nem por ninguém, você não é uma característica, você é um conteúdo. Não pode se sentir incompleta sozinha e viver a buscar alguém que preenche esse vazio, deves procurar o que de melhor fazes sozinha e desejar partilhar isso com alguém.

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OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

Não pode estar constantemente disponível para satisfazer as vontades do parceiro como se fosse um animal adestrado, aprenda a satisfazer suas próprias necessidades. Não pode esperar que o seu parceiro lhe faça feliz, seja feliz por si só e partilhe essa felicidade com ele Não aceite migalhas; seja qual for o seu modo de vida, faça-o por vontade e não por conformismo Não pode fingir que está tudo bem, tem que fazer por merecer e lutar sempre por isso. Não pode achar que o amor do parceiro lhe basta ao ponto de não cultivar o seu próprio amor, o seu amor é sempre o primário. Se você não entrar no mundo de alguém se sentindo a melhor versão de todas as mulheres existentes no mundo, você pode até encontrar alguém que lhe faça sentir isso, só ore bastante, faça até macumba se for necessário para que essa pessoa não saia da sua vida, pois se ela sair você vai sentir que na verdade você não vale tanto assim, pois o erro de deixar que os outros lhe projetem valores está no facto de que se essa pessoa lhe faltar ou qualificar uma outra pessoa, tudo em que ela sempre te fez acreditar entra em desuso ou dúvidas. Você precisa se relacionar com alguém que recebeu de você a quantidade exata do quanto você vale, pois só assim você poderá garantir a qualidade do tratamento dessa pessoa para consigo. O segredo de muitas pessoas com relacionamentos saudáveis está em ter aprendido antes de qualquer relacionamento a ser feliz sozinha, a andar sozinha, a qualificar seus afazeres, a pôr como 69


TAURINA DE S.

prioridades seus fetiches e vontades, ao estabelecer limites em todo o tipo de relacionamentos, quer sejam a nível social, familiar ou conjugal. Mas as pessoas raramente alcançam esse marco porque acham sempre mais prazeroso investir nos outros para que amanhã colham os frutos de uma árvore que não é sua do que investir em si mesma e ver o quão lindo é comer dos próprios frutos na companhia e na diversidade de outras plantações e sabores. Só para deixar claro que amor-próprio não gera separação entre casais, não gera maternidade descuidada e muito menos coloca filhos contra pais; o amor-próprio educa e deixa a sensação de dever cumprido em relação a si e à sua perspetiva de vida. E se isso para si for desejar de mais, então eu acredito que você precisa ler novamente a nossa introdução e seguir a abordagem sobre o autocuidado. Na verdade, você precisa ler tudo de novo. Então, você se sente pronta para se autoavaliar? Espera aí, ainda tenho mais três benefícios para você...

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Uma vez você me disse que eu era complicada de mais, que eu falava de mais, que eu me expunha de mais, você disse que eu precisava mudar porque não era esse o tipo de mulher que te agradava, eu ouvi com bastante atenção, eu refleti sobre o peso de suas palavras, e o engraçado é que eu percebi, mesmo com os olhos cheios de lágrimas, que a pessoa por quem me apaixonei não havia se apaixonado por mim, então eu rapidamente concluí que havia acabado tudo e qualquer coisa entre nós. PS: Desabafos de uma mulher que se aceitou



AUTOACEITAÇÃO



Esse é um dos melhores benefícios que eu conheci desde que aprendi a me conhecer melhor, me valorizar pelo que eu sou, e falar sobre esse benefício tem um significado muito especial e importante para mim, pois remonta uma questão de respeito por mim e pela minha linhagem. Já alguma vez você parou para perceber por que se sente tão confortável, obrigada ou ainda disponível para mudar por alguém ou para se enquadrar no mundo de alguém em prol de um relacionamento amoroso? E já alguma vez parou para pensar que se isso acontece ou aconteceu com você é sinónimo de uma falta de lealdade para com os seus princípios, origens e vontades? Deve ter percebido que mudei de linha para separar as duas questões colocadas acima, e eu fiz isso pelo grau da importância de cada uma delas e para que você não confundisse uma com a outra. E já agora devo lhe dizer que você merece se responder a essas perguntas se por ventura já tiver passado por isso, e saber que, se suas respostas forem negativas, então você precisa começar já o seu processo de aceitação por si mesma. A autoaceitação é uma matéria que parece recente no mundo do autoconhecimento, mas não, a verdade é que facilmente é confundida com a autoestima ou o autocuidado à medida que para uma pessoa se aceitar ela precisa se querer bem e consequentemente 75


TAURINA DE S.

se tratar bem, mas a autoaceitação é o ato de se aceitar como você é e como você deseja ser, se aprovar e reconhecer suas qualidades, os seus pontos bons e os maus, é sobretudo saber encarar seus

momentos menos bons, seus momentos de vergonha e entender

que tudo é fruto de um processo e como tal todo o processo cumpre fases, é não se anular para o passado e sim entender que seu passado

faz parte de sua história, mas quem decide o desempenho do seu presente e o sucesso do seu futuro é você.

Autoaceitação tem a ver com o ato de você dar valor e

importância a tudo aquilo que você tem, tanto por dentro como por fora, é não lutar contra o que você não tem como título de

fracasso e sim aceitar suas fraquezas e trabalhar para que não

te dominem, é aprovar quem você é, do que foi feito e como foi feito, não tem a ver com ter orgulho daquilo que tem de errado e sim entender que somente os erros não são motivo suficiente para que você possa se definir. É sobre entender que todos nós somos

um conteúdo, como eu já havia dito no benefício anterior, é se dar consideração, é sobre se dar toda aquela consideração que você

sente por quem ama, que te faz virar um quadro onde você se escreve e se apaga, e tê-la por você mesma. Afinal de contas, quem se aceita entende que ninguém melhor do que ela mesma merece se tratar bem por tudo aquilo que só ela sente e vive melhor do que qualquer outro.

Quando se fala de autoaceitação dentro de uma relação auto-

maticamente se torna impossível não frisar as relações amorosas

onde um é muito diferente do outro, acabando de certa forma por uma das partes se sentir inibida. Mas não é sobre não entrar em

relacionamentos com alguém diferente de você e sim sobre ter alguém que, embora diferente, respeite sua essência e não force 76


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

uma mudança. Mas como eu digo, ninguém nunca vai respeitar seu ponto de vista se você não impor a sua importância e necessidade de existência. Quanto mais você se anula para caber no lugar ou na vida de alguém, mais você alimenta a sensação de estar incompleta. Ainda que tendo o melhor lar, o melhor equilíbrio financeiro ou ainda o melhor status profissional, o bem-estar tem muito a ver com suas raízes e idealizações e isso nunca será possível se você se definir como A quando o seu coração grita por B – e isso é sobre aceitação.

Inúmeras vezes vemos mulheres com determinas características e estilo de vida mudarem da água para o vinho quando começam um novo relacionamento e vezes há em que os amigos comentam, os familiares reparam e alertam. Há ainda quem faça comentários como “esse moço não te traz luz, você mudou muito, não te entregues assim tanto, tu não és assim”... E diante desses comentários muitas dessas mulheres, no calor da paixão e a pensar ser normal estar em relacionamento onde o seu eu seja totalmente modificado (e que muitas vezes nem foi por pedido do parceiro e sim por si mesma), veem seus amigos e familiares como opositores ou simplesmente como pessoas que não sabem o que realmente estão a viver. Mas eu costumo falar muito sobre esse aspeto na minha página de trabalho do Instagram @conselhosdeumataurina, onde há até um conteúdo que trata deste facto, ao mencionar que “nem todas as críticas são para ser ignoradas, precisamos filtrá-las, sejam elas de quem forem, pois pode existir um ponto de verdade no meio delas”.

Ainda relacionado com a necessidade de nos aceitarmos como um ser único e dotado de características diversas e respeitar essas características antes de nos relacionarmos com outras pessoas está o facto de que é muito importante nós percebermos a diferença entre querer ser a melhor pessoa possível para o nosso parceiro e querer ser perfeita e estar disposta a tudo. Faz parte da tua aceitação saber 77


TAURINA DE S.

que nunca carregaras em ti perfeição total, quer seja dentro de um relacionamento ou não, e infelizmente dentro de um relacionamento amoroso o que facilmente nos faz cair em erro (das mulheres na sua maioria, isso alimentado pelo famoso ditado de que nós, mulheres, precisamos estar sempre à frente de tudo) é a nossa necessidade de agradar todos os dias, em todos os momentos, lutando assim para apagar nossas imperfeições, nossos hábitos familiares e sociais em busca de um equilíbrio amoroso que assumimos como nossa maior prioridade. Mas então, por que nascemos, crescemos a criamos hábitos e costumes e novas aprendizagens se quando formos nos juntar a alguém precisarmos apagar toda uma história que faz parte de nos? E por que nos permitimos fazer tais mudanças se antes nos sentíamos bem e sem necessidade de mudar? Será a nossa relação tão mais importante do que tudo aquilo em que acreditámos no passado, ou seremos nós os seres humanos mais desleais do universo inteiro? Eu prefiro acreditar que nós, mulheres, somos desleais connosco, comportamo-nos como recicláveis, de modo que hoje somos plástico e amanhã já servimos para constituir qualquer outra coisa. E não é que os homens gostem disso e sim que eles sempre estiveram habituados a tal, tanto que não sentem necessidade de ver uma outra realidade, pois o nosso nível de falta de aceitação não nos permite fazer uma frente justa a esse paradigma. Responda a esta pergunta: Você se acharia feliz vivendo a vida que corresponde às estatísticas e não ao grito do seu coração? Se sua resposta for sim, então saiba que provavelmente você viverá bem, estável, estatisticamente enquadrada e bem sucedida, mas constantemente viverá invejando o brilho de outras mulheres que decidiram viver por aí e não pelas percentagens. 78


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

Caso sua resposta seja não, deixe que eu lhe diga que

provavelmente não será bem vista nem agradará a troianos e

possivelmente a gregos também não, mas sua vida será repleta de experiências marcantes e é pouco provável que alguém lhe anule ou passe por cima dos seus interesses.

Autoaceitação é sobre você saber o que é e fazer questão que

os outros lhe vejam e lhe respeitem por isso. Não que você não vá

respeitar os outros como eles são – só não vai se invalidar por alguém,

seja quem for, até aquele crush que todo o mundo diz ser o par ideal. Ninguém que venha para lhe invalidar serve como a companhia perfeita. Parece clichet, também pode parecer exigente demais, mas afinal de contas quanto vale seu bem-estar se alguém com

quem você quer ficar achar você difícil de mais para se relacionar?

Reflita sobre isso.

Por outro lado, é sempre bom lembrar que sempre haverá

pessoas que não irão gostar de você, isso é inevitável. Custa, mas

quando você entende a importância disso, nada neste mundo lhe fará se transformar em um fantoche sem necessidade, nem mesmo quem diz te amar e promete que todas as mudanças que

preconiza em você são apenas com o intuito de promover o seu bem-estar, pois na verdade tudo aquilo que causa desconforto e

opressão não é o melhor para você, seja quem for que o diga, e é de total importância que reconheçamos isso antes de nos

apaixonarmos, pois, cá entre nós, 99% das mulheres apaixonadas agem como irracionais, principalmente quando não aplicam o seu autoconhecimento e nem sabem que amar é ótimo, mas se amar é

melhor ainda (não procura essa estimativa no Google pois fui eu quem a criou aqui

😂)

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TAURINA DE S.

Perceba de outra forma o porquê de você precisar se aceitar: Sabe aquele assunto de você ser esquisita, meio de poucas palavras, um pouco desastrada, péssima cozinheira, não gostar de fazer Y ou Z na cama, não ser muito afim de beijo ou até não querer filhos, ou sequer gostar de visitas, por exemplo (você pode anexar aqui todos os seus tiques que a maioria das pessoas acha desnecessários), então não existe nada errado nessa história, tanto para você, que não gosta ou não se adapta a essas coisas, como para os outros, que gostam e desejam ter alguém que gosta do mesmo que eles. Você não precisa mudar sua essência para caber em ninguém e nem o outro para caber em você. O que você precisa é entender que existem maneiras de ser, quem você quer ser sem ter que viver na solidão. Primeiro você aceita seus hábitos e gostos e percebe que eles existem, porque é feita deles, e também porque a satisfação de muitos dos seus fetiches é que define a sua qualidade de vida e, segundo você, precisa se sentir pronta para encontrar alguém que tenha compatibilidade com tudo aquilo que você acredita ou no mínimo estejam ambos dispostos a ceder certos pontos para então criar um ambiente estável e que não fere a ninguém – e essa disponibilidade de um e de outro só é possível se ambos se aceitarem e falarem sobre si abertamente. Agora, quando você sabe o que quer e o que não quer e resolve abrir mão disso por se achar difícil de mais de resolver, não só começa uma catástrofe que terá como fim uma série de insatisfações, como também se nega e deixa de se acolher, e é muito difícil nesse mundo corrido de hoje em dia encontrar alguém que esteja disposto para lhe fazer encontrar em ti mesma aquilo que você deveria saber antes de todos. Então eu lhe aconselho a não confiar num tiro no escuro. 80


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

O que acontece quando você se aceita não é nada mais nada menos que uma verdade destapada. A pessoa que for te escolher não vai fazê-lo por meias verdades ou meias qualidades e sim vai ter contacto com aquilo que realmente você é, quer e escolhe, e não existe um relacionamento mais saudável do que aquele que começa sem ter a necessidade de constantemente tampar panelas com tampas furadas: acaba sempre por passar vapor de uma forma ou de outra. Mas por favor não confunda aceitação com soberba e arrogância. Você não precisa distratar alguém para que possa se impor e seu parceiro também não merece conviver com os seus maus hábitos pelo facto de você aceitar seus pontos negativos. Parta do principio de quem se aceita se permite melhorar, porque já viu aonde e como faz errado e reconhece que seu relacionamento e ela mesma merecem muito mais do que o que tem dado. Não pense que estou aqui a passar um pano por cima dos seus erros; muito pelo contrário, eu estou aqui a fazer com que você diga a si mesma que erra nesse ou naquele aspeto e que aceita essa verdade para então, junto com o seu parceiro, mudarem o paradigma, pois às vezes nossos maiores problemas são constantes e feios pelo simples facto de não assumirmos que eles existem e nem entendermos por que eles existem. No início desse benefício eu falei que para mim ele é muito importante. E eu vou explicar um pouco sobre isso: é que eu, na verdade, cresci numa família de muitas mulheres, minha bisavó teve apenas um rapaz e 7 meninas. Ainda não parei para pesquisar de quem partiu a educação da minha avó, que sempre foi uma mulher bastante independente, fechada e muito definida em suas opiniões, e isso fez com que minha mãe e minhas tias adotassem na maioria comportamentos e características semelhantes, mas o que 81


TAURINA DE S.

eu quero aqui frisar é o facto de eu ser de uma família de “patroas” (independentes tipo mandonas autoritárias e arrogantes, adjetivos esses usados pela sociedade, geralmente quando não conseguem lidar com mulheres assim), e isso nem sempre me criou tanto orgulho pelo motivo exposto dentro do parênteses. Eu lidava mal com o facto de ter sempre mulheres a decidirem tudo e estar constantemente a ouvir que isso não era o ideal para as mulheres. Acresce ainda havia o facto de que na minha família as mulheres nunca tiveram problemas de se posicionar e assumir os papéis que supostamente eram vistos como papéis de homem pela sociedade patriarcal onde fomos criadas. Eu passei a achar que a falta de sucesso em meus relacionamentos era pelo facto de eu ser independente de mais, e na verdade eu até era, mas não é por aí que eu quero chegar aqui (esse possivelmente é um tema que vocês verão no meu próximo livro). O que eu quero que vocês percebam é que eu, inicialmente, não me incomodava por ser como era, mas, por não ter reconhecido a importância de ser independente e crescer numa família onde o orgulho feminino era vivido e bem vivido, eu passei a achar que isso era errado em consequência dos comentários que recebia de homens com quem me relacionava. No caso eu não sabia o quão importante era, para mim e para história da minha família, sermos visivelmente definidas, e então eu comecei a me negar e me anular, ao invés de me aceitar e definir o que tinha de bom nesse pacote e o que possivelmente precisaria ser doseado ou controlado. Daí eu comecei a achar que precisava esconder certos comportamentos e viver a defender muitos outros. E quão cansativo é viver a vida a ter que se justificar por você ser quem é? Talvez você não saiba a resposta a essa pergunta, mas eu literalmente deixei morrer parte de mim ao fazer isso constantemente, porque houve uma altura em que eu não sabia fazer outra coisa se não me colocar como vítima dentro da minha própria história. 82


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

Você pode estar a pensar que pelo menos funcionou com os meus relacionamentos, mas NÃO, não funcionou de todo, pois se tem uma coisa que não se esconde são os defeitos e qualidades sejam de quem forem. Eu várias vezes fui chamada de bipolar, maluca, confusa e pessoa com dupla personalidade, porque, vira e volta, eu estava calma e de repente, por um assunto besta, eu rebentava igual a um balão que encheram de mais. E isso porque quem muito esconde muito acumula, e depois vem o arrependimento do porque eu não falei antes, porque eu não me controlei mais, eu sou a errada, eu não presto, ele tem razão; sim, a parte do ele ter razão faz todo o sentido, pois nesse caso é possível que o parceiro tenha se envolvido durante muito ou algum tempo com a pessoa errada, é possível que se apaixonara pela pessoa errada ou ele se calhar lhe forçou a ser a pessoa errada, e relacionamentos onde os dois não sabem quem realmente são, no mínimo, conseguem ser funcionais mas nunca serão saudáveis – e eu digo isso por experiência própria.

Portanto, mais uma vez repito a importância de definirmos a nossa essência antes de nos entregarmos a outra pessoa, é crucial não nos permitirmos ser moldadas sem que nós mesmas concluamos que realmente precisamos de alguns moldes novos. É muito importante ainda saber que nem tudo pode ser moldado, existem partes de nós que são como são e devem permanecer como são, porque fazem parte daquilo que realmente somos, e quem nos partilha em sentimentos deve saber disso, não podemos entrar em uma relação a estabelecer um relacionamento aberto com a mudança e renunciar à nossa zona de conforto. Como já havia dito antes, o nosso relacionamento precisa ser saudável porque dele depende a continuidade do nosso bem-estar. Ora, para que o relacionamento seja saudável, precisamos encontrar dentro dele a dose exata de moldes e a dose exata de conforto sem que sejamos um quadro virgem disposto a ser pintado como que se não houvesse uma história antes dele. 83


Recapitulando de uma forma bem objetiva: nós, mulheres,

precisamos impor nossos limites. Quer sejam eles vistos como agradáveis quer não, nunca é de mais mostrar que somos e

queremos ser vistas como achamos e entendermos, não é errado ser seletiva; errado mesmo é viver pensando que podia ter escolhido

melhor e não escolheu. Aceitação também é sobre entender que nossas escolhas não foram as melhores e ter a coragem de dizer: e agora o que eu faço?

Autoaceitação é: Aceitar seu corpo tal como ele é e ter a capacidade de definir se ele te serve ou precisa ser mudado sem que se sinta pressionada por nada nem ninguém.

Entender que não tem mal algum em ter preferências diferentes

do comum; mesmo até se essas mesmas preferências não lhe façam mais atrativa para muitos, mude se quiser e aprenda a se respeitar primeiro.

Respeitar seu passado, o processo que você levou até chegar onde está hoje e não se achar menos e nem deixar que te coloquem como inferior pelo facto de sua história não ser adequada para muitos.

Aceitação é sobretudo não desrespeitar a sua história ao forçar ser quem você nunca foi para poder se tornar mais atrativa para um parceiro.

Aceitação é dizer não quantas vezes forem necessárias se isso valorizar a sua integridade e lhe trouxer paz.


Aceitação é poder olhar para o seu pretendente e dizer não espera de mim aquilo que você imagina, me conheça antes e saiba do que sou capaz e entenda que não sou uma característica e sim um conteúdo, mas saiba que se estiver disposto eu não terei problema algum em partilhar esse conteúdo com você e quem sabe criar novos repertórios. Responda para si baixinho: você ainda sente necessidade de mudar tanto por alguém? E outra coisa: você percebeu que não existe egoísmo, se não cuidado, quando existe autoaceitação? Espero que suas respostas sejam um sim e um não, quem sabe um dia nos encontramos e você me explica onde colocou o sim e onde colocou o não; por agora, eu desejo uma boa leitura para o benefício seguinte.



Que vejamos o não como um sim para nós mesmas e para um pedido de ajuda, que digamos não em busca do respeito e que exijamos compreensão, ninguém nasce mecanizada; somos feitas de vários sins, porém faz parte de nós o não. PS: Recados de um subconsciente magoado



SABER DIZER NÃO SEM MEDO DE PERDER

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Falar, pensar e principalmente escrever sobre esse benefício me

traz muitas recordações, mas infelizmente não são das melhores...

Para mim sempre foi muito difícil dizer não e, principalmente dentro de um relacionamento amoroso, me parecia meio egoísta negar algo a quem dizemos que amamos e a quem nos ama e faz por merecer. Às vezes parecia contrário do que aquilo que se esperava de

uma relação, e talvez para mim esse fosse o problema. Eu entendi, depois de me magoar muito, que eu não sabia o que realmente deveria esperar de um relacionamento amoroso. Provavelmente

você nunca tenha parado para pensar nisso ou se talvez você já

saiba e tenha aplicado isso, mas acredite ou não, eu tenho a certeza de que não estava nessa estatística sozinha.

Dizer não ou demonstrar que certas atitudes ou atos dentro

de um relacionamento não nos agradam é muitas vezes considerado como um ato de egoísmo, despreocupação ou até individualismo em

excesso, aqui também por crenças limitadoras, existentes desde os primórdios, que definem que uma mulher, por exemplo, não pode: Dizer não ao seu parceiro na hora do sexo. Recusar-se a cumprir com os seus deveres de casa mesmo que tenha um motivo contundente que tenha grande importância para ela.

Recusar-se a acompanhar o seu parceiro em algum evento. 91


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Recusar-se a ter filhos ou não ter determinado número de filhos. Recusar-se a perdoar por não se sentir capaz de o fazer no momento. Recusar-se a achar uma conduta boa só porque o parceiro assim o quer. Esse tipo de posicionamento que muitas mulheres adotaram como crenças por terem sido vividas pelos nossos antepassados ou parentes por quem nutrem muito respeito faz com que mulheres que se permitam tomar posse da sua vida e estabelecer limites que definam o que lhes faz bem ou não sejam vistas como desagradáveis ou mesquinhas, ou ainda arrogantes e mal educadas. No entanto, a capacidade de impormos limites e criarmos uma relação de afeto com a negação, quando assim nos convém ou nos causa mais conforto, trata-se de uma prova de consideração para com os outros e para consigo mesma e esse ato nada é mais do que a tradução do autoconhecimento e da assertividade. Mas isso não quer dizer que devemos dizer não sempre e sobre todo e qualquer assunto, pois além de haver assuntos que não dependem só de nós, também existem aqueles assuntos que devem ser discutidos, e a capacidade de dizer não também funciona para a pessoa como uma forma de prática constante de interrogação. Ou seja, quanto mais uma pessoa demonstra que não se sente confortável ao tomar certas atitudes, mais ela busca por respostas para entender o que deixa de lhe causar conforto, automaticamente gerando uma também corrente interrogativa no parceiro de modo que, por exemplo: Uma mulher que se recusa a fazer uma determina posição sexual por ter tido uma má experiência, mas não se sente confortável ao falar sobre isso com o parceiro, ao recusar-se, ela pode despertar a capacidade interrogativa do parceiro, que procura 92


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

entender o porquê e possivelmente ajudá-la a ultrapassar isso, pelo que o não não é o fim de conversa ou uma negação infinita mas, se bem aplicado, pode gerar o início de uma relação estável e aberta. Se acaso não entendeu ainda, vou tentar explicar com mais clareza: Existem coisas ou atitudes que não nos criam conforto, seja por que motivo for; no entanto, muitas pessoas, pela incapacidade de dizer não e ser mal vista, continuam a perpetuar essas mesmas atitudes – e o que acontece é que, ao invés de se sentirem satisfeitas, começam a entrar num modo de comodismo que lhes gera repulsa ou algum tipo de embaraço constante. Acontece que muitas vezes, quando nos permitimos dizer “eu não quero isso, eu não gosto disso”, possivelmente alguém nos pergunta o porquê E é na resposta a essa pergunta que podemos encontrar no outro a solução para aquilo que até então nos criava desconforto, mas estava guardado única e exclusivamente para nós. Quer então isto dizer que, ao nos priorizarmos e impedirmos de fazer aquilo que não queremos, das duas uma: ou vamos finalmente parar de fazer o que não queremos e ser compreendidas, ou ainda sermos ajudadas a melhorar a nossa relação usando aquilo que anteriormente nos causava desconforto. É preciso ter consciência de que é importante aprender a dizer não, porque, caso não o aprendamos, perderemos o controlo de nossa vida e sentiremos raiva por fazer coisas que, na realidade, não queremos e não nos criam nenhum tipo de satisfação. Mais uma vez, é importante sabermos que relacionamentos são para os dois se sentirem satisfeitos em doses iguais e não para um ter mais satisfação que o outro. Ora, o que constantemente acontece com pessoas que não conseguem dizer não é a cobrança que costumam 93


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fazer aos seus parceiros. Quer isso dizer que é você quem se definiu como aquela que deve agradar a todo custo, mas é o seu parceiro que deve retribuir na mesma moeda. Não, suas decisões que não a priorizam não devem ser postas nas costas do seu parceiro, pois não existe uma cláusula no contrato de relacionamento que diz que a partir de agora estás obrigada a sempre estar disponível. (Na verdade não existe um contrato de relacionamento, não que eu conheça e nem que eu queira conhecer...) Então vamos juntas perceber o que acontece quando você sabe que é tão importante dizer sim quanto dizer não, antes que comece a se relacionar com alguém: Quando você reconhece a importância de dizer não você evita qualquer tipo de desgaste emocional ao ter que se colocar sempre numa posição de boa samaritana para todas as causas impossíveis e estabelece limites, fazendo com o que seu futuro parceiro saiba que existe um corpo humano dotado de pensamentos e prioridades antes de ter se tornado parceira dele. Quando você se relaciona de forma saudável tanto com o sim como com o não, você passa a se cuidar mais a medida que não se coloca constantemente em situações desagradáveis que não lhe melhorem a sua qualidade de vida, ou seja você entra na relação com autocuidado e incentiva o outro a te cuidar como você deseja. Por norma quando se entra num relacionamento se misturam as emoções, se partilham as vontades e se cria novos hábitos, então muita das vezes quando nos sentimos em divida com a pessoa amada ou ainda muito gratas acabamos por fazer coisas que não nos agradam mas agradam ao outro e criamos assim um novo habito, o habito se fazer o melhor para a relação e o tanto faz para nós, dizer não é importante pois faz com que as relações criem hábitos saudáveis que favoreçam os dois. 94


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

De entre os mil e um benefícios de dizer não, existe um de extrema importância: o facto de você assumir o seu não e não permitir que ele seja rejeitado ou reivindicado permite a você gritar por dentro para si mesma várias vezes sim, e não tem preço a paz de espírito que você tem ao se permitir fazer aquilo que lhe causa paz... Por exemplo, imagine que o seu parceiro lhe seja infiel e depois de constatar os factos você diga que não quer mais a relação e ele contesta e pede perdão alegando que tal não voltará a acontecer. Bem, pode até ser que não volte a acontecer e pode até não ter passado de um triste episódio sem um “vale a pena ver de novo”, mas a questão é: se perdoar para ti for necessário mas voltar para a relação não for, por que você se colocaria na posição de boazinha que entende e volta, se no fundo você sabe que não vai ter mais conforto em estar naquela relação? Então aqui procuro te mostrar que quando para você for muito importante não fazer algo, por mais consideração e afeto que tenha, é necessário que você siga o caminho dos seus limites, porque na verdade nem você merece estar com alguém que não lhe causa mais conforto, nem essa pessoa merece estar a se esforçar por alguém que nunca mais será a mesma. Assim, dizer não é um sinal de respeito tanto para com os seus sentimentos quanto para com os do outro, nesse caso em questão. Em psicologia, a incapacidade de dizer não é vista como um sinónimo de baixa autoestima, o que faz com que nos sintamos constantemente carentes de aprovação e com medo de ser excluídos. O que faz com que muitas mulheres estejam constantemente a se colocar no lugar de visitas dentro da sua própria vida reside no facto de olharem para seus parceiros como sortudos e homens de verdade pelo simples facto de terem assumido uma relação com elas. Ou seja, na sua maioria, mulheres carregam dentro de si tantos traumas, muitos deles vindos de ex-relacionamentos, que começam a desenvolver um sentimento de gratidão por atitudes que devem ser vistas como normal: 95


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Um homem assumir um relacionamento com uma mulher é a coisa mais natural do mundo e uma mulher, não obstante isso, manter bem patente seus limites, escolhas e prioridades é mais do que necessário, independentemente de quem ela tenha sido antes do relacionamento. Existe um motivo para esse benefício ter ficado quase para o final do nosso livro: era necessário que lesse todas as características delineadas nos outros benefícios para que entendesse que aquele não que você se recusa a dar pode ser sinónimo de baixa estima, falta de cuidado, falta de aceitação e de respeito pela sua história – e sobretudo falta de amor-próprio. Então, só para recapitular um pouco sobre o que significa dizer não: Respeito aos nossos limites e afirmação em relação às nossas vontades. Relacionamento saudável com base na verdade e nas prioridades de cada um. Posicionamento assertivo e evitar sermos vistas como voláteis. Afirmação dos nossos valores pessoais. Demonstração de maturidade e sinónimo de harmonia entre os nossos sentimentos para connosco e para com o parceiro. Evitar sobrecarga como assumir papeis que não nos identificam ou que não levamos jeito. Testamos constantemente o valor da nossa relação a medida que percebemos se existe respeito e comprometimento ou não. Evitamos o risco de vermos os nossos problemas serem vistos como insignificantes em relação aos dos outros. 96


Demonstramos que somos pessoas com foco e objetivos bem delineados. Quando nos recusamos a dizer não com medo de perder o nosso relacionamento, estamos a assumir um comprometimento com o nosso parceiro bem maior que com o nosso bem-estar, e não existe espaço dentro de um relacionamento onde não se precisa de bem-estar. Portanto, umas das maneiras de diminuir o peso da incapacidade de dizer não começa por: Temos que entender que o primeiro passo é dizer NÃO. Comece por dizer não e veja o resultado disso. Devemos esquecer o medo e a sensação de culpa ao dizer não, a única culpa que precisas sentir é de transparecer a imagem errada sobre o que realmente te faz bem. É preciso superar o medo da única maneira possível: bater de frente com a situação que nos assusta e termos sempre em mente os nossos motivos e fundamentos. Confiar e ter certeza dos nossos motivos antes de dizer não nos dá a segurança de que precisamos. Valorizar de verdade as nossas razões e não agir de forma precipitada; se não temos certeza do não, então deixemos surgir um talvez até que pareçam certos os nossos motivos. Converte o não em outras possibilidades, mostra para o seu parceiro outras alternativas, discuta sobre outras visões, não diga não de animo pesado, deixe claro que é um não para o seu bem e não para gerar uma discussão. Existe ainda em questão de pessoas que, por não saberem a importância de dizer não, ao entrarem para um relacionamento, por medo da rejeição ou troca, se tornarem pessoas pouco assertivas.


São aquelas pessoas que estão sempre saindo de qualquer tipo de conflito de ideias ou decisões, que se limitam a fazer sempre tudo

que cria mais conforto dentro do relacionamento, com a justificação

de não querer instabilidade, e isso faz com que constantemente se sacrifiquem pelo relacionamento e coloquem sempre na frente os medos e inseguranças que carregaram antes de ter começado o relacionamento, o que não gera nenhum tipo de satisfação pessoal.

Eu espero que depois disso você perceba a grande importância

de dizer não e impor limites. E já agora, responda para si mesma: Quando foi a última vez que você disse não sem sentir remorsos?


Honestamente, que Deus me livre da sensação de ter que sentir que não sobreviveria sem o amor da minha vida. Ups errei, o amor da minha vida sou eu mesma, só saber isso já me livra de ter que depender da respiração do outro para poder viver. Ah!, esqueci: ÁMEN… PS: Adeus Dependência, trechos de uma ex-dependente



INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL

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Já teve que abandonar, mudar ou deixar de lado algo de que você gostava muito para se adequar ao estilo do seu parceiro? Eu já, eu já e muito! Já deixei de sair com amiga por causa do meu parceiro, já deixei de ir a vários convívios por causa do meu parceiro, já deixei de usar várias roupas por causa do meu parceiro, já terminei várias amizades por causa do meu parceiro, já mudei horários de aulas por causa do meu parceiro, já deixei de viajar por causa do meu parceiro, já mudei de casa por causa do meu parceiro, já praticamente vivi em casa de amigas por causa do meu parceiro... Chega ou precisa de mais? É que eu realmente posso ficar aqui horas espelhando as milhares de coisas que já deixei de fazer por causa de um relacionamento, e antes que você ache que o meu relacionamento é toxico, deixe que eu lhe explique que esses meus antigos comportamentos foram feitos de forma repetida, com diferentes pessoas e graças a Deus no passado. Atualmente, através da execução do meu autoconhecimento, eu não me atrevo nem sequer a entrar em relacionamentos onde eu tenha de servir a mim e as minhas fraquezas na mesa como se fosse um bom pernil de porco. Voltando ao que eu já deixei de fazer por causa de um relacionamento, eu preciso contar aqui o seguinte: grande parte desses sacríficos eu os fiz porque na altura eu achava que estava a fazer isso em nome da saúde do meu relacionamento, ou seja, em busca de um relacionamento saudável. Muitas dessas atitudes 103


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eu fazia sem que ninguém me cobrasse nem me pedisse nada. Eu realmente achava que era o certo, e algumas dessas atitudes eu fazia porque existe aquele tipo de parceiro estilo mosquito: você muitas das vezes não vê a atitude em concreto, mas sente o sabor da picada, ou seja, ele não te diz que quer que você mude, mas está sempre se metendo de forma indireta em tudo o que você faz e no final te diz “mas você é que sabe”... Então eu já tive uns poucos e consideráveis parceiros-mosquitos, e como eu sozinha já sofria de uma certa dependência emocional derivada de alguns traumas de infância, eu achava extremamente normal me apegar tanto às pessoas ao ponto de achar que devo virar o meu disco de acordo com a música que essa pessoa escolhe dançar. E desse jeito entramos para o nosso último benefício do livro. Pareceu pouco, não é? Mal acabei e já estou com saudades... Estou aqui a tentar manter o cuidado e não ficar dependente da vossa

😂

leitura [  ]. Quantas vezes você já ouviu falar em dependência emocional e sentiu que conhece alguém ou mesmo você passa ou passou por isso. Basicamente, a dependência emocional é uma dependência afetiva que pode surgir de pais para filhos, de amigos para amigos ou de qualquer uma outra relação interpessoal de uma pessoa, mas ela é mais comum e forte dentro de um relacionamento amoroso. Por isso tem sido merecedora de vários estudos. Essa dependência de uma pessoa pela outra só é vista como preocupante quando uma das partes passa a se sentir incapaz de caminhar sem a presença do outro, de se definir como alguém sem que o outro esteja presente, de se qualificar como um ser humano pensante sem que esteja na companhia do outro, do tipo alguém que se encara casada, por exemplo, e por hipótese alguma se imagina separada por achar que a sua felicidade está ligada ao facto de estar casada com aquela pessoa. Além disso, sente que toda a sua vida se projeta 104


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

com base no seu relacionamento conjugal: não existem ideias próprias, planos individuais, projetos individuais nem sequer tempo de qualidade onde ela faça parte sozinha sem a presença do outro, fazendo com que se estivesse invalidada. Deixei escrito no parágrafo anterior que esse comportamento doentio pode ter lugar dentro de relacionamentos familiares, com pais, irmãos ou ainda parentes próximos, que é de quem recebemos nosso primeiro contacto e o que vai muitas vezes definir o nosso caráter. Portanto, uma criança negligenciada, abusada psicologicamente ou posta em constante negação, tendo ainda o facto de existirem muitos pais que agregam valores aos filhos consoante as ações que os mesmos exercem a seu favor ou a favor da família, acabam por desenvolver uma grande necessidade de aprovação e baseiam a qualidade de seus relacionamentos nessa característica. Característica que passam a buscar nos homens. Outro senão são as crenças limitadoras e outros pensamentos destrutivos, tais como constantemente ouvir de pessoas próximas que mulheres muito independentes não dão boas mulheres, homens são sempre os “donos” da casa”, por isso a mulher deve sempre ser a última a falar. Quando alimentados, tais pensamentos também podem gerar essa dependência emocional. No meu caso em particular, eu cresci sem irmãos porque durante 19 anos fui filha única e sempre senti falta de companhia, o que fazia com que desse muita importância aos dias em que tinha a presença de primos, filhos das amigas da minha mãe ou colegas de escola (o que também nunca foi muito comum, porque sempre fui muito protegida e raras as vezes saía de casa se não para ir à escola). Fora isso, eu cresci com pouco contacto com o meu pai biológico e embora tivesse recebido todo o amor e função paternal por parte do meu pai de criação, não ter tido o contacto com o meu pai biológico 105


TAURINA DE S.

e nem nunca ter tido explicações concludentes de por que aquilo aconteceu do jeito que aconteceu, fez com que parte de mim se sentisse rejeitada e procurasse sempre por atenção. Teria sido muito importante para mim que tivesse percebido isso na altura certa, pois me custaria menos traumas e relações fracassadas. Daí aproveitar a oportunidade para alertar as minhas leitoras que são mães (e até as que desejam ser mães) que sejam muito transparentes com seus filhos e tenham mais atenção aos desfechos de relacionamentos que tenham enquanto os vossos filhos forem pequenos; as crianças parecem muitos inocentes, mas essa mesma inocência faz com que agarrem a pouca informação que lhes é dada e criem sozinhas as suas próprias conclusões. Portanto, alguns dos traumas que eu vivi no momento em que se estava a constituir a minha capacidade cognitiva fez com que eu me tornasse carente e a carência faz com que o nosso corpo se hospede facilmente onde haja uma moradia cómoda, o que é perigoso pois pessoas abusivas, por exemplo, sempre serão bons senhorios a título inicial e até mesmo pessoas saudáveis, embora tenham um boa moradia para aqueles que decidam fazer hóspedes, em contrapartida também desejam ter bons hóspedes e não aquele tipo de hóspede que não saiba o que fazer quando estiver sem o dono da casa. Ou seja, mesmo que você namore com alguém saudável que lhe respeite, dê valor, a coloque na sua linha de prioridades, essa pessoa, no mínimo, vai querer que você seja feliz livre e lhe dê liberdade também, e não que você se sinta acorrentada a ela, sem saber fazer nada se ele não estiver por perto ou aprovar. A frase eu não sei viver sem ter você parece muito romântica e está quase sempre dentro de uma declaração amorosa, mas no entanto carrega um peso na sua definição que muitos dos casais não têm sequer noção. É bastante comum ver casais explanarem 106


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

essa frase, bem como a frase preciso de você para ser feliz, mas a verdade é que essa é uma necessidade fictícia, sim, irreal, enganadora, ilustradora, porque ninguém precisa de ninguém para ser feliz: a felicidade é um sentimento que se traduz em atitudes e essas atitudes só pertencem a nós. É claro que podemos anexar quantas pessoas possíveis para ampliar esse sentimento, mas é um sentimento que depende única e exclusivamente de nós e não é absoluto, uma vez que a ausência de atitudes também se repercute na ausência do sentimento da felicidade. Realmente é lindo escrever frases como essas quando estamos apaixonados, mas é extremamente perigoso e preocupante sentir na verdade que esses dizeres são a nossa realidade. Necessitar de aprovação e companhia constante, ter o medo de rejeição e outros aspectos que estejam interligados com a dependência emocional são capazes de destruir relacionamentos lindos, e por isso é importante que você se sinta independente emocionalmente antes de se comprometer com outa pessoa, principalmente porque grande parte das pessoas não tem paciência alguma para levar como responsabilidade a falta de independência e decisão de suas namoradas, e nem para ter relacionamentos que mais pareçam o de gémeos siameses e grande parte das vezes não tem coragem de o dizer. Simplesmente se isola ou termina de forma abrupta ou ainda se apaixonam por mulheres que são totalmente o oposto das suas parceiras e começamos a fazer surgir assuntos como supostas macumbas que fizeram com que certas mulheres fossem abandonadas. Mas também outra parte de pessoas que não fazem parte do grupo dos impacientes que falei aqui no início desse parágrafo, são os doentes dessa patologia da dependência emocional, os tóxicos, os abusadores e manipuladores, esses sempre lhe farão a cama para que tenha esse tipo de comportamento e nunca se verão 107


TAURINA DE S.

incomodados, uma vez que é esse tipo de relacionamentos que eles desejam ter, onde a liberdade de escolha, opinião e decisão seja completamente excluída do vocabulário do relacionamento. A necessidade de suprir um vazio pessoal com o outro é um dos maiores contratempos dos relacionamentos afetivos. Nesse exato momento que estou a escrever esse parágrafo eu dei um grande suspiro e foi de felicidade, porque acabei de perceber que saí de doente para curadora. Escrever a primeira linha desse parágrafo é a certeza de que eu já não faço parte da estatística de dependentes emocionais e aprendi muito bem como não voltar a ela... Agora eu quero ajudar você a perceber o quão gratificante é ser autossuficiente antes de qualquer relacionamento. Ter consciência da codependência e saber identificar de onde ela vem é o primeiro passo para revertê-la. Perceba um pouco mais: Um dos fatores para se libertar dessa dependência doentia é que nem sempre as pessoas reconhecem que são dependentes do seu parceiro, mulheres principalmente porque a educação feminina acaba por incentivar essa dependência. Então, na sua maioria muitos dos comportamentos vistos como base para uma boa mulher são na verdade comportamentos que despoletam dependência emocional, e aceitar isso só é possível com bastante autoconhecimento. Durante esse nosso percurso aqui, eu coloquei alguns dos fatores que despoletam o autoconhecimento e ser independente emocional é um deles. Existem algumas características de padrões de comportamentos que merecem a nossa especial atenção nessa matéria de independência emocional: são atitudes ou ações que, quando identificados, ajudam você a se livrar da dependência emocional. 108


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

Tais como:

Dificuldade em tomar decisões sozinhos. Se antes de um

relacionamento você já sente a necessidade de ter alguém para tomar conta de você e tomar as decisões importantes, então se trate dessa falta de vontade em assumir os seus próprios compromissos para não ter que, além de sobrecarregar o outro, dar ao outro o poder de agir em prol da tua própria vida e fazer com que se sinta atada a outra pessoa.

Depender da aprovação alheia. Se antes de ter um relacionamento

você está sempre a buscar um elogio, uma aprovação, um incentivo de outras pessoas, então começa a tratar essa necessidade de ter sua autoestima aprovada pelos outros para não correr o risco de depender única e somente das aprovações feitas pelo seu parceiro e deixar a sua autoestima cair em desuso. Insegurança e ciúmes em excesso. Ciúmes são normais; a meu

ver, tudo que é realmente importante nos causa uma certa inconstância, mas sentir ciúmes até porque seus amigos saíram sem você acaba por ditar um pouco sobre como você gera suas relações amorosas. Pense sobre isso...

Incapacidade de estar sozinho. Existe uma diferença enorme

em não gostar de estar sozinho e não saber estar sozinho, ou ainda não querer estar sozinho e precisar de estar acompanhado. Reflita...

Ausência de identidade ou gostos pessoais. Se desde solteira você

foi daquelas pessoas que não têm preferências em concreto, não se nega a deixar de lado seus gostos ou compromissos para fazer os dos outros, procure ter mais comprometimentos com os seus afazeres para não correr o risco de confundir os afazeres do seu parceiro com os seus, pois dentro da relação deve haver os seus afazeres. Os dele e os seus – e isso não é um assunto discutível. 109


TAURINA DE S.

Essas são algumas das características de comportamentos de dependência emocional que se podem verificar numa pessoa mesmo antes de se relacionar. Reconhecer estes comportamentos para então mudá-los dita muito sobre o futuro das suas relações amorosas. Daí novamente ressalvar aqui a importância do autoconhecimento em cada um de nós. Não é possível fazermos reflexões sobre nós mesmos quando nem sabemos quem realmente somos, e ter esse compromisso com a nossa identidade é e sempre deve ser visto como uma das nossas maiores prioridades. Todo o nosso desempenho pessoal depende disso, nosso despertar para a vida depende disso – sem contar que ter inteligência emocional, que é o que dita como vamos lidar com as nossas emoções, depende de primeiro sabermos quais são essas emoções. Sejam elas boas ou más, antes de lidarmos com elas precisamos reconhecê-las.

Todos nos acabamos por ter de lidar de forma indireta com uma rede social ou com usuários de rede sociais, e graças a isso muitas informações são constantemente passadas, sendo muitas delas de grande ajuda para o nosso processo de capacitação. Então, quem por exemplo não tem a oportunidade de ler esse livro, ou um de outro autor que escreva sobre matérias semelhantes, pode ter contacto com a minha página no Instagram ou ainda no Facebook e pode sempre buscar por mais informações que ajudem a melhorar a sua relação interpessoal com outras pessoas – e casais não são exceção. Parceiras dependentes que deixam para os seus parceiros a parte maior das decisões, que grudam constantemente, que criam todos os planos em conjunto, que se sentem ofendidas com as saídas individuais do parceiro, que incluem os filhos em todas as saídas ou como motivo de não sair sempre que os parceiros não pretendem levá-las, que pedem opinião para tudo, que estão sempre mais preocupadas com o bem-estar do parceiro do que com o delas, sufocam as relações e matam aos poucos a individualidade e o potencial de qualquer relação; fazem com o que relacionamento seja 110


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

uma rotina e com que tudo pareça garantido. É claro que, se os dois lados cedem para uma vida melhor e mais sadia, dá para perceber que está tudo bem, mas se só um cede, só um faz, só um muda, só um se disponibiliza e se sente dependente a ponto de eliminar suas particularidades por não conseguir viver sem o outro, é sinónimo de um distúrbio, e esse distúrbio tem tratamento e ele pode ser feito sem que você perca o seu relacionamento: basta que reconheça que está a ser intensa da forma errada e buscar ajuda. Não é saudável estar num relacionamento onde o seu parceiro constantemente lhe diga que se sente sufocado ou sugira que você crie outras atividades ou saia mais vezes com suas amigas. Isso quer dizer que você está a invadir um espaço que era suposto ser só dele porque você abriu mão do seu espaço.

Os dois lados ganham quando se destrói a dependência emocional de um dos parceiros, porque um peso imediatamente se deixa para trás e o medo de falar abertamente sobre o que se quer e o que não quer é suprido, portanto não devemos abrir mão da dependência só em busca de uma relação mais saudável com o nosso parceiro, mas primeiramente connosco. É libertador poder agir por si só, e é mais libertador ainda ver o nosso parceiro ser quem quer ser sem que sintamos estar a ser desrespeitadas, porque ambos tem as suas próprias atividades e tempo de qualidade juntos ou separados. A sensação de eu te amo mas vivo sem você é um caminho sem volta, tanto para você como para o seu parceiro, porque ele não carrega o peso de ter que te que carregar, quer queira quer não, e nem você faz com que ele carregue o peso de te arrastar sem que ele mesmo queira e te sintas feliz por estar a ser amada com reciprocidade e não com pena. Então, isso faz algum sentido para você? Espera, me responda essa pergunta no dia que for ter comigo para que eu possa autografar o seu livro, ou também ao procurar por mim nas minhas páginas das redes sociais que eu deixo aqui. 111



De mulher para mulher

esforce-se mais, mas esforce-se por você

e para você, todos ao teu redor saem a ganhar por isso e quem achar que

não ganha nada é porque não é você o caminho certo para essa pessoa.

PS: Taurina De S.



Em todo o momento do livro eu procurei fazer com que você se conectasse consigo mesma, com os seus motivos para ser quem é e sobre os seus motivos para deixar de ser quem sempre quis ser. Eu procurei falar sobre mim, sobre você, sobre uma tia sua, quem sabe sobre sua mãe ou sua melhor amiga; no fundo, eu procurei falar um pouco sobre todas nós, quer sejamos casadas, solteiras, gordas ou magras, amantes ou amigas coloridas, acompanhantes ou puritanas. Cada uma de nós encontra um pouco sobre si aqui, e essa era a intenção:

Primeiramente entender que todas nós, independentemente da educação, etnia, biótipo ou preferências, estamos fortemente interligadas pelo facto de sermos merecedoras de respeito e no final termos todas a mesma intenção: “ser feliz de qualquer jeito” Entender que esse famoso fenómeno do relacionamento saudável é muito mais sobre nós do que sobre o nosso parceiro ou parceira; é sobre entender que pessoas viciadas nos outros e com pouco contacto consigo mesmas são incapazes de gerar relacionamentos com saúde e prosperidade. Desmistificar a curiosidade no que é do outro, procurar olhar bem mais para as nossas raízes e respeitar as suas curvas e os caminhos que ela usou para se firmar. Ninguém nunca conseguirá te dizer na íntegra o que sentiu com determinada situação e nem você nunca vai conseguir sentir o que essa pessoa viveu por inteiro. Sendo assim, a única pessoa que sempre vai 115


TAURINA DE S.

saber melhor sobre si mesma é você – e seu relacionamento não pode ser o escape da sua vida real e sim uma continuidade. Queria lhe mostrar aqui que não interessa de quem você é muito fã, todos os nossos ídolos também têm suas dores, suas imperfeições mal resolvidas e sua autoestima não pode estar centrada nos outros e sim em si. Eu sei que seria mais fácil se as pessoas andassem por aí expondo suas reservas, mas imagina só: se nem você consegue expor tudo, imagine aquela pessoa que posa na Internet com figura de perfeita, não é? Amar sempre vai ser o sentimento mais libertador e altruísta do mundo, mas para amar precisa estudar: estudar sobre si, estudar sobre seus medos, seus acertos, suas cartas na manga, sobre o outro, o que esperar do outro, o que dar ao outro, e sobretudo o que construir com o outro. Sem isso o amor vai continuar a ser visto como o sentimento mais lindo e ao mesmo tempo mais perigoso que existe. Não existe perigo no amor, existe , muitas das vezes falta de consciência da nossa parte. Possivelmente, quando você leu o título desse livro você imaginou que encontraria aqui respostas sobre os seus dilemas, o seu relacionamento ou ex-relacionamento ou ainda sobre como atingir o auge de um relacionamento saudável. Não que eles não tenham resposta, mas é preciso muita audácia da sua parte para permitir que as passagens desse livro entrem no seu mais profundo eu e façam com que você encontre as suas melhores e piores respostas sobre si e sobre a sua atitude ou falta dela. E não se assuste, porque essa era mais uma das intenções; pelo menos eu saio daqui confiante que você passa agora a saber o que pode e o que não pode. De agora em diante, a decisão está literalmente nas suas mãos. Para muitas mulheres sempre é mais fácil culpar o parceiro ou as práticas do parceiro pela falta de sucesso do relacionamento, 116


OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO ANTES DE UM RELACIONAMENTO

pela falta de comprometimento e, quem sabe, de entrega, mas esse livro veio trazer ao de cima uma verdade que muitas mulheres não encaram ou desconhecem. A de que, Possivelmente, não é só o seu parceiro que não sabe se relacionar, é bem possível que você ou dá de mais ou dá de menos e muitas de nós acham isso normal, uma vez que sempre se espera mais dos homens depois que a mulher passa a dar mais do que deveria. Mas a verdade é que ninguém nunca obrigou uma mulher a dar mais do que deveria, elas fazem por gosto, por pressão ou ainda por desconhecimento, e acabam por ser amadas por aquilo que se tornam e não por aquilo que realmente são antes de se tornarem parceiras.

Um relacionamento sempre vai ser para melhorar o que sempre esteve bom e não para arranjar o estragado. Não é ideal que um relacionamento ou um parceiro venha ser o mecânico ou inventor do outro; essa função é mais bem projetada por cada um de nós quando assumimos os nossos encaixes e definimos aonde nos cai bem ter certas peças e aonde não cai bem. É claro que sempre vão existir pessoas que chegam para concertar aquilo que há muito estava apagado e essas pessoas sempre vão merecer muito mais consideração que tudo o resto. Sobre isso eu falo muito propriamente sobre o meu caso, pois grande parte do que eu descobri ser melhor para mim foi com a ajuda de um amor desbravador que chegou a me ensinar que a vida é tudo menos o comodismo que eu achava ser e eu fui muito sábia ao ter percebido isso e o ter agarrado com as duas mãos, mas, como eu digo sempre a mim mesma, se nessa altura eu não soubesse o quanto eu valia eu notoriamente teria me perdido na dependência emocional, porque não é fácil, depois de tanto pedregulho, você descobrir que existe uma luz bastante cintilante la no topo da montanha. Você corre o risco de se tornar dependente uma vez que gratidão em excesso gera dependência. Precisa ter 117


consciência de todo o seu valor para acreditar que, independentemente dos traumas, existe uma pessoa cheia de conteúdo que conquistou uma outra pessoa igualmente cheia de conteúdo.

Com o parágrafo acima eu reconheço que nem sempre o autoconhecimento nos vira a porta sozinho; vezes há – na verdade muitas vezes –, em que ele vira em forma de um amor incentivador, um amor cuidador e desbravador. Portanto, é importante que nunca digas sim para quem te cria muitas reticências, dúvidas e que te faça sentir incompleta, pois o amor, quando verdadeiro, salva vidas e descobre o verdadeiro sentido da vida. Aconteceu comigo, mas eu precisaria ser muito hipócrita para dizer que viveria tudo de novo se eu soubesse que no final eu encontraria esse grande amor, porque eu não viveria, eu preferia ter sabido de tudo isso sem ter que ter passado por todos os traumas amorosos por que passei por não ser capaz de definir o que era melhor para mim. Mas você ainda pode achar que para mim o amor saudável veio cedo, uma vez que tenho apenas 29 anos. Bem além do facto de idades serem tremendos golpes furados para definir sabedoria, ainda tem o fator de não existir uma idade certa para fazer ou ser, e nós, mulheres, precisamos urgentemente nos desprender dessa crença limitante de que tem idade certa para tudo. Isso não existe, só existe idade certa para ser adulto segundo a lei dos homens, porque na lei da vida todos os anos são anos de fazer acontecer e não é exceção quando o assunto é relacionamento amoroso, nunca é tarde para se relacionar ou para se reconectar, sobretudo nunca é tarde para aprender e cobrar uma nova aprendizagem de alguém, porque assim como o mundo não é estático nós também não o somos e nossos sentimentos e gostos também não. Se criou um mito em torno da idade certa para mulher, o nosso processo de autoconhecer é bem contínuo e grande parte das vezes é muito prático; ou seja, você precisa viver para aprender e isso implica mudanças constantes. Portanto, é importante que entenda que não deve se permitir viver fases que não lhe cabem ou simplesmente não lhe pertencem pelo facto de achar que a idade certa chegou e que


é necessário que você corra contra o tempo. O seu tempo é todo o momento que você achar necessário. Agora, por exemplo, é o tempo certo para você olhar mais para você do que para tudo o resto. Vou deixar aqui uma conclusão que traduz muito sobre aquilo que acredito sobre relacionamentos amorosos e que acredito ser o desfecho perfeito desse nosso encontro aqui: Os seus relacionamentos sempre vão se traduzir muito naquilo que você é ou naquilo que você não tem coragem de ser. Naquilo que você quer ou naquilo que você não tem peito para cobrar. Naquilo que você deseja se tornar ou naquilo que você imita. Naquilo que você faz acontecer ou naquilo que você não tem coragem de fazer igual. E sobretudo naquilo que você acredita ou naquilo que você entrega nas mãos dos outros para que possam construir para você e no final, sempre no final, será você e você com suas decisões e prendas ou consequências de sua falta de decisão.

O importante é saber que tanto você como a pessoa com quem decidir partilhar sua vida merecem um do outro o melhor e é tão justo que você saiba o que quer e como quer, como para o seu parceiro saber o que esperar e como esperar de você. O autoconhecimento liberta sempre, nunca se canse de lutar por você e pelo melhor de tudo que estiver ao teu redor, pois boas vibrações são antídotos para tudo que possa existir de negativo. E lembre-se: procure sempre ajuda quando sentir que sozinha tem sido mais difícil, a falta de saúde emocional pode ser mais cara que uma consulta com um profissional, e claro, seu relacionamento merece uma mulher com M decorado em zicórnias e diamantes.


A autora decora a leitura com lembretes sobre a beleza e a resiliência das mulheres. É assim que neste livro percebemos, claramente, que o autocuidado vai muito além das tão aclamadas rotinas de cuidados com o corpo, e passa antes pela nossa mentalidade e inteligência emocional... Ao longo da leitura, aprendemos a identificar padrões e a parar de negar às nossas necessidades para atender às vontades do resto do mundo. — Rosa Soares — Amei o livro, cheio de verdades, uma dose generosa de conselhos sem invalidar a capacidade de escolha de ninguém, a autora gozou e usou da sinceridade de uma maneira auspiciosa; senti acolhimento para os vários tipos de relacionamento, e aqui conseguiu descrever o que acontece nos relacionamentos e como superar isso com suas próprias vestes. — A. M.— Confesso que sendo homem, ao ler primeiramente o tema do livro, achei que fosse encontrar um conjunto de opiniões que desfavoreciam os homens dentro de um relacionamento, mas ao ler apercebi-me que a autora não só enalteceu o papel das mulheres dentro de uma relação como fez menção à carga que uma mulher sem autoconhecimento deposita para o seu relacionamento e para o parceiro. Aconselho aos homens comprarem o livro para as suas parceiras e ver nascer uma dinâmica dentro do relacionamento. — J. M. — Usando uma linguagem tão coloquial quanto possível, Taurina de S. transmite uma mensagem poderosa num registo simples, acessível e cativante. Essencial para homens e mulheres, uma exposição franca de como os formatos impostos pela sociedade, a tradição ou a família podem ser fatores de desequilíbrio que só o autoconhecimento é capaz de debelar. — Artur Cunha —


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